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1) João ingressou com uma ação de reintegração de posse em face de Valdomiro visando obter a retomada de seu imóvel como também a indenização por perdas e danos. A pretensão foi acolhida em parte pelo juízo tão somente para determinar a reintegração do autor na posse do imóvel. O autor interpõe recurso de apelação para o respectivo Tribunal de Justiça visando obter a indenização por perdas e danos, o que foi negado pela Câmara que apreciou o recurso. O recorrente, diante da omissão do colegiado acerca de pontos relevantes abordados no recurso, apresenta pedido de reconsideração no prazo de 15 dias, que foi rejeitado imediatamente pelo relator. Diante do caso indaga-se . O pedido de reconsideração possui natureza recursal? Não, o pedido de reconsideração tem natureza jurídica de Sucedâneo Recursal, ou seja, têm os mesmos objetivos do Recurso mas não é considerado como tal, tendo em vista que para tal deveria estar na legislação vigente, perante o Princípio da Taxatividade, não havendo Lei que o considere um Recurso. . Poderia o relator aplicar o princípio da fungibilidade recursal nesse caso? Não, pois não vem a ser um Recurso, deste modo a Fungibilidade Recursal só poderia ser aplicada caso estivesse previsto na Legislação vigente e houvesse uma dúvida objetiva além da interposição no prazo do recurso correto. O princípio só poderia ser aplicado quando houver dúvida objetiva sobre qual o Recurso a ser interposto, ademais cabe ressaltar que no caso concreto estaríamos diante da necessidade de interposição dos embargos de declaração, pois o problema relata uma omissão no julgamento. **Devemos lembrar que para aplicação deste princípio da Fungibilidade Recursal é preciso observar o prazo correto para oferecimento do recurso adequado. a. São princípios fundamentos dos recursos previstos no Código de Processo Civil (Promotor de Justiça/SP-2006): o duplo grau de jurisdição, a taxatividade, a singularidade, a singularidade, a fungibilidade e a proibição do reformatio in peius; b. considerando o que dispõe o CPC a respeito de recursos, assinale a opção correta (OAB Nacional – 2009/1) Havendo sucumbência recíproca e sendo proposta apelação por uma parte, será cabível a interposição de recurso adesivo pela outra parte; NCPC, Art. 997 , além do recurso adesivo, cada parte interporá o recurso independentemente, no prazo e com observância das exigências legais. 2) Marcos Antônio ingressou com uma ação declaratória em face do plano de saúde Vida Saudável, responsável por atender importante parcela da população brasileira, visando obter reconhecimento da abusividade de determinada cláusula que impede o tratamento de pacientes com doenças infectocontagiosas. Diante da repercussão social do julgado, a associação de portadores de HIV solicitou seu ingresso como amicus curiae, o que foi prontamente autorizado pelo juiz da causa. Diante do caso indaga-se: . poderá a associação atuar como se parte fosse? Não poderá atuar como se parte fosse, ingressando como amicus curiae tendo em vista que vem a juízo para dar mais amplitude a discussão, assim como representatividade. Conforme entende o STF no informativo 656 e na ADI 3615, relatora Carmen Lúcia. Vem apenas para auxiliar o julgador com informações das quais possui domínio em virtude de sua formação técnica. De forma alguma confunde-se com a figura do Assistente, que demonstra interesse jurídico e comparece ao processo para auxiliar uma das partes. **O NCPC redimensionou esta figura, inserindo-a no capítulo destinado a Intervenção de Terceiros e aumentando sua aplicação até então reservada às ações constitucionais. . Qual a diferença entre amicus curiae e a assistência simples? A diferença é que o amicus curiae é alguém que, mesmo não sendo parte, em razão de seus conhecimentos específicos e técnico além de sua representatividade, é chamado ou se oferece para intervir em processo relevante com o objetivo de apresentar ao Tribunal