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2012
Cultura PoPular 
Brasileira
Prof.a Emanuele Cristina Siebert
Prof.a Ligia Karina Meneghetti Chiarelli
Copyright © UNIASSELVI 2012
Elaboração:
Prof.a Emanuele Cristina Siebert
Prof.a Ligia Karina Meneghetti Chiarelli
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
 
306.4
S5712c Siebert, Emanuele Cristina.
 Cultura Popular Brasileira / Emanuele Cristina Siebert
 [e] Lígia Karina Meneghetti Chiarelli. Centro 
 Universitário Leonardo da Vinci – Indaial, 
 Grupo UNIASSELVI, 2012.x ; 194. p.: il
 Inclui bibliografia.
 ISBN 978-85-7830-329-7
 1. Cultura Popular Brasileira 2. Instituição Cultural 
 I. Centro Universitário Leonardo da Vinci
 II. Núcleo de Ensino a Distância
 
Impresso por:
III
aPresentação
Caro(a) acadêmico(a)!
É um prazer estar com você! 
Já de antemão, explicitamos que a Cultura Popular é ampla e está em 
constante movimento. Por isso, não conseguiremos e nem conseguiríamos 
resumir e exemplificar a Cultura Popular Brasileira que é tão rica em suas 
formas em algumas páginas, mas trataremos do tema para que você possa a 
partir dos conceitos aqui discutidos e exemplos dados, construir suas próprias 
concepções, incluí-las nos conteúdos escolares e ver todas as manifestações 
populares a partir de um novo olhar.
Na elaboração deste Caderno de Estudos, realizamos uma parceria 
interessante, pois ambas somos professoras de artes, no entanto, temos 
formações em áreas diferentes, uma em Artes Plásticas e outra em Música.
Ao longo de todo o caderno, esperamos dialogar com as possibilidades 
de utilização deste conteúdo no ensino da Arte.
Um abraço e bons estudos!
Prof.a Emanuele Cristina Siebert
Prof.a Ligia Karina Meneghetti Chiarelli
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto 
para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos 
materiais ofertados a você e dinamizar ainda 
mais os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza 
materiais que possuem o código QR Code, que 
é um código que permite que você acesse um 
conteúdo interativo relacionado ao tema que 
você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, 
acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor 
de QR Code. Depois, é só aproveitar mais essa 
facilidade para aprimorar seus estudos!
UNI
V
VI
VII
sumário
UNIDADE 1 – CULTURA ................................................................................................................... 1
TÓPICO 1 – CULTURA POPULAR ................................................................................................... 3 
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 3
2 CULTURA ............................................................................................................................................ 3
2.1 CULTURA ERUDITA ............................................................................................................. 8
2.2 CULTURA DE MASSA ........................................................................................................... 9
2.3 CULTURA POPULAR ............................................................................................................ 10
3 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES ..................................................................................................... 11
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 12
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 13
TÓPICO 2 – FORMAÇÃO CULTURAL DO POVO BRASILEIRO ............................................ 15
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 15
2 PRIMEIROS HABITANTES ............................................................................................................ 15
3 UMA NOVA CULTURA SE INSTALA .......................................................................................... 17
3.1 A COLONIZAÇÃO .................................................................................................................. 17
3.2 CHEGADA DA FAMÍLIA REAL ........................................................................................ 20
4 OS AFRICANOS ................................................................................................................................ 20
5 A IMIGRAÇÃO .................................................................................................................................. 26
6 INDUSTRIALIZAÇÃO E URBANIZAÇÃO ................................................................................ 29
6.1 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES .......................................................................................... 30
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 33
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 34
TÓPICO 3 – EDUCAÇÃO E PLURALIDADE CULTURAL ......................................................... 37
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 37
2 EDUCAÇÃO ....................................................................................................................................... 37
2.1 TEMAS TRANSVERSAIS: PLURALIDADE CULTURAL ........................................ 39
2.2 HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA E INDÍGENA NA ESCOLA ..... 42
3 LEIS DE INCENTIVO À CULTURA .............................................................................................. 44
3.1 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES .......................................................................................... 45
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................45
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 48
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 49
UNIDADE 2 – ARTE POPULAR ........................................................................................................ 51
TÓPICO 1 – FOLCLÓRICO E POPULAR ........................................................................................ 53
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 53
2 CULTURA POPULAR E FOLCLORE............................................................................................. 53
3 MOSAICO ........................................................................................................................................... 56
3.1 ESPORTE ..................................................................................................................................... 57
3.2 CULINÁRIA ............................................................................................................................... 58
VIII
3.3 BEBIDAS ...................................................................................................................................... 61
3.3.1 Bebidas regionais ................................................................................................................. 64
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 66
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 70
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 71
TÓPICO 2 - MÚSICA POPULAR ...................................................................................................... 73
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 73
2 DEFINIÇÕES ...................................................................................................................................... 73
3 HISTÓRICO DA MÚSICA POPULAR NO BRASIL .................................................................. 74
3.1 ORIGENS ..................................................................................................................................... 75
3.2 DA ÉPOCA DE OURO À ERA DOS FESTIVAIS ........................................................... 77
3.3 DA TROPICÁLIA AOS DIAS ATUAIS ............................................................................ 81
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 85
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 86
TÓPICO 3 - ARTE E ARTESANATO ................................................................................................ 89
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 89
2 ARTE X ARTESANATO ................................................................................................................... 90
2.1 O ARTESANATO NO BRASIL ............................................................................................ 93
3 CERÂMICA ......................................................................................................................................... 95
3.1 CERÂMICA UTILITÁRIA ..................................................................................................... 95
3.2 CERÂMICA FIGURATIVA ................................................................................................... 98
4 TRANÇADOS .................................................................................................................................... 100
5 RENDAS E BORDADOS ................................................................................................................. 101
6 PINTURA PRIMITIVA ..................................................................................................................... 103
7 ENTALHE ............................................................................................................................................ 104
8 GRAVURAS ........................................................................................................................................ 106
9 A ARTE POPULAR E ERUDITA ..................................................................................................... 107
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 108
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 113
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 114
UNIDADE 3 – FOLCLORE ................................................................................................................. 117
TÓPICO 1 - ARQUITETURA, RELIGIOSIDADE E LITERATURA POPULAR ...................... 119
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 119
2 ARQUITETURA ................................................................................................................................. 119
3 RELIGIOSIDADE .............................................................................................................................. 122
3.1 RITOS DE PASSAGEM .......................................................................................................... 126
4 CRENDICES E SUPERsTIÇÕES ..................................................................................................... 127
4.1 AMULETOS ................................................................................................................................ 128
4.2 SIMPATIA ................................................................................................................................... 128
5 MEDICINA POPULAR ..................................................................................................................... 129
5.1 ERVAS, RAÍZES E FRUTAS .................................................................................................. 130
6 LITERATURA POPULAR ................................................................................................................ 131
6.1 MITOS E LENDAS ................................................................................................................... 132
6.2 DITADOS OU PROVÉRBIOS ............................................................................................... 133
6.3 DÍSTICOS DE CAMINHÃO ................................................................................................. 134
6.4 PARLENDAS ............................................................................................................................. 135
6.5 TRAVA-LÍNGUAS .................................................................................................................... 136
6.6 ADIVINHAS .............................................................................................................................. 136
IX
6.7 CORDEL ......................................................................................................................................137
6.8 PÃO - POR - DEUS .................................................................................................................... 139
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 140
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 142
TÓPICO 2 - FESTAS POPULARES E MÚSICA FOLCLÓRICA .................................................. 145
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 145
2 FESTAS POPULARES ....................................................................................................................... 145
2.1 CARNAVAL ................................................................................................................................ 146
2.2 FESTAS JUNINAS.................................................................................................................... 148
3 MÚSICA FOLCLÓRICA .................................................................................................................. 149
4 INSTRUMENTOS MUSICAIS ....................................................................................................... 153
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 155
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 159
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 160
TÓPICO 3 - PRESERVAÇÂO, TURISMO E PESQUISA .............................................................. 161
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 161
2 PATRIMÔNIOS CULTURAIS DO BRASIL ................................................................................. 161
2.1 PATRIMÔNIOS MATERIAIS ............................................................................................... 162
2.2 PATRIMÔNIOS IMATERIAIS ............................................................................................. 162
3 PATRIMÔNIOS DA HUMANIDADE NO BRASIL ................................................................... 164
4 CULTURA POPULAR E TURISMO .............................................................................................. 165
5 PESQUISA ........................................................................................................................................... 166
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 168
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 170
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 171
TÓPICO 4 - SALA DE AULA.............................................................................................................. 173
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 173
2 PESQUISANDO NA COMUNIDADE .......................................................................................... 173
3 PORTFÓLIO OU AUTOBIOGRAFIA FOLCLÓRICA ............................................................... 174
4 LIVRETO DE CORDEL .................................................................................................................... 177
5 FOTOGRAFANDO A ARQUITETURA DA CIDADE ............................................................... 179
6 A MISCIGENAÇÃO ÉTNICA E O RESPEITO ÀS DIFERENÇAS .......................................... 180
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 184
RESUMO DO TÓPICO 4..................................................................................................................... 188
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 189
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 191
X
1
UNIDADE 1
CULTURA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir desta unidade, você será capaz de:
• definir cultura popular;
• diferenciar cultura popular, cultura de massa e cultura erudita;
• contextualizar como se deu a formação da cultura brasileira, traçando um 
paralelo com a cultura contemporânea;
• inserir o tema transversal Pluralidade Cultural em seu planejamento de 
ensino enquanto professor;
• conhecer as leis de incentivo à cultura
Esta primeira unidade está dividida em três tópicos. No final de cada um 
deles, você encontrará um resumo e atividades que o(a) auxiliarão na fixação 
dos conteúdos que contribuirão para reflexão e análise dos estudos realizados.
