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1 Universidade Federal Fluminense Faculdade de Veterinária Departamento de Zootecnia e Desenvolvimento Agrossócio Ambiental Sustentável – MZO Ezoognósia: morfologia dos equinos e as principais raças brasileiras Autores: Prof a . Carla Aparecida Florentino Rodrigues – UFF Bruna Leal Rodrigues – aluna da UFF Hugo Leandro Azevedo da Silva– aluno da UFF Raiana Sancho Ladeira – aluna da UFF Niterói, 2009 2 Índice I. Introdução ......................................................................................................... 3 II. Exterior dos Equinos ......................................................................................... 7 III. Aparelho locomotor e Aprumos dos Equinos ................................................... 24 IV. Idade dos Equinos ........................................................................................... 38 V. Marcas e Peculiaridades Especiais ................................................................... 44 VI. Pelagem dos Equinos ....................................................................................... 54 VII. Taras, Fraudes e Vícios dos Equinos ......................................................... 67 VIII. Resenha ..................................................................................................... 70 IX. Principais raças de eqüinos ............................................................................. 76 X. Referências Bibliográficas ............................................................................... 119 3 I. INTRODUÇÃO 1. Definições É o ramo da Zootecnia que estuda a CONFORMAÇÃO EXTERNA dos animais domésticos, apreciando as belezas e defeitos, para a conseqüente avaliação do mérito de cada indivíduo. É o estudo da MORFOLOGIA EXTERNA dos animais em função de suas atividades econômicas. Está relacionada à arte de JULGAR ou APRECIAR os animais. Exame minucioso das partes EXTERIORES dos animais, avaliando comparativamente os caracteres MORFOLÓGICOS-FUNCIONAIS. Para o seu estudo se requerem noções gerais de ANATOMIA, FISIOLOGIA, MECÂNICA e PATOLOGIA. As pessoas deverão apresentar espírito OBSERVADOR. O olho humano é a ferramenta mais antiga de seleção dos animais que atendam às características desejadas pelo homem, sendo o instrumento integrador de informações que são obtidas através de imagens. 2. Forma e função O julgamento dos animais com base no exterior se apóia principalmente na existência de uma associação entre a FORMA do indivíduo e a FUNÇÃO por ele desempenhada. Esta correlação entre a forma e função resulta em última análise no TIPO. Em zootecnia, quando se menciona apenas o TIPO, subentende-se a SOMA DOS ATRIBUTOS MORFOLÓGICOS EXTERNOS que indicam a tendência do animal para determinada produção. A história relata que as observações dos primeiros agricultores levaram à dedução de que certas características morfológicas externas eram desejáveis nos animais realizando funções específicas, como a de produzir leite, carne e trabalho. 3. Importância prática No melhoramento do rebanho, a ezoognósia nos ensina a identificar a caracterização racial dos animais e reconhecer os atributos morfológicos de importância econômica. Nas transações comerciais, toda vez que um animal é comprado ou vendido, entra em cena o seu JULGAMENTO, ou a APRECIAÇÃO DOS SEUS MÉRITOS. Em nosso meio, a maioria dos animais é ainda negociada com base em sua APARÊNCIA EXTERNA, de tal sorte que o indivíduo, tendo bom conhecimento sobre o padrão racial ou as características de bom tipo, leva decisiva vantagem sobre aquele que não os tem. 4 Interessa muito ao zootecnista, agrônomo ou veterinário, pois além de lhes conferir a maior soma de conhecimentos sobre sua especialidade, lhes dá maior proficiência na profissão, consolidando-lhes as reputações como técnicos junto aos criadores. 4. Arte do julgamento Julgamento: a arte de determinar as qualidades de um animal, comparando-as ao tipo ideal ou a um padrão reconhecido a partir da observação cuidadosa e metódica d e seu exterior. Características MORFO-FISIOLÓGICAS dos animais estão relacionadas com o estado de SAÚDE e TEMPERAMENTO. 5. Características Morfológicas e Fisiológicas 5.1. Características Morfológicas a) Pelagem – padrão da raça, está relacionada com o clima Clima tropical – pele pigmentada e pêlos mais ou menos claros b) Espessura da pele Clima quente – pele fina Gado de corte – pele solta com abundante tecido frouxo subcutâneo Gado de leite – pele macia e elástica c) Cor das mucosas Raças – mucosas exteriores é um fator importante de pureza d) Textura dos pêlos – forma, grossura e comprimento Clima quente – pêlos curtos e) Chifres – presentes ou ausentes Tamanho, inserção, cor, conformação e direção f) Conformação – características das raças Cabeça, orelhas, pescoço, garupa e membros 5.2. Características Fisiológicas a) Constituição orgânica – resistência do animal contra a ação do clima, alimentação imprópria, infecções ROBUSTA – cabeça larga, olhos expressivos, corpo e pescoço cheios, pêlos com cobertura regular e aparência de saudável 5 SECA – cabeça moderada, olhos vivos e orelhas alertas, corpo enxuto GROSSEIRA – cabeça grande e pesada, olhos com pálpebras grosseiras, corpo não harmonioso DÉBIL – cabeça estreita, olhos apagados e orelhas finas, tórax pouco desenvolvido b) Temperamento - São reações psíquicas que os animais esboçam devido à estímulos externos. VIVO, NERVOSO: de grande sensibilidade e reações imediatas aos estímulos externos – olhos e orelhas alertas, movimentos rápidos – raças especializadas em velocidade. ENÉRGICO: reação intensa aos estímulos exteriores mediante atos voluntários, o animal passa rapidamente do estado de repouso para a ação – animais de tração (formas arredondadas) LINFÁTICO, CALMO: reações lentas e tardias aos estímulos exteriores – olhos apagados, orelhas relaxadas, movimentos lerdos – animais produtores de leite e carne. FLEUMÁTICO: semelhante ao calmo e mais relacionado aos animais produtores de carne. c) Prolificidade É um atributo hereditário e está relacionada à produção de muitos filhos. d) Precocidade É a característica que as raças têm de atingirem seu completo desenvolvimento antes do tempo normal requerido pela espécie. Para isso é necessária alimentação abundante e apropriada, principalmente nas primeiras fases de desenvolvimento do animal, quando sua capacidade de aproveitamento é maior. As vantagens são maiores nos animais de corte, na qual poderá haver uma economia de 2 anos no crescimento dos bovinos, diminuindo o gasto de alimentos, riscos de morte, espaço e número de instalações. Um índice de precocidade está na tábua dentária, sendo a evolução mais rápida nos animais precoces. A muda dos bovinos precoces pode completar-se aos 3 anos, enquanto nos animais tardios ocorrerá aos 5 anos. 5.3. Instinto 6 É psíquico e hereditário, sujeito a variações. Tais atos são geralmente úteis para conservação do indivíduo e da espécie. A qualidade materna não é resultante apenas do instinto, mas também das qualidades leiteiras e do temperamento. O instinto da imitação e outras são úteis no adestramento: experiência e memória. Instinto de orientação depende da memória. O apego e a aversão ao homem e a outros animais. 6. Estado de Saúde BOM ESTADO DE SAÚDE– funcionamento normal dos órgãos e não apresentar moléstias que o inutilizem ou debilitem. ANIMAL SADIO - pêlos finos e brilhantes; pele macia; movimentos livres e fáceis; atento; cabeça levantada; orelhas atentas; olhos limpos, brilhantes e vivos; conjuntiva rósea; ponta do nariz úmida e fresca; ventas limpas, abertas e com mucosas róseas. ANIMAL DOENTE – prejudica seu desempenho e aproveitamento econômico como produtor e reprodutor. Pêlos arrepiados e ásperos; pele seca; movimentos pesados, andar vagaroso e vacilante; indiferente aos ruídos; cabeça abaixada; orelhas caídas e desatentas; olhos tristes, lacrimejantes; mucosas pálidas; ponta do nariz seca e quente, ventas com corrimento. 