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Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br E-book comprado por Laisa De Freitas Da Silva Oliveira - CPF: 016.146.971-08 1 Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 2 www.questoesdiscursivas.com.br Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 3 AUTORES: BALTAZAR RODRIGUES Procurador do Estado do Rio de Janeiro - PGE/RJ. Sócio do escritório Fontana, Maurell, Gaio e Rodrigues Advogados. Mestre em Direito Processual pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ. Ex-Diretor Jurídico do Fundo Único de Previdência Social do Estado do Rio de Janeiro (Rioprevidência - 2013/2014). Aprovado nos seguintes concursos: PGE/RJ (15º lugar - 2010); Advogado do BNDES (65º lugar - 2009). RODRIGO DUARTE Advogado da União. Ex-Oficial de Justiça e Avaliador Federal no TRF da 2ª Região; Ex-Técnico Administrativo do Ministério Público da União (MPU) e Ex-Técnico de Atividade Judiciária no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ); Aprovado e nomeado no concurso de Analista Processual do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPE/RJ). MIGUEL BLAJCHMAN (Organizador) Advogado. Fundador do site Questões Discursivas. Ex-Analista de Planejamento e Orçamento da Secretaria Municipal da Fazenda do Rio de Janeiro (SMF/RJ). Aprovado nos seguintes concursos: Analista de Controle Externo do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE/RJ). Analista e Técnico do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPE/RJ) e Advogado da Dataprev. Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 4 SUMÁRIO: CONCEITOS DE CONSTITUIÇÃO – PÁGINA 4 ADVOGADO – CRA/PR – 2019 - QUADRIX INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO – PÁGINA 9 DEFENSOR PÚBLICO - DPDF - 2013 - CESPE MAGISTRATURA FEDERAL – TRF2 – 2013 – BANCA PRÓPRIA CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE – PÁGINA 12 MAGISTRATURA ESTADUAL – TJSP – 2019 – VUNESP PROCURADOR AUTÁRQUICO - UNICAMP - 2018 – VUNESP MAGISTRATURA ESTADUAL - TJMS - 2015 – VUNESP MAGISTRATURA FEDERAL – TRF2 – 2017 – BANCA PRÓPRIA PROCURADOR DO ESTADO – PGE/MT – FCC - 2016 PROCURADOR – ASSEMBLEIA LEGISLATIVA/GO – 2019 – IADES PROCURADOR – ASSEMBLEIA LEGISLATIVA/GO – 2019 – IADES PROCURADOR MUNICIPAL - PGM-PAULÍNIA/SP - 2016 – FGV TRIBUNAIS DE CONTAS – TCM/SP - 2015 – FGV ADVOGADO DA UNIÃO – AGU - 2016 - CESPE PROCURADOR DO ESTADO - PGE/SP - 2012 - FCC MAGISTRATURA ESTADUAL – TJPA – 2011 - CESPE PROCURADOR DO ESTADO - PGE/RO - 2011 - FCC MAGISTRATURA – TJDFT – 2014 - CESPE PROCURADOR DO ESTADO - PGE/BA - 2014 - CESPE CPI – PÁGINA 36 DELEGADO DE POLÍCIA - PCMA - 2012 – FGV MAGISTRATURA ESTADUAL - TJAM - 2013 – FGV PROCURADOR DO MUNICÍPIO - PGM-RECIFE/PE - 2014 - FCC DIREITOS INDIVIDUAIS E COLETIVOS – PÁGINA 44 PROCURADOR– PGM-FOZ DO IGUAÇU/PR – 2019 – FAPIPA DIPLOMATA – MRE – 2019 – CESPE ANALISTA LEGISLATIVO - CÂMARA DE CARUARU - 2015 – FGV DELEGADO DE POLÍCIA - PCMA - 2018 - CESPE DEFENSOR PÚBLICO - DPE/AC - 2017 - CESPE PROCURADOR AUTÁRQUICO - UNICAMP - 2018 – VUNESP ANALISTA – MPE/SP - 2015 – VUNESP DEFENSOR PÚBLICO - DPE/RN - 2015 - CESPE MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL - MPE-ES - 2013 - VUNESP Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 5 DEFENSORIA PÚBLICA – DPE/PR – FCC - 2017 ANALISTA JUDICIÁRIO – TRF3 – FCC - 2015 ANALISTA JUDICIÁRIO – TRE/TO - 2017 - CESPE POLÍCIA CIVIL - PCBA – 2013 – CESPE POLÍCIA CIVIL - PCBA – 2013 - CESPE ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ – 2012 - CESPE PROCURADOR DO ESTADO - PGE/RO - 2011 - FCC DEFENSOR PÚBLICO - DPE/ES - 2012 - CESPE DEFENSOR PÚBLICO - DPE/AC - 2012 - CESPE DEFENSOR PÚBLICO - DPDF - 2013 - CESPE EDUCAÇÃO – PÁGINA 84 PROCURADOR DO MUNIÍPIO - PGM - CUIABÁ/MT - 2014 - FCC FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL, FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA - TRIBUNAIS DE CONTAS – PÁGINA 87 AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO – TCE/MG - 2018 - CESPE MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL - MPE-ES - 2013 - VUNESP PROCURADOR DO ESTADO - PGE/RR - 2004 - CESPE TRIBUNAL DE CONTAS - TCE/TO – 2008 – CESPE TRIBUNAL DE CONTAS - TCU - 2008 - CESPE TRIBUNAL DE CONTAS - TCE/SP - 2011 - FCC AUDITOR - CONTROLADORIA GERAL DO ESTADO DO MATO GROSSO - 2015 - FMP TRIBUNAL DE CONTAS - TCE/MS - 2013 – BANCA PRÓPRIA PROCURADOR DO BANCO CENTRAL - 2009 - CESPE TRIBUNAL DE CONTAS - TCDF - 2012 - CESPE TRIBUNAIS DE CONTAS - TCM/GO - 2015 - FCC FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA – PÁGINA 109 ANALISTA DO MPU - MPU - 2018 - CESPE PROCURADOR DO DF - PGDF - 2013 - CESPE INTERVENÇÃO – PÁGINA 115 PROCURADOR DO ESTADO - PGE/RN - 2014 - FCC PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS – PÁGINA 117 ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO - TCE/AM - FCC - 2013 MAGISTRATURA ESTADUAL - TJAM - 2016 - CESPE PROCURADORIA MUNICIPAL - PGM-FORTALEZA/CE - 2017 - CESPE MAGISTRATURA ESTADUAL – TJSE – 2008 - CESPE ORÇAMENTO - PÁGINA 123 Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 6 ANALISTA DE POLÍTICAS PÚBLICAS - SEPLAG-NITERÓI-RJ - 2018 – FGV PODER CONSTITUINTE – PÁGINA 125 PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/PB – FCC (2018) ANALISTA LEGISLATIVO - CÂMARA DOS DEPUTADOS – 2014 - CESPE DEFENSOR PÚBLICO -0 DPE/PE - 2014 - CESPE ORDEM ECONÔMICA E FINANCEIRA – PÁGINA 131 PROCURADOR DO ESTADO - PGE/AP - 2006 - CESPE ORGANIZAÇÃO DO ESTADO – PÁGINA 133 OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA - ABIN - 2018 - CESPE PROCURADOR LEGISLATIVO (PB) - FCC - 2013 PROCURADOR DO ESTADO - PGE/AM - 2017 - CESPE DEFENSOR PÚBLICO - DPE/RR - 2013 - CESPE PODER EXECUTIVO – PÁGINA 140 DEFENSOR PÚBLICO – DPE/RS – FCC (2018) MAGISTRATURA ESTADUAL - TJPA - 2014 – VUNESP PROCURADOR DO ESTADO – PGE/MA – FCC (2016) PROCURADOR DO ESTADO - PGE/RO - 2011 - FCC PODER LEGISLATIVO – PÁGINA 140 ANALISTA - ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO SERGIPE – FCC (2018) POLÍCIA DO SENADO - SENADO FEDERAL - 2008 – FGV PROCURADOR DO ESTADO - PGE/MS - 2012 - FCC PROCESSO LEGISLATIVO - PÁGINA 153 ANALISTA LEGISLATIVO - ASSEMBLEIA DE RONDÔNIA - 2018 – FGV PROCURADOR – ASSEMBLEIA LEGISLATIVA/GO – 2018 – IADES MAGISTRATURA ESTADUAL – TJPR – 2017 - CESPE MAGISTRATURA FEDERAL – TRF4 – 2016 – BANCA PRÓPRIA PODER JUDICIÁRIO - PÁGINA 162 MAGISTRATURA ESTADUAL - TJCE - 2018 – CESPE PROCURADOR - ASSEMBLEIA DO MARANHÃO - 2013 – FGV ADVOGADO DA UNIÃO – AGU - 2016 - CESPE MAGISTRATURA ESTADUAL – TJPB – 2011 - CESPE MAGISTRATURA ESTADUAL – TJAC – 2012 - CESPE MAGISTRATURA ESTADUAL – TJPA – 2011 - CESPE MAGISTRATURA ESTADUAL – TJMA – 2013 - CESPE MAGISTRATURA ESTADUAL – TJMA – 2013 - CESPE Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 7 NACIONALIDADE – PÁGINA 179 DIPLOMATA – MRE – 2018 – CESPE REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS – PÁGINA 181 JUIZ DE DIREITO - TJPE - FCC - 2013 DEFENSOR PÚBLICO - DPE/SE - 2012 - CESPE SEGURANÇA PÚBLICA – PÁGINA 184 POLÍCIA CIVIL – PCES – 2010 – CESPE DELEGADO DE POLÍCIA – PCAL – 2012 - CESPE DELEGADO DE POLÍCIA – POLÍCIA FEDERAL – 2013 – CESPE DELEGADO DE POLÍCIA – PCRJ – 2012 – FUMARC SÚMULA VINCULANTE – PÁGINA 191 PROCURADOR - PGM-MANAUSPREV/AM - 2015 - FCC MAGISTRATURA ESTADUAL – TJPA – 2011 - CESPE TRATADOS INTERNACIONAIS – PÁGINA 194 MAGISTRATURA FEDERAL - TRF5 - 2018 - CESPE MAGISTRATURAESTADUAL - TJCE - 2018 - CESPE ADVOGADO DA UNIÃO – AGU - 2016 - CESPE DIPLOMATA - MRE - 2016 - CESPE DELEGADO DE POLÍCIA - PCCE - 2014 - VUNESP DELEGADO DE POLÍCIA - PCSP - 2014 - VUNESP ANALISTA LEGISLATIVO - CÂMARA DOS DEPUTADOS – 2014 - CESPE Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 8 CONCEITOS DE CONSTITUIÇÃO ADVOGADO – CRA/PR – 2019 - QUADRIX SUGESTÃO DE RESPOSTA: O objeto da Constituição é, em linhas gerais, estabelecer a estrutura do Estado, a organização de seus órgãos, o modo de aquisição do poder, a forma de seu exercício e os limites de sua atuação, assegurar os direitos e as garantias dos indivíduos, fixar o regime político e disciplinar os fins socioeconômicos do Estado, bem como os fundamentos dos direitos econômicos, sociais e culturais. D Em que pese exista alguma divergência doutrinária sobre o tema, entre os elementos da Constituição, destacam-se os orgânicos (que estabelecem as normas sobre a estrutura do Estado e o exercício do Poder), os limitativos (que limitam a ação dos poderes estatais e dão a tônica do Estado de Direito), os socioideológicos (as normas que revelam o caráter de compromisso das constituições modernas entre o Estado individualista e o Estado Social), os de estabilização constitucional (normas destinadas a assegurar a solução de conflitos constitucionais, a defesa da Constituição, do Estado e das instituições democráticas) e os formais de aplicabilidade (normas que estatuem regras de aplicação das constituições). Na linha do pensamento de Hans Kelsen, o ordenamento jurídico é constituído a partir de uma estrutura hierarquizada de normas, na qual emerge a supremacia da Constituição, tida como ponto de apoio e condição de validade de todas as normas jurídicas, na medida em que é a partir dela que se desencadeia o processo de produção normativa. É dizer, portanto, que todas as normas do ordenamento jurídico devem, necessariamente, estar afinadas e em absoluta conformidade com as disposições constitucionais. Inicio, pois, minha palestra com estas perguntas: que é uma Constituição? Qual é a verdadeira essência de uma Constituição? Em todos os lugares e a toda hora, à tarde, pela manhã e à noite, estamos ouvindo falar da Constituição e de seus problemas constitucionais. Na imprensa, nos clubes, nos cafés e nos restaurantes, é este o assunto obrigatório de todas as conversas. E, apesar disso, ou por isso mesmo, formulada em termos precisos esta pergunta: qual será a verdadeira essência, o verdadeiro conceito de uma Constituição? Estou certo de que, entre essas milhares de pessoas que falam dela, existem muito poucos que possam dar‐nos uma resposta satisfatória. Ferdinand Lassalle. O que é uma Constituição? São Paulo: Edições e Publicações Brasil, 1933 (com adaptações). Considerando que o texto acima tenha caráter exclusivamente motivador, redija um texto dissertativo acerca do tema a seguir. Ordenamento jurídico, Constituição e norma fundamental Ao elaborar seu texto, aborde, necessariamente, os seguintes aspectos: a) objeto da Constituição; b) elementos da Constituição; e c) supremacia da Constituição. Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 9 INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO DEFENSOR PÚBLICO - DPDF - 2013 - CESPE SUGESTÃO DE RESPOSTA: Em relação ao princípio da unidade da Constituição, ele ganha relevo autônomo como princípio interpretativo quando com ele se quer significar que o Direito Constitucional deve ser interpretado de forma a evitar contradições (antinomias, antagonismos) entre as suas normas e, sobretudo, entre os princípios jurídicos-políticos constitucionalmente estruturantes. Como ponto de orientação, guia de discussão e fator hermenêutico de decisão, o princípio da unidade obriga o intérprete a considerar a Constituição na sua globalidade e procurar harmonizar os espaços de tensão existentes entre as normas constitucionais a concretizar. Daí que o intérprete deva sempre considerar as normas constitucionais não como normas isoladas e dispersas, mas sim como preceitos integrados em um sistema interno unitário de normas e princípios. No tocante à interpretação conforme à Constituição, é o princípio no qual o intérprete adota a interpretação mais favorável à CRFB, considerando- se seus princípios e jurisprudência, sem, contudo, afastar-se da finalidade da lei. Possui algumas dimensões que deverão ser observadas: a prevalência da CRFB, que é a essência deste método, já que enfatiza a supremacia da Lei Maior; a conservação da norma, visto que, ao adotar a interpretação que vai ao encontro da Constituição, propicia-se sua eficácia e evita-se que seja declarada inconstitucional e deixe de ser aplicada. Por serem as normas constitucionais normas jurídicas, sua interpretação requer o entendimento de conceitos e elementos clássicos. Todavia, as normas constitucionais apresentam determinadas especificidades que as singularizam. Em razão disso, foram desenvolvidas ou sistematizadas categorias doutrinárias próprias, identificadas como princípios específicos ou princípios instrumentais de interpretação constitucional, que constituem premissas conceituais, metodológicas ou finalísticas que devem anteceder, no processo intelectual do intérprete, a solução concreta da questão posta. Tais princípios, embora não expressos no texto da Constituição, são reconhecidos pacificamente pela doutrina e pela jurisprudência. Luís Roberto Barroso. Curso de direito constitucional contemporâneo: os conceitos fundamentais e a construção do novo modelo. 4.ª ed., 2013, p. 322 (com adaptações). Considerando que o fragmento de texto acima apresentado tem caráter meramente motivador, discorra sobre o significado dos seguintes princípios de interpretação constitucional: unidade da Constituição [valor: 1,20 ponto]; interpretação conforme a Constituição [valor: 1,20 ponto]; presunção de constitucionalidade [valor: 1,20 ponto]; efetividade [valor: 1,20 ponto]. Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 10 Além disso, também há a exclusão da interpretação contra legem, o que impossibilita que a lei seja interpretada contrariamente ao seu texto literal com o intuito de considerá-la constitucional; há espaço de interpretação que dita que este método só pode ser aplicado quando houver a possibilidade de opção, ou seja, deve existir mais de uma interpretação para então optar-se por aquela conforme a Constituição. Também ocorre rejeição ou não aplicação de normas inconstitucionais, em que sempre que o juiz analisar a lei utilizando todos os métodos existente e verificar que ela é contrária à Constituição deverá declarar a sua inconstitucionalidade E, por fim, o intérprete não pode atuar como legislador positivo, ou seja, aquele que interpreta a lei não pode dar a ela uma aplicabilidade diversa daquela almejada pelo legislativo, pois, caso assim proceda, considerar-se-á criação de uma norma regra pelo intérprete e a atuação deste com poderes inerentes ao legislador, o que é proibido. No que tange ao princípio da presunção de constitucionalidade, ele encerra uma presunção iuris tantum, que pode ser infirmada pela declaração em sentido contrário do órgão jurisdicional competente. Em sua dimensão prática, o princípio se traduz em duas regras de observância necessária pelo intérprete e aplicador do direito: (a) não sendo evidente a inconstitucionalidade, havendo dúvida ou a possibilidade de razoavelmente se considerar a norma como válida, deve o órgão competente abster-se da declaração de inconstitucionalidade; (b) havendo alguma interpretação possível que permita afirmar-se a compatibilidade da norma com a Constituição, em meio a outras que carreavampara ela um juízo de invalidade, deve o intérprete optar pela interpretação legitimadora, mantendo o preceito em vigor. Por fim, acerca do princípio da efetividade (ou da máxima efetividade), ele consiste em atribuir na interpretação das normas oriundas da Constituição o sentido de maior eficácia, utilizando todas as suas potencialidades. Assim, a uma norma constitucional deve ser atribuído o sentido que maior eficácia lhe dê. É um princípio operativo em relação a todas e quaisquer normas constitucionais, e embora a sua origem esteja ligada à tese da atualidade das normas programáticas, é hoje invocado no âmbito dos direitos fundamentais (no caso de dúvidas deve preferir-se a interpretação que reconheça maior eficácia aos direitos fundamentais). MAGISTRATURA FEDERAL – TRF2 – 2013 – BANCA PRÓPRIA SUGESTÃO DE RESPOSTA: Diferencie as técnicas decisórias da interpretação conforme a Constituição e da inconstitucionalidade parcial sem redução de texto, fornecendo ao menos um exemplo de aplicação de cada uma delas. Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 11 A interpretação constitucional utiliza alguns princípios próprios e possui peculiaridades e complexidades que lhe são inerentes. Saliente-se que há uma ligação umbilical entre a interpretação constitucional e a interpretação das leis, pois a jurisdição constitucional concretiza-se, em grande parte, pela verificação da compatibilidade entre a lei ordinária e as normas da Constituição. Entende-se por interpretação conforme a Constituição como sendo uma técnica que não afeta o enunciado legal, mas atinge seu significado normativo possível, mediante declaração de constitucionalidade condicionada à observância de uma única interpretação compatível com o texto constitucional. Por sua vez, entende-se por inconstitucionalidade parcial sem redução de texto como sendo uma técnica que não afeta o enunciado legal, mas atinge seu significado normativo possível, mediante declaração de inconstitucionalidade restrita a um dos significados possíveis do enunciado. No tocante aos exemplos, em relação à interpretação conforme à Constituição, temos o notório entendimento do STF no sentido de que a tipificação penal do aborto não abrange a seara dos fetos anencéfalos. Já um exemplo de inconstitucionalidade parcial sem redução de texto temos a ADI 1.946, na qual o STF declarou a inconstitucionalidade parcial sem redução de texto do art. 14 da Emenda Constitucional 20/98 (que instituiu o teto para os benefícios previdenciários do RGPS), para excluir sua aplicação ao benefício do salário maternidade (licença gestante), que deve ser pago sem sujeição a teto e sem prejuízo do emprego e do salário, conforme o art. 7º, XVIII, da CRFB. Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 12 CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE MAGISTRATURA ESTADUAL – TJSP – 2019 – VUNESP SUGESTÃO DE RESPOSTA: O controle de constitucionalidade é um dos temas mais importantes do direito constitucional. Pode ser conceituado, basicamente, como a possibilidade de declaração de invalidade de leis, tendo como parâmetro a Constituição. Sua origem remonta ao caso Marbury vs Madison, onde a Suprema Corte Americana declarou que um conflito entre uma norma ordinária e uma norma constitucional seria resolvido com a prevalência desta última, tendo em vista a sua superioridade normativa. Sua importância decorre do óbvio parâmetro que se estabelece para avaliar a validade das normas editadas no ordenamento jurídico pátrio. Há classicamente duas modalidades de controle: o incidental e o concentrado. O controle incidental (ou difuso) é exercido por todos os órgãos julgadores, sem a necessidade de deslocamento de competência caso a questão da inconstitucionalidade da norma seja suscitada no processo. Em geral, seu efeito é inter partes: ou seja, só é aplicável àquele caso sob exame pelo juízo. No Brasil, o art. 97 da CRFB prevê a aplicação da chamada reserva de Plenário: quando um órgão colegiado é chamado a analisar a validade de uma norma, a sua inconstitucionalidade deve ser declarada por maioria absoluta de seus membros. Já o controle concentrado (ou principal) baseia-se na indicação de um órgão julgador específico para a análise da constitucionalidade das leis, em geral um órgão de cúpula. Seus efeitos, em geral, são erga omnes, se espraiando por todo o ordenamento, a fim de conferir segurança jurídica à aplicação das leis. No Brasil, seu principal instrumento é a ação direta de inconstitucionalidade, de competência do STF. Sua legitimidade é restrita às autoridades ou instituições previstas no art. 103 da CRFB, sendo que alguns deles, como os Governadores de Estado ou as confederações sindicais, devem comprovar a pertinência da norma impugnada com seus interesses institucionais (no primeiro caso, uma lei que impacte no ordenamento ou nas Disserte sobre o tema: Controle judicial de constitucionalidade. 