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Curso de Enologia

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Seja bem vindo! 
 Curso de Enologia 
Carga horária: 50 hs 
Conteúdo programático: 
 
Introdução 
História 
Uvas Brancas 
Uvas Tintas 
O Solo 
O clima 
Plantio e colheita 
Vinhos Tintos 
Vinhos Brancos 
Vinhos Rosados 
Espumantes 
O Vinho e o Tempo 
A Degustação 
Como escolher o vinho ideal 
Armazenamento 
Servindo o Vinho 
Pratos e Vinhos 
Tabela de Temperaturas 
Vocabulário básico 
Glossário do Vinho 
Tipos de Adega 
Principais Acessórios para Vinho 
Bibliografia 
 
 
 
Introdução 
 
A enologia é uma ciência que estuda tudo o que envolve a 
produção do vinho, desde a colheita do solo, até o engarrafamento 
e a venda. Muitos que bebem vinho diariamente não fazem a 
mínima ideia de como esta bebida chegou até as prateleiras do 
supermercado, porém o processo é demorado, desde o plantio das 
uvas, até o envelhecimento em barricas de madeira. O profissional 
responsável por este trabalho é conhecido como Enólogo. 
 
Como existem poucas faculdades com cursos especializados em 
Enologia, o mais comum é que este profissional seja formado em 
Agronomia e tenha especialização em Enologia. As faculdades 
mais famosas de Enologia estão na Itália e na França. 
A melhor faculdade da América do Sul está localizada em 
Mendoza, na Argentina, que por sinal é o lugar originário dos 
vinhos de qualidade do país vizinho. Atualmente, existem apenas 
quatro instituições com este curso no Brasil. Dessas quatro, a 
Universidade Federal do Pampa oferece o curso em modalidade 
bacharelado; o Instituto Federal de Educação, Ciência e 
Tecnologia nas cidades de Bento Gonçalves e Petrolina oferecem 
o curso em nível tecnológico e a Universidade Federal de Pelotas 
oferece a formação como técnico. 
 
Veja abaixo alguns significados: 
Enologia: é a ciência que se dedica a tudo que envolve a produção 
do vinho, como por exemplo o plantio, escolha do solo, produção, 
envelhecimento, etc. 
 
Enólogo: é o profissional responsável pelas tarefas de enologia, 
como a coordenação, supervisão, produção, envelhecimento, 
engarrafamento, controle de qualidade, etc. 
 
Enófilo: é a pessoa que gosta de apreciar e estudar vinhos, e se 
dedica profissionalmente ou apenas por prazer. Diferente do 
enólogo, o enófilo é apenas um apreciador, e não pode elaborar 
vinhos. 
 
Sommelier: também conhecido como Escanção, é o profissional 
conhecedor de todos os vinhos e assuntos relacionados a bebida. 
O sommelier pode trabalhar em lojas de vinhos, supermercados e 
restaurantes, elaborando carta de vinhos, orientando os clientes a 
respeito da melhor escolha para acompanhar os alimentos 
escolhidos, além de cuidar da compra, armazenamento, etc. 
 
História 
 
 
Infelizmente, não se sabe em qual data ou local o vinho pode ter 
sido feito pela primeira vez, porém a bebida esteve presente na 
vida do homem desde as primeiras civilizações. 
Na Geórgia, na região do Cáucaso, foram encontradas as mais 
antigas vinhas cultivadas no mundo, e datam da Idade da Pedra. 
Cientistas acreditam que esses podem ser os primeiros sinais de 
viticultura, ou seja, de um plantio feito pelo homem. É provável que 
os vinhos também tenham surgido nesse período, mesmo que 
alguns equipamentos vitícolas e as primeiras prensas terem sido 
encontradas na Armênia em 4.000 a.C. 
O Gilgamesh (uma série de poemas e lendas sumérias compiladas 
por volta do século VII a.C.), que é uma das obras literárias mais 
antigas da humanidade, tem um trecho, que trata da fabricação do 
vinho, na tábua 10. Já no primeiro livro da Bíblia, o Gênesis, é 
possível ler que Noé se tornou lavrador e plantou um vinhedo, e no 
Talmude, o livro sagrado dos judeus, também fala sobre vinho. 
Como podemos perceber, o vinho é muito mais antigo do que 
imaginamos. Os arqueologistas aceitam o acúmulo de sementes 
de uva como uma evidência, ao menos de probabilidade, de 
elaboração de vinhos. E foi na Geórgia também que as mais 
antigas sementes de uvas cultivadas foram descobertas. 
Escavações em Catal Hüyük na Turquia, em Damasco na Síria, na 
Jordânia e em Byblos no Líbano revelaram sementes de uvas da 
Idade da Pedra (Período Neolítico B), cerca de 8000 a.C. 
De acordo com Homero, o poeta grego mais famoso da 
Antiguidade, que viveu por volta do século VIII a.C., em suas 
narrativas, tanto na história da Guerra de Troia na Ilíada, quanto 
nas aventuras de Ulisses, na Odisseia, há relatos da produção e 
do consumo do vinho na época. Aliás nas aventuras de Ulisses é 
citado o vinho de Maro, forte e doce, o qual o herói utilizou para 
adormecer o cíclope Polifemo. 
Na Geórgia, as sementes encontradas foram classificadas 
como Vitis vinifera variedade sativa, o que podemos imaginar que 
serve de base para o fundamento de que as uvas eram cultivadas 
e o vinho possivelmente elaborado. A idade dessas coincide com 
a passagem das culturas avançadas do Oriente e da Europa, perto 
de uma vida nômade, para uma vida sedentária, iniciando o cultivo. 
Além da pedra, nesse período também começam a surgir as 
primeiras cerâmicas e utensílios de cobre nas margens do Mar 
Cáspio. O kwervri - um jarro de argila - existente no museu de 
Tbilisi, na Geórgia, datado de 5000 - 6000 a.c, é outro indício desse 
período. Neste mesmo museu existem também pequenos 
segmentos e galhos de videiras, datadas de 3000 a.C., que 
parecem ter sido parte dos adornos de sepultamento, 
provavelmente com significado místico de serem levadas para o 
mundo da morte onde poderiam ser plantadas e proporcionar 
novamente prazer. 
 
 
Existem muitas lendas sobre o local onde teria iniciado a produção 
de vinhos e a primeira delas está no Velho Testamento. É possível 
observar que o capítulo 9 do Gênesis, afirma que Noé plantou um 
vinheiro do qual fez vinho, bebeu e se embriagou, após ter 
desembarcado com os animais. As videiras provavelmente faziam 
parte da carga da Arca, e onde quer que ele tenha a construído, 
ele tinha vinhedos e já sabia produzir o vinho. 
O vinho está associado à mitologia grega, e existem diversas 
lendas sobre a descoberta do vinho. A mais falada de todas, é uma 
versão persa que fala sobre Jamshid, um rei persa semi-mitológico 
que parece estar associado a Noé, pois teria construído um grande 
muro para proteger os animais do dilúvio. As uvas eram mantidas 
em jarras para serem comidas fora da estação, na corte de 
Jamshid. Em um certo momento, uma das jarras estava cheia de 
suco e as uvas espumavam e exalavam um cheiro diferente. Com 
isso, as uvas foram deixadas de lado por serem inapropriadas para 
comer e também porque foram consideradas como um possível 
veneno. Vendo isso, uma donzela do harém ingeriu o "possível 
veneno" no intuito de se matar. Ao invés da morte, ela começou a 
se sentir alegre e teve um sono tranquilo e repousante. Ela narrou 
o fato ao rei que ordenou então que uma grande quantidade de 
"vinho" fosse feita. Após isso, Jamshid e sua corte beberam e 
aproveitaram a nova bebida. 
Outros bebedores de vinho eram os mesopotâmios. Mais 
tardiamente, eles até tentaram o plantio de videiras, porém 
inicialmente importavam o vinho de outras regiões. Há registros de 
que dois séculos e meio depois, o rio Eufrates foi usado para o 
transporte de vinho da região da Armênia para Babilônia, a cidade 
que sucedeu Kish e Ur. 
Apesar de não terem sido os primeiros a fazer vinho, os egípcios 
certamente foram os primeiros a saber como celebrar e registrar 
os detalhes da vinificação em suas pinturas que datam de 1.000 a 
3.000 a.C. Haviam até os que entendiam muito sobre o assunto, e 
diferenciavam as qualidades dos vinhos de forma profissional. 
Foram encontradas nas tumbas dos faraós, pinturas que 
retratavam com detalhes as etapas da elaboração do vinho, como 
a colheita da uva, a prensagem e a fermentação. Além disso, 
haviam as imagens mostrando a forma como os vinhos erambebidos: através de canudos em jarras ou taças, em um ambiente 
festivo e elegante, e outras vezes, licencioso. O consumo de vinho 
parece ter sido limitado aos nobres, ricos e sacerdotes. Como 
mostram os registros do presente que Ramsés III (1100 a.C.) fez 
ao deus Amon, os vinhedos e o vinho eram oferecidos aos deuses, 
especialmente pelos faraós. 
O vinho trouxe, em particular, um novo valor nas relações pessoais 
e comerciais, na medida em que leva naturalmente a festividades, 
confidências e senso de oportunidade. O interesse dos gregos pelo 
vinho pode ser analisado pela descoberta recente da adega do rei 
Nestor de Pilos, cidade do Peloponeso (sul da Grécia). A adega do 
rei tinha capacidade estimada em 6.000 litros, armazenados em 
grandes jarras denominadas pithoi. 
 
O primeiro vinho bebido na Borgonha, segundo alguns 
historiadores, foi trazido provavelmente de Marselha ou 
diretamente da Grécia. Entre Paris e a Borgonha, na cidade de Vix 
em 1952, uma imensa jarra grega foi descoberta. Era feita de fino 
bronze e tinha cerca de 2 metros de altura e capacidade de 1.200 
litros, originária de 600 a.c. 
Os principais exportadores de vinho provavelmente foram as ilhas 
gregas, sendo a ilha de Chios, situada ao leste, próxima ao litoral 
da Lídia, a mais importante delas e a que possuía o melhor vinho. 
As características de suas ânforas (vasos antigos de origem grega) 
foram encontradas em quase todas as regiões por onde os gregos 
fizeram comércio, como o Egito, a Itália, Rússia e Bulgária. A Ilha 
de Lesbos, ao norte de Chios também possuía um vinho muito 
famoso, e, provavelmente, foi a fonte do Pramnian, o equivalente 
grego do fantástico vinho búlgaro Tokay Essenczia. 
 
