Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 2 SUMÁRIO 1 AGRICULTURA ................................................................................. 4 2 SISTEMAS AGRÍCOLAS ................................................................... 4 2.1 Sistema intensivo ........................................................................ 5 2.2 Sistema extensivo ....................................................................... 5 3 TIPOS DE AGRICULTURA ................................................................ 6 3.1 Agricultura de Subsistência ......................................................... 6 3.2 Agricultura Orgânica .................................................................... 7 3.3 Agricultura comercial ................................................................... 8 3.4 Permacultura ............................................................................... 9 4 AGRICULTURA COMERCIAL ......................................................... 11 5 A MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA BRASILEIRA E SEUS IMPACTOS ....................................................................................................... 12 6 NOVAS ALTERNATIVAS DE DESENVOLVIMENTO PARA AS ZONAS RURAIS DESFAVORECIDAS ............................................................ 17 7 AGRICULTURA E IMPACTOS AMBIENTAIS .................................. 20 7.1 Desmatamento ou desflorestamento ......................................... 20 7.2 Erosão ....................................................................................... 21 7.3 Poluição das águas ................................................................... 21 7.4 Desertificação ............................................................................ 22 7.5 Queimadas ................................................................................ 22 7.6 Destruição de mananciais ......................................................... 22 8 BIOTECNOLOGIA NA AGRICULTURA ........................................... 23 8.1 Segurança Alimentar ................................................................. 24 9 O QUE É MEIO AMBIENTE? ........................................................... 25 9.1 Alguns Paradigmas da Ciência Ambiental ................................. 27 3 9.2 Resgate histórico sobre a origem dos problemas ambientais da atualidade 28 9.3 Participação Social .................................................................... 32 9.4 Impacto Ambiental: aspectos conceituais .................................. 33 10 MEIO AMBIENTE E A EDUCAÇÃO AMBIENTAL ........................ 35 11 CRIMES AMBIENTAIS ................................................................. 39 12 BIOTECNOLOGIA AMBIENTAL ................................................... 41 12.1 Biotecnologia ambiental na prática ........................................ 41 BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 44 4 1 AGRICULTURA O termo agricultura quer dizer “arte de cultivar”. É o conjunto de técnicas concebidas para cultivar a terra a fim de obter produtos dela. Os produtos da agricultura são primariamente os alimentos, contudo, com os avanços nas técnicas e na tecnologia, a agricultura tem servido cada vez mais ao fornecimento de gêneros para a produção de fibras, energia, matéria-prima para roupas, combustível, construção, medicamentos, ferramentas, ornamentação e inúmeras outras finalidades. Esses produtos, bem como os métodos agrícolas utilizados, podem variar de uma parte do mundo para outra. 2 SISTEMAS AGRÍCOLAS Sistemas agrícolas são um conjunto de atividades técnicas, econômicas e sociais que prevalece em uma área de produção agropecuária. Dependendo dessas atividades, como, por exemplo, o grau de mecanização, a oferta de crédito agrícola, as relações trabalhistas, a intensidade de utilização de insumos e a produtividade, podemos classificar em um sistema intensivo ou extensivo. Fonte: cursinhopreenem.com.br 5 2.1 Sistema intensivo As propriedades rurais que utilizam o sistema agrícola intensivo são aquelas que apresentam elevada produtividade, alto grau de mecanização, modernas técnicas de cultivo do solo e sustentabilidade. Dizer que um sistema agropecuário é sustentável é o mesmo que dizer que não apresenta graves problemas de ordem ambiental, econômica ou social, ou seja, tem condições de existência que lhe dão grande autonomia e equilíbrio. Ao longo do século XX, os países desenvolvidos e industrializados, possuidores de um consolidado desenvolvimento tecnológico, modernizaram suas atividades agropecuaristas e aumentaram consideravelmente sua produtividade. Isso lhes permitiu um uso cada vez menor da população economicamente ativa no setor primário da economia e trouxe grande migração para as cidades (êxodo rural). Nesses países, o emprego de agrotóxicos, de fertilizantes, de técnicas eficientes de manejo dos solos, de recursos da biotecnologia e da