1. Origem. Conceito e Importância. 2. Controle incidental ou difuso. Características. Efeitos. Reserva de Plenário. 3. Controle concentrado ou principal. Características. Ação Direta de Inconstitucionalidade. Legitimidade e pertinência temática. Efeitos temporais e modulação. Obs.: No desenvolvimento da dissertação, o candidato deverá levar em consideração rigorosamente os itens e subitens, de acordo com a ordem proposta. Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 13 finanças daquele Estado e, no segundo caso, uma lei que tenha sido editada acerca do âmbito de atuação daquela entidade). Finalmente, por a inconstitucionalidade ser um vício que afeta a norma em seu plano de validade, ela acaba fulminando-a desde seu nascedouro. Contudo, em alguns casos isso acaba gerando situações injustas, uma vez que a lei foi aplicada na prática. Assim, a legislação autoriza que o Supremo Tribunal Federal module esses efeitos, sendo resguardada a segurança jurídica (art. 27 da Lei 9.868/99). PROCURADOR AUTÁRQUICO - UNICAMP - 2018 – VUNESP SUGESTÃO DE RESPOSTA: A cláusula de reserva de plenário é um mecanismo constitucional relativo ao controle difuso de constitucionalidade brasileiro, insculpida no art. 97 da CRFB, a qual determina que o julgamento da inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo do Poder Público, quando realizada por um Tribunal, só será possível pelo voto da maioria absoluta dos seus membros ou dos membros de seu órgão especial. A 4ª Câmara do Tribunal de Justiça do Estado X violou a Cláusula da Reserva de Plenário, pois, no exercício do controle difuso de Considere a seguinte situação hipotética: A Assembleia Legislativa do Estado X, visando aumentar a arrecadação do ente federativo, instituiu por lei ordinária um novo imposto a ser pago por todos os contribuintes de forma mensal. Mélvio, residente no Estado X, efetuou o pagamento do imposto por 3 (três) meses, mas, por duvidar da constitucionalidade da lei em questão, ajuizou uma ação declaratória de inexistência de débito, cumulada com repetição de valores pagos, aduzindo, dentre outros argumentos e de forma incidental, que a nova lei estadual é inconstitucional. Distribuída a ação, o juiz da 1a Vara da Fazenda Pública da Comarca da Capital do Estado X julgou improcedentes os pedidos iniciais por entender que a norma está em plena consonância com a Constituição Federal. Irresignado com a sentença, Mélvio interpôs recurso de apelação que foi distribuído à 4a Câmara de Direito Público do respectivo Tribunal de Justiça do Estado. Ao julgar o recurso, a 4a Câmara do Tribunal de Justiça acolheu os argumentos da apelação e, embora não tenha declarado expressamentea inconstitucionalidade da lei, afastou a sua incidência. Considere ainda que no momento do julgamento a matéria não havia sido analisada pelo órgão especial ou pleno do Tribunal de Justiça, tampouco pelo Supremo Tribunal Federal. A partir do caso e das informações apresentadas, responda ao seguinte: a) Discorra sobre a Cláusula de Reserva de Plenário. b) No caso hipotético indicado, a 4a Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça violou a Cláusula da Reserva de Plenário? Justifique. Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 14 constitucionalidade, nos termos apregoados pelo art. 97 da CRFB, o julgamento da inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo do Poder Público, quando realizada por um Tribunal, só será possível pelo voto da maioria absoluta dos seus membros ou dos membros de seu órgão especial. No caso hipotético apresentado, muito embora não tenha declarado expressamente a inconstitucionalidade da norma, o órgão fracionário (4ª Câmara) afastou a incidência da norma, e, conforme Súmula Vinculante nº 10, viola a cláusula de reserva de plenário a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta sua incidência, no todo ou em parte. Por derradeiro, não há, no caso, as hipóteses de mitigação da cláusula de reserva de plenário previstas pela jurisprudência do STF e reafirmada pelo artigo 949, parágrafo único, do CPC/2015, quais sejam: 1) existência de pronunciamento do plenário ou órgão especial do próprio Tribunal; ou 2) pronunciamento do plenário do STF sobre a questão; e, o enunciado afirma expressamente que a matéria não foi objeto de análise pelo plenário do TJ Estadual, tampouco pelo STF. JURISPRUDÊNCIA RELACIONADA: INCONSTITUCIONALIDADE - INCIDENTE - DESLOCAMENTO DO PROCESSO PARA O ÓRGÃO ESPECIAL OU PARA O PLENO - DESNECESSIDADE. Versando a controvérsia sobre ato normativo já declarado inconstitucional pelo guardião maior da Carta Política da Republica - o Supremo Tribunal Federal - descabe o deslocamento previsto no artigo 97 do referido Diploma maior. O julgamento de plano pelo órgão fracionado homenageia não só a racionalidade, como também implica interpretação teleológica do artigo 97 em comento, evitando a burocratização dos atos judiciais no que nefasta ao princípio da economia e da celeridade. A razão de ser do preceito está na necessidade de evitar-se que órgãos fracionados apreciem, pela vez primeira, a pecha de inconstitucionalidade arguida em relação a um certo ato normativo. (AI 168149 AgR, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Segunda Turma, julgado em 26/06/1995, DJ 04-08-1995 PP-22520 EMENT VOL-01794- 19 PP-03994) MAGISTRATURA ESTADUAL - TJMS - 2015 – VUNESP É possível a realização de controle de constitucionalidade no âmbito da ação civil pública? Fundamente sua resposta de modo que aborde o seguinte: a) exercício do controle de constitucionalidade mediante instrumentos que qualifiquem a questão constitucional como questão prejudicial ou incidental; b) exercício do controle de constitucionalidade mediante instrumentos que qualifiquem a questão constitucional como questão principal; c) se a ação civil pública serve como instrumento de constitucionalidade de caráter Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 15 SUGESTÃO DE RESPOSTA: O controle de constitucionalidade realizado de forma concreta ou incidental é aquele em que a questão da constitucionalidade encontra-se na causa de pedir e não no pedido, ou seja, em qualquer demanda em que se pretenda um bem da vida, a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo poderá ser alegada como questão prejudicial, a ser resolvida antes do julgamento do mérito da demanda. O controle de constitucionalidade realizado de forma abstrata é aquele em que a questão da constitucionalidade encontra-se como questão central de mérito no processo, demandando uma declaração que afirme ou negue o caráter constitucional desse dispositivo. Nesse caso, o controle será realizado por ações específicas previstas na Constituição Federal (Ação Direta de Inconstitucionalidade, Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão, Ação Declaratória de Constitucionalidade e Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental), a serem julgadas pelo STF. A ação civil pública não consta do rol referido no item b, portanto, somente pode ser realizado o controle concreto ou incidental de constitucionalidade por meio dela. Conforme entendimento do STF, é cabível a ação civil pública como instrumento de controle difuso de constitucionalidade quando a alegação de inconstitucionalidade integra a causa de pedir, e não o pedido estrito. A inconstitucionalidade de determinado dispositivo legal pode ser alegada em ação civil pública, desde que a título de causa de pedir, e não de pedido, pois nessa hipótese o controle de constitucionalidade terá caráter incidental. JURISPRUDÊNCIA RELACIONADA: (...) 3. CABIMENTO DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA. A não recepção do Decreto-Lei no 972/1969 pela Constituição de 1988 constitui a causa de pedir da ação civil pública e não o seu pedido principal, o que está plenamente de acordo com a jurisprudência desta Corte. A controvérsia constitucional, portanto, constitui apenas questão prejudicial indispensável à solução do litígio, e não seu pedido único e principal. Admissibilidade da utilização da ação civil pública como instrumento de fiscalização incidental de constitucionalidade. Precedentes do STF. (RE 511961, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 17.06.2009, DJe-213 DIVULG 12.11.2009 PUBLIC 13.11.2009 EMENT VOL- 02382-04 PP- 00692 RTJ VOL-00213- PP-00605). prejudicial/incidental e/ou principal; d) posicionamento do Supremo Tribunal Federal acerca do controle de constitucionalidade na ação civil pública. Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 16 MAGISTRATURA FEDERAL – TRF2 – 2017 – BANCA PRÓPRIA SUGESTÃO DE RESPOSTA: A temática da modulação está prevista no art. 27 da Lei nº 9.868/99 e no art. 11 da Lei nº 9.882/99. Ambos os dispositivos aludem ao fato de que, ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado. O STF reiteradamente faz uso da modulação, ou seja, acaba por admitir sua compatibilidade, situação que é seguida por boa parte da doutrina. Importante ressaltar que a modulação pode ocorrer no controle abstrato e no controle concreto. O novo CPC também faz previsão da modulação. No que toca ao momento da modulação, ela pode ocorrer enquanto não transitar em julgado o acórdão, sendo certo que a jurisprudência do STF reconhece, quando a Corte não tenha apreciado a incidência ou não da modulação quando do julgamento do mérito da questão constitucional, a possibilidade de a matéria ser suscitada também via embargos de declaração. Acerca da legitimidade, considerando a omissão legal em definir a legitimidade especifica para a provocação da questão de modulação, ela poderá ser suscitada ex officio tanto pelo Relator quanto por qualquer outro julgador (seja do STF, seja das demais instancias), assim como pelos demais atores da relação processual, como o Ministério Público, a AGU e eventuais amici curiae. Por fim, considerando que as leis que instituem ou majoram tributos podem em tese acarretar questões de insegurança jurídicaou de excepcional interesse social, poderão elas, em tese, sofrer modulação. Essa modulação, todavia, deve ser excepcionalíssima, na medida em que a conduta de permanente modulação de inconstitucionalidade de leis que instituem tributos por mero argumento de "prejuízo ao Erário" termina por incentivar a produção de leis inconstitucionais e premiar o Estado por sua própria A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal tem ampliado a chamada “modulação dos efeitos” da pronúncia de inconstitucionalidade da lei. Analise a compatibilidade de tal prática para com o sistema brasileiro de controle de constitucionalidade, assim como o momento adequado e a legitimidade para a sua provocação, bem como a sua aplicabilidade às leis que instituem ou majoram tributos. Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 17 torpeza, gerando enriquecimento estatal às custas do sacrifício de direitos fundamentais do contribuinte. Ademais, o juiz deve ser imparcial em suas decisões, sem pender para mera preocupação com eventuais prejuízos de seus julgados aos cofres públicos. PROCURADOR DO ESTADO – PGE/MT – FCC - 2016 SUGESTÃO DE RESPOSTA: O processo de elaboração da norma em questão seria inconstitucional sob quatro aspectos: vício de iniciativa: trata-se de projeto de lei de iniciativa privativa do Governador do Estado; inadequação da via eleita: para organização da Procuradoria-Geral do Estado de Mato Grosso é necessária lei complementar, cujo quorum de aprovação é o da maioria absoluta dos membros da assembleia Legislativa; procedimento de análise do veto (a Assembleia Legislativa não poderia introduzir alteração no texto vetado) e promulgação da lei (após a rejeição do veto, o projeto deveria ser enviado ao Governador do Estado para promulgação e somente se esta não tivesse ocorrido no prazo de 48 horas é que caberia ao Presidente da Assembleia Legislativa fazê-lo). O Governador do Estado está legitimado a questionar a constitucionalidade da Lei Ordinária em face da Constituição do Estado, por meio de Ação Direta de Inconstitucionalidade, ajuizada perante o Tribunal de Justiça de Mato Grosso. ESTUDO DE CASO - Projeto de lei ordinária alterando a organização da carreira de Procurador do Estado de Mato Grosso, de autoria de determinado Deputado Estadual, é aprovado pela maioria simples dos membros da Assembleia Legislativa, presente a maioria absoluta à sessão de votação. É, então, enviado ao Governador do Estado, que dentro do prazo de quinze dias acaba por vetá-lo totalmente. O projeto retorna, assim, à Assembleia Legislativa, que introduz pequena modificação no texto, sendo em seguida o veto do Chefe do Poder Executivo Estadual rejeitado pela maioria absoluta de seus membros, e a lei consequentemente promulgada e publicada pelo Presidente da Assembleia Legislativa. Reputando irregular o processo de elaboração da norma nessas condições, o Governador do Estado pretende questionar sua constitucionalidade, em sede judicial. À luz da disciplina da matéria na Constituição da República e na Constituição do Estado de Mato Grosso, responda fundamentadamente às seguintes indagações acerca da situação hipotética acima apresentada: a. Sob quais aspectos o processo de elaboração da norma em questão acima referida seria inconstitucional? b. Estaria o Governador do Estado legitimado a questionar a constitucionalidade da lei em sede judicial? Em caso negativo, por quê? Em caso afirmativo, qual a medida cabível e o juízo competente? (Elabore sua resposta definitiva em até 40 linhas) Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 18 PROCURADOR – ASSEMBLEIA LEGISLATIVA/GO – 2019 – IADES SUGESTÃO DE RESPOSTA: 1. Cabe ADI de lei estadual em face da Constituição do estado – cabe aos Estados a instituição de representação de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual, vedada a atribuição da legitimação para agir a um único (art. 125, § 2o, da CF). 2. Proposta a ação direta em face da Constituição Estadual, será competente o Tribunal de Justiça, que é o guardião do direito constitucional estadual. 3. O controle, no caso, é concentrado, pois se trata de lei em tese. 4. Não há necessidade de simetria – previsão que não afronta a CF, já que é ausente o dever de simetria para com o modelo federal, que impõe apenas a pluralidade de legitimados para a propositura da ação (art. 125, § 2o, CF/1988). [ADI 119, rel. min. Dias Toffoli, j. 19-2-2014, P, DJE de 28-3-2014.]. 5. Cabe ao Supremo Tribunal Federal (STF) o julgamento do recurso extraordinário, porque se trata de questão constitucional (CF, art. 102, III, “a”). 6. Cabe recurso extraordinário, porque as normas constitucionais estaduais reproduzem dispositivos da Constituição Federal. Leia, com atenção, as informações a seguir. Analise o caso em que um partido político, com representação da Câmara Legislativa, ajuizou ação direta de inconstitucionalidade (ADI) em face de determinada lei estadual. O fundamento é a afronta de uma lei estadual em face da Constituição do Estado que, por sua vez, reproduz dispositivo da Constituição Federal. A ação foi julgada procedente e a lei foi declarada inconstitucional com eficácia geral. Considerando o exposto, redija um texto dissertativo e (ou) descritivo respondendo aos questionamentos “é cabível a referida ação declaratória de inconstitucionalidade? É possível recorrer dessa decisão?”. Aborde, necessariamente os tópicos a seguir. a) Explique se é cabível o controle de constitucionalidade de lei estadual em face da Constituição do Estado, e qual o órgão competente para o julgamento da ADI na justiça estadual. b) Indique, no que tange aos legitimados para propor ação declaratória de inconstitucionalidade, se deve existir simetria entre o modelo federal e o estadual. c) Indique se cabe recurso da decisão que julgou procedente a ADI e a quem tal recurso deveria ser dirigido. d) Indique se a Procuradoria da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás e a Procuradoria do Estado de Goiás poderiam recorrer, mesmo sem ter legitimidade para a ADI. e) Indique se a recorrente, no caso narrado, em cabendo o recurso, teria, como a fazenda pública, prazo em dobro. Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 19 7. Se não houvesse a reprodução, não caberia o recurso (Brasília, 27 de setembro de 2006. Ministro GILMAR MENDES Relator * decisão publicada no DJU de 10.10.2006). 8. O STF fixou entendimento de que a legitimidade recursal no controle concentrado é paralela à legitimidade processual ativa. Caberia ao governador do estado, por exemplo, assinar o recurso, e não o procurador. (RE 774057 AgR / SP – SÃO PAULO . AG. REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO. Julgamento: 30/11/2018). 9. O prazo para interpor o recurso extraordinário é de 15 (quinze) dias – CPC, art. 1.003, § 5o: excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os recursos e para responder-lhes é de 15 (quinze) dias. 10. Segundo entendimento do STF, não há prazo em dobro nos processos objetivos - CPC, art. 183. PROCURADOR – ASSEMBLEIA LEGISLATIVA/GO – 2019 – IADES SUGESTÃO DE RESPOSTA: 1. A ADPF tem previsão no art. 102, § 1o da CF; 2. Os legitimados para ação direita são os mesmo da ADPF - Podem propor arguição de descumprimento de preceito fundamental: I - os legitimados para a ação direta de inconstitucionalidade (art. 2o, da Lei no 9.882/1999); 3. Os legitimados para ADI estão na Constituição Federal (CF), art. 103 e seus incisos; Leia, com atenção, as informações a seguir. Analise o caso de um cidadão que interpôs ação de descumprimento de preceito fundamental(ADPF) perante o Supremo Tribunal Federal (STF), para discutir a inconstitucionalidade de determinada lei pré-constitucional em face da Constituição de 1998. Na ação, foi formulado um pedido para que, se não conhecida a ADPF, ela fosse recebida como ação direta de inconstitucionalidade (ADI). O estado de Goiás e a Assembleia Legislativa de Goiás foram intimados para se manifestarem. Com base nessas informações, redija um texto dissertativo e (ou) descritivo respondendo ao questionamento “é correto afirmar que a áDPF será julgada procedente?”