a sua opinião sobre o debate que está sendo travado nos autos, estando presente em demandas que tratam de direitos metaindividuais, de interesse coletivo já a assistência simples vem a ser quando um terceiro juridicamente interessado apresenta interesse jurídico na demanda mas não poderia ter figurado como réu. A principal diferença reside no aspecto formal. O assistente precisa demonstrar interesse jurídico enquanto que o amicus curiae, precisa demonstrar representatividade adequada nas causas de forte repercussão social. ADPF 186 e 132. a. o requisito extrínseco de admissibilidade do recurso em geral (Promotor de Justiça/ MG – 2005): inexistência de fato impeditivo ou extintivo do poder de recorrer b. De acordo com o Código de Processo Civil, assinale a alternativa correta (Juiz de Direito – SC – 2009): O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem anuência do recorrido, desistir do recurso; Art.998 NCPC. 3) Carlos ingressou com uma ação indenizatória em face da Construtora JSP com o objetivo de obter indenização pela demora na entrega de seu imóvel. Após a citação, constatou-se que a construtora encerrou suas atividades irregularmente, o que motivou o autor a requerer a desconsideração da personalidade jurídica, que foi indeferido de plano pelo juiz. Terminada a instrução, o juiz condenou a construtora a indenizar ao autor no valor de R$10.000,00, devidamente atualizado e com juros legais. Irresignado com a sentença o autor interpôs recurso de apelação visando reformar a decisão interlocutória que indeferiu a desconsideração da personalidade como também aumentar o valor fixado a título de indenização. Diante do caso indaga-se: . A apelação de Carlos foi formulada adequadamente? Não, pois da decisão que rejeita o incidente de desconsideração da personalidade jurídica caberá agravo por instrumento, Art.1015 do NCPC. . O juiz sentenciante poderá inadmitir o recurso de Carlos? No caso concreto, o sistema afasta a verificação dos requisitos pelo magistrado ( juízo ad quo), sendo realizada diretamente pelo tribunal, juízo ad quem. Sobretudo por tratar-se do Recurso de Agravo por Instrumento. Art.1010, parágrafo 3*. § 3o, NCPC: Após as formalidades previstas nos §§ 1o e 2o, os autos serão remetidos ao tribunal pelo juiz, independentemente de juízo de admissibilidade. ⇒ o exame do agravo de instrumento é feito no juízo de admissibilidade ad quem. a. O recurso de apelação será recebido somente no efeito devolutivo quando interposto conta sentença que julgar ação (Promotor de Justiça – RO – 2006): Condenatória de prestação alimentícia; Art.1012, II, NCPC b. É correto afirmar que o recurso de apelação comporta juízo de retratação nas seguintes hipóteses (XLIV Concurso para ingresso da Magistratura do TJ/RJ) : excepcionalmente, nos casos de julgamento liminar de improcedência e nos de indeferimento da inicial. Art.331 e Art.332, § 3°, NCPC 4) Rafael e José impetraram Mandado de Segurança em face do Município visando obter a reintegração na Guarda Municipal, considerando que foram exonerados arbitrariamente por abuso de poder da municipalidade. O juiz excluiu José sob o fundamento de que, na hipótese, não cabe litisconsórcio. José interpôs agravo de instrumento que, após a devida distribuição, foi encaminhado pelo relator para o julgamento eletrônico, dispensando-se a sessão de julgamento. Agiu adequadamente o relator? Em virtude da revogação do Art. 945, NCPC, o relator não agiu adequadamente (lei 13.256/16) . Da decisão que julgar a liquidação de sentença caberá ( MPE-SP – 2011 – MPE- SP – Promotor de Justiça): recurso de agravo de instrumento; Art.1015, parágrafo único, NCPC. 3) Em um processoque observa o rito comum ordinário, o juiz profere decisão interlocutória contrária aos interesses do réu. É certo que, se a decisão em questão não for rapidamente apreciada e revertida, sofrerá a parte dano grave, de difícil ou impossível reparação. Assim sendo, o advogado do réu prepara o recurso de agravo de