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RECURSOS NO PROCESSO DO TRABALHO 1 
 
 
 
APRESENTAÇÃO ............................................................................................................ 5 
AULA 01: TEORIA GERAL DOS RECURSOS .............................................................. 7 
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 7 
CONTEÚDO ..................................................................................................................................... 8 
Origem histórica – 01 ...............................................................................................................8 Origem histórica – 02 ...............................................................................................................9 
Conceituação ......................................................................................................................... 10 Natureza jurídica .................................................................................................................. 10 
Princípios recursais ...............................................................................................................11 Classificação ...........................................................................................................................17 
Efeitos dos recursos – Impedimento ao trânsito em julgado ..............................................21 Efeitos dos recursos – Suspensivo ........................................................................................23 
Efeitos dos recursos – Devolutivo .........................................................................................24 Efeitos dos recursos – Regressivo e expansivo subjetivo ...................................................25 
ATIVIDADE PROPOSTA ................................................................................................................ 25 
REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 26 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO ............................................................................................................ 27 
CHAVES DE RESPOSTA................................................................................................29 
AULA 02: PRESSUPOSTOS RECURSAIS E SUAS PECULIARIDADES ..................30 
INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 30 
CONTEÚDO ............................................................................................................... 31 
Pressupostos de admissibilidade dos recursos ...................................................................31 Pressupostos subjetivos ........................................................................................................32 
 
 RECURSOS NO PROCESSO DO TRABALHO 2 
Legitimidade ..........................................................................................................................32 
Interesse ....................................................................................................................................... 34 
Inexistência de fato impeditivo ou extintivo do poder de recorrer ....................................34 Pressupostos objetivos ..........................................................................................................35 
Previsão legal ou adequação .................................................................................................35 Tempestividade .....................................................................................................................35 
Depósito recursal ...................................................................................................................36 Depósito recursal: discussões e alterações com a Reforma Trabalhista ..........................37 
Súmula 128 do TST ................................................................................................................43 Regularidade de representação ............................................................................................55 Previsão de interposição por simples petição .....................................................................59 
Irrecorribilidade das decisões interlocutórias ....................................................................61 Instância única nos dissídios de alçada ................................................................................61 
ATIVIDADE PROPOSTA ................................................................................................................ 62 
REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 63 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO ............................................................................................................ 64 
CHAVES DE RESPOSTA................................................................................................67 
AULA 03: RECURSOS EM ESPÉCIE ............................................................................69 
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................66 
CONTEÚDO ............................................................................................................... 67 
Considerações sobre a Lei nº 13.015/2014 .........................................................................67 Objetivos da lei .......................................................................................................................67 
Alterações da lei .....................................................................................................................68 Recursos em espécie ............................................................................................................. 68 Embargos (Artigo 894 da CLT) .............................................................................................69 Mudanças legislativas ............................................................................................................70 
 
 RECURSOS NO PROCESSO DO TRABALHO 3 
Decisões desarmônicas ........................................................................................................ 70 Recurso ordinário (Artigo 895 da CLT) ............................................................................... 70 
Súmula nº 124 .............................................................................................................................. 73 Hipótese sumulada de não cabimento................................................................................. 73 Preparo e pedido liminar ...................................................................................................... 74 Fundamentação .................................................................................................................... 74 Embargos de declaração (Artigo 897-A da CLT) ................................................................. 75 Aspectos importantes dos embargos de declaração .......................................................... 76 Pedido de revisão do valor da causa .................................................................................... 80 
ATIVIDADE PROPOSTA ........................................................................................................... 81 
REFERÊNCIAS ............................................................................................................82 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO ........................................................................................................... 83 
CHAVES DE RESPOSTA................................................................................................86AULA 04: RECURSOS EM ESPÉCIE (CONTINUAÇÃO) ...........................................87 
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................87 
CONTEÚDO ...............................................................................................................88 Recursos em espécie ..............................................................................................................92 Peculiaridades do recurso de revista (considerando as referidas alterações legais) .... 92 Jurisprudência uniforme ...................................................................................................... 93 Da Orientação Jurisprudencial SBDI-I 147 .......................................................................... 93 Uniformização de entendimento jurisprudencial .............................................................. 94 Requisitos específicos .......................................................................................................... 95 Divergência jurisprudencial ................................................................................................ 96 Execução fiscal e controvérsia sobre CNDT .........................................................................97 
“Defeito formal que não se repute grave” ........................................................................97 
 
 RECURSOS NO PROCESSO DO TRABALHO 4 
Julgamento do TST .................................................................................................................97 
Agravo ................................................................................................................................. 102 
Dos tipos de agravo ............................................................................................................. 104 
ATIVIDADE PROPOSTA ............................................................................................................. 105 
REFERÊNCIAS ..........................................................................................................106 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO ......................................................................................................... 107 
CHAVES DE RESPOSTA..............................................................................................110 
CONTEUDISTA .............................................................................................................111 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 RECURSOS NO PROCESSO DO TRABALHO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Esta disciplina abordará os conceitos, princípios e fundamentos dos recursos no 
processo do trabalho, proporcionando conhecimento sobre o assunto, bem como 
uma melhor atuação dos profissionais do ramo trabalhista e de áreas afins. 
 
Partindo do exame da legislação e dos princípios que diferenciam os recursos 
trabalhistas dos demais ramos do Direito Processual, examinaremos sua 
aplicação a casos concretos à luz da construção normativa, doutrinária e 
jurisprudencial. 
 
Dentro desse estudo, analisaremos, também, as fontes na fase recursal dentro 
do Direito Processual do Trabalho, com destaque para suas características, sua 
natureza jurídica, suas limitações, sua eficácia e aplicabilidade. 
 
Por fim, trataremos da clássica distinção entre os recursos no processo do 
trabalho e no processo civil, em sentido amplo e estrito, investigando seus 
institutos normativos e as regras a eles aplicáveis – a exemplo dos recursos 
ordinário e de revista, do agravo de instrumento e recursos da fase de execução, 
e das regras gerais de procedimentos processuais dos recursos. 
 
Sendo assim, esta disciplina tem como objetivos: 
1. Identificar os fundamentos básicos dos recursos no processo do trabalho; 
2. Aplicar os princípios peculiares dos recursos articulados com as fontes gerais 
e específicas – pressuposto indispensável para a solução de casos concretos; 
 
 
6 RECURSOS NO PROCESSO DO TRABALHO 
 
 
3. Diferenciar as regras recursais do Direito Processual Civil e do Direito 
Processual do Trabalho, para fins de aplicação das normas jurídicas pertinentes 
aos sujeitos da relação de emprego, com base em sua regulamentação geral e 
em suas peculiaridades. 
 
7 RECURSOS NO PROCESSO DO TRABALHO 
 
 
 
 
Introdução 
Este curso tem como um dos viés o processo do trabalho. Por isso, é de grande 
relevância o estudo dos recursos admissíveis nessa justiça especializada. 
 
A nossa abordagem procura sedimentar conhecimento acerca da teoria geral 
dos recursos, que é fundamental para posterior assimilação dos recursos em 
espécie e suas peculiaridades; trabalhar as inovações legislativas e seus influxos 
diretos na sistemática recursal; e, por fim, enfatizar o entendimento 
jurisprudencial, o qual, não raramente, servirá de norte tanto para os discentes 
em plena atividade profissional quanto para os que estão se dedicando, 
exclusivamente, à vida acadêmica. 
 
Objetivo: 
Conhecer os aspectos fundamentais da teoria geral dos recursos - Origem 
histórica, conceituação, natureza jurídica, princípios, classificação, efeitos e 
forma de interposição-, com ênfase na sistemática recursal do processo do 
trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 RECURSOS NO PROCESSO DO TRABALHO 
 
 
 
 
Conteúdo 
 
Origem histórica - 01 
Segundo o professor Rogério Greco, a noção de recurso, ou seja, de um 
remédio que possibilite o reexame de decisões judiciais desfavoráveis, nasceu 
junto com a racionalidade humana, pois, quando alguém considerava uma 
decisão injusta, procurava revê-la. 
 
Muito antes do surgimento de institutos, como a appellatio romana, que 
moldaram os recursos que atualmente conhecemos, a antiguidade clássica 
conheceu inúmeros outros remédios que, ainda que não reformassem ou 
anulassem as decisões judiciais, possibilitavam ao vencido subtrair-se dos seus 
efeitos. 
(GRECO, Rogério. Princípios de uma teoria geral dos recursos. Revista Eletrônica 
de Direito Processual). 
 
Predomina na doutrina, contudo, que o marco histórico do sistema recursal é 
Roma Imperial pouco antes da era cristã, pois foi com a organização política 
desta e consequente concentração dos poderes na pessoa do imperador que a 
atividade jurisdicional se afastou da figura do árbitro privado e passou a ser 
legitimamente exercida pelo Estado. 
 
Nessa época havia o pretor oficial que representava o império estatal, 
denominado juiz da causa, cujas decisões passaram a poder ser impugnadas 
através de recurso dirigido ao imperador para reexame. Acompanhe! 
 
Portugal também teve um papel fundamental na sedimentação dos recursos 
processuais: com as Ordenações Afonsinas criou a apelação e com as 
Ordenações Manuelinas outras espécies recursais, como agravo no processo e 
agravo de petição. 
9 RECURSOS NO PROCESSO DO TRABALHO 
 
 
 
A França, sob influência do liberalismo e do iluminismo, foi determinante na 
propulsão do sistema recursal, tendo consagrado o princípio do duplo grau de 
jurisdição e criado a Corte de Cassação, órgão auxiliar do Poder Legislativo 
destinado a anular as decisões que se apresentassem contrárias à lei. 
 