TÓPICO 1 – CULTURA POPULAR
TÓPICO 2 – FORMAÇÃO CULTURAL DO POVO BRASILEIRO
TÓPICO 3 – EDUCAÇÃO E PLURALIDADE CULTURAL
Assista ao vídeo 
desta unidade.
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
CULTURA POPULAR
1 INTRODUÇÃO
2 CULTURA
A cultura é um fenômeno em construção, não está acabada em si. Ela se 
projeta em transformação constante. Vários autores tratam como sinônimas as 
palavras cultura popular, cultura de massa e folclore. No entanto, compreendemos 
que são palavras distintas e trazemos aqui alguns autores que nos auxiliarão a 
conceituar “cultura popular”. 
Neste tópico, primeiramente, discutiremos o conceito de cultura e em 
seguida, a especificidade da cultura popular. 
A expressão “cultura” é utilizada quando nos referimos ao que é 
produzido pelo homem em contraposição ao que é dado pela natureza, pois 
somos seres sociais e aprendemos uns com os outros. Se não convivêssemos com 
outros indivíduos desde o nosso nascimento, certamente não sobreviveríamos ou 
nos comportaríamos como animais. Isso porque não nascemos humanos, mas nos 
tornamos humanos. A presença de outro adulto, geralmente os pais, ensinando-
nos a falar, a comer, a brincar, entre outras atividades, nos permitiu aprender 
e, independente da idade, continuamos a aprender um pouco a cada dia. Esses 
ensinamentos e os hábitos que adquirimos são CULTURA. Assim, o que não é 
dado pela natureza, o que não é biológico, mas que é dado pelo homem, produto 
da vida coletiva, é cultural. (VYGOTSKY, 2003) (SANTOS, 1983). Ou seja, andar, 
comer e chorar são necessidades biológicas e em qualquer parte do mundo elas 
estão presentes onde há a presença dos homens.
UNIDADE 1 | CULTURA
4
FONTE: Disponível em: <noticias.r7.com/.../files/2009/11/choro.jpg>. Acesso 
em: 2 maio 2010.
Já, os demais instrumentos e signos são culturais, pois são criados pelo 
homem e têm perpassado gerações, por isso sobreviveram. Um exemplo são os 
instrumentos que usamos para comer, pois, biologicamente levaríamos a boca até 
a comida, como o fazem os animais ou comeríamos com as mãos. Mas, o homem, 
criou instrumentos para comer e que são diferentes em alguns povos. Há povos 
que como os japoneses, comem com hashi (palitos de madeira), já há outros, como 
os europeus, usam o garfo.
FONTE: Disponível respectivamente em: <www.objetosdedesejo.com/.../09/gold_hashi1.
jpg> e <quintosabor.files.wordpress.com/2008/05/garfo.jpg>. Acesso em: 2 maio 2010.
Na história da psicologia, já foram registrados alguns casos de crianças 
quecresceram fora do convívio com outros seres humanos pelos mais diversos 
motivos e no qual, seus corpos resistiram. Mas, consequentemente não aprenderam 
FIGURA 1 – O CHORO É UMA NECESSIDADE BIOLÓGICA 
FIGURA 2 – HASHI E GARFO, EXEMPLOS DE INSTRUMENTOS CULTURAIS USADOS PARA COMER 
TÓPICO 1 | CULTURA POPULAR
5
a falar, escrever, a serem sociáveis como os demais de sua espécie, ou seja, não 
adquiriram hábitos culturais comuns a grupos da espécie humana; aprenderam 
e passaram a ter comportamentos característicos dos animais com os quais 
conviveram. Segundo EDUC (2010), são expostas histórias de crianças selvagens, 
criadas por animais em vários lugares do mundo, entre os quais citamos:
• A menina portuguesa Isabel, encontrada em 1980 que passou a infância em um 
galinheiro. Tinha características físicas e comportamentais como as dos galináceos 
(posição dos braços idênticos às asas da galinha, dentição formada como se fosse 
um bico e balançava os braços como se fossem asas).
• Um menino de 12 anos foi encontrado em 1973 vivendo com um grupo de macacos 
no Sri Lanka. Ele, gruía, uivava, andava de quatro e se sentava como um macaco.
Isso que lhe parece improvável em pleno século XXI? Não se engane, leia 
a seguir a manchete datada de 27 de junho de 2009.
FONTE: Disponível em: <http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL1175549-5602,00-ME-
NINA+RUSSA+QUE+VIVIA+TRANCADA+COM+CAES+E+GATOS+RECUPERASE+DIZEM+-
MEDICOS.html>. Acesso em: 9 maio 2010.
FIGURA 3 – MANCHETE DE JORNAL
DICAS
Titulo original: (Nell)
Lançamento: 1994 (EUA) 
Direção: Michael Apted 
Gênero: Drama
Sinopse: Uma jovem (Jodie Foster) é encontrada em uma casa 
na floresta, onde vivia com sua mãe eremita, mas o médico (Liam 
Neeson) que a encontra após a morte da mãe constata que 
ela se expressava em um dialeto próprio, evidenciando que até 
aquele momento ela não havia tido contado com outras pessoas. 
Intrigado com a descoberta e ao mesmo tempo encantado com 
a inocência e a pureza da moça, ele tenta ajudá-la a se integrar na 
sociedade.
UNIDADE 1 | CULTURA
6
Segundo Santos (1983, p.27) a palavra cultura é “de origem latina e em 
seu significado original está ligada às atividades agrícolas. Vem do verbo latino 
colere, que quer dizer cultivar”. Ou seja, o que é criado pelo homem e por este 
cultivado através do repasse pelas gerações, diz respeito ao seu modo de ser e de 
viver. Portanto, a cultura está relacionada com nosso modo de viver, manusear 
os bens materiais, morar, comer, pensar etc. Assim, podemos afirmar que onde há 
agrupamentos humanos, há cultura, pois cada grupo procura uma organização 
e a cultura surge da necessidade do homem em encontrar soluções para o dia a 
dia. Para Santos (1983, p. 8), “cada realidade cultural tem sua lógica interna a qual 
devemos procurar conhecer para que façam sentido as suas práticas, costumes, 
concepções e as transformações pelas quais passam”.
 
Tomamos por exemplo a linguagem que também integra a cultura do 
homem, de um país ou de uma determinada região. Te dua, Je t’aime, Hum Tumhe 
Pyar Karte hae, Aishiteru e Te quiero. Você compreendeu algo ao ler? Talvez uma 
porcentagem irrisória de acadêmicos compreenda as palavras citadas por já 
terem estudado algum desses idiomas, mas, para a maioria, inclusive para nós 
autoras, as palavras nos são estranhas por não termos aprendido essas línguas 
e não fazerem parte do nosso cotidiano. As palavras acima traduzidas para o 
português, nosso idioma oficial, significam “te amo”, nas respectivamente 
línguas: albanês, francês, indiano, japonês e espanhol. 
Se você conseguiu ler até aqui é por que aprendeu a codificar os signos, 
ou seja, as letras, pois o que está escrito poderiam ser apenas manchas no papel, 
mas, culturalmente, elas têm um significado. As línguas falada e escrita também 
são integrantes da cultura, pois são uma convenção de signos entre os integrantes 
de uma mesma sociedade. 
Segundo Santos (1983, p. 8), “cada realidade cultural tem sua lógica 
interna, que devemos conhecer para que façam sentido suas práticas, costumes, 
concepções e as transformações pelas quais passam. É preciso relacionar a 
variedade de procedimentos culturais com os contextos em que são produzidos. 
As variações nas formas de família, por exemplo, ou nas maneiras de habitar, 
de se vestir ou de distribuir os produtos do trabalho não são gratuitas. Fazem 
sentido para os agrupamentos humanos que as vivem, são resultado de sua 
história, relacionam-se com as condições materiais de sua existência. Entendido 
assim, o estudo da cultura contribui no combate a preconceitos, oferecendo uma 
plataforma firme para o respeito e a dignidade nas relações humanas”.
Você já estudou cultura no Caderno de Psicologia e Sociologia. Vale a 
pena dar novamente uma olhada!
TÓPICO 1 | CULTURA POPULAR
7
Cultura diz respeito à humanidade como um todo e, ao mesmo tempo, a 
cada um dos povos, pois cada região possui particularidades e uma caminhada 
histórica. A cultura pode ser subdividida em três áreas: erudita, popular e de massa. 
