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LEI PENAL NO TEMPO Várias teorias tentam explicar o Tempo do Crime: TEORIA TEMPO DO CRIME Teoria da Atividade Momento da ação ou da omissão (conduta) Teoria do Resultado Momento do resultado Teoria Mista Ou Teoria da Ubiquidade Momento da ação ou omissão (conduta) + Momento do resultado O artigo 4º do Código Penal adotou a Teoria da Atividade, o que significa que o crime será considerado praticado no momento da ação ou da omissão (conduta), não importando o momento do resultado. Vejamos o que dispõe o artigo 4º do Código Penal: "Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado”. Sendo assim, se eu quiser causar a morte de alguém e atirar na direção dessa pessoa, o crime será considerado praticado no momento da minha conduta (ação de atirar), mesmo que a pessoa venha a morrer daqui a uma ou duas semanas. Dessa forma, o momento do resultado (morte) será totalmente irrelevante para o Direito Penal, que somente vai se preocupar com o momento da minha conduta comissiva ou omissiva (ação de atirar). Vamos estudar a Extra-Atividade da Lei Penal: (É a movimentação da lei penal no tempo). RETROATIVIDADE EXTRA-ATIVIDADE Sempre em benefício do réu ULTRA-ATIVIDADE Retroatividade: Consiste na possibilidade de uma lei se aplicar a um fato passado, cometido antes de sua vigência. Ultra-Atividade: Consiste na possibilidade de uma lei se aplicar a um fato cometido durante a sua vigência, mesmo após a sua revogação. O artigo 5º, inciso XL, CF/88 dispõe que: “A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”. O artigo 2º do Código Penal dispõe que: “Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória”. O artigo 2º, parágrafo segundo, do Código Penal dispõe que: “A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado”. A) NOVATIO LEGIS INCRIMINADORA (LEX GRAVIOR): - Lei n.º 12.550/2011 (Criou o Artigo 311-A da “Cola Eletrônica)... É a lei que cria uma nova figura penal. Vale ressaltar, que esta lei não poderá retroagir, em virtude do Princípio da Anterioridade. (Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal). NÃO RETROAGE! B) NOVATIO LEGIS IN PEJUS (LEX GRAVIOR): - Artigo 33, Caput, da Lei n.º 11.343/2006... - O tráfico de drogas possuía pena de 03 a 15 anos... - E agora passou a ter pena de 05 a 15 anos... É a lei que aumenta as sanções para um determinado crime. Podemos chamar, claramente, de lei penal mais gravosa. NÃO RETROAGE! C) ABOLITIO CRIMINIS (LEX MITIOR): - Lei n.º 11.106/2005 (Revogou Crime de Adultério – Artigo 240 do CP)... - Se ocorrer ANTES do trânsito em julgado da sentença... - Cessa efeitos penais... - Cessa efeitos civis... - Se ocorrer DEPOIS do trânsito em julgado da sentença... - Cessa efeitos penais... - Mantém efeitos civis... É a lei posterior que deixa de considerar crime uma determinada conduta. Sendo assim, ela é mais benéfica para o agente. De fato, é tão benéfica que chegou a abolir o crime. Ela não tem como voltar atrás para eliminar a conduta ou o crime. Sendo assim, ela possui a natureza jurídica de causa extintiva da punibilidade. Com isso, a pena não poderá mais ser executada: Se estava executando a pena privativa de liberdade: Para de executar imediatamente Se ia começar a executar a pena privativa de liberdade: Não executa Tem-se entendido por “abolitio criminis temporalis” ou suspensão da tipicidade, a situação na qual a aplicação de um determinado tipo penal encontra-se temporariamente suspensa, não permitindo, por sua vez, a punição do agente que pratica o comportamento típico durante o prazo da suspensão. Exemplo: artigo 12 da Lei n.º 10.826/2003 c/c artigo 30 da Lei n.º 10.826/2003. RETROAGE! D) NOVATIO LEGIS IN MELLIUS (LEX MITIOR): É a nova lei mais benéfica para o agente. Podemos citar a lei que diminui a pena para um determinado crime. Se esta lei entrar em vigor durante a execução, será aplicada pelo juiz da execução, na forma da Súmula 611 do STF (sempre que for necessário um mero cálculo matemático). Não precisará devolver o processo para a primeira ou para a segunda instância. RETROAGE! SÚMULA 711 DO STF Súmula 711 do STF (24/11/2003): “A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência”. - De acordo com esta Súmula... - A lei penal mais grave será aplicada aos crimes continuados ou crimes permanentes... - Se a mesma entrar em vigor... - Durante a continuidade ou permanência do crime. ESPÉCIE CONSEQUÊNCIA Crime Continuado (Artigo 71 do CP) Súmula 711 do STF A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência Crime Permanente (Exemplo: Artigo 159 do CP) Súmula 711 do STF A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência CRIME CONTINUADO Requisitos: 1º Requisito: pluralidade de condutas 2º Requisito: pluralidade de crimes da mesma espécie - OBSERVAÇÃO: o que são crimes da mesma espécie? Crimes da Mesma Espécie (Minoritária): São aqueles que ofendem o mesmo bem jurídico X Crimes da Mesma Espécie (Majoritária): São aqueles previstos no mesmo tipo penal - OBSERVAÇÃO: roubo e latrocínio são crimes da mesma espécie? - Deveriam ser... - Mas não são... Se formos analisar a corrente majoritária, diremos que são crimes da mesma espécie, tendo em vista que o roubo e o latrocínio estão previstos no mesmo tipo penal (artigo 157 do Código Penal). Porém, o STF não tem aceito a continuidade delitiva entre o roubo e o latrocínio... Muito embora não exista qualquer critério legal fundamentando esta decisão. É mero critério de política criminal. - OBSERVAÇÃO: 168-A e 337-A são crimes da mesma espécie? - Não deveriam ser... - Mas há decisões do STJ que dizem que são (Informativo 493 do STJ)... 168-A Apropriação Indébita Previdenciária 337-A Sonegação de Contribuição Previdenciária - Existe um julgamento isolado do STJ... - Que entende que são crimes da mesma espécie... - Pois violam o mesmo bem jurídico... - Que é o patrimônio da autarquia previdenciária... 3º Requisito: condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras - TEMPO: A jurisprudência só aceita um intervalo máximo... De 30 dias entre os crimes (tempo) Porém, a jurisprudência aceita o intervalo de 01 ano... Para crimes tributários anuais... Podemos citar o exemplo das entregas fraudulentas de declarações do IRPF... - LUGAR: A jurisprudência só aceita na mesma comarca ou em comarcas vizinhas... 4º Requisito: crimes subsequentes devem ser continuação do primeiro As infrações penais posteriores devem ser entendidas como continuações da primeira infração penal. Nesse momento, o Código Penal tenta fazer a distinção entre o crime continuado e a reiteração criminosa. O fundamento da exasperação da penanão visa com certeza, beneficiar o agente que, reiteradamente, pratica crimes parecidos entre si, como o estelionatário, que vive da prática de “golpes”. Fundamentando-se no critério da menor periculosidade, da benignidade ou da utilidade prática, a razão de ser do instituto do crime continuado não se coaduna com a aplicação do benefício da exasperação da pena para aquele agente mais perigoso, que faz do crime profissão e vive deliberadamente à margem da lei. A habitualidade é, portanto, diferente da continuação. A culpabilidade na habitualidade é mais intensa do que na continuação, não podendo, portanto, ter tratamento idêntico. Por este motivo, a jurisprudência já decidiu que é necessária uma unidade de desígnio ou dolo total. Em outras palavras, é necessário que os atos criminosos isolados apresentem-se enlaçados, no sentido de os subsequentes estarem ligados aos antecedentes. Para a caracterização do crime continuado não basta a simples repetição dos fatos delituosos em breve espaço de tempo, pois a atual teoria penal, corroborada pela jurisprudência nos Tribunais Superiores, preconiza a exigência de unidade de desígnios, em que os atos criminosos estejam entrelaçados, ou melhor, necessário se torna levar em conta tanto os elementos objetivos, como os subjetivos do agente. Cálculo da Pena: CRIME CONTINUADO SIMPLES (Art. 71, Caput, CP): Penas Iguais: Aplica-se qualquer uma delas aumentada de 1/6 a 2/3 Penas Diferentes: Aplica-se a maior delas aumentada de 1/6 a 2/3 CRIME CONTINUADO QUALIFICADO (Art. 71, parágrafo primeiro, CP): - Crimes dolosos... - Contra vítimas diferentes... - Cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa... Penas Iguais: Aplica-se qualquer uma delas aumentada até o triplo Penas Diferentes: Aplica-se a mais grave delas aumentada até o triplo LEIS EXCEPCIONAIS OU TEMPORÁRIAS As Leis Excepcionais ou Temporárias são ultra-ativas e