No Brasil, os primeiros registros datam de 1808, com a chegada da família real 
e criação de um Poder Judiciário independente, o que foi seguido pela 
Proclamação da Independência, em 1824, e a criação da Corte Suprema do 
Império, denominada de Superior Tribunal do Império, em 1828. 
 
Em 1832 foram veiculadas, no Código de Processo Criminal do Império, as 
primeiras previsões sobre matéria processual, em que se disciplinava a apelação 
como instrumento apto a impugnar decisões definitivas ou com força definitivas. 
 
 
Origem histórica - 02 
Em substituição a esse diplomalegal, em 1973 foi promulgada a Lei nº 
5.869/73 (CPC), com expressivas inovações recursais, entre as quais se pode 
citar a ampliação da apelação para todas as decisões terminativas, com ou sem 
julgamento do mérito, os embargos infringentes contra decisão não unânime 
proferida em apelação ou ação rescisória. 
 
O CPC de 1973, durante duas décadas, “operou satisfatoriamente”, porém, a 
partir de 1994, passou por sucessivas e necessárias reformas — inclusão do 
instituto da antecipação da tutela, em 1994; alteração do regime do agravo, em 
1995; mudança na execução, em 2005/2006 —, o que acabou interferindo em 
seu arcabouço, seu sistema. 
 
A forma sistemática de normas processuais, no entanto, precisa ser preservada, 
porque se trata de tema não meramente acadêmico, mas de uma necessidade 
pragmática, qual seja: “grau mais intenso de funcionalidade”. 
 
10 RECURSOS NO PROCESSO DO TRABALHO 
 
 
Daí o Código de Processo civil de 1973 foi revogado pelo Novo Código de 
Processo Civil (Lei 13.105/2015) que entrou em vigor em 16.03.2016. 
 
Registre-se, por fim, que simultaneamente aos debates finais em torno da 
reforma do CPC, em 21.07.2014, foi publicada a Lei nº 13.015/14, que 
promoveu alterações de peso no sistema recursal do processo do trabalho, as 
quais serão objeto de estudo no decorrer desse módulo. 
 
Conceituação 
Abalizada doutrina conceitua recurso, no processo civil, como sendo: O remédio 
idôneo a provocar, dentro do mesmo processo, a reforma, a invalidação, o 
esclarecimento ou a integração de uma decisão judicial. 
 
A partir desse conceito, recurso pode ser entendido como instrumento 
voluntário de que a parte se utiliza para impugnar decisão judicial que lhe foi 
desfavorável, o qual consiste em mero conteúdo do direito de ação e é 
desprovido de autonomia, pois com sua interposição não se origina uma nova 
ação, mas, apenas, se protrai o estado de litispendência. 
 
O Código de Processo Civil vigente, no Título II capítulo I destinado a recurso, 
furtou-se de definir tal instituto, tendo optado por tratar diretamente das 
espécies recursais (994 do CPC/15). 
A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), por sua vez, também não o define, 
apenas enumera as espécies recursais no Artigo 893 e incisos. 
 
 
Natureza jurídica 
Ao tratarmos da natureza jurídica do recurso, pretendemos saber se o mesmo 
consiste em ação autônoma ou seria um prolongamento de ação já existente? 
 
Há divergência doutrinária, motivo pelo qual duas correntes surgiram: 
 
 
1ª Corrente: O recurso tem natureza jurídica de ação autônoma de 
11 RECURSOS NO PROCESSO DO TRABALHO 
 
 
impugnação. “Seria, pois, uma nova ação, de natureza constitutiva negativa, 
independente daquela que surgiu com a petição inicial”. (Carlos Henrique 
Bezerra Leite). Uma vez exercido o direito de recorrer, depois de proferida 
decisão terminativa, estar-se-ia diante do exercício do próprio direito de ação. O 
recurso se equipararia a uma ação rescisória. É defendida por Gilles, Betti, 
Provinciali, segundo o Professor Nelson Nery Júnior. Não identificamos autores 
nacionais que a defenda. Posição minoritária. 
 
2ª Corrente: O recurso tem natureza jurídica de prolongamento do exercício 
do direito de ação e não pode ser entendido como exercício do próprio direito 
de ação, porque para a sua interposição pressupõe-se a existência de lide 
pendente de julgamento, isto é, acerca da qual não se operou a coisa julgada. 
É o entendimento majoritário e defendido por Sérgio Bermudes, Nelson Nery 
Júnior, Carlos Henrique Bezerra Leite, entre outros. 
 
 
Princípios recursais 
Os ditos princípios recursais são relevantes quanto à aplicação das regras da 
Consolidação das Leis do Trabalho e do sistema recursal como um todo. Porém, 
são tratados de maneiras diferentes, tanto pela doutrina quanto pela 
jurisprudência, alguns, inclusive, sequer são reconhecidos. 
 
Escolhemos alguns que julgamos mais importantes. 
 
 
A seguir você conhecerá os princípios: do duplo grau de jurisdição; da 
unirrecorribilidade; e da fungibilidade ou conversibilidade. 
 
Princípio do duplo grau de jurisdição 
Segundo a Constituição Federal de 1988, “Aos litigantes, em processo judicial 
ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e a 
ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes” (Art. 5º, LV). 
 
12 RECURSOS NO PROCESSO DO TRABALHO 
 
 
Aqui interessa questão levantada pela doutrina, que consiste em saber se, com 
tal previsão, o legislador constituinte originário assegurou ao jurisdicionado o 
duplo grau de jurisdição, como garantia fundamental. 
 
Luiz Guilherme Marinoni, ao tratar do caráter constitucional do duplo grau de 
jurisdição, afirma que o aludido inciso do Art. 5º garante os recursos inerentes 
ao contraditório, vale dizer, o direito aos recursos previstos na legislação 
processual para um determinado caso concreto, ressalvando que, para uma 
certa hipótese, pode o legislador infraconstitucional deixar de prever a revisão 
do julgado por um órgão superior. 
 
Esse autor registra, ainda, os inconvenientes causados pelo duplo grau de 
jurisdição, mormente no tocante ao princípio da oralidade e à credibilidade do 
Judiciário. Mas, respeitável doutrina se posiciona de forma contrária, 
defendendo se tratar de princípio de caráter constitucional, ligado à moderna 
noção de Estado de Direito. 
 
É importante frisar que até mesmo estes que defendem se tratar de garantia 
constitucional admitem a possibilidade de que, em dadas situações, seja tal 
princípio excepcionado, como se verifica no caso do julgamento de recurso de 
apelação, na forma do Art. 515, § 3º, do CPC. 
 
Outro exemplo dessa restrição seria a previsão da Lei nº 5.584/1970, Art. 2º, § 
4º, segundo a qual, contra decisões prolatadas nos dissídios de alçada (que não 
ultrapassam dois salários mínimos vigentes quando do ajuizamento da ação) 
não caberá recurso, salvo se versarem sobre matéria constitucional. 
 
Por outro lado, convém registrar o fato de que o duplo grau de jurisdição é 
indissociável do interesse estatal de que as decisões proferidas pelo Poder 
Judiciário possam ser submetidas a uma nova apreciação, em reforço à ideia de 
controle das decisões judiciais. 
 
Nesse sentido, Antônio Carlo de Araújo Cintra (1999) ressalta o caráter político 
do duplo grau de jurisdição, nos termos seguintes: 
13 RECURSOS NO PROCESSO DO TRABALHO 
 
 
 
... o principal fundamento para a manutenção do princípio do duplo grau é de 
natureza política: nenhum ato estatal pode ficar imune aos necessários 
controles. O Poder Judiciário, principalmente, onde seus membros não são 
sufragados pelo povo, é, dentre todos, o de menor representatividade. Não o 
legitimaram as urnas, sendo o controle popular sobre o exercício da função 
jurisdicional ainda incipiente em muitos ordenamentos, como o nosso. É preciso, 
portanto, que se exerça ao menos o controle interno sobre a legalidade e a 
justiça das decisões judiciárias. Eis a conotação política do princípio do duplo 
grau de jurisdição. 
 
Princípio da unirrecorribilidade 
É também denominado princípio da singularidade ou da unicidade recursal. 
Significa que para cada decisão cabe um recurso, ou seja, não se admite que 
seja simultaneamente interposta mais de uma espécie recursal contra a mesma 
decisão. 
 
O Código de Processo Civil de 1939 fazia expressa previsão a esse princípio. O 
CPC de 1973 não o faz, porém, a doutrina o tem como regra implícita no 
sistema processual. 
 
A singularidade recursal é relativizada diante de dúvida objetiva, isto é, quando 
a lei não precisa do recurso a ser interposto e há divergência doutrinária e 
jurisprudencial. 
 
Nesse sentido decidiu o Superior Tribunal de Justiça, por sua4ª Turma, no 
Recurso Especial nº 1.035.169/BA, Rel. Min. João Otávio de Noronha, cuja 
ementa tem o seguinte teor: 
 
RECURSO ESPECIAL. DECISÃO INTERLOCUTÓRIA PROFERIDA EM SENTENÇA. 
AGRAVO DE INSTRUMENTO E APELAÇÃO. INTERPOSIÇÃO CUMULATIVA. 
EXISTÊNCIA DE DÚVIDA OBJETIVA. PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE. 
CABIMENTO. 1. Aplica-se o óbice previsto na Súmula n. 282/STF quando as 
14 RECURSOS NO PROCESSO DO TRABALHO 
 
 
questões suscitadas no recurso especial não tenham sido debatidas no acórdão 
recorrido. 2. Contra sentença complexa, isto é, aquela que decide questão 
interlocutória e de mérito, é cabível recurso de apelação. 3. Excepcionalmente, 
admite-se a interposição de agravo de instrumento contra parte da sentença 
que tenha conteúdo de decisão interlocutória e de apelação contra a questão 
de mérito, tendo em vista a existência de divergência doutrinária e 
jurisprudencial quanto à matéria, o que configura dúvida objetiva e atrai a 
aplicação do princípio da fungibilidade. 4. Recurso especial conhecido em parte 
e provido. 
 
