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apostila penal

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LEI PENAL NO TEMPO 
 
 Várias teorias tentam explicar o Tempo do Crime: 
 
TEORIA TEMPO DO CRIME 
Teoria da Atividade Momento da ação ou da omissão (conduta) 
Teoria do Resultado Momento do resultado 
Teoria Mista 
Ou 
Teoria da Ubiquidade 
Momento da ação ou omissão (conduta) 
+ 
Momento do resultado 
 
 O artigo 4º do Código Penal adotou a Teoria da Atividade, o que significa que 
o crime será considerado praticado no momento da ação ou da omissão 
(conduta), não importando o momento do resultado. 
 
Vejamos o que dispõe o artigo 4º do Código Penal: 
"Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que 
outro seja o momento do resultado”. 
 
 Sendo assim, se eu quiser causar a morte de alguém e atirar na direção dessa 
pessoa, o crime será considerado praticado no momento da minha conduta (ação 
de atirar), mesmo que a pessoa venha a morrer daqui a uma ou duas semanas. 
 
Dessa forma, o momento do resultado (morte) será totalmente irrelevante para 
o Direito Penal, que somente vai se preocupar com o momento da minha 
conduta comissiva ou omissiva (ação de atirar). 
 
 Vamos estudar a Extra-Atividade da Lei Penal: 
(É a movimentação da lei penal no tempo). 
 
RETROATIVIDADE 
EXTRA-ATIVIDADE Sempre em benefício do réu 
 ULTRA-ATIVIDADE 
 Retroatividade: 
Consiste na possibilidade de uma lei se aplicar a um fato passado, cometido antes de 
sua vigência. 
 Ultra-Atividade: 
Consiste na possibilidade de uma lei se aplicar a um fato cometido durante a sua 
vigência, mesmo após a sua revogação. 
O artigo 5º, inciso XL, CF/88 dispõe que: 
“A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”. 
 
O artigo 2º do Código Penal dispõe que: 
“Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, 
cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença 
condenatória”. 
 
O artigo 2º, parágrafo segundo, do Código Penal dispõe que: 
“A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos 
anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em 
julgado”. 
 
A) NOVATIO LEGIS INCRIMINADORA (LEX GRAVIOR): 
 
- Lei n.º 12.550/2011 (Criou o Artigo 311-A da “Cola Eletrônica)... 
 
É a lei que cria uma nova figura penal. Vale ressaltar, que esta lei não poderá 
retroagir, em virtude do Princípio da Anterioridade. (Não há crime sem lei 
anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal). 
 
NÃO RETROAGE! 
 
B) NOVATIO LEGIS IN PEJUS (LEX GRAVIOR): 
 
- Artigo 33, Caput, da Lei n.º 11.343/2006... 
- O tráfico de drogas possuía pena de 03 a 15 anos... 
- E agora passou a ter pena de 05 a 15 anos... 
 
É a lei que aumenta as sanções para um determinado crime. Podemos chamar, 
claramente, de lei penal mais gravosa. 
 
NÃO RETROAGE! 
 
C) ABOLITIO CRIMINIS (LEX MITIOR): 
 
- Lei n.º 11.106/2005 (Revogou Crime de Adultério – Artigo 240 do CP)... 
 
- Se ocorrer ANTES do trânsito em julgado da sentença... 
- Cessa efeitos penais... 
- Cessa efeitos civis... 
 
- Se ocorrer DEPOIS do trânsito em julgado da sentença... 
- Cessa efeitos penais... 
- Mantém efeitos civis... 
É a lei posterior que deixa de considerar crime uma determinada conduta. Sendo 
assim, ela é mais benéfica para o agente. De fato, é tão benéfica que chegou a 
abolir o crime. 
 
Ela não tem como voltar atrás para eliminar a conduta ou o crime. Sendo assim, 
ela possui a natureza jurídica de causa extintiva da punibilidade. Com isso, a pena 
não poderá mais ser executada: 
 
Se estava executando a pena privativa de liberdade: 
Para de executar imediatamente 
 
Se ia começar a executar a pena privativa de liberdade: 
Não executa 
 
Tem-se entendido por “abolitio criminis temporalis” ou suspensão da tipicidade, 
a situação na qual a aplicação de um determinado tipo penal encontra-se 
temporariamente suspensa, não permitindo, por sua vez, a punição do agente que 
pratica o comportamento típico durante o prazo da suspensão. 
Exemplo: artigo 12 da Lei n.º 10.826/2003 c/c artigo 30 da Lei n.º 10.826/2003. 
 
RETROAGE! 
 
D) NOVATIO LEGIS IN MELLIUS (LEX MITIOR): 
É a nova lei mais benéfica para o agente. Podemos citar a lei que diminui a pena 
para um determinado crime. 
 
Se esta lei entrar em vigor durante a execução, será aplicada pelo juiz da execução, 
na forma da Súmula 611 do STF (sempre que for necessário um mero cálculo 
matemático). Não precisará devolver o processo para a primeira ou para a 
segunda instância. 
 
RETROAGE! 
 
SÚMULA 711 DO STF 
 Súmula 711 do STF (24/11/2003): 
“A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua 
vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência”. 
- De acordo com esta Súmula... 
- A lei penal mais grave será aplicada aos crimes continuados ou crimes permanentes... 
- Se a mesma entrar em vigor... 
- Durante a continuidade ou permanência do crime. 
 
 
ESPÉCIE CONSEQUÊNCIA 
 
 
Crime Continuado 
(Artigo 71 do CP) 
Súmula 711 do STF 
A lei penal mais grave aplica-se ao 
crime continuado ou ao crime 
permanente, se a sua vigência é 
anterior à cessação da continuidade 
ou da permanência 
 
 
Crime Permanente 
(Exemplo: Artigo 159 do CP) 
Súmula 711 do STF 
A lei penal mais grave aplica-se ao 
crime continuado ou ao crime 
permanente, se a sua vigência é 
anterior à cessação da continuidade 
ou da permanência 
 
CRIME CONTINUADO 
 Requisitos: 
 
 1º Requisito: pluralidade de condutas 
 
 2º Requisito: pluralidade de crimes da mesma espécie 
 
- OBSERVAÇÃO: o que são crimes da mesma espécie? 
 
Crimes da Mesma Espécie (Minoritária): 
São aqueles que ofendem o mesmo bem jurídico 
 
X 
 
Crimes da Mesma Espécie (Majoritária): 
São aqueles previstos no mesmo tipo penal 
 
- OBSERVAÇÃO: roubo e latrocínio são crimes da mesma espécie? 
 
- Deveriam ser... 
- Mas não são... 
 
Se formos analisar a corrente majoritária, diremos que são crimes da mesma 
espécie, tendo em vista que o roubo e o latrocínio estão previstos no mesmo 
tipo penal (artigo 157 do Código Penal). 
 
Porém, o STF não tem aceito a continuidade delitiva entre o roubo e o 
latrocínio... Muito embora não exista qualquer critério legal fundamentando esta 
decisão. É mero critério de política criminal. 
 
 
- OBSERVAÇÃO: 168-A e 337-A são crimes da mesma espécie? 
 
- Não deveriam ser... 
- Mas há decisões do STJ que dizem que são (Informativo 493 do STJ)... 
 
168-A  Apropriação Indébita Previdenciária 
337-A  Sonegação de Contribuição Previdenciária 
 
- Existe um julgamento isolado do STJ... 
- Que entende que são crimes da mesma espécie... 
- Pois violam o mesmo bem jurídico... 
- Que é o patrimônio da autarquia previdenciária... 
 
 3º Requisito: condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras 
 
- TEMPO: 
A jurisprudência só aceita um intervalo máximo... 
De 30 dias entre os crimes (tempo) 
 
Porém, a jurisprudência aceita o intervalo de 01 ano... 
Para crimes tributários anuais... 
Podemos citar o exemplo das entregas fraudulentas de declarações do IRPF... 
 
- LUGAR: 
A jurisprudência só aceita na mesma comarca ou em comarcas vizinhas... 
 
 4º Requisito: crimes subsequentes devem ser continuação do primeiro 
 
As infrações penais posteriores devem ser entendidas como continuações da 
primeira infração penal. Nesse momento, o Código Penal tenta fazer a distinção 
entre o crime continuado e a reiteração criminosa. 
 
O fundamento da exasperação da penanão visa com certeza, beneficiar o agente 
que, reiteradamente, pratica crimes parecidos entre si, como o estelionatário, que 
vive da prática de “golpes”. Fundamentando-se no critério da menor 
periculosidade, da benignidade ou da utilidade prática, a razão de ser do instituto 
do crime continuado não se coaduna com a aplicação do benefício da 
exasperação da pena para aquele agente mais perigoso, que faz do crime profissão 
e vive deliberadamente à margem da lei. 
 
A habitualidade é, portanto, diferente da continuação. A culpabilidade na 
habitualidade é mais intensa do que na continuação, não podendo, portanto, ter 
tratamento idêntico. 
 
Por este motivo, a jurisprudência já decidiu que é necessária uma unidade de 
desígnio ou dolo total. Em outras palavras, é necessário que os atos criminosos 
isolados apresentem-se enlaçados, no sentido de os subsequentes estarem ligados 
aos antecedentes. 
 
Para a caracterização do crime continuado não basta a simples repetição dos fatos 
delituosos em breve espaço de tempo, pois a atual teoria penal, corroborada pela 
jurisprudência nos Tribunais Superiores, preconiza a exigência de unidade de 
desígnios, em que os atos criminosos estejam entrelaçados, ou melhor, necessário 
se torna levar em conta tanto os elementos objetivos, como os subjetivos do 
agente. 
 