7. Conceitos Zootécnicos a) BELEZA – Zootecnicamente, não possui apenas o sentido estético, também baseia-se na função e segue os padrões de cada raça. Pode ser absoluta, quando é desejável em qualquer animal, independente de espécie e raça (por exemplo, boa visão e bons aprumos), ou relativa, que é ligada aos padrões de cada raça. b) DEFEITO – Não adaptação de uma região ou órgão para o desempenho de sua função. Pode ser absoluto, quando não há compensação para a sua função, ou relativo, quando é compensável. Exemplo: o cavalo puro sangue inglês tem função de corrida, e a fratura de um membro é um defeito absoluto para corrida e relativo para a reprodução. Podem ser congênitos, genéticos ou adquiridos. Congênito – Malformação ainda na vida uterina, por diversos fatores. Exemplos: lábio leporino, duas cabeças, etc. Genético – São transmitidos através das gerações. Exemplos: criptorquidismo, hérnias. Adquirido – Por ação do meio. Exemplos: fraturas. c) QUALIDADES 7 Docilidade, adaptabilidade, etc. Exemplo - Quarto de Milha: Extrema docilidade, conseguindo partidas rápidas, paradas bruscas, grande capacidade de mudar de direção e enorme habilidade de girar sobre si mesmo. É adaptável a qualquer situação, transformando-se em instrumento de força, transporte e excelente nas provas equestres, sendo considerado o cavalo mais versátil – modalidades de conformação, trabalho e corrida. d) RAÇA – Indivíduos com características semelhantes que são transmitidas à descendência. A pureza racial está ligada à quantidade de gens em homozigose – por exemplo, cruzando um individuo da raça A com um individuo da raça B, se os filhotes forem mais semelhantes a A, significa que este individuo é mais puro racialmente, pois possui maior número de gens em homozigose. e) REGIÕES PARES – Orelhas, olhos, narinas, membros. É desejável que sejam simétricos. f) REGIÃO SECA – Enxuta, sem acúmulo de gordura. II. EXTERIOR DOS EQUINOS Regiões zootécnicas Cabeça Pescoço Tronco Membros 8 15 Cavalo – CARACTERÍSTICAS GERAIS Temperatura = 37,5 a 38,5 ºC Pulsações normais (animal em descanso) = 28 a 42/min Respiração normal (animal em descanso) = 8 a 15/min Altura Média = 1,50m a 1,60 m Peso médio = 330 kg a 550 kg Tempo de vida = até 30 anos Vida últil = 4 aos 20 anos Gestação = 11 meses ou 336 dias Alimentação = capim e ervas quando no pasto. Os cavalos também são alimentados com ração industrializada, milho e farelo. Descrição geral: Os Eqüídeos são animais de talhe médio, cabeça fina e alongada, pescoço musculoso e pernas delicadas. Seus olhos mostram-se grandes e vivos, as orelhas pontudas e móveis e as narinas muito abertas. O corpo, bastante arredondado, apresenta-se coberto de pêlo curto e liso que se alonga na cauda e na tábua do pescoço, onde forma a crina. O esqueleto é caracterizado pelo crânio longo, do qual a caixa craniana ocupa apenas um terço, sendo o resto constituído pela face. REGIÕES DO CORPO As regiões do corpo do cavalo, em Exterior, são divididas em quatro partes: CABEÇA, PESCOÇO, TRONCO e MEMBROS. 1. CABEÇA A CABEÇA deve ser harmônica com o restante do corpo, não deve ser pesada pois desloca o centro de gravidade do cavalo para frente, tirando o equilíbrio. Ela deve formar com o eixo do pescoço um ângulo de 90 o e com a horizontal um ângulo de 45 o . A inserção da cabeça com o pescoço deve ser através de uma leve depressão na região das parótidas, formando um conjunto harmônico. a) Face Anterior Fronte Chanfro Focinho b) Extremidade superior Nuca Garganta 16 Parótida c) Faces laterais Olhal Olho Bochecha Narina Orelha Fonte d) Faces posterior Fauce Ganacha Barba e) Extremidade Inferior Boca 1. fronte (testa) e topete 2. fonte 3. olhal 4. olho 5. chanfro 6. narina 7. lábios 8. orelha 9. nuca 10. parótida 11. garganta 12. chato da bochecha 13. ganacha 14. bolsa da bochecha barba 17 2. PESCOÇO PESCOÇO - região compreendida entre a cabeça e o tronco. Deve ter uma forma piramidal triangular. Cranialmente, o pescoço delimita com a cabeça e caudalmente, com a cernelha, espádua e o peito. Apresenta as duas faces laterais, conhecidas como “tábuas do pescoço”; uma borda dorsal, a região da crineira e uma borda ventral. O comprimento do pescoço deve ser igual ao da cabeça, sendo mais fino nos animais de sela e curto e grosso nos animais de tração. Deve fazer um ângulo de 45 o com a horizontal e 90 o com a espádua. Quando o pescoço é horizontal há uma sobrecarga nos músculos da região cervical, forçando os membros dianteiros. Quando vertical, prejudica o andamento normal. 1. Orelha 2. Olhal 3. Olho 4. Chafro 5. Narina 6. Boca 7. Nuca 8. Topete 9. Fonte 10. Fronte 11. Pálpebra 12. Bochecha 13. Ponta do focinho 1. Crineira e bordo superior 2. Bordo inferior 3. Faces Laterais - tábua 18 3. TRONCO O tronco é dividido em 6 faces. a) Face Superior Cernelha Dorso Lombo Garupa b) Face Anterior Peito Inter-axila Axila c) Faces Laterais Costado Flanco d) Face Inferior Cilhadouro Ventre Virilha e) Face Posterior Cauda Ânus Períneo Órgãos genitais Anca 19 4-Cernelha 5 e 6-lombo 7-anca 8-garupa 9-peito 10-interaxila 11-axila 12-costado 13-flanco 14-cilhadouro 15-ventre 16-virilha 17-cauda 18-órgãos genitais A - Face Dorsal ou Superior Estão localizados: a cernelha, o dorso, o lombo e a garupa. CERNELHA - região ímpar situada entre o pescoço e o dorso. Corresponde aos processos espinhosos da segunda até a 13 a ou 14 a vértebra torácica. Ela deve ser alta, comprida, musculosa e larga na base. Estas características são importantes para propiciar uma boa inserção dos músculos do pescoço e da espádua. DORSO - região ímpar, que segue a cernelha até o lombo. Deve ser curto para poder suportar bem o peso e largo para contribuir para o arqueamento dos costados. Nos cavalos de sela ele é ligeiramente inclinado de trás para frente. Dorso côncavo (lordose) e dorso convexo (cifose) são defeitos. LOMBO - região impar que segue do dorso até a garupa. Confunde com o dorso, sendo a região chamada de dorso-lombo. É mais largo que o dorso e deve ter uma boa cobertura muscular para promover uma união harmônicacom a garupa. GARUPA - região impar que delimita com o lombo e a cauda. A garupa deve ter um comprimento semelhante ao da cabeça. Quando grande, corresponde a um maior comprimento dos músculos traduzindo uma maior flexão dos mesmos. Quanto à inclinação, a garupa pode ser horizontal, inclinada, oblíqua e derreada. A primeira proporciona uma maior amplitude do movimento das pernas, é a garupa do cavalo Árabe. A inclinada apresenta um ângulo de inclinação de 25 a 30 o é desejável nos animais de sela, marchadores e de salto. A oblíqua tem uma inclinação até 40 o e é desejável nos animais de tração. A caída ou derreada apresenta inclinação superior aos 40 o e é indesejável 20 fig.1 fig.2 fig.3 Fig.1 - Cavalo Gelderlander, raça holandesa em que a garupa retilínea horizontal é padrão. Fig.2 – Cavalo da raça Holsteiner, exemplo de garupa inclinada. Fig.3 – Cavalo da raça Bretão, exemplo de garupa obliqua. B - Faces Laterais COSTADOS - região par situada em cada lado do tronco. Delimita cranialmente com a espádua, superiormente com a cernelha e o dorso e ventralmente com o cilhadouro e o ventre. FLANCOS - região par situada lateralmente ao tronco entre os costados e a anca e as coxas. ANCAS - região par situada à frente da garupa correspondendo a tuberosidade do íleo C - Face Ventral CILHADOURO - região impar localizada na parte cranial da face ventral. Limita cranialmente com interaxila, caudalmente com o ventre e lateralmente com o costado. VENTRE - região ímpar, compreendendo a face ventral do tronco. Cranialmente delimita com o cilhadouro, caudalmente com as coxas e na lateral com o costado e parte inferior do flanco. D - Face Cranial ou Anterior 21 PEITO - região ímpar situada ventralmente ao pescoço e delimitando com a axila e interaxila e o braço. Para os animais de tração o peito deve ter um grande desenvolvimento transversal, abrigando uma grande massa muscular e uma maior abertura das patas dianteiras permitindo um maior equilíbrio. Peito estreito é defeito indicando musculatura pouco desenvolvida e costado achatado. AXILA e INTERAXILA - axila - região par localizada entre a interaxila e o braço. E - Face Caudal ou Posterior CAUDA - região ímpar localizada na face posterior do tronco. É um apêndice constituído pelas vértebras caudais e músculos coccígeos. REGIÃO PERINEAL - nas fêmeas corresponde a região do anus e da vulva, nos machos a região do anus e a base do pênis. 4. Membros a) Regiões próprias dos anteriores Espádua Braço Codilho Antebraço Joelho b) Regiões próprias dos posteriores Coxa Nádega Soldra Perna Jarrete c) Regiões comuns aos quatro membros Canela Boleto Quartela Coroa Casco 22 19- Espádua 20- Braço 21- Codilho 22- Antebraço 23- Joelho 24- Canela 25- Boleto 26- Quartela 27- Coroa 28- Casco 29- Coxa 30- Nádega 31- Soldra 32- Perna 33- Jarrete 23 A - Membro Anterior ESPÁDUA - região par situada abaixo da cernelha, acima do braço, entre a base do pescoço e o costado. Corresponde à escápula. Deve ser longa, bem dirigida, musculosa e de movimentos amplos. Quando longa revela tórax alto e cernelha elevada. Nos animais de tração o volume dos músculos é mais importante que o comprimento. Forma em média um ângulo de 55 o com a horizontal. Sendo oblíqua, permite movimentos amplos. Quando vertical, os movimentos possuem amplitude menor, fazendo com que o animal flexione em demasia os joelhos. BRAÇO - região par situada entre a ponta da espádua e o antebraço, sua base é o úmero. O comprimento deve ser longo tanto no animal de sela quanto no de tração e a musculatura deve ser forte. CODILHO - região par situada entre o braço e o antebraço, sua base é o olécrano. ANTEBRAÇO - região par situado entre o braço e o joelho, sua base é o radio e a ulna. Deve ser longo, largo, musculoso e bem dirigido. Sendo comprido, o antebraço permite