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B i a n c a L o u v a i n I m u n o l o g i a C l í n i c a | 1 ......................... hipersensibilidades ......................... São reações indesejáveis e exacerbadas contra alérgenos (substâncias inócuas), produzindo lesão tecidual e doenças. Nestas situações, a resposta imune, normalmente benéfica, torna-se a causa da doença. São classificadas em quatro grupos conforme o mecanismo de resposta imunológica: Tipo I, tipo II, tipo III e tipo IV. ............. RESUMO DA RESPOSTA IMUNE DO TH2 ............. Os linfócitos TCD4+ auxiliares (Th) são subdivididos funcionalmente pelo padrão de citocinas que produzem. Durante um estímulo fornecido por uma célula apresentadora de antígeno (APC), um linfócito precursor Th0 pode tornar-se um linfócito Th1, Th2 ou Th17 e essa transformação irá depender do seu fenótipo. As respostas Th2 são importantes na imunidade humoral, produzindo interleucinas (IL) que favorecem a produção de anticorpos. Estão associadas as doenças alérgicas e infecções por helmintos, uma vez que a IL-4 induz a troca de classe de imunoglobulinas nos linfócitos B para IgE e IL-5 induz a produção e ativação de eosinófilos. Ou seja, as células Th2 são células especializadas em produzir IL-4, a interleucina mais importante na hipersensibilidade. Contudo, o linfócito Th2 produz basicamente as três interleucinas: IL-4, IL-13 e IL-5. IL-4 – estimula o peristaltismo aumentando a contração da musculatura lisa e aumentando a produção de muco no trato gastrointestinal. No caso de infecção por helmintos/vermes, a resposta IL-4 é importante para a expulsão do mesmo; IL-5 – é um potente indutor de eosinófilo que, tanto na sua produção como ativação, depende da IL-5. Algumas respostas alérgicas não são mediadas pelo IgE e sim do IL-5, exemplo da esofagite eosinofílica, gerada pela alergia à determinados alimentos; IL-13 – citocina similar a IL-4 que participa da defesa contra helmintos e da resposta alérgica. Sendo assim, o Th2 pode atuar em diversos "braços" de quadros alérgicos. ............. HIPERSENSIBILIDADE DO TIPO I ............. É também conhecida como imediata ou anafilática, podendo envolver conjuntivite, rinite, sinusite, asma e outros quadros clínicos. A reação normalmente ocorre de 15 a 30 minutos após a exposição ao antígeno, ainda que possa ter um início mais demorado (10 a 12 horas). Exemplo: indivíduo alérgico à látex que inicia um quadro de coriza e progride com horas após a exposição com espirro e coceira. A hipersensibilidade imediata é mediada por IgE, que tem muita afinidade por basófilos e, principalmente, mastócitos, resultantes da ativação das células TH2 que produzem IL-4, IL-5 e IL-13. MECANISMO DE AÇÃO – após penetração do antígeno, os tecidos linfóides associados ao sistema imunológico, faz com que o alérgeno encontre as células dendríticas APC, que irá fagocitá-lo e processá-lo para apresentar esse alérgeno ao linfócito TCD4+, que ativa TH2, produz IL-4 e induz a produção de IgE. Sendo assim, o indivíduo deve ter sido sensibilizado pelo antígeno previamente. A primeira exposição produzirá imunoglobulinas E (IgE) específicas ao antígeno e então uma memória para esta IgE é guardada pelas células de memória. A hipersensibilidade do tipo I acontece na exposição seguinte ao antígeno, em que induz uma grande produção de IgE, que por sua vez irá se ligar aos receptores Fc dos mastócitos. A interação dos mastócitos ligados a IgE com o antígeno induz a sua degranulação e libera mediadores inflamatórios como a histamina. B i a n c a L o u v a i n I m u n o l o g i a C l í n i c a | 2 1. Fase de sensibilização: nessa fase não há sintomas, é apenas uma fase de sensibilização, de primeiro contato. Os mastócitos não são sensíveis ao IgE, eles são sensibilizados pelo mesmo. 