instrumento, cuja petição de interposição contém a exposição dos fundamentos de fato e de direito, as razões do pedido de reforma da decisão agravada, além do nome e endereço dos advogados que atuam no processo. A petição está, ainda, instruída com todas as peças obrigatórias que irão formar o instrumento do agravo. Contudo, o agravante deixou de requerer a juntada, no prazo legal, aos autos do processo, de cópia da petição do agravo de instrumento e do comprovante de sua interposição, assim como a relação dos documentos que instruíram o recurso, fato que foi arguido e provado pelo agravado. Com base no relatado acima, assinale a alternativa correta a respeito da consequência processual decorrente ( FGV – 2011 – OAB – Exame de Ordem Unificado – III – Primeira Fase). Não será admitido o agravo de instrumento; Art.1016 e 1017 do NCPC. 5) Marcia ingressou com uma ação de revisão de cláusulas contratuais em face da Editora Encanto no I Juizado Especial da Comarca de Salvador. Após a realização da audiência de instrução e julgamento o juiz proferiu sentença julgando procedente o pedido da autora. A ré opôs embargos de declaração, sob o argumento de que houve erro material e omissão no julgado, no prazo legal, sendo este rejeitado pelo julgador. Após a publicação da decisão que julgou os embargos a empresa embargante interpôs recurso inominado no prazo de 10 dias. O recurso foi inadmitido pelo juiz por intempestividade, considerando a regra disposta no art. 50 da Lei nº 9.099/95. Agiu adequadamente o juiz? Não agiu adequadamente, considerando que o Art.1065 do NCPC, que alterou o Art.50 da Lei 9.099/95. Com a alteração prevista no NCPC, os embargos de Declaração interrompem o prazo, não mais o suspendem em hipótese alguma. a. Sobre os embargos de declaração Têm por finalidade primordial o aclaramento ou a integração da decisão judicial, devem ser interpostos no prazo de cinco dias, podem dar azo à aplicação de multa, caso o órgão jurisdicional os reconheça como manifestamente protelatórios, não estão sujeitos a preparo. b. O TRF da 2a Região denegou a ordem de segurança pleiteada em processo de sua competência originária. Nesse caso, qual seria o recurso cabível contra tal decisão? Recurso Ordinário ao STJ, independentemente do conteúdo da decisão. Art.1027, II, a, NCPC 6) Determinado Tribunal Regional Federal confirmou a sentença proferida por juízo federal no sentido de negar a equiparação de soldos entre militares das forças armadas. Inconformado, o recorrente interpôs recurso extraordinário, que foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal. O Ministro Relator entendeu que a violação ao texto constitucional era reflexa, por necessitar de revisão de lei federal, e inadmitiu o recurso extraordinário. Agiu adequadamente o relator?: Não o relator deveria converter o recurso extraordinário (RE) em recurso especial (REsp), conforme Art.1033 do CPC 2015, por entender que a questão diz respeito a norma federal. 2) em sede de recurso extraordinário, a questão constitucional nele versada deverá oferecer repercussão geral sob pena de (OAB/SP – 2007) Não ser conhecido pelo juízo ad quem; Art. 1035, NCPC. 3) Em relação ao recurso extraordinário, a decisão do Supremo Tribunal Federal que não admite a repercussão geral é (OAB/RS – 2007) irrecorrível. 4) Diante da multiplicidade de recursos especiais com fundamento em idêntica questão de direito em face da União, o Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná selecionou dois recursos representativos da controvérsia e encaminhou para o Superior Tribunal de Justiça para o julgamento repetitivo. O relator no STJ determinou a suspensão de todos os processos afetados pendentes em tramitação no território nacional. Diante dessa circunstância indaga-se, em relação aos processos suspensos em todo território nacional, é possível a desistência da ação? Em que fase processual? Sim, é possível a desistência da Ação até a prolação da sentença, conforme dispõe o Art.485, § 