passadas amplas e, quando curto, as passadas são altas e curtas. JOELHO - região par situada entre o braço e a canela, sua base são os ossos do carpo. Deve ser volumoso, seco e bem sustentado. CANELA - região par situada entre o joelho e o boleto, sua base é o metacarpo. Deve ser bem dirigida, curta, larga e de bons tendões. BOLETO - região par situada entre a canela e a quartela, sua base é a articulação metacarpo- falangeana. Deve ser espesso, largo e seco. QUARTELA - região par situada entre o boleto e o casco, sua base é a primeira falange. Deve ser volumosa, seca, flexível e bem dirigida. No galopador e no marchador ela é comprida e no trotador e de tração deve ser curta. Procura-se que tenha a mesma inclinação da espádua. CASCO - o estojo córneo que recobre a parte terminal do membro do animal. Sua base é parte da segunda e da terceira falange. Externamente o casco é constituído pela muralha, que é dividida do centro para trás em; pinça, quarto e talão. A parte que toca o solo é constituída pela sola, que é uma concavidade, da ranilha e das barras. B - Membro Posterior COXA - região par situada abaixo da garupa, acima da perna. Sua base é o fêmur. Deve ser longa bem dirigida e musculosa. NÁDEGA - região par situada atrás da coxa que vai da tuberosidade isquiática até o jarrete. SOLDRA - região par entre a coxa e a perna, sua base é a rótula. PERNA - região situada abaixo da soldra e acima do jarrete, sua base é tíbia. Deve ser longa musculosa e bem dirigida. No corredor deve fazer um ângulo de 70 o com a horizontal. Animais com garupa muito inclinada geralmente tem perna inclinada. Perna inclinada apresenta amplitude de movimento menor com menor rendimento, mas com maior potência e em conjunto com a 24 garupa inclinada apresenta andamento mais macio, devido ao amortecimento do impacto do membro no solo. JARRETE - região situada entre a perna e a canela, sua base são os ossos do tarso. Deve ser volumoso, seco de boa abertura. CANELA - região comum ao membro dianteiro, cuja base é o metatarso. Deve ser curta larga e espessa e de bons tendões. BOLETO - região situada entre a canela e a quartela. QUARTELA - sua base é a primeira falange. Não deve ter inclinação menor que a quartela do membro anterior. CASCO - semelhante ao membro anterior. III. APARELHO LOCOMOTOR E APRUMOS DOS EQUINOS 1. APARELHO LOCOMOTOR 1.1. Anatomia dos Membros a) Ossos O membro posterior, logo abaixo da bacia ou pélvis, consiste do fêmur, da patela (correspondente ao joelho humano), e depois de tíbia e fíbula, os quais ficam em posição paralela entre si. Em seguida, o tarso ou jarrete‚ composto por seis ossos, dos quais o maior é o calcâneo, que forma a ponta do jarrete e corresponde ao calcanhar humano. Em seguida, há o metatarso, com dois metatarseanos acessórios, e as falanges, que compõem o sistema digital: primeira falange (proximal), segunda falange (média), e terceira falange (distal); esta última é o osso do casco. No casco existem ainda os ossos sesamóide distal e navicular. Entre o metatarso principal e a falange proximal, estão os dois sesamóides proximais. O membro anterior inicia na escápula, que se articula com o úmero. Este se encontra com os dois ossos do antebraço, o rádio e a ulna. A extremidade proximal da ulna é o olécrano, que corresponde ao cotovelo humano. Rádio e ulna se ligam ao metacarpo através de um conjunto de oito pequenos ossos, os carpeanos (correspondentesao pulso, no ser humano. Tal como no posterior, no anterior o metacarpo tem dois metacarpeanos acessórios. A estrutura da parte inferior do membro anterior é idêntica à do posterior. 25 1. Escápula ou omoplata 2. Junta da espádua 3. Úmero 4. Junta do cotovelo 5. Rádio 6. Pisiforme 7. Ossos cárpeos do joelho 8. Canela 9. Quartela comprida 10. Quartela curta 11. Ossos cuneiformes do pé 12. Boleto 13. Costelas 14. Cintura pélvica 15. Osso sesamóide 16. Metatarso rudimentar externo 17. Jarrete 18. Tíbia e fíbula 19. Fêmur 26 b) Articulações, ligamentos, tendões As extremidades de cada osso longo são cobertas pela cartilagem articular, a qual forma a movimentação das extremidades ósseas entre si praticamente livre de atrito. A cartilagem também distribui sobre uma área mais ampla as forças e tensões às quais o membro é sujeito, diminuindo o desgaste da estrutura. Toda articulação (junção entre dois ossos) é formada por uma cápsula articular, que contém a bainha de cartilagem, a membrana sinovial e o líquido sinovial. As articulações são estabilizadas e conectadas entre si, ao esqueleto, e aos músculos através de tendões, ligamentos e cápsulas articulares: os dois últimos conectam ossos entre si, enquanto os tendões ligam músculos a ossos. Tendões e ligamentos são compostos principalmente de colágeno. 27 c) Cascos CASCO - o estojo córneo que recobre a parte terminal do membro locomotor do cavalo. O anterior é maior e mais oblíquo que o posterior. O casco é uma parte insensível que tem a denominação de „escudo do pé‟ e indica que esta função protetora necessita de uma completa estrutura anatômica para que, por muito tempo, atenue as pressões e reações. Os eqüídeos também utilizam os cascos como meio de defesa. Seus golpes são potentes e rápidos. Um detalhe que todo criador deveria saber é que o cavalo, ao escoicear, o faz somente para trás e nunca para os lados (como ocorre com os bovinos), isto devido à existência do "ligamento acessório", que não permite a movimentação lateral dos membros posteriores dos cavalos. 28 c.1. BELEZA DO CASCO OU PÉ - Podem ser considerados quanto ao volume, à forma, à qualidade da matéria córnea e aos aprumos. VOLUME - O pé deve ser relativamente volumoso, porém o seu tamanho depende da raça e do tamanho do animal. FORMA - O casco dever ser simétrico e ter as partes anterior e inferior mais largas; a pinça deve ter o dobro do comprimento dos talões e formar um ângulo de cerca de 50º 29 com a horizontal; o períoplo, reto e inclinado de diante para trás; a face plantar, larga; sola côncava; ranilha volumosa, bem feita, elástica e forte; lacunas largas e bem acentuadas. QUALIDADE DA MATÉRIA CÓRNEA - A matéria córnea do casco deve ser escura, rija e dotada de certa elasticidade, apresentando superfície lisa, íntegra e brilhante. A ranilha deve ser mole, elástica e forte. c.2. Os cascos dos potros - o potro recém-nascido possui um casco pontudo, estreito, muito mole e com a base coberta com um invólucro delicado e córneo. Este, porém, cai em poucos dias e o desenvolvimento do verdadeiro casco se inicia. Quando o potro tem 3 meses de idade, pode-se começar a usar uma faca própria para o preparo do casco. O exame freqüente dos cascos dos potros e a manutenção deles sempre limpos e aparados irá ajudar muito para um perfeito desenvolvimento. Os animais jovens também devem se exercitar bastante em terrenos secos, pois os cascos irão se formando de modo uniforme, podendo ser necessário apenas, ocasionalmente, raspar e arredondar as bordas da pinça a fim de se evitar quebras da parede. Quando os potros permanecem na baia por muito tempo, não gastam seus cascos e, nesses casos, deve ser raspados e limpos com mais freqüência, dependendo do caso, pode ser necessário fazer a manutenção até uma vez por semana. As solas e fendas da ranilha devem ser examinadas e todo o pé lavado com regularidade. c.3. Problemas comuns dos cascos Problemas como o casco encastelado, achinelado ou encurvado geralmente podem ser resolvidos com casqueamentos corretivos. Casco achinelado: pinça longa e talão baixo Casco encastelado: pinça curta e talão alto Pinça encurvada: manutenção ruim do casco 30 1.2. Patologia e afecções do aparelho locomotor a) Problemas típicos do cavalo jovem a.1. Deformidades angulares dos membros: causada por crescimento desigual dos membros. Tratamento por casqueamento ou cirurgia, dependendo do caso. Para a normalização, é importante que o tratamento seja iniciado o mais cedo possível. a.2. Fraqueza dos tendões flexores: presente nos recém-natos. Pode envolver os quatro membros ou apenas os posteriores. Geralmente tem resolução espontânea. a.3. Deformação congênita ou adquirida do aparelho flexor: os potros são incapazes da extensão completa da articulação afetada; pode ser: - congênita: secundária ao mau posicionamento do feto na gestação, ou a predisposição genética. - adquirida: derivada de dor crônica que leva a menor apoio do membro; a dor pode ser causada por Epifisite ou doenças infecciosas, entre outras. Pode exigir terapia, tal como colocação de aparelhos ortopédicos ou mesmo cirurgia. a.4. Ruptura do tendão extensor digital comum: presente no parto, nem sempre reconhecida, manifestando-se por inchaço na parte cranial do corpo. Costuma se resolver com tratamento ortopédico. a.5. Exostose hereditária múltipla: presença de sobreossos múltiplos nos diversos ossos do corpo. Condição hereditária, nem sempre associada à claudicação, porém prejudicial do ponto de vista estético e às vezes funcional, dependendo da localização do sobreosso. Não há tratamento conhecido. b) Problemas músculoesqueléticos ocorrendo em cavalos de qualquer idade 31 b.1. Osteodistrofia fibrosa (“cara inchada”): disfunção generalizada causada pela deficiência de cálcio associada ao excesso de fósforo na dieta, levando à desmineralização óssea. b.2. Fraturas: geralmente causam claudicação e edema do membro afetado. Tratamento com cura dependem da idade do animal, localização da fratura, presença de comprometimento articular, bem como diagnóstico e tratamento precoces. Obs: Existem inúmeros tipos de fraturas, cuja gravidade e tratamento dependem do osso onde ocorrem, região afetada do mesmo, causa da fratura, etc. Elas não serão abordadas neste curso. c) Problemas articulares c.1.Ovas: aumento crônico de volume da articulação, de etiologia exata desconhecida porém geralmente associada a atividade intensa. Pode ter relação com deficiência de conformação. Geralmente não ocorre manqueira. Pônei apresentando Osteodistrofia Fibrosa, a “cara inchada”. Notar também a fragilidade dos locomotores, devido à desmineralização. 