2. Fase de provocação: em um segundo contato com o mesmo alérgeno não haverá processamento e este será capaz de se ligar diretamente as IgE nos mastócitos e estimular fortemente sua ativação. Ao ser ativado ele degranula e libera seu conteúdo – histamina, leucotrienos e prostaglandinas. Nos tecidos, os mastócitos estão muito próximos dos vasos sanguíneos (nunca dentro). Dessa forma, histamina sendo liberada próximo de um vaso sanguíneo gerará vasodilatação e os principais sintomas da inflamação – inchaço, vermelhidão, coceira e outros. SÍNDROME LÁTEX-FRUTA – é uma reação imunológica contra as partículas do látex após sensibilização prévia, caracterizada pela associação de sintomas de alergia após contato com o látex e alguns alimentos de origem vegetal. É preciso, portanto, haver um contato anterior para que ocorra a reação cruzada. O componente do látex responsável pela alergia é muito encontrado no kiwi, por exemplo. Assim, um indivíduo pode ser se sensibilizado ao comer a fruta e ter alergia ao látex, mesmo em um “primeiro contato”. ATOPIA - alguns indivíduos são mais propensos a doenças alérgicas que outros devido a uma predisposição genética (atopia). As células Th2 estão envolvidas na ativação de células B que produzirão imunoglobulina e podem aumentar a produção de IgE. Indivíduos atópicos possuem uma alteração no balanço de células T helper (Th) e predomínio da resposta Th2. Isso leva a uma tendência intrínseca a produção de IgE a antígenos externos comuns, portanto, estes indivíduos estão mais propensos a experimentar reações de hipersensibilidade tipo I como asma, eczema e até anafilaxia. Um possível tratamento é o uso de anti- histamínico que inibem receptores de histamina e, por mais que haja degranulação de mastócito e liberação de histamina, ela não consegue se ligar e realizar sua função. TERAPIA DE HIPOSSENSIBILIZAÇÃO – induz tolerância aos alérgenos (hipossensibilização). É a terapia ideal para controlo a longo prazo, já que não é um medicamento e não há efeitos secundários a longo prazo. Consiste na administração periódica de vacinas (injeções de alérgenos). ASMA – é o sintoma mais tardio da hipersensibilidade do tipo I. Na asma, além da participação da histamina, há produção de citocinas altamente inflamatórias que agravam o quadro, como a TNF-α1. A crise asmática é caracterizada por um infiltrado inflamatório com muco que é resultado da hiperplasia das glândulas secretoras de muco, espessamento da membrana basal do brônquio, infiltração dos linfócitos T e hipertrofia das glândulas do epitélio. Mediadores inflamatórios envolvidos na asma – a inibição dessas substâncias são os alvos dos AINEs: Leucotrienos – lipídios da família dos eicosanoides, como a prostaglandina. São mediadores derivados da via mediada pela lipo-oxigenase da cascata do ácido araquidônico. São extremamente potentes na constrição da musculatura lisa e, quando liberados pelos mastócitos e eosinófilos, geram broncoconstrição e estimulam a liberação de outros mediadores inflamatórios; Citocinas do TH2 – amplifica a inflamação através da ativação de eosinófilos, ativação de TH2 e estímulo para secreção de IgE; Histamina – vinda da degranulação dos mastócitos geram broncoespasmo e inflamação das vias aéreas; Óxido nítrico – sintetizado pelas células epiteliais, induz a inflamação das vias aéreas. B i a n c a L o u v a i n I m u n o l o g i a C l í n i c a | 3 ............. HIPERSENSIBILIDADE DO TIPO II ............. São doenças mediadas por anticorpos que se ligam a antígenos em determinadas células, em tecidos extracelulares ou, ainda, por complexos antígeno-anticorpo que se formam na circulação e são depositados nas paredes dos vasos. Ou seja: Anticorpos produzidos contra estruturas na superfície da célula; Anticorpos contra a matriz