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1 • Potencial químico • Solução ideal •Solução não ideal • Atividade • Atividade dos Íons em solução • Coeficiente médio de atividade • Força iônica • Lei limite de Debye-Huckel • Lei limite de Debye-Huckel estendida • Efeito salino Eletroquímica 2 Vamos relembrar o que foi visto sobre potenciais químicos dos componentes em uma solução líquida, com dois componentes A e B, onde A é o solvente e B o soluto. O potencial químico do solvente A é dado por: onde *A é o potencial químico do componente A puro p*A é a pressão de vapor de A puro pA é a pressão de vapor de A na solução A A AA p p ln RT (1) Atividade 3 Para uma solução ideal, o solvente segue a lei de Raoult em todas as concentrações: pA = xA. p*A O potencial químico do solvente A fica: Alnx RT AA Para uma solução não ideal, a expressão do potencial químico de A pode ser reescrita, substituindo a fração molar de A pela atividade: Aaln RT AA em que aA é a atividade de A, a fração molar efetiva de A. (2) (3) (4) Atividade 4 aA = pA/p * A Foi visto que em uma solução não ideal, o solvente obedece à lei de Raoult para soluções diluídas, isto é, quando xA 1 Então aA xA quando xA 1 O coeficiente de atividade A para o solvente foi introduzido para verificar quanto a solução se desvia da idealidade. ou aA = A. xA Portanto, A 1 quando xA 1 A = aA/xA (5) (6) Atividade 5 A atividade do soluto Verificou-se que em uma solução diluída, o soluto segue a lei de Henry: onde KB é uma constante empírica. O potencial químico de B, B, fica: B B B B B B BB xRT p K p p lnln RTln RT KB e p * B são constantes, características do solvente. Podemos agrupar os dois primeiros termos em uma constante, definida como potencial químico padrão do soluto: B B B p K ln RT B pB = KB.xB (7) B B B p K ln RT (8) (9) Atividade 6 Assim, em uma solução diluída “ideal”, o potencial químico do soluto fica: BB lnx RT B Se a solução fosse ideal, isto é, se o soluto obedecesse a lei de Raoult, KB = p * B, então, B= * B lembrando que: B B B B B B BB xRT p K p p ln ln RTln RT (10) Atividade 7 Para um soluto real, que apresenta afastamento do comportamento da lei de Henry, o potencial químico é corrigido, substituindo a fração molar pela atividade: BB lna RT B A atividade do soluto pode ser encontrada a partir da lei de Henry, substituindo a fração molar pela atividade: (11) aB = pB/KB (12) Atividade 8 aB = pB/KB O coeficiente de atividade do soluto é introduzido para fornecer uma medida do desvio da idealidade da solução não ideal. B = aB/xB O soluto segue a lei de Henry quando a sua concentração tende a zero, então: aB xB e B 1 quando xB 0 solução “ideal”, no sentido de que as interações entre as moléculas do soluto são praticamente inexistentes (13) Atividade O B está relacionado com o efeito das interações entre as moléculas do soluto 9 Atividade em termos da molalidade Como já visto anteriormente (v. eq. (11) o potencial químico do soluto para uma solução real é dado por: BB lna RT B Sendo que a atividade foi definida em termos da fração molar do soluto, porém, podemos definir a atividade em termos de outras formas de concentração. É adequado utilizar a molalidade, pois ela exprime uma relação entre número de mols do soluto e do solvente, quando se utiliza o mesmo solvente; não varia com a temperatura, como a molaridade (que é uma relação entre número de mols do soluto por volume da solução). Atividade 10 Para uma solução ideal, o potencial químico em função da molalidade, bB, é dado por: BB lnb RT B (14) ( Atividade 11 Para soluções diluídas, verifica-se