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Metodologia do Ensino da Arte

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Prévia do material em texto

2012
Metodologia do 
ensino da arte
Prof.ª Tatiana dos Santos da Silveira
Copyright © UNIASSELVI 2012
Elaboração:
Prof.ª Tatiana dos Santos da Silveira
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
 707
 S5871m Silveira, Tatiana dos Santos da.
 Metodologia do Ensino da Arte / Tatiana dos Santos da
 Silveira. Centro Universitário Leonardo da Vinci – 
 Indaial,Grupo UNIASSELVI, 2012.x ; 185 p.: il
 Inclui bibliografia.
 ISBN 978-85-7830- 330-3
 1. Ensino da Arte 2. Estudo da Arte - Método 
 I. Centro Universitário Leonardo da Vinci
 II. Núcleo de Ensino a Distância III. Título
 
III
apresentação
Caro/a acadêmico/a!
Estamos iniciando a disciplina de Metodologia do Ensino da Arte. 
Essa disciplina discute a trajetória da Arte/Educação no Brasil, desde a 
influência da educação jesuítica e da Missão Francesa até as atuais propostas 
pedagógicas, como, por exemplo, os Parâmetros Curriculares Nacionais do 
Ensino da Arte e as discussões entre a Proposta Triangular do Ensino da 
Arte, Estética do Cotidiano e o Trabalho por Projetos.
 
Conhecer a história da Arte/educação e as contribuições de 
pesquisadores para o desenvolvimento do ensino da Arte no Brasil nos 
permite compreender influências históricas que até hoje estão presentes nas 
metodologias adotadas em sala de aula.
Lembre-se de que estamos falando do ensino da Arte de modo geral 
e, neste momento, não estamos especificando o Ensino das Artes Visuais, 
Música, Teatro ou Dança, mesmo porque esta valorização individual das 
linguagens artísticas nem sempre existiu. No decorrer de nosso Caderno de 
Estudos você perceberá também que a própria questão de polivalência no 
ensino da Arte também é histórica, assim como a presença de estereótipos 
ainda presentes nas escolas. 
Juntos, sensibilizemo-nos conhecendo a trajetória desta área de 
conhecimento que vem ganhando espaço nos currículos escolares, mas 
que ainda necessita de empenho e conhecimento para alcançar seu devido 
reconhecimento.
Bom estudo e muita sensibilidade artística nas suas discussões!
Prof.ª Tatiana dos Santos da Silveira
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
V
VI
VII
UNIDADE 1 – HISTÓRIA DO ENSINO DA ARTE ....................................................................... 1
TÓPICO 1 – ENSINO DA ARTE NO BRASIL ................................................................................. 3
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 3
2 CARACTERIZANDO ARTE E ARTE/EDUCAÇÃO .................................................................... 3
3 ARTE E A EDUCAÇÃO JESUÍTICA ............................................................................................... 10
4 A MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA ............................................................................................. 11
5 O ENSINO DA ARTE NO BRASIL NO SÉCULO XX ................................................................. 18
5.1 A SEMANA DE ARTE MODERNA ............................................................................................ 20
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................. 25
RESUMO DO TÓPICO 1 ...................................................................................................................... 33
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................... 34
TÓPICO 2 – LEGISLAÇÃO BRASILEIRA E O ENSINO DA ARTE ........................................... 35
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 35
2 A VALORIZAÇÃO DO ENSINO DO DESENHO... .................................................................... 35
RESUMO DO TÓPICO 2 ...................................................................................................................... 40
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................... 41
TÓPICO 3 – PCN – PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS PARA O 
 ENSINO FUNDAMENTAL: ARTE ............................................................................. 43
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 43
2 PCN – ARTE ......................................................................................................................................... 43
RESUMO DO TÓPICO 3 ...................................................................................................................... 48
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................... 49
TÓPICO 4 – RCN – REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO 
 INFANTIL ......................................................................................................................... 51
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 51
2 RCN – REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO 
 INFANTIL – CONHECIMENTO DE MUNDO ............................................................................ 51
RESUMO DO TÓPICO 4 ...................................................................................................................... 63
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................... 64
UNIDADE 2 – CURRÍCULO DE ARTE ............................................................................................. 65
TÓPICO 1 – PROPOSTA TRIANGULAR DO ENSINO DA ARTE ............................................67
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 67
2 A PROPOSTA DE ANA MAE BARBOSA ..................................................................................... 67
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................. 72
RESUMO DO TÓPICO 1 ...................................................................................................................... 75
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................... 76
suMário
VIII
TÓPICO 2 – ARTE E CONHECIMENTO SENSÍVEL .................................................................... 77
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 77
2 O CONHECIMENTO SENSÍVEL NO ENSINO DA ARTE ....................................................... 77
RESUMO DO TÓPICO 2 ...................................................................................................................... 84
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................... 85
TÓPICO 3 – O DESENHO INFANTIL .............................................................................................. 87
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 87
2 PRIMEIROS TRAÇOS... .................................................................................................................... 87
RESUMO DO TÓPICO 3 ...................................................................................................................... 94
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................... 95
TÓPICO 4 – ONDE FICA O ESTEREÓTIPO? ................................................................................. 97
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 97
2 CONSTRUINDO ESTEREÓTIPOS ................................................................................................ 97
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 102
RESUMO DO TÓPICO 4 ..................................................................................................................... 109
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 110
UNIDADE 3 – MÉTODOS E TÉCNICAS DO ENSINO DE ARTE ............................................ 111
TÓPICO 1 – AS LINGUAGENS DA ARTE: ARTES VISUAIS, MÚSICA, DANÇA E 
 TEATRO ........................................................................................................................... 113
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 113
2 A ARTE E SUAS LINGUAGENS .................................................................................................... 113
2.1 ARTES VISUAIS ............................................................................................................................ 114
2.1.1 Pintura ................................................................................................................................... 114
2.1.2 Pintura em sala de aula ....................................................................................................... 117
2.1.3 Escultura ............................................................................................................................... 117
2.1.4 Escultura em sala de aula ................................................................................................... 118
2.1.5 Desenho ................................................................................................................................. 120
2.1.6 Desenho em sala de aula .................................................................................................... 121
2.1.7 Gravura ................................................................................................................................. 124
2.1.8 Gravura em sala de aula ..................................................................................................... 126
2.1.9 Arquitetura ........................................................................................................................... 126
2.2 MÚSICA ......................................................................................................................................... 128
2.2.1 Música em sala de aula ....................................................................................................... 129
2.3 DANÇA .......................................................................................................................................... 131
2.4 TEATRO ......................................................................................................................................... 133
RESUMO DO TÓPICO 1 ..................................................................................................................... 135
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 136
TÓPICO 2 – PLANO DE AULA E PROJETOS DE TRABALHO EM ARTE ............................. 137
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 137
2 PLANOS DE AULA E PROJETOS DE TRABALHO EM ARTES ............................................. 137
3 EXEMPLOS DE PROJETOS E PLANOS DE AULA .................................................................... 138
3.1 PLANEJAMENTO DE ARTES VISUAIS: PROF.ª CLAUDIA MATOS PEREIRA ............... 138
3.2 PLANEJAMENTO DE MÚSICA: PROF.ª DENISE MARIA MILAN TONELLO ............... 141
3.3 PLANEJAMENTO DE DANÇA: PROF.ª RUTILENE SANTOS DE SOUSA MELO .......... 143
RESUMO DO TÓPICO 2 ..................................................................................................................... 148
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 149
IX
TÓPICO 3 – REGISTRO E AVALIAÇÃO EM ARTE .................................................................... 151
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 151
2 REGISTRANDO E AVALIANDO ................................................................................................ 151
RESUMO DO TÓPICO 3 ................................................................................................................... 153
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 154
TÓPICO 4 – CONVERSAS SOBRE O LÚDICO E A ARTE ....................................................... 155
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 155
2 ARTE E AS BRINCADEIRAS TRADICIONAIS ....................................................................... 155
LEITURA COMPLEMENTAR ..........................................................................................................173
RESUMO DO TÓPICO 4 ................................................................................................................... 178
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 179
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 181
X
1
UNIDADE 1
HISTÓRIA DO ENSINO DA ARTE
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade você será capaz de:
• refletir sobre Arte e Arte/Educação; 
• conhecer a trajetória do ensino da Arte no Brasil;
• compreender a legislação educacional brasileira para o ensino da Arte.
Esta unidade de estudos está dividida em quatro tópicos e em cada um deles 
você encontrará atividades que contribuirão para a reflexão e análise dos 
estudos realizados.
TÓPICO 1 – ENSINO DA ARTE NO BRASIL
TÓPICO 2 – LEGISLAÇÃO BRASILEIRA E O ENSINO DA ARTE
TÓPICO 3 – PCN - PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS PARA 
O ENSINO FUNDAMENTAL: ARTE
TÓPICO 4 – RCN - REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A 
EDUCAÇÃO INFANTIL
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
ENSINO DA ARTE NO BRASIL
1 INTRODUÇÃO
Estamos iniciando uma disciplina de grande importância para a educação 
social e cultural do nosso país. Porém, antes de discutirmos a história do Ensino 
da Arte no Brasil propriamente dita, precisamos refletir sobre o sentido de Arte e 
Arte/Educação.
Compreender o sentido de Arte e Arte/Educação permitirá refletir sobre 
as questões referentes a metodologias do ensino que influenciaram e marcaram a 
identidade de nossos professores.
Durante esta disciplina, vamos compreender muitas das atitudes que 
emergem nas aulas de Arte, caracterizando esta área de conhecimento com a real 
importância da qual é merecedora. É muito importante que você, acadêmico/a, 
enquanto educador/a, reflita sobre o papel da Arte na vida das pessoas e na 
sociedade como um todo.
