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Estudo Dirigido_ Instrumentais Técnico Operativos Serviço Social

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CENTRO UNIVERSITÁRIO INTERNACIONAL - UNINTER 
CURSO BACHARELADO EM SERVIÇO SOCIAL – EaD 
 
Estudo Dirigido: Instrumentais Técnico-operativo do Serviço Social 
 
 Ao longo das aulas deste módulo B, Fase II, na disciplina, Instrumentais 
Técnico-operativo do Serviço Social, estudamos sobre os Instrumentais Técnico 
Operativos utilizados na atuação profissional do Assistente Social. Assim, este roteiro 
de estudos dirigido, apresenta as principais ideias trabalhadas nas aulas, mas isto não 
significa que este deve seu ser o único material a ser estudado para as provas, 
também é preciso assistir às vídeo-aulas e ler o material para impressão. 
 
Então, vamos lá!? 
 
O debate sobre a instrumentalidade do Serviço Social ganhou espaço 
principalmente na década de 1990. A profissão, na década de 1980, ganhou 
“maioridade intelectual” (NETTO, 1996, p. 275) com produções que trouxeram 
avanços para o Serviço Social, ao repensar a intenção de ruptura com o 
tradicionalismo e buscar a superação do seu exercício fragmentado e paliativo. 
O Serviço Social vem se afirmando como sendo uma profissão que intervém 
de forma pensada na realidade social, assim como vem desenvolvendo a sua 
competência intelectual como forma de refletir a realidade social e nela a sua inserção. 
Logo, a relação entre a teoria e prática tem sido indispensável para uma visão de 
totalidade da profissão. 
A instrumentalidade visa uma atuação focada na totalidade da realidade com 
suas múltiplas expressões da questão social, buscando um fazer profissional crítico e 
comprometido com a classe trabalhadora. Suguihiro (2006, p.03) corrobora tal 
declaração ao afirmar que na própria ação cotidiana dos profissionais é “que se busca 
resgatar as categorias particulares empíricas que dão movimento à sua intervenção, 
o que implica ir além da visão limitante e aparente do cotidiano, reconstruindo o objeto 
da intervenção, que antes parecia descontínuo, dando-lhe uma dimensão histórica”. 
De acordo com Guerra (2002), a instrumentalidade é uma condição necessária 
para a reprodução dos seres humanos, no sentido em que se estabelece na relação 
de transformação do homem na natureza, num processo de busca pela satisfação das 
suas necessidades materiais e espirituais, isto é, pelo trabalho. Para a autora, o 
trabalho humano difere do trabalho realizado pelos demais seres na natureza devido 
à teleologia, a qual explica a capacidade que o ser humano possui de projetar 
intelectivamente o seu trabalho e de atribuir as suas ações de objetivos e finalidades. 
 De acordo com as Diretrizes Curriculares do Serviço Social (ABEPSS, 1996), 
a intervenção do assistente social deve ser composta de três dimensões: teórico-
metodológica, ético-política e técnico-operativa. Essas dimensões constituem níveis 
diferenciados de apreensão da realidade da profissão, mas, são imanentes entre si, 
formando uma unidade, apesar de suas particularidades (GUERRA, 2002). 
Para Guerra (2002) A primeira dimensão se refere à capacidade de apreensão 
do método e das teorias e sua relação com a prática. Neste sentido, a dimensão 
teórico-metodológica é fundamental para a formação profissional, pois a teoria vai 
subsidiar o significado social da ação, ultrapassando, dessa forma, o conhecimento 
do senso comum. A segunda dimensão se refere aos objetivos e finalidades das ações 
do profissional de Serviço Social e os princípios e valores humano-genéricos que os 
guiam. Portanto, a dimensão técnico-operativa deve ser concebida além das 
capacidades técnicas e instrumentais, objetivando à consecução de uma determinada 
finalidade. Esta dimensão deve ser entendida como um elemento consciente e 
sistemático do trabalho do assistente social quanto ao seu objeto de intervenção, a 
questão social e suas expressões, buscando alcançar os objetivos propostos 
(GUERRA, 2002). A terceira dimensão explana sobre a capacidade de o profissional 
articular meios e instrumentos para materializar os objetivos, com base nos valores 
concebidos. 
Os instrumentais técnico-operativos são abordados pela dimensão técnico-
operativa da profissão, na qual se encontram também “estratégias, táticas, 
instrumentos, técnicas, conhecimentos específicos, procedimentos, ética, cultura 
profissional e institucional, particularidades dos contextos organizacionais” (SANTOS, 
2013, p.20). Fazem parte dessa dimensão, portanto, os instrumentais mais técnicos 
do Serviço Social. Porém, para que o assistente social saiba escolher qual o melhor 
instrumento durante seu trabalho a fim de alcançar o melhor resultado, ele precisa 
realizar uma avaliação, ou seja, um planejamento. Portanto, considerando seu 
objetivo de trabalho, o assistente social irá retomar as dimensões do Serviço Social a 
fim de refletir sobre qual procedimento deve ser adotado. De forma geral, a dimensão 
técnico-operativa abarca os procedimentos e instrumentos interventivos utilizados 
pelo assistente social, a fim de operacionalizar seu trabalho. Desta forma, os 
procedimentos se referem às ações profissionais que têm uma abrangência maior e 
expressam o fazer profissional, que são procedimentos como o relacionamento, a 
observação, a abordagem, o plantão social, a entrevista, as visitas domiciliares, a 
perícia social e os instrumentais de trabalho com grupos e coletividade (os quais serão 
abordados detalhadamente nas próximas aulas) (LAVORATTI; COSTA, 2016). 
 