“Costuma-se indicar exceções a esse princípio, principalmente no tange aos 
embargos de declaração e à hipótese descrita no art. 498 do CPC, em que 
seriam cabíveis, contra uma mesma decisão, recurso especial e recurso 
extraordinário, ao mesmo tempo, sob pena de preclusão. Porém, cada um dos 
recursos interpostos contra tais decisões tem função específica, não se 
confundindo com a finalidade da outra espécie recursal. Desta forma, 
‘compreendendo que o princípio da unicidade preconiza que, para certa 
finalidade, contra certo ato judicial deve ser cabível apenas uma modalidade 
recursal, parece ser correto concluir que o princípio tem plena aceitação no 
direito brasileiro" (MARINONI, ARENHART, 2005, p. 511). 
 
Princípio da fungibilidade ou conversibilidade 
Fungibilidade recursal ocorre quando a parte interpõe um recurso quando, na 
verdade, a decisão deveria ter sido impugnada por outro, e, mesmo assim, 
admite-se a conversão daquele neste. Tem-se situação de clara aplicação do 
princípio da instrumentalidade das formas. 
 
A conversibilidade, todavia, pressupõe: 
1º - Inexistência de erro grosseiro, ou seja, é necessário que não haja comando 
legal identificando o recurso cabível para aquela determinada situação, a dúvida 
quanto ao recurso a ser interposto deve ser razoável; 
2º - Não preclusão do prazo recursal, isto é, o recurso erroneamente interposto 
tem que obedecer ao prazo legal para apresentação do recurso que seria 
cabível. 
15 RECURSOS NO PROCESSO DO TRABALHO 
 
 
 
No que se refere ao prazo, temos: 
● Orientação Jurisprudencial nº 69, SBDI-II, do TST: 
 
69. Fungibilidade recursal. Indeferimento liminar de ação rescisória ou 
mandado de segurança. Recurso para o TST. Recebimento como agravo 
regimental e devolução dos autos ao TRT. Recurso ordinário interposto contra 
despacho monocrático indeferitório da petição inicial de ação rescisória ou de 
mandado de segurança pode, pelo princípio da fungibilidade recursal, ser 
recebido como agravo regimental. Hipótese de não conhecimento do recurso 
pelo TST e devolução dos autos ao TRT, para que aprecie o apelo como agravo 
regimental. 
 
● Súmula nº 421, item II, do TST: 
 
 
EMBARGOS DECLARATÓRIOS CONTRA DECISÃO MONOCRÁTICA DO RELATOR 
CALCADA NO ART. 557 DO CPC. CABIMENTO (conversão da Orientação 
Jurisprudencial nº 74 da SBDI-2) - Res. 137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005 
I - Tendo a decisão monocrática de provimento ou denegação de recurso, 
prevista no art. 557 do CPC, conteúdo decisório definitivo e conclusivo da lide, 
comporta ser esclarecida pela via dos embargos de declaração, em decisão 
aclaratória, também monocrática, quando se pretende tão-somente suprir 
omissão e não, modificação do julgado. 
II - Postulando o embargante efeito modificativo, os embargos declaratórios 
deverão ser submetidos ao pronunciamento do Colegiado, convertidos em 
agravo, em face dos princípios da fungibilidade e celeridade processual (ex-OJ 
nº 74 da SBDI-2, inserida em 08 nov. 2000). 
 
Vejamos decisão em que o Tribunal Superior do Trabalho empregou tal 
conversão: 
 
TST - MANDADO DE SEGURANCA MS 14957420115000000 1495- 
74.2011.5.00.0000 (TST) 
Data de publicação: 18/11/2011 
Ementa: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM MANDADO DE SEGURANÇA. 
16 RECURSOS NO PROCESSO DO TRABALHO 
 
 
CONVERSÃO EM AGRAVO REGIMENTAL. 
Nos termos do art. 235, VIII, do Regimento Interno desta Corte e pela 
aplicação analógica do item II da Súmula nº 421 do TST e em cumprimento 
aos princípios da fungibilidade e celeridade processual, convertem-se os 
presentes embargos de declaração em agravo regimental. AGRAVO 
REGIMENTAL EM MANDADO DE SEGURANÇA. DECISÃO MONOCRÁTICA. 
INDEFERIMENTO DA AÇÃO MANDAMENTAL IMPETRADA CONTRA DECISÃO 
TRANSITADA EM JULGADO. A decisão judicial que transitou em julgado não 
comporta impugnação por mandado de segurança, à vista do art. 5º, III, da Lei 
nº 12.016 /09, da Orientação Jurisprudencial nº 99 da SBDI- 2 e da Súmula nº 
33/TST. Agravo regimental de que se conhece e a que se nega provimento. 
 
Na sequência e para finalizar, as informações sobre os princípios recursais que 
escolhemos, você conhecerá o princípio da voluntariedade e o da proibição da 
reformatio in pejus. 
 
Princípio da voluntariedade 
 
A sistemática recursal trabalhista também é norteada pelo princípio da 
voluntariedade, a parte interessada é que decide se vai recorrer e sobre o que 
tem interesse de manifestar impugnação. 
 
Em sendo o recurso um prolongamento do exercício do direito de ação, o órgão 
julgador não conhecerá de matérias não questionadas pelas partes, salvo as de 
ordem pública, sobre as quais, enquanto não houver o trânsito em julgado, não 
se opera a preclusão (ex.: Artigos 485, III e 337, § 5º ambos do CPC/15). 
 
O reexame necessário, também chamado de remessa de ofício, não constitui 
exceção a esse princípio, porque não tem natureza jurídica de recurso. 
 
Princípio da proibição da reformatio in pejus 
Significa que: “se um único dos litigantes parcialmente vencido impugnar a 
decisão, a parte desta que lhe foi favorável transitará normalmente em julgado, 
não sendo lícito ao órgão ad quem exercer sobre ela atividade cognitiva, muito 
17 RECURSOS NO PROCESSO DO TRABALHO 
 
 
menos retirar, no todo ou em parte, a vantagem obtida com o pronunciamento 
de grau inferior (proibição da reformatio in pejus) (DIDIER JR.; CUNHA, p. 83). 
 
Segundo o prof. José Carlos Barbosa Moreira: 
a) Se o interesse recursal é pressuposto de admissibilidade recursal, seria 
verdadeira contradição imaginar que para o recorrente possa advir qualquer 
utilidade de pronunciamento que lhe é desfavorável; 
 
b) Se nem mesmo por provocação do apelante poderia o tribunal reformar a 
decisão para pior, menos ainda se concebe que pudesse fazê-lo sem tal 
provocação. (DIDIER JR.; CUNHA, 2012, p. 83-84). 
 
De acordo com o Artigo 1002 do CPC/15, a impugnação da decisão pode ser 
total ou parcial; o Artigo 1013 desse mesmo Código prevê que o recurso 
devolva ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada; e o Artigo 1008, 
também do CPC, diz que a decisão proferida pelo tribunal substituirá a decisão 
impugnada no que tiver sido objeto de recurso, quer dizer, que o que não foi 
recorrido transitou em julgado, não pode ser alcançado para prejudicá-lo. 
 
Agasalhando esse princípio, oK Superior Tribunal de Justiça editou o Verbete 45 
de sua Súmula: “No reexame necessário, é defeso, ao Tribunal, agravar a 
condenação imposta à Fazenda Pública”. 
 
A doutrina do professor Nelson Nery Júnior, todavia, é no sentido de que se 
tem privilégio odioso instituído em favor da Fazenda Pública, pois reexame 
necessário não pode ser entendido como recurso voluntário interposto pela 
parte. Então,caberia agravamento da situação do ente público sem que 
houvesse quaisquer ofensas a esse princípio. 
Classificação 
Ao classificar um instituto, é fundamental que seja informado qual o critério 
utilizado para tanto. Então, vejamos o recurso, quanto à extensão da matéria, à 
fundamentação, à forma de recorrer e à autoridade a que é dirigido. 
 
18 RECURSOS NO PROCESSO DO TRABALHO 
 
 
01 - Quanto à extensão da matéria: Essa modalidade de classificação diz 
respeito à faculdade que tem o recorrente de decidir se impugnará todos os 
capítulos recorríveis da decisão, se apenas alguns deles, ou parte de um ou de 
vários. O recurso pode ser: 
 
Total - Diz-se total o recurso que compreende todo o conteúdo impugnável da 
decisão recorrida. Nos reportamos a todo conteúdo passível de não conteúdo 
integral, porque há situações em que a própria lei restringe o que pode ser 
atacado via recurso, como ocorre, por exemplo, no caso dos embargos 
infringentes que foram extintos pelo Código de Processo Civil de 2015. 
 
Segundo o professor José Carlos Barbosa Moreira, O recurso é total quando o 
recorrente impugna toda a matéria impugnável, que pode não corresponder a 
toda a decisão. Se o autor perde em relação a um pedido e ganha em relação a 
outro, eventual recurso que interponha, contra o capítulo em que se julgou 
improcedente um de seus pedidos, será total, pois abrangente de todo o 
conteúdo impugnável, sem que isso signifique que tenha impugnado toda a 
decisão. 
 
Parcial - O recurso é parcial quando o recorrente delibera por se insurgir 
apenas contra parte do conteúdo da decisão, passível de impugnação. 
 
Mas, caso o interessado recorra da parte principal, eventual questão acessória 
será considerada abrangida no recurso, o que se dá, por exemplo, na hipótese 
de discussão acerca do termo inicial para fixação do valor de condenação 
pecuniária, em que o acolhimento do recurso repercutirá na data inicial para a 
incidência dos juros. A parte não recorrida e que não possa ser considera 
acessória será alcançada pelo instituto da preclusão, e, em sendo de mérito 
haverá coisa julgada. 
 