auto-revogáveis. Sendo assim, as mesmas atingirão fatos praticados durante a sua vigência e deixarão de vigorar automaticamente, tão logo cesse a circunstância (leis excepcionais) ou passe o tempo (lei temporária). - LEI EXCEPCIONAL: Tem uma circunstância de duração São aquelas que têm a sua eficácia vinculada a um acontecimento... Exemplo: guerras, calamidades,... - LEI TEMPORÁRIA: Tem um tempo de duração São aquelas que trazem em seu texto um tempo determinado de validade... Exemplo: lei seca em tempo de eleição ESPÉCIE CONSEQUÊNCIA Leis Excepcionais (Circunstância) Artigo 3º do Código Penal A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante a sua vigência Leis Temporárias (Tempo) Artigo 3º do Código Penal A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante a sua vigência Artigo 3º do Código Penal: “A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante a sua vigência”. Dessa forma, podemos concluir que as condutas praticadas durante a vigência da lei excepcional ou da lei temporária serão processadas e julgadas normalmente, ainda que depois de cessada a circunstância ou passado o tempo. Isto ocorre, uma vez que as leis excepcionais ou temporárias são: Ultra-Ativas: Consiste na possibilidade de uma lei se aplicar a um fato cometido durante a sua vigência, mesmo após a sua revogação. Auto-Revogáveis: A temporária se auto-revoga na data fixada em seu próprio texto. A excepcional, quando se encerra o período especial ou anormal. PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE NORMATIVO TÍPICA - Ocorre nas hipóteses... - Em que um determinado tipo penal é expressamente revogado... - Porém... - A conduta não deixa de configurar infração penal... - Pelo fato de os elementos do tipo penal revogado terem migrado... - Para outro local... - Não há abolitio criminis... - Há continuidade normativo típica... - Podemos citar o atentado violenta ao pudor... - Que teve o artigo 214 revogado... - Mas foi absorvido pelo artigo 213... Competência para a aplicação da lei mais benéfica durante a execução: Se a aplicação importar em um cálculo meramente matemático, será do juízo de execuções (Súmula 611 do STF). Por outro lado, se for necessário adentrar no mérito da causa, terá que ser ouvido o Tribunal, através de Revisão Criminal. Dúvida acerca da lei mais benéfica: De acordo com a doutrina majoritária, se houver dúvida acerca da lei penal mais benéfica, deverá ser ouvido o réu, que é a melhor pessoa para decidir o que é mais vantajoso. Vacatio Legis Indireta: - A vacatio legis indireta ocorre quando a lei prevê em seu próprio corpo... - Além do seu período normal de vacatio legis... - Outro prazo para a aplicação específica de outros dispositivos... - Exemplo: artigo 30 do Estatuto do Desarmamento (Lei n.º 10.826/2003)... Combinação de Leis: STJ + STF: Não pode! - CONTRA: - O juiz não pode combinar as leis sob pena de legislar no caso concreto... - A FAVOR: - O Artigo 5º, Inciso XL, da CRFB/88... - Não faz nenhuma restrição à retroatividade benéfica... - O Artigo 2º, Parágrafo Único, do CP... - Não faz nenhuma restrição à retroatividade benéfica... LEI PENAL NO ESPAÇO A REGRA é a Territorialidade: (Artigo 5º do Código Penal) “Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. § 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. § 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. Territorialidade Temperada/Relativa/Mitigada: - O Brasil adotou o Princípio da Territorialidade... - Temperada/Relativa/Mitigada... - Pois admite a mitigação de sua soberania... - Para dar ensejo à aplicação... - De convenções, tratados e regras de direito internacional... - Trata-se de conduta tendente à boa convivência internacional... - Que é adotado na maioria das legislações alienígenas... Território Nacional: - O Território Nacional é formado por: - Território Geográfico - Território por Extensão Território Geográfico: - Terra - Mar - Ar Território por Extensão (Artigo 5º, Parágrafos Primeiro e Segundo, CP) - Embarcação Brasileira Pública: - Em qualquer lugar - Embarcação Brasileira Privada ou Mercante: - Alto mar - Embarcação Estrangeira Privada ou Mercante: - Território geográfico - Aeronave Brasileira Pública: - Em qualquer lugar - Aeronave Brasileira Privada ou Mercante: - Espaço aéreo correspondente - Aeronave Estrangeira Privada: - Território geográfico A EXCEÇÃO é a Extraterritorialidade: (Artigo 7º do Código Penal) “Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: I - os crimes: a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República. b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público. c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço. d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil. II - os crimes: a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir. b) praticados por brasileiro. c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. § 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro. § 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições: a) entrar o agente no território nacional. b) ser o fato punível também no país em que foi praticado. c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição. d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena. e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: a) não foi pedida ou foi negada a extradição. b) houve requisição do Ministro da Justiça. INCISO I: - Incondicionado - Por força do Parágrafo Primeiro a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República. b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público. c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço. d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil. INCISO II: - Condicionado - Por força do Parágrafo Segundo PARÁGRAFO TERCEIRO: - Condicionado - Por força dos Parágrafos Segundo e Terceiro Territórios Sem Soberania: - A Lei Brasileira também será aplicada... - Em territórios sem soberania de qualquer país... - Como a Antártida... - O critério será a extraterritorialidade... - A competência será da Justiça Federal... Pena Cumprida no Estrangeiro: Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. . EMBAIXADAS ESTRANGEIRAS - O território de Embaixadas Estrangeiras no Brasil... - Fazem parte de nosso território... - Sendo assim... - Os crimes ali cometidos serão regidos pela nossa lei penal... - alvo se os sujeitos ativos possuírem imunidade diplomática... TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL/CORTE PENAL INTERNACIONAL - Trata-se de órgão internacional... - Que possui sede em Haia (Países Baixos)... - Que possui natureza permanente... - Foi criado em julho de 1998... - Pela Conferência de Roma... - Foi efetivamente instalado... - Em 01/07/2002... - Possui atribuição para o julgamento de (Estatuto de Roma): - Crimes contra a humanidade... - Crimes de guerra... - Genocídio... - Agressão... - Porém... - Tal competência é supletiva... - Já que somente poderá julgar fatos ocorridos... - Após 01/07/2002 (data de sua instalação)... - Desde que o país onde tais fatos tenham ocorridos... - Não os tenha investigado/processado... - Não os pretenda investigar/processar... - Não reúna condições necessárias para investigar/processar... - Não se mostre imparcial para investigar/processar... - Sua criação foi uma tentativa de atender... - A uma antiga reivindicação dos principais países do mundo... - Consistente na existência de um Tribunal permanente... - Com atribuição para julgar os crimes de guerra... - Instituído antes de uma eventual guerra... - Evitando a criação de Tribunais post facto... - Como ocorreu no Tribunal de Nuremberg... - Criado após a 2º Guerra Mundial... - Para julgar os crimes cometidos pelos Nazistas... - Em uma espécie de “Justiça dos Vencedores”... EFICÁCIA DA SENTENÇA ESTRANGEIRA Artigo 105 da CRFB/88 – Compete ao Superior Tribunal de Justiça: I - processar e julgar, originariamente: i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias. Artigo 9º do CP – A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas consequências, pode ser homologada no Brasil para: I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis; II - sujeitá-lo a medida de segurança. Parágrafo único - A homologação depende: a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada; b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça. Homologação pelo STJ: - Antigamente... - A sentença penal estrangeira era homologada pelo STF... - Hoje... - A sentença penal estrangeira precisa ser homologada pelo STJ... - Artigo 105, Inciso