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Estudo Dirigido_ Instrumentalidade do Serviço Social

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CENTRO UNIVERSITÁRIO INTERNACIONAL - UNINTER 
CURSO BACHARELADO EM SERVIÇO SOCIAL – EaD 
 
Estudo Dirigido: Instrumentalidade do Serviço Social 
 
 Ao longo das aulas deste módulo B, Fase II, na disciplina, Instrumentalidade do Serviço 
Social, estudamos sobre a inserção da profissão nos espaços sócio-ocupacionais e as 
competências e requisições profissionais. Assim, este roteiro de estudo dirigido, apresenta as 
principais ideias trabalhadas nas aulas, mas isto não significa que este deve seu ser o único 
material a ser estudado para as provas, também é preciso assistir às vídeo-aulas e ler o material 
para impressão. 
 
Então, vamos lá!? 
 
A INTRUMENTALIDADE COMO CAMPO DE MEDIAÇÃO 
A instrumentalidade, segundo Guerra (2000), envolve a capacidade que uma profissão 
adquire em sua trajetória sócio-histórica, a partir do desenvolvimento da capacidade 
teleológica. Dessa maneira, seguindo as análises da Professora Yolanda Guerra (2000; 2011; 
2012), a instrumentalidade é uma condição necessária à reprodução da espécie humana, 
momento indispensável na relação dos sujeitos com a natureza em resposta aos seus 
carecimentos materiais e espirituais. 
Para Guerra (2000), as alterações ocorridas no mundo do trabalho, na esfera do Estado, 
nas políticas sociais, no perfil do trabalhador, estabelecem novas mediações que se expressam 
nas condições objetivas (materiais e espirituais) sobre as quais a instrumentalidade do exercício 
profissional se desenvolve e se condiciona às respostas profissionais. De tal modo, refletir e 
analisar essa categoria, enfocando na relação entre teoria e prática, é imprescindível à profissão 
contemporaneamente. 
A referida autora ressalta também que a instrumentalidade é uma mediação que permite 
a passagem das análises universalistas, macro- 3 societárias para as singularidades do exercício 
profissional em contextos historicamente determinados. 
A instrumentalidade seria: “[...] a categoria reflexiva capaz de apontar as diversas 
formas de inserção da profissão nos espaços sócio-ocupacionais e as competências e requisições 
profissionais, de modo a demonstrar o concreto particularizado das formas de operar da 
profissão, ou as mediações” (GUERRA, 2000, p. 29). 
 Desta maneira, Guerra (2000, p. 35) ressalta que o reconhecimento da 
instrumentalidade como mediação “significa compreender que a profissão é uma totalidade 
constituída pelas dimensões teórico-metodológica, ético-política e técnico-operativa”. Assim, 
é preciso partir do pressuposto que a instrumentalidade no Serviço Social é um campo de 
mediação, espaço para se pensar nos valores subjacentes às ações, no nível e na direção das 
respostas que estamos dando e pelas quais a profissão é reconhecida, questionada ou requisitada 
socialmente. Guerra (2000) chama a atenção que é pela instrumentalidade que passam as 
decisões alternativas concretas, de indivíduos concretos, em situações concretas. Isto posto, 
ressaltamos que é no âmbito da instrumentalidade, de acordo com referida autora, que “os 
componentes críticos da cultura profissional serão escolhidos, construídos e reconstruídos, 
sendo o espaço que permitirá a implementação do acerco técnico operativo da profissão” 
(GUERRA, 2000, p. 40). 
 
A DIMENSÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA DO SERVIÇO SOCIAL 
 Para nos aprofundarmos na discussão da instrumentalidade, é preciso que tenhamos 
claro que a realidade social necessita ser entendida como fundamento material da intervenção 
profissional, ou seja, “é preciso conhecer as expressões universais da sociedade burguesa 
madura e as particularidades que se colocam à ação do serviço social, na qual realiza sua 
instrumentalidade” (GUERRA, 2011, p. 254). 
Desta maneira, uma formação profissional de qualidade é essencial, na perspectiva do 
fortalecimento das dimensões teórico-metodológica, ético-política e técnico-operativa da 
profissão. Importante ressaltarmos que isto nem de longe significa que estamos afirmando que 
a teoria deva ser aplicada puramente na prática profissional. 
É preciso ponderarmos que o conhecimento teórico sozinho não dá conta de enfrentar 
as adversidades da realidade social. A compreensão se refere que [...] a teoria não é capaz, por 
si só, de processar qualquer alteração na realidade concreta. Contudo, a prática como atividade 
efetiva que permita transformação na realidade natural ou social não é uma atividade qualquer, 
mas atividade que possibilita ao sujeito reflexão sobre sua ação e revelações sobre a realidade 
que possibilita a decifração das categorias e captação da legalidade dos fenômenos. 
Isso significa ressaltar a importância do conhecimento teórico mediante os limites 
encontrados no cotidiano da prática profissional. Ao mesmo tempo, é preciso cuidado para não 
cairmos no discurso “na prática a teoria é outra”. 
 
A RELAÇÃO EXISTENTE ENTRE TEORIA E PRÁTICA 
Santos (2013) ressalta que a teoria seria uma reprodução ideal do movimento real do 
objeto a ser conhecido, ou seja, o objeto já existe na realidade, à teoria cabe o movimento de 
reconstrução pelo pensamento. Todavia, não se limita a descrever a realidade, e sim possibilita 
a apreensão da lógica do objeto. 
Em síntese, [...] a teoria se distingue da prática, é ato do pensamento, o qual, todavia, 
dirige-se para um objeto – produto da prática – ou seja, a teoria almeja o conhecimento da 
constituição do concreto, entretanto, esse concreto tem sua gênese na prática, é nela que se 
expressam as determinações do objeto. 
Dessa forma, teoria e prática se distinguem ao mesmo tempo em que estabelecem uma 
relação de unidade (SANTOS, 2013, p. 27). Assim, no serviço social, a teoria permite que o 
profissional apreenda seu objeto de ação, seu movimento, constituindo-se como uma importante 
ferramenta que auxilia o conhecimento sobre as determinações que envolvem o objeto, “[...] 
que permite compreender que o projeto ideal nunca poderá ser igual ao produto real e, dessa 
forma, compreender esse resultado final” (SANTOS, 2013, p. 75). 
Assim, mesmo a prática sendo o fundamento da teoria, esta também pode fundamentar 
a prática. Para Santos (2013), o que cabe à teoria, nesse sentido, é oferecer subsídios na 
utilização desses instrumentos, ou seja, imputar a eles a finalidade, a análise, o conceito; dar a 
eles um significado apropriado, condizente com os princípios fundamentais da teoria que os 
orienta. O serviço social requer um conhecimento procedimental que, embora implique 
conhecimento teórico, vai possuir uma relação com a prática. É o conhecimento procedimental 
que vai oferecer respostas ao como fazer, pois, o porquê e o para que fazer vão impor problemas 
teóricos e práticos. 
 