Neste tópico dedicaremos nossos estudos para a caracterização de Arte e 
Arte/Educação e grandes nomes relacionados à pesquisa sobre o ensino da Arte 
no Brasil e no mundo.
2 CARACTERIZANDO ARTE E ARTE/EDUCAÇÃO
A Arte está presente na vida das pessoas desde o início da humanidade 
como uma maneira de comunicação e expressão. Desde a Pré-História o homem 
já se comunicava através de desenhos e códigos impressos na rocha. Por meio 
das expressões artísticas é possível, além de manifestar sentimentos, perceber o 
mundo de forma poética, sensível e contextualizada.
A definição de Arte, na época em que vivemos é tarefa complexa, destinada 
ao campo da Filosofia em meio a discussões de estética, semiótica e do “Belo”.
Afinal, o que é belo?
Poderíamos passar a disciplina inteira discutindo a resposta a esta pergunta! 
No entanto, convido você, acadêmico/a, a refletir sobre as linguagens da Arte e 
as características que esta área de conhecimento pode apresentar em diferentes 
tempos, marcando a história da humanidade de forma inteligente e poética. 
UNIDADE 1 | HISTÓRIA DO ENSINO DA ARTE
4
Ouvir uma música, uma poesia, apreciar um quadro, uma fotografia, uma 
apresentação de teatro ou dança são modos de fruir e sentir Arte. Fruir Arte é 
um processo pelo qual o ser humano conhece a respeito da obra, do artista que a 
criou, de si próprio e do mundo onde está inserido. Assim, o trabalho com a Arte 
está relacionado à percepção, à emoção, à intuição e à sensibilidade. “A arte é, 
por conseguinte, uma maneira de despertar o indivíduo para que este dê maior 
atenção ao seu próprio processo de sentir”. (DUARTE JÚNIOR, 1988, p. 65). 
UNI
Muito bem!!! Agora que estamos envolvidos nesta proposta de estudos, quero ajudá-
lo/a a vencer mais este desafio... Pesquisei no Dicionário Houaiss da língua portuguesa (2009, p. 932) 
o significado da palavra fruir.
FRUIR significa: 1 desfrutar, gozar, utilizar (vantagens, benefícios etc.)
1.1 Rubrica: direito civil, desfrutar (as vantagens ou das vantagens de determinado bem); usufruir.
2 Derivação: por extensão de sentido (da acp. 1) desfrutar prazerosamente (algo ou de algo).
Então podemos concluir que fruir quer dizer apreciar, aproveitar, desfrutar, sentir, ler obra de arte.
Vamos refletir sobre os dizeres de grandes artistas, referentes à Arte:
Leonardo da Vinci
“A arte diz o indizível; exprime o inexprimível, traduz o 
intraduzível”.
Fernando Pessoa
“A arte consiste em fazer os outros sentir o que nós sentimos, em os 
libertar deles mesmos, propondo-lhes a nossa personalidade para 
especial libertação”.
Pablo Picasso “A arte é a mentira que nos permite conhecer a verdade”.
Após ler as frases desses grandes artistas convidamos você, acadêmico/a, 
a refletir sobre a seguinte obra: o poema de Cruz e Souza, sobre “Arte”.
 ARTE
Como eu vibro este verso, esgrimo e torço, 
Tu, o poeta moderno, esgrime e torce; 
Emprega apenas um pequeno esforço,
Mas sem que nada a pura ideia force.
Para que saia vigoroso o verso,
Como organismo que palpita e vibra, 
É mister um sistema altivo e terso
De nervos, sangue e músculos e fibra.
TÓPICO 1 | ENSINO DA ARTE NO BRASIL
5
Que o verso parta e gire como a flecha
Que do alto do ar, aves, além, derruba
E como um leão ruja feroz na brecha
Da estrofe, alvoroçando a cauda e a juba.
Para que tenhas toda a envergadura
De asa, o teu verso, como a cimitarra 
Turca apresente a lâmina segura,
Poeta, é mister como um leão, ter garra.
Essa bravura atlética e leonina
Só podem ter artistas deslumbrados
Que sorveram com lábios e retina
A luz do amor que os fez iluminados.
Nem é preciso, poeta, que te esbofes
Para ferir um verso que fuzile;
Põe a alma e muitas almas nas estrofes
E deixa, enfim, que o verve tamborile.
Busca palavras límpidas e novas, 
Resplandecentes como sóis radiosos 
E sentirás como te surgem trovas 
Belas de madrigais deliciosos.
Busca também palavras velhas, busca, 
Limpa-as, dá-lhes o brilho necessário
E então verás que cada qual corusca,
Com dobrado fulgor extraordinário.
Que as frases velhas são como as espadas
Cheias de nódoas de ferrugem, velhas,
Mas que assim mesmo estando enferrujadas
Tu, grande artista, as brunes e as espelhas.
Que toda a vida e sensação de estilo 
Está na frase, quando se coloca, 
Antiga ou nova, mas trazendo aquilo 
Que soa como um tímpano que toca.
Como o escultor que apenas fez de um bloco 
A estátua - com supremo e nobre afinco 
Estuda a natureza num só foco:
A prata, o bronze, o cobre, o ferro, o zinco.
UNIDADE 1 | HISTÓRIA DO ENSINO DA ARTE
6
Estuda dos rubins, estuda do ouro
E dos corais, da pérola e safira,
Todo esse íris febril radiante e louro
Que e a centelha de sol em toda a lira.
Estuda todos os metais, estuda, 
Desce a matéria prodigiosa e vasta, 
Estuda nela a natureza muda,
Os veios de cristal da origem casta.
Estuda toda a intensa natureza
Feita de aromas, de canções e de asas
E sente a luz da cor e da beleza
Rir, flamejar e arder, iriar em brasas.
Faz dos teus pensamentos argonautas 
Rasgando as largas amplidões marinhas 
Soprando, a lua, peregrinas flautas,
Como os pagãos sob o dossel das vinhas.
Assim, pois, saberás tudo o que sabe 
Quem anda por alturas mais serenas 
E aprenderás então como é que cabe
A natureza numa estrofe apenas.
Assim terás o culto pela forma,
Culto que prende os belos gregos da arte
E levarás no teu ginete, a norma
Dessa transformação por toda a parte.
Enche de alegres vibrações sonoras
A tua ideia pródiga e valente,
Põe nela todo o incêndio das auroras
Para torná-la emocional e ardente.
Derrama luz e cânticos e poemas
No verso e fá-lo musical e doce
Como se o coração, nessas supremas
Estrofes, puro e diluído fosse.
Que a abelha de ouro do teu verso esvoace, 
Fulja como um fuzil numa borrasca.
Que overso quando é bom por qualquer face
Lembra um fruto saudável desde a casca.
TÓPICO 1 | ENSINO DA ARTE NO BRASIL
7
Com arte, forma, cor, tudo isso em jogo, 
Engrinaldado e rútilo de crenças
O sonho cresce - o pássaro de fogo
Que habita as altas regiões imensas.
E canta o amor, o sol, o mar e o vinho, 
As esperanças e o luar e os beijos
E o corpo da mulher – esse carinho – 
Canta melhor, vibra com mais desejo.
Canta-lhe a sinfonia dos olhares
A cálida magnólia austral das pomas,
E quando então tudo isso enfim cantares
Em tudo põe a fluidez de aromas.
Vibra toda essa luz que do ar transborda
Como todo o ar nos seres vai vibrando 
E da harpa do teu sonho, corda a corda, 
Deixa que as ilusões passem cantando.
Na alma do artista, alma que trina e arrulha, 
Que adora e anseia, que deseja e ama,
Gera-se muita vez uma fagulha
Que se transforma numa grande chama.
Pois essa chama que a fagulha gera,
Que enche e que acende o espírito de força, 
Sobe pela alma como primavera
De rosas sobe por coluna torsa.
Faz estrofes assim, de asas de rima, 
Depois de fecundá-las e acendê-las
De amor, de luz - põe lágrimas em cima, 
Como as eflorescências das estrelas.
FONTE: Adaptado de: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/cruz-de-souza/arte.php>. 
Acesso em: 24 ago. 2010.
Convidamos você a ler Cruz e Souza com o objetivo de conhecer sua obra 
e também com a finalidade de contextualizá-la na busca de reflexões acerca da 
palavra “Arte”.
Você já se perguntou qual a real importância da Arte na vida das pessoas?
UNIDADE 1 | HISTÓRIA DO ENSINO DA ARTE
8
Barbosa (2002) atenta que é impossível conhecer a cultura de um país, sem 
conhecer sua arte, pois é importante compreender que a Arte é a representação 
do país por seus próprios membros. É por meio da Arte que podemos conhecer e 
entender a cultura do nosso tempo, sendo este um processo fundamental para a 
construção humana sensível. 
Quando falamos de “construção humana sensível”, não estamos 
generalizando a Arte como forma de despertar apenas sentimentos, pois desta forma 
estaríamos reduzindo seu real papel enquanto área de conhecimento presente na 
vida das pessoas. Estamos aqui nos referindo a todos os elementos que permeiam 
esta construção de conhecimento cultural e histórico através da Arte, pois “[...] a 
arte como linguagem, expressão e comunicação, trata da percepção, da emoção, 
da imaginação, da intuição, da criação, elementos fundamentais para a construção 
humana sensível”. (PILLOTTO, 2004, p. 38). Como vetor de construção humana 
sensível, a Arte possibilita contato com o mundo e consigo mesmo. Permite que, 
por meio dela, a criança conheça e compreenda o contexto onde está inserida, bem 
como desenvolva conhecimentos artísticos, culturais e históricos.