 Cálculo da Pena: 
 
CRIME CONTINUADO SIMPLES (Art. 71, Caput, CP): 
 
Penas Iguais: Aplica-se qualquer uma delas aumentada de 1/6 a 2/3 
Penas Diferentes: Aplica-se a maior delas aumentada de 1/6 a 2/3 
 
CRIME CONTINUADO QUALIFICADO (Art. 71, parágrafo primeiro, CP): 
- Crimes dolosos... 
- Contra vítimas diferentes... 
- Cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa... 
 
Penas Iguais: Aplica-se qualquer uma delas aumentada até o triplo 
Penas Diferentes: Aplica-se a mais grave delas aumentada até o triplo 
 
LEIS EXCEPCIONAIS OU TEMPORÁRIAS 
 
As Leis Excepcionais ou Temporárias são ultra-ativas e auto-revogáveis. Sendo 
assim, as mesmas atingirão fatos praticados durante a sua vigência e deixarão de 
vigorar automaticamente, tão logo cesse a circunstância (leis excepcionais) ou 
passe o tempo (lei temporária). 
 
- LEI EXCEPCIONAL: Tem uma circunstância de duração 
São aquelas que têm a sua eficácia vinculada a um acontecimento... 
Exemplo: guerras, calamidades,... 
 
- LEI TEMPORÁRIA: Tem um tempo de duração 
São aquelas que trazem em seu texto um tempo determinado de validade... 
Exemplo: lei seca em tempo de eleição 
 
ESPÉCIE CONSEQUÊNCIA 
 
 
Leis Excepcionais 
(Circunstância) 
Artigo 3º do Código Penal 
A lei excepcional ou temporária, 
embora decorrido o período de sua 
duração ou cessadas as circunstâncias 
que a determinaram, aplica-se ao fato 
praticado durante a sua vigência 
 
 
Leis Temporárias 
(Tempo) 
Artigo 3º do Código Penal 
A lei excepcional ou temporária, 
embora decorrido o período de sua 
duração ou cessadas as circunstâncias 
que a determinaram, aplica-se ao fato 
praticado durante a sua vigência 
 
Artigo 3º do Código Penal: “A lei excepcional ou temporária, embora decorrido 
o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, 
aplica-se ao fato praticado durante a sua vigência”. 
 
Dessa forma, podemos concluir que as condutas praticadas durante a vigência da 
lei excepcional ou da lei temporária serão processadas e julgadas normalmente, 
ainda que depois de cessada a circunstância ou passado o tempo. 
 
Isto ocorre, uma vez que as leis excepcionais ou temporárias são: 
 
 Ultra-Ativas: 
 
Consiste na possibilidade de uma lei se aplicar a um fato cometido durante a sua 
vigência, mesmo após a sua revogação. 
 
 Auto-Revogáveis: 
 
A temporária se auto-revoga na data fixada em seu próprio texto. A excepcional, 
quando se encerra o período especial ou anormal. 
 
PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE NORMATIVO TÍPICA 
 
- Ocorre nas hipóteses... 
- Em que um determinado tipo penal é expressamente revogado... 
 
- Porém... 
- A conduta não deixa de configurar infração penal... 
- Pelo fato de os elementos do tipo penal revogado terem migrado... 
- Para outro local... 
 
- Não há abolitio criminis... 
- Há continuidade normativo típica... 
 
- Podemos citar o atentado violenta ao pudor... 
- Que teve o artigo 214 revogado... 
- Mas foi absorvido pelo artigo 213... 
 
 Competência para a aplicação da lei mais benéfica durante a execução: 
 
Se a aplicação importar em um cálculo meramente matemático, será do juízo de 
execuções (Súmula 611 do STF). Por outro lado, se for necessário adentrar no 
mérito da causa, terá que ser ouvido o Tribunal, através de Revisão Criminal. 
 
 Dúvida acerca da lei mais benéfica: 
 
De acordo com a doutrina majoritária, se houver dúvida acerca da lei penal mais 
benéfica, deverá ser ouvido o réu, que é a melhor pessoa para decidir o que é 
mais vantajoso. 
 
 Vacatio Legis Indireta: 
 
- A vacatio legis indireta ocorre quando a lei prevê em seu próprio corpo... 
- Além do seu período normal de vacatio legis... 
- Outro prazo para a aplicação específica de outros dispositivos... 
- Exemplo: artigo 30 do Estatuto do Desarmamento (Lei n.º 10.826/2003)... 
 
 Combinação de Leis: 
 
STJ + STF: Não pode! 
 
- CONTRA: 
- O juiz não pode combinar as leis sob pena de legislar no caso concreto... 
 
- A FAVOR: 
- O Artigo 5º, Inciso XL, da CRFB/88... 
- Não faz nenhuma restrição à retroatividade benéfica... 
- O Artigo 2º, Parágrafo Único, do CP... 
- Não faz nenhuma restrição à retroatividade benéfica... 
 
 
 
 
 
LEI PENAL NO ESPAÇO 
 
 A REGRA é a Territorialidade: 
(Artigo 5º do Código Penal) 
 
“Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito 
internacional, ao crime cometido no território nacional. 
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional 
as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do 
governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as 
embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, 
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. 
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de 
aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se 
aquelas em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo 
correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. 
 Territorialidade Temperada/Relativa/Mitigada: 
 
- O Brasil adotou o Princípio da Territorialidade... 
- Temperada/Relativa/Mitigada... 
 
- Pois admite a mitigação de sua soberania... 
- Para dar ensejo à aplicação... 
- De convenções, tratados e regras de direito internacional... 
 
- Trata-se de conduta tendente à boa convivência internacional... 
- Que é adotado na maioria das legislações alienígenas... 
 
 Território Nacional: 
 
- O Território Nacional é formado por: 
 
- Território Geográfico 
- Território por Extensão 
 Território Geográfico: 
- Terra 
- Mar 
- Ar 
 
 Território por Extensão (Artigo 5º, Parágrafos Primeiro e Segundo, CP) 
 
- Embarcação Brasileira Pública: 
- Em qualquer lugar 
- Embarcação Brasileira Privada ou Mercante: 
- Alto mar 
- Embarcação Estrangeira Privada ou Mercante: 
- Território geográfico 
 
- Aeronave Brasileira Pública: 
- Em qualquer lugar 
- Aeronave Brasileira Privada ou Mercante: 
- Espaço aéreo correspondente 
- Aeronave Estrangeira Privada: 
- Território geográfico A EXCEÇÃO é a Extraterritorialidade: 
(Artigo 7º do Código Penal) 
 
“Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: 
 
I - os crimes: 
 
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República. 
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, 
de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia 
mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público. 
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço. 
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil. 
II - os crimes: 
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir. 
b) praticados por brasileiro. 
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de 
propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam 
julgados. 
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que 
absolvido ou condenado no estrangeiro. 
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso 
das seguintes condições: 
a) entrar o agente no território nacional. 
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado. 
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a 
extradição. 
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena. 
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar 
extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. 
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra 
brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: 
a) não foi pedida ou foi negada a extradição. 
b) houve requisição do Ministro da Justiça. 
 
 INCISO I: 
 
- Incondicionado 
- Por força do Parágrafo Primeiro 
 
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República. 
 
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, 
de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia 
mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público. 
 
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço. 
 
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil. 
 
 INCISO II: 
 
- Condicionado 
- Por força do Parágrafo Segundo 
 
 PARÁGRAFO TERCEIRO: 
 
- Condicionado 
- Por força dos Parágrafos Segundo e Terceiro 
 
 Territórios Sem Soberania: 
- A Lei Brasileira também será aplicada... 
- Em territórios sem soberania de qualquer país... 
- Como a Antártida... 
 
- O critério será a extraterritorialidade... 
- A competência será da Justiça Federal... 
 Pena Cumprida no Estrangeiro: 
Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, 
quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. 
 
. 
 
 
EMBAIXADAS ESTRANGEIRAS 
- O território de Embaixadas Estrangeiras no Brasil... 
- Fazem parte de nosso território... 
 
- Sendo assim... 
- Os crimes ali cometidos serão regidos pela nossa lei penal... 
- alvo se os sujeitos ativos possuírem imunidade diplomática... 
 
TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL/CORTE PENAL INTERNACIONAL 
 
- Trata-se de órgão internacional... 
- Que possui sede em Haia (Países Baixos)... 
- Que possui natureza permanente... 
 
- Foi criado em julho de 1998... 
- Pela Conferência de Roma... 
 
- Foi efetivamente instalado... 
- Em 01/07/2002... 
 
- Possui atribuição para o julgamento de (Estatuto de Roma): 
 
- Crimes contra a humanidade... 
- Crimes de guerra... 
- Genocídio... 
- Agressão... 
 
- Porém... 
- Tal competência é supletiva... 
- Já que somente poderá julgar fatos ocorridos... 
- Após 01/07/2002 (data de sua instalação)... 
 
- Desde que o país onde tais fatos tenham ocorridos... 
- Não os tenha investigado/processado... 
- Não os pretenda investigar/processar... 
- Não reúna condições necessárias para investigar/processar... 
- Não se mostre imparcial para investigar/processar... 
 
- Sua criação foi uma tentativa de atender... 
- A uma antiga reivindicação dos principais países do mundo... 
- Consistente na existência de um Tribunal permanente... 
- Com atribuição para julgar os crimes de guerra... 
- Instituído antes de uma eventual guerra... 
 
- Evitando a criação de Tribunais post facto... 
- Como ocorreu no Tribunal de Nuremberg... 
- Criado após a 2º Guerra Mundial... 
- Para julgar os crimes cometidos pelos Nazistas... 
- Em uma espécie de “Justiça dos Vencedores”... 
 
EFICÁCIA DA SENTENÇA ESTRANGEIRA 
Artigo 105 da CRFB/88 – Compete ao Superior Tribunal de Justiça: 
I - processar e julgar, originariamente: 
i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias. 
Artigo 9º do CP – A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz 
na espécie as mesmas consequências, pode ser homologada no Brasil para: 
I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis; 
II - sujeitá-lo a medida de segurança. 
Parágrafo único - A homologação depende: 
a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada; 
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade 
judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça. 
 Homologação pelo STJ: 
- Antigamente... 
- A sentença penal estrangeira era homologada pelo STF... 
 
