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APOSTILA Liga de Cirurgia Plastica 2019

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SUMÁRIO 
 
01. Técnica Operatória .............................................................................................. 01 
02. Biologia da Ferida e Cicatrização ........................................................................ 07 
03. Cicatriz Hipertrófica ............................................................................................. 14 
04. Queloides ............................................................................................................ 22 
05. Enxerto e Retalhos .............................................................................................. 30 
06. Reconstrução das Mamas ................................................................................... 36 
07. Mamoplastia ........................................................................................................ 47 
08. Lábio Leporino ..................................................................................................... 57 
09. Introdução a Queimaduras .................................................................................. 61 
10. Atendimento Inicial ao Paciente Queimado ......................................................... 65 
 
1 
 
TÉCNICA OPERATÓRIO
Noções básicas - teóricas e 
práticas - de técnica operatória são 
indispensáveis para todos os 
estudantes do curso de medicina, 
mesmo para aqueles que não 
pretendem dedicar-se às 
especialidades cirúrgicas. Todos devem 
ser capazes de participar habilmente de 
um ato operatório, ao menos aqueles de 
pequeno, e até de médio porte, quer 
seja como cirurgiões ou como auxiliares. 
Diversos desses procedimentos são 
utilizados em situações de emergência 
e devem ser do domínio técnico de 
todos, visando a não expor os pacientes 
a riscos desnecessários. Para uma 
abordagem mais geral, devido aos fins 
desse material, serão abordados de 
forma mais direta temas importantes 
dentro da técnica operatória. São eles: 
Prevenção de Infecção de Sítio 
Cirúrgico (PISC), Zonas do Centro 
Cirúrgico, Noções Básicas sobre 
Diérese. 
1. Prevenção de Infecção de Sítio 
Cirúrgico (PICS): 
Infecções do Sitio Cirúrgico (ISC) 
são infecções que ocorrem relacionadas 
à manipulação cirúrgica acometendo 
tecido subcutâneo, tecidos moles 
profundos (fáscia e músculo), órgão e 
cavidades com incisão. Enquadra-se 
como aquelas que ocorrem até o 30º dia 
de pós-operatório ou até 1 ano nos 
casos de cirurgias com implante de 
próteses.As ISC correspondem a 
segunda mais importante infecção 
hospitalar (logo após das infecções do 
trato urinário), e no Brasil ocorre em 
cerca de 15% dos pacientes submetidos 
a algum procedimento cirúrgico. 
As ISC podem ser classificadas 
em: 
- ISC SUPERFICIAL: Envolve apenas a 
pele e tecido celular subcutâneo do local 
da incisão com drenagem de secreção 
purulenta pela incisão ou microrganismo 
isolado de cultura obtida da secreção da 
incisão superficial, entre outras 
características; 
- ISC PROFUNDA: Envolve os tecidos 
moles profundos (músculo ou fáscia). 
Ocorre em até 30 dias após a cirurgia, 
ou até um ano, em caso de implante de 
prótese, apresentando secreção 
purulenta na incisão, acometendo a 
fáscia ou tecidos subjacentes, ou 
incisão com deiscência espontânea de 
tecidos profundos ou deliberadamente 
aberta pelo cirurgião, ou paciente com 
febre (>38ºC), dor localizada, edema e 
rubor exceto se cultura negativa, entre 
outros; 
- ISC DE ÓRGÃO/ESPAÇO: Ocorre em 
até 30 dias após a cirurgia, ou até um 
ano, em caso de implante de prótese, 
envolvendo qualquer outra região 
anatômica manipulada no procedimento 
cirúrgico (ex. órgãos ou espaços), que 
não a incisão, apresentando drenagem 
purulenta pelo dreno colocado pela 
incisão cirúrgica no órgão ou espaço, ou 
microrganismo isolado de material 
obtido de forma asséptica de um órgão 
ou espaço, entre outros. 
 
2 
 
 
Já as cirurgias podem ser 
classificadas em: 
- CIRURGIAS LIMPAS: Eletiva, 
fechamento por primeira intenção, sem 
qualquer sinal ou sintoma de inflamação, 
sem penetração nos tratos respiratórios, 
gastrointestinal, geniturinário ou 
orofaringe, sem qualquer falha na 
técnica asséptica e sem drenos. Ex. (a 
herniorrafia e safenectomia); 
- CIRURGIAS POTENCIALMENTE 
CONTAMINADAS: Abertura do trato 
respiratório, gastrointestinal ou 
geniturinário sob condições controladas, 
sem sinais de processo inflamatório; 
penetração de orofaringe ou vagina. 
Pequena quebra de técnica. Ex. 
(gastrectomia); 
- CIRURGIAS CONTAMINADAS: 
Incisão na presença de inflamação não 
purulenta aguda, quebra grosseira da 
técnica asséptica, trauma penetrante há 
menos de quatro horas, feridas abertas 
cronicamente. Contaminação do trato 
gastrointestinal. Penetração no trato 
biliar ou geniturinário na presença de 
bile ou urina infectada. Ex. 
(colecistectomia com inflamação aguda); 
- CIRURGIAS INFECTADAS: Quando 
há presença de secreção purulenta, 
perfuração de víscera, trauma 
penetrante há mais de quatro horas, 
ferida traumática com tecido 
desvitalizado, corpo estranho ou 
contaminação fecal. Ex.: (ceco 
perfurado). 
O preparo pré-operatório dos 
pacientes deve ser feito de forma 
criteriosa, reduzindo o tempo de 
internação em cirurgias eletivas, sendo 
a meta um tempo inferior a 24 horas, 
compensando doenças subjacentes, 
tratando infecções em sítio remoto 
antes da realização do procedimento 
quando possível, tratando também 
infecções comunitárias antes do 
procedimento cirúrgico. O banho dos 
pacientes 
Também deve ser realizado 
seguindo alguns critérios: deverá ser 
realizado na noite anterior e 1 hora 
antes da cirurgia, com água, sabão, com 
objetivo de eliminar a sujidade 
oleosidade e a microbiota da pele, tendo 
diferenciações em situações especiais, 
como em cirurgias de grande porte da 
Cardiologia, Transplante e Ortopedia 
(banho com antisséptico, como a 
clorexidinadegermante, 1 hora antes da 
cirurgia). 
Além disso, quando adentrarem no 
centro cirúrgico, devem trocar suas 
vestimentas normais por um avental 
esterilizado. E a tricotomia (redução do 
comprimento dos pelos através do uso 
de cremes ou máquinas depilatórias) 
deve ser momentos antes do ato 
cirúrgico. 
 
3 
 
Já quanto à equipe cirúrgica, no 
momento da entrada no centro cirúrgico, 
deve ser feita a troca das vestes 
habituais pelo pijama cirúrgico, 
calçamento dos propés e colocação de 
gorros e máscara na zona de proteção 
(que será abordada com mais detalhes 
posteriormente). 
Além disso, as pessoas que 
participarão diretamente do ato 
operatório devem prosseguir com a 
antissepsia das mãos, feita com 
escovas apropriadas e com cerdas 
macias e descartáveis, dando a devida 
atenção aos espaços subungueais. 
Essa antissepsia deve ser feita de modo 
que a mão seja o local mais limpo, e que 
o cotovelo seja o local considerado mais 
contaminado, ou seja, a antissepsia 
deve ser feita no sentido distal para 
proximal e sempre posicionando o braço 
de forma que as mãos fiquem em um 
nível superior em relação ao cotovelo. O 
primeiro preparo das mãos requer um 
tempo de 5 a 10 minutos, e os 
subsequentes necessitam de somente 3 
a 5 minutos. Assim, prossegue-se com 
a colocação do capote estéril e, quando 
necessário, o uso de um avental estéril. 
Após há o calçamento das luvas 
estéreis, que necessitam de um 
calçamento correto para que não haja a 
contaminação de tal material, como 
pode ser visto na figura 2: 
A antissepsia docampo 
operatório também deve ser feita com o 
objetivo de destruir o máximo de germes 
da pele do paciente, e é dividida em 
duas etapas: degermação e antissepsia 
propriamente dita. Na degermação é 
usado um antisséptico na forma 
degermante no sítio cirúrgico de forma 
centrífuga (do centro para a periferia), e 
depois esse material é limpo com uma 
compressa também de forma centrífuga. 
Logo após vem antissepsia 
propriamente dita, na qual é utilizado um 
antisséptico na forma alcóolica, com o 
mesmo princípio ativo que foi utilizado 
na degermação, delimitando assim a 
área que será abordada. O restante do 
corpo deverá ser recoberto com panos 
de campo ou campos cirúrgicos 
esterilizados. 
 
figura 2 
Há situações em algumas cirurgias 
que devem proceder com o uso de 
antibioticoprofilaxia, e tais situações são: 
Cirurgias contaminadas, exceto orificiais; 
Cirurgias potencialmente contaminadas; 
Cirurgias limpas de grande porte e/ou 
com implante de prótese e/ou realizados 
em situações de emergência e/ou 
realizados em pacientes de maior risco 
e Cirurgias infectadas: o uso do 
 
