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XXX-X-XXXX-XXXX-X/XX/$XX.00 ©20XX IEEE Modelagem e Simulação de Cargas Harmônicas Residenciais em Transformadores da Rede Secundária de Distribuição Richardson Leonardo Ferreira da Silva ITEC/CEAMAZON Universidade Federal do Pará - UFPA Belém, Brasil richardsonferreira38@gmail.com Yhoran Toshio Correa Kato ITEC/CEAMAZON Universidade Federal do Pará - UFPA Belém, Brasil yhoran.toshio.kato@gmail.com Carminda Célia M. de Moura Carvalho ITEC/CEAMAZON Universidade Federal do Pará - UFPA Belém, Brasil carminda@ufpa.br Abstract— This paper presents an analysis of the harmonic distortions caused by residential loads on a distribution transformer. The study was performed in two stages, the first one being through measurements carried out in three households with different consumption patterns (high, medium and low) in order to identify the main nonlinear loads and to verify the behavior of the harmonic distortions in a residential environment. The second stage presents a model of a low voltage distribution network, through which different scenarios are simulated using the load data collected in the measurements of the three residences. Through this study it is possible to evaluate the harmonic distortions in a distribution transformer caused by residential loads. Keywords— Distribution transformer, Harmonic distortions, Nonlinear loads. I. INTRODUÇÃO Com o avanço da eletrônica, ocasionado pela evolução na tecnologia dos dispositivos semicondutores, os equipamentos eletrônicos monofásicos se tornaram mais presentes nas residências [1]. Estes equipamentos, em sua maioria, utilizam um estágio de entrada constituído por um retificador de onda completa a diodos com um filtro capacitivo [1][2][3]. Citam- se alguns exemplos, como: computadores, lâmpadas compactas fluorescentes e LED’s, televisores full HD LED, carregadores de bateria de notebook, entre outros. A partir da década de 90, houve um aumento no número de dispositivos eletrônicos presentes nas residências. No início dos anos 2000, em consequência dos problemas energéticos que o país passava, devido aos reservatórios das hidrelétricas com pouco recurso, as Lâmpadas Compactas Fluorescentes (LFC’s) se popularizaram devido a sua eficiência energética, porém, a troca das lâmpadas incandescentes por LFC’s acrescentou mais um elemento ao ambiente residencial que distorce a forma de onda da corrente [4]. O uso de cargas não-lineares aumentou significativamente nas últimas décadas devido ao seu rendimento energético, entretanto, essas cargas injetam harmônicos no sistema de energia no qual estão conectadas, gerando assim preocupações quanto à qualidade da energia elétrica. Atualmente, é comum às residências o uso de cargas que eram mais utilizadas em prédios comerciais, como os computadores [1][5]. Além disso, o aumento no uso de lâmpadas fluorescente compactas e lâmpadas LED contribui injetando mais harmônicos à rede. A Fig. 1 mostra o diagrama de blocos do circuito típico de uma lâmpada LED, o qual é composto por alguns filtros e um estágio retificador. Este último introduz não-linearidades no sistema, e consequentemente, produz distorções harmônicas de corrente que são injetadas na rede elétrica [6]. Fig. 1. Diagrama de blocos do circuito de uma lâmpada de LED [6]. Os esforços na fabricação de equipamentos cada vez mais energeticamente eficientes têm alguns efeitos, como a distorção do sinal senoidal de tensão e corrente das redes elétricas de energia. Um exemplo são os condicionadores de ar do tipo inverter, que utilizam de forma