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GESTÃO DE OPERAÇÕES, PRODUTOS E SERVIÇOS 1 Gestão da Produção de Produtos e Serviços GESTÃO DE OPERAÇÕES, PRODUTOS E SERVIÇOS 2 Gestão da Produção de Produtos e Serviços Introdução A atividade produtiva, em seu sentido mais abrangente, efetua a produção de bens econômicos. Os bens, neste sentido, compreendem produtos e serviços que são produzidos e colocados à disposição de pessoas, empresas e instituições. Passamos o dia consumindo produtos e serviços. Utilizamos sabonetes, ouvimos uma música no CD, tomamos café, utilizamos serviços financeiros e bancários, vamos à academia malhar. Passamos o tempo inteiro consumindo Bens tangíveis (produtos) e intangíveis (serviços). Os produtos, como bens tangíveis, são os objetos com forma física. Estes objetos podemos pegar, tocar, estocar por algum tempo. Entre os bens tangíveis existem diferenças de durabilidade. Existem bens que são denominados duráveis: geladeiras, carros, prédios; e outros que são denominados Não Duráveis: medicamentos, cerveja, vinho, papel e outros. Os serviços, como bens intangíveis, são incorpóreos, não podem ser vistos ou tocados. Em termos práticos, também são bens econômicos, mas não têm substância física. Exemplos de Produtos ou Bens Tangíveis: Ferramentas, Cutelaria, plantas, flores naturais, revistas, jornais, tendas, barracas, lonas, paraquedas, joias, instrumentos musicais, carros, computadores, geladeiras, estantes, fogões, apartamentos. GESTÃO DE OPERAÇÕES, PRODUTOS E SERVIÇOS 3 Exemplos de Serviços ou Bens Intangíveis: Cartão de crédito, seguros, serviços de arquitetura, desenho técnico, prospecção de minérios, paisagismo, decoração, restaurantes, hotéis e hospitais. O que significa Operações nas Empresas de Produção e Serviços Primeiramente, já é hora de conhecermos uma definição da Gestão de Operações, Produção e Serviços. É o campo de estudo e técnicas aplicáveis à tomada de decisões na função de Produção (empresas industriais) ou Operações (empresas de serviços). Como vamos ver mais adiante, qualquer organização industrial executa, também, uma série de funções ligadas a serviços, como manutenção de máquinas e instalações. Para que os produtos e serviços sejam oferecidos ao público, as atividades correspondentes devem ser planejadas, organizadas e controladas. Ramos tão diferentes naquilo que disponibilizam para os clientes podem ser estudados em conjunto. Em ambos os casos é necessário determinar o tamanho da escola, do hospital ou da fábrica, deve-se decidir onde serão localizados, como são comuns as atividades de programação e controle de sua rotina diária. Consideramos, então, operações como o conjunto de atividades inter- relacionadas envolvidas na produção de bens e serviços. Um sistema de Operações tem alguns elementos constituintes fundamentais. São os insumos, o processo de criação ou transformação, os produtos ou serviços e os controles para garantir os níveis de resultados. Os insumos são os recursos a serem transformados em produtos, como as matérias-primas e aqueles que movem o sistema, como a mão de obra, as máquinas e os equipamentos, as instalações, além dos conhecimentos técnicos dos processos, e a alimentação de componentes na linha de produção de veículos. GESTÃO DE OPERAÇÕES, PRODUTOS E SERVIÇOS 4 O processo de criação e conversão em operações muda o formato das matérias- primas ou muda a composição e a forma de recursos. Em serviços, existe a criação. Diferentemente dos produtos, a tecnologia é baseada em conhecimento mais do que em equipamentos. Comparativamente, afirmamos que as atividades de serviços são mais intensivas de mão de obra, enquanto as atividades industriais são mais intensivas em máquinas e equipamentos, como na indústria automobilística, por exemplo. Diferenças entre Produção e Serviços Tangibilidade Um serviço é muito menos tangível do que um produto físico. Uma geladeira, por exemplo, é um produto que um consumidor pode ver, tocar e ligar. Os serviços, como um seguro para um veículo, não possuem o mesmo grau de tangibilidade. Os consumidores tendem a ter impressões e preferências muito mais definidas a respeito de uma geladeira em particular do que sobre seguros. As organizações de serviços falam em “produtos” para seus clientes. Isto fica muito claro para uma gama de serviços financeiros em que o produto é utilizado e assim o “intangível” torna-se “tangível”. Os clientes que escolhem um título podem pensar em uma variedade de produtos: taxas fixas e variáveis, duração da operação, comparação entre as taxas de juros de mercado. Do ponto de vista do produtor, provavelmente, é mais fácil diferenciar uma marca de automóvel de outra pelos atributos, estilo ou características de desempenho do que diferenciar seguros. Quem trabalha com serviços tem muito mais dificuldade de definir estilos e atributos do que quem trabalha com produtos físicos. Os bancos, por exemplo, procuram compensar com evidências físicas, demonstrando tangibilidade nos serviços, como agilidade no atendimento, automação bancária e localização das unidades. GESTÃO DE OPERAÇÕES, PRODUTOS E SERVIÇOS 5 Inseparabilidade O produto possui uma “vida” e uma “personalidade” próprias, segundo as quais pode ser avaliado pelo comprador de maneira independente. Em contrapartida, os serviços são inseparáveis de seus prestadores e não existem como entidades físicas. Um piloto de Fórmula 1, um professor e um advogado têm os seus respectivos trabalhos intimamente ligados aos prestadores de serviços no ato de sua realização. Os serviços são produzidos e consumidos simultaneamente em muitos casos. Geralmente, no caso de entretenimento e serviços pessoais, os clientes estão interessados em prestadores específicos. Ao comprar os ingressos para um show do Roberto Carlos, os clientes não aceitarão uma Padronização. Uma das marcas do sistema de produção mais recente, derivado da produção em massa, é o grau de padronização elevado alcançado pelas linhas de produção industriais. Os clientes compram os produtos e desejam iguais em série, aos milhares ou mesmo aos milhões. Na produção de serviços é muito difícil este grau de padronização que é muito comum para os bens produzidos em massa na indústria. Os serviços têm uso intensivo de mão de obra e a relação com os serviços realizados são intensos. A variabilidade relacionada com o elemento humano tende sempre a se acentuar muito mais na produção de serviços do que na produção de bens. A mesma pessoa executando um serviço pode apresentar variabilidades substanciais entre dois momentos de trabalho. Um bom exemplo é o trabalho de um cabelereiro. Pode realizar três, quatro ou mais cabelos em horas, porém a qualidade do trabalho pode variar considerando o seu grau de concentração ou até se são clientes novos ou antigos. Os serviços que têm um grau maior de participação de dispositivos e equipamentos alcançam um índice mais elevado de padronização como, por exemplo, lavagem de veículos. GESTÃO DE OPERAÇÕES, PRODUTOS E SERVIÇOS 6 Em busca da padronização, as empresas buscam investir em treinamento e seleção de pessoas, como fazem as empresas aéreas, bancos e hotéis. Também vêm implantando a Gestão de Processos (procedimentos e rotinas) com o objetivo de padronizar os processos por toda a organização e assim minimizar a variabilidade no atendimento. Fazem o monitoramento de satisfação dos clientes aplicando sistemas de sugestões, reclamações, possibilitandoas correções necessárias. Envolvimento dos Clientes nos Serviços O envolvimento de um consumidor na produção de um serviço costuma ser maior do que o que seria normal no caso dos produtos. No caso de um salão de beleza ou um restaurante, os serviços são realizados sob medida, de acordo com as preferências dos clientes. Essencialmente, os clientes estão envolvidos na produção dos serviços e logo depois farão a avaliação da qualidade. Mesmo num restaurante fast food são permitidas escolhas, quando um consumidor deseja um sanduiche com ou sem cebola, mostarda, alface, tomate e molhos. Em muitos casos, a prestação dos serviços exige a presença dos clientes, como no caso de cirurgias médicas ou a prestação de serviços jurídicos pessoais. Nestes casos, os prestadores de serviços devem levar em consideração as necessidades específicas dos clientes. Os proprietários de salão de beleza estão investindo em decoração, música ambiente, além de uma disponibilidade total para atender às expectativas dos clientes. Perecibilidade dos Serviços Os serviços não podem ser produzidos para estoques até o momento da compra. Não podem ser armazenados mesmo em condições especiais. O show do Rock in Rio apresentado em um espaço para milhares de pessoas não pode vender a GESTÃO DE OPERAÇÕES, PRODUTOS E SERVIÇOS 7 metade dos ingressos da capacidade de um dia e guardar os demais ingressos para vender em outra ocasião. Da mesma forma, em estádio de futebol, corrida de Fórmula 1, poltronas de um avião, ocupação de hotéis e assim por diante. Mesmo os produtos mais perecíveis têm vida mais longa como legumes e frutas. Pelo menos, estes produtos podem ser estocados por um curto período de tempo se forem tomados os devidos cuidados. Já os serviços que não foram vendidos não podem ser armazenados sequer por alguns minutos e sempre