A DIMENSÃO TÉCNICO-OPERATIVA DO SERVIÇO SOCIAL 
Em relação à dimensão técnico-operativa da profissão, destaca-se ser essencial 
problematizar as questões relativas tanto ao cotidiano como à produção teórica, na perspectiva 
analítica. 
Neste sentido, entre os elementos que se encontram nesta discussão estão os diferentes 
instrumentos utilizados pelos profissionais na concretização da ação profissional. Assim, 
ressalta-se que é no cotidiano que se efetiva a intervenção profissional. Para Santos (2013), as 
demandas que chegam ao profissional sempre aparecem de maneira imediatizada, e são 
fragmentadas e heterogêneas, características próprias do cotidiano. 
Assim, o profissional precisa estar atento, pois, de acordo com a referida autora, caso 
não perceba as demandas para além dessas características, provavelmente desenvolverá seu 
instrumental técnico-operativo de maneira conservadora, “[...] lançar mão do instrumental 
técnico-operativo sem entender o conjunto de mediações necessárias faz com que a ‘resposta’ 
profissionalfique aquém das possibilidades de uma ação consciente, crítica e competente” 
(SANTOS, 2013, p. 21). 
Os instrumentos e o conjunto do instrumental técnico-operativo “colocam em 
movimento as demais dimensões do exercício profissional” (SANTOS, 2013, p. 22). Santos 
(2013) e Guerra (2012) chamam a atenção para o cuidado da centralidade da intervenção 
profissional na dimensão técnico-operativa. Neste caso, a teoria passa a ser desnecessária e até 
mesmo obstáculo para a intervenção, que se torna sinônimo de prática irrefletida por não 
ultrapassar o nível da imediaticidade do cotidiano, passando a não se importar com os meios, 
desde que os fins sejam efetivados. Assim, é necessário compreender que as respostas 
instrumentais dadas pelo serviço social se fundamentam em um projeto de sociedade, baseado 
num “conjunto de proposições teóricas, em valores e princípios éticos e dão uma determinada 
direção estratégica à intervenção profissional” (GUERRA, 2012, p. 43). 
 
A DIMENSÃO ÉTICO-POLÍTICA DA ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL 
A ética é uma reflexão sobre os comportamentos humanos e está sempre presente nas 
tomadas de decisões, mesmo que não se tenha plena consciência. É preciso lembrar que [...] se 
ética é uma reflexão crítica sobre determinados valores presentes na ação humana, e se toda 
ação dos homens sobre a sociedade é uma ação política, há uma intrínseca relação entre ética e 
política [...] a posição dos fins implica uma dimensão ético-política, mas envolve de forma 
indireta uma dimensão técnicooperativa na medida em que, para que os fins sejam efetivados, 
há necessidade da busca de meios para sua operacionalização. 
A busca de meios implica uma dimensão técnico-operativa ao tornar real a finalidade 
ideal, ao executar um problema final posto pela finalidade ideal (SANTOS, 2013, p. 69). 
Portanto, a dimensão ético-política está baseada em valores da profissão, e será por meio da 
ética que irá se concretizar, pela problematização e reflexão com objetivo de afastar e superar 
práticas tecnicistas. NA PRÁTICA O assistente social, em seu fazer profissional, se depara 
cotidianamente com diversas questões que o desafiam a construir respostas qualificadas na 
perspectiva da ampliação do acesso aos direitos sociais e do projeto éticopolítico profissional. 
São temas permeados por questões históricas, políticas, culturais e econômicas, tais como: 
adolescente em conflito com a lei, gravidez na adolescência, famílias de pacientes com 
transtorno mental, usuários abusivos de álcool e drogas, violência doméstica, entre tantos 
outros. 
 
O PROCESSO INVESTIGATIVO DA PRÁTICA PROFISSIONAL 
É na unidade entre teoria-prática e investigação-intervenção que o Serviço Social poderá 
encontrar a via alternativa, de sentido dialético, que o tornará mais crítico e enriquecedor 
(PEREIRA-PEREIRA, 1988). Isso porque: a) a investigação não é uma atividade antagônica 
à intervenção. Se esse antagonismo ocorre, é devido a deformações profissionais que precisam 
ser urgentemente superadas, pois, sem investigação a intervenção torna-se cega e sem 
intervenção a investigação torna-se inútil; b) a prática não corresponde a uma ação mecânica 
e intuitiva. 
Este processo sistemático de investigar e interpretar o processo histórico-social visando 
posteriores ações/intervenções segue utilizando-se de instrumentos adequados aos meios e fins 
da pesquisa, pautados nos fundamentos teórico-metodológicos, ético-políticos e técnico-
operativos do Serviço Social. 
Desta forma, a natureza investigativa da profissão é o que irá permitir ao profissional 
captar as diferentes expressões da questão social que se materializam na realidade, e construir 
respostas adequadas ao alcance dos objetivos profissionais. Assim, “vale dizer: é só pela 
investigação que se poderá conhecer, com clareza, as possibilidades e os limites da intervenção, 
bem como o sentido que deverá ser dado a novas investigações” (PEREIRA, 2005, p. 20). 
Por fim, destacamos que no processo de investigação e na realização da pesquisa, a 
fidelidade com as informações obtidas e metodologicamente organizadas se constituem como 
compromissos essenciais vinculados ao assistente social, sobretudo, pela sua competência 
técnica que pressupõe também competência teórica. 
 