contínua o compressor, mantendo-o ligado e diminuindo a rotação do motor quando a temperatura se estabiliza, o que difere do sistema convencional de operação, que liga e desliga o compressor para estabilizar a temperatura. Apesar da eficiência dos condicionadores de ar que utilizam a tecnologia inverter ser entre 40% a 60% comparados à tecnologia convencional, a utilização de um inversor de frequência juntamente com um retificador na entrada do compressor (Fig. 2) para ajustar a velocidade do compressor produz harmônicos de corrente com valores elevados (DHTi de aproximadamente 80%) em comparação aos condicionadores de ar convencionais [7][8][9]. Fig. 2. Arranjo do inversor de frequência do condicionador de ar do tipo inverter [7]. Os efeitos causados pelas distorções harmônicas são diversos, em que se podem citar: aquecimento excessivo de condutores, aumento da corrente de neutro, disparos intempestivos de dispositivos de proteção e diminuição do fator de potência. Este último é muito importante, pois o chamado fator de potência de deslocamento, usualmente utilizado, não considera o efeito dos harmônicos nas instalações, enquanto que o denominado fator de potência verdadeiro leva em consideração o efeito dos harmônicos. Alguns aparelhos possuem fator de potência de deslocamento alto e fator de potência verdadeiro baixo, o que pode ocasionar uma falsa sensação de segurança quanto ao desempenho do aparelho e a diminuição da capacidade do sistema de entregar potência ativa à carga [1]. Este trabalho tem como objetivo verificar os parâmetros de Qualidade de Energia relacionados aos harmônicos em residências, além de analisar através de simulação computacional as distorções harmônicas causadas por essas residências em uma rede secundária de distribuição, tudo isso a partir de valores reais. Com essa finalidade, foram feitas medições em três residências distintas quanto ao tipo de conexão à rede, onde a primeira residência tem ligação monofásica (residência 1), a segunda tem ligação bifásica (residência 2) e a última possui ligação trifásica (residência 3). Os dados obtidos foram analisados e utilizados para simular uma rede secundária de distribuição. II. METODOLOGIA A. Levantamento de dados reais As medições foram realizadas de acordo com as orientações do módulo 8 do PRODIST, no qual é especificado que o aparelho de medição deve registrar 1008 leituras válidas obtidas em intervalos consecutivos de 10 minutos cada, agregando-se intervalos adicionais para garantir o registro das 1008 amostras válidas. Portanto, o aparelho de medição operou em um intervalo de uma semana, sem interrupções, para obtenção dos indicadores individuais de qualidade de energia em cada residência [10]. O equipamento de medição utilizado foi o Fluke 435 Three Phase Power Quality Analyzer, que pode ser observado na Fig. 3. O Fluke 435 é um analisador de qualidade de energia trifásico que oferece um conjunto de medições amplo e poderoso para verificação dos sistemas de distribuição de potência. Fig. 3. Analisador de energia Fluke 345 instalado na residência 2. Esse aparelho mede diretamente tensão e corrente com o auxílio de periféricos próprios para captar essas grandezas. Utilizou-se os alicates amperímetros do tipo i430 Flex (com faixa de medição de 0,5 a 600 A, resolução de 0,1 A e precisão de ± 0,5%) para medição de corrente, e para registrar os dados de tensão, os voltímetros com extremidade em garra (com limite de 1kV) foram utilizados. O analisador de energia opera com frequências nominais de 50 e 60 Hz, com amostragem de 200 kS/segundo (em que S significa