No que se refere às questões preliminares, há a especificidade de que, embora 
sejam comuns à parte recorrida e a não recorrida da decisão, o tribunal 
somente as conhecerá no tocante a parte impugnada no recurso. 
 
19 RECURSOS NO PROCESSO DO TRABALHO 
 
 
 
Atenção 
 
Atenção ao que diz José Carlos Barbosa Moreira sobre o 
recurso parcial: 
“...quaisquer questões preliminares, embora comuns à parte 
impugnada e à parte não-impugnada da decisão, só com 
referência àquela podem ser apreciadas pelo tribunal do 
recurso. Suponhamos, v.g., que a sentença, repelindo a 
alegação de faltar ao autor legitimatio ad causam, condene o 
réu ao pagamento de x. Apela o vencido unicamente pata 
pleitear a redução do quantum a y. Ainda que o órgão ad quem 
se convença da procedência da preliminar — que, em princípio, 
como é óbvio, levaria à declaração da carência da ação quanto 
ao pedido todo —, já não lhe será lícito pronunciá-la senão no 
que respeita a x-y, única parcela que, por força do recurso (e 
ressalvada a eventual incidência de regras como a do Artigo 
475, nº I, que torne obrigatória a revisão) se submete à 
cognição do juízo superior. No tocante à parcela y, que não é 
objeto da apelação — nem, por hipótese, se devolve 
necessariamente —, fica vedado ao tribunal exercer atividade 
cognitiva: o capítulo correspondente passou em julgado no 
primeiro grau de jurisdição. Comentário ao CPC, 12. ed. 
 
02 - Quanto à fundamentação: Esse critério refere-se à liberdade que o 
recorrente tem para definir a fundamentação do recurso que pretende 
interpor. O recurso pode ser: 
 
• De fundamentação livre: ocorre quando sua causa de pedir não é 
definida por lei, isto é, o recorrente tem liberdade para suscitar críticas, 
questionamentos diversos sobre a decisão. A exemplo do que ocorre com o 
recurso ordinário. 
 
20 RECURSOS NO PROCESSO DO TRABALHO 
 
 
• De fundamentação vinculada: o recorrente tem o ônus de alegar um 
determinado vício, nos moldes delineados pelo ordenamento jurídico, sob pena 
de inadmissibilidade do recurso. 
 
Nessa hipótese, a causa de pedir é determinante, como ocorre, por exemplo, 
nos embargos de declaração, para cuja interposição se impõe que seja alegada 
omissão, contradição ou obscuridade. O acolhimento ou rejeição desses 
argumentos, todavia, é matéria de mérito que somente será aferida quando do 
julgamento. 
 
3 - Quanto à forma de recorrer: Essa análise cinge-se à forma de 
materialização do recurso, se independente por si, ou condicionado à 
admissibilidade de um outro, dito principal. 
 
O recurso pode ser: 
• Principal: É assim denominado quando interposto no prazo legal, o que pode 
ser feito por uma ou mais partes, e independe do conhecimento de outro 
recurso de igual natureza. 
 
• Adesivo: É aquele interposto pela parte recorrida, no prazo para 
contrarrazões de um recurso principal, e que fica condicionado à 
admissibilidade deste. 
 
Registre-se, ainda, que em havendo desistência do recurso principal, o adesivo 
não será conhecido. 
 
4 - Quanto à autoridade a que é dirigido: A abordagem aqui é no tocante 
à autoridade que julgará o recurso interposto pela parte. 
 
O recurso pode ser: 
• Próprio: é o julgado pelo órgão hierarquicamente superior, caso, por 
exemplo, da apelação que será submetida aos membros do Tribunal de Justiça, 
21 RECURSOS NO PROCESSO DO TRABALHO 
 
 
do recurso ordinário trabalhista sujeito à apreciação do Tribunal Regional do 
Trabalho etc.; 
 
• Impróprio: denominado assim na hipótese em que o julgamento é de 
responsabilidade da mesma autoridade que proferiu a decisão judicial 
impugnada. É o caso dos embargos de declaração. 
 
Efeitos dos recursos - Impedimento ao trânsito em 
julgado 
A interposição do recurso resulta no prolongamento da litispendência, isto é, 
obsta que a decisão transite em julgado. 
 
Sobre esse tema surge a seguinte questão: qualquer recurso interposto impede 
o trânsito em julgado ou somente aquele que for admitido? 
 
Segundo o professor José Carlos Barbosa Moreira, somente o recurso admitido 
impede o trânsito em julgado. 
 
A jurisprudência, contudo, não está sedimentada, pois, ora admite que todo 
recurso impede que a decisão transite em julgado, ora afirma que o 
intempestivo ou manifestamente inadmissível não opera esse efeito. 
 
O ponto nodal dessa discussão é fixar a data em que a decisão transitou em 
julgado. 
 
Entendemos que seja mais adequado se trabalhar com a data da última 
decisão, sempre. Nesse sentido, decidiu a Corte Especial do STJ, no EREsp nº 
441.252-CE, relatoria do Min. Gilson Dipp: 
 
Ementa processual civil - ação rescisória - prazo decadencial - Artigo 495 do 
código de processo civil - termo a quo - trânsito em julgado da decisão 
proferida sobre o último recurso interposto, ainda que discuta apenas a 
tempestividade de recurso - precedentes - embargos rejeitados. 
 
22 RECURSOS NO PROCESSO DO TRABALHO 
 
 
 
I - Já decidiu esta Colenda Corte Superior que a sentença é una, indivisível e só 
transita em julgado como um todo após decorrido in albis o prazo para a 
interposição do último recurso cabível, sendo vedada a propositura de 
ação rescisória de capítulo do decisum que não foi objeto do recurso. 
Impossível, portanto, conceber-se a existência de uma ação em curso e, ao 
mesmo tempo, várias ações rescisória no seu bojo, não se admitindo ações 
rescisórias em julgados no mesmo processo. 
 
II - Sendo assim, na hipótese do processo seguir, mesmo que a matéria a ser 
apreciada pelas instâncias superiores refira-se tão somente à intempestividade 
do apelo - existindo controvérsia acerca desterequisito de admissibilidade, não 
há que se falar no trânsito em julgado da sentença rescindenda até 
que o último órgão jurisdicional se manifeste sobre o derradeiro 
recurso. Precedentes. 
 
III - No caso específico dos autos, a questão sobre a tempestividade dos 
embargos de declaração opostos contra sentença que julgou procedente o 
pedido do autor refere-se à alteração do serviço de intimação dos atos judiciais, 
que antes era feita pelo correio para o advogado residente em outra capital, e 
que posteriormente passou a ser por meio de publicação de edital. 
 
IV - Prevalecendo o raciocínio constante nos julgados divergentes, tornar-se-ia 
necessária a propositura de ação rescisória antes da conclusão derradeira sobre 
o feito, mesmo que a matéria pendente se refira à discussão processual 
superveniente. 
 
V - Desconsiderar a interposição de recurso intempestivo para fins de 
contagem do prazo decadencial para a propositura de ação rescisória seria 
descartar, por completo, a hipótese de reforma do julgado que declarou a 
intempestividade pelas instâncias superiores, negando-se a existência de dúvida 
com relação à admissibilidade do recurso. 
 
VI - Embargos de divergência rejeitados. (original sem grifos) 
 
 
23 RECURSOS NO PROCESSO DO TRABALHO 
 
 
Efeitos dos recursos - Suspensivo 
 
Na sistemática processual civil brasileira vige a máxima de que os recursos, em 
regra, têm efeito suspensivo (Artigo 97 do CPC). O que, todavia, está com os 
dias contados, pois com a entrada em vigor do CPC/2015 (16.03.2016), o efeito 
suspensivo das decisões passa a constituir exceção, como se observa no Artigo 
a seguir: 
 
Artigo 995. Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição 
legal ou decisão judicial em sentido diverso. 
 
Parágrafo único. A eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por 
decisão do relator, se da imediata produção de seus efeitos houver risco de 
dano grave, de difícil ou impossível reparação, e ficar demonstrada a 
probabilidade de provimento do recurso. (Original sem grifos) 
 
No processo trabalhista, desde 1968, vige a previsão de que, em regra, os 
recursos terão efeito meramente devolutivo. Isso viabiliza a execução provisória 
da decisão. 
 
O próprio ordenamento jurídico trata de excepcionar situações em que pode ser 
dado efeito suspensivo aos recursos, como ora se verifica: 
 
A Lei nº 7.701/88, que dispõe sobre a especialização de Turmas dos Tribunais 
do Trabalho em processos coletivos e dá outras providências, prevê a 
possibilidade de deferimento de efeito suspensivo, por prazo determinado, por 
parte do presidente do TST, nos termos seguintes: 
 
Artigo 9º - O efeito suspensivo deferido pelo Presidente do Tribunal Superior do 
Trabalho terá eficácia pelo prazo improrrogável de 120 (cento e vinte) dias 
contados da publicação, salvo se o recurso ordinário for julgado antes do 
término do prazo. 
 
No mesmo sentido, dispõe a Lei nº 10.192/2001 que: 
 
24 RECURSOS NO PROCESSO DO TRABALHO 
 
 
Artigo 14. O recurso interposto de decisão normativa da Justiça do Trabalho 
terá efeito suspensivo, na medida e extensão conferidas em despacho do 
Presidente do Tribunal Superior do Trabalho. 
 