4 
 
antibiótico se dará em caráter 
terapêutico. 
2. Zonas do Centro Cirúrgico: 
O centro cirúrgico (CC) é a área de 
hospital destinada à realização de atos 
cirúrgicos, podendo conter apenas salas 
de cirurgia até ser um ambiente 
complexo, com farmácia satélite, sala de 
recuperação pós-anestésica, etc. O CC 
deve ter algumas características físicas 
básicas: 
- Localização: de preferência, deve se 
situar nos andares mais elevados do 
estabelecimento devido a uma menor 
poluição do ar circulante, mas também 
deve estar próximo aos serviços básicos 
do hospital, como UTI e serviço de 
Radiologia. 
- Iluminação: deve ser suficiente, para 
que não haja uma fadiga visual, sendo 
que nas salas de cirurgia deve haver 
necessariamente iluminação artificial. 
Se houver janelas, devem ser de peitoril 
alto para que assim haja a difusão da luz 
natural no ambiente. Os focos 
direcionados ao campo operatório 
devem conter lâmpadas incandescentes 
e não fluorescentes, para não alterar a 
percepção da cianose. 
- Energia elétrica: o CC deve ser provido 
de um gerador de eletricidade, caso 
ocorra alguma queda de energia, 
evitando assim quaisquer 
intercorrências durante as cirurgias. 
- Climatização: os condicionadores de 
ar são mais utilizados hoje em dia 
mantendo o ambiente com uma 
temperatura amena, porém devem ser 
submetidos a uma limpeza periódica. 
- Estrutura: suas paredes devem ser de 
cores suaves, e paredes, pisos e forro 
devem ser revestidos com um material 
de fácil limpeza. Os ângulos do 
ambiente devem ser arredondados para 
facilitar o processo de limpeza do local. 
As portas do CC são geralmente de 
correr, algumas tendo uma abertura 
parcial superior para a transferência do 
paciente. Já as portas da sala de 
cirurgia devem ser do tipo vai-e-vem 
para que assim se evite a abertura de 
tais com as mãos (evita que a equipe 
utilize as mãos que foram submetidas a 
antissepsia) e devem conter um postigo 
de vidro para a visibilização da sala de 
cirurgia e evitar assim quaisquer 
acidentes. 
- Mobiliário: a peça central deve ser a 
mesa de cirurgia, além dela também 
deve se ter a mesa do instrumentador e 
do assistente, o carro de anestesia, 
suportes para bacia, bisturi elétrico, 
cestos e baldes para gazes sujas 
O Centro Cirúrgico é composto por 
três partes importantes: Zona de 
Proteção, Zona Limpa e Zona Estéril ou 
Asséptica. 
- Zona de Proteção: corresponde aos 
vestiários (quando se refere à equipe 
cirúrgica) e à zona de transferência 
(quando se refere aos pacientes, essa 
também pode ser a sala de recuperação 
pós-anestésica). Nos vestiários é feita a 
troca das vestes habituais pelo pijama 
cirúrgico, há também o calçamento dos 
propés e a colocação das máscaras 
(que devem recobrir nariz e boca) e dos 
gorros (que devem recobrir todo o 
cabelo da pessoa). Localizados na 
entrada da unidade e deve ser o único 
 
5 
 
meio de acesso para as pessoas que ali 
trabalham. 
- Zona Limpa: corresponde às demais 
dependências do CC que não os 
vestiários, as salas de cirurgia e sala de 
subesterilização. Encontram-se nessa 
zona os lavabos, sala de material 
(limpeza, aparelhos de raio-x, ...), etc. 
 - Zona Asséptica ou Estéril: é a região 
com menor grau de contaminação e 
abrange as salas de cirurgia e as salas 
de subesterilização. As salas de cirurgia 
podem variar de forma, tamanho e 
também em quantidade, sendo 
apropriadas às características da 
especialidade cirúrgica. Já a sala de 
subesterilização é onde se inicia o 
processo de esterilização com a limpeza 
prévia dos matérias cirúrgicos. 
3. Noções Básicas sobre Diérese: 
Diérese advém do latim diaresee 
do grego diairesis, ambos significando 
divisão, incisão, secção e separação, 
punção e divulsão. Pode ser definida 
como o ato ou manobra realizada pelo 
cirurgião com o intuito de criar uma via 
de acesso, uma solução de 
continuidade, através dos tecidos, com 
uma finalidade terapêutica. A diérese 
está presente em todo e qualquer ato 
operatório. 
As características básicas para 
realização da diérese são: 
- Incisão proporcional ao procedimento 
que se intenta realizar; 
- Técnica adequada para cada plano 
anatômico; 
- Dissecção apropriada com hemostasia 
rigorosa; 
- Manipulação cuidadosa em 
consideração a estrutura tecidual e 
anatomia local; 
- Obter-se bordas nítidas para facilitar o 
processo de cicatrização; 
- Respeitar as linhas de força da pele ou 
linhas de Kraissl (quando possível, na 
diérese da pele, fazê-la paralelamente 
às linhas de Kraissl da região) e os 
planos anatômicos, atravessando um de 
cada vez; 
 
- Seccionar aponeuroses no sentido de 
suas fibras; 
- Utilização de instrumentos adequados. 
Existem vários tipos de diérese: 
incisão, secção, divulsão, punção, 
dilatação e serração. 
- Incisão é feita com instrumento 
cortante em tecidos moles produzindo 
ferimento inciso. O bisturi frio é 
amplamente utilizado para este fim, 
tendo uso frequente na diérese da pele. 
Uma das técnicas mais empregadas é a 
 
6 
 
técnica da Incisão Magistral, na qual o 
bisturi é empunhado pela mão 
dominante na forma lápis, e os dedos 
polegar e indicados da mão não-
dominante são posicionados ao lado do 
início da incisão. 
 
Assim, o bisturi é posicionado em 
um ângulo de 90° em relação a pele e 
faz-se uma pressão até sentir que a 
barreira tecidual foi rompida, depois o 
bisturi é posto em um ângulo de 45° 
(aumentando a superfície cortante em 
contato com a pele) e assim se progride 
até o final da incisão, retornando o 
bisturi a um ângulo de 90° e retirando o 
bisturi. 
- A Secção é o ato de cortar realizado 
com tesoura, ultrassom ou micro-ondas. 
É importante salientar que todo secção 
se inicia com uma incisão, como por 
exemplo na hepatotomia, iniciada com 
uma incisão na cápsula de Glison e 
terminada com uma secção do fígado 
em duas porções iguais. 
- A Divulsão é o afastamento dos 
tecidos, sem seccioná-los. Realiza-se 
aproveitando o plano de clivagem ou 
sua constituição fasciculada, como 
ocorre no tecido muscular. Na 
traqueostomia ou na cricotireoidotomia, 
por exemplo, a diérese pode ser 
realizada por auxílio de pinças ou por 
afastadores. 
- A Punção é realizada por meio de 
instrumento perfurante, como agulha ou 
trocarter, que penetranos tecidos 
atravessando-os sem seccioná-los, com 
várias finalidades, tais como: drenagem 
de coleção líquida de cavidades ou do 
interior de órgãos, coleta de fragmento 
de tecido ou líquidos orgânicos para 
exame diagnóstico, injeção de contraste 
ou de medicamentos. 
- A Dilatação é realizada aumentando-
se o diâmetro de canais, orifícios 
naturais ou trajetos fistulosos, 
melhorando assim o campo de visão do 
cirurgião. É feita através do estiramento 
das fibras dos tecidos. Exemplos de 
instrumentos usados para dilatação são 
o anuscópio, o espéculo vaginal e a vela 
de Hegar. 
- A Serração é utilizada para a 
separação de partes de estruturas 
rígidas do organismo, como os ossos. 
Um exemplo é a serra de Gigle, utilizada 
em cirurgias ortopédicas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
BIOLOGIA DA FERIDA E 
CICATRIZAÇÃO 
O reparo de feridas, uma solução 
de continuidade dos tecidos, decorrente 
da lesão por agentes mecânicos, 
térmicos, químicos e bacterianos, é o 
esforço dos tecidos para restaurar a 
função e estruturas normais. 
O conhecimento dos complexos 
eventos fisiológicos da cicatrização de 
feridas é de grande importância para o 
cirurgião. 
A regeneração é a restauração 
perfeita da arquitetura do tecido pré-
existente, na ausência de formação de 
cicatriz, e embora seja o tipo ideal no 
universo de cicatrização de feridas, ela 
só é observada no desenvolvimento 
embrionário, organismos inferiores ou 
em determinados tecidos como ossos e 
fígado. Na cicatrização de feridas a 
acurácia da regeneração é trocada pela 
velocidade de reparo. 
A reparação de feridas passa 
pelas seguintes etapas básicas: fase 
inflamatória, fase proliferativa (que 
incluem reepitelização, síntese da 
matriz e neovascularização) e fase de 
maturação. 
 
1. FASE INFLAMATÓRIA: 
Inicia-se no exato momento da 
lesão. O sangramento traz consigo 
plaquetas, hemácias e fibrina, selando 
as bordas da ferida, ainda sem valor 
mecânico, mas facilitando as trocas. O 
coágulo formado estabelece uma 
barreira impermeabilizante que protege 
da contaminação. Com a lesão tecidual, 
há liberação local de histamina, 
serotonina e bradicinina que causam 
vasodilatação e aumento de fluxo 
sanguíneo no local e, 
consequentemente, sinais inflamatórios 
como calor e rubor. A permeabilidade 
capilar aumenta causando 
extravasamento de líquidos para o 
espaço extracelular, e consequente 
edema. 
A resposta inflamatória, que 
perdura cerca de três dias, e na qual 
ocorre a migração sequencial das 
células para a ferida é facilitada por 
mediadores bioquímicos que aumentam 
a permeabilidade vascular, favorecendo 
a exsudação plasmática e a passagem 
de elementos celulares para a área da 
ferida. Os mediadores bioquímicos de 
ação curta são a histamina e serotonina 
e as mais duradouras são a leucotaxina, 
bradicinina e prostaglandina. A 
prostaglandina é um dos mediadores 
mais importantes no processo de 
cicatrização, pois além de favorecer a 
exsudação vascular, estimula a mitose 
celular e a quimiotaxia de leucócitos. 
Os primeiros elementos celulares 
a alcançar o local da ferida são os 
neutrófilos e os monócitos, com a 
função de desbridar as superfícies da 
ferida e fagocitar as partículas 
 
8 
 
antigênicas e corpos estranhos. O pico 
de atividade dos polimorfonucleares 
ocorre nas primeiras 24-48 horas após o 
trauma, seguindo-se de um maior 
aporte de macrófagos durante os dois a 
três dias seguintes. O macrófago, 
também ativa os elementos celulares 
das fases subsequentes da cicatrização 
tais como fibroblastos e células 
endoteliais (Figura 2). 
2. FASE PROLIFERATIVA: 
A fase proliferativa é composta de 
três eventos importantes que sucedem 
o período de maior atividade da fase 
inflamatória: neo-angiogênese, 
fibroplasia e epitelização. Esta fase 
caracteriza-se pela formação de tecido 
de granulação, que é constituído por um 
leito capilar, fibroblastos, macrófagos, 
um frouxo arranjo de colágeno, 
fibronectina e ácido hialurônico. 
Iniciando-se por volta do 3º dia após a 
lesão, perdura por 2 a 3 semanas e é o 
marco inicial da formação da cicatriz. 
2.1 Neo-angiogênese: 
A neo-angiogênese é o processo 
de formação de novos vasos 
sanguíneos, necessário para manter o 
ambiente de cicatrização da ferida. Em 
todas as feridas, o suprimento 
sanguíneo dos fibroblastos 
responsáveis pela síntese de colágeno 
provém de um intenso crescimento de 
novos vasos, caracterizando a 
cicatrização por segunda intenção e o 
tecido de granulação. 
Os novos vasos formam-se a partir 
de brotos endoteliais sólidos, que 
migram no sentido da periferia para o 
centro da ferida, sobre a malha de 
fibrina depositada no leito da ferida. A 
bradicinina, a prostaglandina e outros 
mediadores químicos oriundos dos 
macrófagos, ativados, estimulam a 
migração e a mitose das células 
endoteliais. A neo-angiogênese é 
responsável não apenas pela nutrição 
do tecido, com uma demanda 
Figura 2: 
 