5º. A) Caso a parte identifique que a controvérsia estabelecida no julgamento repetitivo diverge da controvérsia existente em seu processo, como deverá proceder? A parte deverá realizar o instituto do distinguish, ou seja, fazer a distinção entre o seu caso e os demais, buscando desafetá-lo e assim dar prosseguimento ao seu processo. Art.1037, parágrafo 9º. 2) Leia as afirmativas sobre a repercussão geral. I. No STF, se a turma decidir pela existência de repercussão geral por, no mínimo, quatro votos, será encaminhado o recurso ao plenário para nova votação, que poderá negar processamento ao RE por votos de 2/3 dos membros. . O Tribunal de origem não tem competência para apreciar a existência de alegação de repercussão geral na preliminar do recurso extraordinário.. . Se o STF entender pela existência de repercussão geral, com o julgamento de mérito do RE selecionado, a decisão valerá para todos os recursos sobre matéria idêntica sobrestados na origem. 3) Reconhecida a repercussão geral em determinado recurso extraordinário, o procedimento adequado em relação aos recursos afetados será? aguardar, independente de prazo, o reconhecimento da repercussão geral; HUMBERTO THEODORO JÚNIOR Analisando os recursos em espécie arrolados no NCPC pela visão de Humberto Theodoro Júnior vemos que: 1. Apelação Mantido o recurso de apelação, sendo cabível contra sentença, está previsto no capítulo II, art. 1.009 ao art. 1014 do NCPC. Permanece com o Duplo Efeito, ou seja, efeito devolutivo, por força do art. 1.013; e como regra o efeito suspensivo, disposto no art. 1012, salvo casos elencados no rol taxativo de seu § 1º, incisos I a VI. Então nessas hipóteses a apelação não terá efeito suspensivo, exceto se for concedido em pedido específico previsto no § 3º. Outra mudança, está prevista no § 3º do art. 1010 que trata do juízo de admissibilidade do recurso de apelação, no CPC vigente ele é interposto no juízo a quo, para após esse juízo de admissibilidade de primeira instância, ser remetido ao Tribunal. O Novo CPC dispôs que respeitadas as formalidades do art. 1010, §§ 1º e 2º os autos serão remetidos ao Tribunal independentemente de juízo de admissibilidade, ou seja, direto ao juízo ad quem. Isso visando celeridade processual. 2. Agravo O NCPC traz a previsão de dois tipos de agravo: o agravo de instrumento, já previsto no CPC Antigo, e o agravo interno, que tinha previsão no regimento interno dos tribunais em face de decisão monocrática do relator. Já o agravo retido é retirado do código, dispondo o projeto que as decisões não passíveis de agravo de instrumento não restarão preclusas, podendo ser novamente alegadas em sede de apelação da sentença (THEODORO JUNIOR, 2015). a. Agravo de instrumento: no NCPC continua sendo cabível contra decisão interlocutória, mas somente se houver enquadramento em hipóteses legais e as elencadas do art. 1.015, isso confere um critério com maior grau de objetividade, ao contrário do sistema atual. Mas não significa que do ponto de vista de agilidade isso funcionará, já que demandas antes pleiteadas por agravo, migrarão para a apelação, e ainda o mandado de segurança exercerá maior papel ao se tentar afastar riscos de lesão grave ou de difícil reparação. b. Agravo interno: disposto agorano art. 1.021, é o que questiona a decisão monocrática do relator perante o órgão colegiado, caso em que o processo já estará no tribunal. Deve ser interposto no prazo de 15 dias (e não mais em 5 dias) e a competência para julga-lo é do mesmo órgão que teria competência para julgar o recurso monocraticamente resolvido pelo relator. Para Ministério Público, Fazenda Pública, autarquias, as fundações públicas e a Defensoria Pública possuem prazo em dobro para recorrer. Houve também uma redução do percentual de incidência em relação à multa por recursos protelatórios (1% a 5% do valor da causa), § 4º, exceto para Fazenda Pública e casos de beneficiários de gratuidade da justiça, § 5º. 3. Embargos de Declaração