 
O INSTRUMENTAL TÉCNICO-OPERATIVO RELACIONAMENTO 
O relacionamento, assim como os demais instrumentais do Serviço Social, 
pertence à dimensão técnico-operativa, mas não pode ser apreendido a partir de seu 
agir imediato. Logo, os instrumentais não podem prescindir de um aporte teórico que 
os fundamente, bem como que de subsídios para uma prática profissional crítica e 
reflexiva. Esta importância do aporte teórico para os instrumentais pode ser 
identificada na utilização do relacionamento pelo Serviço Social. 
 O homem é determinado pelas relações sociais, neste sentido, o Serviço 
Social desde seu surgimento sempre atuou diretamente sobre essas relações através 
do relacionamento com os indivíduos para os quais prestava atendimento. Entretanto, 
a abordagem do instrumental relacionamento pelo Serviço Social modificou-se no 
decorrer de sua história. No surgimento do Serviço Social, a profissão utilizou o 
relacionamento no atendimento de casos, tendo como enfoque o cliente, e não a 
relação deste com a sociedade e com os demais indivíduos. Neste sentido, o 
relacionamento se tratava de uma dimensão afetiva para “ajudar” os clientes a se 
“adequarem” à sociedade, ou seja, este instrumental era utilizado no agir imediato do 
assistente social (SARMENTO, 2016). Para Sarmento (2016) tal situação se modifica 
quando o Serviço Social assume uma postura crítica marxista, que oferece o aporte 
teórico necessário para o instrumental do relacionamento. 
Desta forma, o assistente social passa a se posicionar politicamente na defesa 
da classe trabalhadora, especificamente na mediação entre classes sociais. Portanto, 
o relacionamento tem sido um instrumental muito presente na atuação dos assistentes 
sociais. Entretanto, este passou por enfoques diferentes de acordo com o período 
histórico. Num primeiro momento, estava voltado para ajudar os clientes; já no 
segundo momento, passou a ter um aporte teórico que refletiu em uma prática 
profissional crítica focada na mediação das relações entre as classes sociais. 
 