 
 
Acredita-se que os vinhos doces eram os preferidos (Homero 
descreve uvas secadas ao sol), porém haviam diferentes tipos de 
vinho. O pai de Odisseu, Laerte, tinha seus vinhedos com orgulho 
e alegria e gabava-se de ter 50 tipos diferentes de uva. Com 
relação à prática de colocar resina de pinheiro no vinho, utilizada 
na elaboração do moderno Retsina, parece que era rara na Grécia 
Antiga. Apesar disso, era comum fazer outras misturas diferentes 
com os vinhos, e na verdade, raramente eram bebidos puros. Era 
normal adicionar água, porém quanto mais formal fosse a ocasião 
e mais sofisticada a comida, mais especiarias aromáticas eram 
colocadas no vinho. 
O vinho representava para os gregos, além dos aspectos 
comercial, hedônico e medicinal, um elemento místico, expresso 
no culto ao deus do vinho, Dionísio ou Baco ou Líber. 
Dionísio - filho de Zeus (deus dos deuses) com a princesa Sêmele 
- era considerado na mitologia grega o Deus do Vinho, pois tinha 
conhecimentos sobre o plantio e colheita da uva. Além disso, 
conhecia os segredos da produção do vinho. Dionísio era um dos 
doze deuses olímpicos (habitava o Monte Olimpo), portanto era um 
dos mais importantes da mitologia e religião grega. 
 
Ele era responsável por realizar o plantio e colheita da uva, e 
também fazia a produção do vinho. Nas pinturas e esculturas, 
Dionísio é representado como um jovem belo de cabelos longos e 
quase sempre alegre, efeito da embriaguez por vinho. Em algumas 
imagens aparece segurando uma taça de vinho ou um cacho de 
uva. 
No sul da Itália, o vinho chegou através dos gregos a partir de 
próximo de 800 a.C. Os etruscos, porém, já viviam ao norte, na 
região da atual Toscana, e produziam vinhos e os vendiam até na 
Gália e, provavelmente, na Borgonha. No entanto, não se sabe se 
eles trouxeram as videiras de sua terra de origem (provavelmente 
da Fenícia ou da Ásia) ou se cultivaram uvas nativas da Itália, 
onde, desde a pré-história já havia videiras. 
Com a vitória na longa guerra com o Império de Cartago no norte 
da África, com o objetivo de controlar o Mediterrâneo Ocidental 
(entre 264 e 146 a.C.) houve um ponto crítico da história do vinho 
em Roma. A vitivinicultura ganhou muita importância, pois os 
romanos começaram a investir com seriedade na agricultura. 
O senador Catão foi o primeiro a escrever sobre o tema em sua 
obra De Agri Cultura. No entanto, o manual mais famoso foi escrito por 
um cartaginês, Mago, e traduzido para o latim e para o grego. Este 
manual estimulava a plantação comercial de vinhedos e a 
substituição de pequenas propriedades por outras melhores e 
maiores. 
 
Uma data que foi marcante para o progresso de Roma foi 171 a.C., 
quando a primeira padaria da cidade foi inaugurada. Até então, os 
romanos se alimentavam apenas de mingau de cereais. Agora que 
Roma se alimentava de pão, a sede e o desejo por vinho 
provavelmente aumentaria. Os primeiros cultivos de vinhos de 
qualidade (de vinhedos específicos) apareciam, equivalentes aos 
grandes crus de hoje. Os melhores vinhedos estavam na costa da 
Campânia, na baía de Nápoles e na península de Sorrient. O 
famoso Opimiano (em homenagem ao cônsul Opimius) é dessa 
época, safra de 121 a.C. do vinhedo Falernum que foi consumido 
até 125 anos depois, conforme registros históricos. Mesmo assim, 
pela opinião dos romanos, os vinhos gregos ainda eram 
considerados os melhores. 
Aconteceu uma aceleração na plantação de vinhedos após a 
destruição de Pompéia pela erupção do Vesúvio no ano 79 d.C. 
Plantações de milho se tornaram vinhedos, causando um 
desequilíbrio do fornecimento a Roma, desvalorização das terras 
e do vinho. 
O imperador Domiciano, no ano 92 d.C. editou um decreto 
desautorizando a plantação de novos vinhedos e mandando 
destruir metade dos vinhedos nas províncias ultra marítimas. O 
objetivo foi a proteção do vinho doméstico contra a concorrência 
do vinho das províncias e manter os preços para o produtor. Este 
decreto durou até 280 d.C., quando o imperador Probus o revogou. 
O espanhol de Gades (hoje Cádiz) Lucius Columella criou o 
manual De Re Rustica (Sobre Temas do Campo), aproximadamente 
em 65 d.C, e nele é possível encontrar muita informação sobre a 
vitivinicultura romana da época. Vários detalhes importantes são 
encontrados no manual, como a técnica de plantio em estacas com 
distância de dois passos entre elas (praticamente a mesma técnica 
usada hoje em vários vinhedos europeus), a produção por área 
plantada (que é a mesma dos melhores vinhedos da França de 
hoje), colheita, prensagem, tipos de terreno, fermentação, etc. 
 
Em relação ao paladar, os romanos preferiam os vinhos doces. 
Para isso, faziam a colheita o mais tarde possível, ou, optavam 
pela técnica grega, que consistia em colher o fruto um pouco 
imaturo e deixar no sol para secar e concentrar o açúcar (vinhos 
chamados Passum). Também utilizavam outra técnica para obter 
o vinho mais doce e forte, que era ferver para aumentar a 
concentração de açúcar (gerando o chamado Defrutum) ou ainda 
adicionar mel (gerando o Mulsum). Eles gostavam também de 
preparar o semper mustum (mosto permanente), um mosto que 
tinha a fermentação interrompida por submersão da ânfora em 
água fria e, assim, contendo mais açúcar. Essa técnica é a pioneira 
do método de obtenção do Süssreserve das vinícolas alemãs. 
Para o envelhecimento, os mais doces e fortes eram expostos ao 
ar livre e os mais fracos contidos em jarras enterradas no chão. 
Um dos métodos utilizado para o envelhecimento era o fumarium, 
um quarto de defumação onde as ânforas com vinho eram 
colocadas em cima de uma lareira e o vinho defumado, tornando-
se mais ácido, mais pálido, e com cheiro de fumaça. 
Para a maioria das áreas da criatividade humana, a época foi de 
obscuridade após a queda do Império Romano. Com isso os 
vinhedos parecem ter permanecido em latência até que alguém os 
fizesse ganhar destaque novamente. O simbolismo do vinho na 
liturgia católica, felizmente fez com que a Igreja desempenhasse o 
papel mais importante do renascimento, desenvolvimento e 
aprimoramento dos vinhedos e do vinhonessa época. 
Com isso, a Igreja foi proprietária nos séculos que se seguiram, de 
diversos vinhedos nos mosteiros das principais ordens religiosas 
da época, como os beneditinos, franciscanos e cistercienses 
(ordem de São Bernardo), que se propagaram por toda Europa, 
levando junto o conhecimento da elaboração do vinho. 
Três mosteiros franceses ganham destaque nessa época. Um 
deles, cisterciense, está em Clairvaux na região de Champagne. 
Já os outros dois situam-se na Borgonha: um beneditino em Cluny, 
próximo de Mâcon (fundado em 529) e um cisterciense em 
Citeaux, próximo de Beaunne (fundado em 1098). O mosteiro 
cisterciense de Eberbach, na região do Rheingau, na Alemanha 
também é famoso, pois foi o maior estabelecimento vinícola do 
mundo durante os séculos XII e XIII e hoje abriga um excelente 
vinhedo estatal. 
Você sabia que hospitais também foram centros de produção e 
distribuição de vinhos? Além disso, não apenas cuidavam dos 
doentes, mas também recebiam viajantes, pobres, estudantes e 
peregrinos. Um dos mais conhecidos foi o Hôtel-Dieu ou Hospice 
de Beaune, fundado em 1443, até hoje mantido pelas vendas de 
vinho. 
Durante a Idade Média, além dos hospitais, as universidades 
também se destacavam na divulgação e no consumo do vinho. 
Num tipo de turismo da época, os estudantes ganhavam salvo 
conduto e ajuda de custos para viagens de intercâmbio cultural 
com outras universidades. Esta forma primitiva de turismo 
começou pela Universidade de Paris e depois foi propagada pela 
Europa. 
O primeiro livro impresso sobre o vinho foi impresso na idade 
média, por volta do ano de 1.300 pelo espanhol ou catalão 
Arnaldus de Villanova, médico e professor da Universidade de 
Montpellier. O livro Liber de Vinis continha uma visão médica do vinho 
- provavelmente a primeira desde a escrita por Galeno - e falava 
das propriedades curativas de vinhos aromatizados com ervas 
para diversas doenças. 
 
Um fato marcante e trágico ocorreu na história da vitivinicultura, da 
segunda metade do século passado, em especial na década de 
1870, até o início deste século: uma doença parasitária das vinhas, 
causada pelo inseto Phylloxera vastatrix, cuja larva ataca as raízes. 
Trazida à Europa em vinhas americanas contaminadas, a 
Phylloxera destruiu praticamente todas as videiras europeias. 
Felizmente, com a descoberta de que as raízes das videiras 
americanas eram resistentes ao inseto, elas passaram a ser 
usadas como porta-enxerto para vinhas europeias. Com isso, as 
próprias videiras americanas foram o remédio para a tragédia que 
elas próprias causaram às vitis europeias. 
É fundamental lembrarmos das descobertas, sobre a fermentação 
e os microrganismos, feitas por Louis de Pasteur (1822-1895) e 
divulgadas na sua obra Études sur le Vin. Essas descobertas 
estabelecem o marco fundamental para o desenvolvimento da 
enologia moderna. 
 
A elaboração dos vinhos, a partir do século XX, tomou novos 
caminhos com o desenvolvimento tecnológico na viticultura e da 
enologia, ganhando novas conquistas como a colheita 
mecanizada, o cruzamento genético de diferentes cepas de uvas 
e o desenvolvimento de cepas de leveduras selecionadas 
geneticamente, a fermentação a frio na elaboração dos vinhos 
brancos, etc. 
Apesar de muitos considerarem os vinhos dos séculos passados 
mais artesanais, os vinhos de hoje têm mais qualidade. Porém, 
algumas "tecnologias" irritam os amantes do vinho, como por 
exemplo as substituições da rolha e da cápsula por artefatos de 
plástico. 
 