32 c.2.Sinovite traumática: consequências de traumatismo articular, geralmente em carpo e boleto de cavalos de corrida jovens. Pode estar associada a aumento de volume ósseo. c.3.Entorses e luxações: causa traumática. Entorse é a ruptura total ou parcial dos ligamentos de uma articulação; na luxação, ocorre o deslocamento total ou parcial dos componentes da articulação. No deslocamento parcial (subluxação), o tratamento pode ser conservativo, enquanto que nas luxações completas, o tratamento é geralmentecirúrgico. d) Problemas dos ligamentos d.1. Esparavão: inflamação e espessamento do ligamento plantar, que é quem envolve o osso calcêno do jarrete. Pode haver formação de sobreosso nos casos crônicos. O grau de claudicação depende da conformação. e) Problemas do casco e.1. Laminite: é a inflamação das laminas do casco. Pode ter uma variedade de causas, desde traumáticas a processos tóxicos. Atinge geralmente os anteriores, e vai se agravando progressivamente, se não diagnosticada e tratada a tempo. É uma condição muito dolorosa, que exige tratamento de emergência para evitar a rotação da falange. 33 e.2. Talões rebaixados: colapso do tecido entre os talões, causado pelo desequilíbrio do casco devido a casqueamento e ferrageamento inadequados. f) Claudicação Claudicação é o sinal clinico de um distúrbio estrutural ou funcional que se manifesta em um ou mais membros, geralmente durante a locomoção. A claudicação na espécie eqüina é um assunto de grande importância tanto do ponto de vista medica quanto do financeiro, visto que muitos dos problemas dos locomotores de eqüinos não podem ser diagnosticados apenas com o exame externo do animal, como é o caso das osteítes, artrites, tendinites, etc. Deve-se avaliar e registrar o grau da claudicação, auxiliando assim uma reavaliação por qualquer outro examinador. Grau 0: claudicação não perceptível em nenhuma circunstância. Grau 1: a claudicação é vista quando o cavalo esta no trote, mas não ao passo. Grau 2: a claudicação é percebida ao passo, mas não há movimentação de cabeça associada à ela. Grau 3: a claudicação é obvia ao passo, com movimentação característica da cabeça. Grau 4: impotência funcional do membro. 2. APRUMOS Entende-se por aprumos a exata direção que têm os membros, com relação ao solo, de modo que o peso corporal do cavalo seja regularmente distribuído sobre cada um daqueles membros. O equilíbrio do cavalo é verificado sempre que uma vertical baixada de seu centro de gravidade cai dentro da base de sustentação, espaço este limitado pelas linhas que ligam as extremidades inferiores dos membros. Quando os membros são irregularmente aprumados, os pés sofrem ruína prematura e prejudicam os andamentos, diminuindo a resistência do animal. Posicionamento típico de animal apresentando laminite 34 Para se avaliar corretamente o aprumo do cavalo, o animal deve estar em estação, sobre um terreno plano e horizontal e com o apoio completo dos membros formando um paralelogramo retangular. Pode-se avaliar os aprumos traçando-se linhas imaginarias que devem passar em alguns pontos específicos dos animais. 2.1 APRUMOS REGULARES a) Membros Anteriores VISTO DE PERFIL – imagina-se uma linha que deverá partir da articulação escápulo- umeral, na sua porção mais anterior e descer paralelamente ao membro, tocando o solo a cerca de 10 cm à frente da pinça do casco (a-b). Tirada do centro de sustentação da espádua sobre os membros anteriores, passar pouco a frente do braço e tocar o solo pelo meio do casco como se o dividisse lateralmente em dois (e-f). VISTO DE FRENTE - Esta linha é uma vertical baixada da ponta da espádua ao solo. Dividir teoricamente o joelho, a canela, a quartela e o casco em partes iguais. (h) b) Membros Posteriores VISTO DE PERFIL - baixada da ponta da nádega, tangenciando o jarrete, tocar o solo atrás dos talões (i-j). Baixada da soldra, toca o solo a cerca de 10 cm adiante do casco (m-o). A linha baixada da articulação coxo-femural, passa pelo centro da perna e toca o solo, dividindo o casco pelo meio (k-l). VISTO DE TRÁS - baixada da ponta da nádega ao solo e dividir, a partir do jarrete, as regiões ao meio, ficando entre os cascos uma distância igual a largura destes (p). 35 2.2. APRUMOS ANORMAIS 36 Um animal é dito “juntado” quando seus membros anteriores e posteriores se projetam para baixo de seu corpo (fig a.1), e “acampado”, quando seus membros permanecem posicionados afastados de seu corpo (os dianteiros jogados para frente e os posteriores para tras – fig a.2). a.1 a.2 3. TIPOS DE ANDAMENTOS São quatro os andamentos naturais do cavalo, ou seja, a maneira como ele se desloca quando está em movimento. São eles: o passo, o trote, o cânter (meio-galope) e o galope pleno. Existem também os andamentos adquiridos, por adestramento e, artificiais, que são os da alta escola de Viena. Exemplo de animal debruçado de diante 37 Passo - é o andamento natural, a quatro tempos, marcado pela progressão sucessiva de cada par lateral de pés. Quando a marcha começa com a perna posterior esquerda, a seqüência é a seguinte: posterior esquerda, dianteira esquerda, posterior direita, anterior direita. No passo calmo, os pés de trás tocam o solo adiante das pegadas feitas pelos pés da frente. No passo ordinário, os passos são mais curtos e mais elevados, e os pés de trás tocam o solo atrás das pegadas dos pés dianteiros. No alongamento, os pés de trás tocam o chão antes das impressões dos pés da frente. No livre, todo o esquema é prolongado. Trote - é o andamento simétrico, a dois tempos, em que um par diagonal de pernas toca o solo simultaneamente e, depois de um momento de suspensão, o cavalo salta apoiado no outro par diagonal. Por exemplo: no primeiro tempo, o pé anterior esquerdo e o pé posterior direito pousam no solo juntos (diagonal esquerda). No segundo tempo, o pé dianteiro e o pé traseiro esquerdo pisam juntos (diagonal direita). No trote, o joelho jamais avança à frente de uma linha imaginária perpendicular tirada do topo da cabeça do animal até o solo. As estilizações supremas do trote são o piaffer, em que o cavalo, sem avançar, fica batendo no chão, alternamente, com os pés dianteiros; a passage em que ele se desloca para o lado, trocando os pés, sem avançar. Cânter (do inglês canter - andar a meio galope) - é um andamento a três tempos, em que o cavalo avança com a perna dianteira direita quando gira para a direita e vice-versa. Quando o cavalo tenta virar para a esquerda avançando com a perna dianteira direita, portanto, a do lado de fora no movimento, esse avanço é chamado um " galope falso" ou cânter com a perna errada. A seqüência de pisadas que dão as três batidas rítmicas no chão são, num galope para a direita: posterior equerda, diagonal esquerda (em que as pernas dianteira esquerda e traseira direita, tocam o solo simultaneamente) e, por fim, perna dianteira direita - dita "de guia". 