amostras), e amostra efetiva de 5 kS em 10/12 ciclos [11]. A função Logger disponível no analisador foi utilizada para registrar os dados medidos. As informações armazenadas podem ser descarregadas em um computador pessoal através de uma entrada serial, pela qual o software Power Log Classic 4.4 instalado nesse computador faz o download, sendo ainda possível a exportação dessas informações em formato de texto para outras plataformas. Para este estudo, os dados foram exportados para o Microsoft Office Excel,onde as informações foram filtradas e os gráficos plotados [11]. Foi feito um levantamento dos aparelhos das residências, a fim de nortear a análise das medições e identificar o comportamento de utilização das cargas que produzem harmônicos. A Tabela I mostra os aparelhos eletrodomésticos e eletrônicos que a residência 1 contém, em que se destacam os dispositivos que fazem uso de pontes retificadoras no seu funcionamento, como as lâmpadas compactas LED e fluorescentes, a televisão e o notebook. TABELA I. APARELHOS ELETRODOMÉSTICOS E ELETRÔNICOS DA RESIDÊNCIA 1. Equipamento Quantidade Lâmpada compacta LED (10 W) 3 Lâmpada compacta fluorescente (10 W) 5 Televisão 1 Geladeira 1 Notebook 1 Máquina de lavar 1 Ventilador 4 Aparelho celular 4 O levantamento dos aparelhos eletrônicos e eletrodomésticos da residência 2 é mostrado na Tabela II. Pode-se notar que a quantidade de aparelhos é maior do que na residência 1, entre os quais se destacam os eletrônicos como a televisão, as lâmpadas compactas LED e LFC’s, o desktop, os carregadores de celular e o notebook. TABELA II. APARELHOS ELETRÔNICOS E ELETRODOMÉSTICOS DA RESIDÊNCIA 2. Equipamento Quantidade Equipamento Quantidade Notebook 2 Lavadora de roupa 1 Desktop 1 Batedeira de bolo 1 Lâmpadas compactas LED (10 W) 5 Ar condicionado do tipo Split 1 LFC (10 W) 10 Liquidificador 1 Televisão 1 Freezer 1 Celular 4 Micro-ondas 1 O levantamento dos principais aparelhos eletrodomésticos e eletrônicos foi feito para identificar as possíveis causas para distorções harmônicas nas residências. A Tabela III apresenta esses aparelhos e a quantidade deles na residência 3, destacando-se os eletrônicos, como os celulares, televisão, chuveiro eletrônico e a grande quantidade de lâmpadas LED e fluorescentes. TABELA III. APARELHOS ELETRODOMÉSTICOS E ELETRÔNICOS DA RESIDÊNCIA 3. Equipamento Quantidade Equipamento Quantidade Televisão 3 Lâmpada LED compacta 20 Ar condicionado do tipo Split 5 Fluorescente tubular (20 W) 3 Microondas 1 LFC (10 W) 2 Lavadora de roupas 1 Lâmpada LED tubular (10 W) 2 Chuveiro elétrico 2 Lâmpada fluorescente circular (22 W) 3 Chuveiro eletrônico 1 Extrator de suco 1 Geladeira 1 Liquidificador 1 Celular 3 Portão eletrônico 1 B. Modelagem e ambiente de simulação O uso de simulações tem como objetivo analisar os efeitos das injeções harmônicas causadas pelas residências no ponto de conexão comum de um transformador de distribuição, utilizando-se de dados reais de cargas residenciais obtidos através de campanhas de medições. O software escolhido para as simulações foi o Open Distribuition System Simulator (OpenDSS), que é um software para simulação de sistemas de distribuição de energia elétrica disponibilizado gratuitamente pelo EPRI (Eletric Power Research Institute). Este software possibilita uma análise de fluxo de potência harmônico, além disso, diversos tipos de estudos podem ser feitos nele, como o estudo de curtos circuitos, fluxo de potência anual, entre outros [12]. O OpenDSS possui um programa executável autônomo, que interage com o usuário através de uma interface, a