São áreas que explicaremos separadamente por serem propagadas por diferentes 
meios e atingirem diferentes camadas da sociedade, mas que se relacionam entre 
si, confundindo-se muitas vezes. Conforme a Figura 4, ainda podemos subdividir 
a cultura popular em folclore. Quanto ao folclore, dedicaremos uma unidade 
deste caderno à cultura popular.
FONTE: As autoras
Vejamos o significado de cada uma destas áreas e seus exemplos.
FIGURA 4 – A CULTURA E SUAS DIVISÕES POR ÁREAS DE ABRANGÊNCIA
DICAS
Sugestão de leitura: “O que é Cultura” de José Luiz dos Santos. 
Livro de fácil compreensão que explica como a cultura surgiu e se modificou 
ao longo da história.
UNIDADE 1 | CULTURA
8
2.1 CULTURA ERUDITA
A cultura erudita é geralmente associada com as classes dominantes. Há 
um processo de legitimação, geralmente dado por instituições acadêmicas, tais 
como universidades e especialistas (engenheiros, advogados, médicos, críticos 
de arte, historiadores, cientistas etc.). Abrange uma minoria da população e exige 
estudo e pesquisa.
Parte da cultura erudita, outrora já foi popular, pois pensamos em muitas 
obras de arte que foram produzidas por artesãos, mas que na contemporaneidade 
integram Museus aos quais apenas uma minoria da população tem acesso e 
compreensão. Outro exemplo que podemos dar é que parte do conhecimento 
que integra a cultura erudita teve seu início nas crenças populares, pois acerca da 
criação do universo, a cultura popular tem várias versões, no entanto, os cientistas, 
antropólogos e arqueólogos já encontraram evidências e desenvolveram pesquisas 
que dão outras versões, entre os quais, está a Teoria do Big Bang.
A arte e as questões que a envolvem como a estética, a história da arte, 
bem como o acesso e a compreensão das obras também são questões culturais que 
compõem a cultura erudita, pois estas passam por um processo de legitimação e 
apenas uma pequena parcela da população compreende e tem acesso a essa área 
de conhecimento.
 
Comumente é na escola que temos acesso à cultura erudita, mas seu acesso 
também pode ser dado por meio de leituras, documentários, visitas a locais como 
museus, galerias, bibliotecas etc.
FONTE: Disponível em: <http://correiociencia.files.wordpress.com/2009/10/
ciencia.jpg>. Acesso em: 30 maio 2010.
FIGURA 5 – ESTUDOS CIENTÍFICOS, PESQUISAS E REGISTROS HISTÓRICOS 
INTEGRAM A CULTURA ERUDITA
TÓPICO 1 | CULTURA POPULAR
9
2.2 CULTURA DE MASSA
Até o surgimento das tecnologias, falava-se apenas em cultura erudita 
e cultura popular, mas com as novas tecnologias e o poder de difusão das 
informações, surge a cultura de massa. Esta não está vinculada a algum grupo 
específico, pois atinge todas as camadas sociais e é fornecida pela indústria 
cultural, ou seja, os meios de comunicaçãoentre os quais está o rádio, a televisão, 
o cinema, as revistas, as músicas, a internet e os jornais. Na cultura de massa, 
“tais meios de comunicação não só transmitem informações, não só apregoam 
mensagens. Eles também difundem maneiras de se comportar, propõem estilos 
de vida, modos de organizar a vida cotidiana, de arrumar a casa, de se vestir, 
maneiras de falar e de escrever, de sonhar, de sofrer, de pensar, de lutar, de amar”. 
(Santos, 1983, p. 69) A cultura de massa pregoa o consumismo, é só pensarmos 
quando os meios de comunicação divulgam um novo modelo de carro ou estreia 
uma telenovela, logo, o carro passa a ser o sonho de consumo de muitas famílias 
e as vitrines das lojas passam a exibir roupas no estilo dos personagens das 
novelas, influenciando deste o modo de falar até a cor do esmalte. Com certeza, 
você também já foi influenciado pela mídia, pois já deve ter visto uma roupa 
que lhe pareceu feia, mas que depois de ver seu artista preferido usando, acabou 
comprando uma peça também; ou ouviu as expressões “cada mergulho é um 
flash”, “é nóis na fita”, “mármore do inferno”, todas as expressões usadas na 
televisão, mas que se popularizaram. 
O poder da indústria cultural é tanto, que muitas pessoas acabam perdendo 
a cultura em que foram criados ou modificam-na drasticamente. A cultura de 
massa procura homogeneizar a sociedade, fazendo com que todos pensem, se 
vistam e falem da mesma maneira.
Veja a charge a seguir e reflita sobre a influência da mídia e 
consequentemente sobre a cultura de massas.
UNIDADE 1 | CULTURA
10
FONTE: Disponível em: <www.apoioescola.com.br/lumis/portal/file/fileDownload.
jsp?fileId>. Acesso em: 20 jun. 2010.
2.3 CULTURA POPULAR
A cultura popular diz respeito ao que pertence à maioria do povo, que 
atinge a maior parte da população e que não é ensinado em espaços formais de 
ensino. Comumente, dizemos que a cultura popular se opõe à cultura erudita e 
frequentemente é confundida com cultura de massa. A cultura popular é aquela 
que surge como resolução de problemas cotidianos e é criada pelo povo e para o 
povo. Sua construção é histórica e pode abranger crenças, modos de viver, pensar 
etc. Cada povo produz sua própria cultura e por isso, cada país, estado, cidade ou 
bairro possui uma cultura própria, diferente, peculiar. 
Segundo Ayala e Ayala (1987, p. 66) “a cultura popular não constitui um 
sistema, no mesmo sentido em que se pode falar de sua existência na cultura 
erudita – um conjunto de produções artísticas, filosóficas, científicas etc., 
elaboradas em diferentes momentos históricos e que têm como referência o que 
foi realizado anteriormente [...]. As próprias condições de existência dos grupos 
subalternos das sociedades de classes implicam não só a desigualdade de acesso 
aos produtos da cultura dominante, mas também a falta de meios materiais de 
registro duradouro de sua produção cultural (desde a escrita aos modernos 
FIGURA 6 – CONSUMISMO PROPAGADO PELA MÍDIA E QUE RESULTA NA CUL-
TURA DE MASSA – CHARGE DE QUINO COM A PERSONAGEM MAFALDA
TÓPICO 1 | CULTURA POPULAR
11
3 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
instrumentos de registro sonoro e visual). A documentação da cultura popular, 
por conseguinte, depende da memória, que tem seus limites, ou do registro 
realizado por estudiosos, fragmentário e dirigido por critérios diferentes dos que 
são próprios aos grupos subalternos”.
A cultura popular, aqui discutida, limitar-se-á ao limite geográfico 
do Brasil. Por isso, o Caderno de Estudos foi denominado de Cultura Popular 
Brasileira. Apesar de geograficamente dividirmos o Brasil em regiões, o conteúdo 
desta disciplina focará a Cultura Popular Brasileira em geral, pois existem fatores 
que não permitem uma delimitação cultural, tal como a geográfica. Dentre os 
fatores estão a migração de pessoas entre as regiões do Brasil e a grande circulação 
de informações por meio da televisão, internet, revistas, jornais e rádio. Hoje, não 
podemos dizer que aquele estado tem a cultura X, pois a cultura não é estática e 
com o grande fluxo migratório, um costume que antes se delimitava apenas ao 
Nordeste, pode ser praticado e se difundir pelas demais partes do país.
 
Ainda de acordo com Santos (1983), a principal vantagem de estudar 
a cultura é pelo fato de contribuir para o entendimento dos processos de 
transformação por que passam as sociedades contemporâneas.
É importante ressaltar que, apesar de dividirmos a cultura em áreas, 
não podemos hierarquizá-las, pois todas surgem em determinados momentos 
históricos e têm sua devida importância para a história e sua construção social e 
cultural. O que pode ser perdido na oralidade (cultura popular) fica registrado 
em livros (através da cultura erudita) e o que poderia ficar restrito a apenas uma 
camada da sociedade ou região, pode ser difundida e abranger a maior parte da 
população (cultura de massa).
Ao longo da nossa vida temos experiências culturais únicas, visto que o 
contexto em que estamos inseridos é diferente e nossas experiências também se 
encaixam no mesmo pensamento. Diariamente nos relacionamos com diferentes 
grupos culturais, pois há o grupo familiar, há o grupo de amigos, o grupo religioso 
etc. Cada grupo mantém uma orientação, um modo culturalmente diferente. Essas 
diferenças podem ser facilmente percebidas quando vamos à casa do vizinho e 
percebemos que seus hábitos alimentares, sua maneira de tratar os membros da 
família ou até mesmo o sotaque e algumas expressões da fala são diferentes da 
nossa família. Convivemos diariamente com outros hábitos culturais e precisamos 
respeitá-los. 
Segundo Santos (1983, p. 8) “saber em que medida as culturas variam e 
quais as razões da variedade das culturas humanas são questões que provocam 
muita discussão [...] e é sempre fundamental entender os sentidos que uma 
realidade cultural faz para aqueles que a vivem. De fato, a preocupação em 
entender isso é uma importante conquista contemporânea”.