- Hoje... 
- A sentença penal estrangeira precisa ser homologada pelo STJ... 
- Artigo 105, Inciso I, Alínea “i”, da CRFB/88 (EMC 45/2004)... 
 
 Efeitos: 
 
- Existem dois efeitos possíveis: 
 
A) Obrigar o Condenado a Reparar o Dano ou Restituir Outros Efeitos Civis: 
 
- Desde que a nossa lei preveja os mesmos efeitos para aquela situação... 
 
- Desde que haja requerimento do interessado... 
 
B) Sujeitar o Condenado à Medida de Segurança: 
 
- Desde que a nossa lei preveja os mesmos efeitos para aquela situação... 
 
- Desde que exista tratado de extradição com o país de origem... 
OU 
- Desde que exista requisição do Ministro da Justiça... 
 
 
 
CONTAGEM DE PRAZOS PENAIS 
Artigo 10 do CP – O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os 
meses e os anos pelo calendário comum. 
 Prazos Penais: 
- Os prazos penais... 
- São todos aqueles capazes de interferir... 
- Diretamente ou Indiretamente... 
- No exercício do direito de punir... 
 
- Repercutindo na liberdade individual... 
- Que é direito individual assegurado pela Constituição... 
 
 Termo Inicial: 
 
- O termo inicial (dies a quo) é computado... 
- O termo final (dies ad quem) é excluído... 
 
- Sendo assim... 
- Se o agente foi condenado a uma pena de 02 anos de prisão... 
- Com início de cumprimento em 14/09/2012... 
 
- A pena será integralmente cumprida... 
- No último minuto do dia 13/09/2014... 
 
 Calendário Comum: 
 
- Os prazos penais serão contados pelo calendário comum... 
- Sendo assim... 
- Os meses e os anos terão tantos dias... 
- Quanto aqueles previstos no calendário... 
 
- Dessa forma, se o agente foi condenado a 01 ano de prisão... 
- Ficará recolhido por 365 ou 366 dias... 
- Dependendo do ano em que se execute o respectivo mandado... 
 
FRAÇÕES NÃO COMPUTÁVEIS DA PENA 
Artigo 11 – Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as 
frações de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro. 
- As penas privativas de liberdade desprezam as frações de dia... 
- Sendo assim, não computamos as horas! 
 
- As penas restritivas de direito desprezam as frações de dia... 
- Sendo assim, não computamos as horas! 
 
- As penas pecuniárias descontam os centavos...PRINCÍPIO DA LEGALIDADE 
 Artigo 5º, inciso XXXIX, CRFB/88: 
“Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal” 
 
 Artigo 1º do Código Penal: 
“Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal” 
 
 O Princípio da Legalidade é aquele que vincula... 
 
- A existência de crimes e de penas... 
- À existência de uma lei... 
 
 Crimes = Delitos 
 Infrações Penais 
Contravenções 
 
Sistema Dicotômico ou Bipartido 
 
 Embora os dispositivos legais só mencionem crimes e penas... 
 Podemos perceber que todos os ilícitos penais dependem de lei... 
 Sendo assim, o Princípio da Legalidade se aplica a todas as questões penais... 
 Tais como as medidas de segurança e as contravenções penais. 
 
 LOGO... Temos uma vinculação que relaciona: 
 
Não há crime sem lei anterior que o defina... 
Não há contravenção penal sem lei anterior que a defina... 
Não há pena sem prévia cominação legal... 
Não há medida de segurança sem prévia cominação legal... 
 
 O Princípio da Legalidade se desdobra em outros 03 (três) princípios: 
 
A) Princípio da Anterioridade: 
 
- Surge da necessidade da anterioridade da lei penal. 
 
- O agente só poderá ser punido por uma conduta (comissiva ou omissiva)... 
- Se a lei que proíbe a prática de tal conduta... 
- Tiver vigência em momento anterior ao da prática da conduta... 
 
- A vigência ocorrerá: 
 
- Se não houver vacatio legis: Com a publicação... 
- Se houver vacatio legis: Com o término do período de vacatio legis... 
 
Artigo 5º, inciso XL, CRFB/88:“A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu” 
- Sendo assim, podemos perceber que se ao invés de a lei proibir condutas... 
- A referida lei for mais benéfica para o agente de alguma forma... 
- Ela poderá retroagir e ser aplicada antes mesmo do início de sua vigência... 
B) Princípio da Taxatividade: 
 
- A lei penal deve ser certa... 
- A lei penal deve ser taxativa... 
 
- Não se admite a incriminação através de tipos penais vagos... 
- Os tipos penais têm que ser fechados... 
- O agente não pode ficar ao alvitre do intérprete... 
 
- Podemos citar alguns exemplos em que a taxatividade é violada... 
 
Artigo 9º da Lei de Segurança Nacional (Lei n.º 7.170/83): 
 
“Tentar submeter o território nacional, ou parte dele, ao domínio ou à soberania de 
outro país”. 
 
Como seria possível fazê-lo? 
Como alguém teria que praticar esta conduta? 
O que significa tentar submeter o território nacional à soberania de outro país? 
Quais são os requisitos para que este crime seja considerado praticado? 
Existem muitas dúvidas... 
E é difícil sabermos o que o legislador quer proteger efetivamente... 
 
C) Princípio da Reserva Legal: 
 
- Somente lei em sentido formal (lei ordinária ou lei complementar)... 
- Pode incriminar condutas e agravar situações... 
 
- Logo... Não é possível incriminar condutas e agravar situações... 
- Através de outras espécies legislativas... 
- Podemos citar as Medidas Provisórias... 
- Podemos citar os Decretos... 
 
MEDIDAS PROVISÓRIAS 
 
- Podemos citar a proibição de adoção de medidas provisórias... 
- Para incriminar condutas e agravar situações... 
- A base legal está no artigo 62, parágrafo primeiro, inciso I, alínea “b”, da CRFB/88: 
 
Parágrafo Primeiro: “É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:” 
Inciso I: “Relativa a:” 
Alínea “b”: “Direito Penal, Processual Penal e Processual Civil” 
 
- Mas esta vedação não é absoluta... 
- Pois podemos ter medidas provisórias para beneficiar o agente... 
 
EXEMPLO: Estatuto do Desarmamento... 
 
- Tivemos várias MP’s para trazer situações de: 
- Atipicidade Temporária 
- Vacatio Legis Indireta 
- Abolitio Criminis Temporária 
ANALOGIA 
 
 A analogia não pode ser utilizada em prejuízo do réu... 
 
 A analogia pode ser utilizada em benefício do réu... 
 
- A analogia é um processo integrativo... 
- Ocorre quando o intérprete aplica uma norma de um caso... 
- Para sanar o problema de um outro caso semelhante... 
 
 Exemplo de analogia in malam partem (proibida): 
 
- Considerar o “desvio de sinal de tv a cabo”... 
- Como “furto de energia”... 
 
- O artigo 155, parágrafo terceiro, do Código Penal... 
- Trata do crime de “furto de energia”... 
 
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: 
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico. 
 
- Sendo assim, a ampliação do conceito de “energia” para englobar o “sinal de tv a cabo”... 
- Constitui analogia in malam partem... 
- E não pode ser admitida pelo direito. 
 
 Exemplo de analogia in malam partem (proibida): 
 
- Considerar o “companheiro”... 
- Como causa de aumento de pena do crime de “abandono de incapaz”... 
 
- O artigo 133, parágrafo terceiro, do Código Penal... 
- Trata das causas de aumento de pena no crime de “abandono de incapaz”... 
 
Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por 
qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono: 
§ 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terço: 
I - se o abandono ocorre em lugar ermo; 
II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima. 
 
- Sendo assim, a ampliação do conceito de “cônjuge” para englobar o “companheiro”... 
- Constitui analogia in malam partem... 
- E não pode ser admitida pelo direito. 
 
 Exemplo de analogia in bonam partem (permitida): 
 
- Aplicar as medidas protetivas da Lei Maria da Penha (Lei n.º 11.340/2006)... 
- Para proteger o homem que foi vítima de agressão... 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA 
 A interpretação analógica pode ser utilizada em prejuízo do réu... 
 
 A interpretação analógica pode ser utilizada em benefício do réu... 
 
- A interpretação analógica é um processo interpretativo... 
- Ocorre quando a própria lei determina um padrão a ser seguido... 
- Apresentando uma fórmula casuística... 
- Apresentando uma fórmula genérica... 
 
- O legislador não foi capaz de prever todas as situações que poderiam ocorrer na sociedade... 
- Sendo assim, ele permitiu a utilização de um recurso... 
- Que também amplia o alcance da norma penal... 
- Conhecido como interpretação analógica... 
 
- O código detalha todas as situações que quer regular (com base no princípio da legalidade)... 
+ 
- O código permite que tudo aquilo que for semelhante seja abrangido no mesmo artigo... 
 Podemos citar o exemplo do artigo 121, parágrafo segundo, inciso III, do Código Penal: 
“§ 2° Se o homicídio é cometido: 
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, 
ou de que possa resultar perigo comum”. 
 Podemos citar o exemplo do artigo 71 do Código Penal: 
“Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma 
espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes (...)”. 
ANALOGIA x INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA 
 A analogia e a interpretação analógica são institutos diferentes e não podem ser confundidos... 
 ANALOGIA: 
- É um processo integrativo. 
- O intérprete decide aplicar aquela norma a um caso semelhante. 
- Tal atitude gera violação ao princípio da legalidade (se for para prejudicar o réu). 
 INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA: 
- É um processo interpretativo. 
- A própria lei determina que se amplie o seu conteúdo ou alcance. 
- Tal atitude não gera violação ao princípio da legalidade. 
 