qual permite a descrição de circuitos, a solução e a visualização dos resultados, conforme ilustrado na Fig. 4. Fig. 4. Interface de usuário do OpenDSS. A Fig. 4 ilustra a interface do usuário do OpenDSS em que (i) é a janela principal, na qual o circuito é montado através da entrada de parâmetros próprios do software, (ii) é a janela em que os resultados mais gerais são mostrados e (iii) é a barra de ferramentas utilizadas para visualizar de maneira mais detalhada os resultados (como a visualização dos harmônicos no secundário do transformador, por exemplo). Para analisar as injeções harmônicas provocadas pelas residências em um transformador de distribuição, optou-se por utilizar o modelo da Fig. 5, no qual foram inseridos parâmetros elétricos no OpenDSS, com o objetivo de simular os efeitos das cargas harmônicas na rede secundária. O transformador trifásico de distribuição (Δ-Y, e neutro disponível) com potência nominal de 75kVA (entre as barras 2 e 3), possui resistência (R) igual a 1,442% e reatância (X) igual a 4,95%, com nível de tensão no primário de 13,8 kV e 220/127 V no secundário. Enquanto que a linha Zc, entre as barras 1 e 2 tem impedância igual a 0,058+j0,1206 Ω (default do OpenDSS) e simula as perdas entre a fonte e o transformador. Fig. 5. Modelo de rede secundária utilizado na simulação. III. RESULTADOS E DISCUSSÃO A. Análise das medições Durante as medições nas residências foram adquiridas diversas grandezas relacionadas à qualidade de energia, no entanto, nesta seção serão abordadas apenas duas: distorção harmônica de corrente e fator de potência. Residência 1 As distorções harmônicas de corrente são as mais significativas no ambiente residencial, portanto, um tratamento mais detalhado dos dados obtidos para correntes deve ser feito. A Fig. 6 ilustra o espectro harmônico de corrente no condutor fase. A DHTi na fase medida durante a semana foi de 17,873%, com destaque para o componente de 3ª ordem que atingiu um valor médio de 13,715% da fundamental. Fig. 6. Espectro harmônico da corrente da residência 1. Nesta residência, observa-se na Fig. 7 que o fator de potência de deslocamento é próximo da unidade em diversos períodos de tempo durante a semana, com média de 0,95. No entanto, o fator de potência verdadeiro tem valores menores durante o período das 8:00 às 22:00, fato que revela o uso de dispositivos eletrônicos nesse período, levando a diminuição do fator de potência da instalação, que em média tem um valor de 0,76. 0 5 10 15 20 DHTi 2 3 4 5 6 7 8 9 A M P LI TU D E % ( A ) FASE Fig. 7. Comparação entre os fatores de potência na residência 1. Residência 2 A Fig. 8 apresenta as distorções harmônicas de corrente medidas na fase A, na fase B e no neutro, durante a semana em que o analisador de energia esteve coletando dados na residência 2. Observa-se que nessa residência há uma circulação de correntes harmônicas com amplitudes acentuadas nas fases (DHTi= 23,1% na fase A e DHTi= 51,09% na fase B). Destaca-se o espectro da fase B que possui uma ampla faixa de frequências harmônicas com amplitudes significativas, o que pode ser uma consequência do uso constante de carregadores de notebook e celulares, do desktop, da televisão e das lâmpadas (LED’s e LFC’s). Sendo que as maiores amplitudes são as pertencentes aos componentes de 3ª e 5ª ordens (33% e 19,8%, respectivamente). No condutor neutro destacam-se os harmônicos de ordens ímpares e o que mais contribui para a DHTi de 20,2%, é o de 3ª ordem, com amplitude igual a 11,55% da fundamental. Nota-se ainda, uma amplitude de 15% para o harmônico de 2ª ordem, que