O DESAFIO DO COTIDIANO PROFISSIONAL 
A cotidianidade, segundo Netto (2002), se constitui de determinações fundamentais, as 
quais qualifica como "componentes ontológico-estruturais”, a saber: 
 Heterogeneidade – expressa por meio de um conjunto heteróclito de objetivações do 
ser social composto por uma diversidade de fenômenos e processos sociais (NETTO, 
2002). 
 Imediaticidade – expressa pela preocupação em responder rapidamente aos problemas 
enfrentados; caracterizada pela relação direta entre pensamento e ação, o automatismo 
e o espontaneísmo são próprios a esta postura (NETTO, 2002). 
 Superficialidade extensiva – expressa na mobilização, em suas palavras, "de todas as 
atenções e todas as forças, mas não toda a atenção e toda a força" (NETTO, 2000, p.67). 
Assim, o autor destaca que a vida cotidiana é marcada por um materialismo espontâneo 
e por certa dose de pragmatismo na solução dos problemas enfrentados, sem que se ponha em 
causa a sua objetividade material e sem questionar a própria natureza dos fenômenos. 
O cotidiano profissional é marcado com uma série de fenômenos que muitas vezes 
levam o profissional a ter uma atuação pragmática, centrando sua atenção muito mais em 
aspectos operativos e instrumentais em detrimento da reflexão, análise e crítica da realidade 
social, limitando assim, o campo de possibilidades de atuação. 
Assim, o grande desafio reside na postura profissional que limita o exercício da 
profissão a modalidades de intervenção de caráter pragmatista, não as ultrapassando e, ainda, 
entendendo-as como as únicas possíveis no contexto da intervenção profissional. 
A reflexão constante sobre os principais aspectos do cotidiano profissional apresenta-se 
como uma postura fundamental não só para que os profissionais tenham condições de entender 
as principais determinações e condicionamentos presentes em sua realidade de trabalho, mas 
também para que novas modalidades de análise e intervenção sobre as expressões da questão 
social possam ser formuladas e implementadas. 
 
 A RAZÃO INSTRUMENTAL 
 Para Guerra (2000), as bases da sociedade capitalista são mantidas por meio de 
mecanismos de regulação social, o que a autora chama de “racionalidade instrumental”, que 
tem caráter subjetivista e formalista; desta maneira, se preocupa com as finalidades e com as 
implicações acerca das escolhas dos meios para alcançá-las. A esta racionalidade, encontra-se 
a razão instrumental, que está diretamente subordinada ao alcance de fins particulares e de 
resultados imediatos. Isto faz com que se torne extremamente funcional às estruturas da 
sociedade capitalista. 
Ao assumir esta postura profissional, o assistente social passa a resumir sua atuação ao 
domínio do instrumental técnico-operativo. Desta maneira, a instrumentalidade passa a ser 
convertida em mera técnica, sem base teórica metodológica. Ao problematizar a 
instrumentalidade do trabalho do Serviço Social, Guerra (2000) aponta e problematiza a 
prevalência da razão instrumental. 
Destaca-se que embora esta dimensão seja uma importante condição necessária ao 
exercício profissional, ela não é a única e suficiente para o adequado desempenho das 
atribuições profissionais. Trata-se de uma ação que não permite aos sujeitos alçarem do 
atendimento das finalidades particulares para as finalidades da sociedade, posto que, 
preocupados com a imediaticidade dos fatos, não superam o estrito nível do particulare não 
fazem escolhas que sejam capazes de elevar seus interesses e finalidades particulares para o 
nível da genericidade, abarcando valores humano-genéricos. E, aqui, o que se revela como de 
expressiva relevância, é que, em muitas situações, esta postura de priorização das ações 
instrumentais tem por base de sustentação as condições objetivas e subjetivas nas quais o 
exercício profissional se realiza. 
 
O INSTRUMENTAL TÉCNICO COMO MEDIAÇÃO 
 A reflexão sobre a instrumentalidade requer considerar tanto os indicativos teórico-
práticos de intervenção imediata, como também a sua vinculação aos objetivos, finalidades e 
valores profissionais, acionando e potencializando as diversas competências profissionais. 
O dimensionamento do instrumental técnico-operativo no trabalho profissional 
demanda a apreensão dos processos constitutivos do exercício profissional. Trata-se de uma 
questão relevante, já que este instrumental pode potencializar: [...] passagens cognitivas entre 
as várias dimensões em presença, podendo articular estas mediações potencializando forças em 
presença, em favor de um projeto de sociedade progressista e transformador da realidade, ou 
simplesmente manter-se alienado da trama destas complexas relações (PONTES, 1995, p.182). 
Desta maneira, a compreensão do instrumental como mediação possibilita a superar a ruptura 
entre meios e finalidade, e consequentemente a superação da razão instrumental. Um ponto 
importante a ser destacado é o desafio para o Serviço Social em não limitar a sua atuação 
profissional à mera utilização de técnicas e instrumentos de trabalho, perdendo de vista as 
finalidades que se pretende alcançar. 
 Destacamos ainda que a dimensão técnico-instrumental se encontra diretamente 
articulada a ideias e valores vinculados a projetos que expressam o relacionamento da ação a 
uma finalidade. A instrumentalidade deve ser entendida como finalidades socialmente 
construídas que determinam o modo de atuar e a escolha das alternativas, orientando a busca, a 
seleção e a construção dos meios mais adequados à ação. 
 
CONSTRUÇÃO DO OBJETO EM SERVIÇO SOCIAL 
Para Myrian Veras Baptista (1995), o objeto da intervenção profissional do assistente 
social refere-se ao segmento da realidade que lhe é posto como desafio, ou seja, o aspecto 
determinado de uma realidade total sobre o profissional deverá formular sua reflexão e construir 
as proposições para intervenção. 
A autora chama atenção para o fato de que a construção do objeto em Serviço Social 
não se faz do contexto institucional, local o qual se expressa e se materializam as estratégias de 
sobrevivência/vivência, com as exigências da reprodução e as formas de percepção, 
representação, e manifestação de interesses, identidade, organizações (BAPTISTA, 1995). 
Assim, a questão do objeto passa a ser vista na ótica dos atores que o enfrentam, 
diferentemente da preocupação mais geral de seu significado estrutural. Desta maneira, a 
construção do objeto implica, assim, tanto a análise das questões mais gerais (economia, 
instituições, políticas) como dos micropoderes (lógicas dos atores sociais). 
O foco da intervenção social se constrói nesse processo de articulação do poder dos 
usuários e sujeitos da ação profissional no enfrentamento das questões relacionais complexas 
do dia, pois envolvem a construção de estratégias para dispor de recursos, poder, agilidade, 
acesso, organização, informação, comunicação. É nessas contradições que se vai desconstruir 
e construir sua identidade profissional e o objeto de sua intervenção profissional, nas condições 
históricas dadas, com os sujeitos da ação profissional (BAPTISTA, p. 41). 
 