12
Neste tópico, você viu que:
• Cultura é o que é produzido pelo homem e por este repassado por gerações, 
podendo ser a fala, a escrita, o modo de viver, de comer, suas crenças etc. 
Dizemos também que cultural é o que contrapõe as reações biológicas. 
• A cultura erudita restringe-se a apenas uma pequena parcela da população e 
geralmente é o conhecimento legitimado em academias e o que é cientificamente 
comprovado. Geralmente é registrada por meio de livros ou gravações e seu 
acesso é restrito. 
• Cultura de massa surge com as tecnologias e é controlada pela indústria 
cultural que promove seus produtos e incita ao consumismo. Essa cultura não 
foca as particularidades culturais e procura uma homogeneização da cultura.
• Cultura popular é o conhecimento que integra a maior parte da população, 
que pertence à maior parte do povo. Sua divulgação dá-se principalmente por 
meio oral e por vezes perpassa gerações. Surge como solução para problemas 
diários.
RESUMO DO TÓPICO 1
13
1 Com base nas discussões realizadas neste tópico, observe as charges a seguir 
e pontue algumas considerações acerca da cultura expressa pelas ilustrações:
a)
AUTOATIVIDADE
FONTE: Quino. Toda Malfada: [tradutores Andréa Stahel M. da Silva...etc. al.]. São Paulo: Mar-
tins Fontes, 1993.
b)
c)
FONTE: Autor desconhecido
FONTE: Disponível em: <http://www.radicci.com.br/tirinhas.asp#nono>. Acesso em: 3 jul. 2010.
FIGURA 7 – CHARGES
FIGURA 8 – CHARGES
FIGURA 9 – CHARGE - NONO 
14
2 Agora, a partir das discussões iniciadas neste tópico, reflita sobre as 
diferentes culturas no espaço escolar e o importante papel da escola perante 
essas diferenças. Depois, registre suas reflexões para serem discutidas com 
seus colegas.
Assista ao vídeo de
resolução da questão 1
15
TÓPICO 2
FORMAÇÃO CULTURAL DO POVO BRASILEIRO
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO2 PRIMEIROS HABITANTES
No último tópico, conceituamos cultura e diferenciamos a cultura popular 
da erudita e de massa. Neste tópico, abordaremos como se formou o povo 
brasileiro e consequentemente a cultura brasileira. 
Você perceberá, o quanto recebemos influência dos indígenas que aqui 
viviam antes do “descobrimento” de 1500, dos europeus que aqui se estabeleceram 
como colonizadores, dos africanos do período colonial escravista que para 
cá foram trazidos e tratados desumanamente e pela imigração de europeus e 
asiáticos que vieram como trabalhadores assalariados. 
Neste tópico, você perceberá que a Cultura Popular Brasileira é o resultado 
de uma miscigenação de raças e culturas. Sugerimos que você reveja os estudos 
já realizados na disciplina de arte brasileira, pois não entraremos em pormenores 
históricos ou artísticos. Focaremos apenas as questões culturais, seja, em relação 
à culinária, ao modo de vida, língua ou crenças.
Os indígenas encontrados no litoral pelos portugueses eram principalmente 
da tribo tupi. Aqui, eles davam os primeiros passos na agricultura, derrubando 
árvores com seus machados de pedra, limpando o terreno com queimadas e 
cultivando milho, batata-doce, cará, feijão, amendoim, tabaco, abóbora, urucum, 
algodão, cabaças, pimentas, abacaxi, mamão, erva-mate, guaraná, entre muitas 
outras plantas. Eles também cultivavam dezenas de plantas frutíferas, como o 
caju e o pequi. A agricultura lhes permitia ter alimentos disponíveis durante 
todo o ano e dependerem dos alimentos ao acaso, apenas através da caça e pesca. 
Todos auxiliavam no cultivo, exceto alguns religiosos (pajés e caraíbas) e chefes 
guerreiros (tuxuás). (RIBEIRO, 1995)
UNIDADE 1 | CULTURA
16
Entre as plantas consideradas selvagens e cultivadas pelos indígenas 
estava a mandioca, que atualmente é conhecida no Brasil também por macaxeira 
e aipim. Seu cultivo e consumo foram considerados uma façanha por ser uma 
planta venenosa. Pois, além de cultivar, se precisa retirar o ácido cianídrico para 
torná-la comestível. A mandioca é considerada uma planta preciosa porque se 
mantém na terra por meses e não precisa ser colhida e estocada. Da mandioca, os 
índios produziam o cauim, bebida indígena fermentada com alto teor alcoólico. 
Atualmente, essa bebida é pouco conhecida no Brasil, sendo consumida apenas 
no estado do Maranhão. (RIBEIRO, 1995).
Os indígenas conheciam o poder das plantas e ervas, sendo estas usadas 
como remédios, estimulantes, tônicos, cicatrizantes, venenos e uso em cerimônias 
(drogas).
Os índios viviam em uma sociedade solidária, tranquila. As mulheres 
teciam redes ou trançavam cestos. Os homens caçavam e ambos adornavam seus 
corpos com urucum e plumas. A divisão social era diferente, pois todos recebiam 
o mesmo tratamento, tinham o mesmo direito e a terra era de todos. Cada aldeia 
era composta de 4 a 10 ocas, onde viviam cerca de 300 a 400 pessoas de várias 
famílias, dormindo em redes ou esteiras. (RIBEIRO, 1995).
UNI
UNI
Muitas das frutas consideradas típicas brasileiras como a banana, não são 
nativas daqui. Entre as nativas estão: caju, cajá, umbu, buriti, babaçu, jatobá, goiaba, pitanga, 
jabuticaba, jenipapo e maracujá.
Existem diversas variedades da mandioca, popularmente elas são divididas em 
doce e brava, de acordo com a presença do ácido cianídrico que é considerado venenoso 
e que somente é destruído pelo calor.
TÓPICO 2 | FORMAÇÃO CULTURAL DO POVO BRASILEIRO
17
FONTE: Disponível em: <http://www.historiadaarte.com.br/imagens/rede.jpg>. 
Acesso em: 9 jul. 2010.
3 UMA NOVA CULTURA SE INSTALA
3.1 A COLONIZAÇÃO
FIGURA 10 – REDE FEITA COM FIBRA VEGETAL: A “CAMA” DE BOA PARTE DAS TRIBOS
Os índios perceberam a chegada do europeu como um acontecimento 
espantoso, imaginando ser gente do seu deus sol, o criador – Maíra. Porém, para 
os índios, eram estranhos aqueles homens barbudos, feios e fétidos saídos do mar. 
Os índios tomavam banho várias vezes ao dia em riachos, lagos e rios, enquanto 
que os europeus tinham o hábito de ficar dias sem banhar-se. Eles também não 
conheciam doenças, além da coceira. Os brancos trouxeram desde a cárie dental, 
as doenças da bexiga, a tuberculose, a coqueluche e o sarampo. (RIBEIRO, 1995).
Os brancos viviam com as mãos e naus cheias de presentes (machados, 
facas, facões, canivetes, tesouras, espelhos e também, miçangas cristalizadas). 
Os índios se encantavam com esses objetos e como não sabiam produzi-los, eles 
pagavam o preço que os brancos pediam. (RIBEIRO, 1995).
Para os brancos, a vida era sofrida e todos estavam condenados ao trabalho 
e subordinados ao lucro. Armados, se sentiam poderosos e donos do mundo e o 
que mais desejavam era fornicar com as índias e fazê-las trabalhar em suas roças, 
enquanto, os índios cortavam e juntavam árvores de pau-brasil. (RIBEIRO, 1995). 
Juntamente com os primeiros europeus, vieram os jesuítas da Companhia 
de Jesus, que tinham por objetivo principal levar o catolicismo às novas terras, 
catequizando os índios e ensinando-lhes os costumes europeus. 
Além dos jesuítas missionários, outras ordens religiosas como os 
carmelitas, beneditinos e franciscanos também vieram para a América, mas foram 
os padres jesuítas que tiveram papel fundamental na catequização dos indígenas. 
(PILETTI; PILETTI, 2002).
UNIDADE 1 | CULTURA
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Segundo Ribeiro (1995, p. 81), “a instituição social que possibilitou a 
formação do povo brasileiro foi o cunhadismo, velho uso indígena de incorporar 
estranhos à sua comunidade”. Como cada índio poderia ter quantas esposas 
pudesse sustentar e aqui praticamente quem desembarcou foram apenas homens 
europeus, estes se casavam com as índias e cada um podia fazer vários desses 
casamentos. O cunhadismo foi uma das maneiras mais fáceis e vantajosas 
do branco, ao mesmo tempo recrutar mão de obra para os trabalhos pesados, 
cortar madeira, transportá-las, carregá-las aos navios e também caçar e amestrar 
papagaios. Outro fato, que incitava o cunhadismo era que, para cá, não vieram 
mulheres europeias solteiras. Porém, esta prática tinha o defeito de ser acessível 
a qualquer europeu desembarcado junto às aldeias indígenas. (RIBEIRO, 1995).
Com o aumento da necessidade da mão de obra, os brancos passaram 
do cunhadismo às guerras de captura dos índios, tornando os índios escravos. 