indica a não simetria entre os semiciclos positivo e negativo do sinal elétrico que alimenta a residência. Fig. 8. Espectro harmônico da corrente na residência 2. A residência 2 apresenta um fator de potência de deslocamento com média de 0,76, sendo que os valores variam de forma não característica durante a semana toda. Enquanto que o fator de potência verdadeiro possui um comportamento característico durante a semana, se elevando durante a madrugada. Em horário comercial os valores diminuem, chegando a 0,2 em diversos momentos do dia, tendo média de 0,61 (Fig. 9). Fig. 9. Comparação entre os fatores de potência na residência 2. Residência 3 A Fig. 10 ilustra as amplitudes da DHTi e dos 25 primeiros componentesharmônicos individuais do espectro de corrente nas fases e no neutro. Nota-se a ampla faixa de frequências harmônicas e as amplitudes dos componentes individuais, assim como o valor da DHTi. Destaca-se o espectro de corrente da fase C, na qual a DHTi é de 38% e os principais harmônicos são os de 2ª, 3ª e 5ª ordens. Os componentes de ordens ímpares estão presentes nessa residência devido ao uso de equipamentos eletrônicos, enquanto que os de ordens pares (destacando-se as de 2ª e 4ª ordens) circulando pela fase C, são causadas por uma assimetria dos semiciclos positivo e negativo do sinal periódico de corrente. Na fase A a DHTi é igual a 30,7%, destacando-se os componentes harmônicos de 3ª, 7ª e 9ª ordens, com amplitudes médias de 15,75%, 11,48% e 12,57%, respectivamente. A fase B apresenta os menores valores de distorção harmônica de corrente, sendo que as amplitudes mais significativas são as de 2ª, 3ª e 5ª ordens, com valores de 8,43%, 8,27% e 5%, respectivamente, contribuindo para uma DHTi de 15,15% Este fato pode ser explicado pela quantidade reduzida de dispositivos não lineares conectados a fase B. Fig. 10. Espectro harmônico de corrente na residência 3. Na residência 3, o fator de potência de deslocamento tem média de 0,8, valor superior ao medido na residência 2. No entanto, o uso mais constante e o número maior de dispositivos eletrônicos na residência 3 faz com que o fator de potência verdadeiro seja menor, se comparado às outras residências. A média durante a semana é de 0,54, atingindo valores próximos de 0,1 em diversos momentos da semana, ocasionado pelo uso de cargas com potência nominal maior e não-lineares (Fig. 11). 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 0 6 :4 8 :5 0 .4 4 1 1 6 :0 8 :5 0 .4 4 1 0 1 :2 8 :5 0 .4 4 1 1 0 :4 8 :5 0 .4 4 1 2 0 :0 8 :5 0 .4 4 1 0 5 :2 8 :5 0 .4 4 1 1 4 :4 8 :5 0 .4 4 1 0 0 :0 8 :5 0 .4 4 1 0 9 :2 8 :5 0 .4 4 1 1 8 :4 8 :5 0 .4 4 1 0 4 :0 8 :5 0 .4 4 1 1 3 :2 8 :5 0 .4 4 1 2 2 :4 8 :5 0 .4 4 1 0 8 :0 8 :5 0 .4 4 1 1 7 :2 8 :5 0 .4 4 1 0 2 :4 8 :5 0 .4 4 1 1 2 :0 8 :5 0 .4 4 1 2 1 :2 8 :5 0 .4 4 1 FP VERDADEIRO FP 0 10 20 30 40 50 60 D H Ti 3 5 7 9 1 1 1 3 1 5 1 7 1 9 2 1 2 3 2 5 A M P LI TU D E % ( A ) FASE A FASE B NEUTRO 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 2 3 :2 7 :5 2 .6 4 8 0 8 :4 7 :5 2 .6 4 8 1 8 :0 7 :5 2 .6 4 8 0 3 :2 7 :5 2 .6 4 8 1 2 :4 7 :5 2 .6 4 8 2 2 :0 7 :5 2 .6 4 8 0 7 :2 7 :5 2 .6 4 8 1 6 :4 7 :5 2 .6 4 8 0 2 :0 7 :5 2 .6 4 8 1 1 :3 7 :5 2 .6 4 8 2 0 :5 7 :5 2 .6 4 8 0 6 :1 7 :5 2 .6 4 8 1 5 :3 7 :5 2 .6 4 8 0 0 :5 7 :5 2 .6 4 8 1 0 :1 7 :5 2 .6 4 8 1 9 :3 7 :5 2 .6 4 8 0 4 :5 7 :5 2 .6 4 8 1 5 :4 7 :5 2 .6 4 8 FP VERDADEIRO FP 0 10 20 30 40 D H Ti 3 5 7 9 1 1 1 3 1 5 1 7 1 9 2 1 2 3 2 5 C O R R EN TE % ( A ) FASE A FASE B FASE C NEUTRO Fig. 11. Comparação entre os fatores de potência na residência 3. B. Simulação