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Geografia-Sistemas OS SOLOS 1 Sumário Introdução......................................................................................................................................2 Objetivos.........................................................................................................................................2 1. Os Solos.................................................................................................................................. 2 1.1. Perfil e Horizontes..........................................................................................................3 1.2. Alguns solos do Brasil....................................................................................................3 1.3. Fatores que interferem na diferenciação dos solos...........................................................5 Exercício..........................................................................................................................................6 Gabarito..........................................................................................................................................8 Resumo...........................................................................................................................................8 2 Introdução Nas apostilas Introdução à Geologia e Geologia do Brasil, vimos como são formados os tipos de rochas, como é a dinâmica interna da Terra que forma as rochas e também forma e transforma o relevo e, além disso, vimos como é caracterizada a Geologia do Brasil. Nessa apostila, vamos abordar o conceito de solos, como eles são formados, as características de cada um de seus horizontes ou camadas horizontais e os fatores que interferem na sua diferenciação. Todas as rochas que existem no planeta sofrem desgastes e alterações químicas e físicas resultantes do intemperismo. Essas alterações vão depender de fatores como o relevo, o clima, a geologia, a vegetação, a fauna e o tempo de exposição. Os sedimentos resultantes do intemperismo e que se acumulam em um determinado local, passam a sofrer uma reorganização da sua estrutura, e começam a dar origem ao que chamamos de solo. Esse processo de formação de solo é conhecido como pedogênese. Os solos brasileiros veem sendo estudos e mapeados há muito tempo pela Embrapa. Nesta apostila, vamos abordar somente alguns solos importantes (tanto economicamente como em extensão) no Brasil, tais como, os latossolos, a terra roxa (que é um tipo específico de latossolo) e o solo da Floresta Amazônica. Objetivos • Conceituar Solos; • Compreender a formação dos solos e seus horizontes; • Conhecer alguns dos principais solos do Brasil; • Entender os fatores que interferem na sua diferenciação. 1. Os Solos Podemos definir solo, portanto, como o produto do intemperismo, da transferência e da reorganização das camadas superiores da crosta terrestre, sob ação da atmosfera, da hidrosfera e da biosfera. Em outras palavras, pode-se dizer que o solo é um corpo de material inconsolidado que cobre a superfície terrestre emersa, entre a litosfera e a atmosfera. Esse material inconsolidado (sedimentos), que é resultado do intemperismo das rochas, sofre pedogênese e forma horizontes (que nada mais é que uma estruturação nesse pacote de sedimentos). Uma característica básica dos solos é a presença de horizontes. 3 IMPORTANTE! 1.1. Perfil e Horizontes Um solo possui camadas horizontais diferentes entre si. Essas camadas são chamadas de horizontes. Como o processo de pedogênese (tal como ação dos seres vivos, infiltração de água, entre outros) é variável e constante, o mesmo ocorre com o desenvolvimento de alguns horizontes. Diz-se que quanto mais distante da rocha mãe (ou rocha matriz), mais intensa e antiga foi a ação pedogenética. O perfil do solo, segundo a EMBRAPA (2019), é utilizado com a finalidade de descrição, coleta do solo e classificação dentro de um Sistema de Classificação dos solos. Um perfil de um solo bem desenvolvido pode apresentar basicamente os seguintes horizontes: • O – é camada constituída