Já o valor da arte para Ferraz e Fusari (2009, p. 18), “[...] está em ser um 
meio pelo qual as pessoas expressam, representam e comunicam conhecimentos 
e experiências”.
No que se refere à Arte/Educação, esta proporciona aos alunos o contato 
direto com imagens e objetos artísticos. Este contato e o trabalho com as produções 
artísticas desenvolvido por professores de Arte no contexto escolar permitem, além 
do contato com a Arte, momentos de criação e de expressão individuais e coletivos. 
Permitem ao aluno conhecer a realidade do seu tempo, a sua cultura e a sua história.
Se pretendemos de fato uma educação para a cidadania, que entenda 
os sujeitos como construtores de suas histórias, temos que garantir a educação 
estética e artística nos espaços das instituições educacionais, talvez o único para a 
maioria das crianças, a única possibilidade para adentrarem no universo poético 
e estético. (PILLOTTO, 2004, p. 59).
A escola é o espaço institucional no qual o aluno tem a oportunidade de 
conhecer, de forma intencional ou não, os conhecimentos históricos e culturais 
construídos pela sociedade no decorrer dos tempos. É o espaço que permite uma 
relação entre história, cultura e Arte. “Ao conhecer a arte produzida em diversos 
locais, por diferentes pessoas, classes sociais e períodos históricos e as outras 
produções do campo artístico (artesanato, objetos, design, audiovisual etc.), o 
educando amplia sua concepção da própria arte e aprende dar sentido a ela.” 
(FERRAZ; FUSARI, 2009, p. 19).
Mas afinal, qual a função da arte na escola?
TÓPICO 1 | ENSINO DA ARTE NO BRASIL
9
Ana Mae Barbosa foi uma das pioneiras da Arte/Educação no Brasil. 
Para a autora, “[...] através das artes temos a representação simbólica 
dos traços espirituais, materiais, intelectuais e emocionais que 
caracterizam a sociedade ou o grupo social, seu modo de vida, 
seu sistema de valores, suas tradições e crenças. A arte, como 
uma linguagem presentacional dos sentidos, transmite significados 
que não podem ser transmitidos através de nenhum outro tipo 
de linguagem, tais como as linguagens discursiva e científica. Não 
podemos entender a cultura de um país sem conhecer sua arte. Sem 
conhecer as artes de uma sociedade, só podemos ter conhecimento 
parcial de sua cultura. Aqueles que estão engajados na tarefa vital 
de fundar a identificação cultural, não podem alcançar um resultado significativo sem o 
conhecimento das artes. Através da poesia, dos gestos, da imagem, as artes falam aquilo que 
a história, a sociologia, a antropologia etc. não podem dizer porque elas usam um outro tipo 
de linguagem, a discursiva, a científica, que sozinhas não são capazes de decodificar nuances 
culturais. Dentre as artes, a arte visual, tendo a imagem como matéria-prima, torna possível 
a visualização de quem somos, onde estamos e como sentimos. A arte na educação como 
expressão pessoal e como cultura é um importante instrumento para a identificação cultural 
e o desenvolvimento. Através das artes é possível desenvolver a percepção e a imaginação, 
apreender a realidade do meio ambiente, desenvolver a capacidade crítica, permitindo 
analisar a realidade percebida e desenvolver a criatividade de maneira a mudar a realidade 
que foi analisada”. 
FONTE: Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/mre000079.
pdf>. Acesso em: 24 ago. 2010.
Pesquisas indicam que a Arte desenvolve a cognição de crianças e 
adolescentes, proporcionando conhecimento e expressão não apenas racional, 
mas também afetivo e emocional. Barbosa (2002) pontua que a função da Arte na 
Educação é essa, desenvolver as diferentes inteligências.
IMPORTANT
E
Diante dos dizeres de Ana Mae Barbosa, perguntamos:
• Como iniciou a trajetória do ensino da Arte no Brasil?
• Quais foram as influências históricas, sociais e pedagógicas que marcam o 
ensino da Arte até os dias de hoje?
• Quais os nomes que marcaram esta trajetória?
UNIDADE 1 | HISTÓRIA DO ENSINO DA ARTE
10
UNI
É muito importante que você, acadêmico/a, reflita sobre essas questões para 
compreender a sua prática pedagógica. Juntos, no próximo tópico, vamos refletir sobre esta 
trajetória. 
3 ARTE E A EDUCAÇÃO JESUÍTICA
Os primeiros registros relacionados ao ensino da Arte no Brasil são datados 
aproximadamente entre os anos de 1549 e 1808, período em que a educação 
estava voltada para os nobres, sob a responsabilidade de grupos religiosos, 
principalmente os jesuítas. Neste período no Brasil a Educação dominada pela 
missão jesuítica era dividida em dois projetos: um para a catequização dos índios 
e outro para a elite dominante. 
Como, nesta época, a formação era destinada à elite e à catequização dos 
nativos, entre os donos de terras desenvolveu-se um desejo de demonstrar a 
hierarquia através de suas riquezas e, dentre elas, os títulos acadêmicos.
Segundo Barbosa (2002), durante o império objetivava-se formar uma elite 
que pudesse defender a colônia dos invasores, uma elite que pudesse governar o 
país e que motivasse culturalmente a corte.
FONTE: Disponível em: <http://www.mundoeducacao.com.br/historiadobrasil/jesuitas.htm>. Acesso em: 24 ago. 2010.
Segundo Ferraz e Fusari (2009), no Brasil fundaram-se as escolas de ler/
escrever e de doutrina em locais diferentes. O método utilizado pelos jesuítas era 
atrativo, pois aproveitavam a música, o canto coral e o teatro, para finalidade de 
formação religiosa.
FIGURA 1 – EDUCAÇÃO JESUÍTICA
TÓPICO 1 | ENSINO DA ARTE NO BRASIL
11
Com relação aos nativos, eram educados nas missões e nos sistemas 
de “reduções” destinadas à catequese. As reduções, assim como as 
residências e os colégios, tornaram-se verdadeiras “escolas-oficinas” 
que formavam artesãos e pessoas para trabalhar em todas as áreas 
fabris. Nesses locais, os “irmãos oficinas” exerciam e ensinavam 
vários ofícios, tais como pintura, carpintaria, instrumentos musicais, 
tecelagem etc. (FERRAZ; FUSARI, 2009, p. 41). 
Ainda, segundo Ferraz e Fusari, 2009, os índios aprenderam a tocar e 
construir instrumentos, como também a composição musical. Neste período 
os poetas e escritores tinham grande prestígio, diferente dos artistas que não 
eram tão valorizados.
Foi por volta de 1808, através das reformas do Marquês de Pombal, que a 
educação jesuítica perdeu sua força. Os jesuítas perderam o poder de atuar junto às 
escolas, porém os professores aptos a atuar eram os formados pelos próprios jesuítas. 
Este período foi marcado por mudanças no cenário político, educacional e 
cultural do Brasil. O sistema educacional foi dividido em uma estrutura de três níveis 
de ensino, primário, secundário e superior, além de cursos profissionalizantes.
Este momento pedia uma reestruturação cultural no país, que ficou 
marcada pela vinda da Missão Artística Francesa para o Brasil, ação de D. João 
VI, com o objetivo de “[...] reformular os padrões estéticos vigentes”. (FERRAZ e 
FUSARI, 2009, p. 42).
4 A MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA
A Missão Artística Francesa chegou ao Brasil, chefiada por Joachim Lebreton, 
com um grupo de artistas importados da França no ano de 1816, encarregados 
de substituir a concepção popular de arte, assim como o Barroco Brasileiro, pelo 
Neoclassicismo, com enfoque nos desenhos, pintura, escultura e moda europeia. 
Dois dos principais artistas desta missão foram: Taunay e Debret.
FIGURA 2 – NICOLAS TAUNAY – (1755-1830)
FONTE: Disponível em: <http://mm19.2it.com.br/upload/
ruonlnztek_auto_-__retrato.jpg>. Acesso em: 24 ago. 2010.
UNIDADE 1 | HISTÓRIA DO ENSINO DA ARTE
12
Taunay foi pintor francês de grande destaque na corte de Napoleão 
Bonaparte e considerado um dos mais importantes da Missão Francesa. Ficou no 
Brasil por cinco anos e retratou paisagens do Rio de Janeiro.
FONTE: Disponível em: <http://www.itaucultural.org.br>. Acesso em: 24 ago. 
2010.
FIGURA 3 – LARGO DA CARIOCA, 1816, DE NICOLAS TAUNAY
FONTE: Disponível em: <http://mm19.2it.com.br/upload/
osbf1f0twc_debret.jpg>. Acesso em: 24 ago. 2010.
Debret é conhecido como a alma da Missão Francesa. Ele foi desenhista, 
aquarelista, pintor cenográfico, decorador, professor de pintura e organizador 
da primeira exposição de arte no Brasil (1829). Em 1818 trabalhou no projeto 
de ornamentação da cidade do Rio de Janeiro para os festejos da aclamação de 
D.João VI como rei de Portugal, Brasil e Algarve. Mas é em “Viagem pitoresca ao 
Brasil”, coleção composta de três volumes, com um total de 150 ilustrações, que 
FIGURA 4 – JEAN-BAPTISTE DEBRET – (1768-1848)
TÓPICO 1 | ENSINO DA ARTE NO BRASIL
13
Acadêmico/a, para que você aprofunde seus conhecimentos sobre Taunay e 
Debret, recomendamos os seguintes livros:
 O SOL DO BRASIL – Nicolas-Antoine Taunay e as desventuras dos artistas franceses na corte 
de D. João . Lilia Moritz Schwarcz.
