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Resumo NP1 - Psicologia Sócio-Interacionista

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1 Gabriela Gomes – Resumo NP1 – PSI 
RESUMO NP1 
PSICOLOGIA SÓCIO-INTERACIONISTA 
 
LEV VYGOTSKY (1896-1934) 
Seguindo as tendências do materialismo histórico-
dialético, Vygotsky procurou identificar o salto 
qualitativo do comportamento humano ao longo de seu 
desenvolvimento e a relação dele com o contexto 
social. Ele foi o primeiro psicólogo moderno a sugerir 
que a complexidade humana é produto da relação entre 
a história individual e social de cada pessoa. A nossa 
existência é condicionada à nossa cultura. Para 
Vygotsky, o principal instrumento do homem é o 
pensamento, precedido pela linguagem. A pergunta 
que ele estudou para responder era “como o homem 
constrói a cultura?”. 
Vygotsky se dedicou principalmente ao estudo das 
funções psicológicas superiores (que têm origem na 
interação social) para compreender os mecanismos 
mais sofisticados e complexos do ser humano. A nossa 
capacidade de pensar em objetos ausentes, imaginar 
eventos nunca vividos são exemplos de atividades 
consideradas superiores, se diferenciando de 
mecanismos mais elementares como o reflexo e 
reações automatizadas. Ex: é possível ensinar um 
animal a acender a luz num quarto escuro, mas ele não 
seria voluntariamente capaz de deixar de acender 
quando tivesse alguém dormindo no cômodo. Já nós, 
enquanto seres humanos, temos essa capacidade. 
AS FUNÇÕES SUPERIORES 
 Ações conscientemente controladas; 
 Ação voluntária; 
 Memorização ativa; 
 Pensamento abstrato; 
 Comportamento intencional. 
O MATERIALISMO HISTÓRICO-
DIALÉTICO 
O materialismo surge para quebrar com a correte do 
idealismo, que entendia o mundo a partir das ideias; ele 
traz a emergência da ação. 
Tese + antítese = síntese 
Tese: necessidade de comer 
Antítese: a busca por animais que pudessem sanar essa 
necessidade, um mamute por exemplo 
Síntese: através do uso de instrumentos como lança, foi 
possível caçar e comer o animal, satisfazendo a 
necessidade de comer. 
 
“A síntese de dois elementos não é a simples soma ou 
justaposição deles, mas a emergência de algo novo, 
anteriormente inexistente.” 
 
KARL MARX E SUA CONCEPÇÃO 
MATERIALISTA 
Marx influenciou diretamente o materialismo, e inseriu 
nele a esfera do trabalho. O ser que determina a própria 
consciência, então essa filosofia não se limita a pensar 
no mundo, como o idealismo, mas a transformá-lo. O 
ponto de partida não é a ideia, mas os fenômenos 
externos. Ao entender a cultura, entendemos a 
sociedade, já que foi ela quem a produziu, e ao produzir 
cultura nós produzimos nossa própria consciência. As 
transformações qualitativas da espécie humana 
aconteceram por meio da síntese dialética, onde a 
partir de elementos presentes em determinada 
situação, novos fenômenos emergem. 
HISTÓRIAS RESPONSÁVEIS PELO 
DESENVOLVIMENTO 
Piaget dizia que o desenvolvimento promovia a 
aprendizagem. Já Vygotsky, que a aprendizagem 
promovia o desenvolvimento, e este é influenciado por 
4 histórias: 
 Filogênese - espécie; 
 Ontogênese - indivíduo; 
 Sociogênese – cultura; 
 Microgênese - aprendizagens particulares ao 
longo da vida (tomar banho sozinho, aprender 
a comer com faca) 
MEDIAÇÃO 
É o processo de intervenção de um elemento em uma 
relação, ou seja, essa relação passa a se mediada por 
ele. Ex: ao colocar a mão na chama de uma vela1, 
alguém rapidamente te alerta para tirá-la pois pode 
machucar2, você então tira3. A sua ação de retirar a mão 
do fogo foi mediada pelo alerta de alguém. 
Vygotsky considera que a relação do homem com o 
mundo é mediada, e a presença de elementos 
mediadores introduz um elo a mais nessa relação, 
tornando-a complexa. Esses elementos são 
fundamentais para o desenvolvimento das funções 
psicológicas superiores. Vygotsky dividiu dois tipos de 
elementos mediadores: 
INSTRUMENTOS 
Seguindo a concepção marxista, o trabalho é o processo 
básico de transformação da natureza que vai marcar o 
homem como espécie diferenciada, dando origem a 
atividade coletiva, relações sociais e a criação e 
utilização de instrumentos. O instrumento é o elemento 
intermediário entre o homem e seu trabalho, como o 
machado, a faca, um pincel, etc. Eles auxiliam na ação 
concreta. 
SIGNOS 
Estes atuam como instrumentos da atividade 
psicológica, ou seja, não mais na ação concreta com os 
instrumentos, mas nos processos psicológicos. O signo 
 
