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PAPER COMPLETO - SEMINÁRIO DE PRÁTICA VII

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2011, p. 30).
	Outro teórico, Compagnom (2009) acreditava que a literatura favoreceria a reflexão, através do diálogo entre seus textos e os leitores, onde o resultado de tudo isso recaía sobre uma análise das relações estabelecidas de formas complexas que formam toda a natureza humana. De acordo com ele, a literatura pode sim, fazer com que as pessoas fiquem mais sensíveis e também melhores.
A literatura nos liberta de nossas maneiras convencionais de pensar a vida – a nossa e a dos outros – ela arruína a consciência limpa e a má fé (...) – ela, resiste à tolice não violentamente, mas de modo sutil obstinado. Seu poder emancipador continua intacto, o que nos conduzirá por a querer derrubar os ídolos e a mudar o mundo, mas quase sempre nos tornará simplesmente mais sensíveis e mais sábios, em uma palavra, melhores. (COMPAGNON, 2009, p. 50). 
2.1 REFLEXOS DA LITERATURA AFRICANA NA BRASILEIRA
	Verificamos que a educação básica, de um modo geral, vem passando por profundas mudanças, desde a promulgação da Constituição Federal, no ano de 1988. Uma grande parte dessas mudanças tem como objetivo o fortalecimento da cidadania brasileira; e nisso inclui-se a população negra. Observamos que nas duas últimas décadas, várias outras leis foram sancionadas e políticas públicas estabelecidas com o propósito de oferecer uma resposta, principalmente as muitas demandas desse grupo da população do Brasil. Nesse interim, políticas de aspectos curriculares também começaram a alterar a imagem da educação brasileira. Em referência a essas políticas, elas têm como objetivo a criação de projetos com atuações diretas na educação, a intenção é dar acesso não só ao conhecimento, mas também, fortalecer o surgimento de valores, posturas e atitudes que criem nas pessoas o espírito de verdadeiros cidadãos e dessa forma garantir a coesão nacional (SILVA, 2010a).
	A literatura enquanto reprodução subjetiva de uma dada realidade e também das ações, das reações e visões humanas, representa toda a complexidade do real, embora este não seja a intenção de quem a cria. Por isso, é comum encontarmos a ficção propiciando o reflexo sobre algumas temáticas ou contextos que foram vivenciados pela sociedade. Com efeito a isso, Cosson (2011), ao mencionar a leitura da literatura, chamo-nos a atenção que a mesma não pode ser construída na escola de forma aleatória ou apenas por fruição de algum conteúdo, mas pelo contrário, afirma que o trabalho com literatura deve ser organizada de acordo com: “os objetivos do aluno, compreendendo que a literatura tem um papel a cumprir no âmbito escolar” (COSSON, 2011, p. 23). 
	Dessa maneira, esse o autor incube à literatura um papel relevante no que tange ao social, o que compreendemos como sendo um fator que atua diretamente na formação do processo ensino-aprendizagem dos alunos, o qual contribuirá para que eles adquiram, nessa formação, o hábito da leitura, como também na forma como pensar e ver o mundo. Por isso, segundo o autor, não podemos criar uma visão de que a literatura nos atrapalha; muito pelo contrário, devemos torná-la acessível ao aluno. “Ler implica troca de sentidos não só entre o escritor e o leitor, mas também com a sociedade onde ambos estão localizados, pois os sentidos são resultados de compartilhamento de visões do mundo entre os homens no tempo e no espaço” (COSSON, 2011, p. 27). 