A historiadora Lilia Moritz Schwarcz se debruça sobre a vida e a obra do pintor francês Nicolas-
Antoine Taunay. Um ensaio agudo a respeito do imaginário francês sobre os trópicos, da arte 
neoclássica, da vinda da família real portuguesa e do grupo que a historiografia batizou de 
"Missão Artística Francesa".
DEBRET E O BRASIL – Pedro Correa do Lago e Julio Bandeira, Editora: Capivara. 
Com 708 páginas e mais de 1.300 imagens, este volume ilustra a totalidade dos trabalhos do 
artista que os autores conseguiram identificar e descrever como resultado de uma pesquisa. 
As centenas de óleos, aquarelas, desenhos e gravuras, produzidas por Debret nos 15 anos 
passados no Brasil (1816-1831), estão reunidos neste volume, para permitir uma visão da obra 
do pintor. 
ele retrata e descreve a sociedade brasileira. Seus temas preferidos são a nobreza 
e as cenas do cotidiano brasileiro e suas obras nos dão uma excelente ideia da 
sociedade brasileira do século XIX.
FONTE: Disponível em: <http://www.itaucultural.org.br>. Acesso em: 24 
ago. 2010. 
FIGURA 5 – ENGENHO MANUAL QUE FAZ CALDO DE CANA, 1822, 
DEBRET
DICAS
UNIDADE 1 | HISTÓRIA DO ENSINO DA ARTE
14
Academia Imperial de Belas Artes ou Academia Imperial das Belas Artes (1822-
1889) é o antigo nome da atual Escola de Belas Artes, hoje unidade da Universidade Federal 
do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.
Foi inicialmente denominada como Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios, quando da sua 
fundação por D. João VI (1816-1826), em 12 de agosto de 1816, ao fim do período colonial 
brasileiro. O soberano teria sido influenciado, nesse gesto, por António de Araújo e Azevedo, 
o 1.º conde da Barca.
Após a Independência do Brasil, em 1822, a escola passou a ser conhecida como Academia 
Imperial das Belas Artes e, mais tarde, como Academia Imperial de Belas Artes. A instituição 
foi definitivamente instalada em 5 de novembro de 1826, em edifício próprio à altura da 
Travessa do Sacramento (atual Avenida Passos), inaugurada por D. Pedro I (1822-1831).
Em 1938 o seu edifício histórico foi demolido, tendo sido preservado o portal em granito e 
mármore, onde se destacam os ornamentos em terracota, de autoria de Zéphyrin Ferrez. 
Este, por sua vez, foi transportado em 1940 para o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, onde 
se encontra na atualidade.
Foi com a vinda da Missão Artística Francesa ao Brasil que, em 1816, foi 
criada a Escola Real das Ciências, Artes e Ofícios do Rio de Janeiro, que após 
dez anos foi transformada em Imperial Academia e Escola de Belas Artes. Foi a 
instituição oficial do ensino da Arte no Brasil, porém ainda com orientações de 
institutos similares na Europa.
Segundo Barbosa (2002), a Academia de Belas Artes esteve a serviço do 
reinado e império, além de contribuir para a estruturação de um preconceito 
contra o ensino da Arte. Os artistas responsáveis pelo ensino nesta instituição 
eram nomeados e seguiam os modelos artísticos europeus, a arte neoclássica, “[...] 
valorizando categorias como harmonia, o equilíbrio e o domínio de materiais”. 
(FERRAZ e FUSARI, 2009, p. 42).
FONTE: Disponível em: <http://www.jbrj.gov.br>. Acesso em: 24 ago. 2010.
FIGURA 6 – ACADEMIA DAS BELAS ARTES – LITOGRAFIA – MUSEU HISTÓRICO 
DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO
IMPORTANT
E
TÓPICO 1 | ENSINO DA ARTE NO BRASIL
15
FONTE: Disponível em: <www.flickr.com.br>. Acesso em: 24 ago. 2010.
Como nesta época a Missão Artística Francesa adotou o estilo neoclássico, 
acabou por gerar certo preconceito em relação à Arte praticada pelas camadas 
populares, o Barroco-Rococó. Este caráter elitista era marcado pela oposição ao 
estilo barroco-rococó existente, o que também gerou um conceito de arte como 
algo supérfluo e sem importância para a educação, que tinha serventia para o 
lazer e o luxo.
A Academia Imperial de Belas Artes teve nomes importantes como alunos 
e posteriormente como professores. Fazem parte desses alunos os artistas: Victor 
Meireles, Pedro Américo, Almeida Júnior.
Victor Meireles foi o autor de A Primeira Missa no Brasil.
FONTE: Disponível em: <www.itaucultural.org.br>. Acesso em: 24 ago. 2010.
FIGURA 7 – PRIMEIRAMISSA NO BRASIL
UNIDADE 1 | HISTÓRIA DO ENSINO DA ARTE
16
Pedro Américo foi o autor da obra Independência ou morte, conhecida 
também como O grito do Ipiranga.
FONTE: Disponível em: <www.itaucultural.org.br>. Acesso em: 24 ago. 2010.
Almeida Júnior foi o autor da Cena da Família de Adolfo Augusto Pinto.
FIGURA 8 – INDEPENDÊNCIA OU MORTE
FONTE: Disponível em: <www.flickr.com.br>. Acesso em: 24 ago. 2010.
Dentre esses três artistas, Victor Meireles e Pedro Américo destacaram-se 
na Academia Imperial de Belas Artes, recebendo como prêmio a oportunidade 
de aprofundar seus estudos na Europa. Os dois artistas também se tornaram 
professores na própria Academia.
Ainda nesta época o ensino da arte baseava-se nos ensinamentos acerca 
do desenho, que era ensinado nas escolas primárias e secundárias. Criaram-se 
também as escolas normais, destinadas ao ensino para a formação de professores 
FIGURA 9 – CENA DA FAMÍLIA DE ADOLFO AUGUSTO PINTO
TÓPICO 1 | ENSINO DA ARTE NO BRASIL
17
e os “liceus de artes e ofícios” ou “escolas de artes e ofícios”. Esses espaços 
eram destinados à educação voltada à necessidade de técnicas e mão de obra 
especializada para atender a demanda da expansão da indústria nacional.
No Brasil como na Europa, o desenho era considerado a base de todas 
as artes, tornando-se matéria obrigatória nos anos iniciais de estudo da 
Academia Imperial. No ensino primário e secundário, o desenho também 
tinha por objetivo ser útil a desenvolver habilidades gráficas, técnicas 
e domínio da racionalidade. Com isso, os professores preparavam os 
alunos para serem, no futuro, bons profissionais e com formação regida 
por regras fundamentais no pensamento dominante, como a estética da 
“beleza e do bom gosto”. (FERRAZ; FUSARI, 2009, p. 44).
IMPORTANT
E
Como você pôde ler, caro/a acadêmico/a, a valorização do desenho no Ensino 
da Arte era muito forte nesta época. Segundo Barbosa (2002), nas escolas secundárias desta 
época predominavam o retrato e a cópia. Perguntamos a você:
A cópia não é atividade que predomina em sala de aula?
Você poderá perceber ao longo da história do Ensino da Arte que muitas técnicas ainda 
utilizadas nas aulas de Arte, encontram-se enraizadas até mesmo nos séculos passados. 
Aproveite esta leitura que volta às raízes do ensino da Arte no Brasil, para refletir sobre sua 
prática em sala de aula.
Além do ensino da matéria de desenho, nesta época, foi estabelecido o 
ensino da música nas escolas brasileiras, pois esta era a manifestação artística 
preferida da corte portuguesa. No entanto, as formas e temas a serem seguidos 
eram os europeus.
Entre os anos de 1888 e 1890, com a abolição dos escravos e com a 
Proclamação da República, várias reformas, provocadas pelas correntes liberais e 
positivistas, acontecem em diferentes esferas da sociedade brasileira.
 
Uma discussão acirrada, referente ao ensino da Arte, acontece na Escola 
Imperial de Belas Artes entre as correntes positivista e liberal.
O grupo dos positivistas era formado por:
• Décio Villares
• Aurélio de Figueiredo 
• Montenegro Cordeiro
Este grupo brigava pela manutenção do 
modelo vigente de educação da Escola 
Imperial de Belas Artes, como escola de 
aprendizado de ofícios e de Belas Artes.
UNIDADE 1 | HISTÓRIA DO ENSINO DA ARTE
18
O grupo dos liberais era composto por:
• Eliseu Visconti 
• França Júnior 
• Henrique Bernadelli 
• Rodolfo Amoedo 
• Zeferino da Costa
Este grupo defendia a importância da 
renovação de um modelo acadêmico 
de ensino e as Belas Artes como foco de 
atenção da escola.
O grupo dos liberais consegue manter a Escola Imperial de Belas Artes, 
mudando a denominação para Escola Nacional de Belas Artes, porém não alteram 
seus moldes arcaicos.
Nesta época, os positivistas acreditavam que a importância da Arte 
estava nas contribuições proporcionadas para o estudo da ciência, para o 
desenvolvimento do raciocínio e da emoção, desde que ensinada através do 
método positivo, que subordinava a imaginação à observação. 
Já para os liberalistas, defendiam a implementação do desenho no 
currículo escolar, com a finalidade de preparar o povo para o trabalho.
Segundo Barbosa (2002, p. 30), a arte então começa a desempenhar um 
importante papel, através do desenho como linguagem da técnica e da ciência, 
sendo “[...] valorizadas como meio de redenção econômica do país e da classe 
obreira, que engrossara suas fileiras com os recém-libertos”. 