o valor recuperado de um serviço não vendido é zero. Quando a demanda é flutuante ou sazonal, as empresas de serviços enfrentam dificuldades. Nos transportes coletivos, as empresas dimensionam os seus ativos considerando o horário de rush. Estratégias de operações e vantagem competitiva A estratégia competitiva consiste em estabelecer uma posição lucrativa e sustentável em relação às forças que determinam a competição industrial. Tendo- se em mente essa orientação, destaca-se a relevância de a estratégia competitiva estar alinhada com as estratégias funcionais endomarketing, desenvolvimento de produto, produção e finanças, pois a estratégia de operações determina a maneira como a organização, após analisar o seu ambiente externo e suas capacidades internas, fará uso das prioridades competitivas presentes na produção (custo, qualidade, flexibilidade, entrega e serviço) para melhor competir no mercado em que atua. A contribuição da função produção à estratégia empresarial A estratégia empresarial consiste na criação de compatibilidade entre as diversas atividades da empresa. O êxito da estratégia empresarial e consequente sucesso GESTÃO DE OPERAÇÕES, PRODUTOS E SERVIÇOS 8 da empresa frente ao mercado dependem do bom desempenho de muitas atividades da organização e da integração entre elas. A estratégia empresarial é definida como o conjunto de decisões da empresa que determinam seus objetivos, propostas e metas. Decisões estas que geram as principais políticas e planos que a organização irá utilizar para atingir as metas previstas; além disso, a estratégia corporativa delimita os limites do negócio que a empresa irá perseguir e, também, a sua contribuição aos acionistas, funcionários, clientes e comunidade. A estratégia pode ser analisada a partir de três perspectivas que se desdobram, sendo elas: da corporação, do negócio e da função. Esses três níveis de estratégia, de acordo com Slack et al. (2002) formam uma hierarquia, devendo se ajustar mutuamente com o objetivo único de proporcionar vantagem competitiva para as organizações. A estratégia corporativa, de negócio e funcional, pode ser definida da seguinte maneira: • A estratégia corporativa determina os negócios em que a organização irá participar (materiais, mercado e tecnologia, por exemplo) e também as aquisições que a empresa pretende fazer. • A estratégia de negócio, além de dar suporte para a realização da estratégia corporativa, especifica a missão e objetivos individuais de cada unidade de negócio, bem como define os meios pelos quais as unidades vão buscar adquirir vantagem competitiva. • A estratégia funcional determina a maneira pela qual cada função (marketing, finanças, produção, pesquisa e desenvolvimento etc.) contribui para um melhor apoio aos objetivos estratégicos do negócio. A estratégia de operações merece uma atenção especial. Ela determina o conjunto de objetivos e restrições que descrevem a maneira como a organização irá direcionar e desenvolver os recursos existentes na operação, o que GESTÃO DE OPERAÇÕES, PRODUTOS E SERVIÇOS 9 consequentemente gera as diretrizes sobre as políticas a serem implementadas nas diversas áreas da empresa, sejam elas estruturais (capacidade, instalações, tecnologia e integração vertical) ou infraestruturas (recursos humanos, qualidade, organização e planejamento de produção e de materiais). As prioridades competitivas da função produção Após a II Guerra Mundial, a produção flexível ou Sistema Toyota de Produção surgiu no Japão como um contraponto ao sistema taylorista-fordista ou Sistema de Produção em Massa em vigor no Ocidente. O sistema de produção em massa foi implementado em um mercado em expansão, baixo nível de competitividade, produtos estáveis, tecnologias consolidadas e pouco dinâmicas, além de expansão do mercado de trabalho e salários. De maneira diferente, o modelo de produção flexível, foi inserido em um ambiente de maior competitividade, que contava com consumidores mais exigentes, necessitando, portanto, buscar de forma simultânea uma maior qualidade, flexibilidade, produtividade e redução de custos. Neste contexto, muito se tem discutido, tanto nas empresas quanto no meio acadêmico, sobre a melhor maneira para as organizações, que possuem competências distintas, se diferenciarem no mercado em que estão inseridas. E, consequentemente, como os diferentes sistemas de produção dessas empresas devem refletir as prioridades competitivas declaradas ou não na estratégia corporativa. As prioridades competitivas indicam as áreas em que a manufatura deve focar as suas atenções para prover vantagem competitiva às organizações. Destaca-se ainda que o modelo de prioridades competitivas tradicional, além de ser muito genérico, dificultando a tomada de decisão, também pode ser interpretado de muitas maneiras diferentes. Assim, as prioridades competitivas básicas (custo, qualidade, entrega, flexibilidade e serviços) devem ser tratadas de maneira GESTÃO DE OPERAÇÕES, PRODUTOS E SERVIÇOS 10 desagregada, em que cada uma destas prioridades possa ser analisada a partir de perspectivas mais específicas, sendo elas: • Custo: custo inicial, custo de operação e custo de manutenção; • Qualidade: performance, atributos, confiabilidade, conformidade, durabilidade, utilidade, estética e qualidade percebida; • Flexibilidade: de volume, de produto e de processo; • Entrega: precisão, velocidade e facilidade de pedido; • Serviço: resolução de problemas, suporte ao consumidor e fornecimento de informações técnicas. Ao analisar o modelo de prioridades competitivas, com a aplicação dos métodos presentes no modelode produção flexível (utilização de máquinas e profissionais generalistas, comunicação informal, baixo nível de estoque, política de parceria com fornecedores e clientes, organização matricial e a filosofia de melhoria contínua), as empresas japonesas passaram a atingir excelência em qualidade, flexibilidade, velocidade e custos ao mesmo tempo, ampliando de forma significativa sua participação no mercado em nível mundial. Neste novo ambiente, surge a questão: até que ponto é saudável para as organizações serem focadas em determinada prioridade competitiva? Prioridades Competitivas Como as empresas definem as suas prioridades para competir no mercado? Uma estratégia de operações orientada para o cliente requer um esforço para compreender as necessidades dos clientes e especificar as competências operacionais que a empresa precisa para superar os seus concorrentes. As Prioridades Competitivas são as dimensões operacionais críticas que um processo deve possuir para satisfazer clientes, de forma contínua. As Prioridades GESTÃO DE OPERAÇÕES, PRODUTOS E SERVIÇOS 11 Competitivas são planejadas para os produtos, serviços e processos, utilizando as áreas de conhecimento que serão desenvolvidas em nossas próximas aulas. As Prioridades Competitivas são custos, qualidade, entrega, flexibilidade e serviços. Custos Determina a quantia que um cliente deve pagar pelo produto ou serviço. Se todos os demais fatores são iguais, os clientes irão escolher o produto ou serviço que tem o preço mais baixo. As organizações que competem com preços podem estabelecer margens de lucros menores, mas a maioria focaliza a redução de custos dos produtos e serviços. As operações de baixo custo prestam um serviço ou fabricam um produto com o menor custo possível que satisfaça os clientes. Para reduzir os custos, os processos devem ser projetados e operados de modo a torná-los eficientes, usando rigorosa análise de processos que abrange todos os fatores de produção. Muitas vezes, a redução dos custos exige um processo completamente novo, com novos investimentos e novas instalações e tecnologias. Qualidade A qualidade pode ser abordada com relação a produtos e processos. A meta de estabelecer o “nível adequado” de qualidade de um produto ou serviço consiste em enfocar predominantemente as exigências do cliente. A qualidade de processo é crítica em qualquer segmento de mercado. A meta de qualidade de processo é produzir produtos ou serviços sem erros. Significa uma dimensão de um produto ou serviço que é definida pelos clientes. São duas as prioridades competitivas que lidam com a qualidade: qualidade superior e qualidade consistente. GESTÃO DE OPERAÇÕES, PRODUTOS E SERVIÇOS 12 Qualidade superior – É prestar um excelente serviço ou fornecer um excelente produto. Esta prioridade pode exigir um alto nível de contato com o cliente e altos níveis de assistência, cortesia e disponibilidade dos prestadores de serviços. Pode, também, exigir um processo de fabricação do produto com características excepcionais, baixas tolerâncias e maior durabilidade. Qualidade consistente - Significa produzir produtos ou serviços que satisfaçam as especificações dos clientes de forma consistente. Os clientes desejam produtos ou serviços que correspondam sistematicamente às especificações que eles contrataram ou viram na publicidade da empresa. Entrega Normalmente se diz na gíria: tempo é dinheiro. Três prioridades competitivas estão relacionadas ao tempo. Rapidez na entrega, entrega pontual e velocidade de desenvolvimento. O mercado considera hoje que a velocidade de entrega é um fator determinante da decisão de compra de produtos e serviços. Está relacionada a