DEMANDAS E RESPOSTAS PROFISSIONAIS 
 Como explicita Iamamoto (2012, p. 37), “historicamente os assistentes sociais se 
dedicaram à implementação de políticas públicas, localizados na linha de frente das relações 
entre população e instituição” (IAMAMOTO, 2002, p. 37). Os espaços de atuação do 
profissional de Serviço Social são diversos. Iamamoto (2010) relata que esse profissional pode 
atuar na esfera pública, em empresas privadas, na assessoria a organizações e movimentos 
sociais e nas organizações da esfera civil sem fins lucrativos. 
Iamamoto (2010) ainda ressalta que esses distintos espaços são dotados de 
racionalidades e funções distintas na divisão social e técnica do trabalho, o que significa 
que ocorrem implicações no âmbito das relações sociais, estas por sua vez são capitaneadas por 
diferentes sujeitos sociais, que figuram como empregadores (o empresariado, o Estado, 
associações da sociedade civil e, especificamente, os trabalhadores (IAMAMOTO, 2010, p. 6). 
Assim, para que a profissão atue sobre as expressões da questão social é preciso que o 
profissional tenha a capacidade de desvendar as múltiplas faces e expressões da realidade social, 
além de conhecimento e habilidade para diagnosticar, analisar, conhecer, investigar, antecipar, 
propor e executar ações pautadas eticamente e comprometidas com a garantia dos direitos 
sociais. Dessa forma, o Serviço Social na atualidade, frente aos novos desafios dos problemas 
sociais, relacionado do agravamento da questão social, precisa ter o entendimento de conduzir 
a profissão de forma ética, democrática, política, e com competências teóricas e técnicas. 
 
ABORDAGENS INDIVIDUAIS 
 Para que o profissional assistente social construa suas estratégias profissionais de 
intervenção, é preciso compreender a singularidade de cada indivíduo e as implicações desta na 
vida cotidiana do sujeito, assim, neste tema nos apoiaremos nas reflexões de Agner Heller. 
Assim, Heller (2004) considera que a condição de individualidade do ser social existe com o 
indivíduo passar a assumir conscientemente sua própria personalidade/identidade tendo 
consciência de-si-mesmo; esta seria a condição para construir sua autonomia, ou seja, condição 
chave para assumir as rédeas de sua própria vida. 
De acordo com Veroneze (2013), a vida em sociedade está mediada por relações e 
situações econômicas, políticas, espirituais, sociais e culturais, e que, em grande medida, podem 
alterar significativamente o rumo e o modo de vida e das aspirações individuais e coletivas dos 
sujeitos sociais. 
Desta maneira, é na vida cotidiana que homens e mulheres “[...] fazem sua própria 
história, mas em condições previamente dadas” (HELLER, 2004). Como afirma Veroneze 
(2013), é na vida cotidiana que homens e mulheres defrontam-se diretamente com o legado 
anteriormente construído e constituído antes mesmo do seu nascimento, e que é transmitido 
involuntária e incondicionalmente. Veronese (2013), destaca que para que os indivíduos sociais 
possam se posicionar na vida social conscientemente, é necessário primeiramente um 6 
despertar para esta consciência, ou seja, a reflexão sobre sua condição, um 
autodesenvolvimento e uma autorrealização, enquanto ser-em-si-mesmo; somente depois o 
indivíduo passa a ter condições subjetivas para sua autolibertação consciente para-si-mesmo – 
o que também chamamos de autonomia. Desta maneira, o assistente social precisa estar atento 
para compreender a realidade social vivida pelos sujeitos e com base nela construir sua 
intervenção profissional. 
 
ABORDAGEM COM FAMÍLIAS 
A abordagem juntos às famílias é uma importante atividade que compõe o exercício 
profissional do assistente social. Assim, é essencial ao profissional o domínio dos 
fundamentos teórico-metodológicos e ético-operativos. Destacamos inicialmente que a 
família, a comunidade e a sociedade civil devem participar efetivamente da elaboração de 
alternativas, dando prioridade ao apoio à família para que esta possa cumprir suas ações 
(KALOUSTIAN, 2004).É importante ponderar que a família, por condução (estratégica) das políticas sociais, é 
vista como grupo estratégico de intervenção. Desta maneira, é preciso atenção para que isto não 
ocorra de maneira banalizada, ou seja, que a abordagem não seja realizada de maneira isolada, 
sem as devidas mediações do contexto e valores sociais de cada grupo investigado. 
 É preciso partir sempre do pressuposto da potencialidade das famílias para superarem 
situações de vulnerabilidades e riscos sociais, neste sentido, ao abordar as famílias é preciso 
construir mediações na perspectiva de apoiá-las e fortalecê-las através de atendimentos sociais. 
O ponto de partida da intervenção profissional precisa ser a realidade social vivida pelas 
famílias em determinado território. A partir de uma leitura consistente desta realidade é que o 
profissional terá condições de construir as melhores estratégias de intervenção e os 
instrumentais a serem utilizados em cada situação, com vistas ao acesso e garantia dos direitos 
sociais, a alteração da qualidade de vida e a superação da situação de exclusão social. Por fim, 
destacamos que a priorização da família na agenda da política social precisa priorizar o acesso 
a programas de geração de emprego e renda; rede de serviços socioassistenciais de apoio à 
família; complementação da renda familiar; acesso a serviços públicos como educação, saúde, 
habitação, moradia etc. 
 