 
 
 
 
NORMA PENAL EM BRANCO 
(PRIMARIAMENTE REMETIDAS) 
 
- Alguns doutrinadores afirmam que as normas penais em branco... 
- Ferem o princípioda legalidade... 
 
- O que seriam as “normas penais em branco”? 
 
- Para que possamos entender as “normas penais em branco”... 
- Precisamos saber o que significa “preceito primário” e “preceito secundário”... 
 
PRECEITO PRIMÁRIO (preceptum iuris): 
 
- Possui a função de fazer a descrição detalhada e perfeita... 
- Da conduta que se procura proibir (proibitiva) ou impor (mandamental)... 
 
PRECEITO SECUNDÁRIO (sanctio iuris): 
 
- Possui a tarefa de individualizar a pena... 
- Através de sua cominação em abstrato... 
- As normas penais em branco ou primariamente remetidas são aquelas em que: 
 
HÁ A NECESSIDADE DE COMPLEMENTAÇÃO 
 
PARA QUE SE POSSA COMPREENDER 
 
O ÂMBITO DE APLICAÇÃO 
 
DE SEU PRECEITO PRIMÁRIO 
- É necessário extrair um complemento de outra norma... 
- Para que seja possível compreender o seu efetivo âmbito de incidência... 
 
- Pode ser de dois tipos: 
 
 
HOMOGÊNEAS 
 
 
HETEROGÊNEAS 
 
IMPRÓPRIAS 
 
 
PRÓPRIAS 
 
EM SENTIDO AMPLO 
 
 
EM SENTIDO ESTRITO 
 
 
 
 
 
 
 
 
A) NORMAS PENAIS EM BRANCO: 
(HOMOGÊNEAS) 
(IMPRÓPRIAS) 
(EM SENTIDO AMPLO) 
 
- O seu complemento é oriundo da mesma fonte legislativa... 
 
- Artigo 237 do Código Penal E Artigo 1.521, incisos I a VII do CC/2002: 
(Ambas são provenientes do Congresso Nacional) 
Art. 237 do Código Penal - Contrair casamento, conhecendo a existência de 
impedimento que lhe cause a nulidade absoluta: 
Pena - detenção, de três meses a um ano. 
Art. 1.521 do CC/2002 – Não podem casar: 
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil; 
II - os afins em linha reta; 
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do 
adotante; 
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive; 
V - o adotado com o filho do adotante; 
VI - as pessoas casadas; 
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio 
contra o seu consorte. 
-----/----- 
Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se 
referem os arts. 297 a 302: 
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração. 
 
 
 
 
 
 
B) NORMAS PENAIS EM BANCO: 
(HETEROGÊNEAS) 
(PRÓPRIAS) 
(EM SENTIDO ESTRITO) 
 
- O seu complemento é oriundo de fonte legislativa diversa... 
 
- Artigo 28 da Lei n.º 11.343/2006 E Portaria 344/98 da ANVISA: 
 
(A Lei n.º 11.343/2006 é oriunda do Congresso Nacional) 
(Poder Legislativo) 
 
(A Portaria 344/98 da ANVISA é oriunda de uma Autarquia) 
(Poder Executivo) 
Artigo 28 – Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer 
consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas: 
I - advertência sobre os efeitos das drogas; 
II - prestação de serviços à comunidade; 
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. 
§ 1o Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, semeia, cultiva 
ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de substância ou 
produto capaz de causar dependência física ou psíquica. 
§ 2o Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá à 
natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e às condições em que se 
desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos 
antecedentes do agente. 
§ 3o As penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo 
prazo máximo de 5 (cinco) meses. 
§ 4o Em caso de reincidência, as penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo 
serão aplicadas pelo prazo máximo de 10 (dez) meses. 
§ 5o A prestação de serviços à comunidade será cumprida em programas comunitários, 
entidades educacionais ou assistenciais, hospitais, estabelecimentos congêneres, públicos 
ou privados sem fins lucrativos, que se ocupem, preferencialmente, da prevenção do 
consumo ou da recuperação de usuários e dependentes de drogas. 
§ 6o Para garantia do cumprimento das medidas educativas a que se refere o caput, nos 
incisos I, II e III, a que injustificadamente se recuse o agente, poderá o juiz submetê-lo, 
sucessivamente a: 
I - admoestação verbal. 
II - multa. 
 
 
 1º CORRENTE: 
Rogério Greco 
Nilo Batista 
Eugenio Raúl Zaffaroni 
Alejando Alagia 
Alejandro Slokar 
 
- Há inconstitucionalidade quando a norma penal em branco heterogênea... 
- Busca a sua complementação em outro diploma... 
- Sem capacidade constitucional para tratar da matéria... 
- É o exemplo clássico do artigo 28 da Lei n.º 11.343/2006. 
 
 2º CORRENTE: 
Majoritária 
 
- O STF e o STJ entendem... 
- Que não há ofensa ao princípio da legalidade... 
- Quando a norma penal em branco heterogênea... 
- Preenche dois requisitos: 
 
1) Deve haver previsão do núcleo essencial da conduta incriminada 
 
2) Deve haver previsão expressa do procedimento de integração da lacuna 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE 
 
- O Nexo de Causalidade é justamente a ponte... 
- Que une a CONDUTA ao RESULTADO. 
 
- Porém, nem todos os crimes exigem a ocorrência do resultado para consumar... 
- Exemplo: Crimes Formais... 
- Exemplo: Crimes de Mera Conduta... 
 
- Artigo 13 do Código Penal: 
“O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu 
causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido”. 
 
1º Conclusão: 
- O Nexo de Causalidade só está presente nos CRIMES MATERIAIS... 
- Que são aqueles crimes que dependem da ocorrência do resultado para consumar... 
 
2º Conclusão: 
- A teoria adotada pelo Código Penal é chamada de: 
 
1) TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS ANTECEDENTES CAUSAIS 
TEORIA DA CONDITIO SINE QUA NON. 
(Foi adotada pelo artigo 13 do Código Penal) 
 
- Sendo assim... 
- Todos os fatos que antecederam ao resultado se equivalem... 
- Desde que indispensáveis à sua ocorrência... 
- Sendo considerados causa do resultado. 
 
- Para verificarmos se o fato antecedente deu causa ao resultado... 
- Basta aplicarmos um processo teórico denominado... 
- Processo Hipotético de Eliminação de Thyrén... 
 
a) Supressão mental do fato em análise; 
b) Verificar se mesmo assim houve aquele resultado; 
c) SIM - Não há relação de causalidade. 
d) NÃO - Há relação de causalidade. 
 
- Contudo, a teoria em estudo possui duas falhas grotescas: 
 
(i) Teremos uma regressão ad infinitum, tendo em vista que praticamente 
tudo poderá ser considerado causa de um determinado resultado. 
Podemos citar o exemplo da mãe do assassino! Se ela não tivesse tido o 
seu filho, ele não teria sido assassino (pois não teria nascido) e, com isso, 
o crime não ocorreria. Da mesma forma, se o fabricante de armas não 
tivesse produzido a pistola, a mesma não teria sido adquirida pelo 
assassino e o crime não teria ocorrido. Por tudo isso, podemos perceber 
que a referida teoria gera uma responsabilização penal infinita. 
 
 
(ii) Não conseguiremos definir a causa nas situações de causalidade 
cumulativa, que são os fatos que, isoladamente, teriam plenas condições 
de produzi-lo. Sendo assim, se “a” e “b” ministram, de forma 
independente, uma dose mortal de veneno a “c”, na mesma comida, não 
teremos como saber quem foi o responsável pela morte de “c”. Se 
suprimirmos mentalmente a conduta de “a”, mesmo assim o resultado 
terá ocorrido. Por outro lado, se suprimirmos mentalmente a conduta de 
“b”, ainda assim o resultado terá ocorrido. 
 
2) TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA 
(Não foi adotada pelo Código Penal) 
(Trata-sede crítica e tentativa de aperfeiçoamento proposta pela doutrina) 
 
 ANÁLISE DO DOLO OU CULPA 
- Deve ser analisado se houve dolo ou culpa na conduta do agente... 
 
- Artigo 13 do Código Penal: 
“O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem 
lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão DOLOSA OU CULPOSA 
sem a qual o resultado não teria ocorrido”. 
 
+ 
 
 PROPORCIONALIDADE: 
- Deve ser analisado se houve uma proporcionalidade... 
- Entre a conduta e o resultado... 
 
- Artigo 13 do Código Penal: 
“O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem 
lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão DOLOSA OU CULPOSA 
sem a qual o resultado não teria ocorrido DA MANEIRA COMO OCORREU”. 
 
- Exemplo (Rogério Greco): 
- 02 caipiras picando fumo discutiram... 
- E um deles pegou o canivete e espetou o amigo... 
- Que acabou morrendo de tétano... 
 
- A conduta foi dolosa! 
- Mas há uma grande desproporção entre a conduta e o resultado... 
- Sendo assim, o resultado não é adequado à conduta do agente... 
 
- Exemplo: 
- Uma represa estava no limite de sua capacidade... 
- E o sujeito utilizou um conta-gotas para jogar uma gota de água na represa... 
- O que fez com que o reservatório arrebentasse e inundasse toda a cidade... 
 
- A conduta foi dolosa! 
- Mas há uma grande desproporção entre a conduta e o resultado... 
- Sendo assim, o resultado não é adequado à conduta do agente... 
 
 
TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA 
 
- A Teoria da Imputação Objetiva... 
- Funciona como uma critica às 02 teorias anteriores... 
 
- Critica a Teoria da Conditio Sine Qua Non ou Equivalência dos Antecedentes Causais. 
- Critica a Teoria da Causalidade Adequada (Dolo ou Culpa + Proporcionalidade). 
 
