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Livro-Texto-direito2 Unidade II

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Unidade II
5 DIREITO CIVIL E CONTRATOS
5.1 DIREITO CIVIL
O Direito privado e, no caso, o Direito Civil, regula relações entre particulares, predominando o 
interesse da ordem privada, portanto de coordenação, uma vez que não emana do Estado, mas sim da 
autonomia da vontade das partes, embora o Estado eventualmente intervenha nessas relações jurídicas 
privadas, a fim de manter o seu equilíbrio.
O Código Civil de 2002 está fundamentado nos princípios da operabilidade (estabelecer soluções 
normativas de modo a facilitar sua interpretação e aplicação pelo operador do Direito), socialidade 
(predomínio do social sobre o individual, superando o caráter individualista da Lei vigente) e da ética 
(participação dos valores éticos no ordenamento jurídico, sem abandono das conquistas da técnica 
jurídica).
5.1.1 Da validade dos negócios jurídicos
5.1.1.1 Conceitos e requisitos
a) Fato, ato e negócio jurídico:
O fato jurídico é todo acontecimento da vida relevante para o Direito, mesmo que seja fato ilícito, são os 
acontecimentos em razão dos quais nascem, se modificam, subsistem e se extinguem as relações jurídicas.
Podem ser classificados em fato natural, quando decorrente fenômeno natural, sem 
intervenção da vontade humana, produzindo efeito jurídico, podendo ser: fato jurídico stricto 
sensu ordinário – nascimento, maioridade, morte, decurso do tempo, abandono do álveo pelo rio, 
aluvião e avulsão –, e fato jurídico stricto sensu extraordinário – caso fortuito e de força maior 
(tempestade, raio, terremoto).
Pode também ser fato humano, quando depende da vontade humana, abrangendo tanto atos lícitos 
como ilícitos, podendo ser voluntário (perdão, negócio jurídico) ou involuntário (ilícito civil).
O ato jurídico visa “adquirir, resguardar, transferir, modificar ou extinguir Direitos, é um ato de 
vontade, ao contrário do fato jurídico que é resultante de forças naturais.
O negócio jurídico decorre da manifestação da vontade, sendo necessário, também, que esteja de 
acordo com a ordem jurídico‑positiva, para produzir efeitos jurídicos.
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INSTITUIÇÕES DE DIREITO
 Observação
Fato>ato>negócio.
b) Elementos essenciais do negócio jurídico – “agente capaz, objeto lícito e forma prescrita ou não 
defesa em lei” (art. 104 do Código Civil):
• agente capaz é a pessoa dotada de consciência e vontade reconhecida pela Lei como apta a 
exercer todos os atos da vida civil. Poderá ocorrer a representação dos incapazes (CC, arts. 115 
a 120), de forma convencional (mandato – art. 120), legal (a própria Lei confere poderes para 
administrar bens de outrem como os pais, tutores, curadores), ou judicial quando nomeados 
pelo juiz, para certo cargo no foro ou processo (síndico inventariante). Ainda em relação ao 
elemento subjetivo, será imprescindível o livre consentimento, pois sem o concurso da vontade 
o ato não se configura, podendo ser expresso ou tácito;
• objeto lícito, devendo estar de acordo com o ordenamento jurídico pátrio, ser física e 
juridicamente possível de ser realizado, ser determinado, isto é, especificado, ou, ao menos, 
determinável quando de sua consumação;
• forma prescrita ou não defesa em Lei, pois a forma é o meio de revelação da vontade. Será 
livre, não dependendo de forma especial, salvo quando a Lei expressamente a exigir (CC, art. 
107), como a escritura pública à validade dos negócios jurídicos que visem à Constituição, 
transferência, modificação ou renúncia de Direitos reais sobre imóveis de valor superior a 30 
vezes o maior salário mínimo vigente no país (CC, art. 108).
O Direito brasileiro prevê inúmeras classificações para os negócios jurídicos, tais como: gratuitos, 
quando as partes obtêm enriquecimento patrimonial sem contraprestação (ex.: doações), ou onerosos, 
se ambos os contratantes auferem vantagens às quais corresponde uma contraprestação (ex.: compra e 
venda, locação); solenes, se obedecerem à forma prescrita em Lei para se aperfeiçoar (ex.: testamento), 
ou não solenes quando não exigem forma legal para sua efetivação (ex.: compra e venda de bem móvel); 
patrimoniais, quando versam sobre questões suscetíveis de aferição econômica; extrapatrimoniais, se 
atinentes aos Direitos personalíssimos e direito de família; unilaterais, se a declaração da vontade emana 
de uma ou mais pessoas, desde que na mesma direção, colimando um mesmo objetivo (ex.: testamento); 
bilaterais, quando a declaração de vontade se faz mediante concurso de duas ou mais pessoas, porém 
em sentido oposto, como nos contratos em geral; inter vivos, se acarretam consequências jurídicas em 
vida dos interessados (ex.: compra e venda, doação); causa mortis, regulam relações de Direito após a 
morte do sujeito (ex.: testamento); principais, quando existem por si mesmos, independentemente de 
outro (ex.: locação); ou acessórios, se sua existência subordina‑se à dos principais (ex.: fiança).
Há também uma série de regras a ser observada por ocasião da interpretação dos negócios jurídicos, 
tais como: o artigo 112 do Código Civil estabelece que nas declarações de vontade atender‑se‑á mais à 
sua intenção que ao sentido literal da linguagem; o silencia importa anuência, quando as circunstâncias 
ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa (CC, art. 111); os 
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contratos em geral devem ser interpretados segundo a boa‑fé e os usos e lugar de sua celebração (CC, 
art. 113). Ex.: nos contratos de adesão resolve‑se a dívida a favor do aderente; os negócios jurídicos 
benéficos e a renúncia interpretam‑se estritamente (CC, art. 114); o contrato deve ser interpretado de 
maneira menos onerosa para o devedor.
c) Modalidades:
As modalidades dos atos jurídicos são elementos acidentais do negócio jurídico, uma vez que o ato 
negocial se perfaz sem eles. Podem ou não ser inseridos no negócio jurídico.
A condição (CC, arts. 121 a 130) subordina o efeito do ato jurídico ao implemento de um evento 
futuro e incerto. Antes de realizada a condição, o ato é ineficaz e nenhum efeito produz.
As condições podem ser positivas, se o evento futuro e incerto consistir num fato afirmativo (ex.: se eu 
me casar); ou negativa, se importar numa abstenção (ex.: se eu não me casar); podem ainda ser suspensivas, 
se as partes protelam temporariamente a eficácia do ato até a realização do acontecimento futuro e incerto, 
deixando em suspenso a existência do Direito criado pelo ato; ou resolutivas, se as condições que tenham 
por fim extinguir, depois do acontecimento futuro e incerto, o Direito criado pelo ato. Enquanto a condição 
resolutiva não se verificar, vigorará o ato jurídico, podendo o seu titular exercer desde o momento deste o 
Direito por ele estabelecido (ex.: constituo uma renda em teu favor, enquanto estudares).
Termo é cláusula contratual que subordina a eficácia do negócio a evento futuro e certo, não 
se confundindo com prazo que é o espaço de tempo intercorrente entre a declaração de vontade e 
o advento do termo. Pode ser certo, quando se reporta uma data do calendário ou quando fixado 
tendo por base o decurso de certo lapso de tempo (ex.: de hoje a um ano, quando tal pessoa atingir a 
maioridade), ou incerto quando se refere a acontecimento futuro, mas que não se verificará em data 
indeterminada (ex.: o óbito de determinada pessoa). Termo inicial (dies a quo): suspende o exercício do 
Direito. Não impede a aquisiçãodo Direito, apenas retarda seu exercício; termo final: (dies ad quem): é 
o que faz cessar o Direito criado pelo ato.
 Lembrete
Condição= se; termo= quando.
Encargo é a cláusula pela qual se impõe obrigação a quem se faz uma liberalidade, não suspende a 
aquisição do Direito, é coercitivo e geralmente inserido (ex.: doarei um terreno à municipalidade para 
nele ser edificado um hospital).
5.1.1.2 Dos defeitos do negócio jurídico
Existem casos em que a vontade se manifesta com algum vício, tornando o negócio anulável: erro, 
dolo e coação são chamados de vícios do consentimento, uma vez que atingem a manifestação da 
vontade da pessoa que não condiz com o seu verdadeiro querer; a simulação e fraude contra credores 
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são chamadas de vícios sociais, uma vez que representam a exata expressão da vontade da pessoa, 
entretanto, com o objetivo de lesar terceiros e de fraudar a Lei.
a) Erro (CC, arts. 138 a 144) é a noção inexata sobre elemento objetivo ou subjetivo do negócio jurídico. 
Se a pessoa tem sobre um fato ou preceito noção incompleta, emite sua vontade de modo diverso do 
que se tivesse conhecimento exato ou completo. O erro só torna anulável o negócio se for substancial, 
escusável e real, ou seja, devendo ter por fundamento uma razão plausível, ou ser de tal monta que 
qualquer pessoa inteligente e de atenção ordinária seja capaz de cometê‑lo. Deve ser real e palpável, 
importando efetivo prejuízo para o interessado. O erro escusável é aquele que é justificável, por exemplo, 
um técnico jamais poderá escusar‑se do erro por ele praticado na área de sua especialidade. Deve ser 
de tal monta que qualquer pessoa inteligente e de atenção ordinária seja capaz de cometê‑lo.