A INTENCIONALIDADE DAS AÇÕES PROFISSIONAIS ACERCA DA OBSERVAÇÃO 
E DA ABORDAGEM 
 Conforme Iamamoto (2007), os espaços sócio-ocupacionais do serviço social 
retratam as condições e relações de trabalho na sociedade brasileira e constituem um 
produto histórico.Logo, para analisar o exercício profissional e sua intencionalidade é 
preciso pensar em um conjunto de determinantes históricos que o compõem. 
 Neste sentido, os instrumentos por si só não particularizam o exercício 
profissional, senão se submeteria ao tecnicismo. Esta visão tecnicista esteve muito 
presente na história do serviço social até a apropriação do referencial marxista, no 
qual se questionava o serviço social tradicional. 
O serviço social é uma profissão histórica que se constrói na produção e 
reprodução das relações sociais da sociedade capitalista, estando inscrito na divisão 
sócio técnica do trabalho (IAMAMOTO, 2003). Portanto, a profissão se materializa 
considerando determinantes sociais, econômicos, políticos e 3 culturais de 
determinado período histórico no qual está inserida, ultrapassando a premissa de 
vontade e intensões individuais. 
A dimensão técnico-operativa não deve ser estudada isoladamente das 
dimensões teórico-metodológica, ético-política, pois elas são concebidas de forma 
intrínseca. Nesse sentido, os instrumentos do exercício profissional não são meros 
instrumentos técnicos pautados em si mesmo, eles envolvem, segundo Portes e 
Portes (2016, p. 64), “a correlação entre as demandas institucionais, as demandas 
apresentadas pelos usuários e a própria demanda profissional”, ou seja, possuem 
diversos determinantes que influenciarão na intencionalidade da ação profissional. 
Logo, para identificar tais intencionalidades é preciso questionar para quais 
finalidades os instrumentais estão sendo utilizados. Quais as intenções? Onde se 
pretende chegar? Quais os objetivos? A intencionalidade na utilização dos 
instrumentais, como a observação e a abordagem, vai além da mera aplicação do 
instrumental pelo assistente social. Há compreensão dos instrumentos como 
integrantes da dimensão técnico operativa, que está diretamente conectada às demais 
dimensões profissionais: dimensões teórico-metodológica e ético-política. Ou seja, o 
profissional precisa compreender que o serviço social é uma profissão histórica que 
possui dimensões conectadas entre si. 
 
A OBSERVAÇÃO 
 A observação não é um instrumento profissional exclusivo do assistente social, 
ela é utilizada por diversos outros profissionais. Este instrumental não se dá de forma 
acidental, ele envolve uma ação planejada e refletida de onde se quer chegar e o que 
se quer conhecer com sua utilização. Segundo Cruz Neto (2004) observar é mais do 
que meramente ver ou olhar, mas é estar atento, é direcionar o olhar, é saber para 
onde se olha. Assim, é de fundamental importância que este instrumental seja 
planejado para que se atinja os objetivos pretendidos com a observação. 
Para Sarmento (2013, p. 121) a observação pode ser compreendida: Como um 
instrumento importante no levantamento de dados qualitativos e que possibilita a 
participação conjunta dos usuários e do assistente social. Para tanto, requer do 
profissional, clareza (acerca dos elementos teóricos com que está operando seu 
conhecimento) e segurança (quanto aos objetivos pretendidos) na direção que dá ao 
conhecimento compreensivo e explicativo que vai desenvolvendo no processo de 
observação. Um esforço conjunto entre assistente social e usuários, para refletir 
criticamente os mecanismos de produção e reprodução social das relações nas quais 
estão inseridos, reconstruindo as mediações, em uma perspectiva de totalidade e 
historicidade. 
Segundo Martinelli (1994), o profissional deve buscar entender os usuários 
conhecendo seus modos de vida, suas vivências, suas inquietações. Assim, a 
observação, quando utilizada com esta finalidade, supera o tecnicismo e se configura 
como um instrumento consciente e refletido da realidade. Portes e Portes (2016, p. 
70) ainda identificam a observação a partir de dois níveis: (...) primeiro, enquanto 
instrumento de intervenção, no atendimento direto aos usuários através dos 
atendimentos sociais realizados; segundo, enquanto ferramenta para ação 
investigativa, que não se limita à pesquisa acadêmica. Diante disso, ressalta-se que 
a observação está presente nos demais instrumentos técnico-operativos, 
operacionalizando-se em conjunto. 
 