engenharia genética é bastante utilizado. Produção agrícola difere de produtividade, no sentido de que na produção considera-se o total produzido e na produtividade, o quanto se produz por unidade agrária (hectares), mediante o grau de recursos técnicos utilizados. Além da produtividade elevada, esses países possuem também uma elevada produção agrícola e são responsáveis por grande parte dos produtos agropecuários que circulam no mercado mundial. Mas, em que pese esta característica, as atividades do setor primário não têm grande peso para a economia desses países, representando em geral um percentual abaixo de 10% do PIB. 2.2 Sistema extensivo O sistema agrícola extensivo é aquele que utiliza técnicas rudimentares, apresentando baixa produtividade e, em muitos casos, um subaproveitamento do espaço disponível para práticas agropecuárias. Como é tradicional e, portanto, pouco mecanizado, geralmente utiliza grande parcela de mão de obra, e os países onde predomina acabam tendo uma grande concentração dos trabalhadores no setor primário. 6 No caso específico da pecuária, onde o gado se alimenta apenas com pastagens naturais, ocorrem com frequência perdas por falta de assistência médico-veterinária e o animal é criado solto. Ao contrário do sistema intensivo, em países onde se pratica com predominância esse sistema agrícola, o setor primário tem grande peso para a economia nacional. 3 TIPOS DE AGRICULTURA 3.1 Agricultura de Subsistência O modelo econômico capitalista atingiu a produção agrícola, na qual ocorreu um rápido processo de modernização no campo (mecanização, utilização de defensivos agrícolas, sementes geneticamente modificadas, etc.) visando à maximização da produção. Esse fenômeno foi responsável pela redução do campesinato ou do pequeno produtor de subsistência. Entretanto, essa modalidade da agricultura resiste à modernização e é muito praticada em várias partes do mundo, em especial na América Latina, Ásia e África. A agricultura de subsistência se caracteriza pela utilização de métodos tradicionais de cultivo, realizados por famílias camponesas ou por comunidades rurais. Essa modalidade é desenvolvida, geralmente, em pequenas propriedades e a produção é bem inferior se comparada às áreas rurais mecanizadas. Contudo, o camponês estabelece relações de produção para garantir a subsistência da família e da comunidade a que pertence. Entre os principais produtos cultivados nas propriedades de subsistência estão o arroz, feijão, milho, mandioca, batata, frutas, hortaliças, entre outros. Após suprir as necessidades das pessoas envolvidas,o excedente é trocado ou vendido para a aquisição de produtos que não são cultivados nessas propriedades. No Brasil, a agricultura de subsistência é praticada nas “roças”, onde são comuns ferramentas como a enxada, machado, foice e arado. Na Ásia, a rizicultura (cultivo de arroz) é muito comum em propriedades coletivas de subsistências. No continente africano, esse tipo de agricultura é muito praticado, 7 além de haver o pastoreio nômade com rebanhos de bovinos, ovinos, equinos e de camelos. Portanto, os pequenos produtores rurais tentam resistir ao modelo capitalista de produção agrícola, realizando atividades tradicionais com o intuito de produzirem o suficiente para atender às necessidades de consumo. No entanto, eles enfrentam várias dificuldades, sendo uma delas a burocracia para a realização de empréstimos, que beneficiam os grandes latifundiários. 3.2 Agricultura Orgânica O termo agricultura orgânica foi desenvolvido pelo inglês Sir Albert Howad, entre os anos de 1925 e 1930. No entanto, essa modalidade da agricultura ganhou força somente na década de 1960. A agricultura orgânica é um modelo de produção caracterizado por não utilizar fertilizantes sintéticos, agrotóxicos, sementes modificadas, reguladores de crescimento animal e intensa mecanização das atividades, visando a reduzir os impactos ambientais, além de cultivar produtos alimentícios mais saudáveis. Os constantes problemas sociais e ambientais desencadeados pelo atual modelo de produção agrícola (poluição das águas subterrâneas e superficiais, esgotamento dos solos, desemprego dos trabalhadores rurais em consequência da mecanização do campo, etc.), além dos alimentos com grandes concentrações de agrotóxicos e o pouco esclarecimento sobre os alimentos geneticamente modificados, têm despertado a consciência de parte da população que, em busca de um modelo agrícola que reduza os impactos ambientais e impulsione a produção de alimentos mais saudáveis, adere à prática da agricultura orgânica. A agricultura orgânica é um segmento agrícola que tem por objetivo a sustentabilidade econômica e ambiental. Sua prática baseia-se no uso de estercos animais, rotação de culturas, adubação verde, controle biológico de pragas e doenças, utilização de energias renováveis e eliminação do uso de organismos geneticamente modificados em qualquer etapa do processo produtivo. Portanto, a agricultura orgânica busca a harmonia com o meio ambiente e a produção de alimentos saudáveis. 