ABORDAGEM COLETIVAS 
Pensamos na abordagem coletiva como uma metodologia viável para a efetivação da 
prática educativa do assistente social de forma continuada, com o objetivo de proporcionar ao 
público atendido momentos de reflexão acerca do contexto social, econômico, político e 
cultural do território onde vive. Nesta realização os usuários devem participar enquanto 
protagonistas. Ao assistente social cabe a função de facilitador. Todos os presentes têm o 
direito à voz e há um incentivo relevante para que todos façam uso deste direito. 
A educação popular oferece elementos que podem contribuir com o desenvolvimento 
da abordagem coletiva, pois, por meio dela, é possível informar os usuários sobre os seus 
direitos enquanto cidadãos. Dessa forma, sendo a educação popular um instrumento de 
comunicação dialógica entre indivíduos, ela favorece a transformação da realidade, pois busca 
orientá-los sobre o exercício da cidadania e ainda sobre seus direitos e deveres perante a 
sociedade. 
 É nesse contexto que o assistente social se integra como um profissional com formação 
generalista para atuar nas diversas formas de expressão da Questão Social. O assistente social 
poderá contribuir neste processo de orientação social à população usuária, fazendo uso da 
metodologia de Educação Popular. (PELEGRINI, 2013, p. 09) 
Portanto, para desenvolver o trabalho numa perspectiva coletiva, é imprescindível 
que o profissional conheça a realidade do território e que tenha clareza das principais 
demandas postas ao Serviço Social 
 
 
TRABALHOS DE GRUPO E SERVIÇO SOCIAL: RESGATE HISTÓRICO 
A aplicação prática de dinâmicas de grupo objetivava tanto facilitar a compreensão dos 
fenômenos sociais por parte dos membros que compunham o grupo, como ensinar às pessoas 
novos comportamentos por meio de vivências (TORRES, 1985, p. 22) 
Na atual configuração do trabalho profissional, pensamos “grupo” como instrumento de 
trabalho, definido pela presença simultânea de indivíduos de uma mesma atividade 
socioinstitucional, coordenado por um ou mais profissionais e que apresente período de 
duração, objetivos e metodologias definidos. 
segundo Magalhães (2003, p23), […] grupo é um instrumento profissional da 
comunicação oral que envolve um coletivo de pessoas cujos objetivos costumam gravitar em 
torno da identificação das demandas que trazem os usuários, o levantamento de prioridades, a 
coleta de dados, além de propiciar um espaço de reflexão sobre o cotidiano e as formas de 
enfrentamento apresentadas. Assim, o grupo pode favorecer trocas de experiências, nas 
quais seus participantes têm maiores possibilidades de vivenciar relações horizontais, 
solidárias e reflexivas. 
 
TRABALHO EM GRUPOS COMO PROPOSTA POLÍTICOMETODOLÓGICA 
Neste tema abordaremos o viés político que envolve a proposta metodológica do 
trabalho em grupo. Esta abordagem se coloca como um importante instrumento com caráter 
pedagógico, fundamentado na reflexão e no diálogo. Esta ação não pode ser pensada 
desconectada do processo de trabalho institucional, mas sim compreendida por este. 
O trabalho com grupos permite abrir uma clareira no denso processo de dominação e 
exploração no qual os usuários estão inseridos, e pode também permitir enfrentar a 
individualização das adversidades da vida social. Contudo, a intervenção precisa vir carregada 
de sentido crítico-reflexivo que vise a estimular o questionamento e proposição de alternativas 
de enfrentamento. De acordo com Moreira (2015), o profissional precisa estar 
compromissado com a tarefa permanente de dialogar, ou seja, estar disposto a falar, 
ouvir, de dar vez e voz, com o objetivo de possibilitar a elaboração e o fortalecimento de 
culturas centradas em valores mais solidários e coletivos. 
 
TRABALHO EM GRUPOS NA PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR 
 A interdisciplinaridade se dá a partir de uma relação horizontal entre profissionais de 
diferentes formações partícipes conjuntamente de ações de trabalho que possuam objetivos 
políticos profissionais convergentes, em que o sujeito possa contribuir com seus saberes por 
meio de relações democráticas, menos rígidas e limitadoras da expressão crítica e criativa entre 
os profissionais. 
Moreira (2015,p.133) chama a atenção para algo recorrente na prática de trabalhos em 
grupos: “os assistente sociais não costumam acessar materiais próprios do Serviço Social”. 
Talvez pela própria escassez desse tipo de materiais, muitos assistentes sociais, na busca por 
elementos técnico-operativos, visitam sites na internet para pesquisar dinâmicas de grupo, ou 
pedem auxílio a profissionais de categorias diferentes. 
As preocupações profissionais, nesse sentido, nem sempre estão na órbita do campo 
teórico metodológico, e ao recorrer ao âmbito dos elementos práticos, o assistente social corre 
o risco de não conseguir fazer a interface necessária com o Serviço Social. Assim, é preciso 
antes de tudo ter claro o planejamento e as questões éticas presentes no desenvolvimento do 
trabalho. Saiba mais Sugestões de dinâmicas de grupo para o Serviço Social: 
 