A ABORDAGEM 
 De acordo com Portes e Portes (2016), a abordagem é de fundamental 
importância na relação entre o assistente social e o usuário, pois subsidia a tomada 
de decisões das ações a serem realizadas pelo profissional, interferindo no cotidiano 
dos usuários e no planejamento do assistente social. Para as autoras, a 
caracterização da abordagem como instrumento não é um consenso na categoria 
profissional, pois alguns autores como Back; Filho e Santos (2013) compreendem a 
abordagem como um canal de comunicação com a população, que faz parte dos 
procedimentos do trabalho profissional, mas não se caracteriza como instrumento. 
Já Sarmento (2013, p. 121) define a abordagem como: Um contato intencional 
de aproximação através do qual é criado um espaço de diálogo crítico, para a troca 
de informações e/ou experiências para a aquisição de conhecimento e/ou de um 
conjunto de particularidades necessárias à ação profissional e/ou o estabelecimento 
de novas relações de interesses dos usuários. Assim, abordar o usuário exige 
acolhimento, escuta qualificada, ética e respeito, sem julgamento de valores. 
A abordagem é uma estratégia de escuta e aproximação com a história de vida 
do usuário. Vale ressaltar, que o assistente social não é apenas ouvinte, trata-se de 
escuta qualificada, ou seja, o profissional é “um sujeito participante de todo processo 
de atendimento do usuário com responsabilidades e funções a desempenhar (...)” 
(PORTES E PORTES, 2016, p. 74). 
O INSTRUMENTAL PLANEJAMENTO 
O instrumental e o serviço social são históricos e diretamente relacionados ao 
contexto social, econômico e cultural no qual estão inseridos. Eles também envolvem 
a intencionalidade presente nos diversos campos de atuação. Dessa forma, para 
definir os instrumentais que 6 serão utilizados em uma atuação tão dinâmica como a 
do assistente social, o planejamento é de fundamental importância. O planejamento 
permite a reflexão, decisão, controle e avaliação das ações profissionais. O assistente 
social pode refletir sobre determinada situação e levantar os objetivos e finalidades do 
atendimento; ordenar as demandas do usuário, da instituição e da profissão e elencar 
as intenções da atuação. A partir desse levantamento, o profissional faz sua 
(re)definição de instrumentos e técnicas de trabalho que aplicará em cada caso 
(BAPTISTA, 2002). O planejamento permite, portanto, a escolha de alternativas de 
utilização dos instrumentais do serviço social de acordo com a demanda apresentada, 
ele é a ferramenta para pensar e agir dentro de uma sistemática analítica própria, 
estudando as situações, prevendo seus limites e suas possibilidades. 
 
SOBRE O INSTRUMENTAL ENTREVISTA 
A entrevista é um instrumental utilizado por diversas profissões, mas no Serviço 
Social ela possui papel fundamental na atuação profissional. Ela está presente desde 
a origem da profissão, mas foi se adaptando de acordo com o contexto histórico do 
Serviço Social. Para Lavoratti (2016, p. 82), a entrevista é um instrumental 
técnicooperativo que “permite realizar uma escuta qualificada e estabelecer uma 
relação dialógica intencional com o usuário, através da qual se busca conhecer a 
realidade social, econômica, cultural e política onde este está inserido e que incide 
direta ou indiretamente sobre as suas demandas”. Assim, esse instrumental envolve 
um diálogo com um entrevistado e um entrevistador, o qual visa aprofundar o 
conhecimento sobre determinado assunto ou demanda. 
ParaLavoratti (2016), a finalidade da entrevista deve estar articulada com as 
dimensões teórico-metodológica, ético-política e técnico-operativa da 3 profissão. 
Essas dimensões são articuladas organicamente e não de forma isolada. Segundo 
Sarmento (1994), a entrevista expressa uma relação de comunicação com uma visão 
de homem e mundo e, dessa forma, orientada por uma Teoria Social: a entrevista é 
sempre uma relação face-a-face entre duas ou mais pessoas, sendo que a 
diferenciação em seu uso é dada pela maneira e a intenção de quem a pratica, mas 
reconhecendo que é uma relação de distância e envolvimento, conhecimento e ação, 
pensamento e realidade, interação e conflito, mudar e ser mudado. (Sarmento, 1994, 
p. 287) 
Desse modo, é importante que o assistente social saiba ouvir o usuário, 
reconhecer as particularidades das demandas, refletir e construir conjuntamente com 
ele as estratégias de enfrentamento das situações vivenciadas. Portanto, entrevistar 
é mais do que apenas conversar ou dialogar, requer um rigoroso conhecimento 
teórico-metodológico, a fim de possibilitar um planejamento sério da entrevista, bem 
como a busca por alcançar os objetivos estabelecidos para sua realização (Silva, 
1995). 
 