8 Esse modelo de produção tem se fortalecido a cada ano, já que os benefícios proporcionados têm atraído vários consumidores, tanto dos países desenvolvidos quanto das nações subdesenvolvidas. No entanto, os produtos desse modelo agrícola são mais caros e algumas frutas, verduras e legumes apresentam menor volume. Portanto, os produtos orgânicos ainda não são acessíveis à maioria da população. Outro fator agravante é que alguns produtos orgânicos não são identificados por simples observação, podendo haver a introdução de produtos considerados não orgânicos entre eles. No Brasil, a agricultura orgânica é desenvolvida em cerca de 15 mil propriedades certificadas, em que 70% delas pertencem a agricultores familiares. Essa certificação em território brasileiro é concedida pela Associação de Agricultura Orgânica (AAO) em parceria com a Ecocert Brasil. 3.3 Agricultura comercial Basicamente, a agricultura comercial está vinculado com o objetivo de produzir alimentos para atender à demanda do mercado no âmbito interno e externo de uma determinada região ou país. Transcende a própria atividade agrícola rural, que recebe grande mecanização e profissionalização do setor. A agricultura tradicional tem sua origem na antiguidade, sendo iniciado com ferramentas e métodos rudimentares. A partir de novos fatores comerciais que demandavam de um sistema produtivo mais eficaz e de uma distribuição que atendesse a diferentes países consumidores, do nível intensivo de produção se desenvolveu um tipo de agricultura comercial. Nos dias atuais, países emergentes e em crescimento como Brasil, México e Índia têm atraído mais investimentos de grupos estrangeiros com o intuito de expandir a produção e atender o mercado consumidor local e externo. Nesses países tem sido criado o setor da agroindústria, gerando profunda especialização da produção e comercialização dos cultivos agrícolas a partir de mais recursos técnicos e capital monopolizados por grandes grupos multinacionais. O que também atrai os investimentos desses grandes grupos é a possibilidade de se obter terras férteis e baratas, que deixam de servir à 9 agricultura tradicional para atender à agricultura comercial moderna, com a capacidade de produzir níveis de produção esperados e excedentes. No Brasil, um dos grandes desafios para a expansão da agricultura comercial brasileira é ampliar a oferta de novos financiamentos para os agricultores, considerando que as linhas de financiamento já existente até 2010 não permitia tal expansão nesse setor. As operações de crédito rural não têm alcançado a meta do PAP (Plano Agrícola e Pecuário), porém o objetivo de oferecer 107 bilhões para a agricultura comercial e 16 milhões para a familiar não é garantia de aplicação de projetos. Tecnicamente, a agricultura demanda não somente da produção de alimentos, mas de conhecimento científico, visão para a sustentabilidade, melhores meios logísticos que permitam mitigar o desperdício e perda de alimentos e, sobretudo, uma política que ajude a baratear o preço final dos alimentos, para que a agricultura comercial ajude a democratizar o acesso aos mesmos nas diferentes classes sociais. 3.4 Permacultura Fonte: jardimdomundo.com Foi criada pelos ecologistas australianos Bill Mollison e David Holmgren na década de 70. O termo, cunhado na Austrália, veio de permanent 10 agriculture (agricultura permanente), e mais tarde se estendeu para significar permanent culture (cultura permanente). A sustentabilidade ecológica, idéia inicial, estendeu-se à sustentabilidade dos assentamentos humanos locais. Os princípios da Permacultura vêm da posição de Mollison de que “a única decisão verdadeiramente ética é cada um tomar para si a responsabilidade de sua própria existência e da de seus filhos” (Mollison, 1990). A ênfase está na aplicação criativa dos princípios básicos da natureza, integrando plantas, animais, construções e pessoas em um ambiente produtivo e com estética e harmonia. A permacultura, além de ser um método para planejar sistemas de escala humana, proporciona uma forma sistêmica de se visualizar o mundo e as correlações entre todos os seus componentes. Serve, portanto, como meta- modelo para a prática da visão sistêmica, podendo ser aplicada em todas as situações necessárias, desde como estruturar o habitat humano até como resolver questões complexas do mundo empresarial. Permacultura é a utilização de uma forma sistêmica de pensar e conceber princípios ecológicos que podem ser usados para projetar, criar, gerir e melhorar todos os esforços realizados por indivíduos, famílias e comunidades no sentido de um futuro sustentável. A Permacultura origina-se de uma cultura permanente do ambiente. Estabelecer em nossa rotina diária, hábitos e costumes de vida simples e ecológicos – um estilo de cultura e de vida em integração direta e equilibrada com o meio ambiente, envolvendo-se cotidianamente em atividades de autoprodução dos aspectos básicos de nossas vidas referentes a abrigo, alimento, transporte, saúde, bem-estar, educação e energia renovável. Permaculturatem na sua relação com a atividade agrícola uma síntese das práticas tradicionais com ideias inovadoras, unindo o conhecimento secular às descobertas da ciência moderna, proporcionando o desenvolvimento integrado da propriedade rural de forma viável e segura para o agricultor familiar. E, neste ponto, encontra paralelos com a Agricultura Natural que, sendo difundida intencionalmente pelas pesquisas do japonês Masanobu Fukuoka por todo o mundo, chegaram as mãos dos fundadores da permacultura e foram por eles desenvolvidas. 