Qualquer decisão judicial comporta embargos de declaração, uma vez que é inconcebível que fiquem sem remédio a obscuridade, a contradição ou a omissão, existentes no pronunciamento. (THEODORO JUNIOR, 2015). Tratado no art. 1.022, NCPC. A primeira alteração foi na correção de nomenclatura, de cabe contra “sentença ou acórdão” para “qualquer decisão judicial”, conferindo maior alcance da norma para sanar contradição, obscuridade ou omissão, às quais o órgão jurisdicional deveria se pronunciar de ofício e também para a corrigir erro material, em seu parágrafo único o referido artigo ainda apresenta o rol taxativo do que se considera uma decisão omissa. No § 2º do art. 1.023 do NCPC o texto se adequa para a participação do embargado (para sua manifestação), caso o embargo modifique a sentença. Ao analisarmos o NCPC, vemos que os recursos, em regra, não possuem efeito suspensivo. Como disposto no art. 995, os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou decisão judicial em sentido diverso. Os recursos podem ter efeito suspensivo por força de lei (ope legis), a exemplo da apelação (art. 1.012, NCPC), ou podem ter efeito suspensivo atribuível por decisão judicial (ope judicis), como ocorre com o agravo de instrumento (art. 1.019, I, NCPC). Quanto aos embargos de declaração, o NCPC inova, em relação à doutrina majoritária que se formou em torno do Antigo CPC. Segundo o § 1º. Do art. 1.026, a atribuição de efeito suspensivo aos embargos depende de pedido do embargante e de decisão judicial, e não mais decorre de sua simples interposição. Além disso, a suspensão da eficácia da decisão embargada condiciona-se ao preenchimento dos seguintes pressupostos: (1) a probabilidade de provimento do recurso ou (2) fundamentação relevante e risco de dano grave ou de difícil reparação. O NCPC, portanto, acolhe a doutrina de Teresa Arruda Alvim Wambier, segundo a qual a suspensão da eficácia da decisão deve decorrer de pedido da parte e de concessão pelo órgão jurisdicional, e não por força de lei, sempre e em todo o caso. (ALVES, 2015). Sobre a multa por recurso protelatório houve mudança de percentual para 2% do valor da causa atualizado, se reiterados embargos declaratórios manifestamente protelatórios, a multa será elevada a 10% do valor da causa atualizado e a interposição de qualquer recurso ficará condicionado ao depósito prévio do valor da multa, à exceção da Fazenda Pública e da justiça gratuita, art. 1026 § 3º. Por fim, quanto à figura do pré-questionamento, no art. 1.025, que prevê: “Consideram-se incluídos no acórdão os elementos que o embargante suscitou, para fins de pré-questionamento, ainda que os embargos de declaração sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o tribunal superior considere existentes erro, omissão, contradição ou obscuridade”. 4. Recurso Ordinário: Do âmbito dos recursos para o Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal de Justiça, está disciplinado pelos artigos 1027 e 1028. Foi mantido o teor dos dispositivos, somente repetindo o que fez com a apelação, informa o lugar onde deve ser apresentado o recurso ordinário e exclui o juízo de admissibilidade “desnecessário” do juízo a quo e passa a ser realizado apenas o juízo de admissibilidade ad quem. 5. Recurso Extraordinário e Recurso Especial Não ensejam reexame da causa, mas apenas discutem as questões jurídicas relativas à Constituição Federal e ao direito federal respectivamente. Tratando-se de forma excepcional de recurso, não configurando terceiro ou quarto grau de jurisdição, tampouco instrumento processual para a correção de injustiça. Também quanto a esses recursos, não há que se falar em grandes mudanças materiais, apenas procedimentais. Percebe-se inovação quanto aos julgamentos dos Recursos Extraordinários e Especiais Repetitivos, que traz um incidente processual de rito próprio, onde são tratadas todas as peculiaridades procedimentais (art. 1036 a 1041). Dessa forma, com a inclusão desse incidente processual, o legislador demonstra claramente sua intenção de atender ao clamor popular de celeridade nas demandas judiciais, deixando evidentes as possibilidades de sobrestamento de processos estipulando prazos para seus respectivos julgamentos, sob pena de continuação no processamento dos efeitos sobrestados e não julgados no tempo estipulado. (SIMÕES e CÂMARA, 2015). 