aspectos distintos das operações de uma organização: a rapidez com que um produto ou serviço é fornecido para um cliente; ou a rapidez com que novos produtos ou serviços são desenvolvidos e colocados no mercado; ou, ainda, a velocidade com que são feitas as melhorias nos produtos ou processos. Rapidez na entrega é atender prontamente ao pedido de um cliente. Normalmente é medida pelo tempo decorrido entre o recebimento do pedido de um cliente e o seu atendimento, frequentemente denominado tempo de espera. Entrega pontual é o cumprimento dos prazos de entrega. A entrega pontual é importante para muitos processos, principalmente os processos just-in-time, em que os insumos são necessários em momentos específicos. GESTÃO DE OPERAÇÕES, PRODUTOS E SERVIÇOS 13 Velocidade de desenvolvimento é a rapidez com a qual a empresa introduz um novo serviço ou produto. É medida pelo tempo decorrido entre o surgimento da ideia até o projeto final e a introdução do serviço ou produto. Concorrência Baseada no Tempo – Muitas empresas se concentram nas prioridades competitivas de rapidez de entrega e de desenvolvimento dos seus processos, dentro de uma estratégia denominada Concorrência Baseada no Tempo. Flexibilidade É a capacidade que deve ter uma empresa para responder às mudanças. Quanto mais rápido, tanto maior será sua vantagem competitiva sobre os concorrentes que não tenham a mesma capacidade de resposta. As mudanças podem estar relacionadas a prazos, aumentos ou decréscimos em volumes ou mudanças no projeto dos bens e serviços. É uma característica dos processos de uma empresa que permite que reaja com rapidez e eficiência às necessidades dos clientes. Alguns processos necessitam dos seguintes tipos de flexibilidade: personalização, variedade e flexibilidade de volume. Personalização – É a satisfação das necessidades específicas de cada cliente, mediante a modificação dos projetos de serviços ou produtos. Normalmente, a personalização ou “customização” pressupõe que o serviço ou produto é de baixo volume. Não obstante, os processos com a prioridade de personalização devem ser capazes de funcionar em íntima conexão com seus clientes e então dedicar os seus recursos às necessidades exclusivas dos seus clientes. Variedade – É a capacidade de lidar com uma ampla gama de produtos ou serviços com eficiência. A variedade difere da personalização, uma vez que os produtos ou serviços não são necessariamente exclusivos para clientes específicos e podem ter demandas repetitivas. GESTÃO DE OPERAÇÕES, PRODUTOS E SERVIÇOS 14 Flexibilidade de Volume – É a habilidade para acelerar ou desacelerar a taxa de produção de serviços ou produtos rapidamente para poder lidar com grandes flutuações da demanda. A Flexibilidade de Volume muitas vezes dá apoio a outras prioridades competitivas como a rapidez da entrega ou a velocidade de desenvolvimento. Serviços Cada vez mais, as empresas estão encarando o atendimento como um meio de obter vantagem no mercado. Isso inclui serviços de apoio ao cliente antes, durante e após a compra ter sido feita. É importante que esses serviços enfoquem adequadamente as necessidades do cliente e o façam de forma acessível para ele, de modo que continue a fortalecer a sua lealdade. Serviços de apoio ao cliente adequadamente projetados compreendem como um cliente usa o produto. Além do mais, quando esses serviços de apoio são solicitados, a empresa pode responder rápida e adequadamente a eles para satisfazer o cliente. Os ciclos de vida dos produtos e serviços estão ficando cada vez mais curtos. Assim, os produtos tendem a ficar mais parecidos com os de outra empresa. Frequentemente, são vistos como commodities em que o preço é o principal fator determinante. Isto está acontecendocom os computadores, cujas diferenças entre produtos são às vezes insignificantes. Em um ambiente tão competitivo, as empresas estão agora oferecendo serviços de “valor agregado”. Estratégia de Operações e Vantagem Competitiva A estratégia de operações traduz planos de serviços ou produtos e prioridades competitivas para cada segmento de mercado em decisões que afetam os processos que apoiam os segmentos de mercado. A estratégia determina como os processos da empresa estão organizados para lidar com o volume e variedade de produtos e serviços para cada segmento de mercado específico. Esta escolha GESTÃO DE OPERAÇÕES, PRODUTOS E SERVIÇOS 15 inicial aciona uma série de outras decisões que veremos nas próximas aulas e que estão relacionadas com o projeto de produtos, processos, sistemas e procedimentos que suportam a estratégia de operações. Exemplos de Estratégias de Serviços: a) Estratégia de Serviços Padronizados - Os processos que fornecem serviços com pouca variedade em volumes tendem a usar esta estratégia. As prioridades competitivas usuais são qualidade consistente, entrega pontual e custo baixo. Em função do volume elevado, os processos fornecem o serviço básico e podem ser organizados de modo que o fluxo de clientes siga um padrão linear das instalações. Por exemplo, os correios utilizam estratégias de serviços padronizados para o processamento de cartas e encomendas. b) Estratégia de Serviços de Atendimento por Encomenda – Corresponde ao projeto de operações que incluem um conjunto de serviços e processos padronizados orientados à montagem de ofertas padronizadas para o atendimento das necessidades específicas do cliente. Os processos de montagem são flexíveis para que o pacote correto possa ser montado para o cliente. As prioridades competitivas são a customização e o prazo de entrega rápido. As empresas de telecomunicações oferecem um conjunto de serviços customizados para reter clientes numa indústria altamente competitiva. Acesso à Internet, telefonia celular, cartões de crédito, TV a cabo, número 0800 estão em uma longa lista de opções. c) Estratégia de Serviços Customizados – Prioridades competitivas típicas incluem o projeto de alto desempenho e a customização. O volume, em termos de exigências de serviços por cliente, é reduzido. Os clientes são encaminhados de processo a processo até o serviço ser finalizado. Esta estratégia permite a produção de uma grande variedade de serviços customizados, proporcionando ao mesmo tempo uma utilização razoável GESTÃO DE OPERAÇÕES, PRODUTOS E SERVIÇOS 16 dos processos. Por exemplo, o atendimento em uma clínica médica tem um fluxo de processos de serviços até o seu final, com o cliente se deslocando. Exemplos de Estratégias de Produtos a) Estratégia de Produzir por Estoques – Empresas industriais que mantem itens em estoque para entrega imediata, minimizando dessa maneira os prazos de entrega aos clientes, seguem esta estratégia. É viável para produtos padronizados com grandes volumes e previsões razoavelmente precisas. Esta estratégia também será aplicável a situações nas quais a empresa fabrique um produto diferenciado para um cliente específico se os volumes forem suficientemente elevados. b) Estratégia de Montagem por Encomenda - É uma abordagem de produção de produtos customizados a partir de relativamente poucos conjuntos e componentes após o recebimento dos pedidos dos clientes. As prioridades típicas são customização e prazo de entrega rápido. Esta estratégia exige processos de montagem e industriais orientados à produção de componentes e conjuntos padronizados em grandes volumes. Os processos industriais concentram na criação de quantidades apropriadas de estoque para os processos de montagem e devem ser eficientes para manter os custos baixos, ao passo que os processo de montagem devem ser flexíveis para produzir os diversos produtos demandados pelos clientes. c) Estratégia de Fabricar por Encomenda – Fabricantes que elaboram produtos de acordo com as especificações dos clientes e em pequenos volumes tendem a usar esta estratégia. Trata-se de uma empresa que é vista como um conjunto de processos que podem ser usados de muitas maneiras diferentes para atender às necessidades diferenciadas dos clientes. Também proporciona um alto grau de customização, que é uma importante prioridade competitiva para esses GESTÃO DE OPERAÇÕES, PRODUTOS E SERVIÇOS 17 fabricantes. A maioria dos produtos, componentes e conjuntos é feita de acordo com os parâmetros estabelecidos pelos clientes; em consequência, o processo de produção deve ser flexível para adaptar- se à diversidade. Análise da Produtividade em Produção, Operações e Serviços Introdução A empresa industrial brasileira precisa urgentemente ser mais produtiva a fim de eliminar o desnível de competitividade que a separa da indústria internacional. Este desnível é tão grande que a empresa se vê diante do enorme desafio de ter que alcançar alto incremento de produtividade. Como as perspectivas de aumento no volume de vendas não são suficientes para sustentar um aumento de produção com o mesmo quadro de pessoal, situação onde o acréscimo de produtividade seria igual ao acréscimo de produção, a empresa sente-se compelida a demitir empregados. Em outras palavras, como o crescimento da produtividade precisa ser maior do que o crescimento das vendas e da produção, é necessário reduzir a quantidade de funcionários. Importância da Produtividade A produtividade é a relação entre os resultados da produção e os recursos produtivos a ela