- Exemplo: 
- Podemos imaginar um sujeito que está aguardando para atravessar a Av. das Américas... 
- E está distraído ouvindo música nas proximidades do semáforo... 
- O sujeito não presta atenção e acaba se colocando muito perto da rua... 
- E um ônibus está vindo em sua direção... 
- Uma terceira pessoa percebe o fato e empurra o sujeito pra calçada para salvá-lo... 
- Mas ao cair o sujeito quebra o braço... 
 
- Teoria da Conditio Sine Qua Non ou Equivalência dos Antecedentes Causais: 
- O agente que empurrou o sujeito deu causa ao resultado... 
 
- Teoria da Causalidade Adequada (Dolo ou Culpa): 
- O agente que empurrou o sujeito agiu dolosamente... 
 
- Teoria da Causalidade Adequada (Proporcionalidade): 
- O resultado produzido pelo agente foi proporcional à sua conduta... 
 
- A Teoria da Imputação Objetiva... 
- Após reconhecer a relação de causalidade no aspecto mecânico/físico/natural... 
- Leva a discussão para o plano jurídico/normativo... 
- Para verificar se é possível imputar o objetivamente o resultado... 
- Antes de fazer a imputação subjetiva (dolo ou culpa + proporcionalidade)... 
 
- Sendo assim... 
- Agiremos da seguinte forma: 
 
A) Teoria da Conditio Sine Qua Non ou Equivalência dos Antecedentes Causais: 
 
B) Teoria da Imputação Objetiva 
 
C) Teoria da Causalidade Adequada (Dolo ou Culpa): 
 
D) Teoria da Causalidade Adequada (Proporcionalidade): 
 
VERTENTES DE ABORDAGEM DA TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA 
 
 CLAUS ROXIN 
 GÜNTHER JAKOBS 
 
 
 
 
 
CLAUS ROXIN 
 
- Trabalha com o Princípio do Risco: 
 
- Dentro desta realidade... 
- Temos que verificar se aquele comportamento... 
 
A) REDUZIU O RISCO DE UM DANO MAIOR... 
- O agente joga a vítima contra o chão para evitar que a mesma seja atropelada... 
- Porém, a vítima sofre lesões corporais ao se chocar contra o chão... 
 
- Logo, a conduta do agente reduziu o risco de um dano maior... 
 
OU 
 
B) NÃO AUMENTOU O RISCO DE UM DANO: 
- O agente é um empresário e fabrica pincéis com pelos de cabra... 
 
- Tais pelos deveriam ter sido esterilizados adequadamente por causa de bactérias... 
- Mas o agente esqueceu de esterilizá-los e os funcionários morreram com a 
bactéria... 
 
- Contudo, a perícia percebeu que aquela bactéria em especial era muito resistente... 
- E teria sobrevivido a quaisquer dos níveis de esterilização existentes no mercado... 
- Sendo assim, os funcionários teriam morrido independente da esterilização... 
 
- Logo, a conduta do agente não aumentou o risco de um dano... 
 
OU 
 
C) NÃO CRIOU UM RISCO RELEVANTE 
- O sobrinho queria ficar com o dinheiro do tio rico... 
- E por isso desejava a sua morte... 
 
- Daí, este agente estudou as estatísticas de acidentes aéreos... 
- E percebeu que havia muitos acidentes na região do Triângulo das Bermudas... 
 
- Sendo assim, o agente deu um pacote turístico para aquela região do caribe... 
- E o tio veio a morrer em um acidente de avião... 
- Mas o avião é um meio de transporte aceito em nossa sociedade... 
 
- Logo, a conduta do agente não criou um risco relevante... 
 
OU 
 
D) AUTOCOLOCAÇÃO/HETEROCOLOCAÇÃO EM RISCO: 
- O próprio agente se coloca em risco... 
- Podemos citar o trote de faculdade em que todos foram jogados na piscina... 
- Mas um dos alunos jogados acabou morrendo por afogamento... 
- Porque estava completamente drogado e mal tinha condições de se mover... 
- O próprio agente que vai para a festa nesse estado se coloca em riso... 
CONCAUSAS 
 
 Além disso, há casos em que temos mais de uma causa produzindo o resultado... 
 É o que vamos estudar no parágrafo primeiro do artigo 13 do CP: 
 
Artigo 13, parágrafo primeiro, Código Penal: 
“A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si 
só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou”. 
 
A) O que é causa superveniente? 
 
É aquela que vem depois... 
Mas depois do que? Depois da causa que estou estudando... 
 
Precisamos sempre fixar um ponto de referência! O que eu quero analisar é a conduta 
do agente, pois quero saber se tal conduta deu causa ao resultado. Sendo assim, a 
causa superveniente vai ser aquela causa que veio depois da conduta do agente. 
 
Exemplo: atirei em alguém com o dolo de matar. Porém, logo depois a pessoa foi 
socorrida e foi levada de ambulância para o hospital. Contudo, a ambulância sofreu 
um acidente e a pessoa morreu de traumatismo craniano. Essa causa “acidente” é 
superveniente em relação à causa “disparos de arma de fogo”. 
A outra causa pode ser: 
 
 Preexistente: 
Ocorreu antes da conduta do agente 
 
 Concomitante: 
Ocorreu ao mesmo tempo que a conduta do agente 
 
 Superveniente: 
Ocorreu depois da conduta do agente 
 
B) O que é causa relativamente independente? 
 
A independência relativa significa que as causas possuem alguma ligação. Elas 
podem ser absolutamente independentes ou relativamente independentes. No 
primeiro caso, não há qualquer relação entre elas. No segundo caso, há relação 
entre as mesmas. 
 
 Causa Absolutamente Independente: 
É aquela causa que teria acontecido, vindo a produzir o resultado, mesmo se não 
tivesse havido qualquer conduta por parte do agente. 
 
 Causa Relativamente Independente: 
Diz-se relativamente independente a causa que somente tem a possibilidade de 
produzir o resultado se for conjugada com a conduta do agente. 
 
 
 
 
PREEXISTENTE 
ABSOLUTAMENTE 
INDEPENDENTE 
 
Tentativa 
CONCOMITANTE 
ABSOLUTAMENTE 
INDEPENDENTE 
 
Tentativa 
SUPERVENIENTE 
ABSOLUTAMENTE 
INDEPENDENTE 
 
Tentativa 
X 
PREEXISTENTE 
RELATIVAMENTE 
INDEPENDENTE 
 
Resultado 
CONCOMITANTE 
RELATIVAMENTE 
INDEPENDENTE 
 
Resultado 
SUPERVENIENTE 
RELATIVAMENTE 
INDEPENDENTE 
 
Depende 
 
Artigo 13, parágrafo primeiro, Código Penal: 
“A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, 
por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem 
ospraticou”. 
 
Tenho que checar se a causa superveniente + relativamente independente: 
 
“POR SI SÓ PRODUZIU O RESULTADO” 
 “POR SI SÓ NÃO PRODUZIU O RESULTADO” 
 
 Se ela produziu o resultado por si só: TENTATIVA 
 
Atirei na pessoa com o dolo de matar. Porém, esta pessoa foi levada para o 
hospital, vindo a falecer no caminho, em decorrência de um acidente com a 
ambulância. Ora, quem é baleado morre em decorrência de acidente de trânsito? 
Não! Sendo assim, o acidente foi capaz de produzir o resultado morte por si só. 
 
Responde por tentativa de homicídio. 
“O resultado fugiu do desdobramento natural da conduta do agente” 
 
 Se ela não produziu o resultado por si só: RESULTADO (CONSUMADO) 
 
Atirei na pessoa com o dolo de matar. Porém, esta pessoa foi levada para o 
hospital, vindo a falecer alguns dias depois, em virtude de infecção hospitalar. 
Ora, quem é baleado por vir a morrer em função de infecção hospitalar, durante 
o tratamento das lesões? Sim! Sendo assim, a infecção hospitalar não seria capaz 
de produzir o resultado morte por si só. 
 
Responde por homicídio consumado. 
“O resultado é um desdobramento natural, físico e anatomopatológico da 
conduta do agente”. (Montalbano). 
QUESTÃO 01 – CESPE – 2011 – TJPB – JUIZ 
A respeito da relação de causalidade, assinale a opção correta: 
 
a) Considere que Márcia, com intenção homicida, apunhale as costas de Sueli, a qual, 
conduzida imediatamente ao hospital, faleça em consequência de infecção hospitalar, durante 
o tratamento dos ferimentos provocados com o punhal. Nesse caso, Márcia responderá por 
tentativa de homicídio. 
 
- Trata-se de causa superveniente relativamente independente... 
 
1) Fixar o ponto de partida: 
- Será o agente que o examinador quer saber se responde pelo fato... 
- Sendo assim, o ponto de partida será a conduta de Márcia 
 
2) Verificar se a outra causa é preexistente ou concomitante ou superveniente: 
- A infecção hospitalar aconteceu depois da conduta de Márcia... 
- Sendo assim, a outra causa é superveniente... 
 
3) Verificar se as causas são absolutamente ou relativamente independentes: 
- A vítima só foi ao hospital e pegou infecção hospitalar porque havia sido ferida... 
- As causas são relativamente independentes 
 
4) Aplicar na Tabela: 
- Percebemos que estamos diante de uma... 
- Superveniência de Causa Relativamente Independente... 
 
A) POR SI SÓ PRODUZ O RESULTADO: 
- Tentativa 
 
B) POR SI SÓ NÃO PRODUZ O RESULTADO: 
- Resultado (Consumado) 
 
- Neste exemplo... 
- A nova causa por si só NÃO PRODUZ o resultado... 
- De acordo com a jurisprudência... 
 
- Sendo assim... 
- Márcia responderá pelo resultado (homicídio consumado). 
b) O nexo causal consiste em mera constatação acerca da existência de relação entre 
conduta e resultado, tendendo a sua verificação apenas às leis da física, mais 
especificamente, da causa e do efeito, razão pela qual a sua aferição independe de 
qualquer apreciação jurídica, como a verificação da existência de dolo ou culpa por 
parte do agente. 
 