I, Alínea “i”, da CRFB/88 (EMC 45/2004)... Efeitos: - Existem dois efeitos possíveis: A) Obrigar o Condenado a Reparar o Dano ou Restituir Outros Efeitos Civis: - Desde que a nossa lei preveja os mesmos efeitos para aquela situação... - Desde que haja requerimento do interessado... B) Sujeitar o Condenado à Medida de Segurança: - Desde que a nossa lei preveja os mesmos efeitos para aquela situação... - Desde que exista tratado de extradição com o país de origem... OU - Desde que exista requisição do Ministro da Justiça... CONTAGEM DE PRAZOS PENAIS Artigo 10 do CP – O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum. Prazos Penais: - Os prazos penais... - São todos aqueles capazes de interferir... - Diretamente ou Indiretamente... - No exercício do direito de punir... - Repercutindo na liberdade individual... - Que é direito individual assegurado pela Constituição... Termo Inicial: - O termo inicial (dies a quo) é computado... - O termo final (dies ad quem) é excluído... - Sendo assim... - Se o agente foi condenado a uma pena de 02 anos de prisão... - Com início de cumprimento em 14/09/2012... - A pena será integralmente cumprida... - No último minuto do dia 13/09/2014... Calendário Comum: - Os prazos penais serão contados pelo calendário comum... - Sendo assim... - Os meses e os anos terão tantos dias... - Quanto aqueles previstos no calendário... - Dessa forma, se o agente foi condenado a 01 ano de prisão... - Ficará recolhido por 365 ou 366 dias... - Dependendo do ano em que se execute o respectivo mandado... FRAÇÕES NÃO COMPUTÁVEIS DA PENA Artigo 11 – Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro. - As penas privativas de liberdade desprezam as frações de dia... - Sendo assim, não computamos as horas! - As penas restritivas de direito desprezam as frações de dia... - Sendo assim, não computamos as horas! - As penas pecuniárias descontam os centavos...PRINCÍPIO DA LEGALIDADE Artigo 5º, inciso XXXIX, CRFB/88: “Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal” Artigo 1º do Código Penal: “Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal” O Princípio da Legalidade é aquele que vincula... - A existência de crimes e de penas... - À existência de uma lei... Crimes = Delitos Infrações Penais Contravenções Sistema Dicotômico ou Bipartido Embora os dispositivos legais só mencionem crimes e penas... Podemos perceber que todos os ilícitos penais dependem de lei... Sendo assim, o Princípio da Legalidade se aplica a todas as questões penais... Tais como as medidas de segurança e as contravenções penais. LOGO... Temos uma vinculação que relaciona: Não há crime sem lei anterior que o defina... Não há contravenção penal sem lei anterior que a defina... Não há pena sem prévia cominação legal... Não há medida de segurança sem prévia cominação legal... O Princípio da Legalidade se desdobra em outros 03 (três) princípios: A) Princípio da Anterioridade: - Surge da necessidade da anterioridade da lei penal. - O agente só poderá ser punido por uma conduta (comissiva ou omissiva)... - Se a lei que proíbe a prática de tal conduta... - Tiver vigência em momento anterior ao da prática da conduta... - A vigência ocorrerá: - Se não houver vacatio legis: Com a publicação... - Se houver vacatio legis: Com o término do período de vacatio legis... Artigo 5º, inciso XL, CRFB/88:“A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu” - Sendo assim, podemos perceber que se ao invés de a lei proibir condutas... - A referida lei for mais benéfica para o agente de alguma forma... - Ela poderá retroagir e ser aplicada antes mesmo do início de sua vigência... B) Princípio da Taxatividade: - A lei penal deve ser certa... - A lei penal deve ser taxativa... - Não se admite a incriminação através de tipos penais vagos... - Os tipos penais têm que ser fechados... - O agente não pode ficar ao alvitre do intérprete... - Podemos citar alguns exemplos em que a taxatividade é violada... Artigo 9º da Lei de Segurança Nacional (Lei n.º 7.170/83): “Tentar submeter o território nacional, ou parte dele, ao domínio ou à soberania de outro país”. Como seria possível fazê-lo? Como alguém teria que praticar esta conduta? O que significa tentar submeter o território nacional à soberania de outro país? Quais são os requisitos para que este crime seja considerado praticado? Existem muitas dúvidas... E é difícil sabermos o que o legislador quer proteger efetivamente... C) Princípio da Reserva Legal: - Somente lei em sentido formal (lei ordinária ou lei complementar)... - Pode incriminar condutas e agravar situações... - Logo... Não é possível incriminar condutas e agravar situações... - Através de outras espécies legislativas... - Podemos citar as Medidas Provisórias... - Podemos citar os Decretos... MEDIDAS PROVISÓRIAS - Podemos citar a proibição de adoção de medidas provisórias... - Para incriminar condutas e agravar situações... - A base legal está no artigo 62, parágrafo primeiro, inciso I, alínea “b”, da CRFB/88: Parágrafo Primeiro: “É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:” Inciso I: “Relativa a:” Alínea “b”: “Direito Penal, Processual Penal e Processual Civil” - Mas esta vedação não é absoluta... - Pois podemos ter medidas provisórias para beneficiar o agente... EXEMPLO: Estatuto do Desarmamento... - Tivemos várias MP’s para trazer situações de: - Atipicidade Temporária - Vacatio Legis Indireta - Abolitio Criminis Temporária ANALOGIA A analogia não pode ser utilizada em prejuízo do réu... A analogia pode ser utilizada em benefício do réu... - A analogia é um processo integrativo... - Ocorre quando o intérprete aplica uma norma de um caso... - Para sanar o problema de um outro caso semelhante... Exemplo de analogia in malam partem (proibida): - Considerar o “desvio de sinal de tv a cabo”... - Como “furto de energia”... - O artigo 155, parágrafo terceiro, do Código Penal... - Trata do crime de “furto de energia”... Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: § 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico. - Sendo assim, a ampliação do conceito de “energia” para englobar o “sinal de tv a cabo”... - Constitui analogia in malam partem... - E não pode ser admitida pelo direito. Exemplo de analogia in malam partem (proibida): - Considerar o “companheiro”... - Como causa de aumento de pena do crime de “abandono de incapaz”... - O artigo 133, parágrafo terceiro, do Código Penal... - Trata das causas de aumento de pena no crime de “abandono de incapaz”... Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono: § 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terço: I - se o abandono ocorre em lugar ermo; II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima. - Sendo assim, a ampliação do conceito de “cônjuge” para englobar o “companheiro”... - Constitui analogia in malam partem... - E não pode ser admitida pelo direito. Exemplo de analogia in bonam partem (permitida): - Aplicar as medidas protetivas da Lei Maria da Penha (Lei n.º 11.340/2006)... - Para proteger o homem que foi vítima de agressão... INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA A interpretação analógica pode ser utilizada em prejuízo do réu... A interpretação analógica pode ser utilizada em benefício do réu... - A interpretação analógica é um processo interpretativo... - Ocorre quando a própria lei determina um padrão a ser seguido... - Apresentando uma fórmula casuística... - Apresentando uma fórmula genérica... - O legislador não foi capaz de prever todas as situações que poderiam ocorrer na sociedade... - Sendo assim, ele permitiu a utilização de um recurso... - Que também amplia o alcance da norma penal... - Conhecido como interpretação analógica... - O código detalha todas as situações que quer regular (com base no princípio da legalidade)... + - O código permite que tudo aquilo que for semelhante seja abrangido no mesmo artigo... Podemos citar o exemplo do artigo 121, parágrafo segundo, inciso III, do Código Penal: “§ 2° Se o homicídio é cometido: III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum”. Podemos citar o exemplo do artigo 71 do Código Penal: “Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes (...)”