38 Galope ou galope pleno - O galope é o mais rápido dos quatro andamentos naturais. Descrito habitualmente como um andamento à quatro tempos, sofre variações na seqüência de acordo com a velocidade. Com a perna dianteira direita na liderança, a seqüência de pisadas é a seguinte: posterior esquerda, posterior direita, dianteira esquerda, dianteira direita, ao que se segue um período de suspensão total, em que todos os pés estão no ar. Um puro-sangue inglês galopa a 48 km/h ou mais. O pé mais avançado toca no chão em linha com o nariz, mesmo que, estirada a perna ao máximo, o pé fique no ar à frente dessa linha. Existem ainda outros tipos de andamentos, como as variações de marchas (batida, picada, trotada e ideal) e o passofino, específicas de algumas raças, e que serão melhor explicadas mais a frente, junto às respectivas raças. IV. IDADE DOS EQUINOS Os eqüinos podem ter sua idade avaliada, com precisão, através da data de nascimento(Idade Real) ou estimada através da observação dos elementos secundários e principais (Idade aproximada) (Rezende, 2007). Através dos elementos secundários é possível avaliar se o animal é mais velho ou potro, embora não haja muita precisão. Tais elementos são: pêlos brancos nas ganachas, os quais indicam que o eqüino tem mais de 8 anos; pregas na comissura labial, geralmente começam a ocorrer após 5 anos; ganachas espessas nos potros, pois os pré-molares ainda não se implantaram. Os dentes são os elementos principais para determinar a idade aproximada dos eqüinos. Através das mudanças que acontecem na dentição, no decorrer da vida de um eqüino, é possível avaliar sua idade com precisão. Garanhão da raça Passofino 39 A avaliação da idade é importante, pois muitos animais não têm registro oficial e são negociados à base de sua idade aproximada. O cavalo adulto possui 40 dentes e a égua 36, normalmente, assim distribuídos: 12 incisivos (6 superiores e 6 inferiores) 4 caninos, em geral ausentes na fêmea 24 molares distribuídos igualmente nas duas arcadas. Os potros, machos e fêmeas, apresentam apenas 24 dentes, pois os caninos, os pré- molares da arcada inferior e os dois pré-molares da arcada superior são monofisários (nascem apenas na idade adulta). Os demais dentes são difisários, ou seja, nascem os caducos, que serão substituídos pelos definitivos ou permanentes. Os dentes são caducos são: 12 incisivos 12 molares A idade dos eqüinos é avaliada pelas transformações que acontecem nos 6 dentes incisivos da arcada inferior. Para facilitar a determinação da idade dos eqüinos através das transformações na arcada dentária dos animais deve-se conhecer a nomenclatura dos dentes, principalmente dos incisivos e reconhecer as diferenças que são visíveis entre dente de leite e dente definitivo. Esqueleto da queixada do cavalo 40 Os incisivos centrais são as PINÇAS, os que se posicionam lateralmente a esses são os MÉDIOS e lateralmente os CANTOS. Diferenças entre os dentes de leite (Caducos) e os definitivos Os dentes de leite são menores e mais claros (brancos), apresentam colo mais estreito e arredondo e os definitivos podem apresentar estrias verticais amareladas na coroa. O desgaste na mesa dentária ocorre devido ao atrito entre as arcadas superior e inferior e com o passar do tempo expõem as estruturas internas do dente. Com o desgaste, devido à mastigação, os dentes também mudam seu arco incisivo que, visto de perfil, é arredondado no animal jovem e vai se tornando alongado à medida que o animal envelhece. 41 As figuras acima mostram um corte do dente definitivo. Anatomicamente, o dente é constituído por uma substância branca denominada dentina, que é recoberta por uma camada que lhe confere proteção denominada de esmalte. A base do dente é aquela região que entra em contato com o dente homólogo da arcada oposta, e é denominada de „mesa dentária‟, que quando não usada revela a cavidade dentária externa. No fundo desta cavidade nota-se uma região enegrecida, com função de revestimento, o cemento. Na raiz, o dente apresenta um pequeno orifício em comunicação com uma cavidade interna, no interior do qual se aloja a polpa dentária, vasos e nervos. Com o desgaste do dente, principalmente pela mastigação, a mesa dentária sofre modificações, e passa da forma elíptica para oval, desta para arredondada, depois a triangular e por último biangular. A cavidade dentária externa vai desaparecendo, e o cemento vai ficando cada vez mais superficial circundado pelo esmalte. O processo de arredondamento é visto ao se examinar a borda posterior ou lingual da mesa dentária, onde haverá aproximadamente um semicírculo, pois a borda anterior ou labial do dente permanece horizontal. Com o desgaste contínuo, as bordas da cavidade dentária externa tendem a desaparecer, dando origem ao que chamamos de „rasamento dentário‟. Após essa etapa, o esmalte do fundo da cavidade dentária externa (que forma um relevo sobre a mesa dentária) acaba por desaparecer, constituindo a fase de nivelamento. A determinação da idade através da cronometria dentária é dividida em 7 períodos que retratam as mudanças na dentição dos eqüinos: nascimento dos caducos (ou dentes de leite), desgaste, mudas dos caducos para os definitivos, desgaste dos definitivos até o rasamento ou desaparecimento da cavidade dentária externa, desgaste dos definitivos até o aparecimento da cavidade dentária interna na superfície dos dentes (nivelamento), triangulação (mesa dentária em forma de triângulo eqüilátero) e biangulação (mesa dentária em forma de triângulo isósceles). Com o avançar da idade as arcadas vão se projetando para frente. 1º período - Nascimento dos caducos – forma elíptica dos incisivos. O potro geralmente nasce sem incisivos. Pinças – nascimento - 7 dias Médios – nascimento - 30 dias Cantos – nascimento - 6 meses e alcançam os níveis dos demais aos 10 meses. 42 A partir dos 2 anos de idade os animais passam a fazer a troca dos dentes de leite pelos permanentes 2º período - Rasamento dos caducos – forma ovalada dos incisivos. Desaparecimento da cavidade dentária externa pelo desgaste e compressão dos dentes. Pinças - com 1 ano Médios - com 1 1/2 anos Cantos – com 2 anos Pinças - surgem aos 2 1/2 anos e estão crescidos aos 3 anos Médios - surgem aos 3 1/2 anos e estão crescidos aos 4 anos Canto – surgem aos 4 ½ anos e estão crescidos aos 5 anos Entre 5 e 5 ½ anos nascem os caninos nos machos. 4º Período - Rasamento dos definitivos – forma ovalada dos incisivos. Desaparecimento da cavidade dentária externa dos dentes definitivos. Pinças - 6 anos 3º Período - Mudas – forma elíptica dos incisivos. Período que ocorrem as mudas. 43 Médios - 7 anos (cauda de andorinha) Cantos – 8 anos (estrela dentária) 5º Período – Nivelamentos dos definitivos (nivelamento) – incisivos com forma arredondada Pinças - 9 anos Médios - 10 anos Cantos – entre 11 e 12 anos 6º Período – Triangulação – forma triangular da mesa dentária dos incisivos Pinças - 13 anos Médios - 14 anos Cantos – entre 15 e 16 anos Neste período, poderá ser notada novamente a "cauda de andorinha" e caracteriza-se também pelo nivelamento de todos os incisivos. A partir deste período, os dentes vão se tornando biangulares e fica cada vez mais difícil calcular a idade do animal. 44 7º Período - Biangularidade – mesa dentária em forma de triângulo isósceles Pinças - 17 anos Médios -18 anos Cantos – 19-20 anos Um defeito grave de dentição em conseqüência da posição incorreta dos maxilares, observado com freqüência nos pôneis é o prognatismo, que pode ser superior ou inferior, onde as arcadas não se ajustam. V. MARCAS E PECULARIDADES ESPECIAIS As marcas e os sinais são particularidades independentes das pelagens, também usados como elementos de identificação, para uma boa resenha do animal. Os sinais brancos encontrados na face, focinho e pernas são meios de identificação e vêm registrados na documentação exigida pelas entidades responsáveis. As marcas são naturais (ou congênitas), e artificiais (ou adquiridas). 1. MARCAS NATURAIS OU CONGENITASGolpe de machado - depressão existente na junção do garrote. Golpe de lança - depressão muscular, subcutânea, sem sinal de cicatriz, muito parecida com o golpe de uma lança, encontrada nos músculos da tábua do pescoço, braços, coxas, nádegas, etc. Embandeirada - cauda levantada, pode apresentar-se voltada para a direita ou esquerda (cavalo de raça árabe). Cabana - orelhas caídas. 45 2. MARCAS ADQUIRIDAS OU ARTIFICIAIS Cicatrizes acidentais ou operatórias; Marcas a fogo (ferro quente); Marcas químicas (para identificar o proprietário). Quase sempre sobre estas cicatrizes nascem pêlos brancos nos animais cuja pelagem é escura, e pêlos escuros, nos animais, cuja pelagem é clara. 2.1. PRINCIPAIS MARCAS ADQUIRIDAS Troncho ou mocho - quando as orelhas são cortadas na base, comidas enroladas ou deformadamente tortas. Embandeirado artificialmente - rabo levantado e voltado para a direita ou esquerda através de uma intervenção cirúrgica. Objetivo = imprimir mais elegância ao animal ou por fraude, quando se quer dar a característica inata do árabe puro em cavalos mestiços ou comuns. Pitoco ou suro - rabo cortado, sendo a designação de suro mais empregado para aves. Animal com cauda embandeirada, típica do cavalo Árabe Instrumentos utilizados para a marcação dos animais Animal com orelha cabana 46 3. SINAIS E PARTICULARIDADES ESPECIAIS As particularidades estão presentes em qualquer tipo de pelagem, e auxiliam na identificação do animal, sendo obrigatoriamente colocadas na resenha do animal. São classificadas em gerais, quando não apresentam região fixa no corpo do animal; e especiais, quando ocorrem em determinadas regiões. 