2 Gabriela Gomes – Resumo NP1 – PSI 
é um elemento que representa outros objetos, eventos, 
situações. Ex: para contar quantos alunos tem em uma 
sala de aula, eu faço risquinhos em uma folha de papel, 
um risquinho por pessoa. Esses risquinhos são 
considerados signos, pois representam algo ausente no 
espaço e tempo. A memória mediada por signos é 
muito mais poderosa que a não mediada, porque é 
muito mais fácil saber quantos alunos tinham na sala 
com base nos risquinhos ao invés de lembrar sem a 
ajuda deles. Um outro exemplo que prova isso é fazer 
uma lista de compras. Será mais fácil lembrar o que é 
preciso comprar do que sem nenhuma anotação. 
INTERNALIZAÇÃO 
Ao longo do desenvolvimento, o ser humano deixa de 
necessitar marcas externas e passa a utilizar signos 
internos, representações mentais. O homem passa ser 
capaz de operar mentalmente sobre o mundo. A 
internalização é a capacidade de lidar com 
representações que substituam o real, libertando o 
indivíduo do espaço e tempo. São os signos os 
responsáveis por fazer com que nós carreguemos a 
cultura internamente. Ex: eu consigo imaginar um gato 
sentado na minha janela sem que ele esteja lá, assim 
como você também consegue, mas nossas 
representações mentais de gato e de janela são 
diferentes. 
O processo de desenvolvimento do ser humano se dá 
de fora para dentro, em que ele estará realizando 
primeiro ações externas que serão interpretadas pelas 
pessoas ao redor com base na cultura, depois ele 
próprio terá atribuído significado às suas ações e 
desenvolvido processos internos para ele mesmo 
interpretar. Ex: um adulto, ao ver um bebê apontar para 
um brinquedo, interpretará que ele quer o brinquedo, 
dando a ele. Esse bebê, a partir de agora entenderá seu 
próprio gesto como “pedir”, e daqui para frente sempre 
que quiser algo fora de seu alcance, vai apontar. 
LINGUAGEM 
A linguagem é o sistema simbólico básico do ser 
humano, portanto, tudo é mediado por ela e ela tem 
duas funções principais: 
INTERCÂMBIO SOCIAL 
É para se comunicar com seus semelhantes que o 
homem cria e faz uso dos sistemas de linguagem. 
PENSAMENTO GENERALIZANTE 
A linguagem ordena o real, agrupando elementos de 
mesma classe em uma mesma categoria conceitual. Ex: 
cachorro, aqui ou em qualquer lugar do mundo 
remeterá a uma imagem mental semelhante (um 
animal quadrúpede, com pêlos, orelhas, focinho, etc). É 
essa função que torna a linguagem um instrumento de 
pensamento: a linguagem fornece conceitos e formas 
de organização do real que constituem a mediação 
entre o sujeito e o mundo. 
O DESENVOLVIMENTO DO 
PENSAMENTO E LINGUAGEM 
Antes de se conectarem, ambos têm origens diferentes. 
Vygotsky considerou duas fases que precediam as 
funções psicológicas superiores: 
Pré-verbal do desenvolvimento do pensamento: é 
constituída por uma inteligência prática, como ao 
realizar manobras para pegar objetos, sons, expressões 
faciais, e independe da linguagem. Ex: a criança pré-
verbal sobe na cadeira para pegar um brinquedo. 
*Equivalente ao estádio Sensório-Motor. 
Pré-intelectual do desenvolvimento da linguagem: 
ainda não existe a função de signo, então ela funciona 
como meio de expressão emocional e comunicação 
difusa com os outros, mas não indica significados 
específicos que um interlocutor de fora entenderia. 
Independe do pensamento. 
 