. ANALOGIA x INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA A analogia e a interpretação analógica são institutos diferentes e não podem ser confundidos... ANALOGIA: - É um processo integrativo. - O intérprete decide aplicar aquela norma a um caso semelhante. - Tal atitude gera violação ao princípio da legalidade (se for para prejudicar o réu). INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA: - É um processo interpretativo. - A própria lei determina que se amplie o seu conteúdo ou alcance. - Tal atitude não gera violação ao princípio da legalidade. NORMA PENAL EM BRANCO (PRIMARIAMENTE REMETIDAS) - Alguns doutrinadores afirmam que as normas penais em branco... - Ferem o princípioda legalidade... - O que seriam as “normas penais em branco”? - Para que possamos entender as “normas penais em branco”... - Precisamos saber o que significa “preceito primário” e “preceito secundário”... PRECEITO PRIMÁRIO (preceptum iuris): - Possui a função de fazer a descrição detalhada e perfeita... - Da conduta que se procura proibir (proibitiva) ou impor (mandamental)... PRECEITO SECUNDÁRIO (sanctio iuris): - Possui a tarefa de individualizar a pena... - Através de sua cominação em abstrato... - As normas penais em branco ou primariamente remetidas são aquelas em que: HÁ A NECESSIDADE DE COMPLEMENTAÇÃO PARA QUE SE POSSA COMPREENDER O ÂMBITO DE APLICAÇÃO DE SEU PRECEITO PRIMÁRIO - É necessário extrair um complemento de outra norma... - Para que seja possível compreender o seu efetivo âmbito de incidência... - Pode ser de dois tipos: HOMOGÊNEAS HETEROGÊNEAS IMPRÓPRIAS PRÓPRIAS EM SENTIDO AMPLO EM SENTIDO ESTRITO A) NORMAS PENAIS EM BRANCO: (HOMOGÊNEAS) (IMPRÓPRIAS) (EM SENTIDO AMPLO) - O seu complemento é oriundo da mesma fonte legislativa... - Artigo 237 do Código Penal E Artigo 1.521, incisos I a VII do CC/2002: (Ambas são provenientes do Congresso Nacional) Art. 237 do Código Penal - Contrair casamento, conhecendo a existência de impedimento que lhe cause a nulidade absoluta: Pena - detenção, de três meses a um ano. Art. 1.521 do CC/2002 – Não podem casar: I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil; II - os afins em linha reta; III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante; IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive; V - o adotado com o filho do adotante; VI - as pessoas casadas; VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte. -----/----- Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302: Pena - a cominada à falsificação ou à alteração. B) NORMAS PENAIS EM BANCO: (HETEROGÊNEAS) (PRÓPRIAS) (EM SENTIDO ESTRITO) - O seu complemento é oriundo de fonte legislativa diversa... - Artigo 28 da Lei n.º 11.343/2006 E Portaria 344/98 da ANVISA: (A Lei n.º 11.343/2006 é oriunda do Congresso Nacional) (Poder Legislativo) (A Portaria 344/98 da ANVISA é oriunda de uma Autarquia) (Poder Executivo) Artigo 28 – Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas: I - advertência sobre os efeitos das drogas; II - prestação de serviços à comunidade; III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. § 1o Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar dependência física ou psíquica. § 2o Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do agente. § 3o As penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 5 (cinco) meses. § 4o Em caso de reincidência, as penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 10 (dez) meses. § 5o A prestação de serviços à comunidade será cumprida em programas comunitários, entidades educacionais ou assistenciais, hospitais, estabelecimentos congêneres, públicos ou privados sem fins lucrativos, que se ocupem, preferencialmente, da prevenção do consumo ou da recuperação de usuários e dependentes de drogas. § 6o Para garantia do cumprimento das medidas educativas a que se refere o caput, nos incisos I, II e III, a que injustificadamente se recuse o agente, poderá o juiz submetê-lo, sucessivamente a: I - admoestação verbal. II - multa. 1º CORRENTE: Rogério Greco Nilo Batista Eugenio Raúl Zaffaroni Alejando Alagia Alejandro Slokar - Há inconstitucionalidade quando a norma penal em branco heterogênea... - Busca a sua complementação em outro diploma... - Sem capacidade constitucional para tratar da matéria... - É o exemplo clássico do artigo 28 da Lei n.º 11.343/2006. 2º CORRENTE: Majoritária - O STF e o STJ entendem... - Que não há ofensa ao princípio da legalidade... - Quando a norma penal em branco heterogênea... - Preenche dois requisitos: 1) Deve haver previsão do núcleo essencial da conduta incriminada 2) Deve haver previsão expressa do procedimento de integração da lacuna RELAÇÃO DE CAUSALIDADE - O Nexo de Causalidade é justamente a ponte... - Que une a CONDUTA ao RESULTADO. - Porém, nem todos os crimes exigem a ocorrência do resultado para consumar... - Exemplo: Crimes Formais... - Exemplo: Crimes de Mera Conduta... - Artigo 13 do Código Penal: “O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido”. 1º Conclusão: - O Nexo de Causalidade só está presente nos CRIMES MATERIAIS... - Que são aqueles crimes que dependem da ocorrência do resultado para consumar... 2º Conclusão: - A teoria adotada pelo Código Penal é chamada de: 1) TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS ANTECEDENTES CAUSAIS TEORIA DA CONDITIO SINE QUA NON. (Foi adotada pelo artigo 13 do Código Penal) - Sendo assim... - Todos os fatos que antecederam ao resultado se equivalem... - Desde que indispensáveis à sua ocorrência... - Sendo considerados causa do resultado. - Para verificarmos se o fato antecedente deu causa ao resultado... - Basta aplicarmos um processo teórico denominado... - Processo Hipotético de Eliminação de Thyrén... a) Supressão mental do fato em análise; b) Verificar se mesmo assim houve aquele resultado; c) SIM - Não há relação de causalidade. d) NÃO - Há relação de causalidade. - Contudo, a teoria em estudo possui duas falhas grotescas: (i) Teremos uma regressão ad infinitum, tendo em vista que praticamente tudo poderá ser considerado causa de um determinado resultado. Podemos citar o exemplo da mãe do assassino! Se ela não tivesse tido o seu filho, ele não teria sido assassino (pois não teria nascido) e, com isso, o crime não ocorreria. Da mesma forma, se o fabricante de armas não tivesse produzido a pistola, a mesma não teria sido adquirida pelo assassino e o crime não teria ocorrido. Por tudo isso, podemos perceber que a referida teoria gera uma responsabilização penal infinita. (ii) Não conseguiremos definir a causa nas situações de causalidade cumulativa, que são os fatos que, isoladamente, teriam plenas condições de produzi-lo. Sendo assim, se “a” e “b” ministram, de forma independente, uma dose mortal de veneno a “c”, na mesma comida, não teremos como saber quem foi o responsável pela morte de “c”. Se suprimirmos mentalmente a conduta de “a”, mesmo assim o resultado terá ocorrido. Por outro lado, se suprimirmos mentalmente a conduta de “b”, ainda assim o resultado terá ocorrido. 2) TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA (Não foi adotada pelo Código Penal) (Trata-sede crítica e tentativa de aperfeiçoamento proposta pela doutrina) ANÁLISE DO DOLO OU CULPA - Deve ser analisado se houve dolo ou culpa na conduta do agente... - Artigo 13 do Código Penal: “O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão DOLOSA OU CULPOSA sem a qual o resultado não teria ocorrido”. + PROPORCIONALIDADE: - Deve ser analisado se houve uma proporcionalidade... - Entre a conduta e o resultado... - Artigo 13 do Código Penal: “O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão DOLOSA OU CULPOSA sem a qual o resultado não teria ocorrido DA MANEIRA COMO OCORREU”. - Exemplo (Rogério Greco): - 02 caipiras picando fumo discutiram... - E um deles pegou o canivete e espetou o amigo... - Que acabou morrendo de tétano... - A conduta foi dolosa! - Mas há uma grande desproporção entre a conduta e o resultado... - Sendo assim, o resultado não é adequado à conduta do agente... - Exemplo: - Uma represa estava no limite de sua capacidade... - E o sujeito utilizou um conta-gotas para jogar uma gota de água na represa... - O que fez com que o reservatório arrebentasse e inundasse toda a cidade... - A conduta foi dolosa! - Mas há uma grande desproporção entre a conduta e o resultado... - Sendo assim, o resultado não é adequado à conduta do agente... TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA - A Teoria da Imputação Objetiva... - Funciona como uma critica às 02 teorias anteriores... - Critica a Teoria da Conditio Sine Qua Non ou Equivalência dos Antecedentes Causais. - Critica a Teoria da Causalidade Adequada (Dolo ou Culpa + Proporcionalidade). - Exemplo: - Podemos imaginar um sujeito que está aguardando para atravessar a Av. das Américas... - E está distraído ouvindo