OBJETIVOS E CLASSIFICAÇÃO DAS ENTREVISTAS 
Com relação à classificação das entrevistas, elas podem apresentar alguns 
tipos de acordo com suas características e objetivos específicos, sendo as principais: 
entrevista estruturada, não estruturada ou semiestruturada. 
 A entrevista estruturada é mais utilizada para análises quantitativas, baseia-
se em repostas padronizadas e questionário fechado, indicada para uso da estatística, 
sendo ideal para levantamentos sociais, pois não permite captar sentimentos, 
motivações e outros elementos essenciais para o trabalho do assistente social. 
Segundo Lavoratti (2016), esse tipo de entrevista é mais utilizado em instituições para 
traçar o perfil socioeconômico dos usuários, desenvolver avaliação e identificar 
características específicas do atendimento ou dos usuários. 
 A entrevista não estruturada busca compreender sentimentos, motivações e 
razões, assim é mais utilizada para pesquisas qualitativas. Ela é o tipo mais livre, 
porém enfoca um tema bem específico, que exige que o entrevistador esteja atento 
para conduzir a entrevista dentro desse tema, mas sem influenciar o entrevistado. 
Segundo Lavoratti (2016), esse tipo de entrevista é o mais utilizado pelo assistente 
social, podendo ser considerada uma primeira abordagem do profissional com o 
usuário, no entanto, dependendo do objetivo, poderão ser utilizadas outras 
modalidades de entrevistas ou outros instrumentais. E, por fim, a entrevista 
semiestruturada, que possui questões norteadoras e objetivos preestabelecidos, 
mas deixa espaço para o surgimento de outros aspectos não previstos pelo 
entrevistador. Para Lavoratti (2016), esse tipo de entrevista também é muito utilizado 
pelos assistentes sociais quando precisam elaborar um estudo social, um parecer ou 
um relatório sobre determinada situação. 
 
ETAPAS DAS ENTREVISTAS 
As etapas de uma entrevista variam conforme os objetivos e finalidades dela, 
mas, em geral, seguem algumas etapas básicas: planejamento, operacionalização e 
registro. O planejamento da entrevista é de fundamental importância para que se 
atinjam os objetivos esperados, assim Lavoratti (2016, p. 91) afirma que “No 
planejamento da entrevista se faz necessário levar em conta os objetivos do 
profissional, os objetivos institucionais e as necessidades dos usuários para decidir 
qual a melhor modalidade de entrevista e se ela deverá ser individual ou grupal”. Outro 
fator relevante nessa etapa é a escolha do instrumento de coleta de dados, o local da 
entrevista, o agendamento e o preparo prévio das perguntas. 
A operacionalização é a execução da entrevista, que deve envolver muitos 
cuidados como: vocabulário utilizado, acolhimento, segurança, tranquilidade, 
cuidados com a interação, compreensão do silêncio e de emoções, estabelecimento 
de um diálogo ético, envolvimento do usuário no planejamento das providências e 
estabelecimento de um compromisso. 
O registro é a última etapa da entrevista, sendo para Lavoratti (2016) o 
processo de sistematização das informações produzidas para documentar a evolução 
do atendimento realizado ao usuário, bem como compartilhar tal conhecimento com 
outros profissionais, de acordo com as questões éticas e de sigilo. Portanto, a 
entrevista é um instrumental muito versátil e útil para o assistente social; além disso, 
existem diferentes tipos, modalidades e roteiros, que podem ser utilizados pelo 
profissional de acordo com a finalidade e os objetivos da entrevista. 
 O QUE É UMA VISITA DOMICILIAR? 
A vista domiciliar é um dos instrumentais mais utilizados pelos assistentes 
sociais em seu cotidiano profissional. Segundo Freitas e Freitas (2003, p. 60-61), a 
visita domiciliar consiste na coleta de dados observando no próprio local de vida 
familiar, onde há maior espontaneidade, pois os envolvidos estão em seu território, o 
que permite captar elementos que revelam o modus vivendi, e que ainda expressa a 
valorização do local do núcleo físico do grupo. Uma vez que permite uma observação 
dinâmica do indivíduo na relação com seu meio social: padrões culturais (usos e 
costumes) e atendimento da necessidade básica de abrigo e segurança. A visita 
domiciliar permite ao assistente social se aproximar da realidade do usuário, 
conhecendo suas condições e modo de vida expressos em seu cotidiano familiar e 
comunitário. 
Os dados coletados na entrevista devem ser registrados em formulário próprio 
ou em cadastros ou fichas, que devem ser preenchidos adequadamente e de forma 
clara e ética, para evitar retornos desnecessários à residência do usuário. Portanto, a 
visita domiciliar permite o contato direto do assistente social com a realidade local do 
usuário. Logo, ela possibilita dar outro significado aos dados coletados na instituição, 
a partir de uma análise mais contextual. 
 