 
 
 
A História do Vinho no Brasil 
 
 
Foi pela expedição colonizadora de Martim Afondo de Souza, em 
1532, que as primeiras videiras do Brasil foram trazidas. O 
fundador da cidade de Santos, Brás Cubas, é reconhecidamente o 
primeiro a cultivar a vinha em nossas terras. 
Trazida pelo jesuíta Roque Gonzáles, a videira chegou em 1926 
no Rio Grande do Sul. Ele plantou videiras europeias em São 
Nicolau, nos Sete Povos das Missões. Apesar de que houvesse 
necessidade da produção de vinho para utilização na missa, a 
dificuldade de adaptação de variedades viníferas em nossas terras 
impossibilitou a disseminação da vitivinicultura no Brasil. Com a 
vinda de sessenta casais açorianos e madeirenses radicados em 
Rio Grande e Porto Alegre, assinala-se então, em 1742, o 
renascimento da vitivinicultura rio-grandense. 
D. João VI, no ano de 1813, atesta oficialmente a primazia de 
Manoel de Macedo Brum da Silveira no plantio de videiras e 
produção de vinho no Rio Grande. A introdução da variedade 
americana Isabel, por Thomas Master, na ilha dos Marinheiros, por 
volta de 1840 foi sucedida de grande sucesso. Sua rusticidade e 
resistência fizeram que ela se implantasse preferencialmente na 
região em detrimento das cepas viníferas, mais frágeis. A uva 
Isabel foi-se espalhando nas áreas de colonização alemã, como 
São Leopoldo. 
O grande surto do crescimento da vitivinicultura gaúcha surge a 
partir de 1875, devido à chegada da colonização italiana, já que os 
italianos traziam na bagagem, além das cepas de uva europeias 
da região de Vêneto, o hábito do consumo do vinho como um 
alimento, e o ainda chamado espírito vitivinícola. Por causa de 
doenças fúngicas, as cepas começaram a morrer com o passar do 
tempo, porém a força italiana e o desejo de manter sua tradição 
permitiram aos imigrantes que encontrassem uma maneira de 
cultivar que pudesse se adaptar a região. A variedade chamada de 
Isabel (vitis labrusca), de origem americana, foi achada na região 
no vale do rio dos Sinos, onde os imigrantes levaram para a 
encosta Superior do Nordeste, sendo que esse cultivo se adaptou 
muito bem aquelas condições, e permitiu a continuidade da 
produção de uvas e vinho. 
A preocupação com a melhoria de qualidade e as melhorias das 
técnicas agronômicas, fizeram com que, há algumas décadas, se 
iniciasse novamente o plantio de variedades viníferas. Vinícolas 
multinacionais, como a Moet & Chandon, a Martini & Rossi e a 
Heublein, estabeleceram-se na Serra Gaúcha, a partir de 1970, 
trazendo equipamentos de alta tecnologia e técnicas viticultoras 
modernas. Junto aos calouros da Serra, essas empresas 
implementaram também um programa de estímulo à modificação 
do sistema de plantio, passando da latada à espaldeira. 
Estimularam, igualmente, a produção de cepas viníferas. Essas 
medidas tiveram como consequência um grande salto qualitativo 
no vinho brasileiro que hoje, a despeito das dificuldades de solo e 
clima, ostenta padrão internacional de qualidade. 
 
Uvas Brancas 
 
É importante conhecer os tipos de uvas que produzem os vinhos, 
por isso criamos dois capítulos para explorar os tipos de uvas 
brancas e os tipos de uvas tintas. 
 
 
Airem 
País: Espanha 
É a uva mais numerosa na Espanha, e seus cachos são apertados 
e grandes. Esse tipo de uva branca gera vinhos de aroma 
característico e com proporção alcoólica entre 12 e 14%. É 
considerada a variedade principal na D.O. dos Vinhos de Madrid e 
está presente principalmente em Ciudad Real, Toledo, Cuenca, 
Albacete, Madrid e Murcia. 
Alarije 
País: Espanha 
Essa uva é uma das mais numerosas na comarca de Cañamero 
(província de Cáceres), e está presente em grande parte das 
vinícolas extremeñas (Extremadura). 
Albarello 
País: Espanha 
Esse tipo de uva produz vinhos singulares e aromáticos, porém 
está presente apenas nas margens do Ulla e em proporções 
escassas. Apesar dos nomes parecidos, a uva branca Albariño 
possui notáveis diferenças com a Albarello. 
Albillo 
País: Espanha 
Essa uva branca, relativamente neutra e com elevado índice de 
glicerol, deixa os vinhos mais suaves. Também conhecida por 
Pardina na D.O Ribera del Duero. É cultivada principalmente em 
Madrid, Galícia e Ávila. 
Alcañon 
País: Espanha 
Produz vinhos brancos com aroma bem particulare é natural da 
zona do Somontano. 
Alvarinho 
Países: Portugal (vinho verde) e Espanha 
Também conhecida na Espanha como Albariño, é uma uva que 
confere ao vinho aroma, certa efervescência e boa acidez. 
Arneis 
País: Itália (Piemonte) 
É encorpada e seca, e possui perfume de frutas brancas (pêra e 
melão) e amêndoas. É encontrada no Piemonte. 
Assyrtico 
País: Grécia (Santorini) 
É a uva grega de brancos com boa acidez, especialidade da ilha 
vulcânica de Santorini, no Mar Egeu. 
Baladí 
País: Espanha 
Essa uva também é conhecida como Baboso Blanco, Calagraño, 
Bastardo Blanco, Jaén, Jaén Blanco y Valadí. Seus cachos são de 
tamanho grande e suas uvas são de cor amarela, e além disso, é 
uma uva que precisa de muito sol. É natural da La Rioja e se cultiva 
em Canarias, Andaluzia, Valencia e La Rioja. Os vinhos feitos com 
a uva Baladí são pálidos e possuem aromas afrutados, sem muito 
álcool. Ela é usada, normalmente, misturada com outras 
variedades. 
 
 
 
Barbera 
País: Itália 
A Barbera é a uva mais plantada do Piemonte, no noroeste da 
Itália. Naturalmente rica em acidez, e com poucos taninos, os 
sabores típicos mais encontrados nos leves vinhos da uva Barbera 
são de cereja. Também é conhecida como: Barbera d’Asti, Barbera 
d’Alba, Barbera d’Aosta, Barbera Belas, Barbera Dolce, Barbera 
Forte, Barbera Grossa, Barbera Riccia, Barbera Sarda, Barbera 
Vera, Barbare, e Barbera del Monferrato. 
Beba 
País: Espanha 
É uma variedade de uva branca, usada tanto para a produção de 
vinho quanto para uva de mesa. É também conhecida pelo nome 
de Eva, e tem cachos grandes, com uvas de forma redonda e cor 
verde amarelado. É uma variedade vinífera autorizada em 
Estremadura, usada na D.O Ribera del Guadiana. Também é 
conhecida como Beba de los santos ou Beba dorada. Esta uva produz 
vinhos frescos e afrutados. 
 
Borba 
País: Espanha 
Esta uva é bastante produtiva, mas a qualidade desta casta é 
bastante questionada. É comum em várias comarcas extremeñas 
(Estremadura). 
Boal 
País: Portugal 
A uva Boal ou Bual é um tipo de uva é usado na Ilha da Madeira 
para vinhos fortificados típicos da região. Essa uva, nativa de 
Portugal, está na Ilha da Madeira desde sempre integrando e 
participando da elaboração dos famosos vinhos licorosos da ilha. 
Calagraño 
País: Espanha 
Esta é uma das antigas variedades naturais de Rioja. Produzia 
vinhos brancos duros, porém que respondiam bem para criança. O 
Conselho Regulador da D.O.da Rioja deu por desaparecida, mas 
parece que ainda existem algumas nos arredores de San Asensio 
e algumas outras localidades riojanas. 
 
Cayetana 
País: Espanha 
Presente principalmente em Badajoz (99%) e Cáceres, é uma uva 
de grande rendimento. 
Chardonnay 
Países: França (Borgonha), Austrália, Estados Unidos (Califórnia), 
Argentina, Nova Zelândia, Chile, África do Sul, Brasil 
Esta uva está espalhada em todo o mundo, e é fácil de vinificar e 
cultivar. É uma grande uva de qualidade, que se vende muito bem. 
Os vinhos da uva Chardonnay são frequentemente agradáveis e 
frescos. Esta uva é utilizada na produção de clássicos de alta 
qualidade e reputação na Borgonha, como Montrachet, Chablis, e 
Poully-Fussé, além de ser um importante ingrediente do 
champagne. Após longa maturação em madeira, adquire um gosto 
amanteigado e tostado. Um bom vinho Chardonnay deve possuir 
um aroma generoso onde se pode identificar frutas exóticas, 
pêssegos, melão, abacaxi e frutas cítricas. É possível identificar, 
muitas vezes, nozes e avelãs nos vinhos de Borgonha. 
Chenin Blanc (steen) 
Países: EUA, França (Loire), África do Sul (conhecida como 
steen), Nova Zelândia e Austrália 
Esta uva possui aroma floral, dá vinhos doces ou secos. É uma 
variedade do Loire central, na França. No caso dos vinhos doces, 
acontece quando são atacadas pela podridão nobre, que lhes 
confere maior teor de açúcar. 
Clairette (clairette blanc) 
Países: França e Austrália 
Uva branca cultivada no sul da França, é uma das variedades 
autorizadas no vinho tinto Châteauneuf-du-pape e brancos Côtes-
du-Rhone. É conhecida como Blanquette na Austrália. 
 
Colombard 
País: França 
Esta uva possui cachos medianos, cilíndricos e largos, e as uvas 
são verde-amarelas que, quando estão maduras, possuem altos 
níveis de acidez. Também conhecida como Colombier e Colombar 
na França e Colombard Francesa na Califórnia, esta uva é de 
origem francesa. 
Cortese 
Países: Itália (Piemonte, Lombardi e Vêneto) 
Esta uva também é conhecida como Bianca Fernanda, porém este 
nome é utilizado quase que restritamente na região do Vêneto. Já 
o nome Cortese, por sua vez, dizem que se deve ao caráter cortês, 
delicado, bem-educado e polido. O vinho produzido com a uva 
Cortese é marcado pelo frescor e pela alta acidez. 
Doña Blanca 
País: Espanha 
Esta uva, que também é conhecida como Valenciana, Cigüente ou Moza 
Fresca, possui cachos grandes, com uvas grandes. Algumas 
pessoas consideram que ela é a variedade Merseguera trazida 
para a zona galega. Esta uva adquire uma grande concentração 
de acidez e açúcar. 
 
Doradilla 
País: Espanha 
Esta uva, que é natural da zona norte de D.O de Málaga e Sierra 
de Málaga, possui cacho de tamanho mediano. 
Durif 
País: França e EUA (Califórnia) 
Esta uva é mais encontrada na California, pois é adaptada melhor 
a climas quentes. É também cultivada na Austrália e Israel, e 
praticamente não existe na França atualmente. Esta uva também 
é conhecida pelo nome de PETIT SYRAH, e é um cruzamento 
natural (resultado de polinização cruzada) de Peloursin e Syrah. 
Seu nome se deve ao seu descobridor, o Dr. François Durif. 
Esquitxagos 
País: Espanha 
Este tipo de uva é uma variedade muito farta na Bajo Ebro 
(Tarragona) e em San Mateo (Castellón). 
 