que há uma relação linear entre a fração molar, xB, e a molalidade, bB do soluto (verifiquem!!!): Onde MA é a massa molar do solvente. Como a atividade do soluto está relacionada com a fração molar (ver eq. (13)): aB = B. xB Então, substituindo-se a xB fornecida em (15), na atividade do soluto aB, obtém-se: xB = bB.MA/1000 (15) aB =B.bB.MA/1000 (16) Atividade 12 Substituindo a atividade aB na eq. (11), que fornece o potencial químico B em função da atividade aB, chega-se a: 1000 ..ln ABBBB M bRT Como MA e 1000 são constantes, separamos o termo logaritmico em dois termos, um incorporando estas constantes e o outro incorporando B e bB: BB A BB bRT M RT .ln 1000 ln BBBB bRT .ln * (17) Atividade BB lna RT B (11) 13 BBBB bRT .ln * Nesta nova expressão para o potencial químico de B, *B é o novo potencial químico padrão. Comparando-se a equação acima com a eq. (11): BB lna RT B Podemos ter uma outra definição para a atividade do soluto B: a*B = B.bB (18) Como a atividade é adimensional, a molalidade bB é dividida por b (a molalidade padrão, de 1 mol.kg-1): a*B = B(bB/b ) (19) Atividade 14 A partir dessa nova definição de atividade, podemos escrever: B.bB = a * B.b e como b = 1 mol.kg -1, B.bB = a*B. Substituindo B.bB por a*B na expressão do potencial químico (eq. (17)), obtém-se: Quando B 1, a * B bB, isto é, a atividade pode ser substituída pela molalidade: B ** lna RT BB lnb RT * B (20) (21) Atividade 15 Atividades dos íons em solução Interações entre íons em solução são muito fortes atividades só podem ser substituídas pelas molalidades em soluções bem diluídas (concentrações de íons bem menor do que 10-3 mol.kg-1). Portanto, é importante saber como se calcula a atividade de íons em solução, como no estudo de eletroquímica (a) coeficiente médio de atividade 16 (a) Coeficientes médios de atividade Para um eletrólito que fornece íons M+ e X- em solução, os potenciais químicos dos íons são respectivamente, + e -. A energia de Gibbs molar total de uma solução ideal desses íons é: Para uma solução real, a energia de Gibbs molar total fica: Gm = + + - = + ideal + - ideal + RTln+ + RTln- = Define-se um coeficiente médio de atividade : Gm ideal = + ideal + - ideal (22) Gm = Gm ideal + RTln+ - (23) (a) coeficiente médio de atividade 17 Define-se um coeficiente médio de atividade : = (+-) 1/2 (24) que ao ser substituída na expressão que fornece a energia livre molar da solução real (eq. 23), obtém-se: Gm = Gm ideal + 2RTln (25) A contribuição de cada íon para a energia livre molar é: + = + ideal + RTln - = - ideal + RTln Os dois íons compartilham igualmente o desvio da idealidade Verifiquem como se chega a essa expressão!!! (a) coeficiente médio de atividade 18 A dedução do coeficiente médio de atividade foifeita para um composto M+X-. Já para um composto MpXq que se dissocia em solução: MpXq pM q+ + qXp- A energia de Gibbs molar total dos íons em uma solução não ideal fica: Gm = p+ + q- = Gm ideal +pRTln+ + qRTln- Gm = Gm ideal + RTln(+ p. - q) (26a) O coeficiente médio de atividade nesse caso fica: (26) =(+ p.- q)1/s (27) (a) coeficiente médio de atividade S = p+ q 19 Substituindo a expressão de (+ p.