O GRUPO E A FUNÇÃO DO INDIVÍDUO NO PROCESSO GRUPAL 
Existem diversas definições de grupo apropriadas de outras áreas pelo Serviço 
Social, como da psicologia, da sociologia e da educação. Para Rivièri (1988, p. 177), 
o grupo constitui um “conjunto de pessoas, ligadas entre si por constantes no tempo 
e no espaço, e articuladas por sua mútua representação interna, que se propõe, de 
forma explícita ou implícita, uma tarefa que constitui sua finalidade”. Para o autor, o 
grupo deve estar focado na tarefa que seria a cura ou aprendizagem. 
 Nesse sentido, Vileirini (2016, p. 133) afirma que o assistente social pode se 
apropriar desse conceito modificando o sentido da tarefa, a qual passa a ter “uma 
conotação eminentemente social, ligada à necessidade de transformação das 
pessoas e da realidade através da convivência grupal”. Assim, o papel do assistente 
social é propiciar a formação de cidadãos de direito conscientes de seu papel na 
sociedade. 
O grupo é uma estrutura baseada nos vínculos entre seus membros, os quais 
se baseiam na confiança e na segurança. O trabalho em grupo permite ao assistente 
social uma aproximação com a realidade vivida pelas pessoas individuais, através de 
relatos que vêm carregados de significado do cotidiano, propiciando condições para 
perceber situações sociais que eram anteriormente desconhecidas. O assistente 
social pode então olhar o ser humano histórico individual numa relação intrínseca com 
seu meio ambiente. 
 
 O QUE É TRABALHO COM GRUPOS? 
Segundo Vileirini (2016, p. 130), o trabalho com grupos é uma necessidade 
comum no cotidiano do Serviço Social. “A necessidade de 4 organizarpessoas através 
do trabalho com grupos exige do profissional reflexão e planejamento, resinificando 
os instrumentais no contexto das relações sociais na atualidade”. Para o autor, o 
assistente social deve desenvolver o trabalho com grupos a partir de uma perspectiva 
emancipatória dos sujeitos. 
O trabalho em grupo envolve reflexão, planejamento e busca conhecer a 
realidade dos indivíduos. Assim, exige do profissional constante capacitação e 
atualização profissional, bem como o domínio de diversos instrumentais. O 
profissional deve ter compromisso explícito com a transformação, visando ao 
rompimento com práticas alienantes, imediatistas e assistencialistas. 
 
O QUE É UM PLANTÃO SOCIAL 
De acordo com Sousa (2004, p. 48), “os plantões sociais foram instrumentos 
utilizados pelos assistentes sociais pioneiros, implantados pelas entidades norte-
americanas, quando perceberam a necessidade de sistematizar os atendimentos 
assistenciais, que foram divididos em casos imediatos e casos continuados”. Para o 
autor, os casos imediatos ocorriam em situações de vulnerabilidade, sendo estas 
rápidas, enquanto os casos continuados constituíam problemas mais graves, que 
necessitavam de um contato mais prolongado entre o assistente social e o usuário. 
Para Souza Brito (2005), “o plantão social é um meio pelo qual historicamente 
tem ocorrido a triagem e seleção de demandas para inclusão de atendimentos sociais, 
aplicado tanto pela organização estatal quanto em ações sociais privadas”. Logo, o 
plantão oferece respostas às múltiplas expressões da questão social. 
Atualmente, os plantões têm sido mais discutidos na área de saúde, porém, 
verifica-se uma diferença essencial entre o plantão social na política de assistência 
social e o plantão na saúde. na assistência há um limite inerente à natureza da política 
em que se insere, qual seja, a seleção de seu público, e, na saúde, destina-se a todos. 
A dificuldade de um consiste em eleger critérios para acesso de seu público aos 
serviços assistenciais e a do outro em garantir o acesso de todos aos serviços de 
saúde. (Dias; Camatari, 2016, p. 184) 
 