Ainda, segundo Ribeiro (1995), a função do cunhadismo na formação do povo 
brasileiro foi fazer surgir a numerosa camada de gente mestiça que efetivamente 
ocupou o Brasil. 
A língua falada até meados do século XVII era o “nheengatu”, que era 
uma língua aprendida com os índios e falada com jeito de boca de português. 
(POVO BRASILEIRO, 2010).
“No ventre das mulheres indígenas começavam a surgir seres que 
não eram indígenas, meninas prenhadas pelos homens brancos [...] que 
sabiam que não eram índios... que não eram europeus. O europeu não 
aceitava como igual. O que era? [...]. O que significavam eles do ponto 
de vista étnico? Eles seriam a matéria com a qual se faria no futuro os 
brasileiros...” 
FONTE: Ribeiro (1995) apud Povo Brasileiro (2010)
TÓPICO 2 | FORMAÇÃO CULTURAL DO POVO BRASILEIRO
19
Como de um lado estavam os jesuítas tentando catequizar os índios, 
tentando vesti-los, e tirando-os de modos tão rudimentares e cheios de pecados 
(segundo os parâmetros europeus), do outro, os senhores do engenho que aqui se 
instalavam e começaram o cultivo da cana-de-açúcar, capturavam e escravizavam-
nos. Como resultado: extermínio e fuga dos indígenas para o interior. (CASA-
GRANDE & SENZALA, 2010).
Na busca por mais riqueza, em especial dos minérios e na caçada ao 
indígena, o interior do Brasil foi explorado e povoado, tendo assim, seu território 
ampliado. As bandeiras de exploração, em sua maioria levavam mais de duas mil 
pessoas. Eram homens e mulheres, famílias inteiras de mestiços que iam fazendoroça de milho e feijão pelo caminho, fundando vilarejos, caçando e pescando pra 
comer. (POVO BRASILEIRO, 2010).
Fora de seu habitat natural, o índio não se adaptava como escravo: morria 
de infecções, fome e tristeza. Para suprir a deficiência da mão de obra escrava, os 
senhores de engenho começavam a importar negros caçados na África. Agora, as 
escravas negras substituíam as índias tanto na cozinha como na cama do senhor. 
Na agricultura, a presença do negro elevava a produção de açúcar e o preço do 
produto no mercado internacional. (CASA GRANDE & SENZALA, 2010).
É neste contexto que vive em Portugal o jovem Diogo, pintor que é contratado para 
ilustrar um mapa e, por ser enganado pela sedutora Isabelle, acaba sendo punido com a 
deportação na caravela comandada por Vasco de Athayde. Mas a caravela onde Diogo está 
acaba naufragando e ele, por milagre, consegue chegar ao litoral brasileiro. Lá conhece a 
bela índia Paraguaçu com quem logo inicia um romance temperado posteriormente pela 
inclusão de uma terceira pessoa: a índia Moema, irmã de Paraguaçu.
DICAS
Conheça de forma bem humorada o encontro 
dos costumes indígenas e europeus e também a prática do 
cunhadismo com o filme “Caramuru: a invenção do Brasil”.
Gênero:  Comédia 
Tempo:  85 minutos 
Lançamento:  2000 
Classificação:  12 anos 
Distribuidora:  Columbia Pictures
Sinopse: Em 1º de janeiro de 1500 um novo mundo é 
descoberto pelos europeus, graças a grandes avanços 
técnicos na arte náutica e na elaboração de mapas.
UNIDADE 1 | CULTURA
20
3.2 CHEGADA DA FAMÍLIA REAL
4 OS AFRICANOS
Ao transferir a sede do governo de Portugal para o Rio de Janeiro, D. João 
VI trouxe consigo a família real, parentes e funcionários do reino. Eram cerca de 
15 mil pessoas que consigo trouxeram coleções de arte, bibliotecas e documentos, 
além de objetos e bens pessoais. (PILETTI; PILETTI, 2002).
A vinda da família real trouxe mudanças significativas na economia do 
país com a construção de pontes, estradas, liberação dos portos e introdução 
de novas espécies de plantas para cultivo. Outras mudanças ocorreram na vida 
cultural da colônia, sendo que foram criados vários cursos como os de química, 
agricultura, cirurgia, desenho técnico etc. Foi fundada a Escola Real de Ciências, 
Artes e Ofícios e foi fundada a Biblioteca Real. (PILETTI; PILETTI, 2002).
Surge então, a cultura erudita, destinada apenas a uma pequena camada 
da população que poderia frequentar e estudar nestes espaços.
Os europeus iam à África e faziam grandes expedições de caça aos 
negros que lá viviam com uma vida muito parecida com a dos índios que aqui 
se encontram. Eles tinham sua cultura, sua língua, enfim, seu modo de viver. 
Trazidos do Sudão, da Costa do Marfim, da Nigéria, de Angola e de Moçambique, 
essa gente marcaria com sua cor e com sua força a fisionomia e a cultura brasileiras. 
No transporte para cá, em navios, metade morria na travessia, outros tantos na 
brutalidade da chegada, de tristeza, mas milhões deles incorporaram-se ao Brasil. 
(RIBEIRO 1995 apud POVO BRASILEIRO, 2010).
FONTE: Disponível em: <http://www.itaucultural.org.br>. Acesso em: 12 jul. 2010.
FIGURA 11 – ENGENHO MANUAL QUE FAZ CALDO DE CANA, 1822 (aquarela sobre 
papel, 17,6 x 24,5 cm. Autor: Debret) 
TÓPICO 2 | FORMAÇÃO CULTURAL DO POVO BRASILEIRO
21
O Brasil importava da África não somente os escravos que trabalhavam 
nos canaviais, mas também técnicos para as minas, donas de casa para os colonos, 
criadores de gado e comerciantes de panos e sabão. Os negros vindos das áreas 
de cultura africana mais adiantada eram elementos ativos e criadores e se pode 
dizer que eram questões nobres na colonização do Brasil, degradados apenas pela 
condição de escravos. (CASA GRANDE & SENZALA, 2010). 
Assim que desembarcavam no Brasil, os negros sobreviventes da travessia 
eram batizados e recebiam nomes católicos. (CULTURA BRASILEIRA, 2010).
A escravidão desenraizou o negro de seu meio social e desfez seus laços 
familiares. Além dos trabalhos forçados, ele era usado como reprodutor de 
escravos: era preciso aumentar o rebanho humano do senhor de engenho. As 
crianças nascidas eram logo batizadas e ainda assim consideradas gente sem 
alma. A Igreja, esteio dos poderosos, agia da mesma forma no tratamento dado 
ao negro. (CASA GRANDE & SENZALA, 2010).
As negras mais bonitas eram escolhidas pelos senhores para serem 
concubinas e domésticas. Muitas vezes, a beleza das negras incomodava a 
mulher branca, esposa do senhor do engenho e esta aplicava os mais variados 
castigos, como arrancar os dentes da escrava, caso estes fossem brancos e lhe 
incomodassem. As escravas na casa do senhor cumpriam as tarefas domésticas 
que seriam destinadas a uma mãe de família, como cozinhar, limpar a casa e 
cuidar dos filhos. (CASA GRANDE & SENZALA, 2010).
 “As damas da sociedade se casavam entre os doze e os quinze anos 
com homens muito mais velhos. O conhecimento que tinham da vida de 
casada, os acontecimentos de fora do engenho e outras histórias - nem 
sempre românticas - elas ouviam da boca das mucamas (escravas). O ócio 
e a vida reclusa faziam das sinhás mulheres amarguradas e ignorantes. Era 
raro encontrar uma que soubesse ler e escrever. A presença da negra na vida 
do menino vinha desde o berço, quando ela o amamentava e acalentava o 
seu sono. A ama de leite ensinava as primeiras palavras num português 
errado, o primeiro “pai nosso”, o primeiro “oxente”, e amaciava com a 
própria boca a comida do menino de engenho”. 
FONTE: (CASA GRANDE & SENZALA, 2010)
UNIDADE 1 | CULTURA
22
FONTE: Disponível em: <http://www.itaucultural.org.br>. Acesso em: 12 de jul. 2010.
FIGURA 12 – UMA SENHORA BRASILEIRA EM SEU LAR, 1823 (litografia aquarelada à 
mão 16 x 22 cm. Autor: Debret) 
“E esses negros não podiam falar um com o outro, veja esse 
desafio como é tremendo. Eles vinham de povos diferentes. Então, o único 
modo de um negro falar com o outro era aprender a língua do capataz, 
que nunca quis ensinar português. Milagrosa e genialmente esses negros 
aprenderam a falar português. Quem difundiu o português foi o negro, que 
se concentrou na área da costa de produção do açúcar e na área do ouro... 
Mas preste atenção: com os negros escravos vinham as molecas de 12 anos, 
bonitinhas. Uma moleca daquelas custava o preço de dois ou três escravos 
de trabalho. E os donos de escravos queriam muito comprar, e os capatazes 
também. Comprar uma moleca pra sacanagem. Mas essas molecas pariam 
filhos, e quem era o filho? Era como o filho da índia. Ele não era africano, 
visivelmente. Ele não era índio. Quem era ele? Ele também era um “zé 
ninguém” procurando saber o que era. Ele só encontraria uma identidade 
no dia em que se definisse o que é o brasileiro”. 