Já o erro acidental é concernente às qualidades secundárias ou acessórias da pessoa, ou do objeto. 
Não induzindo a anulação do negócio por não incidir sobre a declaração da vontade (ex.: contrato de 
compra e venda de um imóvel na rua “x”, nº 60, quando na realidade o número da casa é 61).
b) Dolo é o emprego de manobras destinadas a induzir alguém à prática de um negócio jurídico 
prejudicial (CC, art. 145 a 150).
Por meio desse defeito, alguém é induzido a efetivar negócio jurídico por manobras maliciosas 
que afetaram sua vontade. O dolo é intencionalmente provocado na vítima pelo autor do dolo ou por 
terceiro, sendo, portanto, passível de anulação. Entretanto, somente o dolo determinante é causa de 
anulabilidade, não se presumindo, devendo ser provado.
São espécies de dolo: dolus causam ou principal (CC, art. 145), há intenção de induzir o declarante 
a praticar o negócio jurídico, é aquele que dá causa ao negócio jurídico, sem o qual ele não se teria 
concluído, acarretando, então, a anulabilidade do negócio (ex.: pessoa que vende remédio falso); dolo 
acidental (CC, arts. 146), que leva a vítima a realizar o negócio, porém em condições mais onerosas 
ou menos vantajosas, não afetando a sua declaração da vontade, embora provoque desvios, não se 
constituindo vício de consentimento, por não influir diretamente na realização do ato, que se teria 
praticado independentemente do emprego de artifícios astuciosos (ex.: pessoa que vende um carro com 
um pequeno problema ou pessoa que não revela uma multa por ser de baixo valor).
Há ainda o dolo positivo, artifício astucioso que consta de ação dolosa, ou negativo (CC, art. 148) 
que ocorre quando uma das partes oculta alguma coisa que o cocontratante deveria saber e se sabedor 
não teria realizado o negócio; é o silêncio intencional acerca de determinado fato; o dolo de terceiro 
que exige o conhecimento de uma das partes contratantes, não sendo conhecido pelo beneficiado dará 
lugar a uma indenização por parte da vítima, contra o terceiro autor do engano intencional (ex.: corretor 
de imóveis que sabe que o imóvel será desapropriado e mesmo assim o vende ou sabe que o imóvel está 
com problemas, nem o vendedor sabe, mas vende o imóvel mesmo assim); o dolo de ambas as partes 
(CC, art. 159) caracteriza torpeza bilateral e ocorre neutralização do delito porque há compensação 
entre dois ilícitos, a ninguém cabendo se aproveitar do próprio dolo. Não poderá haver anulação do 
negócio (ex.: pagar um carro roubado com cheque sem fundos).
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c) A coação é sinônima de violência, é a coerção física ou moral sobre a pessoa, seus bens ou sua 
honra, com o intuito de obrigá‑lo a entabular um negócio jurídico (CC, arts. 151 a 155). A coação 
deve incutir a vítima um temor justificado, como morte, cárcere privado, desonra, mutilação, 
escândalo etc. O temor deve dizer respeito a um dano iminente, suscetível de atingir a pessoa da 
vítima, sua família ou seus bens.
Pode ser coação física ou “vis absoluta”, constrangimento corporal que retira toda capacidade de 
querer, implicando ausência total de consentimento, o que acarreta nulidade do ato, não se tratando de 
vício da vontade; coação moral ou “vis compulsiva” atua sobre a vontade da vítima, sem aniquilar‑lhe o 
consentimento, pois conserva ela uma relativa liberdade, podendo optar entre a realização do negócio 
que lhe é exigido e o dano com que é ameaçada, embora a vontade declarada se coloque em oposição 
à realidade.
Exclui a coação a ameaça de um exercício normal de um Direito (ex.: credor que ameaça devedor de 
protestar título por dívida vencida e não paga) e o simples temor reverencial (receio de desgostar o pai, 
mãe, superior hierárquico).
d) Estado de Perigo (CC, art. 156) : premido da necessidade de salvar‑se, ou pessoa de sua família, 
de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa. Requer 
a iminência do dano, a proximidade de relacionamento da vítima, da gravidade do dano a ser 
causado, do conhecimento deste pela outra parte. Requer ainda a excessiva onerosidade da 
obrigação contraída (ex.: o depósito de cheque caução para fazer frente a despesas médicas, 
prática agora coibida).
e) Lesão (CC, art. 157): sob premente necessidade ou por inexperiência, se obriga a prestação 
manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta, avaliada está de acordo com os 
valores vigentes ao tempo da celebração. Caso haja suplemento suficiente, ou a parte favorecida 
concordar com a redução do proveito, descaberá a anulação.
f) Constitui fraude contra credores (CC, arts. 158 a 165): “a prática maliciosa, pelo devedor, de atos 
que desfalcam o seu patrimônio, com o escopo de colocá‑lo a salvo de uma execução por dívidas 
em detrimento dos Direitos creditórios alheios” (DINIZ, 2011b, p. 529).
Elemento objetivo: é todo ato prejudicial ao credor, por tornar o devedor insolvente, ou por ter sido 
praticado em estado de insolvência (devedor que tem um passivo maior do que o ativo); o elemento 
subjetivo: má‑fé é o intuito malicioso de prejudicar. Não se exige, no entanto, que o adquirente esteja 
mancomunado ou conluiado com o alienante para lesar os credores, basta a prova da ciência da situação 
de insolvência (ex.: devedor transfere, a título gratuito, todos os imóveis que possui aos genitores, após 
consumar ato ilícito).
O credor deve ser preexistente, ou seja, aquele que tem um título líquido, certo e exigível. São atos 
suscetíveis de fraude a transmissão gratuita de bens, remissão de dívidas, pagamento antecipado de 
dívidas e outorga de Direitos preferenciais, que podem ser anulados por meio de ação revocatória, 
também denominada ação pauliana.
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 Observação
Ordem dos créditos – crédito fazendário (federal, estadual, municipal), 
trabalhistas e previdenciários, real, pessoal privilegiado especial, pessoal 
privilegiado geral, pessoal simples (quirografário).
g) As nulidades (CC, arts. 166 a 184) são causas das imperfeições dos atos jurídicos, que podem ocorrer 
por falta de elemento essencial e, portanto, indispensável à sua existência (consentimento, objeto, 
causa); ato praticado com violação da Lei, contrário à ordem pública, ou aos bons costumes, ou sem 
observância da forma legal exigida. Eivado, portanto, de nulidade os atos são nulos; imperfeição 
da vontade (emanada de incapaz, ou contém alguns dos vícios do consentimento). Os atos são 
anuláveis.“ A nulidade vem a ser a sanção, imposta pela norma jurídica, que determina a privação 
dos efeitos jurídicos do negócio praticado em desobediência ao que prescreve” (DINIZ, 2011b, p. 577).
Nulidades absolutas (CC, art. 166) – os atos são nulos, não têm eficácia jurídica por ofender princípios 
de ordem pública, sendo mais graves do que as nulidades relativas por ofender princípios de ordem 
pública. Acarreta a nulidade dos atos jurídicos, uma vez que é de ordem pública, de alcance geral e 
decretada no interesse da própria coletividade. A declaração da sua invalidade opera efeitos ex tunc 
(retroagem à data na qual foi praticado). Desta forma, não pode ser suprida pelo juiz, mas pode e deve 
ser decretada não só a pedido dos interessados, como também do órgão do Ministério Público, quando 
lhe couber intervir (art. 168). Não convalesce e nem está sujeita aos prazos prescricionais, uma vez que 
é de ordem pública (art. 169). Opera de pleno Direito, é insuscetível de ratificação, é irreparável.
A simulação traduz uma inverdade, caracteriza‑se pelo intencional desacordo entre a vontade interna 
e a declarada, no sentido de criar, aparentemente, um ato jurídico que, de fato, não existe e, portanto é 
anulável. É declaração bilateral da vontade sempre concertada com a outra parte, ou com as pessoas a 
quem ela se destina, feita no sentido de iludir terceiros. O que realmente caracteriza a simulação é o seu 
conhecimento pela outra parte, sendo apenas ignorada por terceiros.
Nulidades relativas (CC, art. 171): “a nulidade relativa ou anulabilidade refere‑se à negócios que 
se acham inquinados de vício capaz de lhes determinar a ineficácia, mas que poderá ser eliminado, 
restabelecendo‑se a sua normalidade” (DINIZ, 2011b, p. 578).
Os atos são anuláveis, e a declaração judicial de sua ineficácia opera efeitos ex tunc, de maneira 
a produzir efeitos até esse momento, uma vez que a falta cometida é mais leve, atingindo Direitos 
meramente individuais. A anulabilidade é decretada no interesse privado da pessoa prejudicada, pode 
ser suprida pelo juiz e a requerimento das partes, ou sanado expressa ou tacitamente pela ratificação. A 
anulação deve sempre ser pleiteada através de ação judicial.
 Lembrete
Nulidade absoluta = insanável; relativa = sanável.
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5.1.2 Responsabilidade civil e ato ilícito (CC, arts. 186 a 188 e 927 a 954)
5.1.2.1 Conceito e requisitos
Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar Direito e causar 
dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito (CC, art. 186).
Também, comete ato ilícito o titular de um Direito que, ao exercê‑lo, excede manifestamente os 
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa‑fé ou pelos bons costumes (CC, art. 187).