CONFERÊNCIAS, SEMINÁRIOS, PALESTRAS ETC. COMO ESTRATÉGIAS 
PROFISSIONAIS DE ATUAÇÃO 
 Entre as estratégias de trabalho do assistente social estão a participação e a organização 
de eventos. Para este tema separamos os principais eventos com os quais o assistente social se 
depara: 
  Conferência – “consiste na exposição de um tema de interesse geral, por especialistas 
de elevada qualificação, conceito e amplo conhecimento da matéria, dirigida a um público 
numeroso, de bom nível cultural e diversificado” (OLIVEIRA; JANUARIO, 2012, p. 14). Em 
políticas públicas, as conferências têm importante papel de controle social. Tal atribuição lhe 
foi dada a partir da Constituição Federal de 1988. 
 Congresso – trata-se de um evento solene, de grande porte, normalmente promovido 
por entidades-associações de classe e pode ser regional, nacional ou até internacional. 
Geralmente é promovido por especialistas na área e tem como objetivo socializar informações 
e discussões técnicas ou científicas. 
 Seminário – reúne pessoal com o mesmo nível de qualificação. É muito utilizado como 
recurso de ensino, seja em escolas ou universidade. Normalmente ministrado por um professor 
ou autoridade da matéria,e dividido em três etapas: exposição, discussão e conclusão. Tem 
como objetivo o aprofundamento de determinada temática e o compartilhamento de 
informações. 
 Simpósio – para Cesca, “são vários expositores com a presença de um coordenador. 
O tema geralmente é cientifico. Após as apresentações, a plateia participa com perguntas à 
mesa; o objetivo não é debater, mas sim realizar um intercâmbio de informações” (CESCA, 
1997, p. 19). 
 Palestra – “É exposição de um assunto para uma plateia relativamente pequena. O 
assunto é geralmente de natureza educativa e os ouvintes já possuem algum conhecimento sobre 
o que será exposto, após a apresentação, deverá aberto [um momento] para questionamentos. 
Podese organizar um ciclo de palestras” (CESCA, 1997, p. 19). 
 Mesa-redonda – realizada com número reduzido de pessoas, pode possuir caráter 
técnico, científico ou profissional. A discussão se dá com base em assuntos pré-estabelecidos, 
sobre os quais o expositor tem um tempo limitado a fim de garantir a participação de outros 
expositores. O objetivo central é a apresentação de ideias e concepções. 
  Fórum – é o tipo de acontecimento científico onde seu intuito é a discussão e o debate. 
“A plateia participa com questionamentos. Ao final, o coordenador da mesa colhe as opiniões 
e apresenta uma conclusão representando a opinião da maioria. Poderá ter a duração de um ou 
mais dias” (CESCA, 1997, p. 20). 
Compreender a especificidade dos diferentes eventos é fundamental ao assistente social, 
principalmente quando este se encontra na condição de executor e/ou gestor. O tipo de evento 
se dará a partir do que se quer discutir e quem estará envolvido em sua realização. 7 
 
DOCUMENTOS EM SERVIÇO SOCIAL 
 Para o assistente social, a documentação exerce um papel fundamental para o 
desenvolvimento de seu processo de trabalho. Destaca-se que documentar é registrar, sendo 
este, portanto, um instrumental-técnico e uma mediação valiosa no processo de materialização 
da relação entre a teoria e a prática no trabalho profissional. 
De acordo com Marcosin (2010), o instrumental técnico se constitui como um conjunto 
de mecanismos, ações e atos que se realizam criticamente, por meio da relação dialética 
estabelecida entre os seres humanos e a realidade. 
 Ainda conforme Marcosin (2010, p. 70) 3 [...] documentar não é um ‘roteiro de 
papéis a serem preenchidos e organizados’, não é simplesmente o ato de obter, passar e 
registrar informações, é mais que isso, é relacionar e interpretar diversos dados e fatos, é refletir 
para agir, é relacionar-se com o conhecimento, é parte da produção de conhecimento. 
 A documentação é, portanto, tratamento técnico, possibilitado com base no 
exercício reflexivo e interpretativo dos dados empíricos. Neste sentido, Macorsin (2010) indica 
que a operacionalização da documentação deve cumprir as seguintes exigências: a. 
Conhecimento das fontes de informação disponíveis, do conteúdo, bem como dos objetivos; b. 
Atualização e análise das informações existentes; c. Controle das informações que perpassam 
o trabalho, da linguagem utilizada, da ideologia; d. Centralização/descentralização das 
informações, de modo a facilitar o fluxo e o acesso a estas; e. Socialização das informações. 
 Assim, destacamos que as informações contidas na documentação do serviço social não 
devem ser entendidas de modo isolado/separado ou meramente como um dado quantitativo; é 
preciso que sejam analisadas e refletidas a partir de um viés teórico crítico, considerando o 
contexto institucional, socioeconômico, político e cultural. 
 
CONSTRUÇÃO DE DOCUMENTOS DO SERVIÇO SOCIAL 
A construção dos documentos geralmente é precedida pela utilização de instrumentos 
tradicionalmente utilizados na profissão, tais como: entrevistas, observação, reunião, visita 
domiciliar e análise de documentos referentes à situação. Uma vez realizada a intervenção 
com a utilização dos instrumentos indicados acima, deve-se elaborar o documento final. 
Mioto (2009), destaca que o documento final poderá assumir diferentes configurações, 
que expressarão as características e as exigências de acordo com o espaço sócio-ocupacional 
em que o profissional está inserido. Assim, a elaboração final do documento significa, […] a 
consecução de um objetivo importante da ação profissional, que é responder, a partir de uma 
perspectiva de totalidade, uma demanda na sua singularidade. 
Uma vez realizados tais estudos, o assistente social passa a dispor de um conjunto de 
informações sobre as demandas e necessidades de uma determinada população. As informações 
são fundamentais para desencadear outros processos que visem tanto a garantia como a 
ampliação de direitos de cidadania, ou seja, a efetiva fruição da proteção social (MIOTO 2009, 
p 508). 
 
 REGISTRO DO SERVIÇO SOCIAL 
 
Ao longo de sua trajetória como profissão, o Serviço Social se utilizou de diversos 
mecanismos de registro de seus atendimentos (diários de campo, relatórios etc.). É importante 
a existência de registros próprios do Serviço Social, nos quais o profissional poderá apontar 
questões que somente são relevantes para os profissionais dessa categoria. 
Tal registro deve ser realizado de forma sigilosa porque há informações que não serão 
úteis para outros membros da equipe. Caso exista a necessidade do compartilhamento de 
informações com outros profissionais, é importante ter claro que este não irá substituir os 
registros do Serviço Social, além do dever do assistente social em salvaguardar o sigilo nas 
informações fornecidas, ou seja, compartilhar apenas informações relevantes para o trabalho 
em equipe, evitando a exposição extrema dos usuários. 
 
O PRONTUÁRIO DO USUÁRIO 
A discussão sobre o tipo de prontuário mais adequado ainda se faz presente nos espaços 
institucionais, assim, se coloca em duas possibilidades: o prontuário físico e o prontuário 
eletrônico. O prontuário eletrônico vem sendo cada vez mais utilizado nos espaços sócio-
ocupacionais sob o argumento da gestão da informação, por conta da necessidade de se garantir 
agilidade ao atendimento, facilidade de acesso de a informações arquivadas e pela redução de 
papel usado. Afinal, há uma questão nevrálgica nesse debate que é o direito dos usuários e 
usuárias à cópia do prontuário que é de sua propriedade, sendo reservado às instituições apenas 
o dever de o guardar. 
Outro ponto que merece destaque nesse debate é a segurança desses registros. Embora 
contem com sofisticados sistemas de segurança da rede, é de conhecimento amplo da sociedade 
que pessoas mal-intencionadas invadem computadores em todo o mundo – até os mais seguros 
– para roubar e/ou fraudar dados das mais variadas instituições e de diferentes ramos de atuação. 
Por isso, é importante que o profissional assistente social esteja atento aos sistemas de registros 
de informação dos usuários, pois tem o compromisso ético de defender o sigilo das informações 
obtidas nos atendimentos. 
 