Fiano 
País: Itália (Campania) 
Esta uva nativa do Sul da Itália, tem os cachos de tamanho que 
varia de médio a pequeno, e não são muito compactos. As uvas 
são pequenas, com casca grossa, e produzem pouco suco. A Uva 
Fiano é uma uva de grande potencial para produzir vinhos leves 
com acidez moderada ou alta. 
Forastera 
País: Espanha 
O cultivo deste tipo de uva é comum em diversas zonas das 
Canarias, principalmente na Ilha La Gomera. 
Furmint 
Países: Hungria, Áustria, Eslováquia, Croácia e Romênia 
Os vinhos doces Tokay, da Hungria são feitos deste tipo de uva. O 
que aumenta o teor de açúcar à esta uva é sua fina casca que 
facilita a ação do fungo Botrytis cinerea. 
Garganega 
País: Itália (Vêneto) 
Este tipo de uva é natural da região do Vêneto, no nordeste 
italiano, mais especificamente das províncias de Vicenza e de 
Verona. Essa é uma variedade branca da espécie Vitis vinífera. De 
bagos médios em formato de esfera, pele espessa de cor dourada, 
possui uma polpa muito suculenta. O cacho da Garganega é longo 
e cilíndrico, e não costuma ser muito compacto. 
 
Gewürztraminer 
Países: França (Alsácia), Alemanha, Chile, Itália, África do Sul, 
Nova Zelândia, Estados Unidos e Austrália. 
Apesar de seu nome difícil, GEWÜRZTRAMINER significa 
"especiarias" em alemão. Produz vinhos de cor amarelo-ouro, 
brancos, ricos, e com aroma intenso (canela, gengibre e rosas). 
Encontrou seu melhor solo na região francesa da Alsácia, mas 
também é encontrada na Alemanha e outras regiões de clima frio. 
 
Macabeo 
País: Espanha (Penedès e Rioja) 
Também conhecida como Macabeu ou Viúra, esta uva vinífera 
branca é a mais popular do norte da Espanha. O vinho feito dessa 
uva, que na maioria das vezes é engarrafado jovem, é seco e tem 
uma boa capacidade de envelhecimento. Um Macabeo é um vinho 
de caráter floral, e boa acidez. Flores brancas, maçãs, amêndoas, 
biscoitos, e, às vezes, especiarias doces são os aromas mais 
comuns. 
Malvasia 
Países: Portugal,Itália e Espanha 
A uva Malvasia, que na realidade é uma família de uvas, é uma 
das mais antigas uvas brancas que se conhece (cerca de 2.000 
anos), e todas são muito aromáticas. Entre os países que cultivam 
Malvasia, atualmente destacam-se, Itália, Espanha e Portugal. 
Mas, na realidade, a Malvasia é plantada em muitos lugares, da 
Croácia à Califórnia, passando pela Austrália e pelo Brasil. 
Muscadelle 
País: França 
A uva Muscadelle é uma das 3 únicas uvas brancas autorizadas 
para os vinhos franceses rotulados como Bordeaux, ao lado da 
Sauvignon Blanc e da Sémillon. Quando misturada a vinhos doces 
baseados das uvas sémillon e sauvignon blanc, é usada em 
pequenas quantidades, já que é muito aromática. 
Moscato - Muscat - Moscatel 
Países: França (Alsácia), Portugal, Espanha e Itália 
Essa é uma uva muito conhecida, e é plantada no mundo todo. 
Essa é a única uva vinífera que mantém os aromas de uva no 
vinho, além de ser uma das espécies mais antigas e ainda 
cultivadas. Os vinhos desse tipo de uva podem ser secos ou doces, 
porém são sempre fascinantes. A uva Moscato é usada para 
vinhos secos na Alsácia e para espumantes do tipo Asti 
Espumante e Moscato Bianc. Há muitas variantes e 
denominações, como Moscato d'Asti na Itália, Moscatel na 
Espanha, Gelber Muskateller na Áustria, Muscat Lunel na Hungria, 
pois é uma espécie antiga do Mediterrâneo. São produzidos os 
melhores vinhos da família Muskateller com esse tipo de uva. A 
uva Muscat tem um típico toque de Muskat (moscado) que 
sobressai quando misturada a outra qualidade de uva. Pode 
apresentar também aroma de temperos e flor de laranjeira, 
dependendo da idade e da localização do vinhedo. 
Palomino 
Países: Espanha, Estados Unidos e Austrália 
Essa uva, que é a mais utilizada na produção do Jerez, é da 
Andaluzia, no sudoeste da Espanha. Seu nome se deve a Fernan 
Ibanez Palomino, um cavaleiro do Rei Alfonso X, que foi um 
importante oficial militar que atuou durante a Reconquista, quando 
os exércitos cristãos europeus lutaram contra os invasores 
mouros, para retomar o controle da região. As uvas são 
suculentas, porém frágeis, e seus cachos são longos, cilíndricos e 
relativamente compactos. A cor dos bagos é verde amarelada, de 
tamanho médio. 
Pedro Ximénez 
País: Espanha 
Esse tipo de uva possui alto teor de açúcar, e na Espanha, é 
encontrada em praticamente todas as regiões vinícolas. Conforme 
sua localização, a grafia de seu nome pode variar, podendo ser 
Pedro Ximénez, Pedro Ximenez, Pedro Ximenes, Pedro Jiménez 
e Pedro Giménez. Os cachos dessa uva são relativamente 
grandes, e o bago é redondo e médio, com pele fina quase 
transparente, delicada e muito sensível aos climas úmidos. 
Pinot Blanc (pinot bianco) 
Países: França (Alsácia), Itália, Áustria e EUA 
Essa uva, que também é conhecida como Pinot Bianco, 
Weissburgunder ou Burgunder Weisser, é originária da Alemanha 
e da vizinha região francesa da Alsácia. Também é cultivada 
Borgonha, no nordeste da Itália, e em países como Áustria, 
Canadá, Estados Unidos, Argentina, Uruguai, etc. O vinho feito 
com essa uva varia de médio a encorpado, tem uma boa acidez, e 
responde bem ao amadurecimento em carvalho. Nos aromas é 
possível encontrar perfumes de amêndoas, toques florais e 
especiarias, quanto ao sabor é possível identificar a maçã e leves 
características minerais. 
 
Pinot Gris (tokay d'Alsace, pinot grigio) 
Países: França (Alsácia), Itália, Alemanha, Hungria e Nova 
Zelândia 
Essa uva, que é da família Pinot Noir, produz vinhos brancos leves, 
jovens e secos na Itália e mais perfumados e ricos na região 
francesa da Alsácia, na França. Grigio, ou Gris, significa “cinza”, 
que é o tom dessa uva. 
Prosecco 
Países: Itália e Brasil 
Essa uva é responsável por produzir espumantes frescos, 
frutados, com pouco paladar e acidez. Ela é encontrada na região 
de Vêneto, na Itália. Os vinhos Prosecco têm identidade exclusiva, 
são muito tradicionais, mas muito flexíveis, sendo agradáveis em 
qualquer ocasião, e podem aparecer em 3 versões: BRUT, 
EXTRASSECO E SECO. 
Roussane 
País: França (Rhone, Languedoc-Rousiillon) 
A origem do nome Roussane é muito interessante, pois vem da 
palavra francesa ROUX, que significa vermelho. Apesar da uva ser 
clara, a variedade, ao amadurecer, adquire uma cor castanho-
avermelhada. Não é afirmado, porém aceita-se que Roussane seja 
uma uva nativa do Vale do Rhône. Essa uva produz um vinho 
encorpado e complexo, que sugere aromas de ervas, melão, pêra, 
damasco e mel. 
Riesling 
Países: Alemanha, Áustria, Austrália, Nova Zelândia, França 
(Alsácia) e EUA 
A uva Riesling é considerada uma das melhores do mundo para os 
entendidos de vinho. Originária da Alemanha, incluindo a Alsácia 
que antigamente era uma província alemã, hoje é cultivada em 
qualquer parte do mundo. Seus vinhos são elegantes e intensos e 
de alta acidez, de sabor fresco e frutado com notas de flores e de 
ervas. Quando jovens, revelam sabores e odores de frutas cítricas, 
maçã verde e até mesmo maracujá. Já quando maduras, revelam 
um aroma característico que pode ser comparado a derivados do 
petróleo, como o querosene, diesel e borracha. 
 