aplicados e é medida em três níveis: da operação, da empresa e da nação. No nível da operação, reflete o conceito taylorista de aumento da capacidade produtiva dos recursos envolvidos numa operação. No nível de toda empresa, reflete a relação entre o faturamento e os custos totais, e inclui toda a cadeia produtiva, desde os fornecedores até os clientes. No nível da nação, reflete o conceito de renda per capita. GESTÃO DE OPERAÇÕES, PRODUTOS E SERVIÇOS 18 Devido ao constante aumento da produtividade ao longo deste século, pela via do capital e pela via do trabalho, muitas empresas conseguiram reduzir o custo da mão de obra a valores inferiores a 10% do custo total. Portanto, aplicar altas quantias em caros estudos para incrementar alguns pontos percentuais na produtividade, no caso dessas empresas, passou a ser investimento com um retorno a muito longo prazo. Daí a preocupação com produtividade foi perdendo importância em muitas empresas. Entretanto, a análise das empresas mais bem-sucedidas, notadamente as japonesas, constatou que todas elas operam com níveis elevados de produtividade. A busca de uma explicação descobriu que o foco da produtividade havia mudado: as empresas bem-sucedidas perseguem o acréscimo constante da produtividade, não apenas para reduzir o custo da mão de obra, mas para obter vantagens competitivas, sem desprezar obviamente a redução do custo. Se a empresa, por exemplo, escolher competir em variedade de modelos, precisa ter rapidez na preparação de máquinas, rapidez na manufatura. Se escolher competir em novos produtos, precisa de agilidade para projetar, preparar protótipo, construir ferramental, divulgar o novo produto, estudar processos, preparar máquinas e fabricar. Se escolher competir em prazo de entrega, precisa de rapidez na produção. Contudo, a empresa só alcança esses atributos, necessários à competição no campo escolhido, se tiver alta produtividade. Ou seja, possuir alta produtividadeé condição para alcançar uma dessas vantagens competitivas. Além de ter mudado o foco da produtividade, passando da redução de custo para a obtenção de vantagens competitivas, mudou também a abrangência da produtividade: hoje ela não fica restrita à operação, como pregava Taylor, mas abrange toda a empresa, e mais ainda, abrange toda a cadeia produtiva, desde os fornecedores até os clientes. E alcança outros setores antes excluídos, como o inventário. Assim, o aumento da produtividade do homem, da máquina e do GESTÃO DE OPERAÇÕES, PRODUTOS E SERVIÇOS 19 inventário permite a redução do preço e do prazo de entrega e a conquista de outras vantagens competitivas. Essas três importantes mudanças, de foco, de abrangência e de amplitude, deram vida nova à produtividade, e todas as empresas conscientes a buscam com tenacidade e persistência. A Importância da Gestão por Processos À semelhança do que ocorre em outros setores da Economia e da sociedade, no setor da saúde, de uma maneira geral, os hospitais têm adotado o modelo tradicional de organização por função, ou seja, dividindo atividades e recursos por áreas ou unidades de negócio voltadas a determinadas funções. Esta visão fragmentada traz vários problemas, tais como: dificuldade de integração entre as unidades; surgimento de problemas de coordenação que, quando envolvem mais de uma área, tornam-se complexos; existência de lacunas ou sobreposições nas atividades executadas; problemas de comunicação; busca de objetivos dissociados que podem não contribuir para o alcance de bons resultados nos processos de atendimento. A base desta colocação é a visão do negócio como um sistema, ou seja, um todo composto de partes (ou os processos) que se inter-relacionam, de forma a fazer com que os objetivos propostos sejam atingidos da melhor forma possível, evitando sub-otimizações ou desperdícios de recursos. Entendendo-se processo como um conjunto de atividades executadas com um propósito determinado, todo trabalho executado numa empresa como um hospital pode ser enxergado como sendo um processo ou parte de um processo maior. Assim sendo, na análise e no gerenciamento de processos hospitalares, é imprescindível adotar-se a abordagem sistêmica, o que implica em procurar GESTÃO DE OPERAÇÕES, PRODUTOS E SERVIÇOS 20 conhecer as inter-relações entre os componentes existentes no sistema e as pessoas que nele trabalham. Um processo é constituído de atividades que, a partir de insumos obtidos de certos fornecedores, criam saídas que têm valor para os clientes. Uma empresa pode ser enxergada como um conjunto de processos em que cada processo, em geral, atravessa diferentes departamentos para cumprir a função esperada pelos clientes. Assim, enquanto as áreas funcionais estruturam organizacionalmente a cadeia de comando, os processos cruzam estas diferentes áreas gerando fluxos transversais de materiais, pessoas, serviços ou informações. Um processo pode ser entendido como uma combinação de sub-processos, na qual cada sub-processo pode ser dividido em atividades menores que podem ser desagregadas em tarefas mais específicas. Isso faz com que o resultado final de um processo dependa do modo como suas partes se inter-relacionam e são gerenciadas. Embora diversas variáveis possam ser avaliadas no gerenciamento de processos, as iniciativas discutidas acima revelam que, assim como pode ser constatado em outros setores industriais, o binômio produtividade e qualidade também tem merecido destacada atenção no âmbito da gestão de processos hospitalares. Para a sua avaliação, vale salientar que, em qualquer processo, é fundamental contemplar os seguintes três pontos-chave: a) A eficiência: indica como o processo utiliza ou converte seus recursos (ou entradas) para a obtenção das saídas; b) A eficácia: indica como o processo atinge os seus objetivos ou sua missão, que é a razão de sua existência; c) Os resultados: indicam como o processo atende aos seus clientes, ou seja, as etapas posteriores ou outros processos. Assim sendo, na criação de indicadores para o gerenciamento de um processo, é importante abarcar todos estes pontos pela GESTÃO DE OPERAÇÕES, PRODUTOS E SERVIÇOS 21 complementaridade que existe entre eles e, assim, buscar uma visão mais sistêmica do desempenho do processo. O método básico para rápido aumento da produtividade em operações é a retirada do Tempo Ocioso. O mais importante do método a seguir proposto é a rapidez na obtenção dos resultados, porquanto concentra-se na solução de apenas um problema do piso- de-fábrica. Apesar de focalizar um único problema, consegue um aumento de produtividade cuja magnitude impressiona fortemente. Tudo sob o manto da simplicidade. O método para o rápido aumento da produtividade fabril fundamenta-se na constatação de que a maior causa da ineficiência de grande parte das empresas da indústria brasileira de manufatura é o tempo inativo, chamado também de espera ou parada, do homem, da máquina e do material. O homem e a máquina ficam esperando dentro do ciclo e entre os ciclos de trabalho; ficam parados na troca de produtos, na troca de turnos e durante os denominados tempos improdutivos (paradas para manutenção, por falta de material, por falta de programa etc.). A redução, visando à eliminação desses tempos inativos, tem potencial para aumentar a produtividade de toda a área fabril em, no mínimo, 30%. Além da redução das esperas e paradas, o método concentrar-se-á em alguns outros poucos problemas, denominados objetos de estudo. Indicadores como informação à tomada de decisão Todas as pessoas tomam muitas decisões diariamente as quais variam de inconsequentes até significativas, como por exemplo, como usar um escasso recurso no processo produtivo. GESTÃO DE OPERAÇÕES, PRODUTOS E SERVIÇOS 22 As alterações nas formas de tomada de decisão têm sido uma das mudanças mais importantes da Era atual. Antes era possível considerar a tomada de decisão um processo essencialmente racional, pois os modelos mostravam como se poderia tomar uma decisão acertada caso fosse seguida uma série de etapas lógicas. Atualmente grande parte das decisões é desconhecida, motivo pelo qual o profissional tem que pensar muito antes de agir, e a chance de fazer coisas erradas é bem maior. O enfoque à tomada de decisão na organização tem assim criado uma nova forma de pensar sobre como as organizações realmente operam e tem feito contribuições à compreensão do planejamento organizacional. A organização é, na verdade, um produto ou reflexo da capacidade de processamento da informação, por isso novas capacidades levarão a novas formas organizacionais. Uma tomada de decisão adequada significa que o gestor deve estar informado, ou seja, que tem as informações relevantes e apropriadas nas quais está baseada sua decisão. Os tomadores de decisão necessitam de mensurações adequadas para dar suporte aos processos decisórios. Como os indicadores são “uma relação matemática que mede numericamente atributos de um processo ou de seus resultados, com o objetivo de comparar esta medida com metas numéricas preestabelecidas”, eles são uma das fontes de informação para auxiliar na tomada de decisão; por isto, a medição deve ser realizada para permitir o monitoramento, o controle e o aperfeiçoamento do desempenho da organização nos seus diversos níveis, pois as medidas permitem comunicar as expectativas de desempenho a todos os operários; conhecer o desempenho das organizações; identificar problemase permitir soluções; auxiliar na tomada de decisão e replanejamento. Portanto, os indicadores são utilizados principalmente para focar a atenção em áreas que necessitem de melhorias. Operações e produtividade GESTÃO DE OPERAÇÕES, PRODUTOS E SERVIÇOS 23 Este é um ponto relevante para o sucesso das empresas. O conceito de produtividade está ligado à busca contínua por melhores métodos de trabalho, com o objetivo de se obter a maior e melhor produção com a menor utilização de recursos possível. A criação de produtos e serviços requer a transformação de recursos em produtos e serviços. Produtividade é a razão entre as saídas (produtos e serviços) e as entradas (recursos, como trabalho e capital). 