Entre os anos de 1901 e 1914, os positivistas continuaram a orientar a 
educação em geral, no entanto iniciou-se a implementação de modelos educacionais 
por missionários americanos que influenciaram a legislação brasileira.
Por volta do ano de 1914, iniciou-se a preocupação com a expressão da 
criança, através da pedagogia experimental. A criança gradativamente passa a 
ser vista com características próprias e não mais como um adulto em miniatura.
Segundo Barbosa (2002, p. 42), a influência da pedagogia experimental 
propiciou as “[...] primeiras investigações sobre as características da expressão da 
criança através do desenho”. O desenho começa a ser utilizado como teste mental 
e passa a ser considerado fator interno que reflete a organização mental. Valoriza-
se a livre expressão da criança, partindo da imaginação e condenando os modelos 
impostos pela observação.
Em 1917, junto com uma exposição de seus trabalhos em São Paulo, 
Anita Malfatti expôs desenhos infantis. Apoiada por Mário de Andrade, 
ela continuou com este trabalho apesar da sociedade, que ainda vivia sob 
o princípio de que a criança é um adulto em miniatura, desvalorizando 
o significado de uma expressão infantil. (ROSA, 2005, p. 27-28).
5 O ENSINO DA ARTE NO BRASIL NO SÉCULO XX
TÓPICO 1 | ENSINO DA ARTE NO BRASIL
19
A exposição de Anita foi muito criticada na época, inclusive pelo escritor 
Monteiro Lobato que também era crítico de arte. Porém, toda esta crítica serviu 
como ponto de partida para o Movimento da Semana de Arte Moderna de 1922.
IMPORTANT
E
Caro/a acadêmico/a! Leia a seguir trechos da crítica de Monteiro Lobato...
A CRÍTICA DEMOLIDORA DE MONTEIRO LOBATO
Recém-chegada da Europa e dos Estados Unidos, onde foi estudar pintura, Anita Malfatti, resolveu, 
com o apoio dos amigos, organizar a sua exposição de pintura moderna nos meses de dezembro 
de 1917 e janeiro de 1918. Ela e um grupo de vanguardistas de São Paulo acreditavam que havia 
chegado a hora de a arte no Brasil abandonar os modelos tradicionais e buscar novos rumos.
No acanhado meio artístico paulistano, a exposição provocou comentários contra e a favor. No 
entanto um artigo da “Folha de São Paulo”, de autoria de Monteiro Lobato, que também era crítico 
de arte, ultrapassou os limites da sua conhecida lucidez.
Leia, a seguir, fragmentos do artigo denominado “Paranoia ou Mistificação?”, de autoria de 
Monteiro Lobato, sobre a Exposição de Anita Malfatti:
“Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que veem normalmente as coisas [...] A outra 
espécie é formada pelos que veem anormalmente a natureza e interpretam-na à luz de teorias 
efêmeras, sob a sugestão estrábica de escolas rebeldes, surgidas cá e lá como furúnculos da 
cultura excessiva. [...] Embora eles se deem como novos, precursores de uma arte a vir, nada é 
mais velho do que a arte anormal ou teratológica: nasceu com a paranoia e com a mistificação. 
[...] Essas considerações são provocadas pela exposição da senhora Malfatti onde se notam 
acentuadíssimas tendências para uma atitude estética forçada no sentido das extravagâncias de 
Picasso e companhia”.
A reação da elite paulistana, que confiava cegamente nas opiniões e gostos pessoais do autor de 
Urupês, é imediata: escândalo, quadros devolvidos, uma tentativa de agressão à pintora, a mostra 
é fechada antes do tempo.
O artigo demolidor e as suas consequências serviram para queos jovens "vanguardistas" 
brasileiros, até então dispersos, isolados em pequenos agrupamentos, se unissem em torno 
de um ideal comum: destruir as manifestações artísticas que remontavam ao século XIX, 
especificamente, no caso da literatura, o parnasianismo poético, medíocre e superado. 
Neste sentido, a exposição de Anita Malfatti funciona como estopim de um movimento que 
explodiria na Semana de Arte Moderna de 1922.
DJAHY LIMA
Publicado no Recanto das Letras em 30/06/2008 
Código do texto: T1058764
 
FONTE: Disponível em: <http://recantodasletras.uol.com.br/artigos/1058764>. Acesso em: 24 
ago. 2010.
UNIDADE 1 | HISTÓRIA DO ENSINO DA ARTE
20
A Semana de Arte Moderna, realizada entre os dias 11 e 18 de fevereiro 
de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo, reuniu um grupo de artistas, entre 
eles músicos, artistas plásticos, arquitetos e escritores que defendiam a arte com 
estilo próprio brasileiro, negando as vanguardas europeias, principalmente o 
academicismo.
5.1 A SEMANA DE ARTE MODERNA
FONTE: Disponível em: <http://www.eca.usp.br/pjbr/
arquivos/artigos6_b.htm>. Acesso em: 24 ago. 2010.
Participaram deste movimento diversos artistas, que relacionaremos a 
seguir.
FIGURA 10 – CATÁLOGO DA SEMANA DA ARTE MODERNA
PINTURAS E DESENHOS
• Anita Malfatti
• Di Cavalcanti
• Zina Aita
• Vicente do Rego Monteiro
• Ferrignac (Inácio da Costa Ferreira)
• Yan de Almeida Prado
• John Graz
• Alberto Martins Ribeiro
• Oswaldo Goeldi
 FIGURA 11 – A ESTUDANTE, ANITA 
 MALFATTI
 FONTE: Disponível em: <www.
 universitario.com.br>. Acesso em: 24 
 ago. 2010.
TÓPICO 1 | ENSINO DA ARTE NO BRASIL
21
ESCULTURAS
• Victor Brecheret
• Hildegardo Leão Velloso
• Wilhelm Haarberg
ARQUITETURA
• Antonio Garcia Moya
• Georg Przyrembel
MÚSICA
• Villa-Lobos
• Guiomar Novais
• Ernâni Braga
• Frutuoso Viana
FIGURA 12 – DEPOIS DO BANHO, VICTOR 
BRECHERET
FONTE: Disponível em: <http://www.
sampa.art.br/escultura/>. Acesso em: 24 
ago. 2010.
FIGURA 13 – PROJETO DE RESIDÊNCIA, 
ANTÔNIO MOYA
FONTE: Disponível em: <http://
mm19.2it.com.br>. Acesso em: 24 ago. 
2010.
FIGURA 14 – LIVRO VILLA-LOBOS
FONTE: Disponível em: <http://
submarino.com.br>. Acesso em: 24 
ago. 2010.
UNIDADE 1 | HISTÓRIA DO ENSINO DA ARTE
22
Caro/a acadêmico/a, para saber um pouco mais sobre a importância 
da Semana de Arte Moderna, sugerimos que acesse o site: <http://
www.youtube.com/watch?v=zc2AHqe9zrw>, Semana de Arte 
Moderna, minissérie “Um só Coração”.
FONTE: <http://revistaepoca.globo.com>. Acesso em: 24 ago. 2010.
FIGURA 15 – ORGANIZADORES DA SEMANA DE ARTE MODERNA
DICAS
Este movimento influenciou diretamente a expressão artística brasileira, 
bem como o ensino da arte no Brasil. Após este movimento iniciaram-se as 
atividades de investigação sobre a arte da criança e incentivos ao próprio ensino 
da Arte.
No Rio de Janeiro, em 1948, é criada a Primeira Escolinha de Artes do 
Brasil, por iniciativa do artista pernambucano Augusto Rodrigues, da artista 
gaúcha Lúcia Alencastro Valentim e da escultora norte-americana Margareth 
Spencer. As escolinhas de artes tinham a finalidade de trabalhar as expressões 
artísticas e eram voltadas ao público infantil. Valorizavam a livre-expressão.
Nas escolas primárias e secundárias, por volta da metade do século XX, 
houve uma valorização do desenho, trabalhos manuais, música e canto orfeônico. 
Valorizavam-se os chamados “dons artísticos”, onde o professor era o transmissor 
de técnicas e conceitos ligados aos padrões estéticos como a reprodução de modelos.
TÓPICO 1 | ENSINO DA ARTE NO BRASIL
23
Nesta época a disciplina de desenho enfocava o desenho geométrico. 
O desenho natural, o teatro e a dança eram reconhecidos apenas para as 
apresentações escolares em virtude das datas comemorativas.
NOTA
Caro/a acadêmico/a, perguntamos a você:
Será que a reprodução de modelos ainda existe em nossas escolas?
Será que o teatro e a dança, ou a própria figura do professor de artes ainda não recebe esta 
valoração de organizador de apresentações e murais para datas comemorativas?
Na música o principal representante do canto orfeônico no Brasil, por 
volta da década de 30, foi o compositor Heitor Villa-Lobos, que “[...] acabou 
transformando a aula de música numa teoria musical baseada nos aspectos 
matemáticos e visuais do código musical com a memorização de peças orfeônicas 
[...]”. (PCN, 1997, p. 26).
MAESTRO E COMPOSITOR BRASILEIRO
HEITOR VILLA-LOBOS 
Rio de Janeiro-RJ 05/03/1887 - 17/11/1959
Heitor Villa-Lobos se tornou conhecido como 
um revolucionário que provocava um rompimento 
com a música acadêmica no Brasil. As viagens que fez 
pelo interior do país influenciaram suas composições. 