“O ato ilícito é praticado em desacordo com a ordem jurídica, violando 
Direito subjetivo individual. Causa dano a outrem, criando o dever de reparar 
tal prejuízo. Logo, produz efeito jurídico, só que este não é desejado pelo 
agente, mas imposto pela Lei” (DINIZ, 2003).
Responsabilidade civil é parte integrante do Direito obrigacional, pois a principal consequência da 
prática de um ato ilícito é a obrigação que acarreta, para o seu autor, de reparar o dano, obrigação esta 
de natureza pessoal, que se resolve em perdas e danos. Logo, a finalidade deste instituto é não deixar 
sem ressarcimento a vítima de atos ilícitos.
São elementos constitutivos da responsabilidade civil a existência de um fato lesivo voluntário ou 
não, a ocorrência de um dano e o nexo de causalidade entre o dano e o comportamento do agente. A 
consequência do ato ilícito é o dever de indenizar, ou seja, obrigação imposta a uma pessoa de ressarcir 
os danos causados a outrem.
Nexo causal é o elo entre a conduta (ação/omissão) produtora de um dano. O Código Civil brasileiro 
adotou a teoria da equivalência das condições, que preconiza que qualquer circunstância que concorra 
para o evento é considerada como causa.
A prova da culpa somente é exigida na responsabilidade subjetiva. Na objetiva, sua prova se faz 
desnecessária, uma vez que se exige apenas a comprovação do dano, da ação e do nexo de causalidade. 
Em se tratando desse tipo de responsabilidade, a prova da culpa só será matéria de discussão em sede 
de regresso.
A culpa divide‑se em culpa stricto sensu e o dolo. Na culpa stricto sensu não há a intenção de causar 
prejuízo. O dano ocorre por imprudência – fazer o que não deve –, negligência – não fazer o que deve 
–, ou imperícia – fazer o que não sabe. No dolo há a intenção de causar o resultado.
Na culpa presumida inverte‑se o ônus da prova. A culpa presumida pode ser in vigilando, 
quando provém de ausência de fiscalização pelo patrão, quer em relação aos empregados, ou 
à coisa (ex.: empresa de transportes que tolera a saída de veículos desprovidos de freios, dando 
causa a acidentes). A culpa in eligendo é oriunda da má escolha do representante ou do preposto 
(ex.: preponente admite ou mantém a seu serviço empregado não legalmente habilitado, ou sem 
aptidões requeridas).
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Na culpa in concreto falta ao agente a diligência que as pessoas são obrigadas a empregar nas 
próprias coisas. Na culpa in abstracto ao agente falta aquela atenção que um homem atento emprega 
na administração de seus negócios.
O Código Civil adota a Teoria da Responsabilidade Subjetiva que depende de comprovação 
de culpa, mas a doutrina e a jurisprudência construíram a Teoria da Responsabilidade Objetiva. 
Desta forma, a Lei acompanhou esta evolução, admitindo, em alguns casos, a Responsabilidade 
Objetiva, que independe da comprovação de culpa (ex.: o Código de Proteção e Defesa do 
Consumidor).
A análise do dano será realizada em item específico adiante.
5.1.2.2 Responsabilidade objetiva e subjetiva
Espécies de responsabilidade civil
A responsabilidade, no seu âmbito contratual, deriva de uma obrigação avençada descumprida, ou 
seja, de contratos não adimplidos ou constituídos em mora, ainda que proveniente de um negócio 
unilateral, por exemplo, um testamento.
Figura 65 – Danos decorrentes de acidente em meios de transporte, 
quando remunerado, enseja reparação civil por ilícito contratual
A responsabilidade extracontratual constitui‑se, basicamente, de obrigações derivadas de atos 
ilícitos que se consubstanciam em ações ou omissões culposas ou dolosas do agente, praticadas 
com infração a um dever de conduta e das quais resulta dano para outrem, com obrigação de 
indenizar ou ressarcir o dano causado. A responsabilidade extracontratual também é denominada 
aquilina e encontra‑se na parte geral do Código Civil em seus artigos 186 a 188, bem como em sua 
parte especial.
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Figura 66 – Danos decorrentes de ruína de edifício por negligência, 
imprudência ou imperícia enseja reparação civil extracontratual
A responsabilidade pode ser direta, se causada pelo próprio agente – ato próprio –, ou indireta, se 
causada por terceiro vinculado (empregado, por exemplo).
A responsabilidade subjetiva pressupõe a culpa como fundamento da responsabilidade civil. A prova 
da culpa do agente passa a ser pressuposto necessário do dano indenizável. Dentro dessa concepção, a 
responsabilidade do causador do dano somente se configura se agiu com dolo ou culpa.
Na responsabilidade legal ou objetiva, a Lei impõe a certas pessoas, em determinadas situações, a 
reparação de um dano cometido sem culpa. A responsabilidade legal ou objetiva prescinde da prova da 
culpa e se satisfaz apenas com o dano e o nexo de causalidade. Tem como postulado que todo dano é 
indenizável, e deve ser reparado por quem a ele se liga por um nexo de causalidade, independentemente 
de culpa. Em alguns casos, ela é presumida pela Lei. O autor da ação só precisa provar a ação ou omissão 
e o dano resultante da conduta do réu, porque sua culpa já é presumida (ex.: art. 936 do CC – presume 
a culpa do dono do animal que venha a causar dano a outrem, mas faculta‑lhe a prova das excludentes 
ali mencionados).
Aqui se adota a Teoria do Risco, pela qual toda pessoa que exerce alguma atividade cria um risco de 
dano para terceiros, e deve ser obrigado a repará‑lo, ainda que sua conduta seja isenta de culpa.
O Código Civil brasileiro filiou‑se à teoria “subjetiva”, segundo o art. 186 do CC, que erigiu o dolo e 
a culpa como fundamento para a obrigação de reparar o dano.
Somente a Lei pode determinar os casos em que a responsabilidade é objetiva, ou seja, prescinde 
da culpa, como ocorre com a responsabilidade civil do estado prevista no art. 37, § 6º da Constituição 
Federal.
Tipologia
• Responsabilidade extracontratual por ato próprio – funda‑se numa conduta pessoal do ofensor. 
Pode ser por ato praticado contra a honra da mulher; calúnia, difamação e injúria; demanda de 
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dívida não vencida ou já paga; abuso de Direito; rompimento de noivado; ruptura de concubinato 
ou separação judicial.
• Responsabilidade extracontratual por ato ou fato de terceiro – a responsabilidade 
extracontratual por ato ou fato de terceiro (in eligendo e in vigilando) envolve os aspectos 
dos pais e patrões; tutores e curadores; educadores; hoteleiros; farmacêuticos; pessoas 
jurídicas de Direito privado e público e produto do crime. A responsabilidade, nesse caso, é 
indireta e complexa, havendo um vínculo entre o culpado, que age, e o responsável, que paga 
a indenização. Em todos os casos há presunção de culpa iuris tantum, ou seja, inverte‑se o 
ônus da prova, o responsável deverá provar que manteve a vigilância adequada e o agente 
provar que não teve culpa.
• Responsabilidade civil pelo fato da coisa – abrange os aspectos de guarda de coisa inanimada, 
ruína de edifício, queda ou arremesso de coisas líquidas ou sólidas e privação de guarda – furto 
ou venda de veículo.
• Responsabilidade contratual – abrange os aspectos dos transportes, instituições financeiras, e 
atividades profissionais como dos médicos, dentistas, advogados e parteiras.
Há um vínculo anterior ao dano entre os contratantes, o que não ocorre na responsabilidade 
extracontratual (186, CC), e o fundamento para ajuizar ação de indenização são diversos, por vezes, 
por violação ao que foi pactuado, inadimplemento do agente que causa prejuízo à vítima. O fim 
é o mesmo: a indenização, mas os fundamentos são divergentes na responsabilidade contratual e 
extracontratual.
Consideramos para análise destas ocorrências as obrigações de meio e de resultado. A obrigação 
de meio implica que a parte deve cumprir todas as diligências necessárias para que seja alcançado 
o resultado pretendido, como é o caso do advogado. Na obrigação de resultado o mesmo deverá ser 
atingido necessariamente, como é o caso dos dentistas, por exemplo. Em ambos os casos se o resultado 
não for atingido, há o direito de indenização.
5.1.2.3 Responsabilidade penal
O ato ilícito pode ser civil ou criminal, ou ambos concomitantemente. Civil, se interesse privado de 
alguém, penal, se ofende a sociedade pela violação de uma norma imprescindível à sua existência.
5.1.2.4 Reparação do dano
Dano material e moral
O dano consiste no prejuízo (sinônimo de dano, entendido como a violação de um Direito 
genericamente considerado, seja este patrimonial – material – ou moral – imaterial), sendo que este 
é intransmissível. O dano deve ser atual, subsistente e certo. A incerteza do dano, por si só, tem como 
consequência a não reparação, que diz respeito ao dano futuro que não é indenizável. A incerteza do 
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dano não se confunde com o dano indireto, no qual existe a liquidação futura, visto que a apuração do 
valor do prejuízo, no que diz respeito ao aspecto monetário, é futura.
O dano não diz respeito ao dinheiro tão somente, a apuração de seu valor assume um aspecto 
secundário, pois é irrelevante, pelo aspecto inicial, sua extensão patrimonial. O importante é o 
que gera o dever de indenizar, é a violação do Direito ou interesse da vítima, violação essa que 
causou um prejuízo. A consequência será o aspecto secundário, que significa a apuração do 
prejuízo como forma de reparação da violação de um Direito ou interesse, e não diz respeito a 
um benefício.