𝑃𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒: 𝑃𝑟𝑜𝑑𝑢çã𝑜 (𝑂𝑢𝑡𝑝𝑢𝑡) 𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 (𝐼𝑛𝑝𝑢𝑡) Pelo que estudamos até aqui, poderíamos dizer que é a relação entre o que é produzido (carros, refeições, livros) e o que é consumido (energia, mão de obra, capital). Vamos dar um exemplo prático? Uma empresa que processa frutas e legumes pode produzir 400 caixas de frutas enlatadas em meia hora com quatro trabalhadores. Qual é a produtividade da mão de obra por hora? 𝑃𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑎 𝑚ã𝑜 𝑑𝑒 𝑜𝑏𝑟𝑎 = 𝑄𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑃𝑟𝑜𝑑𝑢𝑧𝑖𝑑𝑎 𝐻𝑜𝑟𝑎𝑠 𝑡𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑎𝑑𝑎𝑠 Produtividade da mão de obra = 400 caixas__________ 4 trabalhadores X 0,5 hora/trabalhador Resposta: 200 caixas por hora e por trabalhador. Uma melhoria somente pode ser obtida de duas maneiras: uma redução das entradas enquanto a saída permanece constante, ou um aumento da saída enquanto as entradas permanecem constantes. Ambas as maneiras representam um aumento de produtividade. GESTÃO DE OPERAÇÕES, PRODUTOS E SERVIÇOS 24 Um índice de produtividade pode ser calculado para uma determinada operação, para um departamento, para a organização ou até mesmo para um país inteiro. Os índices de produtividade podem se referir a um único input (produtividade parcial) ou a mais de um input (produtividade para um conjunto de fatores) ou a todos os inputs (produtividade total). O cálculo do índice de produtividade para um conjunto de fatores mede os inputs e outputs utilizando uma unidade de medida comum, como o custo ou valor, como por exemplo: Determine a produtividade para um conjunto de fatores, considerando um input combinado de recursos. Output = 1760 unidades. Materiais = $1.000, Materiais = $520 e Energia = $2.000. Solução = Output______________ Mão de Obra + Materiais + Energia Solução = 1.760 unidades___ = 0,50 unidades/$ 1.000 + 520 + 2.000 A escolha do índice de produtividade depende principalmente do propósito do índice. Se o propósito é o acompanhamento das melhorias na produtividade da mão de obra, então este fator, a mão de obra, torna-se evidentemente a base para medir o input. Produtividade e Tecnologia Alguns autores apontam a Tecnologia da Informação (TI) como uma ferramenta para aumento da produtividade. As siglas como MRP, CAD, CAM, CIM são comuns quando se fala em sistemas de produção. Estas siglas já fazem parte do cotidiano dos administradores, engenheiros e principalmente dos gerentes de produção. É o computador na ajuda do melhor desempenho da produtividade. São softwares sofisticados, programados especialmente para ajudar na produção e GESTÃO DE OPERAÇÕES, PRODUTOS E SERVIÇOS 25 consequentemente na produtividade. A TI até há pouco tempo atrás era uma coisa cara, inacessível para muitos, mas hoje é uma ferramenta de produtividade acessível não só a grandes empresas mas também aos pequenos empresários. Não é raro ler em um jornal ou revista de Economia uma referência ao milagre do aumento da produtividade na Economia com a ajuda da TI. É a proliferação da TI por toda a Economia que faz com que o ciclo econômico atual pareça tão diferente dos que o precederam. Os trabalhadores estão mais produtivos hoje que no passado, e isso se deve à difusão da TI. As companhias de serviços têm continuado a investir intensamente em novas tecnologias, sobretudo na TI. Empresas americanas, tendo em vista ganhos de produtividade, têm investido fortemente em TI. Algumas delas, tendo como metas ganhos de produtividade de 5% ao ano, têm aumentado seus dispêndios em TI em cerca de 10% a 15% ao ano. Isto significa que não é só investir em tecnologia como indicador de produtividade, mas saber gerenciar os investimentos para obter maior produtividade, pois a TI acumula informações, mas a informação só tem valor máximo caso seja bem gerenciada e compartilhada. Vamos conhecer mais as definições dos inputs? Trabalho – O aumento da produtividade do trabalho é resultante de uma força de trabalho saudável, muito bem instruída e boas condições de trabalho e infraestrutura pública. Talvez as melhorias possam ser obtidas não somente por meio do aumento da competência da mão de obra, mas também mediante treinamento disponível, motivação, horário flexível, preparação de equipes, planejamento de carreira e outras políticas de recursos humanos. GESTÃO DE OPERAÇÕES, PRODUTOS E SERVIÇOS 26 Capital – Também denominado de Bens de Produção, os Bens de Capital são aplicados na produção de outros bens, especialmente os bens de consumo, embora não sejam diretamente incorporados aos produtos finais. São as instalações, máquinas e equipamentos, instrumentos, ferramentas e muitos outros itens desta natureza. Administração – É responsável por garantir que o trabalho e o capital sejam utilizados com eficácia para aumentar a produtividade. A gestão de recursos responde pela maior contribuição à produtividade. Inclui, também, as melhorias obtidas por meio da aplicação da tecnologia e da utilização do conhecimento. Tecnologia e Conhecimento – Avanços tecnológicos têm levado a uma gama diversificada de novos produtos e processos. A Tecnologia da informação de fato revolucionou o modo como as empresas desenvolvem as suas operações. Aplicações tecnológicas estão presentes no projeto do produto, nas características dos produtos, na tecnologia dos processos, nos processos de informações e comunicações. Avanços tecnológicos em novos materiais, novos métodos e novos equipamentos também estão presentes na área de operações. As mudanças tecnológicas em produtos e processos, com a aquisição de novos conhecimentos, podem ter implicações na qualidade e produtividade. Projetos de Produtos e Serviços Importância dos projetos de produtos ou serviços nas organizações Competência essencial O que significa competência essencial nos projetos de produtos e serviços? É um conceito mais sustentável? As empresas podem alinhar os seus recursos para adquirir conhecimentos e habilidades que transformam em competências essenciais, ou seja, recursos internos estratégicos para aplicação em projetos de produtos e serviços. É um GESTÃO DE OPERAÇÕES, PRODUTOS E SERVIÇOS 27 conjunto específico de conhecimentos que são aplicados numa linha ou linhas de produtos, expandindo clientes e mercados. A vantagem de trabalhar com o conceito de competências é que permite direcionar o foco, concentrar energias no que é necessário trabalhar para que a empresa alcance os seus objetivos operacionais e estratégicos. De nada adianta elaborar uma lista extensa de capacidades de que precisamos se não conseguimosdar destaque e desenvolver aquelas que poderão ter mais impacto no negócio. Quais são os principais requisitos das Competências Essenciais? a) Tem valor percebido pelos clientes. Uma das características das competências essenciais é a contribuição que traz aos benefícios que os clientes esperam de um produto ou serviço; b) Não é facilmente imitada pelos concorrentes. Não faz muito sentido definir uma competência se ela pode ser facilmente copiada pelos concorrentes. c) Possibilita acesso potencial a novos produtos, clientes e mercados. Muitas vezes fixamos os olhos nas competências essenciais como se fossem uma extensão, ampliação das capacidades dos produtos e serviços já produzidos ou uma nova gama de produtos e serviços que poderão ser desenvolvidos com base nelas. Vamos conferir a Competência Essencial da Black and Decker? Na Black and Decker, a competência tecnológica essencial da empresa está nos motores produzidos. Eles atendem aos seguintes mercados: GESTÃO DE OPERAÇÕES, PRODUTOS E SERVIÇOS 28 Mercado de Oficinas Domésticas – Nesse mercado, pequenos motores elétricos são usados para produzir furadeiras, serras circulares, lixadeiras, ferramentas rotatórias, politrizes e parafusadeiras. Mercado de Manutenção – Nesse mercado, pequenos motores elétricos são usados para produzir aspiradores de pó, microrretíficas, cortadores de gramas e compressores. Mercado de Eletrodomésticos – Nesse mercado, pequenos motores elétricos são usados para produzir abridores de latas, processadores de alimentos, liquidificadores, máquinas de pão e ventiladores. Lembra-se do vídeo da Embraer? E sua Competência Essencial? No caso da nossa Embraer, foi construída uma estrutura de recursos fortemente voltada para a construção de produtos (modelos) inovadores. O pleno conhecimento