 
Efeitos dos recursos - Devolutivo 
Significa que, com a interposição de recurso, transfere-se ao tribunal o 
conhecimento da matéria pela parte impugnada. O efeito devolutivo é comum a 
todos os recursos e convém que seja analisado sob dois prismas: 
 
Extensão: determina-se pelo conteúdo da impugnação (Artigo 515 do CPC/73 
e Artigo 1.013 do CPC/2015). É necessário que seja precisado o que está sendo 
submetido ao julgamento pelo tribunal, que somente conhecerá a matéria 
impugnada. Tem-se a dimensão horizontal. 
 
Profundidade: precisa as questões que serão examinadas pelo tribunal para 
decidir o objeto litigioso do recurso. 
 
Consiste na análise do recurso em sua dimensão vertical. 
Tem previsão no Artigo 1.013, § 1º, do CPC/2015. 
25 RECURSOS NO PROCESSO DO TRABALHO 
 
 
 
Efeitos dos recursos – Regressivo e expansivo subjetivo 
 
 
Regressivo 
É também chamado de efeito de retratação e significa que o juízo que proferiu 
a decisão pode revê-la, tão logo tome conhecimento do recurso interposto, a 
exemplo do que ocorre no Agravo de Instrumento (Artigo 529 do CPC e 1.018, 
§ 1º, do CPC/15); ou na apelação contra sentença que indeferiu o pedido inicial 
(Artigo 296, CPC/73; e 331, CPC/15). 
 
Expansivo subjetivo 
Refere-se à excepcional extensão subjetiva dos efeitos do recurso. 
 
“O que se chama de efeito expansivo subjetivo não é uma consequência 
natural do julgamento de um recurso, mas uma regra própria do litisconsórcio 
unitário, aplicável no âmbito recursal” (DIDIER JR.; CUNHA, 2012). 
 
Atividade Proposta 
 
Leitura do artigo: Princípios de uma teoria geral dos recursos. Revista 
Eletrônica de Direito Processual, Volume V. 
http://www.arcos.org.br/periodicos/revista-eletronica-de-direito-
processual/volume-v/principios-de-uma-teoria-geral-dos-recursos 
 
 
 
26 RECURSOS NO PROCESSO DO TRABALHO 
 
 
Referências 
ALMEIDA, André Luiz Paes de. CLT e Súmulas do TST comentadas. 13. ed. 
São Paulo: Rideel, 2015. (Série Descomplicada). 
 
CINTRA, Antônio Carlos de Araújo. Teoria geral do processo. 15. ed. São 
Paulo: Malheiros, 1999. 
DIDIER JR., Fredie; CUNHA, Leonardo J. Carneiro da. Curso de Direito 
processual civil. 10. ed. Salvador: JusPodiwm, 2012. 
 
GRECO, Rogério. Princípios de uma teoria geral dos recursos. Revista 
Eletrônica de Direito Processual, Volume V. Disponível em: 
http://www.arcos.org.br/periodicos/revista-eletronica-de-direito- 
processual/volume-v/principios-de-uma-teoria-geral-dos-recursos. 
Acesso em: 22 set. 2015, às 12h29. 
 
 
MOREIRA, José Carlos Barbosa. O Novo Processo Civil Brasileiro. 19. ed. 
Rio de Janeiro: Forense. 
 
NEVES, Daniel Amorim Assumpção; FUX, Luís (Org.). Novo Código de 
Processo Civil comparado – Lei 13.105/2015. 2. ed. revista. Rio de 
janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2015. 
 
SANTOS, J. M. de Carvalho. Repertório enciclopédico do direito 
brasileiro. Rio de Janeiro: Editora Borsoi, v. XLV, p. 102. Disponível em: 
http://www3.tst.jus.br/jurisprudencia/Sumulas_com_indice/Sumula 
s_Ind_401_450.html. Acesso em: 29 ago. 2015. 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 RECURSOS NO PROCESSO DO TRABALHO 
 
 
Exercícios de fixação 
Questão 1 
 
Em regra, o Recurso Ordinário: 
 
A. Terá apenas efeito devolutivo e suspensivo. 
B. É dirigido e interposto diretamente no Tribunal Regional do Trabalho 
competente. 
C. Exige pré-questionamento da matéria para sua admissibilidade. 
D. Terá efeito meramente devolutivo. 
 
Questão 2 
 
Vênus foi dispensada da empresa Néctar dos Deuses S/A por justa causa. 
Ajuizou reclamação trabalhista para questionar o motivo da rescisão e postular 
indenização por dispensa imotivada. Ocorre que a ação foi julgada 
improcedente pelo juiz da Vara do Trabalho. Inconformada, Vênus resolveu 
recorrer da sentença. Nessa situação, é cabível interpor: 
A. Recurso ordinário, no prazo de 05 dias. 
B. Embargos de declaração, no prazo de 05 dias. 
C. Recurso de revista, no prazo de 08 dias. 
D. Apelação, no prazo de 15 dias. 
E. Recurso ordinário, no prazo de 08 dias. 
 
Questão 3 
Sobre os recursos no processo do trabalho, marque a opção INCORRETA: 
A. Os Tribunais Regionais, divididos em Turmas, poderão designar Turma 
para o julgamento dos recursos ordinários interpostos das sentenças 
prolatadas nas demandas sujeitas ao procedimento sumaríssimo. 
28 RECURSOS NO PROCESSO DO TRABALHO 
 
 
B. É cabível recurso ordinário para a instância superior das decisões 
definitivas ou terminativas dos Tribunais Regionais, em processosde sua 
competência originária, no prazo de 10 (dez) dias, quer nos dissídios 
individuais, quer nos dissídios coletivos. 
C. Da decisão denegatória dos embargos caberá agravo, no prazo de 8 
(oito) dias. 
D. O recurso de revista, dotado de efeito apenas devolutivo, será interposto 
perante o Presidente do Tribunal Regional do Trabalho, que, por decisão 
fundamentada, poderá recebê-lo ou denegá-lo. 
 
Questão 4 
 
A partir de súmula do TST, conclui-se que na Justiça do Trabalho, nos termos 
do art. 893, § 1º, da CLT, as decisões interlocutórias não ensejam recurso 
imediato, salvo na hipótese de decisão: 
 
A. Que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos 
autos para juízo do mesmo Tribunal Regional daquele a que se vincula o 
juízo excepcionado. 
B. De Vara do Trabalho contrária à súmula ou Orientação Jurisprudencial 
do TST. 
C. De Turma do TRT contrária à súmula do mesmo Tribunal. 
D. Suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal. 
E. De Vara do Trabalho contrária à súmula ou Orientação Jurisprudencial 
do TRT a que se vincula. 
 
 
Questão 5 
 
De acordo com a Consolidação das Leis do Trabalho, o Direito Processual 
Comum é fonte do Direito Processual do Trabalho. Neste caso, está sendo 
29 RECURSOS NO PROCESSO DO TRABALHO 
 
 
aplicado, especificamente, o princípio: 
A. Da informalidade. 
B. Da celeridade. 
C. Da simplicidade. 
D. Da subsidiariedade. 
E. Do protecionismo ao trabalhador. 
 
 
 
 
 
Exercícios de fixação 
 
 
Questão 1 - D 
Justificativa: Artigo 899 da CLT. 
 
Questão 2 - E 
Justificativa: Fundamento artigo 895, inciso I, da CLT. 
 
Questão 3 - B 
Justificativa: Os recursos, no processo do Trabalho, são interpostos no prazo 
de 08 dias, Lei 5.584, de 1970, artigo 6º, salvo em relação aos Embargos de 
Declaração e Recurso Extraordinário. 
 
Questão 4 - C 
Justificativa: Com base na Súmula 214-b do TST. 
 
Questão 5 - D 
Justificativa: Artigo 769, da CLT e Artigo 15 do CPC. 
 
 
 
 
30 RECURSOS NO PROCESSO DO TRABALHO 
 
 
 
 
 
 
Introdução 
Dando continuidade à disciplina Recursos no processo do trabalho, abordaremos 
os pressupostos recursais e discussões diversas que surgem quando de sua 
análise, notadamente, frente à jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho. 
Em seguida, analisaremos algumas das especificidades dos recursos trabalhistas. 
 
Objetivo: 
1. Estudar os pressupostos recursais — subjetivos e objetivos — e suas 
peculiaridades; 
 
2. Analisar algumas especificidades dos recursos trabalhistas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 RECURSOS NO PROCESSO DO TRABALHO 
 
 
Conteúdo 
 
Pressupostos de admissibilidade dos recursos 
Seja qual for o embasamento jurídico que a parte utilize com o fim de ver seu 
recurso admitido, o mesmo decorrerá de duas fundamentações inerentes ao ser 
humano: a primeira consiste no fato de que o homem não se conforma com 
uma única decisão quando a mesma lhe é desfavorável; a segunda é referente à 
falibilidade humana. (André Luiz Paes de Almeida). 
 
Mas, para recorrer, não é suficiente a existência de vontade de interpor o 
recurso, por parte do interessado, é necessário também que sejam atendidos 
alguns requisitos, os quais aqui são chamados de pressupostos de 
admissibilidade. 
 
O juízo de admissibilidade sempre antecederá o de mérito, e o que for decidido 
nele será determinante para o exame ou não das questões de mérito. Ele pode 
ser: 
 
Positivo 
Quando o órgão julgador conhece o recurso, com consequente análise de seu 
mérito. 
 
Negativo 
Quando o recurso deixa de ser conhecido por faltar-lhe algum pressuposto de 
admissibilidade, seja intrínseco, seja extrínseco. 
 
Provisório 
Ocorre quando o recurso é protocolizado perante o órgão a quo, o qual é 
responsável pelo juízo provisório de admissibilidade. O que ocorre, por exemplo, 
com o recurso de apelação no processo civil, com o recurso ordinário no 
processo do trabalho. É importante que se registre, aqui, o fato de que o juízo 
32 RECURSOS NO PROCESSO DO TRABALHO 
 
 
provisório de admissibilidade, quando negativo, é passível de recurso 
endereçado ao órgão ad quem. 
 