3.1. GERAIS a) Reflexos de pelagem: Os reflexos variados dão denominações às pelagens, como: prateada, rosada, porcelana, lavada, almarada, ondeada, dourada, acobreada, bronzeada e azeviche. b) Disposição dos pêlos brancos: NEVADO - quando os pêlos brancos se distribuem em certas regiões do corpo formando manchas com aspecto de flocos de neve. RUÇO - pelagem com pêlos brancos e pretos misturados, ocorrendo geralmente em animais mais velhos, não caracterizando um cavalo tordilho. MIL FLORES - quando o branco forma pequenas manchas sobre o fundo avermelhado. RUBICÃO - pêlos brancos na cauda. c) Disposição dos pêlos pretos: MOSQUEADO - quando o preto forma pequenas manchas sobre o fundo que não possui pêlos negros. SALPICADO - se pequenas manchas ocorrem sobre o fundo que possui pêlos negros. ENCARVOADO - manchas negras ou bem escuras em certas regiões do corpo. TIGRADO - pêlos pretos formando manchas semelhantes aos do tigre. d) Disposição dos pêlos vermelhos: PEDRES - sobre o fundo branco ou ruço, o vermelho forma pequenas manchas. 47 FLOR DE PESSEGUEIRO - manchas avermelhadas maiores que as do pedrês, ocorrem sobre o fundo claro. MARMORIZADO - manchas avermelhadas dispõe-se em veios marmóreos. AFOGUEADO - quando nas pelagens escuras, pêlos vermelhos se localizam no flanco, axilas e outras regiões. e) Disposição de pêlos de qualquer cor: ROSADO - quando a pelagem se apresenta com manchas arredondadas de cor e brilho diferentes do fundo, porém com transição branda. O animal pode ser totalmente rosado ou só em algumas regiões. f) Direção dos pêlos: RODOPIOS (ou remoinhos, redemoinhos) - de forma arredondada onde os pêlos não seguem a direção natural. Geralmente ocorrem na cabeça, garganta, pescoço e peito. ESPIGAS - são rodopios alongados. Pode se localizar em qualquer região do corpo, porém quando se apresentarem em uma das tábuas do pescoço, é denominada de ESPADA ROMANA; e quando ocorre na espada ou costela, a chamamos de SETA. Pedrês simples: a pelagem branca é pincelada por pêlos marrons Pedrês preto: pequenas pinceladas de pêlos pretos aparecem sobre uma pelagem branca (também chamado tordilho pedrês). 48 g) Malhas diversas: Particularidades criadas por malhas de cor, de aparência e localização variáveis. Na resenha devem ser descritas, e quando se diz apenas malha subentende-se que a cor é branca, devendo ser especificada se for de outra cor. Os sinais brancos, geralmente estão presentes na face, focinho e pernas, sendo utilizados como meios de identificação dos animais e nos registros. Além desses sinais, há marcas no corpo do animal ou manchas brancas presentes na parte inferior do ventre e nos flancos. g.1. MARCAS DA CABEÇA CELHADO - quando pêlos brancos contornam os olhos. VESTÍGIO DE ESTRELA - quando aparecem pêlos brancos esparsos na fronte. ESTRELA OU FLOR - formada por uma malha branca na fronte, podendo ter várias formas: em coração, em losango, em meia lua, em U. Pode ser "escorrida". LUZEIRO – Quando a malha na fronte é grande, podendo ser também corridos ou dentados, se apresentam prolongamento para baixo ou contorno irregular, respectivamente. FILETE - determinado por um estreito fio de pêlos brancos que escorre pela fronte ou chanfro. CORDÃO - determinado por uma fina mancha branca (mais largo que o filete), que se estende da fronte ao chanfro, e até as narinas às vezes, podendo ser interrompido ou desviado. FRENTE ABERTA - quando o cordão se alarga tomando toda a frente da cabeça e indo até a região das narinas. MALACARA - determinada por malha branca sobre as faces laterais da cabeça ou somente sobre um dos lados. BETA - pinta branca que corre entre as narinas. BEBE EM BRANCO (bocalvo) - quando um dos lábios ou ambos são brancos, devendo isto ser esclarecido na resenha. CABEÇA DE MOURO - se uma mancha escura (pêlos mais escuros ou pretos) envolve a parte inferior da cabeça ou somente a sua face anterior. COM EMBORNAL - se a mancha abrange apenas a parte inferior da cabeça. As particularidades acima citadas devem ser descritas na resenha, se possível com um esboço dos contornos e desvios. Estrela Luzeiro 49 Estrela com filete Luzeiro com cordão Frente aberta Malacara Luzeiro, filete e beta Cabeça de mouro 50 51 g.2. NO PESCOÇO CRINALVO – quando o animal apresenta crina branca ou desbotada, em pelagens mais escuras. A cauda pode ou não acompanhar a crineira. g.3. NO TRONCO LISTA DE BURRO - listra estreita, mais escura que a pelagem, que se estende ao longo da linha dorsal, indo da cernelha à base da cauda. RAIA CRUCIAL - faixa escura que corta transversalmente a cernelha, geralmente de pelagem vermelha, alcançando as espáduas. PANGARÉ - é o animal que apresenta a parte inferior do ventre, face interna das coxas e outras partes do corpo, esbranquiçadas. 52 RABICÃO - animal que apresenta fios brancos na cauda interpolados com outros mais escuros. g.4. NOS MEMBROS ZEBRURAS - estrias que cortam transversalmente os joelhos e jarretes. BRAGADO - quando o animal apresenta malhas brancas no terço posterior do ventre e nas partes internas das coxas. CANA-PRETA - se o animal apresenta canelas pretas nas pelagens que não as incluem. CALÇADO - quando a cor branca aparece nos membros, bem delimitada, nas pelagens que não incluem o branco nestas partes. Conforme a extensão do branco o calçamento recebe as seguintes denominações: a) Cascalvo - quando somente oscascos são brancos. b) Calçado sobre coroa - quando o branco está situado apenas na circunferência da coroa do casco. c) Baixo calçado - quando o branco vai até o boleto. d) Médio Calçado - quando o branco abrange a qualquer parte da canela. e) Alto Calçado - quando o branco alcança os joelhos e jarretes f) Arregaçado - quando o branco ultrapassa estas articulações (joelhos e jarretes), alcançando os antebraços e pernas. g) Argel - quando um só membro é calçado. h) Manalvo - somente os anteriores são calçados. i) Pedalvo - somente os posteriores são calçados. 53 j) Calçado em diagonal - quando o calçamento é no bípede em diagonal, devendo ser esclarecido apenas qual o anterior que forma a diagonal. k) Trialvo - quando 3 membros são calçados (baixo, médios ou altos); devendo ser citado na resenha da seguinte forma: "trialvo anterior esquerdo" - estando nisto explícito que o único membro não calçado é o anterior direito. l) Quatralvo - quando todos os membros são calçados. COLORAÇÃO DOS CASCOS Os cascos de matéria córnea azul-ardósia (escuros) são os ideais, pois são cascos mais duros e resistentes. Em contrapartida, um casco branco é tido por "mole", incapaz de resistir bem à usura. Não há prova de que essas asserções sejam verdadeiras. Pés brancos normalmente acompanham pernas "calçadas". Os Appaloosa e outros cavalos mosqueados podem ter cascos "tigrados" (com listras verticais negras). 54 VI. PELAGEM DOS EQUINOS Há cerca de 76 pelagens diferentes agrupadas em três modalidades: simples, composta e conjugada: Simples = são as pelagens formadas por pêlos e crinas da mesma cor; Compostas = pêlos bicolores misturados com crina de cor diferente; Conjugadas = malhas e pintas de contorno irregular, mescladas com branco. Existe uma quantidade muito grande de cores e variações de pelagens, o que gera GRANDE CONFUSÃO. A origem da variedade de cores da pelagem envolve 30 genes individuais, o que permite milhares de combinações possíveis. Para algumas raças, a cor é uma consideração de essencial importância. Por exemplo: No cavalo appaloosa, a coloração é variada e, uma das mais comuns é a mosqueada, porém, nem todo cavalo mosqueado é um appaloosa. OBSERVAÇÕES: - Na maioria das espécies de animais a cor de cada raça apresenta várias misturas mais ou menos uniformes, não variando mesmo sob influência de idade, clima etc. - O cavalo oferece numerosas diferenças de pelagens dentro da raça. Diversos fatores podem influir na não-identificação imediata da pelagem, tais como: a) IDADE - ocasiona a não-identificação da pelagem do potro senão algumas semanas mais tarde. Ex: o tordilho nasce muitas vezes negro, castanho, baio ou alazão, mas todos com pêlos brancos espalhados pelo corpo. 55 b) SEXO - nos garanhões as cores são mais vivas e brilhantes. c) LUZ - a luz solar aumenta a vivacidade dos tons e reflexos. Mas quando muito intensa queima as pontas dos pêlos tornando a tonalidade desbotada. d) CLIMA - o calor torna os pêlos lisos e brilhantes, enquanto o frio, a umidade e o vento tornam-nos longos e descorados. e) ALIMENTAÇÃO - uma boa alimentação, regularmente oferecida leva a pêlos lisos e brilhantes, acentuando os reflexos da pelagem. f) SAÚDE - animais mantidos em condições adequadas, com cuidados higiênicos regulares, possuindo saúde perfeita tem pêlos finos, sedosos e brilhantes. Por outro lado, animais com estado patológico possuem pêlos descorados, quebradiços e grosseiros. 1. AS CRINAS Apresentam coloração idêntica aos pêlos nas pelagens ditas simples e uniformes: preto, branco, alazão. São escuras ou pretas em outras: baio e castanho. Ou mescladas: tordilho e rosilho. São usadas longas, tosadas ou outro estilo especial, dependendo do criador/associação. 