Figura 67 – Um mesmo fato pode ocasionar danos materiais e morais
• Perdas e danos (CC, arts. 402 a 405) – as perdas e danos abrangem além do que efetivamente 
perdeu (dano direto e indireto), também o que deixou de ganhar (lucros cessantes), bem como a 
perda de uma chance séria.
• Juros legais (CC, arts. 406 e 407) – são computados juros moratórios (legais ou convencionais), 
devidos em função da demora pelo atraso (mora), mesmo se não pedidos, a partir do inadimplemento, 
à taxa de 6% ao ano; e juros compensatórios, são os devidos em função do prejuízo efetivamente 
sofrido, à taxa de 12% ao ano.
• O dano moral refere‑se a uma dor, aflição, sempre envolvendo o aspecto subjetivo, um elemento 
axiológico, valorativo, baseado no homo medios (bonus pater familae). A apuração subjetiva do 
que significou essa dor ou aflição para aquele que sofreu o dano destina‑se à valoração no aspecto 
patrimonial. O pagamento do dano moral diz respeito a uma penalidade imposta ao ofensor, que 
assume o aspecto patrimonial. Havia uma divergência na doutrina e jurisprudência a respeito 
da indenização do dano moral, pois entendiam que se a indenização era pecuniária, o dano era 
patrimonial, entretanto, atualmente não é mais essa a visão predominante. A reparação de danos 
morais é uma construção jurisprudencial, vez que, quando da promulgação do Código Civil, não 
havia essa previsão.
Um problema acirrado, dentro dos aspectos que envolvem a responsabilidade civil, é a quantificação 
para indenização completa da vítima.
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Excludentes de responsabilidade civil (CC, art. 188)
Se ocorrer uma das hipóteses seguintes relacionadas, a doutrina considera que não há nexo causal, 
não havendo o dever de indenizar, emboraa regra seja de reparar o dano, afastando ou, ao menos, 
mitigando as disposições atinentes à indenização, previstas nos arts. 944 a 954 do Código Civil.
a) Caso fortuito ou força maior – parte da doutrina define o caso fortuito como o acontecimento 
em virtude do qual, tanto pelo aspecto contratual ou extracontratual, não há o dever de indenizar 
pela ocorrência de fato da natureza. A força maior ocorre quando um acontecimento ocasionado 
pela ação humana exclui o dever de indenizar. Entendemos que a melhor conceituação deva ser 
caso fortuito como evento imprevisível, pois caso se pudesse prever seria evitável, decorrendo 
daí o dever de indenizar. Força maior como evento irresistível, cuja previsibilidade não impede os 
efeitos danosos, consistindo, pois em autêntica excludente. Verificar divergências doutrinárias.
Figura 68 – Tragédias naturais, quando não evitáveis, representam excludentes do dever de indenizar
b) Legítima defesa – hipóteses excepcionalíssimas em que uma pessoa pode se autodefender diante 
da existência de uma agressão injusta, atual e iminente, utilizando‑se dos meios necessários para 
repelir determinada agressão. A legítima defesa real e praticada contra o agressor impede a ação 
de ressarcimento de danos, a legítima defesa putativa não exime o réu de indenizar o dano.
c) Estado de necessidade – configura‑se pela ofensa a um Direito alheio para remover perigo 
iminente, art. 929, CC.
d) Exercício regular de um Direito – é o exercício regular de acordo com os fins sociais para o qual o 
Direito existe, nesse caso não há o dever de reparar o dano.
e) Estrito cumprimento do dever legal – compreende a atuação de guardas e funcionários do Estado 
em geral.
f) Cláusula de não indenizar – é a estipulação prévia e unilateral ou não, pela qual a parte que viria 
a obrigar‑se civilmente perante outra, afasta o dever de indenizar. Não é possível sua existência 
na responsabilidade extracontratual, pois o art. 186, CC é imperativo quando trata do dever de 
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indenizar diante da ocorrência de um dano. Esta cláusula só terá validade se houver convenção 
bilateral para o seu ajuste. Ocorre muito em estacionamentos, caso em que não é válida, conforme 
Súmula 161 do STF.
g) Culpa exclusiva da vítima – ocorre quando há falta de nexo causal entre a ação/omissão do agente 
e o dano que foi causado. O Código Civil não prevê a culpa exclusiva da vítima, esse entendimento 
é baseado na jurisprudência e na doutrina.
h) Culpa concorrente da vítima – ocorre quando, de alguma forma, a vítima contribui para o resultado 
lesivo. Para fins de indenização apura‑se a medida da culpa do agente e da vítima; se a culpa foi 
recíproca não há o dever de indenizar; se a culpa do agente foi maior do que a da vítima, terá o 
seu patrimônio diminuído em face da vítima.
i) Fato de terceiro – a produção de um dano se verifica em decorrência de um fato alheio à vítima 
e ao agente causador do dano direto. Esse fato alheio deve ser estranho, inevitável, imprevisível 
e exclusivo. A causação do dano, por obra direta ocorre em relação ao agente, que, por ordem 
indireta, foi causado por terceiro. A culpa de terceiro não exonera o autor direto do dano, que terá 
direito à ação regressiva contra o terceiro que criou a situação de perigo.
 Saiba mais
Conferir obra:
GONÇALVES, C. R. Responsabilidade civil. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
5.2 Contratos
5.2.1 Conceito e requisitos
O Código Civil disciplina alguns contratos que são chamados de nominados, mas existem também 
contratos inominados, que não estão previstos no Código Civil nem em legislação especial, que também 
devem respeitar as regras do ordenamento jurídico pátrio para que tenham validade.
Os requisitos dos contratos são de duas espécies: de ordem geral e de ordem especial.
Os requisitos ou condições de validade de ordem geral dizem respeito a todos os atos e negócios 
jurídicos e são eles: capacidade do agente, objeto lícito e a forma prescrita ou não defesa em Lei. Os 
requisitos de ordem especial são aqueles específicos dos contratos como o consentimento recíproco ou 
o acordo de vontades.
Os requisitos de validade dos contratos, como negócio jurídico, também podem ser divididos em 
subjetivos e objetivos. Os subjetivos dizem respeito aos sujeitos do contrato e exigem a existência de duas 
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ou mais pessoas, a capacidade genérica para praticar atos da vida civil, a representação (legal, judicial, 
convencional, legitimação) e o consentimento dos contratantes. Os requisitos objetivos dizem respeito 
ao objeto do contrato. Este objeto deve ser lícito, possível, determinado ou, no mínimo, determinável.
A forma é outro elemento contratual. Pode ser definida como o conjunto de solenidades que se 
deve observar para que a declaração da vontade tenha eficácia jurídica. Em regra, a forma é livre ou 
geral, mas também pode ser solene ou especial, quando a Lei estipular uma forma especial para o 
aperfeiçoamento de um negócio jurídico, como a transcrição da escritura no Cartório de Registro de 
Imóveis.
Há também elementos acidentais que podem ser incluídos nos contratos, dependendo da vontade 
das partes como termo, condição, modo ou encargo.
Por fim, também existem elementos naturais atinentes aos contratos, como por exemplo, a evicção 
nos contratos translativos da propriedade.
5.2.2 Princípios contratuais
a) Autonomia da vontade: é o poder das partes estipularem livremente, mediante acordo de 
vontades, o conteúdo do contrato, limitado por normas de ordem pública, pelos bons costumes 
e para revisão judicial dos contratos. Significa ampla capacidade e liberdade de contratar. Podem 
as partes celebrar contratos nominados ou inominados, desde que a vontade manifestada seja 
respeitada, uma vez que faz Lei entre as partes, assegurando a qualquer delas o direito de exigir o 
seu cumprimento.
b) Consensualismo: o simples acordo de vontades basta para gerar contrato válido, embora alguns 
tenham na validade condicionada “a observância de certas formalidades legais”.
c) Obrigatoriedade de convenção: força obrigatória ou força vinculante. O contrato é Lei entre as 
partes. “Pacta sunt servanda”. Se o contrato celebrado for válido e eficaz deve ser cumprido, 
porque a capacidade soberana de contratar confere ao contrato a força de Lei entre as partes.
Referido princípio tem como fundamento a necessidade de segurança nos negócios (função 
social dos contratos) que deixaria de existir se os contratantes pudessem não cumprir a palavra 
empenhada, e a intangibilidade ou imutabilidade do contrato, decorrente da convicção de que o 
acordo de vontade faz Lei entre as partes.
d) Relatividade dos efeitos: vincula apenas as partes, não aproveitando nem prejudicando terceiros, 
salvo exceções. A obrigação, não sendo personalíssima, opera assim entre as partes, como entre 
seus herdeiros.
e) Boa‑fé: na interpretação do contrato é preciso ater‑se mais à intenção do que ao sentido literal 
e, em prol do interesse social da segurança das relações jurídicas, as partes deverão agir com 
lealdade e confiança recíprocas, auxiliando‑se mutuamente na formação e execução do contrato.