ELABORAÇÃO DE INDICADORES SOCIAIS 
 A compreensão dos indicadores sociais é essencial aos assistentes sociais, independente 
do espaço sócio-ocupacional. Eles traduzem a realidade social vivida pelos usuários e auxiliam 
no planejamento da intervenção. Para Jannuzzi (2004, p. 15), os indicadores sociais se 
constituem como “instrumento operacional para monitoramento da realidade social para fins de 
formulação e reformulação de políticas públicas”, uma vez que existe a possibilidade de sua 
aplicação no planejamento, execução e avaliação dos serviços, programas, projetos e planos. 
Assim, conforme Jannuzzi (2004, p. 15), um indicador social é considerado como “uma 
medida, em geral quantitativa, dotada de significado social, que podeser utilizado para 
quantificar, substituir, operacionalizar um conceito social abstrato, ou seja, dar materialidade”. 
Também é um importante recurso metodológico que demonstra os aspectos possíveis da 
realidade. 
Em relação à classificação dos indicadores, o modo mais encontrado na literatura sobre 
o assunto é a sua organização com base na área temática da realidade social, por exemplo: 1. 
Indicadores de saúde; 2. Indicadores educacionais; 3. Indicadores de mercado de 
trabalho; 4. Indicadores demográficos; 5. Indicadores habitacionais; 6. Indicadores de 
segurança pública e justiça; 7. Indicadores de infraestrutura urbana; 8. Indicadores de 
renda e desigualdade; etc. 
Os indicadores podem ser objetivos e subjetivos. Há outra divisão entre indicadores 
quantitativos e qualitativos:  Indicadores objetivos (quantitativos) – são obtidos com base em 
situações concretas da realidade social, principalmente com o uso de estatística. Ex: taxa de 
analfabetismo, taxa de natalidade, taxa de pobreza etc.  Indicadores subjetivos (qualitativos) – 
são medidas construídas com base na interação com os indivíduos; buscam captar elementos 
não quantificáveis da realidade social, transformando-os em indicadores legíveis. 
Entre as formas mais comuns de obtenção deste tipo de indicador está a pesquisa de 
opinião ou as discussões em grupos. Ex. índice de aprovação de determinado programa social, 
índice de adesão a tratamentos de saúde etc. 
 
RESOLUÇÃO CFESS Nº 493/2006 – CONDIÇÕES ÉTICAS E TÉCNICAS DO EXERCÍCIO 
PROFISSIONAL 
A Resolução do CFESS n° 493/2006, objetiva assegurar as condições éticas e técnicas 
do exercício profissional do assistente social, assegurando em seu art.1° que: “[...] é condição 
essencial, portanto obrigatória para realização de qualquer atendimento ao usuário do Serviço 
Social, a existência de espaço físico, nas condições que esta Resolução estabelecer” (CFESS, 
2011, p. 154). Além disso, o art. 2° da referida Resolução, estabelece: [...] o local de 
atendimento destinado ao assistente social deve ser dotado de espaço suficiente para abordagens 
individuais ou coletivas, conforme as características dos serviços prestados, e deve possuir e 
garantir as seguintes características físicas: (a) iluminação adequada ao trabalho diurno e 
noturno, conforme a organização institucional; (b) recursos que garantam a privacidade do 
usuário naquilo que for revelado durante o processo de intervenção profissional; (c) ventilação 
adequada a atendimentos breves ou demorados e com portas fechadas; (d) espaço adequado 
para colocação de arquivos para a adequada guarda de material técnico de caráter reservado 
(CFESS, 2011, p. 154). 
Desta forma, a Resolução busca garantir condições básicas para o atendimento 
adequado aos usuários, na perspectiva da qualidade dos serviços prestados pelos assistentes 
sociais à população. Destacamos que a legislação profissional é um instrumento que, 
devidamente acionado, garante a viabilização de melhores condições de trabalho. No entanto, 
essa garantia não é tarefa fácil e imediata de se concretizar. Isso decorre primeiramente do fato 
de que o profissional não sinaliza – por desconhecimento do aparato ético-normativo-legal da 
profissão ou opção, nem para o empregador tampouco para o Conselho Profissional – a falta de 
estrutura necessária para assegurar a qualidade do exercício profissional, que abrange sala 
própria que resguarde o sigilo profissional no atendimento aos usuários e na preservação das 
informações relatadas em fichas, relatórios, livro de registro, entre outros, e, em segundo lugar, 
porque a precarização das condições de trabalho atinge o Serviço Social e o conjunto da classe 
trabalhadora. Assim, é importante nunca perdemos de vista que essas condições são básicas 
para o atendimento profissional. 
 
RESOLUÇÃO Nº 489/2006 – VEDAÇÃO DE CONDUTAS DISCRIMINATÓRIA OU 
PRECONCEITUOSAS POR ORIENTAÇÃO E EXPRESSÃO SEXUAL POR PESSOAS DO 
MESMO SEXO, NO EXERCÍCIO PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL 
 
A Resolução CFESS n° 489, de 03 de junho de 2006, tem importante papel de proibir 
condutas discriminatórias ou preconceituosas, por orientação e expressão sexual por pessoas do 
mesmo sexo, no exercício profissional do assistente social. Assim, em seu art. 1º ressalta que, 
O assistente social no exercício de sua atividade profissional deverá abster-se de práticas e 
condutas que caracterizem o policiamento de comportamentos, que sejam discriminatórias ou 
preconceituosas por questões, dentre outras, de orientação sexual. 
Além disso, o assistente social tem o dever em seu espaço de trabalho de realizar a 
reflexão ética sobre o sentido da liberdade indicada no Código de Ética Profissional e da 
necessidade do respeito aos indivíduos quanto à sua sexualidade e afetividade. 
O assistente social deverá contribuir para eliminar, no seu espaço de trabalho, práticas 
discriminatórias e preconceituosas, toda vez que presenciar um ato de tal natureza ou tiver 
conhecimento comprovado de violação do princípio inscrito na Constituição Federal, no seu 
Código de Ética, quanto a atos de discriminação por orientação sexual entre pessoas do mesmo 
sexo. 
 