Sauvignon Blanc 
Países: França (Loire, Bordeaux), Nova Zelândia, Chile, Áustria e 
África do Sul 
Essa é uma das uvas mais plantadas em todo o mundo, e sua 
origem aponta para a França, primeiramente no Vale do Loire, e 
depois na região de Bordeaux. 
Sémillon 
Países: França (Bordeaux), Austrália Nova Zelândia, África do Sul, 
EUA 
Apesar de não ter tanta fama, esta é a uva branca mais plantada 
em Bordeaux. Tanto os vinhos doces da região de Sauternes, na 
França, quanto os vinhos brancos secos de Bordeaux usam esta 
variedade (como o Château D'Yquem, 4/5 de sémillon e 1/5 de 
sauvignon blanc). Sua característica varia de acordo com a região 
que é cultivada: aroma amanteigado e com grande potencial de 
envelhecimento na Austrália e aromas cítricos e adocicado em 
Bordeaux. Os bagos dessa uva possuem pele grossa e dourada, 
podendo assumir um tom rosado ou de cobre no tempo da colheita. 
Sercial 
País: Portugal (Ilha da Madeira) 
A uva Sercial, ou também conhecida como Cerceal, Escanoso, 
Esganoso, Esgana, Esganinho, Esgana Dão e Esgana Cão, é a 
denominação dada a várias castas de uvas brancas cultivadas em 
Portugal, especialmente na Ilha da Madeira. Seus cachos são 
pequenos e compactos, e os bagos também pequenos, não 
uniformes e de cor verde amarelada. É uma casta de média 
produtividade, dando origem a vinhos de cor alambreada, secos e 
de excelente qualidade. 
Tocai (friulano) 
País: Itália 
Cultivada na região italiana de Friuli-Veneza, esta variedade 
branca produz vinhos elegantes e encorpados. É conhecida 
historicamente como Tocai, ou Tocai Friulano, e atualmente 
chamada apenas de Friulano. Essa é a cepa que mais representa 
a região de Friuli Venezia Giulia. A troca do nome ocorreu pela 
similaridade do nome da uva Tokay d’Alsace. Apesar dos nomes 
serem parecidos, não existe nenhuma relação entre essas uvas. O 
vinho da uva Friulano tem aparência de cor amarelo-palha ou 
dourada, e os aromas mais associados são os de origem vegetal 
de flores do campo, camomila, tomilho, feno, etc, e os frutados, 
que costumam remeter a pêssego, pêra e amêndoa. Seu bago é 
redondo de tamanho médio, e seus cachos têm porte médio, são 
bem compactos e podem ter formato cilíndrico ou piramidal. 
Torrontés 
País: Argentina 
A uva Torrontés é a uva mais emblemática dos vinhos brancos 
argentinos. O nome Torrontés vem de enxurrada, o que é muito 
apropriado para descrever o vinho produzido com essa uva, 
caracterizado por aromas incrivelmente potentes, capazes de 
surpreender qualquer um. Essa é a única cepa considerada nativa 
da Argentina. Produz vinhos com aromas que lembram lichias, 
pêssegos,e flores com rosas, gerânios e jasmins. Esta uva é bem 
redonda, e tem bagos de tamanho grande de cor amarelada. 
Existem três variantes de Torrontés: Torrontés Mendocino, 
Torrontés Sanjuanino e Torrontés Riojano. A Torrontés Riojano é 
a mais cultivada delas, e também a mais apropriada para a 
produção de vinhos. As duas primeiras são mais indicadas para o 
consumo in natura. 
Trebbiano 
Países: Itália, França, África do Sul e Austrália 
Essa uva é plantada extensivamente em toda a Itália, e produz 
vinhos brancos mais comuns no país. Na França, com o nome de 
UNI BLANC e saint-émilion é muito usada na produção de 
conhaque e armagnac. Além da Itália e da França, encontramos a 
Trebbiano na Argentina, na Austrália, nos Estados Unidos, em 
Portugal, no Brasil, etc. Os vinhos produzidos com este tipo de uva 
são extremamente refrescantes, secos e com alta acidez. Seus 
aromas mais comuns são cítricos e de amêndoas, com notas 
florais e um fundo herbáceo. 
Verdelho 
País: Portugal (Ilha da Madeira) 
A uva Verdelho é a mais cultivada na Ilha da Madeira, em Portugal, 
e apresenta cachos pequenos e compactos, compostos por bagos 
miúdos de cor verde amarelada. Os aromas mais associados aos 
vinhos elaborados com esta uva são damasco, pimentas brancas 
e pêras, além de frutas cítricas e tropicais. 
Verdicchio 
País: Itália 
Uva branca típica da Itália Central, produz vinhos brancos ou 
espumantes. Pode se reconhecer flores do campo com notas de 
pêssego e maçã em seus aromas. Os vinhos desse tipo de uva 
são frescos, secos, harmoniosos, levemente frutados e com um 
leve amargor no final. 
Vermentino 
País: Itália 
Cultivada particularmente nas regiões da Ligúria, Sicília e 
Sardenha, esta é uma uva popular da Itália. Produz vinhos frescos 
e delicadamente aromatizados com toque mineral. Devem ser 
consumidos jovens. 
Viognier 
Países: França, Austrália, África do Sul e Argentina 
De origem francesa, esta uva produz vinhos brancos secos e com 
toques florais, muito ricos e refrescantes, para serem bebidos 
jovens. 
Viosinho 
País: Portugal (Douro) 
Com esta uva, vinhos bem estruturados, frescos e de aromas 
florais complexos são feitos. Normalmente são também alcoólicos 
e capazes de permanecer em garrafa durante largos anos. 
Xarel-lo 
País: Espanha (Penedés) 
Parece até difícil falar, porém a pronúncia é "xarelo". Esta uva 
também pode ser chamada de Pansal, Pansa Blanca e Cartoixa. 
Com ela se produz bons vinhos secos. É uma variedade branca, 
de cacho mediano e não muito compacto. O bago desta uva é de 
tamanho mediano a grande, redondo e de pele grossa. A Xarel-lo 
é uma uva rica em polifenóis, como o resveratrol, e também possui 
alto teor de acidez, características que conferem aos vinhos com 
ela produzidos, uma boa longevidade. 
 
Uvas Tintas 
 
Nesta lição vamos conhecer os principais tipos de Uvas Tintas. 
 
Agiorgitiko 
País: Grécia 
Apesar do nome difícil, sua pronúncia é fácil: a-gior-gí-tico. Esta 
uva é cultivada em toda a Grécia, porém é tradicional da região do 
Peloponeso, mais especificamente de Nemeia. Seu nome 
"Agiorgitiko" significa “Uva de São Jorge”, talvez por ser uma 
referência à Capela de São Jorge, perto de Nemeia, na Grécia, ou 
ao dia de São Jorge, comemorado por algumas igrejas ortodoxas 
perto do período da colheita. Os vinhos tintos produzidos com esta 
uva são notórios pela cor profunda e pelo sabor frutado e 
aveludado, que lembra ameixas e cerejas pretas. Esses vinhos 
costumam ter baixa acidez. 
Aglianico 
País: Itália 
Esta uva, própria para envelhecimento, apresenta grande 
concentração de acidez e taninos. É encontrada no Sul da Itália, 
principalmente em rótulos de Campanha e Basilicata. Em 
português, naturalmente diríamos "Agliânico". Porém o ideal é 
pronunciar como "Alhiánico". É assim que os italianos pronunciam. 
Entre as consideradas nativas da Itália, essa é uma das uvas mais 
antigas. Produz vinhos tintos encorpados de caráter mineral, que 
remetem a figo e a cereja. 
Alicante Bouschet (garnacha tintorera) 
Países: França, Portugal (Alentejo) e Espanha 
Realizado pelo francês Luis Bouschet de Bernard e seu filho Henri 
em 1866, esta uva é fruto do cruzamento da Grenache com a Petit 
Bouschet. Essa variedade é mais indicada quando misturada a 
outras uvas, e na região de Alentejo, em Portugal, é uma 
importante uva na composição de certos vinhos, onde dá um dá 
aromas de menta e eucalipto. 
Barbera 
Países: Itália (Piemonte), Estados Unidos (Califórnia) e Argentina 
É a uva mais popular das uvas do Piemonte, norte da Itália. 
Dependendo da origem, as uvas cultivadas em Piemonte, 
produzem vinhos leves e frutados. Já nas outras regiões, a 
produção tende a um vinho mais robusto e aromático. Aromas de 
ameixas, frutas vermelhas e cerejas podem ser identificados. 
Baga 
País: Portugal (Bairrada) 
Da região portuguesa da Bairrada é a principal uva, e produz 
vinhos bastante adstringentes. É uma variedade difícil de cultivar, 
porém com bastante dedicação do produtor, em anos secos, 
quando as uvas amadurecem bem, os vinhos feitos com a uva 
Baga são verdadeiras preciosidades, com cor profunda, taninos e 
acidez marcantes, sabores frutados e toques de café, tabaco, 
palha e fumaça. 
Bonarda 
Países: Itália e Argentina 
Seu nome completo é Bonarda Piemontese, e esta uva produz 
vinhos frutados, leves, melhor quando bebidos jovens. É 
considerada uma variedade exótica, e tem cada vez mais destaque 
no mercado mundial. Antigamente na Argentina, a uva Bornada 
era confundida com a Barbera. Foi provado somente na década de 
60 que essa variedade não tinha nada a ver com a verdadeira 
Barbera, que também é cultivada naquele país. Produz vinhos de 
cor forte de vermelho rubi, com tons violeta e roxo, e aromas de 
frutas maduras (amora, morango, framboesa, cassis e cereja) e 
com uma atrativa picância. 
Bastardo 
País: Portugal (Bairrada e Dão) 
Essa uva está se tornando cada vez mais rara, perdendo terreno 
de seus vinhedos para outras cepas mais interessantes 
economicamente. Muitos especialistas consideram a uva Bastado 
e a Trousseau idênticas, porém para a OIV (Organização 
Internacional da Vinha e do Vinho), elas são diferentes. A uva 
Bastardo é uma das uvas permitidas para a produção dos vinhos 
do Porto, no Douro, e dos fortificados Madeira, da ilha de mesmo 
nome. Já sob o nome Trousseau, essa é uma uva presente, fora 
de Portugal também, principalmente na França, na região alpina 
do Jura, ao lado da Pinot Noir e da Poulsard. O vinho produzido 
com a Bastardo, ou com a Trousseau, é na maioria das vezes 
profundamente pigmentado, e é encorpado, com aromas que 
remetem a cerejas pretas, frutas vermelhas, violetas e terra. 
Cabernet Sauvignon 
Países: França (Bordeaux), Chile, Estados Unidos (Califórnia), 
Argentina, Austrália, Itália, África do Sul e Brasil 
Esta é a uva mais propagada em todo o mundo e responsável 
pelos melhores rótulos do planeta. Enriquece quando misturada à 
merlot, cabernet franc, shiraz, petit verdot ou malbec. Seu vinho é 
encorpado, rico em taninos, muito aromático e saboroso, indicado 
para ser envelhecido em barris de carvalho. Seu aroma está 
associado com toques de groselha, amora, ameixa, tabaco, sendo 
seu principal odor associado ao pimentão verde. 
Cabernet Franc 
Países: França (Bordeaux, Loire), Argentina, Estados Unidos 
(Califórnia), Austrália e Nova Zelândia 
Esta é considerada a terceira uva tinta mais importante de 
Bordeaux (Pommerol e Saint Emilion). A Cabernet Franc é mais 
leve e com menos taninos que a cabernet sauvignon e amadurece 
mais cedo. Produz vinhos taninos longos, macios e bem 
integrados, e corpo moderado. Combinando isso com uma acidez 
marcante, oferece vinhos elegantes, considerados requintados, e 
de boa longevidade. 
 
Carignan (cariñena,mazuelo) 
Países: França (Languedoc-Roussillon), Espanha, e Estados 
Unidos (Califórnia) 
Apesar de ser originária do norte da Espanha, é uma das espécies 
mais cultivadas na França, principalmente na região de 
Languedoc-Roussillon. Esta uva, que é da família Vitis vinifera, possui 
casca grossa e produz vinhos de cor escura, com alto teor alcoólico 
e com taninos pronunciados. 
 
Carmenère 
País: Chile 
Hoje em dia, esta uva é praticamente cultivada apenas no Chile. É 
originária de Bordeaux, e até a década de 90 era confundida com 
a merlot, porém é mais escura e de taninos macios. Os vinhos 
feitos à base de Carmenère têm cor escura e profunda. Os aromas 
lembram frutas vermelhas maduras e ameixas, pimentas e 
especiarias, ervas e alcaçuz, pimentões e azeitonas. Quando 
passam por carvalho, também trazem toques de chocolate. 
Cinsault (espagne, hermitage, malaga) 
Países: França, Espanha, África do Sul e Líbano 
Esta uva, que tem como pronúncia “sãn-soul”, é encontrada 
principalmente na região de Languedoc-Roussilon, na França. É 
comparada com as uvas grenache e carignan. Produz bebidas 
pouco aromáticas e leves. Já na região do Rhone, a mesma uva 
com melhores cuidados produz vinhos mais concentrados e 
aromáticos. A Cinsault é responsável pelo emblemático Château 
Musar no Líbano. 
 