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f) Limitações à liberdade de contratar: imposta pelo Estado, tendo em vista a ordem pública e 
os bons costumes. Processos para coibir abusos – LF 8.078/90. Este fenômeno é denominado 
“dirigismocontratual” e representa a intervenção do Estado nas relações contratuais, visando 
ao equilíbrio entre as partes. O Código de Proteção e Defesa do Consumidor constitui um de 
seus instrumentos.
g) Revisão dos contratos: a Teoria da Imprevisão está intrinsecamente ligada à Teoria Geral dos 
Contratos, principalmente no que diz respeito à revisão dos contratos, pois possibilita a revisão de 
cláusulas contratuais, caso situação imprevisível pelas partes ocorra, alterando as circunstâncias 
mediante as quais o contrato foi celebrado, que tornaram o cumprimento da obrigação 
excessivamente oneroso.
O Código Civil brasileiro de 2002 é pautado pela Teoria da Imprevisão, pois exige a imprevisibilidade 
do evento que dará ensejo à revisão contratual, não se contentando apenas com a onerosidade excessiva, 
como ocorre com as relações consumeristas.
Assim, para que a parte que se sentiu prejudicada com a alteração das circunstâncias mediante 
as quais o contrato foi celebrado, se a relação for pautada pelo Código Civil brasileiro, deve provar a 
imprevisibilidade do evento (as partes não poderiam prever) que desequilibrou a relação jurídica.
Entretanto, se a relação for de consumo e, portanto, pautada pelo Código de Defesa do Consumidor, 
basta a caracterização da onerosidade excessiva para que haja a revisão contratual.
A propósito, o artigo 478 do Código Civil brasileiro é esclarecedor ao prever que os acontecimentos 
que podem justificar o pedido de revisão contratual sejam extraordinários e imprevisíveis.
A solução apresentada pela revisão contratual poderá evitar a resolução do contrato com a 
modificação equitativa das condições do contrato, ou seja, com a solução que devolva o equilíbrio à 
relação contratual, de modo que uma parte não se locuplete ilicitamente em detrimento dos Direitos 
da outra.
A Teoria da Imprevisão também se relaciona com a cláusula rebus sic stantibus, o que significa dizer 
que o contrato permanece em vigor com as cláusulas avençadas se as circunstâncias que pautaram 
a sua celebração permanecerem as mesmas também. Logo, o contrato permanecerá o mesmo se as 
circunstâncias não se alterarem. Assim, se ocorrer um evento imprevisível e extraordinário que acarrete 
o desequilíbrio na relação contratual com onerosidade excessiva, as cláusulas poderão ser revistas.
5.2.3 Fases da formação dos contratos (CC, arts. 427 a 435)
a) Negociações preliminares – conversações prévias, sondagens e estudos sobre os interesses de cada 
contraente. Esta fase não acarreta a vinculação jurídica. Excepcionalmente gera a responsabilidade 
civil. Exemplo: a pessoa interessada na aquisição de um veículo, ao fazer um test drive, não se 
vincula à aquisição deste, pois é apenas um experimento. Contudo, se ocasionar culposamente 
algum acidente durante o test drive, será responsável.
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b) Proposta – a proposta é a oferta, também chamada de policitação ou oblação, dá início à formação 
do contrato.
É a declaração receptícia de vontade, dirigida de uma pessoa (proponente) a outra (destinatário), 
pela qual a primeira manifesta sua intenção de se considerar vinculada, se a outra parte aceitar.
É a declaração unilateral de vontade pelo proponente, constituindo o elemento inicial do contrato, 
devendo ser sério, completo, preciso e inequívoco, de modo que a sua retirada sujeita o proponente ao 
pagamento das perdas e danos. Deve conter todos os elementos essenciais do negócio jurídico proposto, 
ficando vinculada em relação ao que formula.
A vinculação jurídica da proposta acarreta a responsabilização por perdas e danos, se o proponente 
não a cumprir. Entretanto, há exceções à regra, como por exemplo, no caso de morte ou interdição do 
proponente (art. 427, CC), respondendo os herdeiros ou curadores do incapaz, respectivamente.
Para que o proponente não esteja vinculado à proposta é necessário que haja cláusula expressa 
a respeito, conforme se extrai da interpretação do artigo 427 do Código Civil. Esta cláusula pode ser 
inserida quando o proponente declara que a proposta não é definitiva e se reserva no direito de retirá‑la, 
bem como nos casos em que a natureza do negócio vincula ao limite do estoque existente (propostas 
abertas ao público).
Figura 69 – A proposta deve ser séria e vincular o proponente, cabendo atenta análise antes da aceitação
c) Aceitação – é a manifestação da vontade, expressa ou tácita, por parte do destinatário de uma 
proposta, feita dentro do prazo, aderindo aos seus termos, tornando o contrato concluído, desde 
que chegue, oportunamente, ao conhecimento do ofertante.
Deve ser expressa ou tácita, solene ou não solene, entre ausentes ou entre presentes, devendo ser 
oportuna, conclusiva e coerente, correspondendo à adesão integral da oferta.
Pode haver retratação, podendo o aceitante arrepender‑se, desde que a retratação chegue ao 
conhecimento do ofertante antes ou juntamente com a aceitação.
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Figura 70 – A assinatura formaliza a aceitação da proposta
d) Conclusão – ocorre no momento em que a oferta é aceita.
Figura 71 – O contrato faz Lei entre as partes, princípio do pacta sunt servanda
5.2.4 Classificação dos contratos
Em função da ampla margem de liberdade que caracteriza a atividade negocial, os contratos podem 
ser classificados sob vários aspectos.
a) Quanto à natureza da obrigação 
• Unilaterais: uma parte assume a obrigação em face de outra. Criam obrigações para apenas uma 
das partes contratantes, onera apenas uma das partes (ex.: comodato, mútuo, mandato, depósito 
e doação).
• Bilaterais: criam obrigações e Direitos para ambos os contratantes (ex.: compra e venda, troca 
e locação).
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• Sinalagmático: dependência recíproca das obrigações. As obrigações bilatérias são recíprocas. 
Ambos os contratantes são, ao mesmo tempo, credor e devedor (ex.: locação).
• Plurilaterias (plúrimos): são os contratos que contêm mais de duas partes (ex.: contrato de 
sociedade. Cada sócio é uma parte; consórcio).
• Onerosos: traz vantagem econômica para ambos. Implica sacrifício econômico tendo em vista o 
fim almejado. Ambos os contratantes obtém um proveito ao qual corresponde um sacrifício (ex.: 
compra e venda, locação, transporte oneroso).
• Gratuitos: oneram só uma parte. Vantagem para um sem sacrifício (ex.: doação, comodato, 
mandato gratuito).
• Comutativos: equivalência imediata das prestações. As prestações são certas e imediatas. As 
partes podem antever as vantagens e os sacrifícios que se equivalem, geralmente (ex.: locação, 
fornecimento).
• Aleatórios: equivalência futura, risco. Caracterizam‑se pela incerteza para ambas as partes sobre 
as vantagens e desvantagens que deles pode advir (ex.: seguro).
• Paritários: discussão em pé de igualdade destacando a autonomia da vontade (ex.: compra e 
venda, locação, troca).
• Por adesão: mera anuência à proposta de outra. Afasta qualquer alternativa de discussão entre as 
partes. Tem sua definição no artigo 54, do Código de Proteção e Defesa do Consumidor.
• Contrato tipo (contrato de massa, em série ou por formulários): é apresentado por um dos 
contratantes em fórmula impressa ou datilografada, não lhe sendo essencial a desigualdade 
econômica dos contratantes, admitindo discussão sobre o seu conteúdo (ex.: contratos bancários 
que deixam espaços abertos para taxa de juros,prazo e condições de financiamento. Exemplo: 
plano de saúde, consórcio, contratos bancários).
b) Quanto à complexidade, podem ser simples com obrigação única ou homogênea; ou complexos, 
dotados de feixe de obrigações heterogêneas.
c) Quanto à forma: consensuais, bastando a simples anuência das partes; solenes, exigindo‑se, além 
da anuência, formas especiais prescritas em Lei; e reais, que se ultimam com entrega da coisa 
(comodato/mútuo/depósito), além do consentimento.
d) Quanto à denominação, nominados, com nomen juris, disciplinados em Lei própria (Código Civil 
ou legislação especial); inominados, quando não são regulamentados pelo Código Civil ou por 
legislação especial, resultando da dinâmica sócio econômica, desde que não contrariem a Lei e os 
bons costumes (ex.: cessão de clientela, locação de cofre).
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Unidade II
e) Quanto ao objeto, podem envolver a alienação de bens (ex.: troca, doação, compra e venda); 
transmissão de uso e gozo (ex.: comodato, locação); prestação de serviços (ex.: empreitada, 
transporte, mandato).
f) Quanto à perfeição: preliminar ou pré‑contrato, também chamado de pactum de contrahendo, tendo 
por objeto a celebração de um contrato definitivo (ex.: promessa de compra e venda ou compromisso de 
compra e venda); definitivo (ex.: compra e venda); execução diferida, são os que devem ser cumpridos 
num só ato, mas em momento futuro (ex.: entrega em determinada data, do objeto alienado).
g) Quanto ao tempo de execução, podem ser imediatos se esgotam num só instante mediante única 
prestação (ex.: troca, doação, compra e venda); continuado ou de trato sucessivo, se cumpridos 
mediante a prática de atos reiterados, prestação de um ou ambos a termo de duração (ex.: locação, 
prestação de serviços).
h) No que concerne à pessoa do contratante, podem ser pessoais, se a pessoa do contratante for 
elemento determinante – intuitu personae (ex.: prestação de serviços, mandato); impessoais, 
situação nas quais a pessoa do contratante é juridicamente indiferente (ex.: compra e venda).
i) Em relação ao tempo, podem ser entabulados por prazo determinado (com ou sem prorrogação); 
por prazo indeterminado.
j) Reciprocamente considerados, podem ser principais, se existem por si, não dependendo da existência 
de outro (ex.: locação); ou acessórios, quando a existência jurídica supõe a do principal (ex.: fiança).