9 
 
metabólica maior, como também pelo 
aumento do aporte de células, como 
macrófagos e fibroblastos, para o local 
da ferida. 
2.2 Fibroplasia: 
Após o trauma, células 
mesenquimais normalmente 
quiescentes e esparsas no tecido 
normal, são transformadas em 
fibroblastos e atraídas para o local 
inflamatório, onde se dividem e 
produzem os componentes da matriz 
extracelular. O fibroblasto só aparece no 
sítio da lesão a partir do 3º dia, quando 
os leucócitos polimorfonucleares já 
fizeram seu papel higienizador da área 
traumatizada. A função primordial dos 
fibroblastos é sintetizar colágeno, ainda 
na fase celular da inflamação. 
O colágeno é uma proteína de alto 
peso molecular, composta de glicina, 
prolina, hidroxiprolina, lisina e 
hidroxilisina, que se organiza em 
cadeias longas de três feixes 
polipeptídicos em forma de hélice, 
responsáveis pela força da cicatriz. 
A síntese de colágeno é 
dependente da oxigenação das células, 
da hidroxilação da prolina e lisina, 
reação essa mediada por uma enzima 
produzida pelo próprio fibroblasto, em 
presença de coenzimas (vitaminas A, C 
e E), ferro, testosterona, tiroxina, 
proteínas e zinco. 
O colágeno é o material 
responsável pela sustentação e pela 
força tensil da cicatriz, produzido e 
degradado continuamente pelos 
fibroblastos. Inicialmente, a síntese de 
colágeno novo é a principal responsável 
pela força da cicatriz, sendo substituída 
ao longo de semanas, pela formação de 
ligações cruzadas entre os feixes de 
colágeno. A taxa de síntese declina por 
volta de quatro semanas e se equilibra 
com a taxa de destruição e, então, se 
inicia a fase de maturação do colágeno 
que continua por meses, ou mesmo 
anos. 
2.3 Epitelização: 
Nas primeiras 24 a 36 horas após 
a lesão, fatores de crescimento 
epidérmicos estimulam a proliferação de 
células do epitélio. Na pele os 
ceratinócitos são capazes de sintetizar 
diversas citocinas que estimulam a 
cicatrização das feridas cutâneas. 
As células epiteliais migram, a 
partir das bordas, sobre a área cruenta, 
da ferida e dos folículos pilosos 
próximos, induzindo a contração e a 
neoepitelização da ferida e, assim, 
reduzindo a sua superfície. Os 
ceratinócitos, localizados na camada 
basal da epiderme residual ou na 
profundidade de apêndices dérmicos, 
revestidos de epitélio, migram para 
recobrir a ferida. As células epiteliais 
movem-se,aos saltos e 
desordenadamente, até as bordas, 
aproximando-as. A epitelização envolve 
uma sequência de alterações nos 
ceratinócitos da ferida: separação, 
migração, proliferação, diferenciação e 
estratificação. 
2.4 Matriz Extracelular: 
A matriz extracelular, também 
conhecida como substância 
fundamental, substitui rapidamente o 
coágulo depositado no leito da ferida 
 
10 
 
logo após o trauma. A principal função 
da matriz é a restauração da 
continuidade do tecido lesado, 
funcionando como um arcabouço para a 
migração celular. Os fibroblastos são as 
maiores fontes de proteínas da matriz, 
onde irão ordenar os feixes de colágeno 
produzidos, também, pelos próprios 
fibroblastos, além de ser arcabouço 
para os vasos neoformados. É 
constituída de várias proteínas, como 
fibrina e colágeno, proteoglicanos (ácido 
hialurônico e condroítina), 
glicoproteínas (fibronectina e laminina), 
água e eletrólitos. 
3. FASE DE MATURAÇÃO: 
3.1 Contração da ferida: 
A ferida sofre um processo de 
contração, por meio de um movimento 
centrípeto de toda a espessura da pele 
circundante, reduzindo a quantidade e o 
tamanho da cicatriz desordenada. Este 
processo é um importante aliado da 
cicatrização das feridas, principalmente 
nas abertas. Porém, se ocorre de forma 
exagerada e desordenada causa 
defeitos cicatriciais importantes por 
causa da diferenciação dos fibroblastos 
em miofibroblastos, estimulados por 
fatores de crescimento. 
3.2 Remodelação: 
A maturação da ferida tem início 
durante a 3ª semana e caracteriza-se 
por um aumento da resistência, sem 
aumento na quantidade de colágeno. 
Há um equilíbrio de produção e 
destruição das fibras de colágeno neste 
período, por ação da colagenase. O 
desequilíbrio desta relação favorece o 
aparecimento de cicatrizes hipertróficas 
e queloides. O aumento da resistência 
deve-se à remodelagem das fibras de 
colágeno, com aumento das ligações 
transversas e melhor alinhamento do 
colágeno, ao longo das linhas de tensão. 
A fase de maturação dura toda a vida da 
ferida, embora o aumento da força tensil 
se estabilize, após um ano, em 70 a 80% 
da pele intacta. A inclinação da curva de 
maturação é mais aguda durante as 
primeiras seis a oito semanas. 
3.3 Tipos de cicatrização de feridas: 
Existem três formas pelas quais 
uma ferida pode cicatrizar, que 
dependem da quantidade de tecido 
lesado ou danificado e da presença ou 
não de infecção: primeira intenção, 
segunda intenção e terceira intenção 
(fechamento primário retardado). 
• Primeira intenção: é o tipo de 
cicatrização que ocorre quando as 
bordas são apostas ou aproximadas, 
havendo perda mínima de tecido, 
ausência de infecção e mínimo edema. 
A formação de tecido de granulação não 
é visível. Exemplo: ferimento suturado 
cirurgicamente. 
• Segunda intenção: neste tipo de 
cicatrização ocorre perda excessiva de 
tecido com a presença ou não de 
infecção. A aproximação primária das 
bordas não é possível. As feridas são 
deixadas abertas e se fecharão por meio 
de contração e epitelização. 
• Terceira intenção: designa a 
aproximação das margens da ferida 
(pele e subcutâneo) após o tratamento 
aberto inicial. Isto ocorre principalmente 
quando há presença de infecção na 
ferida, que deve ser tratada 
 
11 
 
primeiramente, para então ser suturada 
posteriormente. 
 
3.4 Classificação das Feridas: 
As feridas podem ser classificadas 
de três formas diferentes de acordo com 
o agente causal, o grau de 
contaminação e o comprometimento 
tecidual. 
3.4.1 Agente causal: 
• Incisas ou cirúrgicas: são produzidas 
por um instrumento cortante. As feridas 
limpas são geralmente fechadas por 
suturas. Agentes: faca, bisturi, lâmina, 
etc. 
• Contusas: são produzidas por objeto 
rombo e caracterizadas por traumatismo 
das partes moles, hemorragia e edema. 
• Lacerantes: São ferimentos com 
margens irregulares e com mais de um 
ângulo. O mecanismo da lesão é por 
tração: rasgo ou arrancamento tecidual. 
Um exemplo clássico é a 
mordedura de cão. 
• Perfurantes: são caracterizadas por 
pequenas aberturas na pele. Há um 
predomínio da profundidade sobre o 
comprimento. Exemplos: bala ou ponta 
de faca. 
3.4.2 Grau de contaminação: 
As feridas podem ser limpas, 
limpa-contaminadas, contaminadas e 
infectadas. 
• Limpas: são as que não apresentam 
sinais de infecção e em que não são 
atingidos os tratos respiratório, digestivo, 
genital ou urinário. Probabilidade de 
infecção é baixa, em torno de 1 a 5 %. 
Exemplo: feridas produzidas em 
ambiente cirúrgico. 
• Limpa-contaminadas: são os 
ferimentos que apresentam 
contaminação grosseira, em acidente 
doméstico por exemplo ou em situações 
cirúrgicas em que houve contato com os 
tratos respiratório, digestivo, urinário e 
genital, porém em situações controladas. 
O risco de infecção é cerca de 10%. 
• Contaminadas: são consideradas 
contaminadas as feridas acidentais, 
com mais de seis horas de trauma ou 
que tiveram contato com terra e fezes, 
por exemplo. No ambiente cirúrgico são 
consideradas contaminadas as em que 
a técnica asséptica não foi devidamente 
respeitada. Os níveis de infecção podem 
atingir 20 a 30% (cirurgia dos cólons). 
• Infectadas: são aquelas que 
apresentam sinais nítidos de infecção. 
 