Corvina 
País: Itália 
Os primeiros registros do cultivo dessa uva são de 1824. É muito 
cultivada no Vêneto, e possui cachos ovais, de tamanho médio, 
escuros e azulados. É uma uva de casca grossa, e seu nome 
"Corvina"remete à cor escura de seus cachos: “escuros como as 
penas de um corvo”. Corvo, em italiano, diz-se corvino. Produz 
vinhos tânicos, de cor profunda, elegantes e bem estruturados. 
Apresenta também um frescor acentuado, e os aromas mais 
comuns associados à Corvina são couro, noz moscada, chocolate, 
ervas, cerejas e amêndoas. 
Dolcetto 
Países: Itália, Argentina e Austrália 
Esta uva italiana não é doce, apesar de seu nome significar “um 
pouco doce”. Trata-se de uma uva bastante tânica, e raramente 
vinhos à base de Dolcetto são doces. Típica do Piemonte, ao lado 
das uvas Barbera e da Nebbiolo, é a que amadurece mais 
depressa, entre as três. Seus aromas estão associados com frutas 
vermelhas, ameixa, marmelo e amêndoas. 
Gamay 
País: França (Borgonha) 
Por causa do vinho Beaujolais, a uva Gamay é famosa em todo o 
mundo. Este vinho é leve, produzido na região de Borgonha, e 
pode ser bebido bem jovem. Além de ser macio e muito frutado, 
podemos encontrar neste vinho sabores e aromas de framboesa, 
morangos silvestres, cerejas, frutas vermelhas. Sua pronúncia é 
Gamê, e também pode ser encontrada pelos nomes Gamay 
Beaujolais, Gamay Noir e Jurançon Noir, todos reconhecidos pela 
Organização Internacional da Vinha e do Vinho. 
Graciano 
País: Espanha (Riojo) 
Esta uva é típica de Rioja, e é considerada a mais interessante da 
região por muitos. Também conhecida como Morrastel e de Tinta 
Miúda, produz vinho rico em acidez, e às vezes bastante tânico. 
Muito aromático, costuma ser associado a hortelã e a frutas 
escuras, com toque mineral e apimentado. 
Grenache (Garnacha) 
Países: França (Rhône), Espanha, Austrália, Itália e Estados 
Unidos 
A Grenache é uma das uvas mais plantadas no mundo, e pode ser 
encontrada em famosos vinhos tintos. Esta uva também produz 
excelentes rosés, e até vinhos fortificados e de sobremesa. É 
presença fundamental do renomado Châteauneuf-du-Pape e na 
maioria dos vinhos do Rhône. Produz vinhos com aromas frutados 
de amora, morango, mirtilo, groselha, cereja e ameixa, além dos 
aromas de especiarias, como canela, pimenta-do-reino, alcaçuz e 
menta. Além desses aromas, é possível também encontrar aromas 
de tabaco e couro, rosas e violetas, e baunilha e chocolate. 
Lambrusco 
País: Itália 
É uma uva muito famosa na região da Emilia-Romana, porém é 
cultivada em toda a Itália. Produz bons vinhos de denominação de 
origem, porém aqui no Brasil é mais conhecida pelos vinhos 
frisantes, semi-doces e de baixo teor alcoólico. Existem mais de 
sessenta subvariedades conhecidas dessa uva. 
Malbec 
Países: França, Chile e Argentina 
Esta uva é originária de Bordeaux, porém foi na Argentina que 
virou praticamente um emblema do país, onde é responsável pelos 
melhores vinhos tintos produzidos, de cor escura, densos e 
aromas florais. No aroma é possível identificar frutas vermelhas, 
cerejas e violetas. 
Merlot 
Países: França (Bordeaux), Norte da Itália, Estados Unidos, Chile, 
Austrália, Nova Zelândia, Argentina, Brasil 
É comparada com a uva Cabernet Sauvignon, porém é mais 
suave, tem sabor mais macio, tem menos tanino e aromas mais 
frutados. Quando colhidas com a maturação correta, pode 
desenvolver aromas de chocolate e frutas vermelhas maduras. A 
Merlot é uma uva cultivada na região de Bordeaux (França), porém 
também pode ser encontrada no Chile, Itália, Austrália e Califórnia. 
Mourvèdre (monastrell e mataro) 
Países: França, Espanha e Austrália 
Apesar de ser uma uva típica do Sul da França, a Mourvèdre é 
muito cultivada na Espanha. É misturada geralmente com outras 
uvas, como a renache, cinsault e a shyrah. É um pouco tânica e 
ajuda a dar cor e estrutura ao vinho. Apesar da pronúncia difícil 
(mur-védre), esta variedade é tida como uma uva com grande 
potencial para o futuro, como se fosse uma tendência. Produz 
vinhos intensamente coloridos, de acidez média, ricos e 
aveludados, com aromas de frutas vermelhas, hortelã, chocolate, 
violetas, couro, terra e caça. 
Montepulciano 
País: Itália 
Apesar de ter maior destaque na região central, esta uva é 
cultivada por toda a Itália. Devido a maciez dos seus taninos, 
produz excelentes vinhos jovens. É importante ficar atento para 
não confundir esta uva com a cidade da região da Toscana de 
mesmo nome, que produz o famoso Vino Nobil di Montepulciano, 
que é feito, aliás, a partir da uva sangiovese. 
Nebbiolo 
País: Itália (Piemonte) 
É considerada uma das melhores uvas do mundo, e produz vinhos 
de coloração intensa, marcantes, muito ricos em taninos. O vinho 
deve ser envelhecido por alguns anos antes de ser engarrafado e 
saboreado. Os aromas lembram ameixas, trufas, funghi, alcaçuz 
e, às vezes, até o cacau. Em italiano "Nebbia" significa névoa, uma 
característica do clima da região onde esta uva é cultivada, nos 
montes de Alba e Monforte. Para finalizar, resulta no nome da uva 
que produz os melhores e mais valorizados tintos italianos: Barolo 
e o Barbaresco. Por isso temos o nome "NEBBIOLO". 
 
Nero D'avola 
País: Itália 
Típica da região de Sicília, no Sul da Itália, a uva Nero D’Avola, 
que também é conhecida como Calabrese, produz vinhos escuros 
e densos de qualidade, e com potencial de envelhecimento. Esta 
uva é intensamente aromática, e traz aromas de ameixa, frutas 
vermelhas, pimenta e cravo. Seu nome "Nero d’Avola" refere-se à 
“uva negra proveniente da cidade de Avola”, na costa sudeste da 
ilha. O interessante é que há quem afirme que esta uva nasceu na 
Calábria, e por isso a ligação com seu outro nome Calabrese. 
Porém há quem negue, e diga que os nomes não são relacionados, 
já que a palavra Calavrisi ou Calaurisi também é usada para 
identificar os habitantes de Avola. Há ainda quem afirme que ela 
surgiu na Mesopotâmia. 
 
Pinot Noir 
Países: França (Borgonha, Champagne), Chile, Itália, África do Sul 
A Pinot Noir é uma uva típica da Borgonha e produz os vinhos mais 
admirados pelos enólogos e enófilos do mundo. Produz vinhos de 
coloração clara para média com relativo baixo tanino e acidez, 
mais elegantes e generosos que encorpados, e o aroma pode 
lembrar morango silvestre, às vezes cereja e groselha. Esta uva 
também é utilizada na produção dos melhores champanhes e 
vinhos espumantes. 
 
Petite Sirah 
Países: França e EstadosUnidos 
Também chamada de Durif, esta é uma uva utilizada na 
elaboração de vinhos em regiões da Austrália e Califórnia, bem 
como no Brasil, Israel e México. Produz vinhos bem encorpados 
de coloração escura, com nível de álcool igual ou superior a 13%. 
Apresenta excelentes taninos, e é possível observar aromas de 
cereja preta, amora, pimenta preta, ameixa, baunilha, chocolate e 
mirtilo. Apesar de ser muito confundida com a uva Syrah/Shiraz, 
devido a semelhança de seus nomes, estas uvas são diferentes. A 
Petite Sirah nasceu do cruzamento entre as uvas Syrah e 
Peloursin, feito pelo botânico francês François Durif. 
 
Petit Verdot 
País: França (Bordeaux) 
A origem da uva Petit Verdot é incerta, porém é conferida à região 
de Bordeaux na França. Apesar disso, há indícios de que foi trazida 
pelos romanos do Mediterrâneo. Seu nome "Petit Verdot" foi 
atribuído a casta por causa do pequeno tamanho de seu cacho, e 
também por existir em seus bagos frutos de cor escura e outros 
com tom esverdeado, devido a uma característica bastante 
predominante da cepa, o amadurecimento tardio. Os vinhos 
produzidos com esta uva apresentam aromas de bananas e 
madeira, quando jovens. 
 
Pinotage 
País: África do Sul 
Criada pelo professor Perald na África do Sul em 1920, esta uva 
surgiu do cruzamento entre a Pinot Noir e a Cinsaut. Produz vinhos 
frutados, e os aromas lembram frutas vermelhas e bananas. 
 
Periquita (castelão português, castelão francês) 
País: Portugal 
Essa uva tinta portuguesa é da região de Setúbal, onde foi muito 
comercializada por José Maria da Fonseca (na Cova da Periquita) 
e tornou-se conhecida por esse nome. Produz vinhos varietais, de 
médio corpo, cor rubi e sabor lembrando amoras, framboesas e 
cerejas. É também a marca do popular tinto lusitano mais 
exportado para o Brasil. 
 
Rondinella 
País: Itália 
Essa uva é utilizada no corte dos tintos italianos Amarone, 
Valpolicella e Bardolino e é encontrada com maior facilidade na 
região italiana do Vêneto. Produz vinhos de coloração rubi intensa, 
que são marcados por aromas delicados e sabores frutados. Os 
vinhos da uva Rondinella possuem poucos taninos, no entanto, 
são bem estruturados. Tem cachos de dimensões médias e 
formatos cilíndricos. 
 
Sangiovese 
Países: Itália, Estados Unidos e Argentina 
Esta uva produz vinhos ricos em taninos, fortes e de gosto 
encorpado. Seus aromas são associados com ameixas, cereja e 
amora. Também é possível observar o aroma de tabaco e baunilha 
nos grandes vinhos envelhecidos. A uva Sangiovese é a base dos 
grandes vinhos da Toscana, e é considerada a variedade mais 
plantada na Itália. Seu nome significa "o sangue de Júpiter". 
 
Syrah (Shiraz) 
Países: França (Rhône), Austrália, África do Sul e Argentina 
Produz vinhos bem encorpados, de coloração intensa e 
aromáticos, que lembram frutas vermelhas. Esta uva é da região 
do Vale do Rio Rhône, na França, porém também é cultivada na 
África do Sul, Austrália e nos Estados Unidos. 
 