basicamente de matéria orgânica. • A – é o horizonte cuja principal característica é a presença de matéria orgânica decomposta e mistura de minerais (argila, ferro, alumínio) com húmus. Por ser superficial, sofre bastante interferência dos elementos climáticos. • B – é o horizonte do solo que apresenta o máximo de desenvolvimento da cor e estrutura e que possui acumulação de minerais vindos do horizonte A que está acima dele. • C - é a camada do solo em que os processos de alteração não têm muita interferência e que, por isso, guarda características bem próximas ao material de origem, que pode ser a rocha matriz ou sã, por exemplo. • R - Rocha sã ou matriz que ainda não foi alterada pelo intemperismo. 1.2. Alguns solos do Brasil Além de haver muitos critérios que podem ser usados para classificar os solos, a passagem de um tipo de solo para outro é gradativa, o que deixa complexa a atividade de estabelecer limites entre eles. A classificação de um solo é alcançada a partir da análise das características morfológicas (tais como, cor, estrutura e textura) e dados físicos, químicos e mineralógicos do perfil que o representam. O solo é composto por sais minerais dissolvidos na água intersticial, organismos e rochas em decomposição. A primeira camada é rica em húmus, é considerada a camada fértil, própria para plantio. A segunda camada é a camada dos sais minerais formada por calcário, areia e argila. A terceira camada é a das rochas parcialmente decompostas. A quarta camada é a da rocha matriz. 4 O Brasil encontra-se quase todo na região tropical e tem um relevo que não vem sofrendo grandes movimentações. Assim, a natureza da rocha e a geomorfologia têm menor importância na formação dos solos, sendo o clima fator predominante na pedogênese (CPRM, 2019), como veremos mais adiante. DICA Os solos mais importantes em termos de extensão ocupada no Brasil são os latossolos, que se desenvolvem sobre todos os tipos de rocha. São típicos de regiões de clima tropical úmido e semiúmido. Sua coloração é vermelha, alaranjada ou amarela, dependendo da quantidade de minerais que o compõe, como o alumínio e o óxido de ferro. São solos bastantes intemperizados e profundos, com profundidade superior a 2 metros. A diferenciação entre os horizontes é pequena. Em algumas áreas este solo sustenta uma vegetação densa de florestas tropicais, mas quando a quantidade de nutrientes na camada superficial do solo é inferior, aparecem os cerrados. No sul e sudeste do Brasil encontra-se a terra roxa que apesar de ser considerado também um latossolo, merece destaque porque é uma exceção a baixa fertilidade. A terra roxa tem origem a partir do basalto, rochas de origem vulcânica. Apesar de receber esse nome (veja a explicação abaixo), possui uma aparência mais avermelhada. É encontrado nos estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Na planície Amazônica, a vegetação exuberante pode levar ao equívoco de que o solo é muito fértil. Mas essa fertilidade vem somente da matéria orgânica acumulada (galhos, folhas, excrementos) nas partes mais superficiais do solo. Ao arrancarem as árvores,as chuvas podem carregar essa camada superficial do solo, deixando aflorar um horizonte arenoso, de baixa fertilidade. Outros solos do Brasil mapeados pela EMBRAPA são: Argissolos, Cambissolos, Chernossolos, Espodossolos, Gleissolos, Luvissolos, Neossolos, Nitossolos, Organossolos, Planossolos, Plintossolos e Vertissolos. Segundo a CPRM, os solos brasileiros estão bem estudados pela Embrapa, que os vem mapeando desde 1960. Esse trabalho levou à criação do Sistema Brasileiro de Classificação de Solos, que compreende seis níveis hierárquicos: ordem, subordem, grande grupo, subgrupo, família e série (CPRM, 2019). 