12 
 
3.4.3 Comprometimento tecidual 
 
3.5 Fatores que interferem na 
cicatrização: 
Vários fatores locais e gerais 
podem interferir em maior ou menor 
grau no processo de cicatrização, 
entretanto em muitos deles o cirurgião 
pode interferir para otimizar o resultado 
final. 
3.5.1 Fatores locais: 
Os fatores locais são relacionados 
às condições da ferida e como ela é 
tratada cirurgicamente (técnica 
cirúrgica). 
• Vascularização das bordas da ferida: A 
boa irrigação das bordas da ferida é 
essencial para a cicatrização, pois 
permite aporte adequado de nutrientes 
e oxigênio. Entretanto, a boa 
vascularização depende das condições 
gerais e comorbidades do paciente, 
 
 
bem como do tratamento dado a esta 
ferida. 
• Grau de contaminação da ferida: uma 
incisão cirúrgica realizada com boa 
técnica e em condições de assepsia tem 
melhor condição de cicatrização do que 
um ferimento traumático ocorrido fora do 
ambiente hospitalar. O cuidado mais 
elementar e eficiente é a limpeza 
mecânica, remoção de corpos 
estranhos, detritos e tecidos 
desvitalizados. 
• Tratamento das feridas: assepsia e 
antissepsia, técnica cirúrgica correta 
(diérese, hemostasia e síntese), escolha 
de fio cirúrgico (que cause mínima 
reação tecidual), cuidados pós-
operatórios adequados (curativos e 
retirada dos pontos), são alguns dos 
aspectos importantes a serem 
 
13 
 
observados em relação ao tratamento 
das feridas. 
 3.5.2 Fatores gerais: 
Os fatores gerais estão 
relacionados às condições clínicas do 
paciente, e estas podem alterar a 
capacidade do paciente de cicatrizar 
com eficiência, como infecção, idade, 
hiperatividade do paciente que dificulta 
a aproximação das bordas da ferida, 
oxigenação e perfusão dos tecidos, 
deficiência nutricional dificulta a 
cicatrização, diabetes, medicamentos 
como corticosteroides e estado 
imunológico do paciente. 
4. Retirada dos Pontos: 
De modo geral a retirada dos 
pontos deve ser feita entre o 6º e 7º dias 
de pós-operatório, para suturas simples 
com pontos separados. Nas incisões 
que seguem as linhas de força da pele eos pontos foram dados sem tensão, os 
pontos podem ser retirados mais 
precocemente, em torno do 4º dia de 
pós-operatório. Em suturas 
intradérmicas contínuas com fios não 
absorvíveis, os pontos devem 
permanecer por até 12 dias. 
Em condições adversas (infecção, 
desnutrição, neoplasias, diabetes, 
déficits de vitaminas e oligoelementos, 
etc.) os pontos devem ser removidos 
mais tardiamente, isto é, entre o 10º e 
12º dias de pós-operatório. 
 
 
 
REFERÊNCIAS: 
 
1 Tazima MFGS, Vicente YAMVA, 
Moriya T. Biologia da ferida e 
cicatrização. Medicina (Ribeirão 
Preto) 2008; 41 (3): 259-64. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
CICATRIZ HIPERTRÓFICA 
1. Introdução: 
A cicatriz hipertrófica é definida 
como uma lesão elevada, que não 
ultrapassa os limites da ferida inicial, ou 
seja, respeita a extensão original da 
lesão, e apresentam tendência à 
regressão. É uma resposta exacerbada 
do tecido conjuntivo cutâneo a 
ferimentos, intervenções cirúrgicas, 
queimaduras ou quadros inflamatórios. 
Mesmo a pele sendo um órgão 
complexo derivado de duas camadas 
germinativas (ectoderma e mesoderma), 
recupera-se de um ferimento mediante 
a formação de uma cicatriz formada por 
tecido predominantemente fibroso. Se a 
ferida seciona ou destrói a camada 
papilar da derme se produzirá uma 
cicatriz permanente propriamente dita. 
Essa cicatriz poderá ser em alguns 
casos clinicamente quase inapetente, 
porém em outros poderá ocorrer uma 
hipertrofia cicatricial, que poderá 
repercutir de uma cicatriz apenas 
hipertrófica até cicatrizes com aspecto 
desfigurável, como no caso do quelóide. 
A incidência de cicatriz hipertrófica, 
assim como de quelóide, é maior em 
pessoas não brancas (negros, pardos, 
asiáticos e europeus da região 
mediterrânea). Entre indivíduos brancos, 
a cicatriz hipertrófica é menos frequente 
nos loiros em relação aos morenos. No 
Brasil, devido à grande miscigenação 
étnica, há uma dificuldade em estimar 
a prevalência de cicatrizes hipertrófica e 
queloides. A frequência de cicatriz 
hipertrófica é, provavelmente, maior que 
de quelóide, mas ainda não há estudos 
estatísticos mais detalhados. 
A cicatriz hipertrófica pode ocorrer 
em qualquer faixa etária, mas tende a se 
desenvolver mais frequentemente na 
puberdade, sendo mais rara em 
pessoas acima dos 60 anos de idade. 
Não é relatada maior prevalência em 
relação ao sexo. 
2. Etiopatogenia / Fisiopatologia: 
A cicatriz hipertrófica é causada 
por uma produção aumentada de todos 
os componentes da matriz extracelular, 
principalmente do colágeno, incluindo 
também as proteoglicanas. Esses 
achados sugerem que os mecanismos 
de controle reguladores das etapas de 
formação e proliferação da matriz estão 
preservados, porém exacerbados. 
Indivíduos jovens possuem uma pele 
que apresenta um maior turgor e tensão 
intrínseca, quando comparada com a 
pele mais flácida e inelástica dos idosos. 
Mesmo assim, a taxa de síntese de 
colágeno também pode estar 
aumentada nessa faixa etária. 
Geralmente, essas lesões ocorrem 
na superfície do corpo que ficam 
sujeitas a uma maior tensão dinâmica 
da pele sobre ferimentos ou incisões 
cirúrgicas, ou seja, que não estão a 
favor das linhas de menor tensão da 
pele (fig. 1). Todavia, independente da 
orientação de uma incisão ou ferimento 
cutâneo, a tensão na sutura da pele ou 
na superfície da lesão tem sido 
implicada como o fator crítico 
predisponente na formação da 
cicatriz hipertrófica, assim como no 
quelóide. 
 
15 
 
Outros fatores predisponentes 
decorrem por suturas por técnica 
inadequada, presença de hematomas 
ou corpos estranhos sob a sutura, 
lacerações ou abrasões cutâneas mais 
profundas e/ou extensas, queimaduras 
ou suturas cutâneas infectadas. A 
cicatriz hipertrófica pode ainda 
desenvolver-se a partir de feridas 
cutâneas provocadas por acne, 
vacinações, picadas de insetos, uso de 
brincos, tatuagens ou outros processos 
inflamatórios da pele. A hipertrofia da 
cicatriz também ocorre mais 
frequentemente em lesões onde o 
fechamento cutâneo se dá por segunda 
intenção, principalmente se o processo 
de restauração do tegumento tiver uma 
duração maior que 3 semanas. 
Em relação à taxa de síntese de 
colágeno, a atividade da enzima prolina-
hidroxilas e está significantemente 
aumentada na cicatriz hipertrófica e no 
quelóide em relação à pele normal, 
aproximadamente 3 e 20 vezes, 
respectivamente. Contudo, a atividade 
da colagenase, relacionada à taxa de 
análise e remodelação do colágeno, 
também está aumentada na cicatriz 
hipertrófica e no quelóide em 
relação à pele normal, em cerca de 
4 e 14 vezes, respectivamente. 
Apesar da cicatriz hipertrófica ser 
também considerada como uma 
manifestação fenotípica de menor 
intensidade da cicatriz queloideana, 
apresenta em seu tecido 
imunoglobulinas IgG, IgA e IgM em 
menores teores que nesta última. 
Fatores neurogênicos também 
estão presentes na cicatriz hipertrófica. 
A mesma é frequentemente 
caracterizada por sintoma de dor, ao 
contrário da cicatriz normotrófica, que é 
caracterizada por uma redução na 
sensibilidade. Esse fenômeno deve-se 
ao fato de as cicatrizes hipertróficas 
possuírem maior densidade de filetes 
nervosos que as cicatrizes normais. 
3. Quadro Clínico: 
A cicatriz hipertrófica geralmente 
se desenvolve a partir de 6 a 8 semanas 
após o término da epitelização, mas 
podem se desenvolver logo após a 
lesão tecidual. Apesar disso, as 
cicatrizes podem atingir um tamanho 
considerável, causando alargamento 
importante das margens da cicatriz, 
assim como um aumento do seu relevo 
em relação à pele adjacente. 
Clinicamente, a superfície epitelial da 
cicatriz hipertrófica apresenta-se lisa, 
brilhante e, por vezes, telangiectásica, 
não se observando pêlos ou secreção 
sebácea ou sudorípara (fig. 2). 
A região esternal, as regiões 
deltóideas, a região cervical anterior e 
as superfícies flexoras dos membros e 
da região cervical são os locais mais 
frequentemente acometidos por 
cicatrizes hiperproliferativas (fig. 3). 
 
16 
 
A palma das mãos e a planta dos pés 
são raramente acometidas. 
É frequente o encontro de 
cicatrizes hipertróficas mistas, ou seja, a 
parte do trajeto da cicatriz sob maior 
tensão torna-se hipertrófica, enquanto 
que a parte do trajeto da mesma sob 
menor tensão torna-se normotrófica (fig. 
4). 
Observa-se que as cicatrizes 
hipertróficas oriundas de queimaduras 
profundas e/ou extensas, podem 
desenvolver-se em pessoas que nunca 
apresentaram tendência a esse tipo de 
cicatrização. Este fato é devido, 
provavelmente, ao aumento em todas 
as direções da tensão cutânea na região 
queimada, e pela perda do tecido por 
ação do calor (fig. 5). 
Ainda, a detecção em pacientes 
queimados de níveis séricos de alfa-
globulinas aumentados até 60 dias após 
a queimadura, parece favorecer a 
hipertrofia dessas cicatrizes, por 
inibição da colagenase. 
A cicatriz hipertrófica e o quelóide 
apresentam uma densidade aumentada 
de vasos sanguíneos, quando 
comparados à cicatriz normotrófica e 
pele normal. Com isso, além de 
poderem apresentar um aspecto 
hiperêmico nas fases iniciais, essas 
cicatrizes podem apresentar sintomas 
de natureza vascular como eritema. 
Acresce, ainda, as manifestações 
decorrentes da presença de 
mecanismos inflamatórios mediados por 
prostaglandinas, histamina e CGRP, 
como prurido e dor. Nessa fase, 
pode ocorrer também crescimento 
da cicatriz. Esse período, 
apresentando sinais e sintomas 
inflamatórios, caracterizaa fase de 
atividade da cicatriz, sendo facilmente 
detectável pelo simples sinal de dígito-
pressão positivo (hiperemia ativa) (fig. 6). 
Quando ocorre maturação do 
processo cicatricial, e o aspecto da 
cicatriz torna-se estável, com ausência 
dos sinais e sintomas acima citados, 
esse período passa a ser considerado 
como fase de inatividade da cicatriz (fig. 
7). 
 