- A assertiva está correta e traduz a teoria adotada pelo artigo 13 do Código Penal... 
- Teoria da Conditio Sine Qua Non ou Teoria da Equivalência dos Antecedentes Causais... 
 
- A Teoria da Causalidade Adequada (Dolo ou Culpa + Proporcionalidade)... 
- Não foi adotada pelo Código Penal e representa crítica doutrinária... 
c) Suponha que Jean, pretendendo matar seu desafeto Rui, tenha-lhe desferido dois tiros, 
que, apesar de atingirem a vítima, não tenham sido a causa da morte de Rui, que faleceu em 
decorrência do fato de ter ingerido veneno, de forma voluntária, dez minutos antes dos 
disparos. Nesse caso, Jean não responderá por nenhuma conduta típica. 
 
- Trata-se de causa preexistente absolutamente independente... 
 
1) Fixar o ponto de partida: 
- Será o agente que o examinador quer saber se responde pelo fato... 
- Sendo assim, o ponto de partida será a conduta de Jean... 
 
2) Verificar se a outra causa é preexistente ou concomitante ou superveniente: 
- A ingestão de veneno aconteceu antes da conduta de Jean... 
- Sendo assim, a outra causa é preexistente... 
 
3) Verificar se as causas são absolutamente ou relativamente independentes: 
- A vítima teria morrido pela ingestão de veneno independentemente dos tiros... 
- Sendo assim, as causas não guardam qualquer relação entre si... 
- Estamos diante de causas absolutamente independentes... 
 
4) Aplicar na Tabela: 
- Percebemos que estamos diante de uma... 
- Causa Preexistente Absolutamente Independente... 
- Logo, Jean deverá responder pela tentativa de homicídio... 
 
d) Considere que a residência de Sara, idosa com setenta e cinco anos de idade, seja invadida 
por um assaltante, e Sara, assustada, sofra um ataque cardíaco e morra em seguida. Nesse 
caso, considerando-se o fato de a vítima ser idosa e o de que o agente tivesse conhecimento 
dessa condição, o ataque cardíaco será uma causa concomitante e relativamente 
independente à ação do agente, que responderá por tentativa de homicídio. 
 
- Trata-se de causa concomitante relativamente independente... 
 
1) Fixar o ponto de partida: 
- Será o agente que o examinador quer saber se responde pelo fato... 
- Sendo assim, o ponto de partida será a conduta do assaltante... 
 
2) Verificar se a outra causa é preexistente ou concomitante ou superveniente: 
- O ataque cardíaco ocorreu durante a invasão do assaltante... 
- Sendo assim, a outra causa é concomitante... 
3) Verificar se as causas são absolutamente ou relativamente independentes: 
- A vítima morreu de ataque cardíaco em razão do susto... 
- E o agente tinha pleno conhecimento das particularidades/condições da vítima... 
- O que faz com que o resultado seja considerado previsível... 
- Sendo assim, estamos diante de causas relativamente independentes... 
 
4) Aplicar na Tabela: 
- Percebemos que estamos diante de uma... 
- Causa Concomitante Relativamente Independente... 
- Logo, o assaltante deverá responder pelo resultado (homicídio culposo)... 
 
e) Suponha que Mara, com intenção homicida, desfira dois tiros em Fábio e que, por má 
pontaria, acerte apenas o braço da vítima, a qual, conduzida ao hospital, faleça em 
consequência de um desabamento. Nesse caso, Mara deverá responder por homicídio doloso 
consumado. 
 
- Trata-se de causa superveniente relativamente independente... 
 
1) Fixar o ponto de partida: 
- Será o agente que o examinador quer saber se responde pelo fato... 
- Sendo assim, o ponto de partida será a conduta de Mara... 
 
2) Verificar se a outra causa é preexistente ou concomitante ou superveniente: 
- O desabamento ocorreu depois da conduta de Mara... 
- Sendo assim, a outra causa é superveniente... 
 
3) Verificar se as causas são absolutamente ou relativamente independentes: 
- A vítima só foi ao hospital e morreu no desabamento porque havia sido ferida... 
- As causas são relativamente independentes 
 
4) Aplicar na Tabela: 
- Percebemos que estamos diante de uma... 
- Superveniência de Causa Relativamente Independente... 
 
A) POR SI SÓ PRODUZ O RESULTADO: 
- Tentativa 
 
B) POR SI SÓ NÃO PRODUZ O RESULTADO: 
- Resultado (Consumado) 
 
- Neste exemplo... 
- A nova causa por si só PRODUZ o resultado... 
 
- Sendo assim... 
- Mara responderá pela tentativa. 
QUESTÃO 02 – PUC/PR – 2011 – TJRO – JUIZ 
A prática do crime e seu resultado lesivo exigem a relação de causalidade, tema de 
grande relevância para a questão da imputabilidade penal. Dado o enunciado, 
marque a única alternativa CORRETA. 
a) O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem 
lhe deu causa, sendo esta considerada como a ação ou omissão sem a qual o 
resultado não teria ocorrido. 
b) A superveniência de causa relativamente independente não exclui a imputação quando 
esta, por sisó, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os 
praticou. 
c) A omissão é penalmente irrelevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o 
resultado. 
d) A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si 
só, produziu o resultado; no entanto, os fatos anteriormente praticados são desconsiderados 
pela legislação penal. 
e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta. 
RELEVÂNCIA DA OMISSÃO 
 
 Comissivo ou Omissivo: 
- O tipo penal incriminador descreve a conduta através de um verbo. 
 
- Esse verbo pode ser uma ação ou uma omissão: 
 
 AÇÃO Crime Comissivo 
VERBO DO TIPO 
 OMISSÃO Crime Omissivo Próprio 
 
 
- Os tipos penais mistos são aqueles que possuem verbos relacionados a uma ação e a 
uma omissão. Nesses casos, não teremos nenhum problema, uma vez que o crime será 
considerado comissivo (no tocante aos verbos de ação) e omissivo próprio (no tocante 
aos verbos de omissão). 
 
Exemplo: Artigo 299 do Código Penal (Falsidade Ideológica): 
“Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele 
inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de 
prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente 
relevante”. 
 
Exemplo: Artigo 330 do Código Penal (Desobediência): 
“Desobedecer a ordem legal de funcionário público”. 
 
Um único verbo e pode ser comissivo ou omissivo próprio! 
- Porém, o legislador percebeu que em algumas situações particulares, seria possível que 
o agente praticasse uma omissão e com isso tivesse um crime comissivo. Sendo assim, o 
legislador foi obrigado a dar um tratamento diferenciado para estes crimes, fazendo com 
que tais condutas omissivas fossem tratadas como comissivas. 
 
São os crimes omissivos impróprios ou comissivos por omissão! 
 
Artigo 13, parágrafo segundo, do Código Penal: 
 
“A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o 
resultado. O dever de agir incumbe a quem: 
 
a) Tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; 
b) De outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; 
c) Com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.” 
Devemos interpretar este artigo, como o crime praticado pelo AGENTE 
GARANTIDOR, que é aquele agente que tem o dever de evitar o resultado. Sendo 
assim, quando ele se omite (omissão), é como se ele tivesse praticado uma conduta 
comissiva (ação). 
- Quem é que DEVE agir? 
a) Tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância: 
 
É o caso do agente que tem, por lei, o dever legal de evitar o resultado indesejado. 
 
Exemplo: policial, bombeiro, pais em relação aos filhos menores... 
 
b) De outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado: 
 
A doutrina mais antiga falava em contrato. Porém, o entendimento atual é no sentido 
de que não se precisa de um contrato e sim de qualquer ato (formal ou informal) 
tendente a criar a responsabilidade de evitar a superveniência do resultado. 
 
Exemplo: babá, pessoa que toma conta do meu filho na praia enquanto vou até o 
mar, pai do amigo do meu filho que se compromete a levar o meu filho e o amigo 
dele no parque de diversões,... 
 
c) Com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado: 
 
É o caso daquele que, com a sua conduta anterior, cria uma situação de risco para o 
bem jurídico. Caso isso aconteça, ele deverá fazer algo, para evitar que o resultado 
ocorra. Se nada for feito, ele será responsabilizado pelo resultado. 
 
A professora Sheila Bierrenbach dispõe que essa conduta anterior tem que ser ilícita, 
porém este entendimento é minoritário. Sendo assim, podemos considerar tal 
conduta como lícita ou ilícita. 
 
Exemplo: jogar alguém bêbado na piscina (se a pessoa começar a se afogar, tenho 
que pular na água e salvá-la, sob pena de responder por homicídio culposo). 
 
Exemplo: quebrei a janela da loja do meu patrão, porque fiquei com raiva, pelo fato 
de ele ter me demitido. Sendo assim, vou ficar escondido atrás da árvore, para que 
ele chegue de manhã e fiquei irritado, ao ver a vidraça quebrada (se surgirem 
meliantes e começarem a subtrair itens de dentro da loja, me transformei em agente 
garantidor e passo a ficar obrigado a impedir que o resultado ocorra, sob pena de 
responder por ele). 
 
Exemplo: O policial vê um meliante roubando uma determinada pessoa. Porém, 
este policial percebe que tal pessoa é o seu desafeto e decide não tomar nenhuma 
atitude, para que seu inimigo possa ser roubado (se o roubo ocorrer, o policial 
responderá pelo crime de roubo, na qualidade de agente garantidor). 
 