música nas proximidades do semáforo... - O sujeito não presta atenção e acaba se colocando muito perto da rua... - E um ônibus está vindo em sua direção... - Uma terceira pessoa percebe o fato e empurra o sujeito pra calçada para salvá-lo... - Mas ao cair o sujeito quebra o braço... - Teoria da Conditio Sine Qua Non ou Equivalência dos Antecedentes Causais: - O agente que empurrou o sujeito deu causa ao resultado... - Teoria da Causalidade Adequada (Dolo ou Culpa): - O agente que empurrou o sujeito agiu dolosamente... - Teoria da Causalidade Adequada (Proporcionalidade): - O resultado produzido pelo agente foi proporcional à sua conduta... - A Teoria da Imputação Objetiva... - Após reconhecer a relação de causalidade no aspecto mecânico/físico/natural... - Leva a discussão para o plano jurídico/normativo... - Para verificar se é possível imputar o objetivamente o resultado... - Antes de fazer a imputação subjetiva (dolo ou culpa + proporcionalidade)... - Sendo assim... - Agiremos da seguinte forma: A) Teoria da Conditio Sine Qua Non ou Equivalência dos Antecedentes Causais: B) Teoria da Imputação Objetiva C) Teoria da Causalidade Adequada (Dolo ou Culpa): D) Teoria da Causalidade Adequada (Proporcionalidade): VERTENTES DE ABORDAGEM DA TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA CLAUS ROXIN GÜNTHER JAKOBS CLAUS ROXIN - Trabalha com o Princípio do Risco: - Dentro desta realidade... - Temos que verificar se aquele comportamento... A) REDUZIU O RISCO DE UM DANO MAIOR... - O agente joga a vítima contra o chão para evitar que a mesma seja atropelada... - Porém, a vítima sofre lesões corporais ao se chocar contra o chão... - Logo, a conduta do agente reduziu o risco de um dano maior... OU B) NÃO AUMENTOU O RISCO DE UM DANO: - O agente é um empresário e fabrica pincéis com pelos de cabra... - Tais pelos deveriam ter sido esterilizados adequadamente por causa de bactérias... - Mas o agente esqueceu de esterilizá-los e os funcionários morreram com a bactéria... - Contudo, a perícia percebeu que aquela bactéria em especial era muito resistente... - E teria sobrevivido a quaisquer dos níveis de esterilização existentes no mercado... - Sendo assim, os funcionários teriam morrido independente da esterilização... - Logo, a conduta do agente não aumentou o risco de um dano... OU C) NÃO CRIOU UM RISCO RELEVANTE - O sobrinho queria ficar com o dinheiro do tio rico... - E por isso desejava a sua morte... - Daí, este agente estudou as estatísticas de acidentes aéreos... - E percebeu que havia muitos acidentes na região do Triângulo das Bermudas... - Sendo assim, o agente deu um pacote turístico para aquela região do caribe... - E o tio veio a morrer em um acidente de avião... - Mas o avião é um meio de transporte aceito em nossa sociedade... - Logo, a conduta do agente não criou um risco relevante... OU D) AUTOCOLOCAÇÃO/HETEROCOLOCAÇÃO EM RISCO: - O próprio agente se coloca em risco... - Podemos citar o trote de faculdade em que todos foram jogados na piscina... - Mas um dos alunos jogados acabou morrendo por afogamento... - Porque estava completamente drogado e mal tinha condições de se mover... - O próprio agente que vai para a festa nesse estado se coloca em riso... CONCAUSAS Além disso, há casos em que temos mais de uma causa produzindo o resultado... É o que vamos estudar no parágrafo primeiro do artigo 13 do CP: Artigo 13, parágrafo primeiro, Código Penal: “A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou”. A) O que é causa superveniente? É aquela que vem depois... Mas depois do que? Depois da causa que estou estudando... Precisamos sempre fixar um ponto de referência! O que eu quero analisar é a conduta do agente, pois quero saber se tal conduta deu causa ao resultado. Sendo assim, a causa superveniente vai ser aquela causa que veio depois da conduta do agente. Exemplo: atirei em alguém com o dolo de matar. Porém, logo depois a pessoa foi socorrida e foi levada de ambulância para o hospital. Contudo, a ambulância sofreu um acidente e a pessoa morreu de traumatismo craniano. Essa causa “acidente” é superveniente em relação à causa “disparos de arma de fogo”. A outra causa pode ser: Preexistente: Ocorreu antes da conduta do agente Concomitante: Ocorreu ao mesmo tempo que a conduta do agente Superveniente: Ocorreu depois da conduta do agente B) O que é causa relativamente independente? A independência relativa significa que as causas possuem alguma ligação. Elas podem ser absolutamente independentes ou relativamente independentes. No primeiro caso, não há qualquer relação entre elas. No segundo caso, há relação entre as mesmas. Causa Absolutamente Independente: É aquela causa que teria acontecido, vindo a produzir o resultado, mesmo se não tivesse havido qualquer conduta por parte do agente. Causa Relativamente Independente: Diz-se relativamente independente a causa que somente tem a possibilidade de produzir o resultado se for conjugada com a conduta do agente. PREEXISTENTE ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTE Tentativa CONCOMITANTE ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTE Tentativa SUPERVENIENTE ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTE Tentativa X PREEXISTENTE RELATIVAMENTE INDEPENDENTE Resultado CONCOMITANTE RELATIVAMENTE INDEPENDENTE Resultado SUPERVENIENTE RELATIVAMENTE INDEPENDENTE Depende Artigo 13, parágrafo primeiro, Código Penal: “A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem ospraticou”. Tenho que checar se a causa superveniente + relativamente independente: “POR SI SÓ PRODUZIU O RESULTADO” “POR SI SÓ NÃO PRODUZIU O RESULTADO” Se ela produziu o resultado por si só: TENTATIVA Atirei na pessoa com o dolo de matar. Porém, esta pessoa foi levada para o hospital, vindo a falecer no caminho, em decorrência de um acidente com a ambulância. Ora, quem é baleado morre em decorrência de acidente de trânsito? Não! Sendo assim, o acidente foi capaz de produzir o resultado morte por si só. Responde por tentativa de homicídio. “O resultado fugiu do desdobramento natural da conduta do agente” Se ela não produziu o resultado por si só: RESULTADO (CONSUMADO) Atirei na pessoa com o dolo de matar. Porém, esta pessoa foi levada para o hospital, vindo a falecer alguns dias depois, em virtude de infecção hospitalar. Ora, quem é baleado por vir a morrer em função de infecção hospitalar, durante o tratamento das lesões? Sim! Sendo assim, a infecção hospitalar não seria capaz de produzir o resultado morte por si só. Responde por homicídio consumado. “O resultado é um desdobramento natural, físico e anatomopatológico da conduta do agente”. (Montalbano). QUESTÃO 01 – CESPE – 2011 – TJPB – JUIZ A respeito da relação de causalidade, assinale a opção correta: a) Considere que Márcia, com intenção homicida, apunhale as costas de Sueli, a qual, conduzida imediatamente ao hospital, faleça em consequência de infecção hospitalar, durante o tratamento dos ferimentos provocados com o punhal. Nesse caso, Márcia responderá por tentativa de homicídio. - Trata-se de causa superveniente relativamente independente... 1) Fixar o ponto de partida: - Será o agente que o examinador quer saber se responde pelo fato... - Sendo assim, o ponto de partida será a conduta de Márcia 2) Verificar se a outra causa é preexistente ou concomitante ou superveniente: - A infecção hospitalar aconteceu depois da conduta de Márcia... - Sendo assim, a outra causa é superveniente... 3) Verificar se as causas são absolutamente ou relativamente independentes: - A vítima só foi ao hospital e pegou infecção hospitalar porque havia sido ferida... - As causas são relativamente independentes 4) Aplicar na Tabela: - Percebemos que estamos diante de uma... - Superveniência de Causa Relativamente Independente... A) POR SI SÓ PRODUZ O RESULTADO: - Tentativa B) POR SI SÓ NÃO PRODUZ O RESULTADO: - Resultado (Consumado) - Neste exemplo... - A nova causa por si só NÃO PRODUZ o resultado... - De acordo com a jurisprudência... - Sendo assim... - Márcia responderá pelo resultado (homicídio consumado). b) O nexo causal consiste em mera constatação acerca da existência de relação entre conduta e resultado, tendendo a sua verificação apenas às leis da física, mais especificamente, da causa e do efeito, razão pela qual a sua aferição independe de qualquer apreciação jurídica, como a verificação da existência de dolo ou culpa por parte do agente. - A assertiva está correta e traduz a teoria adotada pelo artigo 13 do Código Penal... - Teoria da Conditio Sine Qua Non ou Teoria da Equivalência dos Antecedentes Causais... - A Teoria da Causalidade Adequada (Dolo ou Culpa + Proporcionalidade)... - Não foi adotada pelo Código Penal e representa crítica doutrinária... c) Suponha que Jean, pretendendo matar seu desafeto Rui, tenha-lhe desferido dois tiros, que, apesar de atingirem a vítima, não tenham sido a causa da morte de Rui, que faleceu em decorrência do fato de ter ingerido veneno, de forma voluntária, dez minutos antes dos disparos. Nesse caso, Jean não responderá por nenhuma conduta típica. - Trata-se de causa preexistente absolutamente independente... 