17 
 
Essa classificação em fases de 
atividade e inatividade não guarda 
relação com a noção de fase aguda ou 
crônica da cicatriz, uma vez que uma 
cicatriz hipertrófica ou quelóide pode 
apresentar-se em fase de atividade 
durante meses. 
Quando as cicatrizes hipertróficas 
entram na fase de inatividade, 
geralmente sofrem regressão durante o 
processo de remodelação do processo 
cicatricial. Essa regressão, não raro, é 
relativamente rápida, a ponto de o 
próprio paciente perceber 
semanalmente a melhora na qualidade 
cicatricial. 
4. Diagnóstico diferencial clínico / 
histológico: 
O principal diagnóstico diferencial 
da cicatriz hipertrófica é a cicatriz 
queloideana. Por isso, a primeira tem 
sido até denominada de 
pseudoquelóide. O diagnóstico 
diferencial é importante, à medida que o 
tratamento a ser instituído difere entre 
esses dois tipos de distúrbios cicatriciais. 
Na microscopia de luz, a diferenciação 
histopatológica entre ambas as 
cicatrizes às vezes torna-se difícil; 
sendo necessário o auxílio da 
microscopia eletrônica de varredura. Na 
pele normalmente os feixes de fibras 
colágenas dirigem-se, na sua maioria, 
paralelos à superfície epitelial. Esses 
feixes estão, ao acaso, conectados a 
outros feixes por finas fibrilas de 
colágeno. Na cicatriz hipertrófica (1), 
esses feixes fibrilares de colágeno 
estão menos agrupados e 
arranjados, seguindo um padrão 
relativamente ondulado. Na cicatriz 
queloideana (2) os feixes praticamente 
não existem, e as fibras estão 
conectadas umas às outras ao acaso, 
porém formando verdadeiras 
nodulações de fibras colágenas. 
Em todas as cicatrizes 
hipertróficas os feixes normais de fibras 
colágenas são substituídos por um 
colágeno fibrilar, o qual também se 
orienta paralelamente à superfície 
epitelial. Observa-se uma proporção 
aumentada de colágeno tipo III 
(colágeno fetal) em relação ao colágeno 
tipo I (colágeno adulto). Existe um 
aumento de vasos sanguíneos dilatados, 
geralmente orientados 
perpendicularmente à superfície 
cutânea. A epiderme usualmente está 
mais fina e achatada, sem assumir o 
aspecto típico das papilas dérmicas. 
Clinicamente, a cicatriz hipertrófica 
respeita a extensão da lesão ou incisão 
cutânea inicial. O quelóide, por outro 
lado, geralmente estende-se 
espacialmente em relação ao tamanho 
original da lesão. Ainda, entre 6 
semanas e 6 meses após o fechamento 
da lesão, a cicatriz hipertrófica torna-se 
mais deprimida e diminui suas 
 
18 
 
dimensões, embora algumas cicatrizes 
possam manter seu tamanho durante 
anos. O quelóide geralmente continua 
se desenvolvendo durante meses após 
a lesão inicial, e às vezes por alguns 
anos, e comumente não apresenta 
regressão. Outro diagnóstico diferencial 
da cicatriz hipertrófica a ser considerado 
também é o dermatofibroma. 
5. Conduta e Tratamento: 
5.1 Compressão da cicatriz: 
Baseia-se no uso de peças de 
vestuário ou malhas compressivas e 
elásticas, cuja pressão de compressão 
exceda a pressão capilar normal (24 
mmHg). Para atingir um melhor 
resultado, a compressão deve ser 
realizada de 18 a 24 horas por dia 
durante pelo menos 6 meses. As 
cicatrizes hipertróficas assim tratadas 
amadurecem e entram na fase de 
inatividade mais precocemente, 
passando a diminuir sua espessura. 
Deve-se periodicamente reajustar a 
peça ou malha compressiva, ou até 
trocá-la se necessário, para manter a 
pressão recomendada. 
5.2 Placas de silicone: 
O uso tópico de placa de silicone é 
uma modalidade de tratamento 
recentemente instituída, não invasiva e 
indolor, para cicatrizes hipertróficas e 
queloide nas. A placa de silicone é 
simplesmente colocada sobre a 
superfície da cicatriz e fixada por meio 
de fitas adesivas ou malhas 
compressivas. O seu uso deve ser de 
pelo menos 12 horas por dia durante 2 
meses, reduzindo assim o tempo de 
maturação da cicatriz. 
Fatores como pressão, redução na 
disponibilidade de oxigênio, aumento da 
temperatura da pele, alteração da 
voltagem cutânea local pela presença 
da placa (fenômeno piezelétrico), e até 
mesmo a ação química do silicone tem 
sido temas de debate sobre o 
mecanismo de ação dessas placas. 
Alguns fabricantes impregnam essas 
placas em óleo mineral apostando na 
importância da hidratação da cicatriz 
hipertrófica. 
5.3 Beta-terapia: 
A maioria dos estudos indica um 
índice de sucesso de 92% quando a 
irradiação é aplicada como adjuvante à 
excisão da lesão. Doses de 150 a 200 
cGy de beta-terapia pelo radioisótopo 
do estrôncio (90Sr), a partir de 48 horas 
de pós-operatório, por 5 a 10 sessões, 
em dias alternados, tem mostrado uma 
diminuição no índice de recorrência. A 
irradiação utilizada no pré-operatório, de 
forma preventiva, não demonstrou 
nenhum benefício. As complicações 
mais frequentes são as discromias, 
além de telangiectásica no local. Até o 
momento, não existem casos relatados 
de transformações malignas resultantes 
da irradiação de cicatrizes hipertróficas 
ou queloides. 
5.4 Farmacoterapia: 
- Inibidores da síntese proteica/ 
anti-inflamatórios: 
A utilização precoce de 
corticosteroide, na fase inflamatória da 
cicatrização, diminui a produção dos 
fibroblastos e a quantidade de vasos 
sanguíneos, além da ação anti-
inflamatória. Tradicionalmente, a 
aplicação tópica ou intralesional de 
corticosteróide tem sido o primeiro 
tratamento de eleição para cicatrizes 
hipertróficas. Quando usadas 
isoladamente, a injeção com 
corticosteróide tem efeito favorável na 
 
19 
 
diminuição efetiva da espessura 
dessas cicatrizes, produzindo também 
um alívio nos sintomas. As 
complicações mais frequentes dessas 
aplicações, mais intensamente pela via 
intralesional do que pela via tópica, são 
a atrofia da derme, as telangiectásica e 
alterações locais na pigmentação 
cutânea. 
O corticosteróide mais comumente 
utilizado para aplicação intralesional é o 
aceto Nido de triancinolona, na dose 
máxima de 40 mg por sessão. Para 
injeção intradérmica também pode ser 
utilizado o acetato de metilprednisolona, 
também até 40 mg por sessão. Na 
aplicação intralesional, a fim de evitar o 
desconforto da dor, relativamente 
intensa pelo alto grau de compactação 
da fibrose e maior quantidade de 
terminações nervosas existente, pode-
se previamente anestesiar o tecido 
celular subcutâneo adjacente à cicatriz 
com lidocaína a 2%. As injeções podem 
ser administradas a cada 3 semanas e 
repetidas quando necessárias. Os 
tecidos fibróticos mais densos 
necessitam, frequentemente, múltiplas 
injeções. 
Deve-se tomar cuidado especial 
no sentido de evitar que o medicamento 
seja infiltrado na pele normal 
circunjacente à cicatriz, sob o risco 
de poder causar atrofia cutânea e 
despigmentação, que pode durar de 1 a 
2 anos. Ainda, quando a espessura da 
cicatriz regredir ao nível do relevo 
desejado de normotrófica cicatricial, não 
há necessidade de prevenir novo 
crescimento da cicatriz com outras 
infiltrações; existe o risco da cicatriz 
hipertrófica torna-se atrófica, a qual 
também é considerada patológica. 
5.5 Criocirurgia: 
A criocirurgia tem sido utilizada 
com sucesso no tratamento da cicatriz 
hipertrófica. Os efeitos terapêuticosda 
criocirurgia estão diretamente 
relacionados ao dano celular, e ao fato 
de que a temperaturas extremamente 
baixas, ocorre dano vascular e estase 
sanguínea, levando a abnóxio celular. 
Durante cada sessão de tratamento, a 
lesão inteira deve ser submetida a 2 ou 
3 ciclos por 30 segundos cada. O 
processo de cicatrização dura cerca de 
1 mês, tempo que o paciente deverá ser 
avaliado para outras sessões. A idade 
da lesão é um fator preditivo para o 
sucesso do tratamento. As cicatrizes 
hiperproliferativas mais recentes, com 
menos de 12 meses de duração, 
respondem melhor a criocirurgia que as 
mais antigas. A dor da aplicação do 
nitrogênio líquido é suportável, 
principalmente nas lesões maiores. Um 
certo grau de atrofia e hipopigmentação 
são praticamente inevitáveis com esse 
método terapêutico. 
5.6 Ressecção Cirúrgica: 
Nas cicatrizes hipertróficas, como 
ocorre uma regressão temporal da lesão 
na maioria dos casos, a ressecção 
cirúrgica constitui-se numa opção de 
exceção. 
Sendo a tração nas margens de 
uma ferida ou sutura um fator crítico 
predisponente para a hipertrofia de uma 
cicatriz, um dos princípios na correção 
cirúrgica de cicatrizes hipertróficas é, 
além da ressecção do tecido fibroso 
 