- q) na eq. (26a), chega-se a: Gm = Gm ideal + sRTln = Gm ideal + p.RTln + qRTln Lembrando que: Gm ideal = + ideal + - ideal Podemos encontrar que os potenciais químicos dos íons individuais são: + = + ideal +RTln - = - ideal +RTln (28) Pode-se ver que cada íon contribui igualmente para o comportamento não ideal em solução. Uma questão fundamental é calcular (a) coeficiente médio de atividade 20 A interação coulombiana entre os íons é a principal responsável pelo afastamento do comportamento ideal das soluções iônicas. Teoria de Debye-Hückel das soluções iônicas (formulada por Peter Debye e Erick Hückel em 1923) descrição qualitativa e principais conclusões: íons com cargas opostas atraem-se mutuamente é mais provável encontrar ânions nas vizinhanças de cátions e vice-versa. a solução é eletricamente neutra nas vizinhanças de um íon há excesso de contra íons (íons de carga oposta) a nuvem de íons ao redor do íon central tem simetria esférica e carga líquida de mesmo valor que a do íon central, mas de carga oposta forma a atmosfera iônica (b) A lei limite de Debye-Huckel 21 Figura mostrando um instantâneo da distribuição de íons em uma solução iônica. (b) A lei limite de Debye-Huckel 22 Devido às interações entre o íon central e os íons de carga oposta, na atmosfera iônica, a energia do íon central é reduzida. o potencial químico do íon central é menor A energia de Gibbs molar dos íons na solução(Gm) < energia de Gibbs molar dos íons na solução ideal (Gm ideal) Como já visto anteriormente, a diferença entre essas energias pode ser identifica com o termo sRTln Gm – Gm ideal = sRTln Portanto. é preciso calcular (coeficiente médio de atividade) (b) A lei limite de Debye-Huckel 23 sRT weln Para achar , observar que o termo sRTln corresponde a uma energia, no caso, podemos relacionar com o trabalho elétrico para mudar a configuração dos íons de uma solução ideal para uma solução real. Como we = .q, temos que achar o potencial atuante sobre o íon central, devido à atmosfera iônica. (b) A lei limite de Debye-Huckel (29) 24 Antes de se chegar ao cálculo do coeficiente médio de atividade, vamos introduzir uma grandeza, que será utilizada depois na expressão do coeficiente médio de atividade. A grandeza é a força iônica,representada pela letra I, que é dada pela expressão: i ii bbzI / 2 1 2 zi é a número de carga do íon (positivo para cátions, negativo para ânions) bi é a molalidade do íon A soma se estende para todos os íons da solução. (b) A lei limite de Debye-Huckel (30) 25 k X- X2- X3- X4- M+ 1 3 6 10 M2+ 3 4 15 12 M3+ 6 15 9 42 M4+ 10 12 42 16 Para uma solução com íons de carga z+ e z- de molalidades b+ e b- a força iônica é dada por: I = ½(b+z+ 2 +b-z- 2)/b Na tabela abaixo, estão mostrados valores de I para diversos compostos Mq+X p-, para molalidade = 1mol.kg-1 (b) A lei limite de Debye-Huckel 26 (b) A lei limite de Debye-Huckel Na verdade, o cálculo da força iônica não é tão simples, porque dependendo da carga (z) dos íons e da concentração, um eletrólito pode não estar completamente dissociado, devido à formação de pares iônicos. Íons com z 2 têm maior tendência a formar pares iônicos. Há um equilíbrio envolvendo os íons em solução e o par iônico: Mn+(aq) + L m- (aq) M n+Ln-(aq) (par iônico) Constantes de formação de pares iônicos podem ser encontradas na literatura. Ver por exemplo Daniel C. Harris, “Quantitative Chemical Analysis”, 7ª. Ed., W. H. Freeman and Company, 2007. A porcentagem de formação de pares iônicos em uma solução 0,025 molar dos sais NaCl e MgSO4 é vista na Tabela abaixo: Em uma solução de MgSO4 0,025 molar, as concentrações de Mg2+ e SO4 2- são 0,016 molar e de Mg2+SO4 2- (par iônico) é 0,009 molar. Portanto, a força iônica de uma solução de MgSO4 0,25 molar é 0,064 e não 0,10. 