2. CLASSIFICAÇÃO DAS PELAGENS A maioria dos trabalhos com pelagens segue a classificação francesa. Conceito: PELAGEM é o conjunto de pêlos, de uma ou de diversas cores, espalhados pela superfície do corpo e extremidades, em distribuição e disposição variadas, cujo todo determina a cor do animal. Apesar de haver muita variação, todas as pelagens se agrupam em três modalidades ou categorias: SIMPLES, COMPOSTAS e CONJUGADAS ou justapostas. 56 Cada uma delas com suas divisões e, que no total, forma 76 pelagens diferentes. 2.1. SIMPLES E UNIFORMES São constituídas por pêlos de uma só cor e uniformemente coloridos em todo o corpo do animal, inclusive crina e cauda, como nos tipos branco, alazão e preto. a) TIPO BRANCO É incomum em potros, porém freqüente em cavalos velhos. a.1. Sujo - é um branco encardido, levemente amarelado. a.2. Porcelana - quando a pele é escura, dando um reflexo azulado, que faz lembrar a louça de porcelana. a.3. Pombo ou leite - quando a coloração é fosca, sem brilho. É o branco comum, puro. b) TIPO ALAZÃO É formado por um grande número de nuances, que vão de uma coloração aloirada clara até uma coloração vermelho escura, queimada, lembrando a cutícula da castanha. Sempre com as crinas e as extremidades da mesma cor do corpo ou mais claras, nunca mais escuras. 57 O tipo ALAZÃO pode ser: b.1. Claro - quando a cor é loira, clara e pálida (vermelho aloirado). b.2. Ordinário - quando a cor é de canela. b.3. Escuro ou tostado - quando é da cor do mogno. b.4. Aleonado - quando é de um tom amarelo-claro, com as extremidades mais carregadas, lembrando o leão (fulvo). b.5. Queimado - quando a coloração lembra o café torrado, bastante carregado. b.6. Cereja - quando a coloração lembra a cereja madura. b.7. Gateado, lavado ou sopa-de-leite – (creme ou amarelo claro) quando a tonalidade amarelo-clara desce uniformemente para os membros, geralmente acompanhada de "gateaduras" pelas canelas, antebraços e jarretes, bem como de lista de mulo e banda crucial (quase sempre apagadas). b.8. Vermelho, sangüíneo ou colorado - quando a coloração é de um vermelho vivo, lembrando o sangue de boi. b.9. Amarelo ou amarilho - apresentam, obrigatoriamente, crina e cola bem mais claras que o pêlo do corpo. c) TIPO PRETO Formado por pêlos pretos, que vão de um preto desbotado até um preto com intenso brilho. Cavalo de pelagem alazão amarilho 58 c.1. Mal-tinto, pezenho - quando dá a impressão de desbotado, lembrando o pez negro e por esta razão é conhecido pela designação de pezenho. c.2. Ordinário – preto comum desprovido de reflexos. c.3. Murzelo ou franco - com laivos arroxeados, como a amora madura. c.4. Azeviche - quando a coloração preta dá um reflexo brilhante. Obs. - alguns hipólogos consideram o preto-azeviche, não como tipo e, sim, como particularidade do preto murzelo ou preto franco. 2.2. SIMPLES COM CRINAS E EXTREMIDADES PRETAS Essa categoria compreende o baio, o castanho e o pêlo de rato, que apresentam a crina e a cauda, assim como as extremidades, mais escuras do que o resto do corpo do animal. a) TIPO BAIO Mostra graduações variando do amarelo claro ao bronzeado, devendo apresentar as extremidades mais escuras que o resto do corpo do animal e listra de burro. a.1. Claro ou palha - quando se parece com a cor da palha do trigo. a.2. Ordinário - quando o amarelo é o intermediário entre o palha e o escuro. (amarelo franco como o do brim cáqui). 59 a.3. Escuro - quando a tonalidade do amarelo é mais carregada. a.4. Encerado - quandoa coloração amarela é mais sombria, lembrando a cera bruta. a.5. Camurça ou Isabel (encardido) - Com coloração baia um pouco encardida. b) CASTANHO Formado por pêlos avermelhados no corpo, com intensidade diversa, semelhante à cutícula da castanha e caracterizada pela coloração negra da crineira, cola e membros, não apresentando listra de burro. b.1. Claro - quando o vermelho é pouco intenso, parecendo mesmo um tanto amarelado. b.2. Ordinário - quando da idéia da cor da castanha madura. 60 b.3. Escuro cereja ou zaino - quando se aproxima do preto pezenho, mas difere pelas tonalidades bem mais claras de certas regiões, como o focinho, axilas, ventre, flancos e períneo. b.4. Pinhão - quando se parece com o matiz particular do pinhão (freqüente nos muares). b.5. Vermelho, sangüíneo ou colorado (RS) - quando se lembra o sangue de boi. 2.3. COMPOSTAS Estas pelagens são formadas por duas cores no mesmo pêlo ou por duas ou três cores distribuídas em pêlos diferentes, incluindo os tipos tordilho, rosilho, lobuno e ruão. a) TORDILHO Formado por uma pelagem de base escura, podendo ser preta, alazã, etc, com a mescla de pêlos brancos com disseminação variável pelo corpo. a.1. Claro ou pombo - quando há uma grande predominância de pêlos brancos, com um mínimo de pêlos de outras cores. 61 a.2. Negro - quando há forte predominância de pêlos negros, quase o tornando mouro, mas só não é por não ter a cabeça negra. (metálico). a.3. Escuro - quando há predominância de pêlos escuros sobre os brancos. (cor de chumbo). a.4. Azulego ou cardão - quando há reflexos azulados como a flor do cardo; pode ser claro, escuro ou "andorino" (lembrando o dorso de uma andorinha). a.5. Salpicado ou pedrês - quando há muitos salpicos de pêlos pretos sobre o fundo de pêlos brancos. a.6. Vinagre ou sabino - quando há mescla de pêlos avermelhados sobre os brancos, dando um aspecto de ferrugem. a.7. Rodado - quando os pêlos pretos se aglomeram, formando manchas pequenas, arredondadas e mais escuras que o todo. b) ROSILHO Resulta da mescla de pêlos brancos e vermelhos, uniformemente coloridos. b.1. Claro- Cor levemente rosada, em conseqüência do predomínio dos pelos brancos ou do descoramento dos vermelhos. b.2. Ordinário – francamente róseo. 62 b.3. Escuro - quando há predominância de pêlos vermelhos. Formado pela mistura de pêlos brancos, num fundo de pêlos amarelados ou alazões, vermelhos ou castanho- escuros, que dão ao conjunto matizes róseos. c) LOBUNO Formado por pêlos bicolores (duas cores em cada pêlo), isto é, amarelos na base e pretos na extremidade, de modo que dão ao conjunto uma coloração pardo-acinzentada. Um cavalo lobuno, submetido à tosquia, de maneira que as extremidades negras dos pêlos sejam tosadas, tornar-se-á baio pela coloração amarela da base dos respectivos pêlos. c.1. Claro - quando é acinzentado. c.2. Ordinário - quando é pardo. c.3. Escuro - quando é pardo carregado. d) RUÃO Dado pela interpolação de pêlos brancos, pretos e vermelhos, ou somente a mescla dos brancos com os vermelhos, ficando os pretos limitados às crinas e extremidades. 63 d.1. Claro - Quando o branco predomina ou o vermelho é muito claro. d.2. Ordinário – Apresenta o branco e o vermelho meio equilibrados. d.3. Vinoso - Predominância do vermelho médio e tonalidade de vinho. d.4. Escuro - Quando o vermelho carregado predomina. 2.4. CONJUGADAS Esta categoria apresenta: a) MALHADO OU PAMPA - Caracteriza-se pela conjugação de malhas extensas. As malhas brancas são obrigatórias, enquanto que as demais cores são variáveis, de acordo com o tipo que se conjuga com o branco. A cor com maior proporção é a cor de fundo da pelagem conjugada. Obs. A cor branca jamais é mencionada na designação de pelagens desta categoria, pois fica subentendida na palavra malhado, pampa ou qualquer outro sinônimo. (Ex: alazão pampa – quando a maioria da pelagem é alazã. Pampa alazão – quando a maioria é branca) 64 b) APALUSA - qualquer pelagem que apresenta malha branca despigmentada na garupa. Essa malha poderá se estender atingindo outras regiões do tronco (dorso, lombo, costados, cernelha, espáduas) e poderá apresentar ou não pintas da pelagem básica. É uma pelagem típica da raça Apaloosa. Persa – a pelagem persa é uma subdivisão da pelagem apalusa, onde a maioria do animal possui a pelagem de pêlos brancos, com deficiência de pigmentação na pele e pequenas malhas circunscritas de outra pelagem distribuídas por todo o corpo. 65 RESUMO: CLASSIFICAÇÃO DAS PELAGENS CATEGORIAS TIPOS VARIEDADES Simples e Uniformes - Branco - Alazão - Preto - Diversas - Diversas - Diversas Simples, com crinas e extremidades pretas. - Baio - Castanho - Rato - Diversas - Diversas - Diversas Compostas - Tordilho - Rosilho - Lobuno - Ruão - Diversas - Diversas - Diversas - Diversas Conjugadas - Pampa - Apalusa - Persa - Oveira - Diversas - Diversas - Diversas - Diversas 66 67 VII. TARAS, FRAUDES E VÍCIOS DOS EQUINOS 1. TARAS TARAS são sinais exteriores não pertencentes ao corpo do animal, que podem depreciá- lo ou inutilizá-lo para uma determinada função. Quando acometem tecidos moles, são ditas moles, e quando aparecem em tecidos duros, são chamadas exostoses. 1.1. Taras moles HIGROMAS – Derrame ou edema a nível subcutâneo. De acordo com a região, tem um nome específico. Exemplo: no codilho, é chamada codilheira, no joelho, lupa, na ponta do jarrete, agrião. HIDROPSIAS – Acumulo de líquido em regiões tendinosas. Exemplo, na parte posterior do joelho, é chamada lerpião, no boleto, ova, no jarrete, alifafe. HIDRARTOSES – Acúmulo de líquido ao nível articular. Exemplo, dentro da cavidade articular do joelho é chamada lerpia; as ovas e os alifafes também podem ser hidrartoses. 