5.2.5 Pagamento, pagamento indireto e inadimplemento
a) Objeto do pagamento e sua prova (CC, arts. 313 a 326):
Figura 72 – Os modernos recursos da tecnologia possibilitam a realização instantânea de negócios jurídicos
O pagamento não se presume, prova‑se pela regular quitação fornecida pelo credor ou seu 
representante legal, judicial ou convencional. O devedor tem o direito de exigir a quitação, podendo 
reter o pagamento e consigná‑lo judicialmente, se não lhe for dada (arts. 319 e 335, I do Código Civil).
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Para ser válida, a quitação necessita conter o valor e a espécie da dívida quitada; o nome do devedor 
ou quem por este pagou; tempo e o lugar do pagamento; assinatura do credor ou de seu representante; 
deve ser dada por escrito público ou particular.
Entretanto, há algumas exceções que permitem presumir o pagamento: quando a dívida é 
representada por título de crédito, que se encontra na posse do devedor; quando o pagamento é feito 
em quotas sucessivas, existindo quitação da última; quando há quitação do capital, sem reserva dos 
juros, que se presumem pagos.
Em relação ao lugar do pagamento (CC, arts. 227 a 330), efetua‑se o pagamento no domicílio do 
devedor, salvo se as partes convencionarem diversamente (artigo 327 do Código Civil).
Em relação ao tempo do pagamento (CC, arts. 331 a 333), as obrigações puras com estipulação de 
data para o pagamento, devem ser solvidas nessa ocasião, sob pena de inadimplemento. A falta de 
pagamento constitui o devedor em mora de pleno Direito (artigo 397 do Código Civil).
Entretanto, há exceções à regra de que a obrigação dever ser cumprida no vencimento, assistindo ao 
credor o direito de cobrar a dívida antes de vencido o prazo: se, executado o devedor, se abrir concurso 
creditório (insolvência civil, Falência); se os bens hipotecados, empenhados ou dados em anticrese, forem 
penhorados em execução por outro credor; se cessarem, ou se tornarem insuficientes as garantias do 
débito, e o devedor, intimado, se negar a reforçá‑las.
Se não se ajustou prazo para o pagamento, o credor pode exigi‑lo imediatamente (artigo 952 do 
Código Civil), sendo necessário que o devedor seja informado do propósito do credor de receber. A mora 
do devedor só começa depois da notificação, interpelação ou protesto judicial.
As obrigações condicionais devem se cumpridas na data do implemento da condição.
b) Meios indiretos de pagamento:
• Pagamento em consignação (CC, arts. 334 a 345) – consiste no depósito, pelo devedor, da coisa 
devida, com o objetivo de liberar‑se da obrigação.
• Do Pagamento com sub‑rogação (CC, arts. 346 a 351) – sub‑rogação é substituição de uma pessoa 
(sub‑rogação pessoal) ou de uma coisa, (sub‑rogação real), por outra pessoa, ou por outra coisa, 
em uma relação jurídica.
• Da imputação do pagamento (CC, arts. 352 a 355) – consiste na indicação ou determinação 
da dívida a ser quitada, quando uma pessoa encontra‑se obrigada, por dois ou mais débitos da 
mesma natureza, a um só credor, e efetua pagamento não suficiente para saldar todas elas.
• Dação em pagamento (CC, arts. 356 a 359) – é um acordo de vontades entre credor e devedor, 
por meio do qual o primeiro concorda em receber do segundo, para exonerá‑lo da dívida, objeto 
diverso do que constitui a obrigação (art. 356). Não pode ter como objeto dinheiro de contado.
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Unidade II
• Da novação (CC, arts. 360 a 367)‑ é a criação de obrigação nova, para extinguir tema anterior. É 
a substituição de uma dívida por outra, extinguindo‑se a primeira. Ex.: pai, para ajudar o filho, 
procura o credor deste e lhe propõe, substituir o devedor, emitindo novo título de crédito.
• Compensação (CC, arts. 368 a 380) – é um meio especial de extinção de obrigação, até onde se 
equivalerem, entre pessoas que são, ao mesmo tempo devedoras e credoras umas das outras.
• Confusão (CC, arts. 381 a 384) – a confusão ocorre quando as qualidades de credor e devedor 
encontrarem‑se em uma só pessoa, extinguindo‑se a obrigação, uma vez que ninguém pode ser 
juridicamente obrigado para consigo ou propor demanda contra si próprio.
• Remissão (CC, arts. 385 a 388) – é o perdão da dívida. É a liberalidade efetuada pelo credor, 
consistente em exonerar o devedor do cumprimento da obrigação.
 Observação
Não confundir com remição, que significa resgate.
c) Do inadimplemento das obrigações (CC, arts. 389 a 420):
Da Mora (CC, arts. 394 a 401)
Mora é o retardamento ou o imperfeito cumprimento da obrigação. Ocorre quando há retardamento 
ou atraso no cumprimento da obrigação, como também, quando o pagamento se dá na data estipulada, 
mas de modo imperfeito, ou seja, no lugar ou forma diversa da convencionada.
Mora e inadimplemento absoluto
A mora ocorre quando a obrigação não foi cumprida no tempo, lugar e forma convencionados 
ou devidos, mas ainda poderá sê‑lo com proveito para o credor, ou seja, ainda há interesse por 
parte do credor em receber a prestação, acrescida dos juros, da mora, correção monetária,cláusula 
penal etc.
O inadimplemento absoluto ocorre quando a prestação por causa do retardamento ou do imperfeito 
cumprimento torna‑se inútil ao credor. O credor poderá enjeitá‑la, bem como exigir a satisfação de 
perdas e danos.
O devedor que não efetuar o pagamento e o credor que o não quiser receber no tempo, lugar e 
forma convencionados, responderão pelo ressarcimento dos prejuízos a que sua mora der causa (perdas 
e danos).
A obrigação de reparar o prejuízo depende de existência de culpa do devedor moroso ou 
inadimplente.
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INSTITUIÇÕES DE DIREITO
Espécies de mora
Existe a mora do devedor (mora solvendi), e a mora do credor (mora accipiendi ou creditoris).
A mora do devedor ocorre quando se dá o descumprimento da obrigação por parte do devedor 
e tem com requisitos: a) exigibilidade da prestação, ou seja, vencimento de dívida líquida e certa; b) 
inexecução culposa presumida, salvo prova em contrário; c) Constituição em mora.
É efeito da mora do devedor a responsabilização por todos os prejuízos causados ao credor (juros moratórios, 
correção monetária, cláusula penal ou perdas e danos); perpetuação da obrigação pela qual responde o devedor 
moroso pela impossibilidade de prestação, ainda que decorrente de caso fortuito ou força maior.
A alegação de ausência de culpa no perecimento da coisa, só é válida quando ficar provado que o 
dano sobreviria ainda quando a obrigação fosse desempenhada em tempo.
A mora do credor consiste no retardamento em receber a prestação por parte do credor e tem como requisitos: 
a) o vencimento da obrigação; b) a oferta da prestação, reveladora do efetivo propósito de satisfazer a obrigação; 
c) a recusa injustificada em receber; d) a Constituição em mora, mediante consignação em pagamento.
A mora de ambos os contratantes pode ser simultânea ou sucessiva. A mora simultânea ocorre 
quando nenhum dos contratantes comparece ao local escolhido de comum acordo para pagamento, 
uma elimina a outra pela compensação.
A mora pode ser ex re, e, neste caso, ocorre de pleno Direito, pelo simples vencimento do prazo, 
independentemente de qualquer ato do credor, por aplicação da regra dies interpellat pro homine, 
consagrado pelo art. 397 do CC.
Caracterizada a mora, se sujeita o devedor moroso ao pagamento da cláusula penal.
A mora pode ainda ser ex persona, quando não existe prazo fixado. O devedor deve primeiro ser 
constituído em mora, através de interpelação. Depende de prévia provocação do credor (art. 397 do CC, 
segunda alínea), como interpelação, notificação ou protesto – o credor cientifica o devedor de que não 
abre mão de seus Direitos, sujeitando‑o aos efeitos da pena convencional.
Purgação da mora
Purgar ou emendar a mora é neutralizar os seus efeitos. Aquele que está em mora corrige, sana a 
sua falta, cumprindo a obrigação já descumprida e ressarcindo os prejuízos causados à outra parte. A 
purgação só poderá ser feita se a prestação ainda for proveitosa ao credor, podendo ainda ser feita a 
qualquer tempo, desde que não cause dano à outra parte.
A cessação da mora não se confunde com purgação, esta depende de um comportamento ativo do 
contratante moroso, destinado a sanar a sua falta ou omissão; aquela decorre da extinção da obrigação. 
Ex.: devedor de dívidas fiscais que recebe anistia.
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Unidade II
d) Execução defeituosa.
Figura 73 – Danos decorrentes da má prestação de serviço podem ser objeto de demanda judicial
e) Ações edilícias.
Vício redibitório (CC, arts. 441 a 446)
Consiste no defeito oculto da coisa, preexistente à época de sua alienação, que a torna imprópria 
ao uso ou lhe reduz o valor, de modo que o negócio não se realizaria se conhecido. É comum a todos os 
contratos translativos da propriedade.