Entre elas, destacam-se: “Cair da Tarde”, “Evocação”, 
“Miudinho”, “Remeiro do São Francisco”, “Canção de 
Amor”, “Melodia Sentimental”, “Quadrilha”, “Xangô”, 
“Bachianas Brasileiras”, “O Canto do Uirapuru”, 
“Trenzinho Caipira”.
Em 1903, Villa-Lobos terminou os estudos básicos 
no Mosteiro de São Bento. Costumava juntar-se aos grupos de choro, tocando 
violão em festas e em serenatas. Conheceu músicos famosos como Catulo da 
Paixão Cearense, Ernesto Nazareth, Anacleto de Medeiros e João Pernambuco.
No período de 1905 a 1912, Villa-Lobos realizou suas famosas viagens 
pelo norte e nordeste do país. Ficou impressionado com os instrumentos 
musicais, as cantigas de roda e os repentistas. Suas experiências resultaram, 
mais tarde, em "O Guia Prático", uma coletânea de canções folclóricas 
destinadas à educação musical nas escolas.
UNIDADE 1 | HISTÓRIA DO ENSINO DA ARTE
24
Em 1915, Villa-Lobos realizou o primeiro concerto com suas composições. 
Nessa época, já havia composto suas primeiras peças para violão “Suíte Popular 
Brasileira”, peças para música de câmara, sinfonias e os bailados “Amazonas” 
e “Uirapuru”. A crítica considerava seus concertos modernos demais. Mas à 
medida que se apresentava no Rio e São Paulo, ganhava notoriedade.
Em 1919, apresentou-se em Buenos Aires, com o Quarteto de Cordas no 
2. Na semana da Arte Moderna de 1922, aceitou participar dos três espetáculos 
no Teatro Municpal de São Paulo, apresentando, entre outras obras, “Danças 
Características Africanas” e “Impressões da Vida Mundana”.
Em 30 de junho de 1923, Villa-Lobos viajou para Paris financiado pelos 
amigos e pelos irmãos Guinle. Com o apoio do pianista Arthur Rubinstein e 
da soprano Vera Janacópulus, Villa-Lobos foi apresentado ao meio artístico 
parisiense e suas apresentações fizeram sucesso.
 
 Retornou ao Brasil em final de 1924. Em 1927, voltou a Paris com 
sua esposa Lucília Guimarães, para fazer novos concertos e iniciar 
negociações com o editor Max Eschig. Três anos depois, voltou ao Brasil 
para realizar um concerto em São Paulo. Acabou por apresentar seu plano 
de Educação Musical à Secretaria de Educação do Estado de São Paulo. 
Em 1931, o maestro organizou uma concentração orfeônica chamada 
“Exortação Cívica”, com 12 mil vozes. Após dois anos assumiu a direção da 
Superintendência de Educação Musical e Artística. A partir de então, a maioria 
de suas composições se voltou para a educação musical. 
Em 1932, o presidente Vargas tornou obrigatório o ensino de canto 
nas escolas e criou o Curso de Pedagogia de Música e Canto. Em 1933, foi 
organizada a Orquestra Villa-Lobos. Villa-Lobos apresentou seu plano 
educacional, em 1936, em Praga e depois em Berlim, Paris e Barcelona. 
Escreveu à sua esposa Lucília pedindo a separação, e assumiu seu romance 
com Arminda Neves de Almeida, que se tornou sua companheira. De volta 
ao Brasil, regeu a ópera “Colombo” no Centenário de Carlos Gomes e 
compôs o “Ciclo Brasileiro” e o “Descobrimento do Brasil” para o filme do 
mesmo nome produzidopor Humberto Mauro, a pedido de Getúlio Vargas. 
Em 1942, quando o maestro Leopold Stokowski e a The American Youth 
Orchestra foram designados pelo presidente Roosevelt para visitar o Brasil, 
o maestro Stokowski realizou concertos no Rio de Janeiro e solicitou a Villa-
Lobos que selecionasse os melhores músicos e sambistas, a fim de gravar a 
Coleção Brazilian Native Music. Villa-Lobos reuniu Pixinguinha, Donga, João 
da Baiana, Cartola e outros, que, sob sua batuta, realizaram apresentações e 
gravaram a coletânea de discos, pela Columbia Records.
TÓPICO 1 | ENSINO DA ARTE NO BRASIL
25
Em 1944/45, Villa-Lobos viajou aos Estados Unidos para reger as 
orquestras de Boston e de Nova York, onde foi homenageado. Em 1945 fundou 
a Academia Brasileira de Música. Dois anos antes de sua morte, o maestro 
compôs “Floresta do Amazonas” para a trilha de um filme da Metro Goldwyn 
Mayer. Realizou concertos em Roma, Lisboa, Paris, Israel, além de marcar 
importante presença no cenário musical latino-americano.
Praticamente residindo nos EUA entre 1957 e 1959, Villa-Lobos retornou 
ao Brasil para as comemorações do aniversário do Teatro Municipal do Rio de 
Janeiro. Com a saúde abalada, foi internado para tratamento e veio a falecer 
em novembro de 1959. 
FONTE: Disponível em: <http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u525.jhtm>. Acesso em: 24 ago. 
2010.
Como você pôde ler, o maestro Heitor Villa-Lobos é um grande 
representante do Ensino da Música na história da Música brasileira, o canto 
orfeônico foi substituído pela Educação Musical no Brasil, através da LDB (Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação Brasileira) de 1961, passando a vigorar de forma 
efetiva por volta da década de 70.
Até a década de 70, o ensino da arte baseava-se nos ideais modernistas e 
nas tendências escolanovistas, voltando-se para o “desenvolvimento natural da 
criança”. (PCN, 1997, p. 26). A partir desta data, iniciamos uma trajetória acerca 
da Legislação da Educação Brasileira, em que o ensino da Arte foi conquistando 
espaço com o passar do tempo, de forma lenta, como você poderá constatar a 
partir do próximo tópico.
LEITURA COMPLEMENTAR
O JORNALISMO E A CRÍTICA DA SEMANA DE 22 
Claudia Cruz de Souza
A Semana de Arte Moderna no Brasil, um dos eventos mais importantes 
para a cultura nacional, aconteceu nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922, no 
Teatro Municipal de São Paulo. O movimento foi um marco importante no século 
XX, pois originou a modernização das artes, da imprensa e da cultura, sendo 
referência estética e cultural até os dias de hoje.
O modernismo brasileiro não nasce com o nome de ‘Moderno’. Seu 
primeiro nome, futurismo paulista, dado por Oswald, foi confundido com o 
futurismo italiano.
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No entanto, nada tinham em comum, pois o paulista tinha como 
significado somente a ‘tendência para o futuro’, diferentemente do italiano que já 
era um movimento que estava em pleno acontecimento na Itália. 
A Semana de Arte Moderna foi o momento da festa de apresentação 
pública do movimento que já tinha nascido por volta de 1917, com a exposição de 
Anita Malfatti, criticada por espectadores e pelo crítico Monteiro Lobato, e só se 
consolidou efetivamente após 1929, quando os grupos pós-semana começaram a 
se formar e proliferar o pensamento modernista.
Para fazer a abertura do evento no Teatro Municipal paulista foi convidado 
Monteiro Lobato, que não aceitou o convite, alegando motivos pessoais, dando 
lugar ao carioca Graça Aranha, que aceitou de pronto, pois tinha interesses 
culturais e particulares em São Paulo.
Todo esse movimento e os acontecimentos em torno da semana serviram para 
afirmar e consolidar os objetivos da semana, que eram transformar o Brasil em um 
país independente na sua criação e produção artística, além de livrá-lo da influência 
social e da herança cultural europeias, criando assim a Renascença Paulista.
A imprensa 
Durante todo esse processo de modernização cultural e artística nacional, 
não poderíamos deixar de destacar uma classe que tem um papel fundamental 
na formação de opinião da sociedade: a imprensa. O perfil da imprensa desse 
período, no Brasil, era muito diferente do que se conhece hoje. 
Jornais, revistas, cinema e folhetins eram os únicos meios de comunicação 
para que a população pudesse se inteirar das notícias do mundo todo. O rádio 
surgiria no final do ano de 1922, ainda com uma transmissão e programações 
bastante precárias, e a televisão somente 30 anos depois.
Os jornais, revistas e folhetins tinham linguagem bastante conservadora e 
davam bastante destaque aos acontecimentos internacionais. O conservadorismo 
estava presente até no projeto gráfico das publicações, que eram bastante blocadas 
e com uma grande massa de texto, e estavam mais próximas da literatura do que 
da imprensa que entendemos.
O perfil do leitor era definido por sua classe social, já que as classes mais 
pobres tinham alto grau de analfabetismo e ainda amargavam uma pobreza da 
mesma escala.
Esse conservadorismo exacerbado foi um entrave para que o modernismo 
paulista fosse divulgado e acompanhado por mais pessoas. Dentro da própria 
imprensa se têm distinções de todos os tipos. Mais especificamente sobre 22, 
a imprensa não estava de acordo com o que estava acontecendo. Cada veículo 
relatou o fato de maneira que melhor lhe convinha. 
TÓPICO 1 | ENSINO DA ARTE NO BRASIL
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Dentro desse quadro podemos analisar dois ângulos de visão da imprensa 
sobre a Semana de Arte Moderna. A primeira visão era extremamente positiva, 
pois conhecia o projeto de tornar o Brasil um país independente da cultura 
europeia e apoiava essa primeira tentativa.
A segunda encarou a Semana de uma forma bastante negativa, por 
ser formada por um grupo social bastante conservador, que antes mesmo de 
conhecer a proposta que os modernistas traziam, já rotulavam-na como ruim. 