Exemplo: chamar uma pessoa, que eu sei que nada muito mal, para atravessar 
comigo a nado a baía de Guanabara (se a pessoa começar a se afogar, tenho que 
salvá-la, sob pena de responder por homicídio culposo). Note, que neste último 
exemplo, eu não posso ter dito que “se algo der errado eu te ajudo”, porque se tal 
conduta fosse efetuada, não estaríamos na alínea “c” (ingerência) e sim na alínea “b” 
(assunção voluntária da obrigação). 
- Quem é que PODE agir? 
Poder agir é a possibilidade real de fazer algo, para impedir que o resultado ocorra. 
Lembrem do exemplo de sala de aula... “Eu não tenho vida de vídeo-game”. 
- Devemos atentar para o fato de que se o agente DEVE e PODE agir, porém nada faz, 
temos o crime comissivo por omissão. Daí, o agente garantidor responderá pelo 
resultado, a título de dolo ou de culpa: 
Se o crime foi CULPOSO, ele responderá por CULPA! 
Se o crime for DOLOSO, ele responderá por DOLO! 
- Posso ter um crime omissivo próprio praticado por comissão? 
 
Vamos recapitular: 
 
Tenho o crime COMISSIVO: 
- Praticado por ação 
 
Tenho o crime OMISSIVO PRÓPRIO: 
- Praticado por omissão 
 
Tenho o crime OMISSIVO IMPRÓPRIO OU COMISSIVO POR OMISSÃO: 
- Agente Garantidor 
 
Posso ter o crime OMISSIVO PRÓPRIO POR COMISSÃO? 
 
Sim! São as hipóteses de AUTORIA MEDIATA! Vamos estudar mais a frente! 
 
DOLO E CULPA 
Vejamos o artigo 18 do Código Penal: 
“Diz-se o crime: 
I – doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo; 
II – culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. 
Parágrafo Único: Salvo os casos expressos em lei, ninguém poderá ser punido por fato previsto como 
crime, senão quando o pratica dolosamente”. 
 
 
 1º GRAU 
 
 DIRETO 
 
 2º GRAU 
 
Artigo 18, I, CP: DOLO 
 
 ALTERNATIVO 
 
 INDIRETO 
 
 EVENTUAL 
 
“(...) quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo”. 
 
QUIS O RESULTADO Teoria da Vontade Dolo Direto 
 
ASSUMIU O RISCO DE PRODUZI-LO 
 
Teoria do Assentimento 
Teoria do Consentimento 
Assunção do Resultado 
 
Dolo Eventual 
 
- DOLO: 
Vontade livre e consciente dirigida a realizar ou a aceitar realizar a conduta prevista no tipo penal 
incriminador. O dolo não é a vontade de praticar um crime e sim a vontade de realizar uma conduta. 
- DOLO DIRETO: 
Vontade livre e consciente dirigida a realizar a conduta prevista no tipo penal incriminador. 
- 1º GRAU: 
Vontade de realizar o objetivo principal daquela conduta. 
Exemplo: Eu quero matar fulano e dou um tiro nele. 
- 2º GRAU: 
Vontade de realizar qualquer outro resultado necessário para alcançar o objetivo principal. A doutrina 
fala que são as consequências necessárias do crime. 
Exemplo: Eu quero matar fulano e ele está entrando no avião.Eu coloco uma bomba no avião e 
consigo matar ele. Porém, a bomba no avião vai gerar outras consequências necessárias para esse 
crime, que é a morte de todos os outros passageiros. Note, que eu queria a morte de fulano (dolo 
direto de 1º grau). Contudo, eu já sabia que a bomba no avião também geraria a morte de todas as 
outras pessoas que estavam no mesmo ambiente que ele (dolo direto de 2º grau). 
O Dolo Direto de 2º Grau se diferencia do Dolo Eventual, pelo fato de que no dolo direto de 2º grau 
os resultados são CERTOS. Por sua vez, no dolo eventual, os resultados possíveis e assumidos pelo 
agente NÃO SÃO CERTOS. 
 
- DOLO INDIRETO: 
Pode ser alternativo ou eventual. 
- DOLO ALTERNATIVO: 
O agente prevê uma pluralidade de resultados possíveis para a conduta que vai praticar e a dirige à 
realização de qualquer um destes resultados. Para o agente, qualquer resultado possível é válido, sendo 
indiferente para ele. 
Exemplo: o agente bate muito na vítima e tanto faz se vai matá-la ou gerar lesões corporais. É o dolo 
objetivamente alternativo. 
A doutrina moderna afirma que o dolo alternativo também pode ocorrer sob o aspecto subjetivo, na 
ocasião em que o agente prevê uma pluralidade de vítimas e dirige a conduta a atingir qualquer uma 
delas. Nesse caso, estaríamos diante do dolo subjetivamente alternativo. 
 DOLO OBJETIVAMENTE ALTERNATIVO 
 (Doutrina Clássica) 
 A escolha é sobre o crime 
DOLO ALTERNATIVO 
 
 DOLO SUBJETIVAMENTE ALTERNATIVO 
 (Doutrina Moderna) 
 A escolha é sobre a vítima 
 
 
O agente prevê uma pluralidade de resultados possíveis para a sua conduta. 
O agente dirige a sua ação ou omissão para a realização de qualquer uma delas. 
 
- DOLO EVENTUAL: 
O agente prevê uma pluralidade de resultados, dirigindo a sua conduta à realização de um dele, mas 
aceitando a realização de um outro resultado por ele não desejado. 
Temos um binômio essencial: 
1º Elemento Necessário: Previsão efetiva de que o outro resultado pode ocorrer 
2º Elemento Necessário: Aceitar ou se conformar com a realização deste resultado 
(Teoria do Assentimento ou Consentimento) 
DOLO ALTERNATIVO ≠ DOLO EVENTUAL 
No dolo alternativo, o agente prevê vários resultados e quer qualquer um deles. 
No dolo eventual, o agente prevê vários resultados e quer apenas um deles. Porém, ele aceita ou se 
conforma com o risco de superveniência do outro resultado. 
 
 
 
 INCONSCIENTE – Não prevê o previsível 
 
Artigo 18, II, CP: CULPA 
 
 CONSCIENTE – Prevê o previsível 
 
“(...) o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia”. 
A Culpa consiste em uma conduta voluntária, que realiza um fato típico não querido pelo agente, mas 
que foi por ele previsto (culpa consciente) ou que não foi previsto mas era previsível (culpa 
inconsciente), caso o mesmo tivesse adotado os deveres objetivos de cuidado. Este conceito foi 
retirado do artigo 33 do Código Penal Militar. 
O crime culposo consiste, tradicionalmente, na inobservância de um dever objetivo de cuidado, em 
situações nas quais o resultado era previsível. Sendo assim, teremos os seguintes elementos: 
 
 IMPRUDÊNCIA 
 
NEGLIGÊNCIA Precisa de apenas um destes elementos 
 
IMPERÍCIA 
 
CULPA + 
 
 RESULTADO NATURALÍSTICO (Regra) 
 
 + 
 
 PREVISIBILIDADE OBJETIVA 
 
- A lei exige a inobservância de um dever objetivo de cuidado, que pode ocorrer através da 
imprudência, da negligência ou da imperícia. 
Imprudência: 
Está relacionada a uma ação! Exemplo: correr com o carro. 
Negligência: 
Está relacionada a uma omissão! Exemplo: não trocar a pastilha de freio do carro. 
Imperícia: 
Está relacionada a um caráter técnico! Exemplo: inobservância de deveres técnicos no 
desenvolvimento de uma arte, um ofício, uma profissão. Esse crime só poderá ser praticado por 
aquele profissional, que tem o dever de dominar aquelas técnicas. 
- A nossa doutrina vai afirmar que o crime culposo tem que ser material, o que significa que 
precisamos da superveniência de um resultado, para que seja atingida a consumação. Nesse sentido, 
se a conduta imprudente, negligente ou imperita não gerar resultado naturalístico, não teremos 
condições de imputar a conduta culposa ao agente, pelo fato de a mesma não ter gerado lesão a um 
bem jurídico. 
Tem que ocorrer aquilo que Zaffaroni e Pierangeli chamam de “componente de azar”, que é 
justamente a ocorrência do resultado. 
Porém, há algumas exceções em que o crime culposo se consuma, mesmo sem a ocorrência de um 
resultado naturalístico: 
Exceção I: Artigo 13 da Lei n.º 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento): 
“Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa 
portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de 
sua propriedade”. 
Exceção II: Artigo 38 da Lei n.º 11.343/2006 (Lei Anti-Drogas): 
“Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas necessite o paciente, ou fazê-lo em 
doses excessivas ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar”. 
- A doutrina também afirma que é necessária a previsibilidade objetiva, para que possamos falar em 
crime culposo. Ora, o que seria isso? A previsibilidade objetiva é a capacidade do homem médio de 
prever aquele resultado. 
O homem médio é o homem de discernimento comum, que possui um padrão mediano de cuidado 
e atenção, sendo considerado o homem teoricamente comum da sociedade, que observa os deveres 
objetivos de cuidado na sua vida. 
Nesse sentido, para que o crime possa ser punido a título de culpa, é necessário que o agente tenha 
condições de prever que aquele resultado pode acontecer. 
Exemplo: eu estou treinando tiro ao alvo em uma ilha completamente deserta, sem nenhuma 
embarcação em volta e totalmente solitário. Porém, de repente, acerto um tiro na cabeça de um 
mergulhador, que se levanta na frente do meu alvo. 
Por mais absurdo que este exemplo vem a ser, ele demonstra a questão da previsibilidade objetiva. 
Seria possível, para mim, prever que surgiria um mergulhador em uma ilha deserta? A resposta só 
pode ser negativa! Sendo assim, não havia previsibilidade objetiva na minha conduta e a mesma 
deveria ser considerada atípica, já que eu não agi com imprudência, negligência ou imperícia. 
Note, que o agente não precisa prever o resultado! Ele precisa, apenas, ter a possibilidade de prever 
a ocorrência do resultado, para que possamos ter a culpa inconsciente (o agente não previu o resultado 
previsível).Resumidamente, podemos dizer que se o resultado era imprevisível, ele não poderia ser 
atribuído ao agente, nem a título de culpa, sendo o fato atípico. 
ATENÇÃO: A doutrina minoritária e garantista dispõe que a previsibilidade a ser estudada é a 
subjetiva, que não diz respeito ao homem médio e sim ao próprio agente. Aquele agente, naquelas 
circunstâncias, tinha condições de prever aquele resultado? Porém, esta corrente é minoritária, o que 
significa que a doutrina tradicional, clássica e majoritária, exige, apenas, a previsibilidade objetiva. 
ATENÇÃO: Não há participação em crime culposo! Vamos estudar isto mais a frente, quando 
analisarmos o concurso de agente. Por enquanto, o importante é sabermos, que o crime culposo só 
admite co-autoria e jamais a participação. Isto ocorre, uma vez que a conduta do agente tem que dar 
causa ao resultado e a conduta do partícipe não dá causa ao resultado. 
 