1) Fixar o ponto de partida: - Será o agente que o examinador quer saber se responde pelo fato... - Sendo assim, o ponto de partida será a conduta de Jean... 2) Verificar se a outra causa é preexistente ou concomitante ou superveniente: - A ingestão de veneno aconteceu antes da conduta de Jean... - Sendo assim, a outra causa é preexistente... 3) Verificar se as causas são absolutamente ou relativamente independentes: - A vítima teria morrido pela ingestão de veneno independentemente dos tiros... - Sendo assim, as causas não guardam qualquer relação entre si... - Estamos diante de causas absolutamente independentes... 4) Aplicar na Tabela: - Percebemos que estamos diante de uma... - Causa Preexistente Absolutamente Independente... - Logo, Jean deverá responder pela tentativa de homicídio... d) Considere que a residência de Sara, idosa com setenta e cinco anos de idade, seja invadida por um assaltante, e Sara, assustada, sofra um ataque cardíaco e morra em seguida. Nesse caso, considerando-se o fato de a vítima ser idosa e o de que o agente tivesse conhecimento dessa condição, o ataque cardíaco será uma causa concomitante e relativamente independente à ação do agente, que responderá por tentativa de homicídio. - Trata-se de causa concomitante relativamente independente... 1) Fixar o ponto de partida: - Será o agente que o examinador quer saber se responde pelo fato... - Sendo assim, o ponto de partida será a conduta do assaltante... 2) Verificar se a outra causa é preexistente ou concomitante ou superveniente: - O ataque cardíaco ocorreu durante a invasão do assaltante... - Sendo assim, a outra causa é concomitante... 3) Verificar se as causas são absolutamente ou relativamente independentes: - A vítima morreu de ataque cardíaco em razão do susto... - E o agente tinha pleno conhecimento das particularidades/condições da vítima... - O que faz com que o resultado seja considerado previsível... - Sendo assim, estamos diante de causas relativamente independentes... 4) Aplicar na Tabela: - Percebemos que estamos diante de uma... - Causa Concomitante Relativamente Independente... - Logo, o assaltante deverá responder pelo resultado (homicídio culposo)... e) Suponha que Mara, com intenção homicida, desfira dois tiros em Fábio e que, por má pontaria, acerte apenas o braço da vítima, a qual, conduzida ao hospital, faleça em consequência de um desabamento. Nesse caso, Mara deverá responder por homicídio doloso consumado. - Trata-se de causa superveniente relativamente independente... 1) Fixar o ponto de partida: - Será o agente que o examinador quer saber se responde pelo fato... - Sendo assim, o ponto de partida será a conduta de Mara... 2) Verificar se a outra causa é preexistente ou concomitante ou superveniente: - O desabamento ocorreu depois da conduta de Mara... - Sendo assim, a outra causa é superveniente... 3) Verificar se as causas são absolutamente ou relativamente independentes: - A vítima só foi ao hospital e morreu no desabamento porque havia sido ferida... - As causas são relativamente independentes 4) Aplicar na Tabela: - Percebemos que estamos diante de uma... - Superveniência de Causa Relativamente Independente... A) POR SI SÓ PRODUZ O RESULTADO: - Tentativa B) POR SI SÓ NÃO PRODUZ O RESULTADO: - Resultado (Consumado) - Neste exemplo... - A nova causa por si só PRODUZ o resultado... - Sendo assim... - Mara responderá pela tentativa. QUESTÃO 02 – PUC/PR – 2011 – TJRO – JUIZ A prática do crime e seu resultado lesivo exigem a relação de causalidade, tema de grande relevância para a questão da imputabilidade penal. Dado o enunciado, marque a única alternativa CORRETA. a) O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa, sendo esta considerada como a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. b) A superveniência de causa relativamente independente não exclui a imputação quando esta, por sisó, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. c) A omissão é penalmente irrelevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. d) A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; no entanto, os fatos anteriormente praticados são desconsiderados pela legislação penal. e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta. RELEVÂNCIA DA OMISSÃO Comissivo ou Omissivo: - O tipo penal incriminador descreve a conduta através de um verbo. - Esse verbo pode ser uma ação ou uma omissão: AÇÃO Crime Comissivo VERBO DO TIPO OMISSÃO Crime Omissivo Próprio - Os tipos penais mistos são aqueles que possuem verbos relacionados a uma ação e a uma omissão. Nesses casos, não teremos nenhum problema, uma vez que o crime será considerado comissivo (no tocante aos verbos de ação) e omissivo próprio (no tocante aos verbos de omissão). Exemplo: Artigo 299 do Código Penal (Falsidade Ideológica): “Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante”. Exemplo: Artigo 330 do Código Penal (Desobediência): “Desobedecer a ordem legal de funcionário público”. Um único verbo e pode ser comissivo ou omissivo próprio! - Porém, o legislador percebeu que em algumas situações particulares, seria possível que o agente praticasse uma omissão e com isso tivesse um crime comissivo. Sendo assim, o legislador foi obrigado a dar um tratamento diferenciado para estes crimes, fazendo com que tais condutas omissivas fossem tratadas como comissivas. São os crimes omissivos impróprios ou comissivos por omissão! Artigo 13, parágrafo segundo, do Código Penal: “A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: a) Tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; b) De outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; c) Com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.” Devemos interpretar este artigo, como o crime praticado pelo AGENTE GARANTIDOR, que é aquele agente que tem o dever de evitar o resultado. Sendo assim, quando ele se omite (omissão), é como se ele tivesse praticado uma conduta comissiva (ação). - Quem é que DEVE agir? a) Tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância: É o caso do agente que tem, por lei, o dever legal de evitar o resultado indesejado. Exemplo: policial, bombeiro, pais em relação aos filhos menores... b) De outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado: A doutrina mais antiga falava em contrato. Porém, o entendimento atual é no sentido de que não se precisa de um contrato e sim de qualquer ato (formal ou informal) tendente a criar a responsabilidade de evitar a superveniência do resultado. Exemplo: babá, pessoa que toma conta do meu filho na praia enquanto vou até o mar, pai do amigo do meu filho que se compromete a levar o meu filho e o amigo dele no parque de diversões,... c) Com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado: É o caso daquele que, com a sua conduta anterior, cria uma situação de risco para o bem jurídico. Caso isso aconteça, ele deverá fazer algo, para evitar que o resultado ocorra. Se nada for feito, ele será responsabilizado pelo resultado. A professora Sheila Bierrenbach dispõe que essa conduta anterior tem que ser ilícita, porém este entendimento é minoritário. Sendo assim, podemos considerar tal conduta como lícita ou ilícita. Exemplo: jogar alguém bêbado na piscina (se a pessoa começar a se afogar, tenho que pular na água e salvá-la, sob pena de responder por homicídio culposo). Exemplo: quebrei a janela da loja do meu patrão, porque fiquei com raiva, pelo fato de ele ter me demitido. Sendo assim, vou ficar escondido atrás da árvore, para que ele chegue de manhã e fiquei irritado, ao ver a vidraça quebrada (se surgirem meliantes e começarem a subtrair itens de dentro da loja, me transformei em agente garantidor e passo a ficar obrigado a impedir que o resultado ocorra, sob pena de responder por ele). Exemplo: O policial vê um meliante roubando uma determinada pessoa. Porém, este policial percebe que tal pessoa é o seu desafeto e decide não tomar