Ainda devemos destacar uma outra parcela da imprensa que simplesmente não 
formou sua visão sobre o modernismo, pois fechou os olhos e fingiu que nada 
estava acontecendo. 
Mas este posicionamento era creditado a uma imprensa nada imparcial, 
que conduzia as posições da sociedade. Apesar de tudo, foi esta imprensa a 
responsável por registrar o grau de preconceito, ingenuidade e provincianismo 
que regiam os debates por toda parte da cidade; em contraponto, mostrou que 
graças àquele pequeno grupo que quis romper com o conservadorismo foi 
possível o Brasil produzir arte própria.
Citamos aqui alguns poucos veículos de comunicação que circulavam na 
época como: O Estado de SP (imparcial); Klaxon (maio de 1922 – repercussão); 
A Garoa; O Mundo Literário; A Gazeta Il Piccolo (internacional); Jornal do 
Commercio; A Cigarra; Correio Paulistano; Folha da Noite; Fanfulla; A Vila 
Moderna; Le Messager de São Paulo; Vida Paulista; A Careta (RJ) – contra; 
Revista do Brasil (RJ) – somente em 1924. As revistas Fon Fon, Revista do Brasil e 
O Malho não cobriram o movimento, pois achavam que seria mais uma bagunça 
dos ‘almofadinhas’ da época. 
Antes de 1922
Em 1917, Monteiro Lobato faz a primeira grande crítica à exposição de 
Anita Malfatti, na cidade de São Paulo, gerando um grande mal-estar entre a 
sociedade e formando uma opinião coletiva bastante distorcida do trabalho 
da pintora e dos modernistas, que já vinham se movimentando em torno das 
modificações na arte brasileira.
Nesta época, chegou a se falar que Anita, apesar de ter estudado tanto nos 
Estados Unidos como na Europa, não tinha noções de cor, forma e perspectiva, 
pois apresentava uma representação artística diferente da que a arte clássica 
brasileira produzia.
Durante os quase cinco anos que se seguiram até a Semana de Arte 
Moderna foram feitos muitos outros artigos pelos pensadores do movimento, 
Oswald e Mário de Andrade, Menotti Del Picchia, Héliose outros, e esses espaços 
jornalísticos serviam de arena para as discussões entre os dois lados. Todas as 
acusações, as defesas e os julgamentos eram feitos nas páginas dos jornais e 
revistas que circulavam.
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Como grandes opositores destacam-se o veemente Cândido (pseudônimo 
do jornalista Galeão Coutinho – redator-chefe de A Gazeta –, que debochou e 
diminuiu a importância da Semana pela proximidade do Carnaval); Plínio 
Salgado, que dizia querer pensar sozinho, mas que se colocava ora contra o 
movimento e ora a favor, mais tarde se tornando integralista; e Mário Pinto 
Serva, servindo esses três nomes como uma pequena amostra do que se vivia na 
oposição ao movimento.
A Semana aconteceu em 1922 propositalmente, pois aproveitariam 
a oportunidade para comemorar o primeiro centenário de Independência 
política do país, e em alusão ao acontecimento criar também uma data para a 
independência artística. 
Existem muitas dúvidas sobre o movimento, no entanto, há documentos 
valiosos escondidos em muitos arquivos, muitos deles de propriedade das famílias 
dos artistas, que podem nos contar detalhes desse período histórico nacional, 
desvendando muitos mistérios, quebrando tabus e quem sabe responsáveis por 
reescrever um momento histórico nacional de tamanha importância. 
Mesmo antes da Semana, Oswald já sabia que as apresentações seriam 
um estardalhaço, mas tinha consciência de que era necessário e já sonhava com 
a calmaria que iria começar somente por volta de 1924, quando o movimento 
realmente passou a ser entendido e aceito pela sociedade paulista.
 
As críticas, as vaias e a chuva de batatas (em alusão aos legumes e frutas que 
realmente foram atirados no palco durante algumas apresentações modernistas 
no Teatro Municipal) recebidas por todos os participantes da Semana já estavam 
sendo esquecidas, mas na memória de quem esteve lá os acontecimentos estavam 
ainda frescos, como afirmaria Menotti anos mais tarde: “tratam-nos como 
criminosos, como réus, como se tivéssemos feito algo de errado com aquele 
barulho todo”.
Uma pequena amostra
Alguns artigos publicados em jornais podem mostrar claramente esses 
posicionamentos tomados pela imprensa. 
A favor da Semana estiveram jornais como: Jornal do Commercio, 
Correio Paulistano e A Garoa. Em um dos artigos de Oswald de Andrade – 
Boxeurs na Arena, de 13 de fevereiro de 1922 – podemos perceber como ele 
se posicionava e como sabia, de antemão, tudo o que poderia acontecer no 
Teatro Municipal paulista. “[...] Nós, pelo acolhimento da plateia de hoje, 
julgaremos da cultura de nosso povo. Pois, sabemos, com Jean Cocteau, que 
quando uma obra de arte parece avançada sobre o seu tempo, ele é que de fato 
anda atrasado”, escreveu Oswald.
TÓPICO 1 | ENSINO DA ARTE NO BRASIL
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Assim também se posicionou Hélios em dois artigos escritos ‘A Segunda 
Batalha’, sobre o segundo dia de apresentações, que contava como correu a 
primeira noite da Semana e suas expectativas para o segundo dia da “Batalha”, 
que São Paulo testemunharia, e ‘O Combate’, no qual ressalta o interesse da 
sociedade em ver o que acontecia no Municipal e ainda a guerra e a glória da 
noite anterior, onde muitos aplaudiram Guiomar Novais por achar que ela tocava 
música clássica, no entanto muitos outros aplaudiram entendendo que a arte 
nova estava ali.
Mas nem tudo eram flores para os modernistas.
 
Muitos artigos contrários às apresentações e principalmente às intenções da 
Semana foram escritos e publicados em jornais como Folha da Noite e A Gazeta.
Um artigo que mostra esse combate ao modernismo foi escrito por O 
3º Andrade (pseudônimo, como muitos, desconhecido o verdadeiro nome). 
Escreveu em ‘Os Futuristas e a Personalidade’, de 15 de fevereiro de 1922:
Apregoa-se por aí que os gênios podem criar as belas-artes sem os 
estudos dos conservatórios como se as artes, para chegarem ao 
seu apogeu, não precisassem de alguns que lhes esclarecessem 
os conhecimentos de sua estrutura!... Os revolucionários de hoje 
dizem: clássico é o que atinge a perfeição de um momento humano 
e o universaliza. Acadêmico, não. É cópia, é imitação, é falta de 
personalidade e de força própria...
Sérgio Milliet, o crítico de Arte
Diante do quadro já exposto sobre a Semana de 22, também temos que 
destacar a crítica feita às obras que compuseram o cenário dos espetáculos 
modernistas, não somente os três dias de apresentações como acontecimento 
social. Para tanto, não podemos deixar de citar Sérgio Milliet, o mais importante 
crítico da Semana até os dias de hoje. 
O crítico nasceu em São Paulo, em 1898, e com apenas 14 anos foi morar 
na Suíça, onde permaneceu até o início do ano de 1922. De volta ao Brasil, alguns 
anos mais tarde, já encontrara todo o cenário pronto para o acontecimento da arte 
brasileira. Na bagagem trouxe uma formação política ligada ao socialismo e um 
gosto estético apurado. 
Milliet foi considerado um homem ponte para o Modernismo nacional. 
O primeiro motivo para ser considerado assim era por ser o contato brasileiro 
na Europa, a pessoa responsável por difundir as ideias modernistas brasileiras e 
mostrar ao mundo o que se [fazia] nas artes nacionais e os movimentos artísticos/
culturais, utilizando um espaço na revista belga Lumière.
 
UNIDADE 1 | HISTÓRIA DO ENSINO DA ARTE
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O outro motivo de ser este homem ponte foi que o crítico disseminou 
os propósitos modernistas para as décadas seguintes, de 1930 e 1940, em seus 
artigos e críticas. Aliás, críticas essas que eram firmes, no entanto tendiam ao 
reconhecimento do propósito e do espírito do artista, antes do fazer da arte.
A sua obra mais importante são os dez volumes de ‘Diário Crítico’, pelos 
quais se tornou especialmente conhecido. E são esses volumes que contam a sua 
trajetória, já que Milliet quase não deixou arquivo pessoal.
Durante todo o trabalho que desenvolveu sobre o modernismo brasileiro, 
merecem destaque os esforços que o crítico despendeu para a fixação dos 
propósitos modernistas, assim como seu papel fundamental na formação de uma 
nova “comunidade de gosto”, pois era polo de divulgação, colaborador importante 
na estruturação da intelectualidade artística, que tinha pouca formação cultural, e 
seu trabalho de favorecimento da formulação e a difusão de valores.
Além de todos os trabalhos prestados para a imprensa nacional, ainda 
creditamos a Sérgio Milliet a sistematização da divulgação da arte, com suas 
ideias que variavam de acordo com o sentimento e os estudos que desenvolvia 
nos diferentes momentos de sua vida.
Tinha uma tônica bastante explicativa e interpretativa, sem objetivar o 
acadêmico, mas fazia questão de organizar suas ideias e expô-las de forma genérica, 
para que nenhum artista se sentisse ofendido e embotasse sua criatividade.
Sobre as apresentações durante os três dias no palco paulista, Sérgio 
escreveu para sua amiga Marthe, que vivia em Paris e dividia os ideais com o 
crítico. Duas cartas merecem destaque: a primeira, escrita em abril de 22, destacava 
as obras e os artistas que tinham exposto no Teatro Municipal e lhe rendeu críticas 
como “Há apenas um ano alguns artistas trabalhavam na calma dos ateliês... 