computacional A simulação computacional buscou identificar as características das distorções harmônicas no secundário de um transformador, para isso, foram utilizados os perfis harmônicos reais das residências medidas, conectados no secundário do transformador, de maneira não ordenada entre as fases. As cargas harmônicas das três residências foram coletadas nos instantes de tempo com os maiores e menores valores médios de DHTi, e utilizou-se a maior potência média medida durante a semana de medição em cada residência, para modelar a potência consumida por cada uma delas. As simulações foram feitas em três casos distintos, denominados de cenários. Cenário 1 Neste cenário, utilizou-se os menores valores médios de DHTi coletadas em cada residência, sendo conectadas ao secundário do transformador de acordo com o exposto na Tabela IV, que mostra a quantidade e o tipo da residência, assim como o carregamento do transformador. TABELA IV. TIPOS DE CARGAS CONECTADAS NO SECUNDÁRIO DO TRANSFORMADOR (CENÁRIOS 1 e 2). Tipo de carga Quantidade Residência 1 (monofásica) 6 Residência 2 (bifásica) 3 Residência 3 (trifásica) 3 • Carregamento de 66,823% O gráfico da Fig. 12 apresenta as distorções de corrente para esse cenário, no qual podem ser observadas as amplitudes dos componentes individuais que não possuem valores elevados, assim como a DHTi que atinge um valor de 18,85% na fase B, sendo os harmônicos de 2ª, 3ª e 5ª ordens destaques no espectro. Portanto, as distorções de corrente para esse cenário são pequenas, mas consideráveis. Fig 12. Distorções harmônicas de corrente no secundário do transformador (Cenário 1). Cenário 2 Para esse cenário, utilizou-se os tipos de cargas conectados no secundário do transformador como mostrado na Tabela IV. No entanto, os perfis harmônicos adotados para esse caso foram os coletados nos instantes de tempo com os maiores valores médios de DHTi em cada residência, a fim de se verificar uma situação extrema de distorções causadas por cargas residenciais. A Fig. 13 exibe o gráfico para as distorções harmônicas de corrente no secundário do transformador, causadas pelo misto de cargas residenciais do cenário 2. Nota-se amplitudes elevadas no espectro da corrente do lado secundário do transformador, sendo que os harmônicos de 2ª, 3ª e 5ª ordens contribuem de maneira mais significativa para as DHTi de 39,3%, 53,2% e 40,4%, nas fases A, B e C, respectivamente. Fig. 13. Distorções harmônicas de corrente no secundário do transformador (Cenário 2). Cenário 3 Neste cenário, as cargas dos cenários 1 e 2 (perfis harmônicos com os menores e maiores valores médios de DHTi, respectivamente) são conectadas no secundário do transformador de acordo com a Tabela V, que apresenta o tipo de carga, a quantidade de residências e o carregamento do transformador. Em que DHTi C1 e DHTi C2 indicam o perfil harmônico de corrente dos cenários 1 e 2, respectivamente. TABELA V. TIPOS DE CARGAS CONECTADAS NO SECUNDÁRIO DO TRANSFORMADOR (CENÁRIO 3). A Fig. 14 apresenta as distorções de tensão no secundário do transformador para o Cenário 3. Pode-se observar que as distorções de tensão são diferentes para cada fase, com destaque para a fase B na qual a DHTv é igual a 2,776%, sendo que o componente de 5ª ordem é o mais significativo. Na fase A a DHTv é igual a 2,62%, destacando-se no espectro os harmônicos de 9ª e 11ª ordens, com amplitudes de 1,263% e 1,15%, respectivamente. Enquanto que na fase C a DHTv é igual a 2,19%, tendo o menor valor entres as fases do secundário. Apesar do desequilíbrio, as distorções harmônicas não ultrapassam os limites