6. Agravo em Recurso Especial ou Extraordinário: Humberto Theodoro Junior trata sobre esse recurso chamando-o de Agravo de Admissão, e o define como recurso cabível da decisão de não admissão do recurso especial e extraordinário pelo tribunal de origem. O Novo CPC novamente elimina o primeiro juízo de admissibilidade. Está elencado no art. 1042, que enumera taxativamente as hipóteses de cabimento deste recurso e dispõe sobre processamento e requisitos. Mais uma novidade é que em seu § 2º prevê que a petição de agravo será dirigida ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal de origem e independe do pagamento de custas e despesas postais 7. Embargos de Divergência: Proporcionam a uniformização da divergência interna corporis dos Tribunais Superiores quanto à intepretação do direito em tese (THEODORO JUNIOR, 2015). No Novo CPC tiveram seu cabimento ampliado, deixando de ser exclusivo para o Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça, sendo cabível aos Tribunais de Justiça em casos específicos. Está previsto nos artigos 1043 (hipóteses) e 1044 (procedimento). Com essa maior abrangência, vislumbra-se a eficácia na prestação jurisdicional. CASSIO SCARPINELLA BUENO 1. Apelação: Em relação ao recurso de apelação, não foram feitas grandes alterações, assim como no código vigente, o NCPC estabelece que o referido recurso caberá contra sentenças. A diferença está na previsão do § 1º do art. 1.009 NCPC, que admitem, também, a apelação em decisões interlocutórias, quando não couber o agravo de instrumento. Nas palavras de Cássio Scarpinella Bueno: “O § 1º justifica-se pela supressão do agravo retido. Inexistente aquele recurso, as decisões interlocutórias não passíveis de agravo de instrumento não ficam sujeitas a preclusão, cabendo à parte, se assim entender necessário, suscitá-la em preliminar de apelação ou de contrarrazões.” 2. Agravo: a. De Instrumento: O Antigo CPC permitia a interposição do agravo de instrumento quando a decisão interlocutória proferida trazia risco iminente ou dano à parte. Assim, pelo NCPC, o conceito da utilização do recurso é a mesma, modificar decisão interlocutória que cause prejuízo grave e de difícil reparação à parte. Entretanto, o NCPC traz, nos incisos de seu art. 1.015, as hipóteses em que deve-se utilizar o agravo de instrumento. Como já visto no tópico de apelação, caso a decisão interlocutória esteja fora do rol taxativo do agravo de instrumento, poderá a parte prejudicada interporapelação (art. 1.009, § 1º NCPC), maneira encontrada pelo legislador para suprir a falta do agravo retido. Observa-se, também, que com a nova previsão do código, o uso de mandado de segurança contra atos do juiz tornar-se-á mais comum, uma vez que não havendo hipótese sujeita para a interposição do agravo de instrumento e não podendo a parte aguardar até a apreciação da apelação, a alternativa do recorrente será a interposição da presente ação. b. Inominado, interno ou regimental: Assim como no código vigente, o NCPC prevê a utilização de agravo interno, também chamado de agravo de colegiamento, quando o recorrente opta por revisão da decisão monocrática proferida pelo relator. Assim, após a interposição do referido recurso, será apreciado o agravo interno por uma turma colegiada do Tribunal. O doutrinador Cássio Scarpinella Bueno, acredita que os §§ 1º e 3º do art. 1.021 NCPC foram baseados a partir do princípio da dialética recursal, pois torna a fundamentação tanto do relator quanto da parte recorrente de grande importância para a revisão da decisão. Ademais, Scarpinella critica o § 5º do referido artigo, que isenta a Fazenda Pública e o beneficiário da justiça gratuita do depósito prévio do valor da multa em caso de litigância de má-fé. Para o Autor, este tratamento diferenciado fere o princípio constitucional da isonomia. 