FONTE: (RIBEIRO, 1995 apud POVO BRASILEIRO 2010)
Os senhores de engenho casavam-se sucessivas vezes, sempre preferindo 
as jovens sobrinhas; exagerava-se, então, o sentimento da propriedade privada. 
As heranças eram disputadas por filhos legítimos e parentes próximos. Aos filhos 
bastardos, gerados nas casas-grandes e paridos na senzala, restava a tolerância 
do senhor, que ao morrer os libertava. Nomes e sobrenomes se confundiam: os 
escravos mais próximos, que ganhavam a simpatia do senhor, conseguiam adotar 
o sobrenome dos brancos. Na tentativa de ascensão social, os negros imitavam 
dos senhores as formas exteriores de superioridade. Mas muitos nomes ilustres 
TÓPICO 2 | FORMAÇÃO CULTURAL DO POVO BRASILEIRO
23
FONTE: Disponível em: <http://www.cliohistoria.hpg.ig.com.br/bco_imagens/
eckhout/eckhout.htm#>. Acesso em: 9 jul. 2010.
FIGURA 13 – ÍNDIO TARAIURI E ÍNDIO TUPI
de senhores brancos vinham dos apelidos indígenas e africanos das propriedades 
rurais - a terra recriava os nomes dos proprietários à sua imagem e semelhança. 
(CASA GRANDE & SENZALA, 2010).
As mães negras eas mucamas, aliadas aos meninos, às moças das casas-
grandes e aos moleques, corrompiam o português arcaico ensinado pelos jesuítas 
aos filhos do senhor. A nova fala brasileira não se conservava fechada nas salas 
de aula das casas-grandes, nem se entregava de todo à maior espontaneidade de 
expressão da senzala. Mas o modo carinhoso do brasileiro colocar os pronomes: 
me diga, me espere vêm do africano. Também do seu modo de falar ficaram as 
formas diminutivas: benzinho, nezinho, inhozinho. (CASA GRANDE & SENZALA, 
2010).
Era um novo jeito de falar, um novo jeito de andar, um novo jeito de comer... 
A culinária da senzala aproveitava as sobras de carnes da casa-grande, usava o 
aipim indígena e às verduras, misturava os temperos africanos, principalmente o 
dendê e a pimenta malagueta. Surgiam a feijoada, a farofa, o quibebe e o vatapá. 
Alimentos que combinavam com a dureza do trabalho no cativeiro. (CASA 
GRANDE & SENZALA, 2010).
 
O artista Albert Eckhout, quando esteve no Brasil, retratou os tipos 
humanos que aqui encontrou. Observe os tipos brasileiros aqui encontrados, bem 
como os acessórios que eles carregavam e suas vestimentas.
UNIDADE 1 | CULTURA
24
FONTE: Disponível em: <http://www.cliohistoria.hpg.ig.com.br/bco_ima-
gens/eckhout/eckhout.htm#>. Acesso em: 9 jul. 2010.
FONTE: Disponível em: <http://www.cliohistoria.hpg.ig.com.br/bco_ima-
gens/eckhout/eckhout.htm#>. Acesso em: 9 jul. 2010.
FONTE: Disponível em: <http://www.cliohistoria.hpg.ig.com.br/bco_ima-
gens/eckhout/eckhout.htm#>. Acesso em: 9 jul. 2010.
FIGURA 14 – ÍNDIAS TUPI
FIGURA 15 – HOMEM MESTIÇO (MAMELUCO) E MULHER MESTIÇA (MAMELUCA)
FIGURA 16 – MULHER AFRICANA E HOMEM AFRICANO
TÓPICO 2 | FORMAÇÃO CULTURAL DO POVO BRASILEIRO
25
UNI
Albert van der Eckhout (1610-1666), a convite do governador-geral do Brasil, o 
holandês Maurício de Nassau, viaja para o Brasil, onde permanece entre 1637 e 1644. Nesse 
período, Eckhout realiza sua principal obra, composta de oito representações em tamanho 
natural de habitantes locais e doze naturezas-mortas de frutas tropicais. Essa coleção, com 
que, em 1654, Maurício de Nassau presenteou seu primo Frederico III, rei da Dinamarca, 
pertence hoje ao Museu Nacional da Dinamarca. (Albert Eckhout, 2010)
FONTE: (RIBEIRO, 1995 apud POVO BRASILEIRO, 2010)
Na religião conviviam a cultura do senhor e a do negro. O catolicismo 
praticado aqui era uma religião doce, doméstica, de intimidade com os santos. Os 
padres se vangloriavam de conceder aos negros certas vantagens, como o direito 
de manifestar suas tradições nas festas do terreiro. Nasciam então as religiões e 
crenças afro-brasileiras: São Jorge é o orixá Ogum e Nossa Senhora é Iemanjá. 
(CASA GRANDE & SENZALA, 2010).
“Desde o princípio houve um partido de jesuítas que tinha uma 
utopia para os índios. Era fazer dos índios pios seráficos, religiosos, gente 
tão boa que era a melhor gente do mundo. Eles achavam que era a maneira 
de fazer o Paraíso na Terra. A religião pegou mesmo foi com as filhas das 
índias e das negras, as mestiças, que, não podendo satisfazer-se com a 
religião dos índios e dos negros, aceitavam e gostavam das novenas, das 
ladainhas, das missas, das procissões... E assim surgiu esse catolicismo 
santeiro e festeiro, que foi um belo catolicismo do Brasil [...].” 
FONTE: Disponível em: <http://www.itaucultural.org.br>. Acesso em: 12 jul. 2010.
FIGURA 17 – JOVENS NEGRAS INDO À IGREJA PARA SEREM BATIZADAS, 1821 (aqua-
rela sobre papel, 18,3 x 23,5 cm. Autor: Debret) 
UNIDADE 1 | CULTURA
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A descoberta do ouro mudou totalmente a vida da colônia. A mineração 
desbancou a indústria açucareira, que era então a principal atividade econômica. 
A sociedade estava estruturada nos moldes da fazenda - da casa-grande e da 
senzala - vivendo ao redor do senhor de engenho. O país prosperava graças ao 
trabalho escravo de três milhões de negros. O açúcar, no entanto, entrava em 
decadência pela concorrência internacional. (POVO BRASILEIRO, 2010).
Nestas terras, ricas em ouro e diamante, muitos escravos conseguiram 
comprar a liberdade e enriquecer. Assim, surgiu uma classe intermediária formada 
de mulatos e negros libertos, que conseguiram melhorar de vida e se dedicar às 
atividades de ourives, carpinteiros, ferreiros e artistas. (POVO BRASILEIRO, 2010).
A riqueza com que as igrejas foram construídas no período do ouro deixa 
transparecer a importância da religião católica na vida da colônia. Todos iam à 
missa: brancos, negros libertos, mulatos e escravos. Mas, cada um frequentava 
sua própria igreja, decorada a seu modo. (POVO BRASILEIRO, 2010).
O Brasil só se tornou uma nação com a abolição da escravatura, que 
concedeu aos negros, ao menos no papel, a igualdade civil. Emancipados, mas 
sem a terra que cultivaram por quase quatro séculos, os ex-escravos abandonaram 
as fazendas e logo descobriram que não podiam ficar em nenhum lugar, pois, em 
1850 as regras de acesso à propriedade rural mudaram, sendo que a ocupação e 
cultivo da terra não garantiam sua posse. A terra tinha dono. A maior parte dos 
escravos concentrou-se na periferia das cidades. (POVO BRASILEIRO, 2010).
5 A IMIGRAÇÃO
No final do século XIX, a crise econômica que assolava alguns países da 
Europa trouxe para o Brasil milhões de imigrantes. Eles vinham com o sonho 
de conseguir um bom emprego, cultivar o próprio pedaço de terra ou assegurar 
um melhor futuro para os seus filhos. Em sua maioria eles vinham da Itália, da 
Alemanha, de Portugal e da Espanha e em menor proporção dos países ibéricos 
(que fazem fronteira com a Europa). Vinham para trabalhar nas plantações de 
café, o principal produto de exportação da época. Acabaram ocupando o lugar 
“O negro guardou, sobretudo, sua espiritualidade, sua religiosidade, 
seu sentido musical. É nessas áreas que ele dá grandes contribuições e ajuda 
o brasileiro a ser um povo singular. Quando chegam à cidade são capazes de 
fazer coisas, por exemplo, a cultura do Rio de Janeiro, a beleza do Carnaval 
carioca, que é uma criação negra, a maior festa da Terra! A beleza de Iemanjá, 
uma mãe de Deus que faz amor. [...] Isso é uma coisa fantástica! Um povo que 
é capaz de inventar uma coisa destas! [...] Isso são os nossos negros, os nossos 
mulatos desse país.” 
FONTE: (RIBEIRO 1995, apud POVO BRASILEIRO, 2010)
TÓPICO 2 | FORMAÇÃO CULTURAL DO POVO BRASILEIRO
27
dos mestiços e escravos libertos, como mão de obra assalariada. Os europeus 
se fixaram principalmente em São Paulo e no sul do país, onde renovaram a 
vida local e promoveram o primeiro movimento de industrialização do país. 