Tempranillo 
Países: Espanha, Portugal e Argentina 
Como sugere o seu nome é uma uva que amadurece cedo. 
Precoce, antecipado, adiantado, prematuro, em espanhol significa 
“temprano”. Os vinhos produzidos com essa uva possuem aromas 
de amora, morango, mirtilo, cereja, framboesa, groselha preta, 
ameixas. Além desses aromas é possível observar notas de 
baunilha, ervas secas, canela, cravo, menta, couro, tabaco, 
chocolate escuro. 
 
Tannat (Mandiran) 
Países: Uruguai e França 
A Uva Tannat nasceu em uma região chamada Madiran na França, 
porém hoje é destaque no Uruguai. É considerada a uva mais 
tânica de todas, e possui alto poder antioxidante. Esta uva possui 
grande capacidade de auxiliar na prevenção de muitas doenças, e 
o vinho produzido com essa uva é considerado o mais saudável 
que conhecemos. 
 
Teroldego 
Países: Itália (Trentino Alto Adige) e Brasil 
A uva Teroldego (lê-se teroldego) produz vinhos tintos com 
bastante estrutura e sabor de groselha preta. Essa é uma uva do 
norte da Itália, porém faz muito sucesso aqui no Brasil, 
principalmente no Rio Grande do Sul. Possui este nome pela 
condução que era dada ao vinhedo. Seus vinhos possuem uma 
acidez e um amargor característicos e tem potencial para produzir 
desde vinhos de corpo mais leve até os mais encorpados. 
 
Tinto Cão 
País: Portugal (Douro e Dão) 
É uma das castas mais antigas das regiões portuguesas do Douro 
e do Dão, e é famosa por seu caráter apimentado. Os vinhos 
produzidos com a uva Tinto Cão possuem normalmente uma 
textura aveludada, bem como equilibrada acidez. 
 
Tinta Barroca 
País: Portugal (Douro) 
Esta uva também é muito comum na região do Douro, e possui 
aromas de cerejas pretas, flores roxas, ameixas pretas e 
cogumelos brancos. A Tinta Barroca é uma uva rica em cor e em 
açúcar, por isso produz vinhos muito alcoólicos. Apesar disso, não 
é uma uva com fortes taninos. 
 
Touriga Nacional 
Países: Portugal (Douro) e Austrália 
Muito adorada pelos portugueses, e cada vez mais conhecida no 
mundo todo, a uva Touriga Nacional tem cachos pequenos, com 
bagos ligeiramente achatados, de cor azul (médio a escuro), e é 
muito sensível às condições ambientais. Os aromas mais comuns 
dessa uva lembram violetas e frutas maduras como amora, mirtilo 
e ameixa, apresentando também notas de alecrim, menta e 
chocolate escuro. 
 
Touriga Francesa 
País: Portugal (Douro) 
Se fala Tôriga Francesa e é mais leve que a touriga nacional. É 
bastante cultivada em Portugal na região do Douro. Também é 
conhecida como Touriga Franca, e é originária de um cruzamento 
natural entre a uva Touriga Nacional com a casta Marufo (Mourisco 
Tinto). 
 
Trincadeira 
País: Portugal (Alentejo) 
Esta uva, que é original portuguesa, possui um sabor e aromas 
associados com frutos vermelhos como framboesa, e frutas negras 
como ameixa preta, com toque picante de especiarias, vegetais. 
Também tem acidez notável e fresca, taninos consideravelmente 
abundantes e destacados, porém que se tornam agradáveis e 
macios. 
 
Zinfandel (primitivo) 
Países: Estados Unidos (Califórnia) e Itália 
A Zinfandel e a Primitivo são a mesma uva, porém, Primitivo é o 
nome utilizado na Itália, e Zinfandel, nos Estados Unidos. Produz 
tintos secos coloridos e frutados, com notas de pimenta e sabor 
que lembra groselha preta. Essa variedade pode ser utilizada para 
a produção de vinhos brancos, rosés, tintos e até mesmo 
fortificados. 
 
 O Solo 
 
É muito importante saber que o solo e o clima local onde as uvas 
foram cultivadas também podem ser considerados um reflexo do 
vinho. Ou seja, há muitos passos antes do líquido chegar até a 
garrafa e ao supermercado ou em enotecas. 
Com isso podemos começar a entender o significado da 
palavra terroir. Esta expressão é muito utilizada no mundo dos 
amantes do vinho, porém nem sempre é compreendida da forma 
correta. 
 
 
A definição de terroir, sendo assim, é a base dos sistemas de 
Denominação de Origem Controlada (DOC), apesar de que, 
muitas pessoas afirmam que isso é, sobretudo, uma questão de 
marketing das regiões vinícolas. 
 
Apesar disso, a enologia moderna tem mostrado que é possível 
produzir vinhos de alta qualidade através de uvas cultivadas 
praticamente em qualquer lugar, pelo motivo de melhores técnicas 
de vinificação e cultivo. Então, qual seria o papel do terroir nos dias 
atuais? 
Bom, o terroir seria o encarregado pela definição das 
características de um vinho, não importando as especificidades 
das técnicas de vinificação ou de variações climáticas de uma safra 
específica. 
Para entender vamos ver o seguinte exemplo: 
- O terroir é o que define verdadeiramente as diferenças entre um 
vinho elaborado com Cabernet Sauvignon cultivada em Bordeauxou Cabernet Sauvignon cultivada na Califórnia. Falando nisso, em 
relação a este assunto, geralmente o terroir tende a ser mais 
presente justamente quando se comparam vinhos do Velho Mundo 
com vinhos do Novo Mundo. 
São dois grandes tipos climáticos que as regiões vinícolas se 
dividem: climas continentais e climas marítimos. É possível 
encontrar nos climas continentais as maiores variações de 
temperatura entre dia e noite, além do maior número de horas 
diárias de luz solar. Nos climas marítimos é possível encontrar 
maior número de dias chuvosos e maior umidade relativa do ar. 
Para o terroir, outro fator de importância é o solo em si, pois as 
vinhas são nutridas pelo seu conteúdo. Um solo que tem conteúdo 
orgânico e é muito rico em mineral traz benefícios para o 
crescimento das folhas, o que acaba automaticamente criando 
frutos empobrecidos. Com isso, os solos menos férteis são 
melhores. 
A estrutura do solo também é fundamental, e deve conceder uma 
boa drenagem. Para entender melhor, terrenos muito planos, por 
exemplo, podem dificultar a boa drenagem do solo. E fungos nas 
folhas e nas uvas podem ser causados por umidade em excesso. 
Com isso conseguimos entender que há muita influência ambiental 
sobre a produção de um vinho. Terroir é, na sua essência, a afirmação ou 
a suposição, de que a terra onde as uvas são cultivadas transmite uma qualidade 
única ao vinho. 
Agora que entendemos um pouco do conceito de Terroir, vamos 
voltar a focar no solo. 
O solo é o responsável por sustentar a vida da videira, guardando 
água e alimento para ela. É o solo que controla as influências 
climáticas sobre a videira, como temperatura e chuva. É possível 
perceber que o solo é constituído de camadas horizontais 
diferentes, também conhecidas como "horizontes". O perfil de cada 
solo, ou seja, a sequência de camadas de um solo, pode variar 
muito de um lugar para outro, além de afetar diretamente a criação 
do sistema de raízes de uma vinha, assim como o municiamento 
de nutrientes e água. 
Para fazer um resumo e gravar, as camadas mais profundas 
possuem mais compostos minerais, por estarem mais perto da 
rocha que originou o solo, e as camadas mais superficiais possuem 
mais materiais orgânicos. Sim, a rocha é um conjunto de minerais! 
São pelas suas características físicas (textura, porosidade, cor, 
estrutura, permeabilidade), biológicas e químicas (pH, composição 
química e poder de absorção) que os solos são diferenciados. E 
são de diferentes formas que as vinhas se desenvolvem, 
dependendo do solo onde estão plantadas. Uma mesma variedade 
de vinha pode se "comportar" totalmente diferente em diferentes 
solos. 
Como já falamos nesta lição, apesar de ser estranho, para a 
produção de vinhos de qualidade a vinha elege solos pobres ou 
pouco férteis como os melhores. Um solo calcário, por exemplo, 
tende a ser pobre e a produzir vinhos de alta qualidade. 
Os solos de pH muito básico possuem baixo ferro, boro, manganês 
e zinco, elementos essenciais para o equilíbrio dos nutrientes. 
Solos de xisto, granito e calcário são visivelmente benéficos para 
a viticultura, e podem sair deles, uvas para a produção de vinhos 
com personalidade bastante mineral. 
Fatores Físicos do Solo 
São dois conceitos fundamentais que tem como função 
condicionar o comportamento radicular e sua capacidade de 
alimentar a videira: a textura e a estrutura do solo. 
Textura 
É associada com os seus elementos finos. A argila é o elemento 
mais fino. O objetivo da textura é condicionar, principalmente, a 
capacidade e a micro porosidade de campo do solo, ou seja, a 
quantidade de água retida (por cada 100g de terra) e aproveitável 
pela planta. Quanto mais elementos finos, maior a retenção de 
água do solo e menor a permeabilidade. 
Estrutura 
É associada com os seus elementos grosseiros, os agregados ou 
torrões, constituídos por grãos de areia ligados entre si pelo 
complexo argilo-húmico. O ar e a água circulam entre eles. O 
objetivo da estrutura do solo é condicionar a permeabilidade, a 
macro porosidade e a drenagem, além de obter o melhor 
arejamento (assim como a maioria dos organismos vivos úteis no 
solo, as raízes respiram) e aquecimento. É para o recomeço do 
ciclo vegetativo, para a proliferação dos organismos úteis e para o 
crescimento das raízes que o aquecimento é importante. Depende 
do grau de umidade do solo e da sua cor, e da orientação de 
orografia do terreno. Solos de tons muito claros refletem grande 
parte da luz que recebem e suas uvas estão sujeitas ao perigoso 
escaldão em climas quentes. Já solos de tons escuros absorvem 
e transformam quase toda a luz que recebem em calor - fator muito 
importante em latitudes ou climas marginais para a cultura da 
vinha, possibilitando melhores maturações. O progresso da 
temperatura do solo ao longo do ciclo vegetativo, condicionada 
pela sua estrutura e textura, é muito importante: num solo arenoso 
a maturação de uma mesma casta é prematura face à de um solo 
argiloso. 
Composição Química do Solo 
De acordo com alguns estudos, a carência de um ou outro 
componente nutritivo pode condicionar a qualidade ou caráter final 
do vinho dando-lhe assim uma espécie de marca de “terroir”. A 
influência da composição química do solo na qualidade do vinho 
ainda está em investigação, e muito trabalho acontece em biologia 
molecular da videira e na definição de genes que mantém o aroma 
do vinho para que as implicações químicas do solo sejam melhor 
compreendidas. 
A alcalinidade do solo ou o grau de acidez, ou seja, seu pH, 
influencia a cultura. Com pH menor que 6 o solo é ácido e acima 
de 8 é básico. O que pode trazer dificuldades à videira ou até 
mesmo impedir a sua cultura são os valores extremos, como por 
exemplo, um pH acima de 8,5. Já com um pH abaixo de 5,5 o 
sistema radicular da videira pode ter complicações no crescimento. 
Os solos muito ácidos dificultam a absorção de fósforo, potássio, 
azoto e magnésio. Já em solos muito básicos as plantas têm 
insuficiência de ferro, manganês, zinco e boro. Os solos devem ser 
corrigidos antes de ganharem a cultura da vinha, nos casos 
extremos. 
A Água no Solo 
Em quatro formas diferentes a água encontra-se no solo. A água 
possui um comportamento dinâmico e passa continuamente de um 
estado ao outro, por isso são conceitos que se intercalam. 
Água capilar: é a principal fonte de água disponível para a planta. 
Ocupa os espaços livres mais finos (micro porosidade), e é sujeita 
a fenômenos capilares. 
Água de constituição: não está disponível para a planta, e faz parte 
da estrutura física dos minerais. 
Água gravitacional: essa água não é retida pelo solo, e pode ser 
pontualmente utilizada pela planta. É encontrada temporariamente 
nos espaços lacunares (macro porosidade). 
Água higroscópica: cria uma película à superfície dos minerais ou 
dos seus anexos e não está disponível. É absorvida através de 
ligações fortes. 
 