Em determinado momento do desenvolvimento, 
pensamento e linguagem se unem, o pensamentose 
tornando verbal (mediado por significados fornecidos 
pela linguagem) e a linguagem se tornando racional 
(com função simbólica e generalizante). A associação 
entre ambos ocorre devido à necessidade de 
intercâmbio social promovida pelo trabalho, e marca o 
salto do biológico para o sócio histórico, em que o 
funcionamento psicológico do ser humano passa a ser 
mediado pelo sistema simbólico da linguagem. 
 
Pré-verbal 
Uso de instrumentos 
Inteligência prática 
 
Pré-intelectual 
Alívio emocional 
Função social 
 
*Vygotsky não descarta a possibilidade da linguagem sem o 
pensamento nem do pensamento sem a linguagem. 
SIGNIFICADO E SENTIDO DA 
PALAVRA 
Ao mesmo tempo que é um ato de pensamento, é 
também uma generalização. É no significado que 
encontramos as duas funções de linguagem 
anteriormente citadas. É no significado que se unem 
pensamento e linguagem. A palavra gato é diferente de 
vaca ou de camaleão, ou seja, além de agrupar 
elementos em comum (vários tipos de gato), também 
diferencia elementos (vaca e camaleão). 
Pelo fato de se constituírem ao longo da história, os 
significados se transformam. Ex: “mancebo” já 
Pensamento verbal e 
linguagem racional 
Salto do biológico para o 
sócio histórico 
 