nenhuma atitude, para que seu inimigo possa ser roubado (se o roubo ocorrer, o policial responderá pelo crime de roubo, na qualidade de agente garantidor). Exemplo: chamar uma pessoa, que eu sei que nada muito mal, para atravessar comigo a nado a baía de Guanabara (se a pessoa começar a se afogar, tenho que salvá-la, sob pena de responder por homicídio culposo). Note, que neste último exemplo, eu não posso ter dito que “se algo der errado eu te ajudo”, porque se tal conduta fosse efetuada, não estaríamos na alínea “c” (ingerência) e sim na alínea “b” (assunção voluntária da obrigação). - Quem é que PODE agir? Poder agir é a possibilidade real de fazer algo, para impedir que o resultado ocorra. Lembrem do exemplo de sala de aula... “Eu não tenho vida de vídeo-game”. - Devemos atentar para o fato de que se o agente DEVE e PODE agir, porém nada faz, temos o crime comissivo por omissão. Daí, o agente garantidor responderá pelo resultado, a título de dolo ou de culpa: Se o crime foi CULPOSO, ele responderá por CULPA! Se o crime for DOLOSO, ele responderá por DOLO! - Posso ter um crime omissivo próprio praticado por comissão? Vamos recapitular: Tenho o crime COMISSIVO: - Praticado por ação Tenho o crime OMISSIVO PRÓPRIO: - Praticado por omissão Tenho o crime OMISSIVO IMPRÓPRIO OU COMISSIVO POR OMISSÃO: - Agente Garantidor Posso ter o crime OMISSIVO PRÓPRIO POR COMISSÃO? Sim! São as hipóteses de AUTORIA MEDIATA! Vamos estudar mais a frente! DOLO E CULPA Vejamos o artigo 18 do Código Penal: “Diz-se o crime: I – doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo; II – culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. Parágrafo Único: Salvo os casos expressos em lei, ninguém poderá ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente”. 1º GRAU DIRETO 2º GRAU Artigo 18, I, CP: DOLO ALTERNATIVO INDIRETO EVENTUAL “(...) quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo”. QUIS O RESULTADO Teoria da Vontade Dolo Direto ASSUMIU O RISCO DE PRODUZI-LO Teoria do Assentimento Teoria do Consentimento Assunção do Resultado Dolo Eventual - DOLO: Vontade livre e consciente dirigida a realizar ou a aceitar realizar a conduta prevista no tipo penal incriminador. O dolo não é a vontade de praticar um crime e sim a vontade de realizar uma conduta. - DOLO DIRETO: Vontade livre e consciente dirigida a realizar a conduta prevista no tipo penal incriminador. - 1º GRAU: Vontade de realizar o objetivo principal daquela conduta. Exemplo: Eu quero matar fulano e dou um tiro nele. - 2º GRAU: Vontade de realizar qualquer outro resultado necessário para alcançar o objetivo principal. A doutrina fala que são as consequências necessárias do crime. Exemplo: Eu quero matar fulano e ele está entrando no avião.Eu coloco uma bomba no avião e consigo matar ele. Porém, a bomba no avião vai gerar outras consequências necessárias para esse crime, que é a morte de todos os outros passageiros. Note, que eu queria a morte de fulano (dolo direto de 1º grau). Contudo, eu já sabia que a bomba no avião também geraria a morte de todas as outras pessoas que estavam no mesmo ambiente que ele (dolo direto de 2º grau). O Dolo Direto de 2º Grau se diferencia do Dolo Eventual, pelo fato de que no dolo direto de 2º grau os resultados são CERTOS. Por sua vez, no dolo eventual, os resultados possíveis e assumidos pelo agente NÃO SÃO CERTOS. - DOLO INDIRETO: Pode ser alternativo ou eventual. - DOLO ALTERNATIVO: O agente prevê uma pluralidade de resultados possíveis para a conduta que vai praticar e a dirige à realização de qualquer um destes resultados. Para o agente, qualquer resultado possível é válido, sendo indiferente para ele. Exemplo: o agente bate muito na vítima e tanto faz se vai matá-la ou gerar lesões corporais. É o dolo objetivamente alternativo. A doutrina moderna afirma que o dolo alternativo também pode ocorrer sob o aspecto subjetivo, na ocasião em que o agente prevê uma pluralidade de vítimas e dirige a conduta a atingir qualquer uma delas. Nesse caso, estaríamos diante do dolo subjetivamente alternativo. DOLO OBJETIVAMENTE ALTERNATIVO (Doutrina Clássica) A escolha é sobre o crime DOLO ALTERNATIVO DOLO SUBJETIVAMENTE ALTERNATIVO (Doutrina Moderna) A escolha é sobre a vítima O agente prevê uma pluralidade de resultados possíveis para a sua conduta. O agente dirige a sua ação ou omissão para a realização de qualquer uma delas. - DOLO EVENTUAL: O agente prevê uma pluralidade de resultados, dirigindo a sua conduta à realização de um dele, mas aceitando a realização de um outro resultado por ele não desejado. Temos um binômio essencial: 1º Elemento Necessário: Previsão efetiva de que o outro resultado pode ocorrer 2º Elemento Necessário: Aceitar ou se conformar com a realização deste resultado (Teoria do Assentimento ou Consentimento) DOLO ALTERNATIVO ≠ DOLO EVENTUAL No dolo alternativo, o agente prevê vários resultados e quer qualquer um deles. No dolo eventual, o agente prevê vários resultados e quer apenas um deles. Porém, ele aceita ou se conforma com o risco de superveniência do outro resultado. INCONSCIENTE – Não prevê o previsível Artigo 18, II, CP: CULPA CONSCIENTE – Prevê o previsível “(...) o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia”. A Culpa consiste em uma conduta voluntária, que realiza um fato típico não querido pelo agente, mas que foi por ele previsto (culpa consciente) ou que não foi previsto mas era previsível (culpa inconsciente), caso o mesmo tivesse adotado os deveres objetivos de cuidado. Este conceito foi retirado do artigo 33 do Código Penal Militar. O crime culposo consiste, tradicionalmente, na inobservância de um dever objetivo de cuidado, em situações nas quais o resultado era previsível. Sendo assim, teremos os seguintes elementos: IMPRUDÊNCIA NEGLIGÊNCIA Precisa de apenas um destes elementos IMPERÍCIA CULPA + RESULTADO NATURALÍSTICO (Regra) + PREVISIBILIDADE OBJETIVA - A lei exige a inobservância de um dever objetivo de cuidado, que pode ocorrer através da imprudência, da negligência ou da imperícia. Imprudência: Está relacionada a uma ação! Exemplo: correr com o carro. Negligência: Está relacionada a uma omissão! Exemplo: não trocar a pastilha de freio do carro. Imperícia: Está relacionada a um caráter técnico! Exemplo: inobservância de deveres técnicos no desenvolvimento de uma arte, um ofício, uma profissão. Esse crime só poderá ser praticado por aquele profissional, que tem o dever de dominar aquelas técnicas. - A nossa doutrina vai afirmar que o crime culposo tem que ser material, o que significa que precisamos da superveniência de um resultado, para que seja atingida a consumação. Nesse sentido, se a conduta imprudente, negligente ou imperita não gerar resultado naturalístico, não teremos condições de imputar a conduta culposa ao agente, pelo fato de a mesma não ter gerado lesão a um bem jurídico. Tem que ocorrer aquilo que Zaffaroni e Pierangeli chamam de “componente de azar”, que é justamente a ocorrência do resultado. Porém, há algumas exceções em que o crime culposo se consuma, mesmo sem a ocorrência de um resultado naturalístico: Exceção I: Artigo 13 da Lei n.º 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento): “Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de sua propriedade”. Exceção II: Artigo 38 da Lei n.