Ação redibitória (CC, arts. 442), implica a devolução da coisa com a restituição dos valores pagos, em 
razão de defeito anterior e oculto (desconhecido pelo adquirente), que torne a coisa imprópria para uso 
ou consumo. A esse propósito, cumpre ressaltar que o desconhecimento do defeito pelo alienante, não 
exime a sua responsabilidade, mas o conhecimento a agrava.
Ação quanti minoris, implica o abatimento do preço, tendo em vista defeito apresentado pela coisa 
que, embora não a torne imprópria para uso ou consumo, reduz o seu valor.
A entrega de coisa diversa da contatada não configura vício redibitório, mas inadimplemento 
contratual, respondendo o devedor por perdas e danos.
Evicção (CC, arts. 447 a 457)
É o vício jurídico do bem, sua perda é por força de decisão judicial conferindo‑o a outrem, por causa 
jurídica preexistente.
Partes: alienante (responde pelos riscos da evicção), evicto (adquirente vencido na demanda movida 
por terceiro) e evictor (terceiro reivindicante e vencedor da ação).
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INSTITUIÇÕES DE DIREITO
A responsabilidade que decorre da evicção decorre de Lei e independe, portanto, de previsão 
contratual. Existe em todo o contrato oneroso, pelo qual se transfere o domínio, posse ou uso.
Funda‑se no princípio da garantia, ou seja, o devedor é obrigado a garantir o uso e gozo da coisa, 
protegendo o adquirente contra defeitos ocultos. A cláusula que prevê o reforço, redução ou exclusão 
da responsabilidade pela evicção deve ser expressa.
São requisitos da evicção a onerosidade da aquisição; perda total ou parcial da posse ou propriedade 
da coisa alienada; sentença judicial transitada em julgado; anterioridade do direito do evictor; 
denunciação da lide (artigo 70, I, do Código de Processo Civil).
Exceção de Contrato não Cumprido (CC, arts. 476 e 477) – exceptio nom adimpleti contractus
O dispositivo em questão prevê que qualquer dos contratantes pode utilizar‑se da exceção do 
contrato não cumprido, para recusar a sua prestação, sob o fundamento de que o demandante não 
cumpriu a que lhe competia.
A exceção do contrato não cumprido só pode ser aventada nos contratos bilatérios, que implicam 
Direitos e deveres para ambas as partes contratantes, ou seja, prestações recíprocas.
Solve et repete é cláusula contratual que restringe a utilização pelas partes do aludido artigo.
Referida cláusula obriga o contratante a cumprir a sua obrigação, mesmo diante do descumprimento 
da do outro. Importa em renúncia ao direito de opor a exceção do contrato não cumprido, por esta 
razão, deve estar prevista expressamente no contrato.
5.2.6 Garantias contratuais
Cláusula penal – (CC, arts. 408 a 416)
É a cláusula que estipula pena ou multa para a parte que descumprir a obrigação ou retardar o seu 
cumprimento.
Em regra, é fixada em dinheiro, mas nada impede seja convencionada em prestação de outra natureza 
(como a entrega de uma coisa, a realização de um ato ou serviço, ou abstenção de um ato). Pode surgir 
com a obrigação principal, como suceder‑lhe em virtude de nova convenção especial.
Deve ser ajustada pelas próprias partes contratantes, tornando‑se inadmissível que seja delegada a 
terceiro a fixação do montante, sendo devida desde que se vença o prazo da obrigação ou desde que se 
constitua em mora (art. 408 do CC).
A cláusula penal tem por função servir como um meio de coerção, a fim de induzir o devedor a 
satisfazer o prometido. Fixa antecipadamente o valor das perdas e danos devido à parte inocente, no 
caso de inexecução do contrato pelo outro contratante.
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Unidade II
A cláusula penal pode ter natureza compensatória, quando, ante a inexecução completa da obrigação, 
o credor opta entre a exigência da pena e o cumprimento da obrigação (art. 410 do CC), ou moratória (art. 
411 do CC), quando o credor pode reclamar simultaneamente a pena convencional e a prestação principal.
Segundo o artigo 412 do Código Civil, “o valor da cominação imposta na cláusula penal não pode 
exceder o da obrigação principal”. Deve guardar certa proporção com o objeto do negócio, sob pena de 
se tornar inócua e ineficiente, incapaz de qualquer pressão sobre o espírito do contratante.
A nulidade da obrigação principal importa a da cláusula penal, uma vez que o acessório segue o 
principal. Nula a cláusula penal, não ficará o credor sem indenização. O credor sujeitar‑se‑á ao Direito 
comum que disciplina o pagamento das perdas e danos, submetendo‑se à demonstração dos prejuízos 
e a apuração de seu montante, pelas vias judiciais.
Quando se cumpriu em parte a obrigação, poderá o juiz reduzir proporcionalmente a uma pena 
estipulada para o caso de mora, ou de inadimplemento, para que não gere enriquecimento ilícito ou 
especulação (art. 413 do CC). Seu valor também poderá ser reduzido quando exceder ao da obrigação 
principal (art.412 do CC). Por outro lado, por corresponder presumidamente ao justo valor dos danos 
experimentados pela parte inocente, sua agravação não será possível.
Arras ou sinal (CC, arts. 417 a 420)
Arras ou sinal é a quantia ou coisa entregue por um dos contraentes ao outro, com confirmação 
do acordo de vontades e princípio do pagamento. Depende do contrato principal, é, portanto, pacto 
acessório dos contratos bilaterais translativos do domínio.
Contratos bilaterais que servem de título translativo de domínio: pressupõe contrato perfeito, para 
ser pacto acessório; aperfeiçoa‑se com entrega de coisa fungível ou valor pecuniário, por uma ou outra 
destinam a confirmar o contrato ou assegurar seu cumprimento.
Não se confunde com cláusula penal, pois esta é multa contratual, e tampouco com fiança, por ser 
um contrato pessoal e acessório.
As arras podem ser confirmatórias, quando destinadas a confirmar o contrato que se torna 
obrigatório; ou penitências quando as partes convencionam o direito de arrependimento, atuando, 
então, como pena convencional, ou seja, sanção à parte que se valer dessa cláusula.
5.2.7 Extinção dos contratos (CC, arts. 472 a 480)
A extinção da relação jurídica contratual poderá ocorrer pela via normal, ante sua regular execução, 
atestada pelo credor por meio da quitação.
Entretanto, poderão ocorrer causas anteriores ou contemporâneas à celebração que impeçam o 
cumprimento do acordo, tais como nulidade absoluta ou relativa do negócio jurídico, implemento de 
condição resolutiva ou exercício do direito de arrependimento, previsto no contrato (arras) ou em Lei.
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Causas supervenientes ao momento da celebração do contrato também poderão inviabilizar o 
seu cumprimento, como a inexecução voluntária ou involuntária (caso fortuito ou força maior), 
onerosidade excessiva no seu cumprimento (arts. 478 a 490 do CC) ante a alteração radical das 
condições existentes à época da celebração no momento de sua execução, o distrato ou resilição 
bilateral (arts. 472 e 473 do CC), resilição unilateral por meio de denúncia unilateral notificada à 
outra parte, rescisão, morte, falência, implemento de cláusula resolutiva (arts. 474 e 475 do CC), 
ou ainda pela execução forçada pelo Poder Judiciário para o credor obter o adimplemento da 
obrigação se o devedor não cumpri‑la espontaneamente, neste caso podendo ser específica com 
o credor recebe a prestação prometida; ou genérica, mediante o pagamento de valor patrimonial 
acrescido dos prejuízos.
5.2.8 Confissão de dívida
Confissão de dívida é o ato pelo qual alguém reconhece que deve a outra pessoa certa quantia em 
dinheiro, por instrumento público ou particular. Constitui título executivo extrajudicial, possibilitando a 
ação de execução.
A Súmula 3001 do Superior Tribunal de Justiça entende que a confissão de dívida de contrato de 
abertura de crédito constitui título executivo extrajudicial.
Segundo o artigo 585 do Código de Processo Civil, o título executivo extrajudicial dá ensejo à ação 
de execução para sua cobrança.
É conhecida comumente como novação, regulamentada pelo artigo 360 e seguintes do 
Código Civil brasileiro, e é conceituada como o ato jurídico que põe termo a uma obrigação, por 
meio da Constituição de uma nova obrigação, que tem como objetivo a extinção da obrigação 
anterior.
Pode ocorrer a novação, também, quando houver a mudança do devedor ou do credor, de modo que 
os anteriores fiquem exonerados da responsabilidade pela obrigação.
Para que esteja caracterizada a confissão de dívida, é necessário que haja o ânimo de novar, ou seja, 
de constituir nova obrigação, com o objetivo de extinguir a anterior.
 Saiba mais
Conferir obra:
DINIZ, M. H. Curso de Direito Civil brasileiro. 26. ed. São Paulo: Saraiva, 2011b.
1 Disponível em: <http://www.stj.jus.br/docs_internet/VerbetesSTJ_asc.txt>. Acesso em: 5 nov. 2012.
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Unidade II
6 DIREITO DO CONSUMIDOR E DIREITO ADMINISTRATIVO
6.1 Direito do Consumidor
6.1.1 Relação de consumo
O código não diz o que é relação de consumo de forma direta, e sim de forma aberta para possibilitar 
uma interpretação extensiva do conceito. São elementos da relação de consumo o fornecedor, o 
consumidor, o produto ou serviço e sua destinação. Quando tais elementos estiverem presentes, 
caracterizar‑se‑á a relação de consumo. Se houver a falta de um desses elementos não há relação de 
consumo, daí aplica‑se o Direito civil/comercial.