CULPA INCONSCIENTE ≠ CULPA CONSCIENTE 
 
CULPA INCONSCIENTE CULPA CONSCIENTE 
Não houve a previsão 
(daquele resultado previsível)Houve a previsão 
(daquele resultado previsível) 
 
CULPA CONSCIENTE ≠ DOLO EVENTUAL 
 
CULPA CONSCIENTE DOLO EVENTUAL 
O agente prevê o resultado O agente prevê o resultado 
O agente não quer o resultado O agente não quer o resultado 
O agente acredita sinceramente e 
levianamente que resultado não vai 
acontecer 
O agente pouco se importa com a 
ocorrência do resultado, aceitando ou se 
conformando com o mesmo 
“Relaxa! Não vai acontecer nada!” “Que se dane... To nem aí” 
 
RESULTADO 
 
JURÍDICO OU NORMATIVO (Corrente Normativista) 
 
RESULTADO 
 
 NATURALÍSTICO (Corrente Naturalística) 
 
 Resultado Jurídico ou Normativo: 
- Rogério Greco fala em resultado jurídico ou normativo... 
- É a colocação do bem jurídico tutelado em uma situação de lesão ou de perigo de lesão... 
- Ocorre no campo normativo/no campo do direito... 
 
- Note... 
- Que não estamos diante de um resultado fático... 
- Estamos, apenas, tratando do âmbito da norma penal... 
 
- Sendo assim... 
- Todos os crimes terão o resultado jurídico ou normativo... 
- JAKOBS chega a dizer que até as tentativas têm um resultado jurídico ou normativo. 
 
 Resultado Naturalístico: 
- Este é o resultado que estudamos na tipicidade! 
 
- Aqui... 
- Estamos diante de uma verdade real e fática... 
- Produzida no bem jurídico tutelado... 
 
- No crime de homicídio, é o cadáver... 
- No crime de lesão corporal, são as lesões que podemos perceber... 
- E assim por diante... 
 
- O resultado naturalístico corresponde a uma alteração no mundo exterior... 
- Provocada por uma conduta... 
- E esse foi o entendimento adotado pelo Código Penal Brasileiro... 
- No artigo 13... 
- No artigo 18... 
 
Artigo 13 – O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu 
causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. 
 
Artigo 18 – Diz-se o crime: 
 
Crime doloso 
I – doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo; 
 
Crime culposo 
II – culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. 
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como 
crime, senão quando o pratica dolosamente. 
 
 A CORRENTE NATURALÍSTICA CLASSIFICA O CRIME: 
 
 
CRIME FORMAL 
 
 
CRIME MATERIAL 
 
CRIME DE MERA CONDUTA 
Lei Descreve 
 
Resultado 
Naturalístico 
Lei Descreve 
 
Resultado 
Naturalístico 
Lei Não Descreve 
 
Resultado 
Naturalístico 
 
Não Depende 
 
Resultado 
Naturalístico 
 
Para se Consumar 
 
 
Depende 
 
Resultado 
Naturalístico 
 
Para se Consumar 
 
 
Depende 
 
Apenas da 
Conduta 
 
Para se Consumar 
Exemplo: 
 
Corrupção Passiva 
(Artigo 317 do CP) 
Exemplo: 
 
Homicídio 
(Artigo 121 do CP) 
Exemplo: 
 
Violação de Domicílio 
(Artigo 150 do CP) 
 
 A CORRENTE NORMATIVISTA CLASSIFICA O CRIME: 
 
CRIMES DE DANO 
 
X 
 
CRIMES DE PERIGO 
 
- CRIMES DE DANO: 
- Há efetiva lesão ao bem jurídico... 
 
- CRIMES DE PERIGO: 
- Não há efetiva lesão ao bem jurídico... 
- Há apenas a criação de perigo ao bem jurídico... 
 
 
 
- CRIMES DE PERIGO ABSTRATO: 
- A situação de perigo... 
- É presumida... 
- A avaliação do perigo é EX ANTE... 
- Não sendo necessário demonstrar a exposição ao perigo... 
 
- Exemplo: porte ilegal de arma de fogo (artigo 14 da Lei n.º 10.826/2003)... 
- Exemplo: artigo 306 da Lei n.º 9.503/97... 
 
- CRIMES DE PERIGO CONCRETO (“perigo”, “dano iminente”): 
- A situação de perigo... 
- NÃO É presumida... 
- A avaliação do perigo é EX POST... 
- Sendo necessário demonstrar a exposição ao perigo... 
 
- Exemplo: artigo 309 da Lei n.º 9.503/97... 
- Exemplo: artigo 311 da Lei n.º 9.503/97... 
 
 
ITER CRIMINIS 
 
O Iter Criminis é um modelo, que foi desenvolvido pela doutrina, com a finalidade de dividir 
a prática do crime em fases distintas. Nesse sentido, teremos 05 (cinco) fases, as quais serão 
estudadas a seguir: 
 
Note, apenas, que o iter criminis só ocorre nos crimes dolosos, uma vez que não é possível 
cogitar ou preparar um crime culposo! 
 
1º FASE: COGITAÇÃO: 
 
É a elaboração mental, o planejamento do crime que o agente quer executar. 
 
Em virtude do Princípio da Lesividade, a cogitação e o pensamento não podem vir a ter 
qualquer relevância penal, uma vez que o agente não pode ser penalizado pelos fatos 
internos, que estão, apenas, dentro de sua mente de perversão. 
 
Daí, surge uma questão da última prova oral para Delegado de Polícia do Rio de Janeiro: 
O que seria o Direito à Perversão? 
 
É o “direito” que o agente possui de planejar atos contrários à lei, dentro do seu pensamento, 
desde que isso não venha a ser exteriorizado. É o direito de ser perverso. 
 
2º FASE: PREPARAÇÃO: 
 
É a prática de atos exteriorizados que visam preparar a prática do crime futuro. O agente 
ainda não iniciou a execução do crime. Porém, está se preparando para fazê-lo. 
 
Os atos preparatórios podem ser lícitos ou ilícitos. Sendo assim, há casos em que o agente já 
poderá ser punido pelos mesmos. Cabe ressaltar, apenas, que a referida punição não será em 
razão do crime, que o agente planejava executar, e sim pelo fato de a preparação em si ter 
sido considerada, no caso concreto, um crime autônomo. 
 
Podemos dar o exemplo do agente que quer praticar um crime de homicídio. Daí, ele pode 
efetuar diversas condutas: 
 
 
a) Alugar um carro para utilizar no dia do crime 
b) Comprar sacos de lixo para colocar o cadáver 
c) Comprar uma arma com o traficante do bairro 
d) ... 
 
Nesse sentido, devemos atentar para o fato, de que as condutas (a) e (b) são totalmente lícitas, 
tendo em vista que as pessoas têm a discricionariedade de alugar veículos, comprar sacos de 
lixo, dentre outras condutas da mesma natura. Sendo assim, o agente não pode ser punido 
por estes fatos, mesmo que se saiba que o seu objetivo é utilizá-los para a prática do crime. 
Isto ocorre, porque o verbo do tipo ainda não começou a ser executado pelo agente, o que 
faz com que o bem jurídico não tenha sido, ainda, colocado em situação de perigo. 
 
Por outro lado, a conduta prevista no item (c) é considerada crime autônomo, uma vez que 
o agente que compra uma arma com o traficante do bairro, incide nas penas do porte ilegal 
de arma. Por este motivo, já é possível a punição do agente, não pelo homicídio ou tentativa 
de homicídio, mas sim pelo crime previsto no Estatuto do Desarmamento. 
 
3º FASE: EXECUÇÃO: 
 
A execução do crime se inicia a partir do momento, em que o agente executa o primeiro ato 
previsto no tipo penal, o que significa dar início à prática do verbo do tipo. Para que 
possamos compreender a execução, é necessário que façamos uma análise dos crimes 
unissubsistentes e dos crimes plurissubsistentes. 
 
Cabe ressaltar, que os crimes podem ser classificados, de acordo com a quantidade de atos 
executórios, em crimes unissubsistentes e crimes plurissubsistentes. 
 
- Crime Unissubsistente: 
O crime é praticado com um único ato e esse ato único já gera a consumação. 
 
Sempre serão formais ou de mera conduta! Isto ocorre, uma vez que os crimes materiais 
dependem, para a sua consumação, da conduta + resultado naturalístico. Sendo assim, 
precisarão destes dois atos para a consumação. 
 
Vale ressaltar, ainda, que os crimes unissubsistentes não admitem a tentativa, tendo em vista 
que só há um ato. Sendo assim, não é possível tentar praticar aquele único ato. Quando se 
pratica, já consumou. 
 
- Crime Plurissubsistente: 
O crime depende de mais alguma coisa para atingir a consumação. 
 
1º Hipótese: Depende de mais de um ato de execução 
2º Hipótese: Ainda que praticado por um único ato, depende de um resultado naturalístico.

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