27 (b) A lei limite de Debye-Huckel i ii bbzI / 2 1 2 Obs.: a força iônica deve ser calculada para todos os íons presentes na solução Ex.: calcular a força iônica para (a) solução aquosa de HAc (ácido acético 0,1 mol.kg-1) e (b) para solução aquosa contendo HAc 0,1 mol.kg-1 e KCl 0,1 mol.kg-1 28 Pelo modelo de Debye-Huckel, a diferença entre as interações existentes na solução ideal e na solução real pode ser expressa pelo potencial coulombiano. O potencial coulombiano de um íon isolado de carga ziei num meio de permissividade é: r ezi i 1 4 Na solução real, a presença da atmosfera iônica faz com que o potencial diminua mais com a distância do que o mostrado acima, isto é, o potencial é menor do que o potencial coulombiano substitui-se por um potencial coulombiano blindado rD = comprimento de Debye = raio efetivo da atmosfera iônica (b) A lei limite de Debye-Huckel (31) (32) Drri i e r ez /1 4 29 (b) A lei limite de Debye-Huckel Variação do potencial coulombiano blindado com a distância para diferentes comprimentos de Debye. Quanto menor, mais rapidamente o potencial cai a zero. Comprimento de Debye (nm) em soluções aquosas a 298 K. C (mol.dm-3) Tipo de sal 1:1 1:2 2:2 1:3 10-1 0,96 0,55 0,48 0,39 10-2 3,04 1,76 1,52 1,24 10-3 9,6 5,55 4,81 3,93 10-4 30,4 17,6 15,2 12,4 Físico-química, V. 2, Moore 30 Para se calcular rD, é preciso saber como varia a densidade de carga da atmosfera iônica, i, com a distância ao íon. Utiliza-se a equação de Poisson, considerando que a atmosfera iônica tem simetria esférica: (b) A lei limite de Debye-Huckel ez dV dN i i i dNi = número de íons da espécie i de carga zie no elemento de volume dV densidade de carga i 42 2 é o operador Laplaciano Pode se pensar de uma forma simples no laplaciano como sendo proporcional à diferença entre o valor em um ponto e a média entre os seus vizinhos (33) 31 (b) A lei limite de Debye-Huckel (34) Utilizando a expressão para o potencial coulombiano blindado (eq. 32) e substituindo na equação diferencial acima e resolvendo-a, obtém-se: Drri i e r ez /1 4 (32) i i Dr 2 ii dr d r dr d r 2 2 1 2f = em coordenadas polares (lousa) f é uma função qualquer Como a atmosfera iônica tem simetria esférica, tanto como só dependem de r : 32 Como relacionar i e i na eq. anterior (eq.34)? Através da energia dos íons em função da distância ao íon central. Essa energia para um íon de carga zje é dada pelo produto da carga pelo potencial: E = zj ei Os íons terão energias diferentes. A razão entre as molaridadesdos íons, cj, a uma distância r e a molaridade dos íons, ci 0 onde a energia é nula , de acordo com a distribuição de Boltzmann é dada por: kTE j j e c c / 0 k = constante de Boltzmann (b) A lei limite de Debye-Huckel (35) i i Dr 2 33 A densidade de carga, i é igual a molaridade de cada tipo de íon multiplicada pela carga para um mol de íons (=zieNA). Lembrar que e.NA = F (constante de Faraday) = 96,485 kC.mol-1 A densidade de carga i fica então: i = c+z+F + c-z-F = = c0+z+Fe -z+ei/kT + c0-z-Fe -z-ei/kT Esta equação pode ser simplificada se considerarmos que a energia de interação eletrostática é pequena diante de kT: .... 2 202000 RT F zczcFzczc iii kTE j j e c c / 0 e= F/NA e NAk = R (b) A lei limite de Debye-Huckel (36) 34 .... 2 202000 RT F zczcFzczc iii Na equação anterior (36): A primeira parcela é igual a zero, pois é a densidade de carga em uma solução homogênea (eletricamente neutra). Os termos além do segundo são muito pequenos. O segundo termo pode ser reescrito lembrando que em soluções diluídas, cb., onde é a densidade do solvente e lembrando que a somatória está relacionada com a força iônica do meio, I, Ibzbzbzczc 220202020 i ii bbzI / 2 1 2 (b) A lei limite de Debye-Huckel = 0 35 A densidade de carga, i fica: RT IbF i i 22 i i Dr 2 Substituindo a expressão de i na expressão de rD , 2/1 22 IbF RT rD (b) A lei limite de Debye-Huckel (37) obtém-se: RT F Ib RT F zbzb RT F zczc iiii 22202022020 2 (34) 36 Voltando à expressão que fornece o coeficiente médio de atividade (eq. (29 )): sRt weln Precisamos calcular o trabalho elétrico, we para mover o íon de uma situação em que a atmosfera iônica é a da solução não ideal para a de uma solução ideal. Este potencial é dado por: (b) A lei limite de Debye-Huckel (38) O trabalho infinitesimal dwe é dado por: atmos (0) = -q/(4rD) dwe = atmos(0) dq (39) dq é a carga infinitesimal 37 (b) A lei limite de Debye-Huckel Integrando-se a expressão anterior de dwe para a carga dq de 0 a zie , obtém-se para we: DA i D iA ez D A ez atmosAe rN Fz r ezN qdq r N dqNw ii 88 4 )0( 2222 00 Substituindo a expressão do trabalho acima na eq.(29), pode-se chegar a: 2 8 ln F RTrN zz DA (40) (41) dwe = atmos(0) dq sRT weln (29) Lembrando que: q = z.e 38 (b) A lei limite de Debye-Huckel Substituindo a expressão de rD(eq. 37) na expressão anterior (eq. 41) e fazendo-se o agrupamento de alguns termos e convertendo o logaritmo neperiano em logaritmo decimal, chega-se finalmente a: 2/1 2/1 333 3 210ln4 log I TR b N F zz A (42) O termo entre chaves é constante: A TR b N F A 2/1 333 3 210ln4 Logo, a eq. (42) fica: log= -|z+z-|AI 1/2 (43) Notar que o termo A envolve propriedades do solvente (densidade, e permissividade, ). Como log± é 0 ± é 1. 2/1 22 IbF RT rD (37) 39 (b) A lei limite de Debye-Huckel Verificação experimental da lei limite de Debye Hückel.. Há boa concordância quando I 0, isto é, para soluções com baixa molalidade. A concordância é melhor para íons 1:1. 40 (b) A lei limite de Debye-Huckel I. N. Levine, Physical Chemistry O coeficiente de atividade tende a diminuir a medida que a força iônica da solução aumenta, porém, para valores de força iônica bem mais altas, há aumento do coeficiente de atividade , para alguns eletrólitos. O aumento do coeficiente de atividade para força iônmica alta pode ser explicado pela diminuição da quantidade de moléculas de água livres, o que leva ao aumento da concentração efetiva do eletrólito. Ex.: Coeficiente de atividade experimentais em função da molalidade de vários eletrólitos NaCl 0.1 mol.kg-1 Cada Na+ tem 4 moléculas de H2O e cada Cl -1 2 moléculas de H2O Então, há 6 x (0.1) = 0.6moléculas de H2O solvatando o NaCl. 1 kg de H2O correspondem a 55. 5 mols de H2O. 55.5 – 0.6 moléculas de H2O livres. 41 (b) A lei limite de Debye-Huckel Na tabela abaixo são mostrados valores de coeficientes médios de atividade para KCl e CaCl2 em várias molalidades. Verifica-se que para molalidade baixa, o coeficiente de atividade é próximo de 1 para KCl. Já para CaCl2, observa-se que o desvio é considerável, mesmo para solução mais diluída. Portanto, a lei limite de Debye-Hückel tem aplicação bastante limitada. b/b KCl CaCl2 0,001 0,966 0,888 0,01 0,902 0,732 0,1 0,702 0,524 1,0 0,607 0,725 Coeficientes médios de atividade () para soluções aquosas de KCl e CaCl2 a 298 K. 42 (b) A lei limite de Debye-Huckel G. W. Castellan, Físico-química, Vol.1 43 (c) A lei de Debye-Huckel estendida Quando a força iônica da solução é elevada a lei limite não é válida foram feitas modificações na lei limite para se tentar ajustar aos valores experimentais observados. CI BII IzzA 2/1 2/1 log B e C são constantes adimensionais. São parâmetros empíricos de ajuste. B pode ser interpretado como uma medida da aproximação máxima entre os íons. Está relacionado com os raios iônicos. (44) 44 (c) A lei de Debye-Huckel estendida A lei de Debye-Huckel estendida pode ser utilizada para encontrar os coeficientes