estabelecidos pelo 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1 2 :0 0 :5 2 .2 0 0 2 1 :2 0 :5 2 .2 0 0 0 6 :4 0 :5 2 .2 0 0 1 6 :0 0 :5 2 .2 0 0 0 1 :2 0 :5 2 .2 0 0 1 0 :4 0 :5 2 .2 0 0 2 0 :0 0 :5 2 .2 0 0 0 5 :2 0 :5 2 .2 0 0 1 4 :4 0 :5 2 .2 0 0 0 0 :0 0 :5 2 .2 0 0 0 9 :2 0:5 2 .2 0 0 1 8 :4 0 :5 2 .2 0 0 0 4 :0 0 :5 2 .2 0 0 1 3 :2 0 :5 2 .2 0 0 2 2 :4 0 :5 2 .2 0 0 0 8 :0 0 :5 2 .2 0 0 1 7 :2 0 :5 2 .2 0 0 0 2 :4 0 :5 2 .2 0 0 FP VERDADEIRO FP 0 5 10 15 20 D H T 3 5 7 9 1 1 1 3 1 5 1 7 1 9 2 1 2 3 2 5 C O R R EN TE % ( A ) FASE A FASE B FASE C 0 20 40 60 D H T 3 5 7 9 1 1 1 3 1 5 1 7 1 9 2 1 2 3 2 5 C O R R EN TE % ( A ) FASE A FASE B FASE C Tipo de carga Quantidade de residências DHTi C1 DHTi C2 Residência 1 (monofásica) 3 3 Residência 2 (bifásica) 2 2 Residência 3 (trifásica) 2 2 • Carregamento de 84,5 % PRODIST (limites fixados em 10% para DHTV, sendo 2,5%, 7,5% e 6,5% para harmônicos pares, impares e múltiplos de três, respectivamente), em nenhuma das fases. Fig. 14. Distorções de tensão no secundário do transformador (Cenário 3). A Fig. 15 ilustra as distorções harmônicas de corrente no secundário do transformador, para esse cenário. Pode-se observar que a fase B é a mais distorcida em relação as outras, com uma DHTi igual a 24,7% e componentes de 3ª e 5ª ordens mais significativos em termos de amplitudes (em torno de 15% para ambos). Nas fases A e C, as DHTi são de 16,63% e 17,97%, respectivamente, destacando-se os componentes individuais de 3ª e 9ª ordens para a fase A, e os de 3ª e 5ª ordens para a fase C. Fig. 15. Distorções harmônicas de corrente no secundário do transformador (Cenário 3) A Fig. 16 apresenta as correntes de fase e neutro no secundário do transformador, em relação as suas respectivas magnitudes. Fig. 16. Magnitude das correntes de fase e neutro no secundário do transformador. Nota-se que a fase A possui o maior carregamento, com uma corrente de 178,8 A, enquanto que para as fases B e C as magnitudes na frequência fundamental são de 161,215 A e 169,04 A, respectivamente. No neutro a corrente fundamental é de 46,25 A, pois as fases estão desequilibradas, e o componente harmônico de 3ª ordem atinge uma magnitude de 65,3 A. IV. CONCLUSÃO No cenário atual, os dispositivos eletrônicos estão presentes de maneira significativa em ambientes residenciais. A utilização de computadores pessoais, LFC’s, Lâmpadas LED, televisores full HD LED, entre outros, é cada vez mais constante. E com o aumento do consumo de energia por consumidores residenciais, as distorções harmônicas são cada vez mais elevadas nos transformadores que suprem essas cargas. O uso de retificadores nos equipamentos eletrônicos presentes nas residências faz com que os harmônicos de ordens impares tenham valores mais elevados, principalmente os de 3ª e 5ª ordens, fato que pode ser observado tanto nos resultados das medições quanto nas simulações. Os resultados apresentados mostraram que as distorções harmônicas em residências são constantes durante a semana, dificultando assim um padrão definido da emissão de harmônico nesse tipo de carga, sendo que os harmônicos de ordens ímpares são os mais significantes no ambiente residencial. Além disso, foi constatado nas residências com maior carga instalada (Residências 2 e 3), um alto valor do harmônico individual de 2ª ordem, fato que indica a não simetria dos semiciclos positivo e negativo do sinal elétrico, e através das simulações com cargas mistas esse harmônico específico ainda se faz presente e com valores significativos. V. 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