(PROJETO ARARIBÁ, 2006) (POVO BRASILEIRO, 2010).
FONTE: Disponível em: <http://www.pinacoteca.org.br/pinacoteca/de-
fault.aspx?mn=153&c=acervo&letra =A&cd=7>. Acesso em: 22 jul. 2010.
FIGURA 18 – OS IMIGRANTES, DE ANTÔNIO ROCCO, c.1910. (Óleo 
sobre tela. 231 X 202 cm. Pinacoteca de São Paulo) 
Fique atento ao utilizar os temos migração, imigração e emigração, pois há 
diferença entre eles: 
Migração: é o ato de se mover de uma região para outra ou estar de passagem em outro 
país.
Imigração: Entrar (num país estranho) para nele viver.
Emigração: Mudança voluntária de país. Trata-se do mesmo fenômeno da imigração, mas 
visto da perspectiva do lugar de origem.
ATENCAO
Grande parte dos imigrantes instalaram-se nas regiões do Sudeste, em 
fazendas de café ou nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo 
– e no Sul – como pequenos proprietários rurais. (PILETTI; PILETTI, 2002). 
“No sul do Brasil, os núcleos de povoamentos se deram em áreas cedidas pelo 
governo, muitas vezes em terras indígenas. O objetivo era constituir pequenas 
propriedades familiares, que garantissem a ocupação efetiva do território”. 
(PROJETO ARARIBÁ, 2006, p. 202).
O incentivo à colonização estrangeira refletia a visão de alguns setores das 
elitesbrasileiras, que influenciados por teorias racistas divulgadas na Europa, 
UNIDADE 1 | CULTURA
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acreditavam que os brancos eram superiores e, por isso, o Brasil somente se 
desenvolveria se houvesse um “branqueamento”. (MELANI, 2006).
No Sudeste muitos imigraram sob o sistema de parceria em que o 
fazendeiro pagava as despesas da viagem e da manutenção das famílias até a 
primeira colheita de café. Cada família cuidava de determinados pés de café e 
após a venda da colheita, entregavam ao fazendeiro metade da produção de seus 
pés de café mais o valor das dívidas contraídas com a viagem, acrescidos a esse 
valor da dívida os juros de 6%. Muitos problemas dessa parceria surgiram, pois 
os fazendeiros destinavam aos imigrantes os cafeeiros improdutivos e estes não 
conseguiam saldar as dívidas, estavam sempre endividados. (MELANI, 2006).
Já, outros imigrantes eram contratados como trabalhadores nas fazendas de 
café e recebiam salários, mas eles faziam suas compras na venda do patrão, o que 
quase sempre gerava uma relação de dependência. (ENTRE DOIS MUNDOS, 2010).
Alguns imigrantes que na Itália eram operários e artesãos conseguiram 
se estabelecer na cidade. Porém, alguns patrões continuavam com a mentalidade 
de que seus empregados eram escravos e chamavam seus colonos de “escravos 
brancos”. (ENTRE DOIS MUNDOS, 2010).
Muitos, desencantados, retornavam para a Itália. Outros seguiam de 
fazenda em fazenda na esperança de melhor sorte, que alguns alcançavam 
comprando pequenas propriedades. (ENTRE DOIS MUNDOS, 2010).
Os imigrantes que se estabeleceram no Sul - Rio Grande do Sul e Santa 
Catarina - em sua maioria receberam terras do governo brasileiro, tornando-se 
pequenos proprietários. Estes, inicialmente enfrentaram muitas dificuldades, 
pois não havia estradas, os meios de transporte eram os animais e a alimentação 
era insuficiente. Mas, aos poucos começaram a produzir o que precisavam para 
sobreviver. Desenvolveram assim a agricultura (milho, feijão, batata etc.) e a pecuária 
(suínos, bovinos etc.), além de pequenas fábricas artesanais (queijos, salame, vinho, 
cestos etc.); tornando-se praticamente autossuficientes. (PILETTI; PILETTI, 2002).
“Esses colonos do Sul, que eram pequenos proprietários, desenvolveram 
um padrão de vida bastante diferente em relação aos colonos assalariados 
paulistas”. (PILETTI; PILETTI, 2002).
Permanecer em sua propriedade significava criar condições de 
sobrevivência e adaptação, através da construção de casas, escolas, templos e 
cemitérios. Os alemães protestantes, que não podiam enterrar seus mortos junto 
aos católicos brasileiros, fundaram igrejas e cemitérios protestantes. (ENTRE 
DOIS MUNDOS, 2010).
E mais uma vez o Brasil recebeu imigrantes, agora vindos da longínqua 
Ásia. Eram os japoneses, que desembarcavam já contratados para a lavoura 
de café. Desde o início, fazendeiros e capatazes duvidavam da capacidade de 
TÓPICO 2 | FORMAÇÃO CULTURAL DO POVO BRASILEIRO
29
adaptação dos japoneses a terra tão estranha. No entanto, eles se adaptaram 
rapidamente à vida nos cafezais e permaneceram por mais tempo no campo. 
Os japoneses, atualmente, são responsáveis pela maior parte da produção de 
legumes e verduras do estado de São Paulo. (ENTRE DOIS MUNDOS, 2010).
Mas não bastava apenas ficar e sobreviver, era necessário conviver e se 
relacionar. Era preciso aprender o português. Se para os italianos a conversa era 
mais fácil, alemães e japoneses tinham dificuldades por causa da própria origem 
da língua. As crianças, que aprendiam com facilidade, tornavam-se intérpretes 
dos adultos. (ENTRE DOIS MUNDOS, 2010).
Esses pioneiros, como aqueles que os seguiram, enfrentaram preconceitos 
e dificuldades materiais na nova terra; mas com a esperança, a vontade de vencer 
e a bagagem cultural que trouxeram aos poucos se tornaram parte da paisagem 
brasileira. Já integrados, sua presença se fez sentir nas artes, na arquitetura, na 
culinária e no modo de vida. Concretizaram seus sonhos e mudaram a cara do 
Brasil. (ENTRE DOIS MUNDOS, 2010).
FONTE: Disponível em: <http://www.tarsiladoamaral.com.br>. Acesso em: 1 jul. 2010.
6 INDUSTRIALIZAÇÃO E URBANIZAÇÃO
FIGURA 19 – “OPERÁRIOS” - 1933 (óleo/tela 150 X 205 cm, Assin.: “Tarsila 1933”. Col. 
do Gov. do Estado de São Paulo) 
Com a imigração, a base da economia do país passa a ser o produto 
industrializado e as cidades passam de rurais a urbanas. Assim, as cidades 
crescem rapidamente e aumenta a migração dentro do país em busca de melhores 
empregos, principalmente dos habitantes da região Nordeste para o Sudeste e 
dos que moravam em áreas rurais para as áreas urbanas. 
UNIDADE 1 | CULTURA
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O crescimento desordenado acaba criando as favelas nas periferias 
das cidades, pois a estrutura da maioria destas cidades, não consegue atender 
às necessidades básicas de todos os migrantes, causando impactos sociais e 
ambientais.
Com a grande industrialização do país a partir da década de 30, surgem 
os sindicatos e as leis trabalhistas que lutam por melhores condições dos 
trabalhadores assalariados.
Já a partir da segunda metade do século XX, com a abertura do comércio 
internacional, aumentam as importações e exportações do Brasil. 
Com a globalização, aumentam as redes de lojas internacionais no país, 
as redes de fast-food, a construção de shoppings, a compra de carros e produtos 
importados, enfim, a expansão da comunicação de massa, principalmente da 
internet após a década de 90. As informações e produtos chegam facilmente às 
mais longínquas cidades brasileiras e a influência de culturas internacionais, 
principalmente a americana, é percebida na música, nas bebidas (coca-cola), nas 
roupas (Jeans, Legging), nos filmes, seriados e livros. Os produtos importados da 
China também têm invadido as lojas devido ao seu baixo custo de produção. 
Sendo assim, você deve ter percebido que a cultura de massa trouxe 
grandes mudanças na cultura do nosso país e que esta possibilita que todos 
tenham acesso às informações em menos tempo hábil e de forma homogênea 
entre as camadas sociais. No entanto, temos que saber separar as informações 
fornecidas, pois há muito “lixo cultural” e um excesso de informações inúteis. É 
importante saber separar!
6.1 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Neste tópico, não focamos particulares ou regionalismos. Procuramos 
tratar de maneira geral a formação da Cultura Popular Brasileira. É importante 
ressaltarmos que o assunto não se esgota aqui, há muitas particularidades que 
merecem ser discutidas, por isso, se quiser se aprofundar nesses assuntos, 
sugerimos que você leia as obras nas quais nos fundamentamos.
Ainda neste tópico, você deve ter percebido que o Brasil foi sendo explorado 
por “partes”, primeiramente sendo explorado seu litoral, posteriormente o 
interior do Sudeste e do Nordeste e por último a região Norte e Sul. Devido a 
essa formação, você deve ter percebido que as características físicas e culturais 
das regiões brasileiras são distintas. Hoje, é claro que com a constante migração 
e as facilidades de locomoção de uma região para outra, bem como, as novas 
tecnologias, essas diferenças tanto físicas como culturais têm-se minimizado.
