CENTRO UNIVERSITÁRIO INTERNACIONAL - UNINTER CURSO BACHARELADO EM SERVIÇO SOCIAL – EaD Estudo Dirigido: Instrumentalidade do Serviço Social Ao longo das aulas deste módulo B, Fase II, na disciplina, Instrumentalidade do Serviço Social, estudamos sobre a inserção da profissão nos espaços sócio-ocupacionais e as competências e requisições profissionais. Assim, este roteiro de estudo dirigido, apresenta as principais ideias trabalhadas nas aulas, mas isto não significa que este deve seu ser o único material a ser estudado para as provas, também é preciso assistir às vídeo-aulas e ler o material para impressão. Então, vamos lá!? A INTRUMENTALIDADE COMO CAMPO DE MEDIAÇÃO A instrumentalidade, segundo Guerra (2000), envolve a capacidade que uma profissão adquire em sua trajetória sócio-histórica, a partir do desenvolvimento da capacidade teleológica. Dessa maneira, seguindo as análises da Professora Yolanda Guerra (2000; 2011; 2012), a instrumentalidade é uma condição necessária à reprodução da espécie humana, momento indispensável na relação dos sujeitos com a natureza em resposta aos seus carecimentos materiais e espirituais. Para Guerra (2000), as alterações ocorridas no mundo do trabalho, na esfera do Estado, nas políticas sociais, no perfil do trabalhador, estabelecem novas mediações que se expressam nas condições objetivas (materiais e espirituais) sobre as quais a instrumentalidade do exercício profissional se desenvolve e se condiciona às respostas profissionais. De tal modo, refletir e analisar essa categoria, enfocando na relação entre teoria e prática, é imprescindível à profissão contemporaneamente. A referida autora ressalta também que a instrumentalidade é uma mediação que permite a passagem das análises universalistas, macro- 3 societárias para as singularidades do exercício profissional em contextos historicamente determinados. A instrumentalidade seria: “[...] a categoria reflexiva capaz de apontar as diversas formas de inserção da profissão nos espaços sócio-ocupacionais e as competências e requisições profissionais, de modo a demonstrar o concreto particularizado das formas de operar da profissão, ou as mediações” (GUERRA, 2000, p. 29). Desta maneira, Guerra (2000, p. 35) ressalta que o reconhecimento da instrumentalidade como mediação “significa compreender que a profissão é uma totalidade constituída pelas dimensões teórico-metodológica, ético-política e técnico-operativa”. Assim, é preciso partir do pressuposto que a instrumentalidade no Serviço Social é um campo de mediação, espaço para se pensar nos valores subjacentes às ações, no nível e na direção das respostas que estamos dando e pelas quais a profissão é reconhecida, questionada ou requisitada socialmente. Guerra (2000) chama a atenção que é pela instrumentalidade que passam as decisões alternativas concretas, de indivíduos concretos, em situações concretas. Isto posto, ressaltamos que é no âmbito da instrumentalidade, de acordo com referida autora, que “os componentes críticos da cultura profissional serão escolhidos, construídos e reconstruídos, sendo o espaço que permitirá a implementação do acerco técnico operativo da profissão” (GUERRA, 2000, p. 40). A DIMENSÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA DO SERVIÇO SOCIAL Para nos aprofundarmos na discussão da instrumentalidade, é preciso que tenhamos claro que a realidade social necessita ser entendida como fundamento material da intervenção profissional, ou seja, “é preciso conhecer as expressões universais da sociedade burguesa madura e as particularidades que se colocam à ação do serviço social, na qual realiza sua instrumentalidade” (GUERRA, 2011, p. 254). Desta maneira, uma formação profissional de qualidade é essencial, na perspectiva do fortalecimento das dimensões teórico-metodológica, ético-política e técnico-operativa da profissão. Importante ressaltarmos que isto nem de longe significa que estamos afirmando que a teoria deva ser aplicada puramente na prática profissional. É preciso ponderarmos que o conhecimento teórico sozinho não dá conta de enfrentar as adversidades da realidade social. A compreensão se refere que [...] a teoria não é capaz, por si só, de processar qualquer alteração na realidade concreta. Contudo, a prática como atividade efetiva que permita transformação na realidade natural ou social não é uma atividade qualquer, mas atividade que possibilita ao sujeito reflexão sobre sua ação e revelações sobre a realidade que possibilita a decifração das categorias e captação da legalidade dos fenômenos. Isso significa ressaltar a importância do conhecimento teórico mediante os limites encontrados no cotidiano da prática profissional. Ao mesmo tempo, é preciso cuidado para não cairmos no discurso “na prática a teoria é outra”. A RELAÇÃO EXISTENTE ENTRE TEORIA E PRÁTICA Santos (2013) ressalta que a teoria seria uma reprodução ideal do movimento real do objeto a ser conhecido, ou seja, o objeto já existe na realidade, à teoria cabe o movimento de reconstrução pelo pensamento. Todavia, não se limita a descrever a realidade, e sim possibilita a apreensão da lógica do objeto. Em síntese, [...] a teoria se distingue da prática, é ato do pensamento, o qual, todavia, dirige-se para um objeto – produto da prática – ou seja, a teoria almeja o conhecimento da constituição do concreto, entretanto, esse concreto tem sua gênese na prática, é nela que se expressam as determinações do objeto. Dessa forma, teoria e prática se distinguem ao mesmo tempo em que estabelecem uma relação de unidade (SANTOS, 2013, p. 27). Assim, no serviço social, a teoria permite que o profissional apreenda seu objeto de ação, seu movimento, constituindo-se como uma importante ferramenta que auxilia o conhecimento sobre as determinações que envolvem o objeto, “[...] que permite compreender que o projeto ideal nunca poderá ser igual ao produto real e, dessa forma, compreender esse resultado final” (SANTOS, 2013, p. 75). Assim, mesmo a prática sendo o fundamento da teoria, esta também pode fundamentar a prática. Para Santos (2013), o que cabe à teoria, nesse sentido, é oferecer subsídios na utilização desses instrumentos, ou seja, imputar a eles a finalidade, a análise, o conceito; dar a eles um significado apropriado, condizente com os princípios fundamentais da teoria que os orienta. O serviço social requer um conhecimento procedimental que, embora implique conhecimento teórico, vai possuir uma relação com a prática. É o conhecimento procedimental que vai oferecer respostas ao como fazer, pois, o porquê e o para que fazer vão impor problemas teóricos e práticos. A DIMENSÃO TÉCNICO-OPERATIVA DO SERVIÇO SOCIAL Em relação à dimensão técnico-operativa da profissão, destaca-se ser essencial problematizar as questões relativas tanto ao cotidiano como à produção teórica, na perspectiva analítica. Neste sentido, entre os elementos que se encontram nesta discussão estão os diferentes instrumentos utilizados pelos profissionais na concretização da ação profissional. Assim, ressalta-se que é no cotidiano que se efetiva a intervenção profissional. Para Santos (2013), as demandas que chegam ao profissional sempre aparecem de maneira imediatizada, e são fragmentadas e heterogêneas, características próprias do cotidiano. Assim, o profissional precisa estar atento, pois, de acordo com a referida autora, caso não perceba as demandas para além dessas características, provavelmente desenvolverá seu instrumental técnico-operativo de maneira conservadora, “[...] lançar mão do instrumental técnico-operativo sem entender o conjunto de mediações necessárias faz com que a ‘resposta’ profissional