º 11.343/2006 (Lei Anti-Drogas): “Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas necessite o paciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar”. - A doutrina também afirma que é necessária a previsibilidade objetiva, para que possamos falar em crime culposo. Ora, o que seria isso? A previsibilidade objetiva é a capacidade do homem médio de prever aquele resultado. O homem médio é o homem de discernimento comum, que possui um padrão mediano de cuidado e atenção, sendo considerado o homem teoricamente comum da sociedade, que observa os deveres objetivos de cuidado na sua vida. Nesse sentido, para que o crime possa ser punido a título de culpa, é necessário que o agente tenha condições de prever que aquele resultado pode acontecer. Exemplo: eu estou treinando tiro ao alvo em uma ilha completamente deserta, sem nenhuma embarcação em volta e totalmente solitário. Porém, de repente, acerto um tiro na cabeça de um mergulhador, que se levanta na frente do meu alvo. Por mais absurdo que este exemplo vem a ser, ele demonstra a questão da previsibilidade objetiva. Seria possível, para mim, prever que surgiria um mergulhador em uma ilha deserta? A resposta só pode ser negativa! Sendo assim, não havia previsibilidade objetiva na minha conduta e a mesma deveria ser considerada atípica, já que eu não agi com imprudência, negligência ou imperícia. Note, que o agente não precisa prever o resultado! Ele precisa, apenas, ter a possibilidade de prever a ocorrência do resultado, para que possamos ter a culpa inconsciente (o agente não previu o resultado previsível).Resumidamente, podemos dizer que se o resultado era imprevisível, ele não poderia ser atribuído ao agente, nem a título de culpa, sendo o fato atípico. ATENÇÃO: A doutrina minoritária e garantista dispõe que a previsibilidade a ser estudada é a subjetiva, que não diz respeito ao homem médio e sim ao próprio agente. Aquele agente, naquelas circunstâncias, tinha condições de prever aquele resultado? Porém, esta corrente é minoritária, o que significa que a doutrina tradicional, clássica e majoritária, exige, apenas, a previsibilidade objetiva. ATENÇÃO: Não há participação em crime culposo! Vamos estudar isto mais a frente, quando analisarmos o concurso de agente. Por enquanto, o importante é sabermos, que o crime culposo só admite co-autoria e jamais a participação. Isto ocorre, uma vez que a conduta do agente tem que dar causa ao resultado e a conduta do partícipe não dá causa ao resultado. CULPA INCONSCIENTE ≠ CULPA CONSCIENTE CULPA INCONSCIENTE CULPA CONSCIENTE Não houve a previsão (daquele resultado previsível)Houve a previsão (daquele resultado previsível) CULPA CONSCIENTE ≠ DOLO EVENTUAL CULPA CONSCIENTE DOLO EVENTUAL O agente prevê o resultado O agente prevê o resultado O agente não quer o resultado O agente não quer o resultado O agente acredita sinceramente e levianamente que resultado não vai acontecer O agente pouco se importa com a ocorrência do resultado, aceitando ou se conformando com o mesmo “Relaxa! Não vai acontecer nada!” “Que se dane... To nem aí” RESULTADO JURÍDICO OU NORMATIVO (Corrente Normativista) RESULTADO NATURALÍSTICO (Corrente Naturalística) Resultado Jurídico ou Normativo: - Rogério Greco fala em resultado jurídico ou normativo... - É a colocação do bem jurídico tutelado em uma situação de lesão ou de perigo de lesão... - Ocorre no campo normativo/no campo do direito... - Note... - Que não estamos diante de um resultado fático... - Estamos, apenas, tratando do âmbito da norma penal... - Sendo assim... - Todos os crimes terão o resultado jurídico ou normativo... - JAKOBS chega a dizer que até as tentativas têm um resultado jurídico ou normativo. Resultado Naturalístico: - Este é o resultado que estudamos na tipicidade! - Aqui... - Estamos diante de uma verdade real e fática... - Produzida no bem jurídico tutelado... - No crime de homicídio, é o cadáver... - No crime de lesão corporal, são as lesões que podemos perceber... - E assim por diante... - O resultado naturalístico corresponde a uma alteração no mundo exterior... - Provocada por uma conduta... - E esse foi o entendimento adotado pelo Código Penal Brasileiro... - No artigo 13... - No artigo 18... Artigo 13 – O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. Artigo 18 – Diz-se o crime: Crime doloso I – doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo; Crime culposo II – culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente. A CORRENTE NATURALÍSTICA CLASSIFICA O CRIME: CRIME FORMAL CRIME MATERIAL CRIME DE MERA CONDUTA Lei Descreve Resultado Naturalístico Lei Descreve Resultado Naturalístico Lei Não Descreve Resultado Naturalístico Não Depende Resultado Naturalístico Para se Consumar Depende Resultado Naturalístico Para se Consumar Depende Apenas da Conduta Para se Consumar Exemplo: Corrupção Passiva (Artigo 317 do CP) Exemplo: Homicídio (Artigo 121 do CP) Exemplo: Violação de Domicílio (Artigo 150 do CP) A CORRENTE NORMATIVISTA CLASSIFICA O CRIME: CRIMES DE DANO X CRIMES DE PERIGO - CRIMES DE DANO: - Há efetiva lesão ao bem jurídico... - CRIMES DE PERIGO: - Não há efetiva lesão ao bem jurídico... - Há apenas a criação de perigo ao bem jurídico... - CRIMES DE PERIGO ABSTRATO: - A situação de perigo... - É presumida... - A avaliação do perigo é EX ANTE... - Não sendo necessário demonstrar a exposição ao perigo... - Exemplo: porte ilegal de arma de fogo (artigo 14 da Lei n.º 10.826/2003)... - Exemplo: artigo 306 da Lei n.º 9.503/97... - CRIMES DE PERIGO CONCRETO (“perigo”, “dano iminente”): - A situação de perigo... - NÃO É presumida... - A avaliação do perigo é EX POST... - Sendo necessário demonstrar a exposição ao perigo... - Exemplo: artigo 309 da Lei n.º 9.503/97... - Exemplo: artigo 311 da Lei n.º 9.503/97... ITER CRIMINIS O Iter Criminis é um modelo, que foi desenvolvido pela doutrina, com a finalidade de dividir a prática do crime em fases distintas. Nesse sentido, teremos 05 (cinco) fases, as quais serão estudadas a seguir: Note, apenas, que o iter criminis só ocorre nos crimes dolosos, uma vez que não é possível cogitar ou preparar um crime culposo! 1º FASE: COGITAÇÃO: É a elaboração mental, o planejamento do crime que o agente quer executar. Em virtude do Princípio da Lesividade, a cogitação e o pensamento não podem vir a ter qualquer relevância penal, uma vez que o agente não pode ser penalizado pelos fatos internos, que estão, apenas, dentro de sua mente de perversão. Daí, surge uma questão da última prova oral para Delegado de Polícia do Rio de Janeiro: O que seria o Direito à Perversão? É o “direito” que o agente possui de planejar atos contrários à lei, dentro do seu pensamento, desde que isso não venha a ser exteriorizado. É o direito de ser perverso. 2º FASE: PREPARAÇÃO: É a prática de atos exteriorizados que visam preparar a prática do crime futuro. O agente ainda não iniciou a execução do crime. Porém, está se preparando para fazê-lo. Os atos preparatórios podem ser lícitos ou ilícitos. Sendo assim, há casos em que o agente já poderá ser punido pelos mesmos. Cabe ressaltar, apenas, que a referida punição não será em razão do crime, que o agente planejava executar, e sim pelo fato de a preparação em si ter sido considerada, no caso concreto, um crime autônomo. Podemos dar o exemplo do agente que quer praticar um crime de homicídio. Daí, ele pode efetuar diversas condutas: a) Alugar um carro para utilizar no dia do crime b) Comprar sacos de lixo para colocar o cadáver c) Comprar uma arma com o traficante do bairro d) ... Nesse sentido, devemos atentar para o fato, de que as condutas (a) e (b) são totalmente lícitas, tendo em vista que as pessoas têm a discricionariedade de alugar veículos, comprar sacos de lixo, dentre outras condutas da mesma natura. Sendo assim, o agente não pode ser punido por estes fatos, mesmo que se saiba que o seu objetivo é utilizá-los para a prática do crime. Isto ocorre, porque o verbo do tipo ainda não começou a ser executado pelo agente, o que faz com que o bem jurídico não tenha sido, ainda, colocado em situação de perigo. Por outro lado, a conduta prevista no item (c) é considerada crime autônomo, uma vez que o agente que compra uma arma com o traficante do bairro, incide nas penas do porte ilegal de arma. Por este motivo, já é possível a punição do agente, não pelo homicídio ou tentativa de homicídio, mas sim pelo crime previsto no Estatuto do Desarmamento. 3º FASE: EXECUÇÃO: A execução do crime se inicia a partir do momento, em que o agente executa o primeiro ato previsto no tipo penal, o que significa dar início à prática do verbo do tipo. Para que possamos compreender a execução, é necessário que façamos uma análise dos crimes unissubsistentes e dos crimes plurissubsistentes. Cabe ressaltar, que os crimes podem ser classificados, de acordo com a quantidade de atos executórios, em crimes unissubsistentes e crimes plurissubsistentes. - Crime Unissubsistente: O crime é praticado com um único ato e esse ato único já gera a consumação. Sempre serão formais ou de mera conduta! Isto ocorre, uma vez que os crimes materiais dependem, para a sua consumação, da conduta + resultado naturalístico. Sendo assim, precisarão destes dois atos para a consumação. Vale ressaltar, ainda, que os crimes unissubsistentes não admitem a tentativa, tendo em vista que só há um ato. Sendo assim, não é possível tentar praticar aquele único ato. Quando se pratica, já consumou. - Crime Plurissubsistente: O crime depende de mais alguma coisa para atingir a consumação. 1º Hipótese: Depende de mais de um ato de execução 2º Hipótese: Ainda que praticado por um único ato, depende de um resultado naturalístico.
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