. Aborde necessariamente, os tópicos a seguir: a) Quem são os legitimados para ajuizar a ADPF? b) O que é o princípio da subsidiariedade? c) Seria admitido, no caso narrado, o recebimento da ADPF como ADI? d) No procedimento da ADPF, o relator poderia indeferir a inicial liminarmente, e tal decisão é recorrível? Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 20 4. O princípio da subsidiariedade significa que não cabe ADPF quando houver outro meio eficaz para sanar a lesividade, por exemplo, quando couber ADI, ADC etc. Não será admitida arguição de descumprimento de preceito fundamental quando houver qualquer outro meio eficaz de sanar a lesividade (art. 4o, § 1o, da Lei no 9.882/1999); 5. À ADPF cabe direito pré-constitucional. Caberá também arguição de descumprimento de preceito fundamental: I - quando for relevante o fundamento da controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os anteriores à Constituição (art. 1o, parágrafo único da Lei no 9.882/1999); 6. Não caberia o recebimento, porque não cabe ADI de lei pré-constitucional, nem o legitimado está correto; 7. O STF não admite a fungibilidade da ADPF pela ADI quando se tratar de erro grosseiro; 8. O relator pode indeferir liminarmente, pois o cidadão não é legitimado para o ajuizamento da ADPF. A petição inicial será indeferida liminarmente pelo relator, quando não for o caso de arguição de descumprimento de preceito fundamental, faltar algum dos requisitos prescritos nessa lei ou for inepta (art. 4o da Lei no 9.882/1999); 9. Liminar é no início do processo, sem ouvir as partes; e 10. Cabe recurso de agravo em cinco dias – art. 4, § 2o, da Lei no 9.882/1999. PROCURADOR MUNICIPAL - PGM-PAULÍNIA/SP - 2016 – FGV O Prefeito do Município X, com o objetivo de promover o ecoturismo na região, negocia há longa data com representantes do ramo hoteleiro a fixação de uma Área de Proteção Ambiental – APA e a edição de um Plano de Desenvolvimento Turístico. Anos após o início das negociações, o Município X edita a Lei n. 123, que define a área da APA e aprova o referido Plano de Desenvolvimento Turístico. Entretanto, esta Lei vem a ser declarada inconstitucional pelo Tribunal de Justiça, em controle concentrado de constitucionalidade. Com isso, o presidente de uma grande rede de hotéis, ingressa com Ação de Responsabilidade Civil em face do Município X, alegando: i) responsabilidade por omissão legislativa do Município X, pela demora na aprovação da Lei, frustrando sua legítima expectativa; e ii) responsabilidade civil pela declaração de inconstitucionalidade da Lei n. 123, que lhe causou comprovados prejuízos decorrentes do início das obras de construção de um hotel no Município X. Sobre o caso, responda: A) Procede a responsabilidade por omissão legislativa no caso? Justifique. B) Procede a Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 21 SUGESTÃO DE RESPOSTA: A responsabilidade civil do Estado é um tema polêmico, que sempre traz diversos questionamentos. A regra geral está prevista no art. 37, § 6º, da CRFB, segundo o qual os entes públicos (suas autarquias, fundações e prestadoras, ainda que empresas privadas, de serviços públicos) serão responsáveis pelos danos que seus agentes causarem a terceiros. Boa parte da doutrina e jurisprudência pátrias defende a tese de que aquele dispositivo prevê a responsabilidade objetiva do Estado. Ou seja: uma vez comprovado o nexo de causalidade entre a conduta do agente (lícita ou ilícita) e o dano sofrido por terceiro, o Estado terá a obrigação de indenizar, independentemente de qualquer elucubração acerca de eventual dolo ou culpa do agente público. Contudo, é importante ressaltar que a tese da responsabilidade objetiva não é aplicada em todas as situações. Por regra, ela é muito bem aceita em condutas comissivas de agentes estatais, bem como em atos negociais (contratos, por exemplo). Por outro lado, o enunciado em comento trata de dois atos de império por excelência: a elaboração de lei e a realização de controle de constitucionalidade pelo Judiciário. Em primeiro lugar, um particular jamais pode entender que o Município é responsável por um ato que depende da vontade soberana de dois Poderes: o Executivo, que deveria enviar o projeto de lei, e o Legislativo, que aprovará o projeto após discussões e deliberações de diversos membros. O processo legislativo não é ato negocial, pois configura verdadeiro ato de império (tal como a declaração de guerra e o exercício da diplomacia, ainda que comercial), sobre o qual não se pode responsabilizar o ente público, sob pena de engessar toda e qualquer elaboração legislativa. O que se admite, em casos bastante excepcionais, é a responsabilização por leis de efeitos concretos, desde que os prejuízos e o nexo de causalidade sejam provados inequivocamente pelo particular (o que não parece ser o caso em tela). Ademais, a mera demora no processo legislativo não implica em omissão legislativa nesse caso. A jurisprudência até reconhece, em remotas hipóteses, a responsabilidade estatal, mas apenas se houver obrigação prevista constitucionalmente para o envio (e não aprovação) do projeto de lei, desde que seja essencial para a disciplina e/ou tutela de direitos. No enunciado em comento, nenhum desses requisitos está presente, uma vez que existia mera expectativa do particular que o agente público conseguisse (por meios políticos) a aprovação de projeto que lhe seria favorável. No que tange à declaração de inconstitucionalidade, igualmente se está diante de um ato de império, neste caso do Poder Judiciário. As decisões responsabilidade em decorrência de declaração de inconstitucionalidade da Lei n. 123? Justifique. Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 22 judiciais, em regra, não ensejam qualquer responsabilidade do Estado por se tratarem de atos apolíticos e neutros, mas passíveis de impugnação inclusive por terceiros que demonstrem interesse jurídico em sua reforma. Excepcionalmente admite-se a mitigação dessa regra nas hipóteses de erro judiciário grave, em que haja a lesão a direitos humanos (por exemplo, a privação da liberdade decretada em processo criminal). Não se vislumbra, também, responsabilidade do Município na declaração da inconstitucionalidade da lei. A aprovação de ato legislativo é uma conduta legítima de qualquer esfera de governo, apresentando-se como clássico ato de império, não passível de indenização. O que o particular poderia requerer, em remotíssima hipótese, seria a responsabilização direta do agente público, em nome deste, mas devendo provar o dolo específico em causar o vício que deu origem à inconstitucionalidade. TRIBUNAIS DE CONTAS – TCM/SP - 2015 – FGV SUGESTÃO DE RESPOSTA: Em primeiro lugar, é necessário pontuar que a lei padece de grave vício formal de inconstitucionalidade. Com efeito, algumas matérias previstas na Constituição guardam a chamada reserva de iniciativa, com fundamento no princípio da separação de poderes. Vale dizer: com o intuito de evitar desequilíbrios ou até mesmo ingerências entre os diferentes poderes,o legislador constitucional entendeu por bem reservar a iniciativa dessas matérias para o Chefe do Poder Executivo (regra que é aplicada aos demais entes da Federação em virtude do princípio da simetria). Note-se que justamente uma dessas matérias é a organização, o regime jurídico ou a remuneração dos servidores públicos (consoante disposição do art. 61, § 1º, II, “c”, da C‘FB). E esse é o tema sobre o qual a lei tratada no enunciado versa, o que conduz inevitavelmente à inconstitucionalidade. Perceba-se que a mera sanção da lei com vício de iniciativa pelo Chefe do Poder Executivo não supre a irregularidade, tal como enunciado na Súmula 5 do Supremo Tribunal Federal (aplicada até hoje). Um grupo de vereadores, com forte apoio popular, encaminhou projeto de lei à respectiva Casa Legislativa promovendo o aumento da remuneração de todos os servidores públicos municipais. O projeto foi aprovado pela Câmara Municipal e sancionado pelo Chefe do Poder Executivo em solenidade muito festiva, tornando-se, portanto, lei. Pouco tempo depois, o Prefeito Municipal arrependeu-se de ter apoiado a iniciativa e solicitou à Procuradoria do Município que analisasse a possibilidade de não cumprir a lei. À luz do exposto, responda de forma fundamentada: a – A lei apresenta algum vício de inconstitucionalidade? b – O Prefeito municipal pode deixar de cumprir a lei? Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 23 A princípio, o Prefeito não pode se furtar de cumprir a lei, pois uma norma geral e abstrata é dotada de coercitividade, devendo ser de observância por todos, indistintamente. No entanto, não se pode perder de vista que se está diante de um Chefe de Poder, independente. Assim, o Prefeito tem o direito (talvez até o dever) de orientar a Administração Pública acerca de uma possível inconstitucionalidade, notoriamente sobre um tema que impacta diretamente nas contas públicas. Portanto, vem sendo reconhecida a possibilidade de o Chefe do Executivo editar um decreto em que determina a não aplicação de uma norma, desde que de maneira fundamenta e seguida do manejo da ação cabível para a sua impugnação pela via judicial (no caso, a representação de inconstitucionalidade, de competência do Tribunal de Justiça). ADVOGADO DA UNIÃO – AGU - 2016 - CESPE SUGESTÃO DE RESPOSTA: A ação declaratória de constitucionalidade foi regulada pela Lei nº 9.868/99, tendo como objetivo a declaração de conformidade de uma lei ou ato normativo federal autônomo (não regulamentar) com a CRFB. Nesse tipo de ação, é feita a análise em abstrato da norma impugnada, sem avaliar sua aplicação a um caso concreto. A legitimidade ativa para propor a ação está prevista no art. 103 da CRFB, que é bem mais amplo do que o rol previsto na Lei nº 9.868/99. Diversamente da ação direta de inconstitucionalidade, que pode ser manejada contra lei ou ato normativo estadual e federal, a ação declaratória de constitucionalidade tem por alvo apenas lei ou ato normativo federal. Acerca do procedimento, a petição inicial indicará o dispositivo da lei ou do ato normativo questionado e os fundamentos jurídicos do pedido, o pedido, com suas especificações, e a existência de controvérsia judicial relevante Determinado estado da Federação editou lei que torna o exercício da acupuntura uma exclusividade dos médicos. Dada a existência de relevante controvérsia doutrinária sobre a aplicação dessa lei, o Conselho Federal de Medicina (CFM) ajuizou no Supremo Tribunal Federal (STF) ação declaratória de constitucionalidade (ADC) pedindo que o tribunal declare sua constitucionalidade. Com base na jurisprudência do STF e nas normas constitucionais, redija um texto dissertativo acerca da viabilidade da ADC apresentada. Em seu texto, aborde 1 - a finalidade da ADC e a presunção de constitucionalidade das normas; [valor: 2,00 pontos] 2 - a legitimidade do CFM para ajuizar ADC; [valor: 2,50 pontos] 3 - o objeto da ADC; [valor: 2,50 pontos] 4 - a relevante controvérsia sobre a aplicação da norma objeto da referida ADC como requisito para sua propositura. [valor: 2,50 pontos] Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 24 sobre a aplicação da disposição objeto da ação declaratória, consoante o art. 14 da Lei nº 9.868/99. Aduza-se que a controvérsia deve ser jurídica, com decisões judiciais conflitantes, e não a mera cizânia doutrinária. Afinal, a inexistência de pronunciamentos judiciais distintos faria com que a ADC se tornasse um instrumento de consulta sobre a validade constitucional de determinada lei ou ato normativo federal, o que desconfiguraria a natureza jurisdicional que qualifica a atividade desenvolvida pelo STF. No que se refere ao julgamento, proclamar-se-á a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade da disposição ou da norma impugnada se em um ou em outro sentido se tiverem manifestado pelo menos seis Ministros. Ademais, proclamada a constitucionalidade, julgar-se-á improcedente eventual ação direta de inconstitucionalidade ajuizada. Isso ocorre porque a ADC é uma ADI de sinal trocado. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o STF, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado. Referido procedimento é chamado de modulação dos efeitos jurídicos. A doutrina e a jurisprudência apontam que a ADC busca transformar a presunção relativa de constitucionalidade das normas em presunção absoluta. Apesar de as normas possuírem uma presunção de constitucionalidade, essa presunção é apenas relativa, o que pode levar ao constante questionamento de sua constitucionalidade. Com isso, mostra-se viável o ajuizamento de ADC para confirmar essa constitucionalidade relativa, transformando-a em absoluta. Os legitimados para a ADC são os mesmos para propor a ação direta de inconstitucionalidade: o Presidente da República, os governadores, a Mesa da Câmara dos Deputados, a Mesa do Senado Federal, a Mesa de Assembleia/Câmara Legislativa; o Procurador-Geral da República, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, partido político com representação no Congresso Nacional e confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional. Em relação ao CFM, ele não se configura como uma entidade de classe, mas uma entidade de fiscalização profissional. O rol do art. 103 da CRFB (legitimados para ADI e ADC) é taxativo, de forma que a única entidade de fiscalização é o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil. JURISPRUDÊNCIA RELACIONADA: “O ajuizamento da ação declaratória de constitucionalidade, que faz instaurar processo objetivo de controle normativo abstrato, supõe a Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 25 existência de efetiva controvérsia judicial em torno da legitimidade constitucional de determinada lei ou ato normativo federal. Sem a observância desse pressuposto de admissibilidade, torna-se inviável a instauração do processo de fiscalização normativa in abstracto, pois a inexistência de pronunciamentos judiciais antagônicos culminaria por converter, a ação declaratória de constitucionalidade, em um inadmissível instrumento de consulta sobre a validade constitucional de determinada lei ou ato normativo federal, descaracterizando, por completo, a própria natureza jurisdicional que qualifica a atividade desenvolvida pelo Supremo Tribunal Federal. O Supremo Tribunal Federal firmou orientação que exige a comprovação liminar, pelo autor da ação declaratória de constitucionalidade, da ocorrência,'em proporções relevantes', de dissídio judicial, cuja existência -- precisamente em função do antagonismo interpretativo que dele resulta -- faça instaurar, ante a elevada incidência de decisões que consagram teses conflitantes, verdadeiro estado de insegurança jurídica, capaz de gerar um cenário de perplexidade social e de provocar grave incerteza quanto à validade constitucional de determinada lei ou ato normativo federal." (ADC 8- MC, rel. min. Celso de Mello, julgamento em 13-10-1999, Plenário, DJ de 4- 4-2003.) No mesmo sentido: ADC 1, rel. min. Moreira Alves, julgamento em 1º-12-1993, Plenário, DJ de 16-6-1995. “áceita a idéia de que a ação declaratória configura uma áDI com sinal trocado, tendo ambas caráter dúplice ou ambivalente, afigura-se difícil admitir que a decisão proferida em sede de ação direta de inconstitucionalidade seria dotada de efeitos ou conseqüências diversos daqueles reconhecidos para a ação declaratória de constitucionalidade. Argumenta-se que, ao criar a ação declaratória de constitucionalidade de lei federal, estabeleceu o constituinte que a decisão definitiva de mérito nela proferida -- incluída aqui, pois, aquela que, julgando improcedente a ação, proclamar a inconstitucionalidade da norma questionada -- 'produzirá eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e do Poder Executivo' (Art. 102, § 2º da Constituição Federal de 1988). Portanto, sempre se me afigurou correta a posição de vozes autorizadas do Supremo Tribunal Federal, como a de Sepúlveda Pertence, segundo a qual, 'quando cabível em tese a ação declaratória de constitucionalidade, a mesma força vinculante haverá de ser atribuída à decisão definitiva da ação direta de inconstitucionalidade." (Rcl 2.256, voto do rel. min. Gilmar Mendes, julgamento em 11-9-2003, DJ de 30-4-2004.) “LEGITIMIDADE - AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - CONSELHOS - AUTARQUIAS CORPORATIVISTAS. O rol do artigo 103 da Constituição Federal e exaustivo quanto a legitimação para a propositura da ação direta de inconstitucionalidade. Os denominados Conselhos, compreendidos no genero "autarquia" e tidos como a consubstanciar a espécie corporativista não se enquadram na previsão constitucional relativa as entidades de classe de âmbito nacional. Da Lei Basica Federal exsurge a legitimação de Conselho Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 26 único, ou seja, o Federal da Ordem dos Advogados do Brasil. Dai a ilegitimidade "ad causam" do Conselho Federal de Farmacia e de todos os demais que tenham idêntica personalidade jurídica - de direito público. (ADI 641 MC, Relator(a): Min. NÉRI DA SILVEIRA, Relator(a) p/ Acórdão: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 11/12/1991, DJ 12-03-1993 PP- 03557 EMENT VOL-01695-02 PP-00223) GABARITO DA BANCA EXAMINADORA: O candidato deverá abordar os seguintes aspectos: 1- A finalidade da ADC e a presunção de constitucionalidade das normas - A ADC visa transformar a presunção relativa de constitucionalidade das normas (juris tantum) em presunção absoluta (jure et de jure). Apesar de as normas possuírem uma presunção de constitucionalidade, essa presunção é apenas relativa, o que pode levar ao constante questionamento de sua constitucionalidade. Com isso, mostra-se viável o ajuizamento de ADC para confirmar essa constitucionalidade relativa, transformando-a em absoluta. Assim, caso a ADC seja julgada procedente, a constitucionalidade da norma não poderá mais ser questionada, seja pelos demais órgãos do Poder Judiciário, seja pela administração pública (art. 102, § 2.º, da CF). 2- A legitimidade do CFM para ajuizar ADC - O CFM, por não ser entidade de classe, mas uma entidade de fiscalização profissional, não é legitimado para propor ADC, pois , conforme previsto no art. 103 da CF, o rol dos legitimados para propor ADC é taxativo e não inclui esse tipo de entidade de fiscalização. A única exceção, entre os conselhos de classe, é o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, em virtude de menção expressa na CF. Assim, não se mostra viável a ADC apresentada, por ilegitimidade ativa ad causam. Nesse sentido: ADI 641 MC, relator para Acórdão min. Marco Aurélio, DJ 12/03/1993; ADI 1997, relator ministro Marco Aurélio, DJ 8/6/1999. 