As normas do CODECON são de ordem pública e interesse social, por isso são inderrogáveis.
a) Fornecedor, segundo o art. 3º do CDC, é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional 
ou estrangeira, ou entes despersonalizados que desenvolvem atividades de produção, montagem, 
criação, construção, transformação, importação, exportação e distribuição.
Figura 74 – Mercadorias disponibilizadas pelo fornecedor com elementos da oferta
Nesse contexto, qualquer sujeito de Direito pode ser fornecedor, ou seja, aquele que lança 
produtos e serviços no mercado de consumo. Deve haver a habitualidade e preponderância 
(consagração doutrinária).
A relação de consumo não se restringe às partes do negócio jurídico, mas é decorrência de uma 
cadeia econômica de consumo. Por isso, fornecedores diretos e indiretos podem ser responsabilizados.
b) Consumidor, segundo o artigo art. 2º do CDC é a pessoa física ou jurídica que adquire ou se utiliza 
de produto ou serviço como destinatário final. Todos são consumidores em potencial, o difícil 
é identificar o destinatário final. Quem não é destinatário final é fornecedor. Concessionária é 
intermediária e, portanto, fornecedor. Entre o fabricante e a concessionária aplica‑se o Código 
Civil brasileiro e as normas da Teoria da Empresa.
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Figura 75 – A contraprestação ofertada pelo consumidor é o pagamento do preço
c) Produto é bem móvel ou imóvel, corpóreo ou incorpóreo, é tudo menos o que for serviço, é tudo 
o que não é atividade humana.
Figura76 – A sociedade contemporânea desenvolveu técnicas de estímulo ao 
consumo que incluem até a disposição preordenada de mercadorias
d) Serviço é toda e qualquer atividade remunerada lançada no mercado de consumo, é tudo o que é 
atividade humana.
Figura 77 – A prestação de serviços implica uma obrigação de fazer por parte do prestador
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Unidade II
À carona não aplica o CODECON. Já ao depósito de carro no shopping a título gratuito, incide o 
CODECON, pois há captação de clientes para o shopping, entendimento da jurisprudência majoritária. 
Nas atividades bancárias remuneradas, incide o CODECON, bem como na atividade remunerada direta. 
Na indireta, por vezes incide, por vezes não. Na relação de vínculo trabalhista, não incide o CODECON.
e) Destinatário final – bem de insumo é o bem utilizado para o desenvolvimento da atividade da 
pessoa (adquire o bem para incrementar sua atividade profissional), para transformação do bem 
por meio de especificação ou aderindo ao produto que irá fornecer. Na aquisição de bem de 
insumo não há relação de consumo.
Quando o bem for de consumo, há relação de consumo, o que se explica pela Teoria da Causa Final 
do Bem, em que a análise deve se centrar na destinação final, ou seja, no que levou a pessoa a adquirir 
o produto. Sendo assim, se a pessoa adquire o bem para uso próprio, será destinatário final e, portanto, 
encaixa‑se no conceito de consumidor. Se adquiriu o produto para, depois, reintroduzi‑lo no mercado 
de consumo, de acordo com a sua atividade habitual, se encaixa no conceito de fornecedor.
Outra teoria que pode ser utilizada para definir consumidor é a teoria maximalista, que não se 
importa com a destinação final que será dada ao produto ou serviço, mas com quem será o seu 
destinatário fático, bastando que a pessoa tenha adquirido o produto sem o ânimo de renegociá‑lo. Por 
isso, a pessoa que recebe um produto como presente encaixa‑se no conceito de consumidor, embora 
não tenha sido a pessoa que fez parte da relação jurídica consumerista.
 Lembrete
Apenas as relações de consumo estão sujeitas ao CDC, as demais relações 
contratuais privadas permanecem sob a égide do Direito Civil ou Empresarial.
6.1.2 A política nacional das relações de consumo (CDC, arts. 4º e 5º)
O Código de Defesa do Consumidor estabelece a política nacional das relações de consumo que é 
um conjunto de medidas destinadas à proteção do consumidor no mercado de consumo, composta por 
objetivos, princípios e instrumentos.
São objetivos da política nacional das relações de consumo o atendimento das necessidades do 
consumidor, o reconhecimento de sua dignidade, a proteção à sua saúde e segurança, a proteção de seus 
interesses econômicos, a melhoria de sua qualidade de vida e a transparência das relações de consumo.
Para dar cumprimento a referidos objetivos, o CDC impõe os Direitos básicos do consumidor, tais 
como o acesso ao Poder Judiciário e aos órgãos administrativos de proteção aos Direitos do consumidor, 
por exemplo, conforme disposto no artigo 6º do diploma consumerista.
São princípios da política nacional das relações de consumo a presunção absoluta da vulnerabilidade 
do consumidor, a proteção ao consumidor, a compatibilização da proteção ao consumidor com o 
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INSTITUIÇÕES DE DIREITO
desenvolvimento econômico e tecnológico, a educação e informação de fornecedores e consumidores, 
criação de meios de controle de qualidade, a coibição dos abusos praticados no mercado de consumo, a 
melhoria dos serviços públicos e o estudo constante das modificações do mercado de consumo.
São instrumentos da política nacional das relações de consumo: a assistência jurídica, a instituição 
de promotorias especializadas na defesa do consumidor, a criação de delegacias de polícia especializadas, 
a criação de Juizados Especiais Cíveis e o estímulo à criação de associações de defesa do consumidor.
A política nacional das relações de consumo visa implantar a sistematização da defesa do consumidor, 
propiciando sua efetiva proteção.
6.1.3 Diretos básicos do consumidor (CDC, arts. 6º e 7º)
O artigo não esgota, ou seja, o rol não é taxativo, são Direitos mínimos a serem observados nas 
relações de consumo, com origem na Resolução 39, de 15.03.85, da ONU: I. saúde e segurança; II. 
educação; III. informação clara, precisa e ostensiva em língua nacional; IV. proteção contra práticas 
comerciais e cláusulas contratuais abusivas; V. revisão contratual; VI. efetiva reparação e prevenção de 
danos patrimoniais e morais;. VII. aplicação da responsabilidade civil objetiva.
O artigo 6º do CDC tem como objetivo identificar os Direitos básicos do consumidor na relação 
de consumo e foi pautado na vulnerabilidade do consumidor em relação ao fornecedor, que detém 
os meios de produção. Importante frisar a diferença entre consumidor vulnerável e hipossuficiente. O 
consumidor é presumidamente vulnerável, mas nem sempre hipossuficiente, esta qualidade deve ser 
analisada no caso concreto, de acordo com o conhecimento do consumidor a respeito do negócio que 
está celebrando.
As relações de consumo são pautadas pelo princípio da boa‑fé objetiva, que impõe que as partes 
devem agir com lealdade e probidade ao celebrarem contratos. Sendo assim, a boa‑fé objetiva deve ser 
observada por todos os contratantes, tanto pelo fornecedor, como pelo consumidor.
Logo, o princípio da boa‑fé objetiva é um princípio norteador dos Direitos básicos do consumidor.
A resolução enfatizou que é obrigação do Estado proteger e promover os Direitos do consumidor, 
que é Cláusula Pétrea, fundamental introduzida no ordenamento jurídico pátrio pelo art. 5º, XXXII, da 
CF/88, sendo garantia fundamental. O art. 170 da CF erigiu o Direito do Consumidor a um princípio da 
ordem econômica.
Além disso, o art. 33 dos ADCT da CF/88 impôs ao legislador infraconstitucional, no prazo de seis 
meses, a obrigação de elaborar do CODECON, servindo este de paradigma para muitos países, inclusive 
a França.
Passa‑se a explicação do elenco dos Direitos básicos do consumidor.
a) Saúde e segurança (CDC, arts. 8º a 11):
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Unidade II
Devem ser considerados em qualquer forma de colocação de produtos no mercado de consumo 
(ex. remédios, veículos). O art. 6º não é exaustivo, e sim exemplificativo, o que significa dizer que 
traz apenas um rol básico, podendo ser extraídos do ordenamento jurídico outros Direitos básicos do 
consumidor.
Figura 78 – A divulgação e comercialização de produtos nocivos devem ser restritas
b) Informação clara, precisa e ostensiva em língua nacional:
No CODECON, todo consumidor é vulnerável, mas nem todo é hipossuficiente, como já foi dito 
anteriormente. Por ser o consumidor, no mínimo, vulnerável, é necessário que receba toda a informação 
a respeito do produto ou serviço que pretende adquirir ou contratar. Referida informação dever ser 
completa, de fácil entendimento, abrangendo todas as vantagens e desvantagens que o consumidor 
terá ao celebrar a relação de consumo em torno do objeto.
Os produtos importados devem ter os seus rótulos traduzidos para a língua portuguesa, devendo 
conter também expressa menção ao fabricante e à empresa importadora.
c) Responsabilidade objetiva:
A responsabilidade civil é um ramo do Direito Obrigacional que acarreta o dever de reparar ou 
indenizar os danos causados a outrem, conforme dispõe o artigo 186 do Código Civil brasileiro.

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