3 Gabriela Gomes – Resumo NP1 – PSI 
significou escravo, moço jovem e forte, amante e 
cabide. 
Ainda dentro do assunto, Vygotsky deu importância ao 
sentido das palavras, que para cada um é individual e 
está ligado ao contexto do indivíduo. Para uma pessoa 
negra descendente de escravos, “mancebo” pode ter 
um sentido ruim, remetendo à triste história dessa 
família. Já para uma pessoa branca e desvinculada desse 
contexto, “mancebo” talvez traga apenas o sentido de 
“cabide”, sem qualquer associação com algo ruim 
Vygotsky dá muita importância às emoções, visto que 
“sentido” é algo pessoal de pessoa para pessoa, já um 
significado é generalizante. 
DISCURSO INTERIOR E FALA 
EGOCÊNTRICA 
Como citado anteriormente, é a função generalizante 
da linguagem que a torna um instrumento de 
pensamento, o que sugere então, um processo de 
internalização da linguagem. 
O discurso interior é uma forma interna de 
linguagem dirigida ao próprio eu, sem vocalização, 
voltado para o pensamento e que auxilia o indivíduo 
com suas funções psicológicas. É uma espécie de 
diálogo consigo mesmo, sem fala, apoiado pelo 
raciocínio e contando com códigos ou abreviações. Ex: 
calcular “de cabeça” a melhor rota de casa até a 
faculdade, mas de modo abreviado, como “Av. das 
Laranjas, rua do Milho, sobe Praça da Cenoura, à direita 
faculdade”. 
A fala egocêntrica é quando a criança fala alto 
consigo mesma, independente da presença de um 
ouvinte. Ela é o apoio para a atividade da criança no 
planejamento de sequências “eu vou subir ali e pegar o 
meu brinquedo” e na resolução de problemas “um mais 
um é... dois”. Para Vygotsky, essa fala claramente 
associada ao pensamento, indica que o 
desenvolvimento da criança ocorre de fora para dentro, 
do social para o individual, em que ela toma posse da 
linguagem antes utilizada apenas como meio de 
comunicação, e a torna um instrumento de 
pensamento. 
A FALA EGOCÊNTRICA DE PIAGET 
Tem uma função diferente daquela definida por 
Vygotsky, porque para Piaget, ela seria uma transição 
entre os estados mentais individuais não-verbais da 
criança e o discurso socializado e pensamento lógico 
dela. Ou seja, a fala egocêntrica de Piaget é uma ponte 
entre diferentes processos, e além disso, traça uma 
trajetória de dentro para fora. 
ZONAS DE DESENVOLVIMENTO 
Para Vygotsky, é o aprendizado que possibilita o 
desenvolvimento, e ele dá grande importância ao outro 
social nessa trajetória, pois nós não dos desenvolvemos 
plenamente sem o suporte de outras pessoas. 
POTENCIAL 
É a capacidade da criança em desempenhar tarefas 
contando com uma boa mediação por um alguém mais 
capaz que ela. Essa zona é muito importante, pois 
Vygotsky destaca que não é qualquer indivíduo que 
pode, com a ajuda do outro, realizar qualquer tarefa, 
então a zona potencial caracteriza aquilo que a criança 
tem potencial para aprender posteriormente, e além 
disso revela a importância do outro para o 
desenvolvimento do indivíduo. 
IMINENTE 
É o intermédio do processo, fornecendo os indícios do 
potencial da criança para atingir sua zona de 
desenvolvimento real. 
REAL 
Quando a criança consegue realizar tarefas de forma 
independente, contando com funções superiores já 
desenvolvidas até o momento pela criança. Essa zona é 
resultado de processos consolidados pela criança. Em 
nível de hierarquia, essa zona está no topo do 
desenvolvimento para determinada atividade. 
A IMPORTÂNCIA DO BRINQUEDO 
O jogo simbólico impulsiona o desenvolvimento da 
criança, pois a criança aprende a separar objeto e 
significado, em que ela extrai do real um significado 
para si, subjetivando-o na brincadeira. Além disso, 
brincar ensina regras, a criança incorpora o papel que 
pede o jogo e isso cria uma zona iminente de 
desenvolvimento. 
O PAPEL DA CULTURA 
É a cultura que cria a consciência. Antigamente o 
apêndice era um segundo estômago que auxiliava na 
digestão de alimentos difíceis, como no caso dos 
ancestrais que comiam animais sem nenhum tipo de 
preparo ou corte adequado. Com o passar do tempo, 
foram sendo criados instrumentos que mediavam a 
relação homem-animal, como as lanças e o próprio 
fogo, e isso sobreviveu graças à linguagem falada e 
escrita, pois os recursos que temos hoje para 
prepararmos alimentos surgiram lá atrás e passaram de 
geração em geração. Além disso, atualmente o 
apêndice é uma parte dispensável do nosso organismo, 
provando que a cultura modificou a filogênese. 
Sons fala códigos escrita = representação 
A construção da consciência do indivíduo é mediada 
pela linguagem, e a cultura é evidenciada pelos 
significados e sentidos. Todo signo é ideológico, e uma 
mudança na ideologia modifica também a linguagem. 
 
Do social eu me torno individual, e cada sujeito é a 
encarnação da história que vive 
 
 
4 Gabriela Gomes – Resumo NP1 – PSI 
O DESENVOLVIMENTO DA 
CONSCIÊNCIA 
Já que a cultura é formadora da nossa consciência, nós 
podemos considerar que a consciência emerge a partir 
da atividade. O psiquismo se constrói em um 
movimento em que nos esforçamos para tornar próprio 
aquilo que está na cultura. O sujeito se desenvolve de 
fora para dentro, da esfera social e interpsíquica para a 
individual e intrapsíquica. 
SUBJETIVAÇÃO DA OBJETIVIDADE 
Após internalizar um signo cultural, por ser um sujeito 
ativo, eu terei experiências com outras pessoas, e com 
tudo o que eu subjetivei (aquilo que eu absorvi do 
mundo objetivo - social) será transformado por mim e 
pela interação com o meio. A partir daí eu crio um novo 
produto, já que sou um sujeito ativo, então nada se 
recebe passivamente, eu recebo, transformo e devolvo 
em um processo dialógico. Ao subjetivar a cultura, eu a 
ressignifico, objetivando algo novo. 
 
Internalizo transformo externalizo

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