das necessidades das companhias aéreas regionais, associado às pesquisas e desenvolvimento de produtos, fez com que ela se tornasse líder mundial em jatos regionais, competindo com empresas estabelecidas em países de economias desenvolvidas. Vamos conferir o sistema Dell? A Dell desenvolveu um conjunto de sistemas altamente especializados que embasam sua tecnologia operacional de produção sob encomenda. A empresa criou um conjunto de processos logísticos proprietários que vão desde o projeto de sua página na WEB até a infraestrutura de seus sistemas de informação (um processo muito difícil de ser imitado pelos concorrentes). Projeto de produtos e serviços Quais as características dos projetos de processos de serviços? Em Serviços o nível de contato do cliente é determinante? O Nível de Envolvimento do Cliente no processo distingue um sistema de serviço de outro na função de produção. É a extensão do contato com o cliente na criação do serviço. GESTÃO DE OPERAÇÕES, PRODUTOS E SERVIÇOS 29 Contato com o cliente refere-se à presença do cliente no sistema. Criação do Serviço refere-se ao processo de trabalho que está envolvido no fornecimento do próprio serviço. Extensão do Contato aqui pode ser grosseiramente definida como a porcentagem de tempo em que o cliente deve ficar envolvido no sistema. Partindo deste conceito do contato com o cliente, ocorre que os sistemas de serviço com alto grau de contato com o cliente são, em geral, mais difíceis de gerir e, consequentemente, mais difíceis de defender do que aqueles com um baixo grau de contato com o cliente. Em sistemas de alto contato, o cliente pode afetar o tempo da demanda, a natureza exata do serviço e a sua qualidade. São definidas quatro categorias amplas de serviços: a) Fábrica de Serviços – Caracterizada por um baixo grau de intensidade de mão de obra e baixo grau de interação com o cliente e adaptação a ele. Exemplos: transportadora, hotéis, resorts e recreações. b) Lojas de Serviços – Tem o mesmo baixo grau de intensidade de mão de obra, mas um nível mais alto de interação com o cliente e adaptação a ele. Exemplo: hospitais. c) Serviços de Massa – serviços de massa compreendem muitas transações de clientes que envolvem tempo de contato limitado e pouca customização. Serviços de massa incluem supermercados, aeroportos. d) Serviços Profissionais – Serviços profissionais são definidos como organizações de alto contato, em que os clientes despendem tempo considerável. Esses serviços proporcionam altos níveis de customização e o processo do serviço é altamente adaptável para atender às necessidades individuais dos clientes. Serviços profissionais compreendem advogados, arquitetos, auditores, médicos. Normalmente, ressaltam-se sempre os projetos de produtos sobre os quais ninguém duvida que seja necessário um projeto. Muitas vezes, o investimento necessário para implantar um novo serviço é substancialmente menor do que GESTÃO DE OPERAÇÕES, PRODUTOS E SERVIÇOS 30 aquele que precisa para lançar um novo produto. Contudo, não podemos generalizar, basta imaginar o quanto custa lançar um novo hotel, hospital ou supermercados. Quais ações orientam o projeto de serviços? a) Identificar os processos – esta fase caracteriza-se pelo mapeamento de todos os processos que constituem o serviço. A vantagem de realizar a identificação e descrição precisas das atividades reside no fato de que os insumos e os resultados associados a cada uma delas podem ser detalhados. b) Identificar os pontos de falha real e potencial – após a identificação dos processos, pode-se determinar as atividades mais suscetíveis a falhas e a natureza provável destas. Agora, pode traçar cursos de ação tanto para prevenir como para corrigir falhas. c) Estabelecer tempos de execução – o tempo de execução costuma ser crucial na área de serviços, tanto pela imagem do serviço junto ao cliente como pelos custos envolvidos. Deve-se procurar estabelecer tempos padronizados de execução das atividades. d) Analisar a rentabilidade e a produtividade – As demoras nas atividades que constituem o serviço podem afetar drasticamente a lucratividade das empresas. Os preços contemplam um tempo máximo permitido. Os tempos padrões podem manter os serviços rentáveis e a produtividade mínima esperada, além de medir o desempenho e controlar a uniformidade e a qualidade do serviço. Projeto de processos de produtos e serviços Como seria um roteiro para elaborar de um projeto de produtos? Vamos descrever o desenvolvimento genérico de um projeto que descreve as etapas básicas necessárias para projetar um produto. Este processo representa GESTÃO DE OPERAÇÕES, PRODUTOS E SERVIÇOS 31 a sequência básica de etapas ou atividades que uma empresa utiliza para idealizar, projetar e lançar um produto no mercado. Na verdade, cada organização emprega um processo um pouco diferente das demais. Também, uma mesma organização pode seguir passos diferentes para diferentes grupos de produtos. As seis etapas do processo de desenvolvimento genérico são: Etapa 1: Planejamento – A atividade de planejamento é citada como “etapa zero”, visto que antecede a aprovação do projeto e o início do processo de desenvolvimento do produto em si. O resultado da etapa de planejamento é a declaração da missão do projeto, que especifica o mercado-alvo para o produto, metas da empresa, premissas-chaves e restrições. Etapa 2: Desenvolvimento de Conceito – Nesta fase, são identificadas as necessidades do mercado-alvo, são gerados e avaliados conceitos de produtos alternativos e um ou mais conceitos são escolhidos para desenvolvimento e teste futuro. Um conceito é a descrição daforma, função e características de um produto e é geralmente acompanhado por um conjunto de especificações, uma análise de produtos com diferenciais competitivos e uma justificativa econômica do projeto. Etapa 3: Projeto no Nível de Sistema – A etapa no nível de sistema inclui definição da arquitetura do produto e sua decomposição em subsistemas e componentes. O esquema de montagem final para o sistema de produção também é definido durante essa etapa. O resultado dessa etapa inclui layout geométrico do produto, uma especificação funcional de cada um dos subsistemas do produto e um fluxograma preliminar do processo para a montagem final. Etapa 4 – Detalhamento do Projeto – Essa fase inclui a especificação completa da geometria, dos materiais e tolerâncias de todas as peças exclusivas do produto e a identificação de todas as peças padronizadas que serão adquiridas de fornecedores. Um plano de processo é estabelecido e o maquinário para cada peça que será fabricada no sistema de produção é definido. O resultado dessa GESTÃO DE OPERAÇÕES, PRODUTOS E SERVIÇOS 32 etapa são os desenhos ou arquivos de computador que descrevem a geometria de cada peça e os equipamentos para a sua fabricação, as especificações das peças compradas e os planos de processo para a fabricação e montagem do produto. Etapa 5 – Teste e Refinamento – A etapa de teste e refinamento envolve a construção e avaliação de diversas versões preliminares do produto. Protótipos iniciais geralmente são construídos a partir de peças com a mesma geometria e propriedades do material da versão final do produto, mas não são fabricados necessariamente com o processo que será de fato utilizado na produção. Os protótipos são testados para determinar se o produto funcionará da maneira como foi projetado e se satisfaz as necessidades do consumidor. Etapa 6 – Produção Piloto – Na etapa de produção piloto, o produto é confeccionado usando-se o sistema de produção pretendido. A finalidade da produção piloto é treinar a força de trabalho a solucionar quaisquer problemas remanescentes nos processos produtivos. Os produtos fabricados durante a produção piloto às vezes são fornecidos a clientes preferenciais e são cuidadosamente avaliados para se identificar quaisquer falhas remanescentes. A transição da produção piloto para a produção contínua é geralmente gradual. Em algum ponto da transição, o produto é lançado e disponibilizado para distribuição. Características dos Processos de Produtos Cada tipo de processo de produtos implica uma forma diferente de organizar as atividades das operações com diferentes características de volume e variedade. Vamos analisar uma classificação preliminar dos sistemas de produção, demonstrando a adaptação dos processos de produtos aos processos de produção. GESTÃO DE OPERAÇÕES, PRODUTOS E SERVIÇOS 33 a) Sistema de produção contínua – sequência linear de operações, (poucos) produtos padronizados fluindo de um posto de trabalho a outro numa sequência prevista. b) Sistema de produção intermitente – compreende os sistemas de produção sob encomenda e sistemas de produção em lotes, com algum grau de padronização. c) Sistema de produção em projetos – cada projeto se constitui num produto único, como um prédio ou uma hidrelétrica. Seleção de Processos de Produtos e Serviços Compreender o significado dos processos significa também saber escolher entre alternativas. Qual a definição de Seleção dos Processos? A expressão Seleção de Processo refere-se à maneira pela qual uma organização decide fabricar seus produtos ou fornecer seus serviços. Isto envolve, essencialmente, a seleção da tecnologia e as questões relacionadas, o