RESOLUÇÃO DO CFESS Nº 556/2009 – PROCEDIMENTOS PARA EFEITO DA 
LACRAÇÃO DO MATERIAL TÉCNICO E MATERIAL TÉCNICOSIGILOSO DO 
SERVIÇO SOCIAL 
A Resolução CFESS nº 556, de 15 de setembro de 2009, trata dos procedimentos para 
efeito da lacração do material técnico e material técnico-sigiloso do Serviço Social. Este 
procedimento deve obrigatoriamente ser adotado toda vez que o profissional deixar a 
instituição, seja por sua vontade ou por demissão. Assim, esclarecer que todo o material 
produzido pelo profissional em relação aos usuários deve permanecer na instituição a fim de 
garantir a continuidade dos serviços prestados com qualidade é muito importante. 
A Resolução, em ser art. 2º, dita: “entende-se por material técnico sigiloso toda 
documentação produzida, que pela natureza de seu conteúdo, deva ser de conhecimento 
restrito e, portanto, requeiram medidas especiais de salvaguarda para sua custódia e 
divulgação”. 
Assim, no parágrafo único, explica que: O material técnico sigiloso caracteriza-se por 
conter informações sigilosas, cuja divulgação comprometa a imagem, a dignidade, a segurança, 
a proteção de interesses econômicos, sociais, de saúde, de trabalho, de intimidade e outros, das 
pessoas envolvidas, cujas informações respectivas estejam contidas em relatórios de 
atendimentos, entrevistas, estudos sociais e pareceres que possam, também, colocar os usuários 
em situação de risco ou provocar outros danos. 
 
RESOLUÇÃO CFESS Nº 557/2009 – DISPÕE SOBRE A EMISSÃO DE PARECERES, 
LAUDOS, OPINIÕES TÉCNICAS CONJUNTOS ENTRE O ASSISTENTE SOCIAL E 
OUTROS PROFISSIONAIS 
 
Esta Resolução trata das situações em que o profissional assistente social precisa se 
posicionar juntamente com outro profissional em um mesmo parecer. A necessidade desta 
Resolução surge no contexto do trabalho interdisciplinar, tão importante para o 
enfrentamento das mazelas vivenciadas pela população usuária dos serviços. 
Assim, inicialmente o documento ressalta em seu art. 1º “a elaboração, emissão e/ou 
subscrição de opinião técnica sobre matéria de SERVIÇO SOCIAL por meio de pareceres, 
laudos, perícias e manifestações é atribuição privativa do assistente social, devidamente inscrito 
no Conselho Regional de Serviço Social de sua área de atuação, nos termos do parágrafo único 
do artigo 1º da Lei 8662/93 e pressupõe a devida e necessária competência técnica, teórico-
metodológica, autonomia e compromisso ético”, ou seja, embora seja possível realizar 
pareceres conjuntos, quando se trata de matéria de serviçosocial, esta será apenas prerrogativa 
do assistente social. 
No art. 2º é expresso o papel do assistente social ao emitir laudos, pareceres, 
perícias e qualquer manifestação técnica sobre matéria de Serviço Social, assim, o 
profissional “deve atuar com ampla autonomia respeitadas as normas legais, técnicas e 
éticas de sua profissão, não sendo obrigado a prestar serviços incompatíveis com suas 
competências e atribuições previstas pela Lei 8662/93”. 
Esta Resolução nos auxilia a pensar nosso fazer profissional quando em equipes 
multiprofissionais, pois coloca como fundamental a compreensão da especificidade da 
profissão. Por fim, cabe destacar que vivemos um contexto de desregulamentação das 
profissões. Por isso, ter claro quais as atribuições e competências do assistente social é essencial 
para enfrentar com ética e responsabilidade as demandas cotidianas e responder apenas sobre 
aquilo que estudamos e para o qual nos preparamos. 
 
RESOLUÇÃO CFESS Nº 569/2010 – DISPÕE SOBRE A VEDAÇÃO DA REALIZAÇÃO 
DE TERAPIAS ASSOCIADAS AO TÍTULO E/OU AO EXERCÍCIO PROFISSIONAL DO 
ASSISTENTE SOCIAL 
A Resolução CFESS nº 569, de 25 de março de 2010, trata da vedação da realização 
de terapias associadas ao título e/ou ao exercício profissional do assistente social. Assim, 
sinaliza o artigo inicial, “A realização de terapias não constitui atribuição e competência do 
assistente social”. Ou seja, os profissionais, assistentes sociais ao longo de sua formação 
profissional, não são instrumentalizados para o uso de práticas terapêuticas. 
Desta forma, é fundamental compreendermos que a resolução veda a associação do 
título de assistente social e/ou exercício profissional às práticas e atividades definidas como 
terapêuticas. São consideradas práticas terapêuticas pela Resolução CFESS nº 569/2010: 8 
a. Intervenção profissional que visa a tratar problemas somáticos, psíquicos ou 
psicossomáticos, suas causas e seus sintomas; b. Atividades profissionais e/ou clínicas com 
fins medicinais, curativos, psicológicos e/ou psicanalíticos que atuem sobre a psique. 
A normativa deixa claro que a realização de terapias não está no escopo das 
competências e atribuições profissionais do assistente social, desta maneira, se o assistente 
social quiser praticar atividades terapêuticas, deverá fazê-lo, desde que não associe/vincule 
essas práticas ao exercício da profissão de assistente social. A Resolução CFESS 569/2010 
assegura ainda aos usuários o direito de serem atendidos por profissionais qualificados teórico-
metodológica/política e eticamente em matéria do Serviço Social. Ainda de acordo com CFESS 
(2012), contribui para assegurar direitos do assistente social de que este não pode realizar nem 
se responsabilizar por atuações que demandem conhecimentos específicos para os quais não 
estão devidamente habilitados no âmbito de sua formação em Serviço Social. 
 
 
BONS ESTUDOS E BOA PROVA!!!!

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