de atividade individuais + e -, se for incluída na expressão o diâmetro iônico médio dos íons, a: 2/1 2/12 2/1 2/12 ..1 . ln ..1 . ln IaB IAz IaB IAz (45) Os valores de A e B dependem de constantes universais e de propriedades do solvente (constante dielétrica e densidade). Para H2O a 25 0C e 1 atm, A = 1,1744 (kg/mol)1/2 , B = 3,285 x 109 (kg.mol)1/2m-1 Substituindo os valores de a e b na eq. (45) e dividindo o numerador por 2,3025, para converter para logaritmos na base 10, obtém-se: V. Levine, Físico- química, Vol. 1 2/1 2/1 )/.(328,01 .51,0log IAnga I zz (46) Ang = angstroms 45 (c) A lei de Debye-Huckel estendida Para soluções muito diluídas, I é muito pequena e o segundo termo do denominador da eq. (46) pode ser desprezado, comparado a 1, ficando a eq. como : que é a lei limite de Debye-Huckel, como já visto antes. A lei limite é válida para soluções bem diluídas, isto é, força iônica baixa (I 0,01) Para forças iônicas maiores, mas, não muito elevadas (I 0,1) a lei estendida (46) é melhor. Para uma dada força iônica, a teoria funciona melhor à medida que z+z- diminui, por ex. para I = 0,01, a lei limite é mais válida para eletrólitos 1:1 do que 2:2. Parte da razão para issoestã na associação iônica (v. Físico-química, Levine, V.1, p. 299). 2/1.51,0log Izz 46 (c) A lei de Debye-Huckel estendida A lei de Debye-Huckel extendida pode incluir a adição de um termo linear (como mostrado em (44)), mas, com parâmetros fixos (sem parâmetros empíricos de ajuste), como na eq. de Davies: A eq. de Davies tem uma boa concordância com os valores experimentais até I =0,1 e concordância razoável para 0,1 < I 0,5. O termo linear na eq. de Davies faz com que passe por um mínimo e depois aumente, à medida que I aumenta, como pode ser visto na Figura do slide 40. 2/1 2/1 2/1 .30,0 1 .51,0log I I I zz (47) V. Físico- química, Levine, V.1 47 (c) A lei de Debye-Huckel estendida Comparação entre a lei limite e a lei estendida de Debye-Hückel para um eletrólito 1:1. A lei estendida apresenta uma boa concordância para faixa mais ampla de molalidade do que a lei limite. 48 Calcular a solubilidade do gesso (CaSO4 .2H2O) em água, sabendo que log KPS = -4.41 Resolução: lousa Efeito salino Como a força iônica de um meio altera o coeficiente de atividade, ela pode afetar propriedades importantes, como o grau de dissociação de um eletrólito fraco e a solubilidade de eletrólitos. Este efeito é conhecido como efeito salino. Ex.: solubilidade de um sal pouco solúvel, como o AgCl. Considerando o equilíbrio do AgCl(s) com seus íons: AgCl(s) Ag+ + Cl- O produto de solubilidade do AgCl é: Kps = aAg+.aCl- = (Ag+.bAg+). ( Cl-.bCl-) Sendo s a solubilidade do sal em mol.kg-1 de água, então, bAg+ = bCl- = s e: Kps = 2. s2 49 Efeito salino Se s0 é a solubilidade calculada quando se despreza a interação iônica ( 1), então s0 2 = KPS Temos então que: Esta relação mostra que a solubilidade aumenta com a força iônica (lembrar que diminui com o aumento da força iônica). De quanto deve aumentar a solubilidade de um sal pouco solúvel se for adicionado um eletrólito inerte, tal que a concentração do eletrólito inerte (como por exemplo, KNO3 ) seja 0,1 mol.kg -1 ? R.: 45% lousa s = s0 / V. Físico-química, Castellan, V.1 50 Efeito salino Porém, quando a força iônica é muito elevada, não há aumento da solubilidade, mas, sim diminuição da solubilidade, pois o coeficiente de atividade pode aumentar ! O efeito salino pode ser utilizado, por exemplo para separação de proteínas. V. Efeito salting-in e salting-out. 51
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