Definitivo 
Quando o juízo de admissibilidade é exercido diretamente pelo órgão ad quem. 
A título de exemplo podemos citar o agravo de instrumento. Nesse momento, 
tratemos dos pressupostos recursais genéricos, em suas modalidades: subjetivos 
(intrínsecos) e objetivos (extrínsecos), deixando para enfrentar os específicos 
(comum ao recurso extraordinário, embargos do TST e recurso de revista), 
quando do estudo dos recursos em espécies. 
 
Pressupostos subjetivos 
Conforme a denominação, os pressupostos subjetivos se referem à parte que 
tem legitimidade e interesse processual para recorrer e não teve seu poder de 
recorrer extinto. 
 
Os pressupostos subjetivos podem ser assim identificados: 
 
• Legitimidade; 
• Interesse; 
• Inexistência de fato impeditivo ou extintivo do poder de recorrer. 
 
 
A seguir você conhecerá melhor cada um deles. 
 
Legitimidade 
Segundo o Artigo 499 do antigo CPC, “o recurso pode ser interposto pela parte 
vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público”. Em harmonia com 
essa previsão o CPC/2015 dispõe que “o recurso pode ser interposto pela parte 
vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público, como parte ou como 
fiscal da ordem jurídica”. 
 
No processo do trabalho aplica-se a mesma sistemática, pois têm legitimidade 
para recorrer a parte, o terceiro interessado — nessa justiça especializada é 
33 RECURSOS NO PROCESSO DO TRABALHO 
 
 
muito comum a interposição de recurso por parte do INSS —, ou o Ministério 
Público do Trabalho em hipóteses em que existe interesse de incapazes. 
 
“Parte” na concepção ora empregada tem sentido amplo, incluindo os terceiros 
que intervieram no processo. Nesse sentido é a doutrina do prof. Fredie Didier: 
 
Quando a lei menciona “parte vencida” como legitimada a recorrer, que referir- 
se não só a autor e réu, haja ou não litisconsórcio, mas também ao terceiro 
interveniente, que, com a intervenção, se tornou parte. O assistente, o 
denunciado, o chamado etc. recorrem na qualidade de parte, pois adquiriram 
essa qualidade com a efetivação de uma das modalidades interventivas. No 
conceito de “parte vencida” também deve ser incluído aquele sujeito processual 
que é parte apenas de alguns incidentes, como é o caso do juiz, na exceção de 
suspeição, e o terceiro desobediente, no caso de aplicação da multa do Artigo 77, 
§ 2 do CPC/15. 
 
“Terceiro” é aquele que até a decisão recorrida não participava do processo, e 
com a interposição do recurso passa a fazer parte do mesmo. 
 
Segundo 996, parágrafo único do CPC/15 cumpre ao terceiro demonstrar a 
possibilidade de a decisão sobre a relação jurídica submetida à apreciação 
judicial atingir direito de que se afirme titular ou que possa discutir em juízo 
como substituto processual. 
 
O terceiro tem que comprovar ser titular da relação jurídica discutida em juízo 
ou de uma reação que com esta guarde conexão e que foi juridicamente 
prejudicado. O prazo para o terceiro recorrer é o mesmo de que dispõe a parte 
e terá o mesmo termo inicial e final, já que não existe sua intimação da 
decisão. 
 
O terceiro está obrigado a recolher as custas devidas para interposição do 
recurso, segundo o STJ: “O terceiro prejudicado que recorrer fará o preparo do 
seu recurso, independentemente do preparo dos recursos que, porventura, 
tenham sido interpostos pelo autor ou pelo réu” (Lei nº 11.636/2007, 
regimento de custas do STJ). 
34 RECURSOS NO PROCESSO DO TRABALHO 
 
 
 
 
 
Interesse 
Para que o recursointerposto seja admitido é necessário que esteja presente a 
utilidade, isto é, que com o uso desse meio de impugnação a parte espere 
situação de vantagem que a deixe em condições melhores que aquela em que 
lhe deixou a decisão recorrida. 
Além da utilidade, é imprescindível que o uso do recurso seja necessário para 
que a parte alcance o objetivo desejado. 
 
Inexistência de fato impeditivo ou extintivo do poder de recorrer 
Inexistência de fato impeditivo ou extintivo do poder de recorrer trata-se de 
“requisitos negativos de admissibilidade do recurso”, ou seja, situações que não 
podem ocorrer para que o recurso seja admitido. 
 
Segundo Fredie Didier, “é impeditivo do poder de recorrer o ato de que 
diretamente haja resultado a decisão desfavorável àquele que, depois, pretenda 
impugná-la. Por exemplo: da sentença que homologa a desistência, não pode 
recorrer a parte que desistiu”. 
 
Pode ser entendido como fato extintivo do poder de recorrer, por exemplo, o 
reconhecimento pelo réu da procedência do pedido inicial, a renúncia ao direito 
de recorrer, pois uma vez consumados não há mais que se falar em interesse de 
recorrer, pois resultaria em comportamento contraditório, em deslealdade 
processual. 
Atenção 
O Ministério Público tanto pode recorrer como parte quanto 
como fiscal da correta aplicação da lei. Nesse sentido é o 
enunciado 226 da Súmula do STJ: “O Ministério Público tem 
legitimidade para recorrer na ação de acidente de trabalho, 
ainda que o segurado esteja assistido por advogado”. 
35 RECURSOS NO PROCESSO DO TRABALHO 
 
 
 
 
Pressupostos objetivos 
Os pressupostos objetivos são de grande relevância para se aferir a sua 
admissibilidade. São eles: 
 
• Adequação; 
• Tempestividade; 
• Depósito recursal; 
• Representação. 
 
A seguir conheça cada um deles! 
 
 
Previsão legal ou adequação 
A parte não pode criar uma espécie recursal ou impugnar a decisão como o 
recurso que bem entender, pois para cada situação recorrível há um recurso 
previsto em lei, o qual deve ser adequadamente manejado. 
 
A lei disciplina que das decisões definitivas ou terminativas das varas e juízos 
cabe recurso ordinário para instância superior, então, tendo interesse em 
recorrer, a parte tem o dever de fazer uso desse recurso, não pode, 
simplesmente, deliberar por interpor um recurso de revista, por exemplo, 
porque estará cometendo um erro grosseiro e o recurso será inadmitido. 
 
Tempestividade 
O recurso deve ser interposto no prazo legal, sob pena de ser considerado 
intempestivo e, por conseguinte, ter sua deserção decretada. 
 
Na CLT a regra é: todos os recursos devem ser interpostos no prazo de 08 dias. 
Quer dizer que, até o último dia do prazo o recurso poderá ser regularmente 
protocolizado, dentro do expediente de funcionamento do tribunal, asseverando 
que com a Reforma Trabalhista, Lei 13.467 de 2017, o art. 775 da CLT, 
36 RECURSOS NO PROCESSO DO TRABALHO 
 
 
estabelece que a contagem dos prazos se darão em dias úteis e não mais em 
dias corridos, como era antes, mantendo a exclusão do dia do começo e a 
inclusão do dia do vencimento. 
 
E, em se tratando de processo eletrônico, o recurso poderá ser interposto até às 
24h00min do último dia do prazo, pois essa data é que será considerada como 
sendo a da interposição. Os entes públicos têm prazo em dobro (Dec.-Lei nº 
779/1969). 
 
 
 
Nesse sentido, veja a jurisprudência do TST: 
 
Depósito recursal 
O depósito recursal consiste em um pressuposto que foi instituído como 
mecanismo para obstar recursos meramente protelatórios, tendo em vista as 
peculiaridades dessa justiça especializada e o caráter social do processo do 
trabalho. 
 
Partindo da presunção de que somente o empregador demandado tem interesse 
em protelar a prestação jurisdicional, o depósito recursal é exigido apenas dele, 
isto é, o reclamante ou terceiro interessado, pretendendo recorrer, pode fazê-lo 
sem ultimar tal recolhimento. 
 
O valor do depósito recursal é fixado pelo presidente do TST, (Data da 
divulgação, DEJT-10/07/2015, vigência inicial 01/08/2015, ATO. SEGJUD. GP 
N°397/2015), e em setembro de 2015, está assim disciplinado: 
Atenção 
Embargos de declaração, com prazo de 05 dias, e, atualmente 
previsto no Artigo 897-A, da CLT; e o recurso extraordinário, 
com prazo de 15 dias, para alguns autores, constituem exceções 
ao texto da CLT. 
37 RECURSOS NO PROCESSO DO TRABALHO 
 
 
 
• Recurso Ordinário: R$ 9.189,00; 
• Recurso de Revista, Embargos, Recurso Extraordinário: R$18.378,00; 
• Recurso em Ação Rescisória: R$18.378,00. 
 
 
Tal montante deve ser depositado na conta vinculada ao juízo e corrigido com 
os mesmos índices da poupança, onde ficará resguardado até julgamento final. 
Com o julgamento final há duas situações: 
 
 Caso o recorrente logre êxito e afaste a condenação, o valor lhe será 
devolvido devidamente corrigido; 
 
 Em sendo o recurso improvido, a quantia depositada poderá ser liberada 
em favor do reclamante, o qual poderá executar o acórdão quanto ao 
saldo remanescente. 
 
