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Química inorgânica ÁCIDOS E CONDUTIVIDADE ELÉTRICA Sumário Introdução .................................................................................................................................... 2 Objetivos ....................................................................................................................................... 2 1. Ionização x condutividade elétrica .......................................................................................... 2 1.1. Eletrólitos 3 1.2. Grau de ionização x Constante de ionização ..................................................................... 3 1.3. A Lei de Diluição de Ostwald .............................................................................................. 3 Gabarito ........................................................................................................................................ 6 Resumo ......................................................................................................................................... 7 Introdução Na apostila “Equilíbrio Ácido-Base” aprendemos sobre as reações reversíveis e o equilíbrio químico, que é quando temos em uma solução os produtos sendo formados na mesma velocidade em que os reagentes são regenerados. Vimos que alguns fatores como aumento ou diminuição da temperatura, pressão ou concentração das espécies químicas podem perturbar este equilíbrio, favorecendo ora o sentido de formação do produto, ora o sentido de regeneração dos reagentes. Na sequência, aprendemos a calcular a constante de equilíbrio de ionização ácida. Agora, vamos analisar como a ionização afeta diretamente a condutividade elétrica em soluções ácidas. Objetivos • Estudar a relação entre ionização e condutividade elétrica em soluções ácidas: • Calcular o grau de ionização e constantes de ionização em um equilíbrio químico. 1. Ionização x condutividade elétrica Até aqui vimos que os ácidos sofrem ionização em água liberando íons em soluções. Estes íons carregados com cargas positivas e negativas são capazes de conduzir energia em uma solução. Mas de que forma podemos identificar na prática esta relação entre ionização e condutividade? É o que vamos descobrir! Todos nós já ouvimos falar dos perigos de utilizar aparelhos eletrônicos próximos a locais com água (Figura seguinte). Também sabemos dos riscos de entrar no mar em meio a uma tempestade com raios. Estas situações estão relacionadas com os acidentes envolvendo a condução de corrente elétrica em soluções, podendo levar até a morte. Tanto a água do mar, rica em cloreto de sódio, quanto à água que recebemos na torneira, rica em sais minerais, são excelentes eletrólitos. 01 Tempestade de raios no mar 1.1. Eletrólitos Chamamos de eletrólito a solução que contém íons. O eletrólito pode ser considerado forte- quando a substância está completamente ionizada no solvente- ou fraco- quando a substância está parcialmente ionizada no solvente. 1.2. Grau de ionização x Constante de ionização Existe uma diferença entre grau de ionização (α) e constante de ionização. O grau de ionização determina qual a quantidade de substância em mols foi ionizada em relação à quantidade em mols inicial. No entanto, sabemos que os ácidos fortes possuem α≥50%, os moderados 5 ≤ α ≤50% e os fracos α≤ 5%. Logo, quanto maior o valor da constante de ionização Ka, maior será o grau de ionização e a condutividade do eletrólito. 1.3. A Lei de Diluição de Ostwald A Lei de Diluição de Ostwald nos diz que a constante de ionização de um ácido ou uma base é igual ao produto da multiplicação da constante de ionização pela molaridade do eletrólito. Mas o que isso significa? Isso significa que, quanto maior for a diluição de uma solução, maior será o seu grau de ionização. Vamos analisar a seguinte situação: Em um béquer temos um determinado número de mols de um eletrólito HA e adicionamos um volume conhecido de água. Então, temos a seguinte reação de ionização: HA <=> H+ + A- Para facilitar a compreensão do que acontece desde o começo da reação até se atingir um equilíbrio químico, vamos analisar a sequência a seguir: N° inicial de mols 0 0 0 N° de mols ionizados n α n α n α N° de mols no equilíbrio n- n α 0+ n α n + n α Concentração (mol/kg) n − n α V n α V n α V Substituindo os valores de concentração na expressão da constante de ionização ácida vista na apostila anterior sobre equilíbrio químico, chegamos no seguinte resultado: Ki = ∝2 M (1−∝) Quando um ácido é muito fraco, ou seja, com um valor de α muito pequeno, podemos desprezar a concentração do eletrólito. Ki = ∝2 M CURIOSIDADE Podemos avaliar a condutividade de um eletrólito através de um sistema composto por fios condutores e uma pequena lâmpada. De que forma isso é possível? Primeiro montamos um aparato com dois pedaços de fio de cobre conectados a um bocal com uma lâmpada de 1,5V. A outra extremidade do fio será mergulhada em um recipiente com uma solução de ácido A corrente produzida pelos íons em solução será capaz de acender a lâmpada. Quanto mais forte for o ácido, mais intensa será a luz emitida pela lâmpada. Vale testar com soluções de diferentes ácidos e comparar uma com as outras! Exercícios 1) (UEFS, 2010) Os trabalhos do