1.2. Exostoses ou taras duras No joelho – Sobre rodelas Na canela – Sobre canas No boleto – Sobre boleto Na quartela – Sobre quartela No jarrete: * Curva e Esparavão – Localizadas sobre a face interna do jarrete; a diferença é que a curva é localizada mais acima, e o esparavão, mais inferior. * Curvaça – Localizada na face externa do jarrete, ao nível do esparavão. 2. FRAUDE É a tentativa de esconder ou alterar algo no animal antes de comercializá-lo; a exceção é quando um imprevisto acontece no percurso do animal até o local onde será exibido. São comuns as fraudes para mascarar a idade do animal, lixando seus dentes, ou a tentativa de mudar sua cor, pintando-o. 3. VÍCIOS Vício é o defeito que não pode ser visto no momento da exibição/compra. Exemplos: infertilidade, manqueiras, enfisema pulmonar, ausência de ovários, etc. Também são 68 considerados vícios as más qualidades morais que depreciam, parcial ou totalmente, o animal para fim determinado. Admite-se que grande parte dos vícios tenha origem hereditária, enquanto outros são causados por certas moléstias, pela ociosidade ou por uma iniciação mal feita. 3.1. PRINCIPAIS VÍCIOS DOS EQUINOS a) BOLEAR é o vício no qual o cavalo empina, atirando-se bruscamente para trás, cai de costa ou de flanco. b) CORCOVEAR OU VELHAQUEAR é o vício de saltarrepetida e desordenadamente, arqueando o dorso e baixando a cabeça, com o objetivo de derrubar o cavaleiro ou livrar-se dos arreios. c) ESCOICEAR é o golpe brusco dado, geralmente, para trás, com um ou com os dois posteriores, podendo ser de uma ou repetidas vezes. O cavalo, no ato de aplicar o coice, em geral, murcha as orelhas e abaixa a cabeça. d) MANOTEAR é o golpe brusco e agressivo dado com os anteriores. Assemelha-se ao coice. e) MORDER é o vício de morder decorre de má índole, caráter irascível, vingança ou represália por maus tratos. Há cavalos mordedores que investem agressivamente contra o homem, tomando uma atitude características: cabeça estendida, orelhas murchas, olhar típico, boca aberta ou semi-aberta, com os incisivos à mostra e lábios contraídos. f) PASSARINHAR certos cavalos assustadiços estacam bruscamente sobre os posteriores e atiram-se para a direita ou para a esquerda. g) NEGAR ESTRIBO é o vício que se expressa pelo fato do animal oferecer dificuldades de toda a espécie ao cavaleiro, para que este não consiga montar. h) DISPARAR, TOMAR O FREIO OU "CAVALO DESBOCADO” - são vícios mais ou menos semelhantes, apenas com pequenas diferenças no gesto, na intensidade da ação, caracterizados todos pela desabalada carreira que o cavalo toma, sem atender ao freio, mesmo fortemente apoiado nas barras. i) ESTIRAR é o recuo do animal amarrado, praticado com violência, no intuito de livrar-se pela ruptura da cabeçada ou do cabo que o prende. j) EMPACAR E RECUAR são vícios que aparecem simultaneamente, isto é, no empacar, o animal (principalmente os muares) firma manhosamente as patas, nega-se a prosseguir e, sendo acossado, geralmente recua. k) REFUGAR consiste em não querer passar por um determinado lugar, mesmo quando forçado: empaca, recua, desvia por um lado ou "vira nos pés", disparando para trás. l) MASTURBAR certos cavalos inteiros batem a ereção de encontro ao próprio ventre ou a esfregam, repetidas vezes, entre as axilas, no encurvamento do corpo, até provocar a ejaculação. É um vício grave pelo fato de levar o animal ao esgotamento. m) CAVAR O SOLO E OSTENTAÇÃO CONTÍNUA são vícios parecidos, comuns em animais de temperamento excessivamente nervoso, que aparecem pela ociosidade. 69 n) BIRRA é o vício que o cavalo tem de morder os objetos que o cercam: as peças dos arreamentos, a manjedoura, a porta do boxe, o palanque de amarrar, etc. Este vício provoca, dentre outros malefícios, o desgaste excessivo dos dentes incisivos. o) GEOFAGIA E COPROFAGIA são os vícios de comer terra e excrementos, respectivamente. Quase sempre estes vícios são devidos a uma ou mais das causas a deficiência de minerais na alimentação, verminoses, estabulação excessiva, dentre outras causas. p) AEROFAGIA, ENGOLIR AR OU TIQUE PROPRIAMENTE DITO é o vício de fixar a boca sobre um corpo sólido, contraindo espasmodicamente a musculatura envolvida na deglutição, para engolir e rejeitar o ar, o que produz um ruído característico de arroto. q) INCENSAR é o vício que se traduz por movimentos repetidos de flexão e extensão da cabeça, acompanhados, não raras vezes, com o raspar do solo pelos anteriores. r) ESTUFAR OU ENCHER DE VENTO é o vício de estufar a barriga no momento em que se aperta a cilha, de modo que a sela afrouxa-se tão logo o animal relaxe os músculos do ventre. s) ENCAPOTAR é o vício de colocar a cabeça baixa, com o focinho quase tocando o peito, dificultando a ação do freio e ocultando ao animal o que lhe esteja na frente. t) MESQUINHO é o vício de não deixar colocar a cabeçada ou pegar na cabeça. u) LÍNGUA PENDENTE é o vício de manter a língua fora da cavidade bucal, que é deselegante e prejudicial à saúde. v) LÍNGUA DE SERPENTINA é o vício de pôr e tirar a língua para fora da boca, causando ferimento, perda de saliva, dificuldade de mastigação e de apreensão da forragem. w) QUEBRA- NOZES é a vício de bater os lábios, superior e inferior, produzindo um ruído típico, comparável àquele do aparelho "quebra-nozes". x) NÃO DEIXAR FERRAR, LIMPAR, ENCILHAR, ETC - são vícios cuja gravidade está na sua maior ou menor intensidade, variando com o temperamento de cada animal. y) TIQUE PENDULAR OU DANÇA DE URSO - lembra o movimento característico do urso: oscilação ritmada da cabeça e do pescoço, acompanhada de apoio alternado dos membros anteriores dentro do mesmo compasso. O animal adquire este vício por impaciência ou por irritação. z) CAVALO - GAVIÃO é o vício que o animal adquire de disparar pelos campos, tornando-se arisco e matreiro, a fim de fugir ao trabalho ou a recolhida, de modo que para prendê-lo, só mesmo a laço ou com artimanhas. a.2) ESCABECEAR é o vício que se traduz por movimentos repetidos e exagerados de elevação da cabeça, executados nos diversos andamentos. b.2) COMEDOR DE COLA é o hábito vicioso de comer as crinas; geralmente, da cauda dos outros animais. Este grave defeito é revelado, quase sempre, nos cavalos submetidos longas viagens, aparecendo também em cavalos com deficiência em sais minerais. 70 b. c. d. e. m. p. VIII. MENSURAÇÃO E RESENHA MENSURAÇÃO A apreciação dos animais domésticos baseada na forma e nas proporções e com o objetivo de verificar as qualidades e os defeitos de cada região e do conjunto pode ser feito através de dois métodos: um, empírico, chamado “golpe de vista”; outro, objetivo, mediante mensurações. Por meio da mensuração são obtidos dados que complementam a confecção de resenhas e o estudo das regiões do corpo. Com base na visualização dos animais, juntamente à mensuração, tenta-se selecionar animais mais bem proporcionados. 1. Instrumentos utilizados na mensuração: Os instrumentos destinados à mensuração de animais chamam-se zoômetros, quando usados para o caso do cavalo, hipômetros. Os principais hipômetros usados são a bengala (ou bastão), e a fita métrica. A bengala mais usada é a de Lydthin(a.1), preferida pela exatidão e facilidade de manejo, pois serve para a obtenção de medidas de altura, comprimento e largura. A fita métrica, ou trena (a.2), é o zoômetro de mais fácil manejo, também servindo para medir altura, comprimento e largura, embora a precisão seja menor. 71 Para a obtenção de ângulos e direção dos raios ósseos, é empregado um artrogoniometro, que é um compasso provido de transferidor. a.1 a.2 2. Medidas principais: As principais medidas a serem obtidas são a altura, o comprimento, a largura e o peso do animal. Pode-se mesurar todas as partes do animal, no entanto, aqui serão mostradas apenas as principais medidas. A altura é principalmente medida da cernelha, podendo também ser medida a partir de outros pontos, como da garupa. Quando um animal possui a altura da cernelha maior que a da garupa, é dito que ele é „alto de frente‟, quando ocorre o contrario, diz-se que o animal é „baixo de frente‟. Atualmente, em hipologia, considera-se pônei, qualquer cavalo abaixo de 1,40 metros e os animais são considerados grandes, médios ou pequenos em função de sua altura, juntamente com seu peso. Por exemplo, um cavalo da raça Quarto de Milha é considerado um animal médio, que tem em media 1,60m e um peso de 500 Kg. Já um cavalo da raça Bretão é considerado um animal de porte grande, embora também tenha uma altura media de 1,60 – 1,70m, no entanto, pode pesar até 900Kg. O comprimento do corpo é medido da ponta da espádua à ponta da nádega. É importante medir também o comprimento dorso-lombar do animal, entre o ângulo dorsal da espádua e a ponta da anca. Num cavalo de sela, é
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