 
 
Depósito recursal: discussões e alterações com a Reforma 
Trabalhista 
Acerca desse pressuposto objetivo, convém abordar, ainda, as seguintes 
discussões, que são muito relevantes para a ordem prática: 
 
Ausência de condenação pecuniária: tal depósito é dispensável quando 
não houver condenação em dinheiro, como, por exemplo, nas hipóteses de 
condenação em dissídios coletivos, de a sentença ter reconhecido apenas o 
Atenção 
As custas correspondem a 2%, percentual este que incidirá sobre o valor da 
condenação, o valor da causa ou aquele fixado pelo juízo e também devem 
ser pagas e comprovadas no prazo do recurso, sob pena de deserção (Artigo 
789, § 1º, da CLT). , entretanto com a Reforma Trabalhista, há um teto de 
até quatro vezes o limite máximo dos benefícios do Regime Geral da 
Previdência Social (art. 789 da CLT), sendo que anteriormente não existia. 
 
 
38 RECURSOS NO PROCESSO DO TRABALHO 
 
 
vínculo empregatício. 
 
Nesse sentido é o verbete da Súmula nº 161 do TST: “Se não há condenação 
a pagamento em pecúnia, descabe o depósito de que tratam os §§ 1º e 2º do 
Artigo 899 da CLT”. 
 
Empregador beneficiário de gratuidade de justiça: O empregador 
beneficiário de gratuidade de justiça está obrigado a cumprir esse requisito, 
caso pretenda recorrer. Isso porque o depósito recursal consiste em uma 
garantia do juízo e não mera taxa. 
 
Beneficiário de gratuidade de justiça pode ser desobrigada de fazer o 
depósito recursal 
Cabeleireira obtém isenção de recolhimento de depósito recursal (RR 81/2006- 
008-03-40.0) 
O empregador pessoa física, beneficiário da justiça gratuita, pode ser 
dispensado do recolhimento do depósito exigido para a interposição de recurso 
na Justiça Trabalhista. Com esse entendimento, a Sétima Turma do Tribunal 
Superior do Trabalho deu provimento a um recurso de revista e reformou 
decisão anterior, que exigia o pagamento do depósito recursal. 
Trata-se de ação trabalhista movida por uma pedicure contra uma cabeleireira. 
As duas dividiam o trabalho em um salão de beleza em Belo Horizonte e, após 
cinco anos, romperam a relação profissional. Em ação trabalhista, a pedicure 
conseguiu obter sentença da 8ª Vara de Trabalho de Belo Horizonte que 
reconheceu o vínculo trabalhista e determinou o pagamento de verbas 
rescisórias, no valor aproximado de R$ 10 mil. 
A cabeleireira entrou com recurso ordinário contestando a sentença, mas o 
Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região o rejeitou, em razão da não 
comprovação do depósito recursal, o que caracteriza deserção. O TRT 
fundamentou sua decisão no entendimento de que a exigência do depósito é 
pressuposto objetivo para a admissão do recurso.Além disso, também 
considerou que, embora o juiz de primeiro grau tivesse isentado a cabeleireira 
39 RECURSOS NO PROCESSO DO TRABALHO 
 
 
do pagamento das custas processuais, a isenção não se estendia ao depósito 
recursal. 
Ela então apelou ao TST, mediante recurso de revista. Sustentou que estaria 
desobrigada de tal exigência, alegando não dispor de dinheiro para arcar com 
as despesas do processo. Mencionando sua condição de pessoa física e 
beneficiária da justiça gratuita, destacou que a própria Justiça do Trabalho 
atestara, nos termos da lei, o reconhecimento de sua situação de pobreza. 
 
O relator do processo, ministro Pedro Paulo Manus, após ressalvar seu 
entendimento pessoal no sentido de que a isenção do depósito recursal não 
está compreendida entre os benefícios da justiça gratuita, manifestou-se pelo 
provimento ao recurso, tendo em vista o entendimento predominante na 
Sétima Turma. Citou, como precedentes, três decisões do ministro Ives Gandra 
Martins Filho. Curvo-me ao entendimento da maioria, ressaltou. 
 
Em seu voto, Pedro Paulo Manus assinalou que a Constituição Federal assegura 
a assistência do Estado, conferindo isonômico acesso à Justiça, com igualdade 
de tratamento para os que não têm disponibilidade financeira para custear o 
processo. Constatada, assim, a violação ao direito assegurado no Artigo 5º, 
capítulo LXXIV, da Constituição Federal, a Turma determinou a reforma da 
decisão que havia considerado a deserção do recurso e o retorno dos autos ao 
TRT de origem, para prosseguir no julgamento da questão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
40 RECURSOS NO PROCESSO DO TRABALHO 
 
 
 
Depósito recursal, massa falida e liquidação: o depósito recursal é ônus 
atribuído por lei à pessoa jurídica que pretende recorrer de decisão terminativa 
e tem como objetivo garantir a execução, ainda que parcialmente. O TST, no 
verbete nº 86 de sua Súmula, sedimentou entendimento no sentido de que 
massa falida pode recorrer sem cumprir com a obrigação de promover o 
depósito recursal. Isso, certamente, para evitar maiores prejuízos a esta, 
ratificado pela Reforma Trabalhista, no art. 899, parágrafo décimo, da CLT. 
 
Verbete 86. Deserção. Massa falida. Empresa em liquidação extrajudicial. Não 
ocorre deserção de recurso de massa falida por falta de pagamento de custas 
ou de depósito do valor da condenação. Esse privilégio, todavia, não se aplica à 
empresa em liquidação extrajudicial. 
 
Observamos, contudo, que esse mesmo entendimento jurisprudencial 
consolidado deliberou por afastar desse privilégio as sociedades empresárias 
que se encontrarem em liquidação extrajudicial. 
 
Depósito recursal e pessoa jurídica de direito público: Segundo o Artigo 
790-A da CLT, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, suas 
autarquias e fundações estão isentas do pagamento de custas. Por força das 
previsões do Decreto-Lei nº 779/69, os entes públicos estão isentos da 
obrigação de fazer o depósito recursal. Mas, as pessoas jurídicas que 
explorarem atividade econômica, ainda que vinculadas à Administração Pública, 
não estão isentas de custas e do depósito recursal (OJ SBDI-I, 13). As 
sociedades de economia mista também não estão isentas de custas e do 
depósito recursal, como se conclui do verbete nº 170 da súmula do TST: 
 
170. Sociedade de economia mista. Custas. Os privilégios e isenções no foro da 
justiça do trabalho não abrangem as sociedades de economia mista, ainda que 
gozassem desses benefícios anteriormente ao Decreto-Lei nº 779, de 
21.08.1969. Cumpre destacar que com a Reforma Trabalhista, o parágrafo nono 
reduziu pela metade para entidades sem fins lucrativos, empregadores 
domésticos, microempreendedores individuais, microempresas e empresas de 
41 RECURSOS NO PROCESSO DO TRABALHO 
 
 
pequeno porte. O parágrafo décimo isenta, os beneficiários da justiça gratuita, 
as entidades filantrópicas e as empresas em recuperação judicial. 
 
Além dos itens que você acabou de ver, é muito importante discutir também: 
 
Comprovação do depósito recursal depois de interposto o recurso: é 
admissível que a parte recorrente interponha o recurso em um dia e em outro 
peticione juntando a comprovação do depósito recursal, desde que tais atos 
sejam praticados dentro do prazo recursal. 
Neste sentido é o verbete nº 245, da Súmula do TST: 
 
Verbete 245. Depósito recursal. Prazo. O depósito recursal deve ser feito e 
comprovado no prazo alusivo ao recurso. A interposição antecipada deste não 
prejudica a dilação legal. 
 
Depósito recursal e ação rescisória: Em se tratando de ação rescisória o 
depósito recursal é exigível na hipótese de ter sido o pedido julgado procedente 
e de ter havido imposição de condenação pecuniária. 
 
Neste sentido é o verbete nº 99, da súmula do TST: 
 
Verbete 99. Ação rescisória. Deserção. Prazo. Havendo recurso ordinário em 
sede de rescisória, o depósito recursal só é exigível quando for julgado 
procedente o pedido e imposta condenação em pecúnia, devendo este ser 
efetuado no prazo recursal, no limite e nos termos da legislação vigente, sob 
pena de deserção. 
 
Depósito recursal e ação de indenização: a EC/45 operou mudança no 
Artigo 114, da Constituição Federal, ampliou a competência da Justiça do 
Trabalho para julgar ações de indenização decorrentes de relação de trabalho. 
Em ratificação a essa previsão legal o Supremo Tribunal Federal editou a Súmula 
vinculante nº 22: 
 
Súmula 22. A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as 
ações de indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente 
42 RECURSOS NO PROCESSO DO TRABALHO 
 
 
de trabalho propostas por empregado contra empregador, inclusive aquelas que 
ainda não possuíam sentença de mérito em primeiro grau quando da 
promulgação da Emenda Constitucional nº 45/2004. 
 
Atenção 
 
Com isso, o TST editou a Instrução Normativa nº 27/2005, a 
qual disciplina as normas procedimentais aplicáveis ao processo 
do trabalho que versem sobre ação de indenização, ressaltando 
a sistemática recursal e obrigatoriedade de realização do 
depósito recursal em caso de interposição de recursos. 
A propósito, vejamos o Artigo 2º dessa Instrução Normativa: 
Artigo 2º A sistemática recursal a ser observada é a prevista na 
Consolidação das leis do Trabalho, inclusive no tocante à 
nomenclatura, à alçada, aos prazos e às competências. 
Parágrafo único. O depósito recursal a que se refere o Artigo 
899 da CLT é sempre exigível como requisito extrínseco do 
recurso, quando houver condenação em pecúnia. 
Assim, caso a sentença arbitre condenação a ser paga pelo 
empregador, este, para recorrer, terá que fazer o depósito 
recursal, sob pena de deserção. 
 