químico alemão Friedrich Willhelm Ostwald sobre a relação matemática entre constante de ionização, Ka, com o grau de ionização, α, e com a concentração em mol.L−1, m, de um ácido fraco ficaram conhecidos como a Lei de diluição de Ostwald, representada pela expressão localizada a seguir. As suas pesquisas levaram-no ao recebimento, em 1909, do prêmio Nobel de Química. Ka = a2 − m (1 − a) A partir dessas informações e da reação de ionização do ácido hipobromoso, em uma solução 0,1 molar desse ácido, representada pela equação química, é correto afirmar: HBrO(ℓ) + H2O(ℓ)⇔ H+(aq) + BrO−(aq) Ka = 2,1x10−9 a) A concentração hidrogeniônica da solução de HBrO é igual a 1,0x10−5. b) O pH da solução de HBrO é igual a 5. c) O valor de α para o HBrO, em solução, é 1,45x10−4. d) O grau de ionização aumenta quando a concentração da solução de HBrO aumenta. e) A concentração hidrogeniônica da solução de HBrO independe de α. 2) (UCPEL, 2011) Numa solução de ácido acético H3CCOOH, representada por HOAc, de 1 mol.L-1, ocorre o equilíbrio: HOAc(l) + H2O(l)⇔ H3O+(aq) + OAc-(aq) Esse equilíbrio apresenta a constante de ionização Ka=1,85 x 10-5 mol.L-1. Se a essa solução adicionarmos cristais de acetato de sódio (NaOAc) sólido, é correto afirmar que haverá a) a manutenção da concentração dos íons H3O+(aq). b) um deslocamento do equilíbrio, aumentando a concentração dos íons H3O+(aq). c) uma diminuição do valor de Ka na razão direta da adição dos cristais. d) um deslocamento do equilíbrio, diminuindo a concentração dos íons H3O+(aq). e) um aumento do valor de Ka na razão direta da adição dos cristais. 3) (UnB, 2013) Em 2013, comemoram-se 110 anos do recebimento do prêmio Nobel por Svante Arrhenius, cientista que investigou as propriedades condutoras das dissoluções eletrolíticas. Em sua teoria ácido-base, o cientista baseou-se no fato de substâncias ácidas, tais como H2SO4, CH3COOH, HCl e HClO4, ionizarem-se em solução aquosa e fornecerem íons hidrogênio (H+). Demodo semelhante, as bases como o NaOH e o KOH também se dissociam em solução aquosa e produzem ânions hidroxila (OH-). Considerando essas informações, julgue o próximo item quanto certo ou errado. “Quanto maior for o valor da constante de dissociação ácida de uma espécie, maior será sua taxa de ionização em meio aquoso e, portanto, mais forte será o caráter ácido dessa espécie.” Gabarito 1. Primeiramente vamos calcular o valor do coeficiente de ionização. Segundo a lei de Ostwald, quando um ácido é muito fraco podemos desprezar a concentração do eletrólito. Assim temos o seguinte cálculo: Ki = ∝2 M 2,1𝑥10−9 = 𝛼2𝑥0,1 𝛼2 = 2,1𝑥10−9 0,1 𝛼 = √ 2,1𝑥10−9 0,1 = 1,45𝑥10−4 Sabendo que α= 1,45𝑥10−4 ou 0,014% , podemos calcular a quantidade de mols ionizados de H+ e o pH da seguinte forma: HBrO(ℓ) ⇔ H+(aq) BrO−(aq) Inicio 0,1 mol/L 0 0 Ionizados e 0,1 α 0,1 α 0,1 α formados Equilíbrio 0,1 – 0,1x 1,45𝑥10−4 0,1𝑥1,45𝑥10−4 0,1x1,45𝑥10−4 [H+]=1,45𝑥10−5 pH= -log [H+] pH= -log [1,45𝑥10−5] pH= 4,8 Desta forma, a alternativa correta é a letra c, que fornece o valor correto para o coeficiente de ionização. Sendo o pH da solução igual a 4,8 e a concentração hidrogeniônica da solução igual a 1,45x10-5, temos que as alternativas a e b também se encontram erradas. Por fim, a alternativa d se encontra errada, pois o grau de ionização aumenta quando a diluição de uma da solução de HBrO aumenta, logo, a concentração deste ácido irá diminuir. Já na alternativa e, temos que a concentração hidrogeniônica da solução de HBrO independe de α, o que é uma afirmação incorreta, uma vez que o αindica justamente a concentração de hidrogênios ionizados. 2. Ao adicionarmos cristais de NaOAc iremos aumentar a concentração de íons OAc-, fazendo com que o deslocamento químico seja deslocado para o sentido oposto da reação, ou seja, para o lado dos reagentes. Neste caso, ocorrerá uma diminuição dos íons H3O+. O valor de Ka, no entanto, não será alterado. A resposta correta da questão será a letra d. 3 certo- a constante de dissociação ácida Ka é diretamente proporcional a concentração de íons formados, logo, quanto maior o Ka, mais dissociada estará a substância e mais forte será o ácido. Resumo Nesta aula aprendemos o conceito de eletrólito, que é o nome dado à solução aquosa que contém íons. Os eletrólitos podem ser “fortes”, quando os íons se apresentam totalmente ionizados, ou “fraco”, quando os íons estão parcialmente ionizados. Vimos também a relação entre o grau de ionização a condutividade elétrica de um eletrólito, que estabelece que quanto mais ionizado um eletrólito for, maior a força do ácido e maior a condutividade elétrica do mesmo. Aprendemos também como calcular a constante de ionização dos ácidos através do seu grau de ionização. Por fim, vimos que quanto maior for a diluição de um eletrólito, maior será seu grau de ionização (Lei de Ostwald). Referências bibliográficas BOSQUILHA, G. E.Minimanual compacto de química: teoria e prática. São Paulo: Rideel, 1999. KOTZ, J. C. Química Geral e Reações Químicas, v2. São Paulo: Pioneira Thompson Learning, 2005. Referências imagéticas Figura 1. PIXABAY. Disponível em:<https://pixabay.com/pt/photos/tempestade-rel%C3%A2mpago-mar- trovoada-2661132/>. Acesso em: 18 set 19 às 23h50min.
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