O Clima 
 
O clima é algo decisivo na capacidade vinícola das regiões. É 
através de alguns elementos que manifesta sua influência, como a 
temperatura, insolação, precipitação, dentre outros. 
Você sabia que após a vinha, o clima pode ser considerado o 
ingrediente mais importante do vinho? Isso porque, qualquer 
fenômeno pode alterar a sua qualidade. Durante um período longo 
em qualquer região, um clima médio determina os limites do que 
pode ser cultivado e quais os resultados esperados, porém são os 
caprichos do clima durante um ano que podem fazer ou quebrar 
uma safra. 
- São diversos os fatores que podem influenciar o clima, mas os 
principais são a chuva e a temperatura. A luz do sol é também 
fundamental para a fotossíntese, porém é a temperatura que é 
mais crítica, principalmente em locais frios. Para entender real do 
clima, saiba que em uma região vinícola, o clima não afetaapenas 
a escolha da uva, mas também o tipo de vinho que ela pode 
produzir. Os vinhos de clima quente tendem a ter teor alcoólico 
mais alto e menor teor de acidez do que os vinhos de clima frio. 
Sem chuvas ou calor suficiente as uvas não amadurecem de forma 
adequada. Ou seja, qualquer excesso pode prejudicar a qualidade 
dos vinhos produzidos através dessas uvas. 
As temperaturas médias (a média diária das temperaturas máxima 
e mínima) no mês final do amadurecimento, ficam normalmente 
entre 15°C e 21°C para gerar bons vinhos de mesa. Os climas mais 
quentes geram bons vinhos de mesa e extremamente bons vinhos 
fortificados. Na estação do inverno, é necessário que seja frio o 
suficiente para liberarem que a vinha tenha seu sono de 
revitalização (hibernação). Caso aconteça de as temperaturas 
ficarem abaixo de -15°C no inverno, é alto o risco de que até 
mesmo as vinhas hibernadas sejam fatalmente congeladas, por 
isso certa proteção contra o inverno pode ser necessária. 
Como podemos perceber, é extremamente importante a diferença 
entre as temperaturas de verão e de inverno. Um exemplo que 
podemos observar é em climas continentais, como por exemplo, 
em Finger Lakes, em Ontário, e na Alemanha Oriental, onde a 
diferença é enorme e o clima é afetado pela grande massa de terra 
principalmente. Nesse caso, as temperaturas caem tão 
severamente no outono que existe o risco de as uvas não 
amadurecerem por completo. 
Já em climas marítimos mais quentes como por exemplo, o do 
Margaret River, no western Austrália, os invernos nem sempre são 
frios o suficiente para que as vinhas hibernem. Com isso, a 
vitivinicultura pode ser prejudicada, já que as pragas e as doenças 
nem sempre são mortas no inverno. Em climas marítimos mais 
frios, como por exemplo, em Bordeaux, na França, e Long Island, 
no estado de Nova York, o clima durante a floração (evento 
importante qualitativo que acontece no início do verão) é, na 
maioria das vezes, inconstante e frio, o que pode acabar 
prejudicando a quantidade de fruta que é plantada e a 
uniformidade desta plantação. 
 
Durante o dia as temperaturas também podem alterar. No início da 
tarde, a temperatura do ar é normalmente mais alta, e no alvorecer, 
mais baixa. É possível perceber em determinadas regiões, que o 
contraste entre as temperaturas diurnas e noturnas é muito mais 
marcante do que outras regiões, e por isso são conhecidas por sua 
grande variação de temperatura diurna. 
A vinha tem necessidade de água e calor, e geralmente, um índice 
pluviométrico anual médio de pelo menos 500 mm (e 750 mm ou 
mais em climas mais quentes, onde a transpiração das folhas e a 
evaporação do solo são bem maiores) é necessário, para gerar 
fotossíntese suficiente para amadurecer as uvas. Chove muito 
menos do que isso em várias regiões vinícolas, porém os 
produtores com acesso à água de irrigação conseguem 
compensar a carência. 
E o que acontece se faltar água para a vinha? Ela poderá sofrer de 
estresse aquático e tenderá a criar frutas menores com cascas 
mais grossas. Embora isto leve a reduzir a produção total, há 
chances também de, até certo ponto, produzir também vinhos com 
uma verdadeira concentração de cor e sabor. A seca severa, no 
entanto, pode interromper o amadurecimento completamente, já 
que a vinha entra em processo de sobrevivência e não em modo 
reprodutivo, resultando em vinhos não equilibrados. 
O fator que impossibilita a dispersão da vinha em muitas regiões 
de verões quentes - principalmente no hemisfério sul e na 
Califórnia - é a disponibilidade de água de irrigação, em vez de 
qualquer aspecto climático. Não existe, em teoria, um limite 
máximo para o índice pluviométrico anual, e até mesmo vinhedos 
alagados podem ser recuperados, especialmente no inverno. 
Como exemplo, o Minho, no norte de Portugal, e partes da Galícia, 
no norte da Espanha, podem ter um índice pluviométrico médio de 
mais de 1.500mm por ano. O fator crítico na precipitação 
atmosférica é o momento em que ocorre. As uvas podem inchar 
rapidamente, e os açúcares, os sabores e os ácidos que já estão 
desenvolvidos podem diluir rapidamente caso ocorra chuvas fortes 
pouco antes da colheita, principalmente após um período de clima 
relativamente seco. 
Durante a segunda metade do período de cultivo, um tempo muito 
chuvoso pode formar doenças fúngicas às quais as vinhas estão 
sujeitas, causando assim uvas podres. Apesar disso, vinicultores 
modernos lutam com um forte arsenal de técnicas de treinamento 
das vinhas e sprays, e assim estão muito menos propensos a 
colher as uvas precocemente do que seus predecessores. 
Outro fator importante é o vento, que às vezes é benéfico, já que 
pode secar os vinhedos úmidos e refrescar os vinhedos quentes, 
como na Córsega ou no Sul do Uruguai, por exemplo. Porém, 
estresse constante causado pelo vento também pode interromper 
a fotossíntese e adiar o processo de amadurecimento, como em 
Salinas Valley de Monterey, na Califórnia. Os viticultores em áreas 
mais expostas são obrigados a instalar quebra ventos para 
diminuir os efeitos do notório mistral, e o seco mais que bem-vindo 
pelos vinicultores. 
 
Plantio e colheita 
 
Como já aprendemos aqui no curso, o ciclo e o cultivo da videira 
podem determinar a qualidade de um vinho. Além disso, é 
importante saber que é possível fazer maus vinhos de boas uvas, 
mas é impossível fazer bons vinhos de uvas ruins. Cada etapa é 
importante, e agora vamos entender um pouco sobre como 
funciona o plantio e a colheita. 
Uma videira é uma planta arbustiva da família das vitáceas, e a 
ciência acredita que sua origem é asiática, apesar do cultivo da 
videira (para fazer vinho) tenha origens mais bem documentadas 
no Egito. As duas espécies mais conhecidas, para a maioria das 
pessoas, são a Vitis Labrusca (ou americana) e a Vitis Vinefera. Para 
consumo in natura e para fazer vinhos outras espécies também são 
utilizadas, porém a prática levou à conclusão de que as mais 
indicadas para a produção de vinhos finos são as Vitis vinifera, em 
sua maioria de origem europeia. Para fazer essa diferenciação 
entre essas espécies, o que mais se leva em conta é qual vinífera 
produz mais taninos e açúcar, ingredientes fundamentais na 
preservação das características do vinho e na produção de álcool. 
 
Vitis Labrusca 
 
 
Vitis Vinifera 
 
Um parreiral é um conjunto de parreiras. Parreira: aspecto comum 
de certas plantas trepadeiras (videiras). Quando se deseja 
começar a cultivar um parreiral, é muito importante fazer uma 
análise do solo e do clima para saber se eles são ou não favoráveis 
ao cultivo das uvas. Dependendo do lugar, até será possível 
produzir, porém o clima será determinante na qualidade da fruta. 
O conceito de terroir, como já explicamos na lição "O Solo", 
aparece antes mesmo de se começar a plantar. Talvez algumas 
alterações no solo sejam necessárias, adicionando ou removendo 
nutrientes, e também, sabendo identificar o regime de chuvas. 
Desde seu plantio, o tempo necessário para que uma videira 
produza frutos que poderão ser fermentados em vinho é de pelo 
menos três anos. De acordo com especialistas, os vinhos 
começam a mostrar suas características depois que a planta tem 
cinco anos, e após isso, começam a apresentar melhor as 
características daquele terroir e a ficar mais consistentes. 
Outono 
Logo após a colheita, entre final de março e começo de abril (para 
a maior parte das regiões brasileiras), inicia-se o ciclo anual da 
parreira, uma planta perene. É claro que algumas variações podem 
ocorrer devido a temperatura, como por exemplo em Santa 
Catarina, onde a colheita começa mais tarde e o novo ciclo pode 
iniciar-se apenas em maio, como acontece em alguns lugares. 
Quase toda a colheita, para o restante do Novo Mundo do Vinho 
(abaixo do Equador), acontece

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