que tem implicações significativas em passos subsequentes, tais como: planejamento da capacidade, arranjo físico das instalações, equipamento e no projeto de sistema de trabalho. A Seleção do Processo ocorre naturalmente quando novos produtos e serviços estão sendo planejados. Entretanto, também ocorre periodicamente devido a mudanças nos produtos e a mudanças tecnológicas nos equipamentos. Vamos conhecer a Seleção de Processos e a estratégia adotada pelas empresas? A maneira como uma empresa aborda a Seleção de Processos é determinada pela estratégia adotada pela organização. A Estratégia do Processo é uma abordagem da empresa para transformar recursos em bens e serviços. O objetivo de uma Estratégia de Processos é GESTÃO DE OPERAÇÕES, PRODUTOS E SERVIÇOS 34 encontrar um meio de produzir bens e serviços que atendam aos requisitos dos clientes e às especificações do produto dentro das limitações de custos e de outras restrições gerenciais. O processo selecionado terá efeito prolongado na eficiência e na produção, bem como na flexibilidade, no custo e na qualidade dos bens produzidos. Assim, grande parte da estratégia de uma empresa é determinada no momento da decisão quanto ao processo. Os Processos de Produtos e de Serviços Quais são as principais características dos processos de produtos e serviços? É muito interessante visitar unidades produtivas, entre outros motivos pela variedade que elas têm. Entre em uma fábrica petroquímica, por exemplo, que verá uma grande quantidade de equipamentos de grande porte, ligados por tubulações, sem um grande número de pessoas. Entre agora em uma fábrica de geladeiras que vai ver linhas de montagem, com pessoas lado a lado, utilizando máquinas e ferramentas de pequeno porte. Da mesma forma, quando se consideram unidades produtivas de serviços. No metrô de São Paulo, por exemplo, o cliente vê equipamentos e instalações de grande porte, mas quase não vê pessoas. Já em um Call Center, por exemplo, altamente intensivo de mão de obra, podendo ser vistas pessoas em seus postos de trabalho. Para identificar padrões na grande variedade de processos produtivos que são encontrados, podemos enumerar alguns aspectos nos quais as unidades produtivas diferem umas das outras: Vamos conhecer cada uma das características? Volume de Fluxo Processado – Há processos produtivos que utilizam altos volumes de fluxo, tais como: transporte público, fábricas de cimento, parques GESTÃO DE OPERAÇÕES, PRODUTOS E SERVIÇOS 35 temáticos e usinas de álcool. Há também processos que lidam com baixos volumes de fluxo: consultório odontológico, advogados, produção sob encomenda. Variedade de Fluxo Processado – Há processos que executam um só tipo de fluxo que percorre a mesma sequência de etapas, sem variedade: usina de aço, metrô, fábrica de vidro plano. Há processos que lidam com uma variedade de diferentes fluxos que requerem, cada um, uma sequência de etapas diferentes de processo produtivo: fabricação de peças especiais, restaurante de luxo. Recurso Dominante – Há processos que têm grande participação de pessoas em sua execução, ou seja, o recurso humano é o recurso dominante: consultoria, serviços médicos, fabricação de produtos sob encomenda. Há processos cujo recurso dominante é o tecnológico, máquinas e equipamentos, além de softwares e hardwares: usina hidrelétrica, fábrica de alumínio, central telefônica, fábrica de papel. Incrementos de Capacidade – Há processos que só conseguem incrementar a capacidade produtiva em grandes degraus de cada vez, já que as unidades de seus recursos são de grande porte e não permitem incrementos graduais: companhias aéreas, tratamento de água, planta petroquímica; enquanto outros processos produtivos permitem que a capacidade seja incrementada de forma gradual: escritóriode advocacia, fabricação de móveis especiais, salão de beleza. Comparação das Escolhas de Processo Quais variáveis devemos considerar na comparação para escolhas dos processos? Existem vantagens no “continuum” dos processos e as empresas podem encontrar vantagens competitivas em qualquer processo. Cada um dos processos, quando adequadamente associado ao volume e à variedade, pode produzir uma vantagem de baixo custo. Por exemplo, os custos unitários serão GESTÃO DE OPERAÇÕES, PRODUTOS E SERVIÇOS 36 menores no caso do processo contínuo se houver grande volume e grande utilização. Entretanto, nem sempre se utiliza o processo contínuo, ou seja, instalações especializadas, por ser muito dispendioso quando os volumes são pequenos ou é necessária flexibilidade. Um bem ou serviço de baixo volume, exclusivo e altamente diferenciado é mais econômico quando produzido sob foco no processo. Esta é a maneira como são organizados os bons restaurantes e hospitais. Assim, como os processos podem gerar baixo custo quando apropriadamente selecionados e bem gerenciados, também podem ser responsivos e produzir itens diferenciados. Movimento da Produção Enxuta Qual o movimento mais importante em direção à evolução dos métodos de produção? O objetivo da Produção Enxuta é conseguir a perfeição por meio do aprendizado contínuo, da criatividade e do trabalho em grupo. Os adeptos da Produção Enxuta compartilham os seguintes atributos: • Foco na redução dos estoques para evitar o desperdício, usando as técnicas just-in-time para eliminar todo o estoque. • Construção de sistemas para ajudar os empregados na produção perfeita de bens e serviços. • Redução da distância que uma peça percorre e liberação de espaço para usos alternativos. • Desenvolvimento de relacionamentos estreitos com os fornecedores, com parcerias e alianças. • Desenvolvimento de fornecedores para atender às necessidades presentes e futuras dos clientes. • Empenho em diminuir continuamente os custos através da eliminação de todas as atividades que não agregam valor. • Desenvolvimento das pessoas, com participação e comprometimento dos empregados e dos grupos de trabalho. GESTÃO DE OPERAÇÕES, PRODUTOS E SERVIÇOS 37 • Incentivo às tarefas mais desafiadoras, conduzindo as responsabilidades para todos os níveis. A Produção Enxuta exige um comprometimento com a contínua eliminação das atividades que não agregam valor ao produto. Vamos conhecer as principais correlações entre as variáveis mais importantes das tipologias dos processos de produção e serviços? Matriz Produto-Processo Segundo a ideia da Matriz Produto-Processo, haveria uma correlação entre os tipos de processo produtivo que deveriam ser selecionados e as características de volume e variedade dos produtos e serviços produzidos. A relação entre estruturas de processos e exigências de volume é, em geral, representada por uma Matriz Produto-Processo. Para interpretar essa matriz, devemos pensar que, à medida que o volume cresce e a linha de produto (dimensão horizontal) se estreita, os fluxos de equipamentos especializados e de materiais padronizados (a dimensão vertical) tornam-se economicamente viáveis. Nas publicações mais recentes a Matriz Produto-Processos para Serviços foi simplificada para três tipos. Quais as características da Matriz Produto-Processo para produtos? Processos por projetos Características: Normalmente são itens de grande porte e complexidade. Também são produtos e serviços exclusivos por não serem repetidos na mesma forma exata. A programação por projetos tende a ser por etapas, em que cada fase de conclusão será diferente e separada dos outros estágios subsequentes ou paralelos. Exemplos: Inclui a engenharia civil de vários tipos. No caso de edifícios, tendem a ser GESTÃO DE OPERAÇÕES, PRODUTOS E SERVIÇOS 38 exclusivos, é improvável haver repetição no sentido de ter um produto exatamente igual ao outro. A construção civil é um exemplo muito significativo em todas as suas formas. Construção de pontes e túneis. Também, a construção naval é um outro exemplo de uma escolha de processo por projeto. Processos por tarefa Características: Os processos por tarefa são usados para pedidos “exclusivos” ou para atender a requerimentos muito simples. É muito pouco provável que se repitam no curto prazo. Uma diferença significativa é que o produto muitas vezes pode ser movido durante a fabricação. O investimento está direcionado para a tecnologia de processos de aplicação geral em vez de investimentos específicos em produtos. A manipulação de materiais precisa ser modificada e ajustada para atender a muitos produtos e tipos diferentes. O planejamento detalhado evoluirá em torno das necessidades de sequenciamento de cada produto, através de cada centro de trabalho e prioridades dos pedidos. Exemplos: Um exemplo típico é a oficina de confecção de peças, com vários tipos de máquinas operatrizes. Processos em lote Características: À medida que o volume começa a aumentar em termos de um único produto ou na produção de tipos ou famílias de produtos semelhantes, o processo evoluirá para uma produção em lotes. Normalmente, a produção em lotes pode ser organizada em termos de similares aos dos produtos acabados ou por grupos de processos comuns. Como ponto de partida, cada produto precisa ser determinado por seu volume, com foco em “células de trabalho” que serão dispostas de modo que volumes grandes e pequenos possam ser separados. A automação tende a ser de uso geral em vez de dedicada a