20 
 
excedente, a reorientação cirúrgica do 
eixo longitudinal da cicatriz o mais 
paralelo possível das linhas de menor 
tensão da pele. Para isso, pode-se 
lançar mão de princípios básicos da 
Cirurgia Plástica, como a sutura por 
planos, a realização de zeta-plastia e w-
plastia, assim como retalhos cutâneos 
ou qualquer outro procedimento 
cirúrgico com a finalidade de minimizar 
a tensão na ferida. Ainda, devem ser 
seguidos os preceitos básicos de utilizar 
instrumentos delicados, fios de sutura 
finos e de boa qualidade, e agulhas de 
pequeno diâmetro e traumáticas para 
conseguir cicatrizes de melhor 
qualidade. 
Por outro lado, é necessário 
orientar o paciente com uma cicatriz 
hipertrófica recente, ainda em fase de 
atividade, para que aguarde por um 
período de tempo, talvez alguns meses, 
antes de submeter-se a uma possível 
ressecção cirúrgica da cicatriz. Com 
essa finalidade, existem dois 
argumentos que geralmente 
tranquilizam a ansiedade dos pacientes 
que se querem ver livres de uma cicatriz 
inestética, principalmente após uma 
operação estética. O primeiro 
argumento é que a cicatriz hipertrófica 
possui tendência à regressão. Assim, a 
vantagem seria a possibilidade de o 
paciente ficar, não raramente, satisfeito 
com a cicatriz final naturalmente 
resultante, não precisando se submeter 
a outra intervenção cirúrgica. Se a 
operação for necessária, uma atrofia 
parcial durante esse período de espera 
diminuirá o porte cirúrgico da ressecção. 
O segundo argumento é que 
cicatrizes hipertróficas maduras, 
operadas na fase de inatividade da 
lesão, apresentam menor índice de 
recidiva e complicações. Se durante o 
período de espera houver sintomas 
incômodos, como prurido e/ou dor, 
pode-se utilizar métodos 
conservadores coadjuvantes, como a 
colocação de placas de silicone, ou 
aplicação de corticosteróide por via 
tópica ou intralesional. Nos casos onde 
não for possível aguardar a maturação 
da cicatriz hipertrófica, com o intuito de 
diminuir a possibilidade de recidiva, 
pode-se ressecá-la de forma subtotal, 
isto é, por meio de incisões 
intralesionais ou intramarginais, a cerca 
de 2 mm por dentro de cada margem, 
assim como no quelóide. 
5.7 Laser: 
O laser é utilizado com relativo 
sucesso em cicatrizes hipertróficas. 
Uma melhora clínica de 57 a 83% tem 
sido observada após 1 ou 2 aplicações 
de dye laser de 585 nm pulsados. A dor 
associada com o pulso normal de dye 
laser é suportável, podendo-se tornar 
mais dolorosa em crianças ou quando 
são usados mais de 100 pulsos em 
adultos. Após o tratamento, a dor 
praticamente não existe, e não há 
necessidade de nenhum cuidado após a 
aplicação. Uma suave discromia é 
observada até 7 a 10 dias após a 
aplicação. O uso do dye laser melhora a 
coloração da cicatriz, tornando os seus 
contornos menos perceptíveis, 
diminuindo o aspecto esbranquiçado da 
cicatriz. 
 
 
 
21 
 
6. Prognóstico/Prevenção: 
Contrariamente à crença geral, 
a qualidade de uma cicatriz não é 
determinada principalmente pela 
técnica de sutura, mas pela forma na 
qual se produziu a ferida. No momento 
do ferimento existe uma série de fatores 
que influirão sobre o resultado estético, 
o tratamento e o prognóstico da cicatriz. 
Dentre estes, os três mais importantes 
são, em ordem decrescente, a região 
corporal onde se situa a cicatriz, a 
direção da mesma em relação às linhas 
de menor tensão da pele, e o seu 
comprimento, podendo invadir mais de 
uma unidade anatômica ou superfícies 
flexoras. As cicatrizes nas regiões 
esternal, deltóide e escapular, 
perpendiculares às linhas de menor de 
tensão da pele, e as que atingem dobras 
cutâneas flexoras são as que possuem 
pior prognóstico, principalmente em 
pessoas negras. 
O tratamento ideal para a cicatriz 
hipertrófica é a prevenção. O 
fechamento precoce das lesões, 
diminuindo a duração da fase 
inflamatória diminui a quantidade de 
fibrose cicatricial, assim como suturas 
por planos e de forma precisa, para 
evitar tensão na linha de sutura. Ainda, 
com a finalidade de minimizar a tensão 
na sutura cutânea, pode ser aplicada na 
mesma uma relativa imobilização 
cutânea regional, por meio do 
entrelaçamento de fitas micro porosas 
adesivas antialérgicas para curativo 
(“microporagem”). Esses curativos 
protetores e imobilizadores devem ser 
utilizados pelo período mínimo de 30 
dias, podendo ser trocados cada 3 ou 4 
dias (fig. 9). 
Em casos de intervenção cirúrgica 
em pacientes com história pregressa de 
cicatriz hipertrófica, pode-se realizar 
uma compressão mecânica e elástica 
da região da cicatriz, e/ou colocar placas 
de silicone, embebidas ou não com óleo 
mineral. As placas devem ser aplicadas 
1 semana após o procedimento. 
Também pode ser útil na prevenção da 
cicatriz hipertrófica o uso de terapia de 
aquecimento por ultrassom e a 
massagem diária sobre a cicatriz com 
óleo de rosa mosqueta. 
 
REFERÊNCIAS: 
1 HOCHMAN, Bernardo et al. 
DISFUNÇÕES CICATRICIAIS 
HIPERPROLIFERATIVAS: 
CICATRIZ HIPERTRÓFICA. 
Disponível em: 
<https://docplayer.com.br/8201707-
Disfuncoes-cicatriciais-
hiperproliferativas-cicatriz-
hipertrofica.html>. Acesso em: 11 
ago. 2019. 
 
 
 
 
22 
 
QUELOIDE 
1. Conceito 
Queloide (do grego: kelth = tumor 
+ eidoz = forma) é uma cicatriz espessa 
e elevada, de superfície bocelada ou lisa 
e de coloração variando entre cor de 
pele, avermelhada e hipercrômica. São 
lesões geralmente limitadas à derme 
cutânea, exceto raros casos em que 
ocorre no epitélio da córnea (Síndrome 
de Lowe). Acredita-se, atualmente, que 
não existe queloide espontâneo, e que 
as lesões sem causa aparente são 
provocadas por ferimentos puntiformes 
não percebidos pelo paciente, como 
pequenas pústulas, acne ou até picada 
de insetos. 
2. Epidemiologia 
Estatísticas nos Estados Unidos 
demonstram uma prevalência de 1,5% 
de pessoas portadoras de queloide em 
relação à população total. Na África, as 
estatísticas chegam a demonstrar uma 
alta prevalência, que gira em torno de 
6%. No Brasil, o queloide é uma lesão 
frequente, apesar de não existiremestatísticas precisas sobre o assunto. 
Existe um aumento significativo de 
incidência de queloide na puberdade, 
num período de exaltação e 
amadurecimento do eixo hipofisário-
gonadal. A frequência maior encontra-
se em pacientes jovens, entre 10 e 30 
anos, com risco maior na 2ª década de 
vida. É raro em crianças e idosos, 
apesar de existir relato dessa lesão até 
em cicatriz umbilical de recém-nascido, 
assim como em pessoas de 73 anos de 
idade. 
O queloide ocorre em 
predisposição maior em pessoas do 
sexo feminino em relação ao masculino. 
Relata-se quase o dobro de incidência 
em mulheres em relação a homens, 
embora alguns pesquisadores não 
tenham encontrado correlação entre o 
risco de desenvolver queloide e o sexo 
do paciente. 
 Esse distúrbio de cicatrização é 
significativamente mais frequente em 
pessoas de etnia negroide (negros e 
pardos) e mongoloide (amarelos ou 
orientais). 
Os fatores causais mais 
frequentes da lesão cutânea inicial 
deflagradora do queloide são ferimento 
acidental (50%), operação pregressa 
Figura 1: QUELOIDES MÚLTIPLOS NO DORSO, POR ESPINHAS 
(ACNE), EM PACIENTE DE 25 ANOS DE IDADE. 
Figura 2 QUELOIDE POR FERIMENTO ACIDENTAL NA REGIÃO 
DO COTOVELO, DE CARACTERÍSTICA CONTRÁTIL POR ESTAR 
EM SUPERFÍCIE ARTICULAR, CAUSANDO LIMITAÇÃO 
FUNCIONAL À EXTENSÃO DO ANTEBRAÇO. 
 
23 
 
(22,9%), referência à infecção em ferida 
(13,4%), sequela de queimadura (11%), 
assim como outros fatores não-
identificáveis (2,4%). 
3. Etiologia 
Esse distúrbio da cicatrização é 
caracterizado pela hiperprodução de 
colágeno, e não necessariamente pela 
hiperproliferação de fibroblastos. Este, 
secretando colagenase, manteria o 
balanço síntese/degradação da cicatriz 
regulando seu tamanho, já que a 
neoformação colágena pode manter-se 
normalmente por até 12 meses. O 
período crítico do processo de 
cicatrização, quando o equilíbrio entre a 
síntese e a lise de colágeno se desfaz, 
geralmente ocorre na 3ª ou 4ª semana 
após a lesão. Nesse momento, por 
motivo ainda não esclarecido, nos casos 
de queloide, a síntese torna-se maior 
que a lise por tempo indefinido. 
Nas cicatrizes humanas normais, 
observa-se, inicialmente, a deposição 
do colágeno tipo III (fetal), que 
posteriormente se transforma no tipo I 
(adulto). Essa passagem está retardada 
no queloide e na cicatriz hipertrófica, por 
motivos não esclarecidos. Ainda existe 
controvérsia se os fibroblastos do 
queloide, cicatriz hipertrófica ou pele 
normal apresentam diferenças 
morfológicas significativas, assim como 
se existe diferença de tempo na 
velocidade de multiplicação desses 
fibroblastos. 
A literatura cita vários fatores de 
risco para o desenvolvimento do 
queloide, como tensão nas margens de 
feridas fechadas por 1ª intenção, 
cicatrizes dispostas contra as linhas de 
menor tensão da pele, suturas em 
regiões de pele mais espessa ou em 
áreas onde há maior concentração de 
melanina e feridas ou suturas que 
evoluíram com infecção ou cicatrização 
por 2ª intenção. 
4. Fisiopatologia 
- Fatores Endócrinos e Metabólicos: 
Descreveu-se pela 1ª vez. Em 
1935, um papel dos hormônios 
esteroides na formação do queloide, 
quando consideráveis quantidades de 
estrogênios e substâncias 
gonadotrópicas foram detectadas em 
seu tecido. Outra evidência endócrina 
seria a exacerbação do queloide 
durante a gestação e uma relativa 
regressão na menopausa. 
Especulou-se, também, que o 
aumento do metabolismo dos 
androgênios pudesse contribuir para o 
desenvolvimento do queloide. Foi 
observada uma forte ligação do 
fibroblasto do queloide com a 
diidrotestosterona, o que secretaria uma 
quantidade maior de pró-colágeno em 
comparação ao fibroblasto de pele 
normal. Ainda, a quantidade de 
receptores de androgênios no queloide 
ativo (em crescimento e/ou 
apresentando sintomas) é 
significativamente maior que no tecido 
queloideano inativo, que por sua vez é 
também significativamente maior que na 
pele normal circunjacente. 
Disfunções hipotalâmicas e 
hipofisárias, hipertireoidismo, 
hiperparatireoidismo e outras 
disfunções tireoidianas foram 
 