Diferença de depósito recursal ou custas: havendo diferença do valor 
recolhido a título de custas ou do depósito recursal. Em caso de condenação 
solidária, se uma das rés efetuar o depósito, este beneficiará as demais, desde 
que a parte responsável pelo recolhimento não postule, nas razões de recurso, 
sua exclusão da lide. 
A seguir, conheça a Súmula nº 128 do TST e a Instrução Normativa nº 
39 do TST. 
 
 
43 RECURSOS NO PROCESSO DO TRABALHO 
 
 
Súmula 128 do TST 
128. Depósito recursal. 
 
I – É ônus da parte recorrente efetuar o depósito legal, integralmente, em 
relação a cada novo recurso interposto, sob pena de deserção. Atingido o valor 
da condenação, nenhum depósito mais é exigido para qualquer recurso. 
II – Garantido o juízo, na fase executória, a exigência de depósito para recorrer 
de qualquer decisão viola os incisos II e LV do art. 5º da CF/1988. Havendo, 
porém, elevação do valor do débito, exige-se a complementação da garantia do 
juízo. 
III – Havendo condenação solidária de duas ou mais empresas, o depósito 
recursal efetuadopor uma delas aproveita as demais, quando a empresa que 
efetuou o depósito não pleitei sua exclusão da lide. 
 
Conforme a Instrução Normativa nº 39 do TST 
Art. 10. Aplicam-se ao Processo do Trabalho as normas do parágrafo único, do 
art. 932, do CPC, §§ 1º a 4º, do art. 938 e §§ 2º e 7º do art. 1007. 
RESOLUÇÃO Nº 203, DE 15 DE MARÇO DE 2016. 
Edita a Instrução Normativa n° 39, que dispõe sobre as normas do Código de 
Processo Civil de 2015 aplicáveis e inaplicáveis ao Processo do Trabalho, de 
forma não exaustiva. 
 
O EGRÉGIO PLENO DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO, em Sessão 
Extraordinária hoje realizada, sob a Presidência do Excelentíssimo Senhor 
Ministro Ives Gandra da Silva Martins Filho, Presidente do Tribunal, presentes os 
Excelentíssimos Senhores Ministros Emmanoel Pereira, Vice-Presidente do 
Tribunal, Renato de Lacerda Paiva, CorregedorGeral da Justiça do Trabalho, 
João Oreste Dalazen, Antonio José de Barros Levenhagen, João Batista Brito 
Pereira, Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, Aloysio Corrêa da Veiga, Luiz Philippe 
Vieira de Mello Filho, Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, Maria de Assis 
Calsing, Dora Maria da Costa, Guilherme Augusto Caputo Bastos, Márcio Eurico 
Vitral Amaro, Walmir Oliveira da Costa, Maurício Godinho Delgado, Kátia 
Magalhães Arruda, Augusto César Leite de Carvalho, José Roberto Freire 
44 RECURSOS NO PROCESSO DO TRABALHO 
 
 
Pimenta, Delaíde Alves Miranda Arantes, Hugo Carlos Scheuermann, Alexandre 
de Souza Agra Belmonte, Cláudio Mascarenhas Brandão, Douglas Alencar 
Rodrigues, Maria Helena Mallmann e a Excelentíssima Vice-Procuradora-Geral 
do Trabalho, Dr.ª Cristina Aparecida Ribeiro Brasiliano, considerando a vigência 
de novo Código de Processo Civil (Lei nº 13.105, de 17.03.2015) a partir de 18 
de março de 2016, considerando a imperativa necessidade de o Tribunal 
Superior do Trabalho posicionar-se, ainda que de forma não exaustiva, sobre as 
normas do Código de Processo Civil de 2015, aplicáveis e inaplicáveis ao 
Processo do Trabalho, considerando que as normas dos arts. 769 e 889, da 
CLT, não foram revogadas pelo art. 15, do CPC, de 2015, em face do que 
estatui o art. 2º, § 2º, da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, 
considerando a plena possibilidade de compatibilização das normas em apreço, 
considerando o disposto no art. 1046, § 2º, do CPC, que expressamente 
preserva as “disposições especiais dos procedimentos regulados em outras leis”, 
dentre as quais sobressaem as normas especiais que disciplinam o Direito 
Processual do Trabalho, considerando o escopo de identificar apenas questões 
polêmicas e algumas das questões inovatórias relevantes para efeito de aferir a 
compatibilidade ou não de aplicação subsidiária ou supletiva ao Processo do 
Trabalho do Código de Processo Civil de 2015, considerando a exigência de 
transmitir segurança jurídica aos jurisdicionados e órgãos da Justiça do 
Trabalho, bem assim o escopo de prevenir nulidades processuais em detrimento 
da desejável celeridade, considerando que o Código de Processo Civil de 2015 
não adota de forma absoluta a observância do princípio do contraditório prévio 
como vedação à decisão surpresa, como transparece, entre outras, das 
hipóteses de julgamento liminar de improcedência do pedido (art. 332, caput e 
§ 1º, conjugado com a norma explícita do parágrafo único do art. 487), de 
tutela provisória liminar de urgência ou da evidência (parágrafo único do art. 
9º) e de indeferimento liminar da petição inicial (CPC, art. 330), considerando 
que o conteúdo da aludida garantia do contraditório há que se compatibilizar 
com os princípios da celeridade, da oralidade e da concentração de atos 
processuais no Processo do Trabalho, visto que este, por suas especificidades e 
pela natureza alimentar das pretensões nele deduzidas, foi concebido e 
estruturado para a outorga rápida e impostergável da tutela jurisdicional (CLT, 
art. 769), considerando que está sub judice no Tribunal Superior do Trabalho a 
45 RECURSOS NO PROCESSO DO TRABALHO 
 
 
possibilidade de imposição de multa pecuniária ao executado e de liberação de 
depósito em favor do exequente, na pendência de recurso, o que obsta, de 
momento, qualquer manifestação da Corte sobre a incidência no Processo do 
Trabalho das normas dos arts. 520 a 522 e § 1º, do art. 523, do CPC, de 2015, 
considerando que os enunciados de súmulas dos Tribunais do Trabalho a que 
se referem os incisos V e VI, do § 1º, do art. 489, do CPC, de 2015 são 
exclusivamente os que contenham os fundamentos determinantes da decisão 
(ratio decidendi - art. 926, § 2º), RESOLVE Aprovar a Instrução Normativa nº 
39, nos seguintes termos: INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 39/2016. 
 
Dispõe sobre as normas do Código de Processo Civil, de 2015, aplicáveis e 
inaplicáveis ao Processo do Trabalho, de forma não exaustiva. 
 
Art. 1° Aplica-se o Código de Processo Civil, subsidiária e supletivamente, ao 
Processo do Trabalho, em caso de omissão e desde que haja compatibilidade 
com as normas e os princípios do Direito Processual do Trabalho, na forma dos 
arts. 769 e 889, da CLT e do art. 15, da Lei nº 13.105, de 17.03.2015. 
 
§ 1º Observar-se-á, em todo caso, o princípio da irrecorribilidade em separado 
das decisões interlocutórias, de conformidade com o art. 893, § 1º, da CLT e 
Súmula nº 214 do TST. 
 
§ 2º O prazo para interpor e contra-arrazoar todos os recursos trabalhistas, 
inclusive agravo interno e agravo regimental, é de oito dias (art. 6º, da Lei nº 
5.584/70 e art. 893 da CLT), exceto embargos de declaração (CLT, art. 897-A). 
 
Art. 2° Sem prejuízo de outros, não se aplicam ao Processo do Trabalho, em 
razão de inexistência de omissão ou por incompatibilidade, os seguintes 
preceitos do Código de Processo Civil: 
I - art. 63 (modificação da competência territorial e eleição de foro); TRIBUNAL 
SUPERIOR DO TRABALHO TRIBUNAL PLENO 
II - art. 190 e parágrafo único (negociação processual); 
46 RECURSOS NO PROCESSO DO TRABALHO 
 
 
III - art. 219 (contagem de prazos em dias úteis); 
IV - art. 334 (audiência de conciliação ou de mediação); 
V - art. 335 (prazo para contestação); 
VI - art. 362, III (adiamento da audiência em razão de atraso injustificado 
superior a 30 minutos); 
VII - art. 373, §§ 3º e 4º (distribuição diversa do ônus da prova por convenção 
das partes); 
VIII - arts. 921, §§ 4º e 5º, e 924, V (prescrição intercorrente); 
IX - art. 942 e parágrafos (prosseguimento de julgamento não unânime de 
apelação); X - art. 944 (notas taquigráficas para substituir acórdão); 
XI - art. 1010, § 3º (desnecessidade de o juízo a quo exercer controle de 
admissibilidade na apelação); 
XII - arts. 1043 e 1044 (embargos de divergência); XIII - art. 1070 (prazo para 
interposição de agravo). Art. 3° Sem prejuízo de outros, aplicam-se ao Processo 
do Trabalho, em face de omissão e compatibilidade, os preceitos do Código de 
Processo Civil que regulam os seguintes temas: 
I - art. 76, §§ 1º e 2º (saneamento de incapacidade processual ou de 
irregularidade de representação); 
II - art. 138 e parágrafos (amicus curiae); 
III - art. 139, exceto a parte final do inciso V (poderes, deveres e 
responsabilidades do juiz); 
IV - art. 292, V (valor pretendido na ação indenizatória, inclusive a fundada em 
dano moral); 
V - art. 292, § 3º (correção de ofício do valor da causa); 
VI - arts. 294 a 311 (tutela provisória); 
VII - art. 373, §§ 1º e 2º (distribuição dinâmica do ônus da prova); 
VIII - art. 485, § 7º (juízo de retratação no recurso ordinário); 
IX - art. 489 (fundamentação da sentença); 
X - art. 496 e parágrafos (remessa necessária); 
XI - arts. 497 a 501 (tutela específica); 
XII - arts. 536 a 538 (cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade 
47 RECURSOS

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