5 SAIBA MAIS! 1.3. Fatores que interferem na diferenciação dos solos Os Solos são considerados um sistema aberto, pois estão constantemente sofrendo entrada e saída de matéria e energia e, por isso, estão sempre em desenvolvimento. A formação do solo ocorre devido à interação de fatores ambientais, tais como, material de origem, relevo, clima, condições hídricas, organismos vivos e vegetação; ao longo do tempo. Dependendo da atuação e presença desses fatores, os solos terão características morfológicas e propriedades físico-químicas distintas. No Brasil, o clima (precipitação e temperatura) é o fator que mais influencia na pedogênese, pois pode acelerar ou não as reações químicas que acontecem no solo. As diferentes formas de relevo e suas diferentes características de declividades interferem na velocidade de escoamento das águas da chuva, que por sua vez, influencia na maior ou menor remoção de componentes superficiais do solo. O tipo de rocha é outro fator importante; dependendo da composição de minerais, as rochas podem ser mais frágeis ou mais resistentes ao intemperismo. Vale ressaltar que, quanto mais tempo uma determinada rocha está exposta num ambiente, há mais tempo ela vem sofrendo desgaste e decomposição. A matéria orgânica presente nas camadas superficiais do solo também pode controlar algumas reações químicas do solo, desprendendo CO2, por exemplo, e modificando o seu pH. A modificação do pH, por sua vez, tem influência na solubilidade dos minerais no solo. O nome terra roxa foi dado ao solo de origem basáltica que tem cor avermelhada, por causa dos imigrantes italianos que vieram trabalhar nas fazendas de café, e se referiam ao solo como Terra rossa (rosso em italiano significa vermelho). Devido à similaridade entre “rosso”, e a palavra "roxa", o nome "terra roxa" acabou se consolidando, apesar do solo ter coloração avermelhada. 6 IMPORTANTE Exercícios 1. (UNICAMP, 2013) Solo é a camada superior da superfície terrestre, onde se fixam as plantas, que dependem de seu suporte físico, água e nutrientes. Um perfil de solo é representado na figura abaixo. Sobre o perfil apresentado é correto afirmar que: a) O horizonte (ou camada) O corresponde ao acúmulo de material orgânico que é gradualmente decomposto e incorporado aos horizontes inferiores, acumulando-se nos horizontes B e C. São quatro os processos básicos de modificação do solo: Adição: é a adição de qualquer material no solo (mineral, matéria orgânica, íons, água, gases). Remoção: é a perda de qualquer material do solo, através, por exemplo, de escoamento, evapotranspiração, etc. Transformação: é a transformação do solo através dos processos de intemperismo ou de atividades biológicas. Translocação: é o transporte de águas e nutrientes do solo. 7 b) O horizonte A apresenta muitos minerais não alterados da rocha que deu origem ao solo, sendo normalmente o horizonte menos fértil do perfil. c) O horizonte C corresponde à transição entre solo e rocha, apresentando, normalmente, em seu interior, fragmentos da rocha não alterada. d) O horizonte B apresenta baixo desenvolvimento do solo, sendo um dos primeiros horizontes a se formar e o horizonte com a menor fertilidade em relação aos outros horizontes. 2. (ENEM, 1999) Apesar da riqueza das florestas tropicais, elas estão geralmente baseadas em solos inférteis e improdutivos. Grande parte dos nutrientes é armazenada nas folhas que caem sobre o solo, não no solo propriamente dito. Quando esse ambiente é intensamente modificado pelo ser humano, a vegetação desaparece, o ciclo dos nutrientes é alterado e a terra se torna rapidamente infértil (CORSON, Walter H. Manual Global de Ecologia, 1993). No texto acima, pode parecer uma contradição à existência de florestas tropicais exuberantes sobre solos pobres. No entanto, este fato é explicado pela: I) Profundidade do solo, pois, embora pobre, sua espessura é a única característica que garante a disponibilidade de nutrientes para a sustentação dos vegetais da região. II) Boa iluminação das regiões tropicais, uma vez que a duração regular do dia e da noite garante os ciclos dos nutrientes nas folhas dos vegetais da região. III) Existência de grande diversidade animal, com número expressivo de populações que, com seus dejetos, fertilizam o solo. IV) Capacidade de produção abundante de oxigênio pelas plantas das florestas tropicais, consideradas os “pulmões” do mundo. V) Rápida reciclagem dos nutrientes, potencializada pelo calor e umidade das florestas tropicais, o que favorece a vida dos decompositores. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e II são corretas. b) Somente a V está correta. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. 3. (Autora, 2019) O que é solo? Quais os componentes do solo? 8 Gabarito 1. A letra c) é a única correta, pois o horizonte C corresponde à transição entre solo e rocha, apresentando, normalmente, em seu interior, fragmentos da rocha não alterada. A letra a) está errada porque o material orgânico do horizonte O acumula-se no horizonte A. A letra b) está errada porque o horizonte A não costuma apresentar minerais não alterados da rocha mãe, sendo normalmente o horizonte mais fértil. A letra d) está errada porque o horizonte B apresenta bom desenvolvimento do solo e não é o horizonte com menor fertilidade. 2. A letra b) está correta porque os solos da Amazônia são considerados recentes, formados no período Cenozoico. Apesar de apresentar uma boa profundidade, ou seja, formados geralmente por um manto arenoso profundo, esses solos são pobres em nutrientes. O que garante a sobrevivência e exuberância da floresta é a ciclagem dos nutrientes. A vegetação na Amazônia é adaptada para absorver de forma rápida os nutrientes provenientes dos restos de plantas e animais que estão na parte superficial do solo. 3. “Podemos definir solo, portanto, como o produto do intemperismo, da transferência e da reorganização das camadas superiores da crosta terrestre, sob ação da atmosfera, da hidrosfera e da biosfera. Em outras palavras, pode-se dizer que o solo é um corpo de material inconsolidado que cobre a superfície terrestre emersa, entre a litosfera e a atmosfera, e é composto por sais minerais dissolvidos na água intersticial, organismos e rochas em decomposição. A primeira camada é rica em húmus, é considerada a camada fértil, própria para plantio; a segunda camada é a camada dos sais minerais formada por calcário, areia e argila; a terceira camada é a das rochas parcialmente decompostas; e a quarta camada é a da rocha matriz”. Resumo Nesta apostila, aprendemos o conceito e as características gerais dossolos. Vimos que os solos surgem a partir da decomposição dos diferentes tipos de rochas e do consequente acúmulo de sedimentos, que ao sofrerem intemperismo, vão incorporando uma estrutura em camadas ou horizontes. Chamamos esse conjunto de camadas ou horizontes (O, A, B, C e D) formados a partir da decomposição da rocha pelo intemperismo de perfil do solo. Estudamos as características básicas das principais camadas de um perfil de solo. 9 Também aprendemos os fatores que interferem na diferenciação dos solos, tais como o tipo de rocha, o tipo de clima, a presença de matéria orgânica e de água, entre outros fatores e quais dados deve ser considerado na sua classificação (tais como, dados morfológicos, físicos, químicos e mineralógicos). Sobre os fatores que interferem na diferenciação dos solos, vale ressaltar que o clima (precipitação e temperatura) é o fator que mais influencia na formação dos solos brasileiros, pois pode acelerar ou não as reações químicas que acontecem no solo. Estudamos alguns tipos de solos importantes para a agricultura no Brasil (latossolos e terra roxa), além de alguns processos responsáveis pela modificação dos solos (adição, remoção, transformação, translocação). Examinamos também as características do solo da Floresta Amazônica, importante em extensão e por sustentar esse importante e frágil Bioma. Vimos que esse solo, apesar de sustentar uma exuberante floresta, é bastante frágil e pobre em nutrientes. 10 Referências bibliográficas CPRM. Os Solos. Disponível em: <http://www.cprm.gov.br/publique/Redes-Institucionais/Rede-de-Bibliotecas--- Rede-Ametista/Canal-Escola/Os-Solos-2620.html>. Acesso em: 27 fev. 2019 às 18h36min. EMBRAPA. Sistema de Informações de Solos Brasileiros. Disponível em: <https://www.sisolos.cnptia.embrapa.br/>. Acesso em: 03 mar. 2019 às 7h49min. TOLEDO, M. C. M. et al. Intemperismo e Formação do Solo. In: TEIXEIRA, W. et al. Decifrando a Terra. São Paulo, Oficina de Textos, 2000. 568p. Il. p. 139-166. il.
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