24 
 
associadas à presença do queloide. 
Outros trabalhos demonstraram que os 
glicocorticoides e a vitamina D 
reduziram a produção de colágeno. 
- Fatores Melanocíticos: 
O hormônio estimulante dos 
melanócitos (HEM) ou a presença do 
melanócito propriamente dito, também 
parece ter influência na formação do 
queloide. Este é mais frequente em 
regiões da pele onde há maior 
concentração de melanócitos. 
Áreas pouco pigmentadas e com 
deficiência de glândulas sebáceas são 
raramente locais de queloides. Essa 
lesão também é quase inexistente na 
planta do pé e na palma da mão, mesmo 
em pessoas portadoras de cicatrizes 
queloideanas, apesar dessas regiões 
estarem constantemente sujeitas a 
atritos e ferimentos. O queloide 
tampouco foi descrito em pessoas 
albinas. Paradoxalmente, os 
melanócitos estão ausentes ou 
presentes em quantidades ínfimas em 
lesões cicatriciais, inclusive no quelóide. 
- Fatores Genéticos: 
Pesquisas genéticas do queloide 
sugeriram heranças do tipo 
autossômico (dominante e recessiva) e 
modelo de herança cross-linked 
recessiva. 
Contudo, como a associação de 
queloide e história familiar não é 
significativamente frequente, sugeriu-se 
a hipótese de que a suscetibilidade ou 
risco pessoal em desenvolver queloide 
poderia ser um fator predisponente, e 
não um fator de herança genética 
determinante propriamente dita. 
Reforça essa hipótese o fato de que 
pessoas caucasoides europeias, após 
residirem em regiões tropicais, 
aumentam a tendência de desenvolver 
queloide. 
- Fatores Vasculares: 
A literatura cita que certas doenças 
vasculares podem ter alguma relação 
ou associação com o queloide, como a 
hipertensão arterial severa ou maligna 
que além de ser mais frequentes na 
população negra, apresentam uma 
incidência com significância estatística 
maior para apresentar queloides em 
relação a indivíduos com pressão 
arterial normal, tanto em negros como 
em caucasianos. 
O fator histopatológico que poderia 
explicar essa relação, é a hipertrofia da 
camada muscular dos vasos. Por ser 
mais comum em indivíduos negros, a 
associação com queloide poderia advir 
do fato de que os fibroblastos poderiam 
variar seu padrão secretório ou mudar 
sua sensibilidade, em relação aos 
fatores de crescimento, em 
consequência da alteração da fisiologia 
dos vasos pela hipertrofia das paredes. 
Esse fato seria representado, por 
exemplo, pela “resposta mesenquimal 
aumentada” às lesões cutâneas por 
pessoas de cor negra. 
5. Quadro Clínico 
O queloide é formado por uma 
deposição excessiva de fibras 
colágenas e uma hiperproliferação de 
fibroblastos na derme, caracterizando-
se por sua extensão lateral para os 
tecidos adjacentes em relação ao ponto 
 
25 
 
de origem. Devido ao fato de crescer e 
invadir tecidos vizinhos, o queloide é 
considerado por pesquisadores como 
uma neoplasia benigna, possuindo 
também potencial de crescimento 
autônomo, desenvolvendo-se in vitro, 
mesmo na ausência de fatores 
humorais. 
O queloide pode ter crescimento 
contínuo ou intermitente, em geral com 
ausência de regressão significativa e 
com tendência à recidiva. Na fase de 
atividade, além do crescimento 
gradativo, os sintomas mais frequentes 
são: prurido (74%), dor (19,1%), 
presença de infecção (1,5%)e evolução 
para ulceração (0,6%). Cabe salientar 
também a importância da perturbação 
pessoal em termos de estética (56,8%). 
O estudo histológico do tecido 
queloideano revela abundante colágeno 
do tipo I e uma proporção aumentada do 
colágeno tipo III. 
A maioria das lesões (92,3%) 
localiza-se em posição superior ao 
abdome. A região pré-esternal é citada 
como a mais frequente, seguida pela 
região lateral da face, região mandibular, 
pescoço e orelhas (principalmente em 
lóbulos). Na parede abdominal, 
localizam-se 7% das lesões e nos 
membros inferiores 1,6%. 
Trata-se de uma lesão de 
comportamento bizarro, uma vez que 
pode desenvolver-se em segmentos 
parciais de uma mesma cicatriz. Pode, 
também, surgir num ferimento ou 
incisão e não em outros ferimentos ou 
incisões ocasionadas, respectivamente, 
num mesmo acidente ou ato operatório, 
em regiões corporais vizinhas ou 
distantes. O queloide também pode ter 
um caráter temporal, pois pode 
desenvolver-se num determinado local 
do corpo, a partir de uma incisão 
cirúrgica, sendo que, futuramente, uma 
nova incisão no mesmo local, ou 
imediatamente vizinho, pode não 
desenvolver esse distúrbio cicatricial. 
Regiões da pele com variações 
específicas na estrutura da camada 
dérmica, como a placa areolopapilar da 
mama, do pênis, do escroto e da 
pálpebra são raramente afetadas por 
queloide, por motivos ainda não 
esclarecidos. 
6. Diagnóstico Diferencial 
O principal diagnóstico diferencial 
do queloide a ser considerado é a 
cicatriz hipertrófica, apesar de alguns 
pesquisadores as considerarem como 
diferentes estágios de um mesmo 
processo. 
Esse fato poderia ser refletido pela 
dificuldade, às vezes existente, em 
diferenciar clinicamente o queloide da 
cicatriz hipertrófica, sendo que apenas o 
 
26 
 
exame histopatológico pode fazer o 
diagnóstico. No queloide, as fibras 
colágenas ficam dispostas em nódulos 
de forma aleatória, enquanto na cicatriz 
hipertrófica as fibras se dispõem de 
forma mais ordenada e formando feixes 
paralelos. Clinicamente, após alguns 
meses, a cicatriz hipertrófica tende à 
regressão, enquanto o queloide 
aumenta suas dimensões ou as mantém 
inalteradas por tempo indeterminado. 
7. Tratamentos 
- TRATAMENTO CIRÚRGICO: 
O tratamento cirúrgico consiste na 
técnica mais tradicional de tratamento, 
baseada na retirada do queloide por 
procedimento cirúrgico. 
A técnica cirúrgica empregada 
deve ser realizada com relaxamento das 
bordas da ferida e posterior 
estabilização por meio de suturas com 
fios absorventes. O tratamento cirúrgico 
pode ser empregado como monoterapia 
ou associado a outra técnica de 
tratamento, tendo visto uma 
reincidência maior do queloide quando 
escolhida a técnica cirúrgica como 
monoterapia. Pode estar associado ao 
procedimento cirúrgico, o uso de 
injeções de corticoides, radioterapia e 
placas de silicone. Outras combinações 
se apresentam disponíveis para escolha 
do tratamento. 
- INFILTRAÇÃO INTRALESIONAL DE 
CORTICOIDES: 
Os corticoides são medicamentos 
pertencentes a uma classe 
farmacológica indicada para tratar 
patologias que compartilham uma base 
inflamatória ou imunológica. Os 
queloides demonstram apresentar 
relação com processos inflamatórios e 
também apresentam relação com algum 
tipo de resposta imunológica. 
Os queloides apresentam 
regressão após a aplicação intralesional 
de corticoides, pois os mesmos 
demonstram causar inibição na síntese 
de colágeno. A aplicação intralesional 
de corticoides (acetato de triancinonola 
10mg / 40mg/ ml) se apresenta 
atualmente como a primeira linha na 
terapia de queloides, podendo também 
estar associada ao tratamento cirúrgico 
e a crioterapia. 
 Algumas reações adversas 
podem acontecer, entre elas atrofia da 
área adjacente a cicatriz e 
telangectasias. Bons resultados foram 
demonstrados com a combinação de 
tratamento cirúrgico e infiltração de 
corticoides. Existe disponível no 
mercado farmacêutico, fitas adesivas 
contendo corticoides, para serem 
utilizadas topicamente no local do 
queloide. 
Apesar do sucesso, sua 
penetração na pele intacta se apresenta 
limitada, a infiltração realizada no local 
da lesão, pode apresentar reações 
dolorosas e incômodas, induzindo a 
regressão no tamanho do queloide, mas 
a recidiva também pode estar presente. 
- CRIOTERAPIA: 
A crioterapia é basicamente uma 
terapia que utiliza baixas temperaturas 
visando alterações metabólicas locais. 
Os efeitos biológicos causados pela 
crioterapia são vários, entre eles 
 
