da linguística no campo da filosofia, concluímos que o processo da linguagem não é apenas uma simples representação da realidade. A linguagem está, sem dúvida, estreitamente relacionada ao real. Alicerçando nossas colocações sobre as teorias pós-coloniais e pós-estruturalistas, é salutar enfatizarmos a proposição de que não podemos pensar sobre a linguagem afastando-a da esfera político-social, tendo em vista que toda expressão da linguagem possui um local da fala. Coaduna com isso o filósofo Derrida (2002). Este: o próprio do homem, sua superioridade assujeitante sobre o animal, seu tornar-se sujeito mesmo, sua historicidade, sua saída da natureza, sua sociabilidade, seu acesso ao saber e à técnica, tudo isto, e tudo o que constitui o próprio do homem, consistiria neste defeito originário, em verdade neste defeito de propriedade, neste próprio do homem como defeito de propriedade – e ao “é preciso” que encontra aí seu impulso e seu elã. (DERRIDA, 2002, p.83). Nesse interim, havemos de inferir que a educação é a arma mais forte na formação dos indivíduos de forma geral, sendo ela um meio a ser usado na transformação social. Diante disso, cabe à escola a função de conscientização de seus educandos, no que diz respeito às diversidades culturais nas quais eles estão incluídos. Nesse contexto, o estudo da Cultura e Literatura Afro-Brasileira, proporcionará ao aluno a constituição de seu senso crítico-reflexo da situação real do negro no Brasil, criando, dessa forma, um ambiente para a sua inclusão e também a cidadania. É necessária a inclusão da discussão da questão racial, como parte integrante da matriz curricular tanto dos cursos da licenciatura para a educação infantil, aos anos iniciais e finais da educação fundamental, educação média, educação de jovens e adultos, como processos de formação continuada de professores, inclusive de docentes no ensino superior (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2004, p. 23). Destacamos que o Ministério da Educação, junto ao governo federal, vem fazendo ao longo dos anos normas para a correção das muitas injustiças sociais, como formas de acabar com o preconceito racial e estabelecer a inclusão e também a cidadania de todos no sistema educacional do Brasil. “Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, públicos e particulares, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena”. (LDB, pág.20). Nas considerações de SANTOS (2013), essa lei trouxe meios de podermos alterar o histórico do país e fazermos com que o negro seja considerado como um dos principais agentes formadores da população e também construtor da sociedade brasileira. Por outro lado, o estudo dessas literaturas favorece uma análise aprofundada de nossas raízes, tanto históricas quanto culturais, como uma maneira de extirpar preconceitos e discriminações, os quais foram gerados pelo movimento escravocrata que viveu o Brasil por mais de três séculos de história. O estudo sobre a literatura afro-brasileira é necessária que haja em sala de aula, pois favorece ao educando a criação de opiniões e interação perante o assunto. Pois é dessa forma que preconiza as Diretrizes Curriculares Nacionais para a educação e também das relações Étnico-raciais, para o Ensino-aprendizagem tanto de história como de Cultura Afro-Brasileira: § 1° A Educação das Relações Étnico-Raciais tem por objetivo a divulgação e produção de conhecimentos, bem como de atitudes, posturas e valores que eduquem cidadãos quanto à pluralidade étnico-racial, tornando-os capazes de interagir e de negociar objetivos comuns que garantam, a todos, respeito aos direitos legais e valorização de identidade, na busca da consolidação da democracia brasileira. (DCN, 2004, p. 31). Ratificamos, oportunamente, que é de grande importância que a escola mencione a literatura negra em seu processo pedagógico, pois além de fazer surgir o prazer e o hábito da leitura, a prática de literatura torna-se uma grande ferramenta na formação dos indivíduos, uma vez que desperta a visão crítica e também reflexiva, fazendo surgir a conscientização, nos educandos, com respeito à diversidade étnico-racial, com o objetivo de um bom convívio social. Por outro lado, estudar a literatura afro-brasileira é, portanto abordar textos que mostram a vida e o cotidiano do negro, sua luta e participação em toda a construção histórica e cultural do Brasil. Converge com isso, Santos (2013, P. 83): “A cultura popular brasileira tem uma forte característica do povo negro como nas cantigas, nos poemas demarcados em diversas regiões como Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro entre outras”. Outrossim, destacamos que apesar da criação da Lei 10.639/03, ainda muitas dificuldades são vislumbradas, no que tange à aplicabilidade dela dentro do contexto escolar. Diante disso, é importantíssimo compreender que para a referida lei seja colocada, de fato, em prática, é mister que os profissionais da educação e também as escolas possuam meios que favoreçam isso. As Leis 10.639/03 e 11.645/08 é simbolicamente uma correção do estado brasileiro pelo débito histórico em políticas públicas em especiais para a população negra e indígena. Neste contexto, a publicação de livros didáticos pertinentes a História da África, Cultura Afro-Brasileira e indígena, para o Ensino Fundamental I, torna-se uma alternativa eficaz para o ensino-aprendizagem nas escolas públicas e particulares sobre o ensino das relações étnicos e raciais. Visto que a docência tem questionado em órgãos públicos sobre a carência de livros didáticos para a efetivação das leis supracitadas. (SANTOS, 2010, p. 01) Diante dessa análise, é de suma importância que os professores, principalmente os de Língua Portuguesa, criem meios para que haja espaço para discussão étnica e racial em sala de aula, com fins à formação de indivíduos reflexivos, críticos e que reconheçam e respeitem a diversidade cultural da qual estão todos nós estamos inseridos. É imprescindível a existência de práticas pedagógicas contestatórias e também emancipadoras, as quais sejam capazes de fomentar um conhecimento alicerçado sobre as novas bases epistemológicas da atualidade. Um dos grandes problemas que encontramos no sistema educacional do Brasil, diz respeito à negação de que ainda estamos inseridos dentro de uma sociedade racista, isso dificulta a discussão do assunto em sala de aula. Esse problema teve como um dos fatores gerados, a falta de uma formação mais abrangente dos docentes, que deveriam ser capacitados em trabalhar o conhecimento histórico e cultural afro-brasileiro, em suas práticas pedagógicas. As escolas, ao não estarem atentas aos aspectos culturais e às relações raciais e desprivilegiarem discussões sobre esses temas, acabam por adotar práticas e discursos que valorizam determinada ordem social, estimulando os alunos a se adaptar a ela e aceitar como natural que desigualdades sociais e culturais sejam consideradas “déficits” individuais. (SOUZA, p. 03). Levando em consideração toda essa discussão, torna-se explícito que as instituições de ensino, devem manifestar uma atenção detalhada no que diz respeito à cultura e literatura negra, a fim de proporcionar aos seus alunos, a importância em se estudar tanto a história, quanto a cultura dos povos negros que tanto ajudaram na formação e construção da população brasileira. Portanto é função não só da escola, mas também de seus educadores trabalhar a literatura afro-brasileira em todo o contexto escolar, contribuindo para a construção de uma sociedade, tanto mais justa quanto mais igualitária. Outrossim, destacamos que o estudo da literatura por muitos anos resumiu-se em decorar estilos e épocas, sem contextualizá-los, isto justifica porque muitos alunos têm uma certa aversão por literatura, especificamente a Afro-brasileira. As dificuldades de conquistar o leitor passam pela maneira como a literatura é abordada em sala de aula, ou seja, como pretexto reduzido também à aprendizagem da leitura e da gramática apenas. Entretanto quando o leitor se sente