Muitas dos preconceitos ainda existentes na contemporaneidade, apesar 
de serem inadmissíveis, são resquícios de questões históricas.
 
TÓPICO 2 | FORMAÇÃO CULTURAL DO POVO BRASILEIRO
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A maioria do povo brasileiro tem em sua raiz familiar uma grande mistura 
étnica e cultural, mesmo assim, ainda presenciamos manifestações de preconceito 
de uns para com os outros. Há também os que negam seu passado e o preconceito 
muitas vezes não vem do outro, mas de si mesmo, ou seja, há um autopreconceito.
Agora, queremos incitá-lo fazendo alguns questionamentos, pois é comum 
vermos movimentos sociais que lutam pela preservação da Cultura Indígena e 
dos Quilombolas, noentanto:
• Será que essas comunidades querem manter suas tradições?
• Será que frente às novas tecnologias os indígenas realmente querem acender 
fogueiras para cozinhar sabendo que há fogões, micro-ondas etc.? 
• Será que esses grupos culturais querem ser diferentes do homem contemporâneo 
que vai ao supermercado, ao shopping e assiste à televisão? 
• É possível na contemporaneidade preservar a cultura de um determinado 
povo?
• Como preservar a origem cultural sem negar as mudanças tecnológicas?
São muitos os questionamentos!
 
Como finalização deste tópico, escolhemos uma música cuja letra traz um 
pouquinho desse grande mosaico de culturas em que se formou um maravilhoso 
país chamado BRASIL.
Lourinha Bombril
Olha como ela samba
Olha como ela brilha
Olha que maravilha
Essa criola tem o olho azul
Essa lourinha tem cabelo bombril
Aquela índia tem sotaque do Sul
Essa mulata é da cor do Brasil
A cozinheira tá falando alemão
A princesinha tá falando no pé
A italiana cozinhando o feijão
A americana se encantou com Pelé
Häagen-dazs de mangaba
Chateau canela-preta
UNIDADE 1 | CULTURA
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Cachaça made in Carmo dando a volta no planeta
Caboclo presidente
Trazendo a solução
Livro pra comida, prato pra educação
FONTE: Vianna, Herbert. Nove Luas. Carlos Savalla e Paralamas. Rio de Janeiro: EMI Music Ltda., 1996.
IMPORTANT
E
No próximo encontro presencial, discutam as questões aqui abordadas em sala 
de aula e depois postem a opinião de vocês no fórum que será aberto no Ambiente Virtual 
de Aprendizagem. A tutoria interna abrirá um fórum e fará essa interação com vocês!
33
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você viu que: 
• A cultura do povo brasileiro é o resultado de uma miscigenação étnica e 
cultural, principalmente dos povos indígenas, africanos e europeus.
• Os indígenas antes da chegada dos europeus viviam em comunidade. Todos 
eram donos das terras e os alimentos produzidos e caçados, bem como as 
tarefas eram divididas. 
• O cunhadismo foi um forte “instrumento de integração” com os indígenas 
sendo usados pelos europeus na colonização e exploração das novas terras.
• Nas primeiras expedições ao Brasil, a Igreja Católica se fez presente com a 
Companhia de Jesus, inicialmente com o propósito de civilizar os indígenas. 
Posteriormente, com a vinda dos escravos africanos nascem as crenças afro-
brasileiras, que é a integração de crenças africanas à religião católica.
• Os africanos foram afastados do seio cultural em que viviam e trazidos para 
o Brasil como escravos, sendo aqui torturados e postos a trabalharem nas 
plantações de cana-de-açúcar e café.
• Com a libertação dos escravos e a necessidade de mão de obra para as fazendas 
de café, o governo brasileiro em parceria com o governo da Itália e Alemanha 
incentivaram a vinda de imigrantes assalariados ao país.
• No Brasil, os imigrantes alemães e italianos se estabelecem na região Sudeste 
e Sul do país. No Sul, eles cultivavam suas próprias terras, enquanto que no 
Sudeste trabalhavam como assalariados nas fazendas de café.
• Posteriormente, também vieram imigrantes japoneses para trabalharem nas 
lavouras de café.
• Na contemporaneidade, devido à comunicação de massa, é forte a influência 
da americana na cultura brasileira. 
34
AUTOATIVIDADE
1 Cite as principais contribuições culturais dos negros, dos índios e dos 
europeus na formação do povo brasileiro e que pode ser percebida na 
contemporaneidade.
2 Faça uma árvore genealógica expondo a origem de seus ascendentes, depois, 
na correção desta autoatividade no encontro presencial, exponha-a aos 
colegas.
 
3 Observe as duas imagens a seguir e teça um comentário partindo das 
discussões realizadas neste tópico.
FONTE: Disponível em: <http://www.moderna.com.br/moderna/didaticos/ei/aventura-
deaprender/datas/ indio.htm>. Acesso em: 9 ago. 2010.
FIGURA 20 – FAMÍLIA DE UM CHEFE CAMACA PREPARARANDO-SE PARA UMA FESTA 
(Litografia Viagem pitoresca e histórica ao Brasil (1834-1839). Volume 1, prancha 3. © 
Museu Castro Maia/Div. Iconografia, Rio de Janeiro) 
35
FONTE: Disponível em: <http://www.abconlus.it/umanita/21.jpg>. Aces-
so em: 9 ago. 2010.
4 Como última atividade, observe novamente a litografia “Uma Senhora 
Brasileira em seu Lar”, de Debret que se encontra neste tópico e escreva 
sobre as culturas incorporadas à família brasileira naquele momento 
histórico.
FIGURA 21 – FAMÍLIA INDÍGENA NA CONTEMPORANEIDADE
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37
TÓPICO 3
EDUCAÇÃO E PLURALIDADE 
CULTURAL
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
2 EDUCAÇÃO
Agora que já conhecemos os conceitos de cultura e estudamos sobre a 
formação do povo brasileiro, vamos verificar como a legislação educacional 
brasileira tem tratado estes assuntos. Neste tópico, abordaremos as recentes 
mudanças na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional no que se refere ao 
ensino de Artes e as diferentes culturas e o tema transversal Pluralidade Cultural, 
presente nos Parâmetros Curriculares Nacionais.
Uma das funções da escola é sistematizar e disseminar conhecimentos 
historicamente elaborados, permitindo ao educando apropriar-se dos bens 
culturais produzidos pela sociedade. Nessa concepção, o processo educativo 
pode ser compreendido como uma dinâmica de socialização da cultura. (DIAS, 
2010).
A escola é um local privilegiado que responde por uma parte significativa 
da formação do sujeito. As interações sociais que ali se desenvolvem influenciam 
a compreensão que crianças e adolescentes terão de si mesmos e dos outros 
membros da sociedade (DIAS, 2010). Além disso, ao se determinar quais assuntos 
devem ser trabalhados na escola, de certa forma se estabelece uma hierarquia 
entre os conteúdos, isto se aplica também à cultura e às formas de expressão 
artística escolhidas como temas para as aulas de artes.
Cada vez mais se apregoa que os conteúdos apresentados na escola 
precisam estar adaptados às necessidades da sociedade e à realidade de seus 
alunos. “A intervenção educativa da escola só faz sentido se, de fato, contribuir para 
a formação das pessoas, dos estudantes. Caso não se preste atenção às diferenças 
e não se integre no processo pedagógico o saber que as crianças, os adolescentes e 
os jovens têm sua vida e sua cultura, a escola não poderá contribuir para ampliar 
o conhecimento e intervir significativamente na educação das pessoas. Pode, até, 
tornar-se um lugar de negação da educação”. (MARTINS, 2007). 
38
UNIDADE 1 | CULTURA
Reformas na legislação educacional têm buscado democratizar o espaço 
escolar, apontando a necessidade de se incorporarem elementos que durante 
muito tempo não foram valorizados nos espaços formais de ensino. Recentemente 
a lei nº 12.287/10 alterou o parágrafo referente ao ensino da arte na LDB (Lei nº 
9.394/96), pondo em destaque a necessidade da presença de expressões artísticas 
regionais nas aulas de artes. O texto da lei ficou assim:
Artigo 26
§ 2. O ensino da arte, especialmente em suas expressões regionais, 
constituirá componente curricular obrigatório nos diversos níveis da 
educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos 
alunos.
FONTE: Os sambas, as rodas, os bumbas, os meus e os bois. Disponível em: < www.cnfcp.gov.br/pdf/ 
Patrimonio_Imaterial/Salvaguarda/SalvaguardaPatrimonioImaterial.pdf>. Acesso: 27 jul. 2010.
O ensino da arte, assim como a educação em geral, deve acompanhar 
as transformações históricas e sociais. Analisando o percurso histórico da arte 
na educação podemos verificar mudanças nas tendências e concepções sobre 
esse ensino, tivemos períodos em que a arte na escola foi enfatizada enquanto 
técnica, como livre expressão, como atividade estética e como promotora do 
desenvolvimento cognitivo. Já há algum tempo tem se destacada a necessidade 
de um ensino que esteja integrado às realidades

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