27 
 
vasoconstrição, diminuição no 
metabolismo celular, liberação de 
endorfinas e secundariamente 
diminuição de processos inflamatórios e 
diminuição da dor. A crioterapia já é 
utilizada para o tratamento de queloides 
há alguns anos. 
O tratamento em si consiste na 
aplicação de nitrogênio líquido sobre o 
queloide, levando o mesmo ao 
congelamento, causando lesão celular e 
microvascular que posteriormente pode 
desencadear a morte celular. A 
crioterapia pode ser utilizada como 
monoterapia e também pode estar 
associada a aplicação intralesional de 
corticoides. 
O tratamento utilizando a 
crioterapia pode apresentar efeitos 
adversos como dor, alterações na 
pigmentação da pele e atrofia6. Um 
recente modelo de tratamento utilizando 
a crioterapia pode ser citado, recebendo 
a denominação de criocirurgia 
intralesional. Consiste em procedimento 
cirúrgico, através da utilização de uma 
sonda que é introduzida na cicatriz, 
permitindo a liberação do nitrogênio 
líquido no seu interior. 
- RADIOTERAPIA: 
A radioterapia é o tratamento 
através da aplicação de radiação 
ionizante sobre a cicatriz queloideana. A 
aplicação se faz em doses 
recomendadas da radiação e deverá ser 
dividida em seções, em dias diferentes. 
O mecanismo proposto pela radiação é 
a inibição da proliferação dos 
fibroblastos. 
O uso da radioterapia deve ser 
aplicado com cuidado em crianças e 
jovens, principalmente quando a 
radiação for aplicada próxima a locais 
radiosensíveis. 
A radioterapia apresenta boa 
eficiência quando aplicada após o 
tratamento cirúrgico. Entre os efeitos 
adversos, podemos citar um potencial 
risco de mudança maligna das células 
envolvidas. 
Existem poucos casos descritos 
em literatura, sobre a alteração de 
característica maligna nas células, 
quando aplicado radioterapia para o 
tratamento de queloide. 
- LASERTERAPIA: 
A utilização de laser para o 
tratamento de queloides iniciou através 
da ideia de destruição tecidual e 
posterior formação de cicatrizes 
menores e menos evidenciadas. Vários 
tipos de laser já foram empregados no 
tratamento de queloides, sendo o laser 
de luz pulsada um dos que 
demonstraram bons resultados. 
 Estudos demonstram que o laser 
pode melhorar vários aspectos na 
cicatriz, atuando na diminuição do 
eritema, textura, altura e sintomas 
associados, apresentando baixo nível 
de recorrência e baixos níveis de efeitos 
adversos. 
A utilização do laser para o 
tratamento de queloides pode ser 
realizada em várias sessões em dias 
diferentes. A utilização da laserterapia 
pode ainda ser associada ao uso 
intralesional de corticoides, 
 
28 
 
principalmente nas cicatrizes que se 
apresentam sintomáticas. 
- PRESSOTERAPIA: 
A pressoterapia consiste na 
aplicação de pressão no local do 
queloide, sendo empregado como um 
tratamento profiláticoque tenta inibir a 
formação da cicatriz queloideana ou 
atuando em cicatrizes já estabelecidas, 
com o intuito de diminuir a espessura da 
mesma. 
A pressão pode ser aplicada 
através de bandagens, adesivos 
elásticos específicos, malhas 
compressivas e brincos de pressão para 
queloides na região do lóbulo auricular. 
O mecanismo exato da terapia por 
pressão não está bem elucidado, mas 
demonstra estar relacionado com 
diminuição na síntese de colágeno, 
devido à restrição de oxigênio e 
nutrientes, causada pela pressão. 
Parece estar também envolvido no 
mecanismo da pressoterapia, um 
aumento no evento de apoptose. 
A pressão aplicada deve ser 
contínua, entre (15-40 mmHg), 
diariamente, por várias semanas. A 
terapia por pressão não apresenta 
efeitos colaterais relevantes, apenas um 
desconforto pode ser notado pelo 
paciente. 
- OUTROS TRATAMENTOS: 
Outros tratamentos estão sendo 
utilizados para queloides, como 
imiquimod creme 5%, interferon e 
imunoterapia. Apesar da necessidade 
de mais estudos, o tamoxifeno, um 
fármaco anti-estrógeno demonstra 
potencial na redução do tamanho dos 
queloides. A bleomicina outro agente 
quimioterápico tem sido utilizado para o 
tratamento de queloides com relativa 
eficácia. 
8. Prognóstico 
O queloide recidivado, às vezes, é 
maior que a lesão original. A recidiva 
ocorre em 37% dos casos até o 6º mês 
após a ressecção, 29% entre o 7º e o 
12º mês, 9% entre o 13º e 18º mês e 10% 
do 19º ao 24º mês. Portanto, o pico de 
incidência de recidiva ocorre, 
aproximadamente, até o 13º mês. Por 
isso, vários pesquisadores preferem 
esperar 3 a 5 anos antes de considerar 
que a operação foi definitivamente 
curativa. O sucesso da operação guarda 
relação com a topografia da lesão. Na 
face (73%), na orelha (61%) e no 
pescoço (61%), o êxito é maior. Todavia, 
os queloides pedunculados, como em 
lóbulo de orelha, têm menor tendência 
de recidivar. 
Cicatrizes queloideanas que se 
originaram a partir de feridas infectadas 
são menos recidivantes que as oriundas 
de cicatrizes operatórias. No entanto, 
não existe diferença significativa na 
relação sucesso/recidiva pós-operatória 
Figura 4: (1) QUELOIDE EM LOBO DE ORELHA (2) QUELOIDE 
RECIDIVADO APÓS RETIRADA CIRURGICA 
 
29 
 
em relação ao tamanho original da lesão 
(para semelhantes graus de tensão na 
sutura), à idade da lesão para queloides 
já inativos e à etnia da pessoa já 
operada. 
Entretanto, o índice de recidiva é 
maior quando são ressecadas lesões 
ativas, isto é, que estavam em 
crescimento ou com sintomas à época 
da operação. Dentre os sintomas que 
caracterizam a atividade do queloide, 
pode-se citar o prurido e/ou dor. Além 
disso, a presença de vários queloides 
simultâneos aumenta a probabilidade 
de recidiva. Porém, recidivas anteriores 
não representam necessariamente uma 
contra-indicação para uma nova excisão. 
9. Prevenção 
Como medidas preventivas, 
merece destaque a compressão 
mecânica de uma ferida operatória 
recente em paciente com tendência a 
desenvolver queloide. A compressão 
pode ser exercida por vestes elásticas e 
deve exceder 24 mmHg. 
Alguns pesquisadores acreditam 
que a pressão contínua poderia 
reorientar os feixes de fibras colágenas 
e causaria degeneração dos 
fibroblastos. Outros demonstraram que, 
após compressão, há uma redução 
intralesional de mastócitos e, por 
conseguinte, da produção de histamina, 
que é um mediador químico que teria 
relevância importante na patogênese do 
queloide. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
ENXERTO E RETALHOS 
ENXERTOS: 
O enxerto de pele corresponde ao 
transplante, em que é feita a retirada 
completa de uma parte do tegumento 
cutâneo e transferida para um outro 
lugar do corpo (leito receptor), 
recebendo, nesta nova área, suprimento 
sanguíneo, o que garantirá a sua 
integração. 
- Tipos de Enxertos: 
Os enxertos de pele, segundo a 
fonte de obtenção, denominam-se de: 
Auto-enxerto: quando o doador e 
o receptor são o mesmo indivíduo. O 
enxerto pode ser conservado na própria 
área doadora, ou em solução salina e 
resfriado. De uma forma geral, através 
de refrigeração, a viabilidade do tecido 
foi mantida por pelo menos 15 dias e, no 
máximo, 30 dias, porém com perda 
gradual de viabilidade celular e 
degeneração das características 
biológicas dos materiais. 
Homoenxerto: quando o doador e 
o receptor são indivíduos diferentes, 
porém, da mesma espécie. Tem 
importância em grandes queimados, 
que, por apresentarem um quadro de 
imunodepressão, retardam a rejeição. 
Usado como curativo biológico. 
Xenoenxerto: quando o doador e 
o receptor são indivíduos de espécies 
diferentes. Geralmente utilizado para 
estimulação de tecido de granulação no 
leito receptor. 
 
 
- Segundo a Espessura: 
Enxertos cutâneos de 
espessura parcial: Aqueles que 
contêm epiderme e parte da derme, 
chamados enxerto de pele parcial; ainda 
podem ser subdivididos em finos, 
médios e espessos. Quanto menor a 
espessura do enxerto, mais fácil sua 
integração. Deve-se lembrar que o 
enxerto sofre duas contrações: uma 
primária pela elastina da pele e uma 
secundária pela atividade dos 
miofibroblastos. Nos enxertos de pele 
parcial a contração secundária é maior. 
Enxertos cutâneos de 
espessura total: Aqueles que 
englobam a epiderme e a totalidade da 
derme, também chamados enxertos de 
pele total. Possuem melhor resultado 
estético e são reservados para lesões 
pequenas geralmente de face. Possuem 
maior retorno da sensibilidade 
O número de apêndices dérmicos 
transferidos com o enxerto de pele 
depende da espessura da derme. A 
capacidade das glândulas sudoríparas 
funcionarem no enxerto dependerá de 
elas estarem presentes no enxerto 
transferido e de receberem reinervação 
Figura 1: Xenoenxerto – Pele de Tilápia 
 
 
31 
 
simpática do leito receptor. Enxertos de 
pele total tem melhor recuperação da 
sensibilidade por crescimento das fibras 
nervosas dentro das suas bainhas. 
Folículos pilosos podem também ser 
transferidos com o enxerto, 
especialmente aqueles de pele total. 
- Formas de Enxerto: 
Enxerto em Estampilha: São 
enxertos de espessura parcial, com 
pequenos fragmentos, muito utilizado 
para cobrir perdas de substância, 
ferimentos abrasivos, queimaduras e 
úlceras crônicas infectadas. O resultado 
estético final é pobre pela proliferação 
epitelial entre os enxertos. 
 
Enxerto em malha: Incisões 
mecânicas múltiplas sobre o enxerto de 
pele parcial através de aparelhos 
expansores que conseguem expandir 1, 
5 a 9 vezes. Está Indicada para cobrir 
áreas grandes, sendo que por conter 
inúmeras perfurações há uma 
facilitação à drenagem de seromas e 
hematomas. Porém, acaba deixando 
inúmeras áreas de granulação em 
segunda intenção e com o tempo acaba 
ficando esteticamente pouco aceitável. 
Geralmente está associado com 
contraturas não devendo ser utilizado 
em áreas articulares e dorso da mão. 
 
Enxerto em Tiras: Utilizado em 
enxertos de pele parcial, as tiras têm a 
vantagem de serem contínuas, 
ininterruptas, deixando um resultado 
estético melhor do aquele em malha. 
Porém, mais frequentemente, 
acumulam seroma e hematomas. 
 
- Área Doadora dos Enxertos de Pele: 
A regeneração da epiderme se dá

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