LIMITES E POSSIBILIDADES DO PLANTÃO SOCIAL 
Dias e Camatari (2016) elencam como principais limites do plantão social: 
espaço físico precário, que dificulta o atendimento e sigilo profissional; prática 
profissional pautada pelos interesses da instituição empregadora; ausência de retorno 
das demandas após o atendimento; estabelecimento de critérios de elegibilidade e 
atuação imediatista e acrítica. Tais limites, segundo os autores, dificultam uma 
atuação de qualidade e com enfoque nas necessidades e realidade dos usuários, com 
vistas à superação da situação de vulnerabilidade. Com relação às possibilidades, 
os autores afirmam que a prática do plantão social é um desafio para o assistente 
social, mas, se ela estiver pautada pela luta de efetivação dos direitos dos usuários, 
pode trazer ganhos para a profissão. O plantão é um espaço de criação de indicadores 
sociais, a partir de suas estatísticas de atendimento. Com esses dados, o assistente 
social pode traçar um perfil dos usuários e desenvolver planos e projetos que atinjam 
as demandas levantadas. 
 
O QUE É UM PROCESSO DE PERÍCIA SOCIAL? 
O processo de perícia social não é apenas utilizado no âmbito jurídico, ele 
tem sido utilizado no âmbito das políticas públicas para reforçar decisões na 
concessão de benefícios, comprovar aspectos econômicos e sociais, realizar 
avaliação de diversas situações que envolvem os usuários, entre outros. 
De acordo com o CFESS (2004, p. 43), a perícia diz respeito “a avaliação, 
exame ou vistoria solicitada ou determinada sempre que a situação 5 exigir um 
parecer técnico ou científico de uma determinada área do conhecimento, que 
contribua para a tomada de decisão”. 
A perícia inicia-se com a busca de obter o conhecimento sobre aquilo que está 
sendo requisitado por profissionais ou autoridades das mais diversas áreas. Assim, 
busca-se a finalidade da perícia, o levantamento de documentos e dados já existentes 
acerca da situação que será analisada (Costa; Oliveira, 2016). Portanto, a perícia 
exige um planejamento de sua execução com o intuito de atingir os objetivos e 
finalidades de sua requisição. 
Assim, o objetivo principal do estudo social para os autores é a possibilidade 
de apresentar diferentes aspectos de uma situação social, contextualizá-la e indicar 
possibilidades de ação. O CFESS (2004, p. 42) apresenta o estudo social com a 
“finalidade de conhecer com profundidade, e de forma crítica, uma determinada 
situação ou expressão da questão social”. Após a finalização do estudo social, é 
desenvolvido o parecer social, que constitui um “instrumento de realização do 
compromisso profissional com os usuários visando à equidade, à igualdade e à 
cidadania, indispensável ao novo fazer profissional em especial na área de benefícios 
sociais confirma-se como um significativo campo de atuação profissional (Silva, 2000, 
p. 35)”. 
 Dessa forma, o parecer deve apresentar o posicionamento do profissional que 
teve contato com a realidade social, organizando dados e apontando aspectos para a 
viabilização de direitos. Portanto, o parecer deve ser conclusivo a respeito da opinião 
profissional sobre a situação demandada. Por fim, o laudo é um documento que 
retrata uma situação específica “num determinado momento, por meio do qual a 
perícia social foi realizada, sendo que a clareza, a objetividade, a responsabilidade 
ética, a consistência e a estrutura formal são imprescindíveis neste documento e 
espelham a maturidade do perito nas suas competências e especialidades” (Costa; 
Oliveira, 2016, p. 213). Portanto, a perícia social enquanto processo envolve o 
processo de realização do estudo social, a emissão do parecer social e a 
confecção do laudo social. 
Bons Estudos e Boa Prova!!!

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