4. Embargos de Declaração: O NCPC traz a possibilidade dos embargos de declaração para atacar qualquer decisão judicial, ou seja, além de sentença e acórdão, poderá ser utilizado também em decisões interlocutórias. Outra alteração importante foi a previsão do inciso III do art. 1.002, NCPC, pois, agora, além dos embargos serem usados contra decisões obscuras, contraditórias e omissas, será, também, cabível contra erro material. Quanto ao prazo, continuam fixados em 5 dias e, a partir da interposição dos embargos de declaração em qualquer decisão, o prazo para interposição de recurso ficará interrompido até ser proferido o esclarecimento do magistrado. Com a extinção da previsão de embargos infringentes, em alguns casos, poderão os embargos de declaração modificar o julgado. Entretanto, quando ocorrer mudança na decisão, deverá o magistrado intimar a parte adversa para apresentar contrarrazões de embargos de declaração. 5. Recurso Ordinário De competência recursal do STJ e STJ, não houve alteração relevante para o recurso em si. O que mudou foi o texto da lei, como a alteração da palavra causa pela processo, no artigo 1.021, II, alínea b. Assim, continua sendo considerado a “apelação” das decisões originárias dos Tribunais, garantido o duplo grau de jurisdição. 6. Recurso Especial e Extraordinário O art. 1.029 do NCPC estabelece os pressupostos formais que devem ser preenchidos para que seja interposto o recurso extraordinário ou especial, cujo cabimento continua sendo matéria disciplinada pela Constituição Federal. Uma de suas principais alterações está no § 2º do referido artigo, que diz ser vedado ao órgão jurisdicional inadmitir recurso especial com base em fundamento genérico, sem demonstrar a existência de distinção, ou seja, reforça o que já está previsto no art. 489, § 1º, V NCPC, “se limitar a invocar procedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos.” Scarpinella diz que a previsão deste parágrafo vem de encontro com a Teoria dos precedentes à brasileira. Os § 3º e 4º, preveem a desconsideração de erro formal que não seja considerado grave (§ 3º) e a suspensão dos processos em todo o território nacional durante a tramitação do incidente de resolução e demandas repetitivas, por razões de segurança jurídica ou excepcional interesse social (§ 4º), alterações essas que são de grande importância. Outra importante mudança está na abolição da competência do Presidente ou Vice Presidente do respectivo Tribunal para o juízo de admissibilidade do recurso extraordinário ou especial. O novo código determina a remessa direta do recurso para o respectivo Tribunal Superior, que fará então o juízo de admissibilidade (art. 1.030, § Único NCPC). 7. Embargos de Divergência Previsto no art. 546 do Antigo CPC e no art. 1.043 do NCPC, sua alteração busca solucionar problemas gerados pela norma anterior, que limitavam sua utilização. Com o novo texto, poderão os embargos de divergência serem apresentados tanto em acórdão de mérito como naquele referente a juízo de admissibilidade (art. 1.043, I e II NCPC), assim como será apreciado quando apresentado em processos de competência originária (art. 1.043, IV NCPC). Com base na análise dos quatro doutrinadores, podemos concluir que as mudanças podem contribuir para que o judiciário brasileiro seja menos moroso, formal e complexo, que é o objetivo do sistema recursal no novo código. Apesar de as mudanças serem poucas e algumas até desnecessárias, devemos manter em mente que a mudança não será radical para não colocar em risco a segurança jurídica e proteção dos princípios jurídicos. Por fim, só poderemos compreender como o judiciário responderá à essas mudanças a partir do momento que o código entrar em vigência.
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