3 O objeto da ADC A ADC, nos termos do art. 102, I, a, da CF, somente poderá ter por objeto lei ou ato normativo federal, não sendo possível sua propositura com base em norma estadual. Por mais esse motivo, não se mostra viável a ADC apresentada, já que norma estadual não pode ser objeto desse tipo de ação. 4- A relevante controvérsia sobre a aplicação da norma objeto da ADC como requisito para sua propositura É indispensável que haja controvérsia jurídica relevante sobre a aplicação da norma para justificar a propositura da ADC, não bastando a relevante controvérsia doutrinária. Trata-se de requisito indispensável para o conhecimento da ação, com o fim de justificar eventual insegurança na aplicação da norma. De acordo com o “TF, “a inexistência de pronunciamentos judiciais antagônicos culminaria por converter a ação declaratória de constitucionalidade em um inadmissível instrumento de consulta sobre a validade constitucional de determinada lei ou ato normativo federal, descaracterizando, por completo, a própria natureza jurisdicional que qualifica a atividade desenvolvida pelo Supremo Tribunal Federal” (áDC 8, relator ministro Celso de Mello, DJ 4/4/2003). Por tal razão, também não se mostra viável a ADC apresentada. Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 27 PROCURADOR DO ESTADO - PGE/SP - 2012 - FCC SUGESTÃO DE RESPOSTA: Em regra, o Chefe do Poder Executivo Estadual apresenta legitimidade ampla para ajuizar a ação direta de inconstitucionalidade, em virtude do disposto no art. 103, V, da CRFB. Contudo, a doutrina e a jurisprudência já entendem, de longa data, restringindo a sua legitimidade aos atos de seu Estado. Caso deseje impugnar um ato de outro Ente, o Governador do Estado deverá apresentar razões que justifiquem seu interesse. Se por um lado não há uma exigência de pertinência temática tão grande quanto no caso das entidades de classe, por outro também não se tutela a impugnação a atos normativos que não apresentam nenhum gravame para aquele Estado específico. Por outro lado, existia ainda entendimento de que atos com vício de iniciativa, mas posteriormente sancionados, não poderiam ser objeto de ação direta de inconstitucionalidade que alegasse o vício formal. O entendimento era tão sólido que chegou a ser consolidado na mencionada Súmula nº 5 do STF.Não é despiciendo lembrar que o processo legislativo é um conjunto de atos de autoridades destinadas a produzir um ato normativo dotado, em regra, de generalidade e abstração, as leis. Como expressão mais conhecida da soberania popular, as leis são elaboradas com base no ideal democrático de participação, em harmonia com a independência que deve nortear a relação entre os três poderes da República. Assim, os arts. 61 e seguintes da CRFB determinam as etapas do processo legislativo: a iniciativa, discussão, deliberação, sanção, promulgação e publicação. A iniciativa de leis de interesse direto do Poder Executivo é privativa deste Poder (art. 61, §1º, da CRFB), exatamente para preservar sua independência, garantindo a perfeita atuação do sistema de freios e contrapesos, evitando que o Poder Legislativo abuse de seu direito constitucionalmente legítimo em desfavor da Administração Pública. Porém, mesmo diante de uma lei cuja iniciativa é privativa do Executivo, o Chefe deste Poder ainda apresenta outro momento para frear Projeto de lei estadual de rigem parlamentar que criou um programasocial, no Âmbito da Administração Estadual, não foi vetado pelo anterior Governador do Estado e assim se converteu em lei. Com base nessa premissa, responda de forma fundamentada: a. Essa lei é constitucional? b. Pode o atual Governador do Estado propor Ação Direta de Inconstitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal ou ha impedimento, nos termos da Sumula 5 do Supremo Tribunal Federal? Obs.: A Súmula nº 5 do Supremo Tribunal Federal assim está editada: "A sanção do projeto supra a falta de iniciativa do Poder Executivo.”. Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 28 sua inserção no mundo jurídico: a sanção, prevista no art. 66, §1º, da CRFB, que prevê a possibilidade de veto por razões jurídicas, dentre elas, logicamente, o vício de iniciativa. Dispondo de meios para tentar obstar a produção de efeitos do ato normativo, entendia-se que a sanção do projeto importava em aquiescência com seu conteúdo e a derrogação do vício formal e, consequentemente, importando em abuso de direito e benefício em virtude de sua própria torpeza o manejo da ação direta de inconstitucionalidade para arguir esse mesmo vício. No entanto, houve uma guinada expressiva neste entendimento. Atualmente, casos como a lei que cria de programa que interfira diretamente na Administração Estadual, considerados como de iniciativa privativa do Chefe do Poder Executivo, podem ser arguidos pelo próprio a qualquer tempo, sem configurar abuso de direito ou aquiescência. Em primeiro lugar, entende-se que o vício de iniciativa não pode ser suprido pela sanção, por estar ínsito na formação do ato, por existir desde o começo. Assim, a sanção do projeto ou seu veto pelo Governador é irrelevante para que a nulidade do ato seja arguida, notadamente pela necessidade de defesa da Constituição. Em segundo lugar, o manejo da ação direta de inconstitucionalidade não é do Estado da Federação, mas do próprio Governador, como figura política. Dessa maneira, considera-se que sua propositura é um ato de disposição política, e não jurídica, ficando a seu critério até mesmo impugnar ato por ele elabora, uma vez que seu juízo de conveniência política pode assim requerer que o faça, especialmente por conta de mudanças nas circunstâncias governamentais. Assim, a fim de impugnar a lei mencionada no enunciado da questão, que é inconstitucional por vício de iniciativa (art. 61, § 1º, II, alíneas “a”, “b” e “e”), é possível que o Governador proponha ação direta de inconstitucionalidade, já que resta superado o entendimento outrora consagrado na Súmula nº 5 do STF. JURISPRUDÊNCIA RELACIONADA: O Plenário julgou procedente pedido formulado em ação direta para declarar a inconstitucionalidade da Lei 6.841/1996 do Estado de Mato Grosso. A norma impugnada, de iniciativa parlamentar, dispõe sobre a indenização por morte e invalidez permanente dos servidores públicos militares do referido Estado- membro. Segundo alegado, a norma em comento ofenderia os artigos 2º; 61, § 1º, II, c e f; 63, II; e 84, III, todos da CF, a ensejar sua inconstitucionalidade formal, porquanto se trataria de matéria relativa a regime jurídico dos servidores militares, a implicar acréscimo de despesa pública. O Colegiado, de início, afastou a preliminar de decadência da ação direta, aplicável, no caso, o Verbete 360 da “úmula do “TF (“Não há prazo de decadência para a representação de inconstitucionalidade prevista no art. 8º, parágrafo único, da Constituição Federal”). Também rejeitou argumento segundo o qual teria havido a convalidação do ato impugnado Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 29 em razão da sanção do governador, haja vista o vício formal de iniciativa. Quanto ao mérito, a Corte destacou que a locução “regime jurídico” abrangeria, entre outras regras, aquelas relativas aos direitos e às vantagens de ordem pecuniária dos servidores públicos. Ademais, a lei teria criado indenização a ser paga pelo Executivo. ADI 3920/MT, rel. Min. Marco Aurélio, 5.2.2015. (ADI-3920) Por ofensa à iniciativa privativa do Chefe do Poder Executivo para a propositura de leis sobre o regime jurídico dos servidores públicos (CF, art. 61, § 1º II, c), o Tribunal, julgando procedente a ação direta ajuizada pelo Governador do Estado do Rio de Janeiro, declarou a inconstitucionalidade da Lei 1.786/91, do mesmo Estado, de origem parlamentar ("Art.1º - Os servidores aposentados, por exceção, em razão de exercício de atividades consideradas penosas, insalubres ou perigosas serão considerados, para efeito de cálculo dos triênios incorporados aos seus proventos, como se em atividade estivessem até o necessário para integralizar o percentual máximo atribuível aos servidores em atividade. Parágrafo único - As disposições desta lei são estendidas aos professores excetuados na aposentadoria por norma constitucional, bem como a outras categorias funcionais em idêntica situação, definidas em outras leis."). O Tribunal considerou ainda que a sanção tácita da lei não supre o vício formal por falta de iniciativa do Chefe do Poder Executivo. Precedentes citados: Rp 890-GB (RTJ 69/625); ADInMC 1.070-MS (DJU de 15.995); ADInMC 1.963-PR (DJU de 7.5.99). ADIn 700-RJ, rel. Min. Maurício Corrêa, 23.5.2001.(ADI-700) MAGISTRATURA ESTADUAL – TJPA – 2011 - CESPE SUGESTÃO DE RESPOSTA: á emenda constitucional, por ser de iniciativa de integrante da respectiva ássembleia Legislativa e por tratar de condições de ingresso e promoção no quadro de oficiais combatentes militares do Estado, possui vício. Emenda constitucional de iniciativa da assembleia legislativa de determinada unidade da Federação tratou das condições para ingresso e promoção no quadro de oficiais combatentes dos militares no âmbito do estado-membro. O governador do estado, então, ajuizou ação direta de inconstitucionalidade relativa a essa emenda junto ao Supremo Tribunal Federal. Com base na situação hipotética acima, responda, de forma fundamentada e de acordo com a jurisprudência da suprema corte, ao seguinte questionamento: A emenda constitucional padece de vício de inconstitucionalidade formal? Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 30 O vício é a inconstitucionalidade formal subjetiva, já que apresentada por pessoa não legitimada para o processo legislativo. Com base no art. 61, § 1º, II, f, da C‘FB, aplicada por simetria aos Estados e com base no entendimento do “TF, o projeto deveria ter sido apresentado apenas pelo governador por ser matéria de competência privativa. á emenda apresentada pelo integrante da ássembleia Legislativa violou uma competência privativa do Governador (Executivo), ou seja, também macula o princípio da separação de poderes. Não é de hoje que vigora a teoria da separação dos poderes, cujo escopo não é apenas o surgimento de governos autocráticos, mas também o de racionalizar o funcionamento do Estado, fazendo-o atuar segundo um sistema de freios e contrapesos. O regime presidencialista e um Estado federal como o nosso prevalece não apenas no plano do governo da União, mas em todos os demais níveis político- administrativos, incluindo, por óbvio, os estados e municípios Por fim, saliente-se que, com base no entendimento do STF, o vício formal não é superado pelo fato de a iniciativa legislativa ostentar hierarquia constitucional estadual. JURISPRUDÊNCIA RELACIONADA: EMENTá: áÇÃO DI‘ETá DE INCON“TITUCIONáLIDáDE. EMENDá CON“TITUCIONáL QUE DI“PÕE “OB‘E ‘EGIME JU‘ÍDICO DO“ “E‘VIDO‘E“ MILITá‘E“ DO E“TáDO DE ‘ONDÔNIá. P‘OJETO O‘IGINáDO Ná á““EMBLEIá LEGI“LáTIVá. INCON“TITUCIONáLIDáDE FO‘MáL. VÍCIO ‘ECONHECIDO. VIOLáÇÃO â ‘E“E‘Vá DE INICIáTIVá DO CHEFEDO PODE‘ EXECUTIVO. áÇÃO JULGáDá P‘OCEDENTE. I - â luz do princípio da simetria, a jurisprudência desta “uprema Corte é pacífica ao afirmar que, no tocante ao regime jurídico dos servidores militares estaduais, a iniciativa de lei é reservada ao Chefe do Poder Executivo local por força do artigo 61, § 1º, II, f, da Constituição. II - O vício formal não é superado pelo fato de a iniciativa legislativa ostentar hierarquia constitucional. III - áção direta julgada procedente para declarar a inconstitucionalidade do artigo 148-á da Constituição do Estado de ‘ondônia e do artigo 45 das Disposições Constitucionais Transitórias da Carta local, ambos acrescidos por meio da Emenda Constitucional 56, de 30 de maio de 2007. (áDI 3930, ‘elator(a): Min. ‘icardo Lewandowski, Tribunal Pleno, julgado em 16/09/2009, DJe-200 Divulg 22-10-2009 Public 23-10-2009 Ement Vol-02379- 02 PP-00310) PROCURADOR DO ESTADO - PGE/RO - 2011 - FCC Uma câmara do Tribunal de Justiça considerou inconstitucional dispositivo de lei, afastando a incidência da lei no caso, sem, entretanto, declarar Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 31 SUGESTÃO DE RESPOSTA: Prevista no art. 97 da CRFB, a cláusula de reserva do plenário (também chamada de “fullbench”) menciona que o julgamento da inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público, quando efetuada por tribunal, só será possível pelo voto da maioria absoluta dos seus membros ou dos membros de seu órgão especial. Saliente-se que isso não impede que os juízos singulares declarem a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo no controle difuso, bem como não se aplica às turmas recursais dos juizados especiais, pois turma recursal não é tribunal. Um entendimento importante por parte do STF é que a cláusula de reserva de plenário é aplicável somente aos textos normativos erigidos sob a égide da atual Constituição. As normas editadas quando da vigência das Constituições anteriores se submetem somente ao juízo de recepção ou não pela atual ordem constitucional, o que pode ser realizado por órgão fracionário dos Tribunais sem que se tenha por violado o art. 97 da CRFB. Diante disso, a câmara deveria ter submetido a questão ao Plenário do Tribunal ou ao respectivo Órgão Especial e, depois, ficando reconhecida a inconstitucionalidade, decidir o mérito do recurso de apelação, observando o que foi decidido pelo plenário ou pelo órgão especial. JURISPRUDÊNCIA RELACIONADA: Súmula Vinculante nº 10 –Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, art. 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público, afasta sua incidência, no todo ou em parte. O art. 97 da Constituição, ao subordinar o reconhecimento da inconstitucionalidade de preceito normativo a decisão nesse sentido da "maioria absoluta de seus membros ou dos membros dos respectivos órgãos especiais", está se dirigindo aos tribunais indicados no art. 92 e aos respectivos órgãos especiais de que trata o art. 93, XI. A referência, portanto, não atinge juizados de pequenas causas (art. 24, X) e juizados especiais (art. 98, I), os quais, pela configuração atribuída pelo legislador, não funcionam, na esfera recursal, sob regime de plenário ou de órgão especial. [ARE 792.562 AgR, rel. min. Teori Zavascki, j. 18-3-2014, 2ª T, DJE de 2-4-2014.] AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO. LEI 4.156/62. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL. ARGUIÇÃO DE AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO DA DECISÃO. OFENSA REFLEXA. ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO DA CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO (ARTIGO 97 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL). expressamente a sua inconstitucionalidade. Diga se a Câmara agiu em acordo ou desacordo com a medida. Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 32 INOCORRÊNCIA. NORMA ERIGIDA SOB A ÉGIDE DA CONSTITUIÇÃO ANTERIOR. RECEPÇÃO DA LEI POR ÓRGÃO FRACIONÁRIO. POSSIBILIDADE. 1. Os princípios da legalidade, do devido processo legal, da ampla defesa e do contraditório, da motivação das decisões judiciais, bem como os limites da coisa julgada, quando a verificação de sua ofensa dependa do reexame prévio de normas infraconstitucionais, revelam ofensa indireta ou reflexa à Constituição Federal, o que, por si só, não desafia a instância extraordinária. Precedentes 2. A cláusula de reserva de plenário (fullbench) é aplicável somente aos textos normativos erigidos sob a égide da atual Constituição. 3. As normas editadas quando da vigência das Constituições anteriores se submetem somente ao juízo de recepção ou não pela atual ordem constitucional, o que pode ser realizado por órgão fracionário dos Tribunais sem que se tenha por violado o art. 97 da CF. Precedentes: AI- AgR 582.280, Segunda Turma, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 6.11.2006 e AI 831.166-AgR, Segunda Turma, Rel. Min. Gilmar Mendes, Dje de 29.4.2011. 3. Agravo regimental desprovido (AgIN 851.849 AgRg / RT 935). MAGISTRATURA – TJDFT – 2014 - CESPE SUGESTÃO DE RESPOSTA: É importante notar que a competência para o controle concentrado de constitucionalidade, no que tange a uma lei do Distrito Federal, será determinada pelo seu conteúdo. Com efeito, sabe-se que aquele ente federativo apresenta competências legislativas estaduais e municipais, conforme previsto no art. 32, § 1º, da CRFB. Quando a lei distrital apresentar conteúdo afeto aos Estados, a impugnação de sua constitucionalidade será de competência do STF, em virtude do disposto no art. 102, I, a, da CRFB. Por outro lado, quando a lei distrital apresentar conteúdo municipal, sua constitucionalidade deverá ser questionada no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), vez que assim dispõe o art. 125, § 2º, da CRFB. Aliás, esse entendimento encontra- se consagrado na Súmula 642, do STF. O amicus curiae é uma figura processual importada do direito estrangeiro. Inserida pela primeira vez em nosso ordenamento pela Lei nº 9.868/99, (o art. 7º, § 2º, permite a manifestação de outros órgãos ou entidades). Com efeito, o amicus curiae representa uma entidade estranha Em relação ao tema do controle de constitucionalidade, responda justificadamente aos seguintes quesitos: a- A quem compete julgar Ação Declaratória de Inconstitucionalidade contra lei do Distrito Federal que viola a Constituição Federal?; b- Qual a natureza jurídica do amicus curiae?; c- Qual a distinção entre o instituto da interpretação conforme a Constituição e ação declaratória de inconstitucionalidade sem redução de texto? Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 33 ao processo originário, mas que apresenta interesse em seu desfecho ou notória especialização sobre o tema em debate. Sua natureza jurídica sempre foi objeto de debate, pois não se encaixa propriamente em nenhuma das definições clássicas. Não se trata de uma parte do processo, vez que não dispõe de todos os ônus e benefícios que lhe usualmente pertence. Por outro lado, há quem defenda que se trata de uma intervenção de terceiros sui generis, o que parece ter sido acolhido pelo Novo Código de Processo Civil, consoante a topografia de seu art. 138. Por fim, a interpretação conforme a Constituição é uma técnica de hermenêutica que permite ao julgador excluir determinadas hipóteses de interpretação, que levariam à aplicação inconstitucional da norma. Por sua vez, a declaração de inconstitucionalidade sem redução de texto é verdadeira hipótese de controle de constitucionalidade, pelo qual uma hipótese de aplicação é expressamente rechaçada, sem qualquer alteração formal no texto da norma.
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