Alguns artistas!... E eis que de repente, esses artistas fazer [sic] um apelo aos 
outros desconhecidos do Brasil: das a São Paulo, noitadas de arte moderna”.
Ainda citando as apresentações da Semana, destacou a importância dos 
principais artistas que ali estavam pessoalmente, um a um, com o maior rigor, 
para que não houvesse mal-entendidos. 
Algumas passagens eternizam a impressão do crítico. “Penetremos juntos 
ao hall do Grande Teatro e admiremos um pouco esta exposição. Eis, da esquerda 
para a direita, John Graz, que nos apresenta telas de um colorido vigoroso e de 
um simbolismo místico simples, puro e ingênuo... Anita Malfatti,vigorosa e 
ousada, e inteligente. 
A escultura admiravelmente representada pelo gênio de Brecheret, cujo 
estilo lembra Mestrovic, dava-nos a ocasião de apreciar as estatuetas de Haarberg, 
um escultor bastante jovem e a quem não falta talento... 
TÓPICO 1 | ENSINO DA ARTE NO BRASIL
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Brecheret se revela um grande escultor, um gênio da raça latina, digno de 
suceder a Rodin e a Boudelle, e também um admirável poeta por sua extraordinária 
imaginação. Marthe, gostaria de lhe mostrar seu Monumento das Bandeiras que 
é, por assim dizer, a epopeia da arte brasileira e o mais belo canto de sua poesia. 
É o quadro poderoso da conquista do Brasil pelo povo aventureiro dos 
paulistas, a procura do ouro e dos escravos indígenas, a ambição desmesurada 
e nostálgica dos descendentes dos gloriosos portugueses da grande época, a 
necessidade de conquistas e de dominação. 
Imagina você, para traduzir esta grande ideia, um impulso formidável 
de corpos torcidos, de músculos, de sofrimentos, de desesperos e de entusiasmos 
através da floresta virgem, apesar das febres e das guerras e da natureza hostil. Tudo 
isso sem uma frase, sem um artifício, sem uma imagem envelhecida. “Imagine isso 
e você terá uma ideia da arte de Brecheret”, comentou Milliet à amiga. 
Também não podemos deixar de destacar aqui que o crítico também citou 
outros grandes nomes como Di Cavalcanti, Zina Aita, Villa-Lobos, Ferrigna, entre 
outros tantos.
A literatura ganhou uma carta especial, escrita em novembro de 1922, onde 
frisava a importância e a qualidade da literatura produzida no país tupiniquim. 
O destaque ficou para os Andrades (Mário e Oswald), como segue “Oswald de 
Andrade: é um romancista. Mas é sobretudo um poeta”. 
Uma imaginação amazônica que do romance faz um poema, 
transformando os mínimos feitos psicológicos em verdadeiras 
tragédias íntimas... E se uma imagem basta para nos revelar um 
mundo de sensações e de sugestões, Mário de Andrade é um grande 
poeta, pois não há nas suas obras quase nenhum verso que não seja 
metáfora ousada e sugestiva. É o nosso futurista, ressalta.
O crítico Sérgio Milliet desenvolveu com tamanha maestria a crítica no 
Brasil, que até hoje se utiliza da sistematização criada por ele para se fazer uma 
crítica coerente. A pesquisadora Lisbeth Rebollo Gonçalves, em seu livro “Sérgio 
Milliet, crítico de arte”, destaca: “pode-se chegar a dizer que muito mais que uma 
estética, Sérgio Milliet adere a uma ética”, perfeita definição para um grande 
nome modernista nacional.
Referências bibliográficas
ALMEIDA, Paulo Mendes de. De Anita ao Museu. São Paulo: Editora 
Perspectiva. Coleção Debates/Arte, 1976.
BOAVENTURA, Maria Eugênia. 22 por 22 – A Semana de Arte Moderna Vista 
pelos Seus Contemporâneos. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 
2000.
UNIDADE 1 | HISTÓRIA DO ENSINO DA ARTE
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GONÇALVES. Lisbeth Rebollo. Sérgio Milliet, Crítico de Arte. São Paulo: 
Editora Perspectiva, 1992.
KAWALL, Luiz Ernesto Machado. Artes Reportagem. São Paulo: Editora 
Martins Fontes, 1927.
HEMEROTECA do Arquivo Oficial do Estado de São Paulo, microfilmes 
códigos 01.02.047 e 01.02.019, do Jornal O Estado de S.Paulo.
FONTE: Adaptado de: <www.eca.usp.br/pjbr/arquivos/artigos6_b.htm>. Acesso em: 24 ago. 
2010.
33
Neste tópico você viu que: 
• A Arte desenvolve a cognição de crianças e adolescentes, proporcionando 
conhecimento e expressão não apenas racional, mas também afetivo e 
emocional.
• A função da Arte na escola é desenvolver as múltiplas inteligências.
• Os primeiros registros relacionados ao ensino da Arte no Brasil são datados, 
aproximadamente, entre os anos de 1549 e 1808, período em que a educação 
era dominada pela missão jesuítica.
• A Missão Artística Francesa chegou ao Brasil, chefiada por Joachim Lebreton, 
com um grupo de artistas importados da França no ano de 1816, encarregados 
de substituir a concepção popular de arte, assim como o Barroco Brasileiro, 
pelo Neoclassicismo, com enfoque nos desenhos, pintura, escultura e moda 
europeia. 
• Foi com a vinda da Missão Artística Francesa ao Brasil que, em 1816, foi criada 
a Escola Real das Ciências, Artes e Ofícios do Rio de Janeiro, que após dez anos 
foi transformada em Imperial Academia e Escola de Belas Artes.
• Em 1917, junto com uma exposição de seus trabalhos em São Paulo, Anita 
Malfatti expôs desenhos infantis. 
• A exposição de Anita foi muito criticada na época, inclusive pelo escritor 
Monteiro Lobato, que também era crítico de arte, porém toda esta crítica serviu 
como ponto de partida para o Movimento da Semana de Arte Moderna de 1922.
• A Semana de Arte Moderna, realizada entre os dias 11 e 18 de fevereiro de 1922, 
no Teatro Municipal de São Paulo, reuniu um grupo de artistas; entre eles, 
músicos, artistas plásticos, arquitetos e escritores que defendiam a arte com 
estilo próprio brasileiro, negando as vanguardas europeias, principalmente o 
academicismo.
RESUMO DO TÓPICO 1
34
Agora que você já estudou um pouco sobre a Semana de Arte Moderna 
de 1922, sua atividade de estudos será elaborar um plano de aula, que trabalhe 
com as crianças a obra de Anita Malfatti, já que foi ela a primeira artista brasileira 
a se preocupar com a representação artística das crianças. Não se esqueça de 
elaborar seus objetivos e os procedimentos metodológicos. 
AUTOATIVIDADE
35
TÓPICO 2
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA E O ENSINO DA ARTE
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Já discutimos um pouco sobre a trajetória da Arte no Brasil, desde o tempo 
em que a educação era dominada pelos padres jesuítas até a Semana de Arte 
Moderna de 1922.
Agora, compreenderemos as influências deste movimento na construção 
da Legislação que rege a educação brasileira e que cita de forma específica o 
Ensino da Arte no Brasil. Você perceberá que as especificidades sobre o ensino 
da arte na educação brasileira sofreram alterações de acordo com a concepção 
pedagógica de educação, como também da própria concepção de Ensino de Arte.
Vamos, juntos, estudar esta legislação e analisar as influências que até hoje 
marcam as metodologias do Ensino da Arte nas escolas brasileiras. 
2 A VALORIZAÇÃO DO ENSINO DO DESENHO...
“Quando eu tinha 15 anos, sabia desenhar como Rafael, mas precisei 
de uma vida inteira para aprender a desenhar como as crianças”.
(Pablo Picasso)
Pablo Picasso foi um artista que viveu entre os anos de 1881 e 1973. Como 
você pôde perceber através da leitura dos dizeres acima, o artista valorizava o 
desenho infantil. 
Você conhece a obra e a biografia de Picasso?
UNIDADE 1 | HISTÓRIA DO ENSINO DA ARTE
36
FONTE: Disponível em: <http://peramblogando.blogspot.
com/2009/10/frases-antologicas-pablo-picasso.html>. Acesso em: 
24 ago. 2010.
FIGURA 16 – PABLO PICASSO
Seu nome era Pablo Diego José Francisco de Paula Juan Nepomuceno María 
de los Remedios Cipriano de la Santísima Trinidad Ruiz y Picasso, conhecido 
simplesmente como Pablo Picasso. Nascido em Málaga a 25 de outubro de 1881, 
foi pintor, escultor e desenhista.
Observe um de seus quadros:
FONTE: Disponível em: <http://g1.globo.com/Noticias/
PopArte/0,,MUL7988-7084,00.html>. Acesso em: 24 ago. 2010.
FIGURA 17 – MAYA À LA POUPÉE
Igualmente a Picasso, no ensino da Arte a partir da Semana de Arte 
Moderna de 1922, iniciou-se uma preocupação com a valorização da expressão 
das crianças.
TÓPICO 2 | LEGISLAÇÃO BRASILEIRA E O ENSINO DA ARTE
37
Porém a primeira lei brasileira a mencionar o ensino da Arte no Brasil foi 
a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, do ano de 1971 (LDB 5.692/71). 
Esta lei incluiu a Arte no currículo escolar não como disciplina, mas sim como 
“atividade educativa”, com o nome de Educação Artística. Porém, com a criação 
da lei, a Educação Brasileira deparou-se com um grande empecilho: a formação 
dos professores.

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