	Com estas inferências, a literatura poderá, nos vários processos de leitura literária, ser convergente dos temas preconizados transversais, ou ainda, tematizar as práticas que são interdisciplinares, uma vez que, na sua complexidade, não podemos colocá-la em separado dos outros conteúdos e disciplinas que compõem o currículo escolar. Nesta análise, é que a Lei 10.639/2003, ao alterar a Lei 9394/96, acrescendo o Artigo 26-A, incluindo que seja obrigatória a abordagem sobre a História e Cultura Afro-Brasileira, no ensino básico, em seu parágrafo segundo destaca: “Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras” (B l, 2003). Tendo em vista que isso vai de encontro às intenções dos que defendem a produção literária apenas como arte, cuja finalidade não ultrapasse à fruição nem o prazer estético, verifica-se nesse momento, uma função social para o ensino da literatura nas escolas, uma vez que a sua própria escolarização já desfaz a sua exclusividade para a fruição, conforme afirma Moreira (2011):
A literatura por meio de sua linguagem ficcional pode ser utilizada de maneira positiva para uma releitura da realidade, uma crítica de situações preconceituosas, permitindo ao professor trabalhar com o imaginário da criança e/ou adolescente, de modo a fazê-lo refletir sobre sua maneira de se ver e ver o outro (MOREIRA, 2011, p. 01).
	Em uma análise poética, destacamos duas obras, a primeira, Poemas negros (BRASIL, 2008), de Jorge de Lima, que justamente vai tratar da influência do escravo na cultura brasileira, esse livro pertence à segunda fase modernista aqui no Brasil, formado por quatro coletâneas poéticas num volume: Novos poemas (1928), Poemas escolhidos (1932), Poemas negros (1947) e Livros de sonetos (1949). Em Poemas negros, na qual em sua poesia afro-nordestina é notadamente a expressão real do Brasil, adotada pela influência da cultura africana, de acordo com Ivan Junqueira, na exposição do livro de Jorge Lima, apresenta: “Bicho Encantado”, “Banguê”, como também: “Histórias”, “Democracia”, “Passarinho Cantando”, “Poema de Encantação”, “Olá! Negro” (“E o teu riso, e a tua virgindade, e os teus medos, e a tua bondade/ mudariam a alma branca cansada de todas as ferocidades!”). 
	O Negro em versos, constitui a segunda obra dessa análise poética, estruturado por Luiz Carlos dos Santos entre outros, traz em sua coletânea, cordel (com Firmino Teixeira do Amaral, Neco Martins e Leandro Gomes de Barros), A música popular brasileira (com Pixinguinha, Eduardo das Neves, Gilberto Gil, Paulinho da Viola, Martinho da Vila, Itamar Assunção, Chico César), com apresentações bibliográficas ao final. O negro constitui-se em um tema central nesse livro, é o indivíduo que fala, fato este oposto do que ocorria na literatura brasileira do século XIX, que era marcada pela ausência do negro. Alguns escritores renomados desse período ao atual marcam presença com poemas neste livro, como por exemplo: Gonçalves Dias, Machado de Assis, Castro Alves, dentre outros. Ao final desse livro, o Escritor Oswaldo de Camargo retoma a abordagem sobre o quilombola e poeta Paulo Colina: "[...] o poema continua um quilombo no coração". 
	Outrossim, dois personagens se destacam numa análise biográfica, Zumbi e Chica da Silva. São constituintes da coleção: A luta de cada um, com a obra Zumbi o último herói dos Palmares (BRASIL, 2009), de Carla Caruso. Os subtítulos da obra mostram para o leitor a narrativa, numa compreensão em sequência da histórica em textos verbais e também visuais. 
	Outra bibliografia a de Chica da Silva, escrava alforriada negra, é mencionada em pelo menos três obras da coletânea do Programa Nacional Biblioteca da Escola - PNBE. Enquanto Antonio Callado a representa em uma peça teatral: O tesouro de Chica da Silva, em Para conhecer Chica da Silva, obra subdividida em três partes: A menina escrava, em contato com O sinhozinho do reino, com quem teve seus treze filhos, chegando a se tornar: A grande senhora, constituindo-se o mito Chica da Silva. Sem dúvidas, uma das obras mais importantes de todo o acervo da Literatura Afro- Brasileira, tendo em vista que a escrava alforriada ocupa o lugar de Senhora, status que era ocupado apenas pelas mulheres brancas que tinham o aval, destacando assim sua colocação, o que recaiu sobre si o mito de ex-escrava que extrapolou com os preconceitos impostos pela sociedade. 
	A terceira obra biográfica: Chica e João, é uma obra agraciadíssima criada por Nelson Cruz, que se sobressai pela integração de textos tanto visuais
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