um produto específico cujo volume não exija investimentos específicos. GESTÃO DE OPERAÇÕES, PRODUTOS E SERVIÇOS 39 A programação de produção é mais complicada e precisa ser inteiramente revisada regularmente. Neste tipo de processo, os operadores precisam realizar uma série de funções. Esta flexibilidade é crucial para permitir que os operadores passem por várias estações de trabalho conforme a necessidade. No caso da automação dos processos, o tempo de instalação precisa ser curto. Exemplos: Cada parte da operação tem períodos que se repetem enquanto o lote está se processando, como por exemplo: fabricação de fogões, geladeiras e televisores. Processos em linha Características: Um processo em linha torna-se mais apropriado à medida que o volume de determinado produto aumenta, levando à maior padronização do que em volume de lotes pequenos. A linha é dedicada a um produto específico, com possíveis variações de modelo. A introdução de novos produtos que são significativamente diferentes do produto anterior é difícil ou mesmo impossível de obter em um processo de produção em linha. Os tempos de processo de operação individuais devem ser curtos para satisfazer as expectativas de entregas. Cada estação de trabalho depende da próxima; consequentemente, a velocidade da linha é determinada pela menor capacidade de determinado centro de trabalho. Além disso, em linhas padronizadas, se um grupo de máquinas não estiver operando, a linha inteira pode parar, impedindo qualquer tipo de operação. Exemplos: Produtos padronizados de alto volume, como modelos específicos de carros, TVs, computadores, prestam-se aos processos em linha. No setor de serviços, um processo sequencial, do tipo em linha, pode ser adotado onde existir alta padronização da oferta de serviços. Onde existe um elemento altamente tangível na oferta, por exemplo “fast-foods”, as instalações parecerão uma fábrica. GESTÃODE OPERAÇÕES, PRODUTOS E SERVIÇOS 40 Processos contínuos Características Usado quando um processo pode ser executado o dia inteiro todos os dias do ano, continuamente. O volume do produto em geral é muito alto e o processo está dedicado a fabricar somente um produto. Semelhante à produção em linha, tem seus equipamentos arranjados conforme a sequência de etapas do processo produtivo que um produto específico requer. Os equipamentos são conexos uns aos outros, em geral por tubulações ou correias transportadoras, resultando em baixos níveis de estoques em processo. Essas estruturas fabris normalmente são automatizadas, constituindo-se quase que numa única máquina, trabalhando em geral ininterruptamente. Exemplos: Uma instalação de refinaria de petróleo, indústria química, hidrelétrica são exemplos de processo contínuo. Quais as características da Matriz Produto-Processo para serviços? Serviços de Massa Características São serviços em que grande número de clientes é atendido por dia numa unidade típica, de forma padronizada, visando ganhos de escala. Os transportes de massa, por exemplo, como o metrô e os ônibus suburbanos, têm roteiros absolutamente fixos. O contato que existe é somente com a tecnologia, com as instalações. A grande ênfase está nas atividades de controle, feitas em back office. Exemplos Outros exemplos são as utilidades de massa como fornecimento de energia GESTÃO DE OPERAÇÕES, PRODUTOS E SERVIÇOS 41 elétrica, água e gás. No mercado de entretenimento, os estádios de futebol, os grandes shows de rock. Em alimentação, os grandes refeitórios industriais, do tipo bandejão. Em serviços financeiros, os grandes bancos de varejo com seu atendimento automatizado com o uso da Internet. Serviços Profissionais Características São serviços prestados totalmente customizados, personalizando o atendimento e o pacote de serviços às necessidades e aos desejos de cada cliente em particular, sendo para isto forçado a atender a um número limitado de clientes por dia. Exemplos: São exemplos a medicina e a cirurgia especializada, os serviços pessoais, como salões sofisticados de beleza, consultoria especializada, serviços jurídicos especiais. Lojas de Serviços Características: É onde se encontra talvez a maioria das operações de serviços. São operações que tratam de um volume intermediário de clientes por dia em suas unidades de operações típicas, estão a caminho quanto às variáveis customização versus back office, ênfase nas pessoas versus equipamentos e intensidade de contatos. Arranjo Físico da Produção e Serviços Qual a importância dos projetos de arranjos físicos para as empresas? Os arranjos físicos (layout) são uma das principais decisões que determinam a eficiência de longo prazo das operações. Têm numerosas implicações estratégicas por estabelecerem as prioridades competitivas da organização. Podem ajudar a organização a conseguir uma vantagem competitiva que GESTÃO DE OPERAÇÕES, PRODUTOS E SERVIÇOS 42 proporcione um nível elevado de atendimento ao cliente, em relação à diferenciação, baixo custo ou tempo de resposta. Exemplos: A Benetton apoia uma estratégia de diferenciação com pesados investimentos nesta área, em produção, distribuição e lojas que contribuem para a classificação rápida, precisa e expedição para as suas 5.000 filiais. Os supermercados apoiam uma estratégia de baixo custo, da mesma forma que operam os seus centros de distribuição e depósitos, apoiados por sistemas de informações, trabalhando com fluxos contínuos de produtos e informações. Qual a necessidade de tomar decisões sobre arranjos físicos? Os motivos mais comuns para a reformulação de projetos de arranjos físicos são os seguintes: 1. A ineficiência das operações (por exemplo, por custo elevado, pela existência de gargalos). 2. Acidentes ou riscos à integridade física e à segurança. 3. Mudança no projeto de produtos ou serviços. 4. Introdução de novos produtos ou serviços. 5. Mudanças no volume de produção ou no mix (composição dos produtos). 6. Mudança nos métodos ou no equipamento. 7. Mudanças nos requisitos ambientais ou outros, de ordem legal, por exemplo. 8. Problemas relacionados com o moral do pessoal. GESTÃO DE OPERAÇÕES, PRODUTOS E SERVIÇOS 43 Quais os principais tipos de arranjos físicos? Arranjos Físicos de Posição Fixa ou Posicional Características O projeto permanece no mesmo lugar enquanto os trabalhadores e equipamentos vão para essa área de trabalho. Quase sempre, é a natureza do produto que dita esses tipo de disposição: o peso, as dimensões e a forma são alguns fatores que tornam inconveniente ou extremamente difícil movimentar o produto. As técnicas que tratam do arranjo físico posicional ou de posição fixa não são bem desenvolvidas e são complicadas por três fatores: 1) O espaço é limitado em todos os locais. 2) Em diferentes estágios do processo de construção são necessários diferentes materiais, aumentando com a evolução da obra. 3) O volume de materiais é dinâmico. O uso de chapas em um navio muda à proporção que o projeto avança. Os problemas desse tipo de arranjo físico são muito difíceis de resolver no próprio local e uma estratégia alternativa é trabalhar com módulos construídos em outro local e montados no projeto. Exemplos: São usados normalmente em projetos de grandes construções como prédios, rodovias, usinas geradoras de energia, barragens, construção de navios, produção de aeronaves e de foguetes, quando o produto é muito grande para ser movido. Numa cirurgia de coração o paciente está num estado muito delicado para ser movido. Arranjos Físicos por Processo GESTÃO DE OPERAÇÕES, PRODUTOS E SERVIÇOS 44 Características O arranjo físico por processo pode simultaneamente lidar com uma ampla variedade de produtos ou serviços. Essa é a maneira tradicional para dar suporte a uma estratégia de diferenciação de produtos. Esta abordagem é mais eficiente quando se produzem itens com diferentes requisitos ou ao lidar com consumidores, clientes e pacientes com diferentes necessidades. Cada produto ou grupo de produtos passa por uma diferente sequência de operações. Resumimos assim as suas características: a) A adaptação à produção de uma linha variada de produtos ou a prestação de diversos serviços. b) Cada produto passa pelos centros de trabalho necessários, formando uma rede de fluxos. No caso de atividades de serviços, a movimentação é do próprio cliente, como ocorre numa clínica ou hospital. c) As taxas de produção são relativamente baixas, se comparadas àquelas obtidas com o arranjo físico por produto. d) Os equipamentos são principalmente do tipo “uso geral”, ou seja, disponíveis sem necessidade de projeto específico. São equipamentos mais flexíveis, adaptando-se melhor a produtos de características diferentes. e) Os custos fixos são relativamente menores, mas os custos unitários de matéria-prima e mão de obra são relativamente maiores. Exemplos: Nos arranjos físicos por processo em ambientes de serviços podemos citar hospitais, universidades, bancos, oficinas, companhias aéreas. As universidades se concentram em áreas de estudos como administração de empresas, engenharia, ciências ou matemática. Um fluxo de pacientes num hospital, cada um com suas próprias necessidades, precisa passar pela triagem, laboratórios, radiologia etc. A indústria mecânica é um bom exemplo na área
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