11 4 AGRICULTURA COMERCIAL A agricultura comercial está vinculada com o objetivo de produzir alimentos para atender à demanda do mercado no âmbito interno e externo de uma determinada região ou país. Transcende a própria atividade agrícola rural, que recebe grande mecanização e profissionalização do setor. A agricultura tradicional tem sua origem na antiguidade, sendo iniciado com ferramentas e métodos rudimentares. A partir de novos fatores comerciais que demandavam de um sistema produtivo mais eficaz e de uma distribuição que atendesse a diferentes países consumidores, do nível intensivo de produção se desenvolveu um tipo de agricultura comercial. Nos dias atuais, países emergentes e em crescimento como Brasil, México e Índia têm atraído mais investimentos de grupos estrangeiros com o intuito de expandir a produção e atender o mercado consumidor local e externo. Nesses países tem sido criado o setor da agroindústria, gerando profunda especialização da produção e comercialização dos cultivos agrícolas a partir de mais recursos técnicos e capital monopolizados por grandes grupos multinacionais. O que também atrai os investimentos desses grandes grupos é a possibilidade de se obter terras férteis e baratas, que deixam de servir à agricultura tradicional para atender à agricultura comercial moderna, com a capacidade de produzir níveis de produção esperados e excedentes. No Brasil, um dos grandes desafios para a expansão da agricultura comercial brasileira é ampliar a oferta de novos financiamentos para os agricultores, considerando que as linhas de financiamento já existente até 2010 não permitia tal expansão nesse setor. As operações de crédito rural não têm alcançado a meta do PAP (Plano Agrícola e Pecuário), porém o objetivo de oferecer 107 bilhões para a agricultura comercial e 16 milhões para a familiar não é garantia de aplicação de projetos. Tecnicamente, a agricultura demanda não somente da produção de alimentos, mas de conhecimento científico, visão para a sustentabilidade, melhores meios logísticos que permitam mitigar o desperdício e perda de alimentos e, sobretudo, uma política que ajude a baratear o preço final dos 12 alimentos, para que a agricultura comercial ajude a democratizar o acesso aos mesmos nas diferentes classes sociais. 5 A MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA BRASILEIRA E SEUS IMPACTOS Fonte: pensamentoverde.com.br O crescimento da produção agrícola no Brasil se dava, basicamente, até a década de 50, por conta da expansão da área cultivada. A partir da década de 60, o uso de máquinas, adubos e defensivos químicos, passou a ter, também, importância no aumento da produção agrícola. De acordo com os parâmetros da “Revolução Verde”, incorporou-se um pacote tecnológico à agricultura, tendo a mudança da base técnica resultante passado a ser conhecida como modernização da agricultura brasileira (Santos,1986). O processo de modernização intensificou-se a partir dos anos 70, quando houve, de acordo com dados da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, um aumento de mais de 1.000% no número de tratores utilizados, em relação à década de 50, chegando este incremento a 6.512% na década de 80, e um aumento de 254% e 165%, respectivamente, no uso de arados a tração animal e nas colheitadeiras, nos anos 80, também em relação à década de 50. A utilização de adubos químicos também se intensificou no Brasil, 13 na década de 70, atingindo um incremento de 1.380%, entre 1965 e 1980, o mesmo ocorrendo com o uso de defensivos, que aumentou 377% neste mesmo período, com destaque para a utilização de herbicidas, que cresceu mais de 8.000%, segundo informações colhidas no Sindicato das Indústrias de Adubos e Corretivos de Estado de São Paulo. Além da mudança na base técnica no campo surgem, nos anos 70, como produto da modernização agrícola, os complexos agroindustriais representando a integração técnica entre a indústria que produz para a agricultura, a agricultura e a agroindústria. Entender, portanto, a modernização da agricultura brasileira como uma simples mudança da base técnica é simplificar, em muito, o seu significado. É importante levar em consideração que a agricultura brasileira sempre se apresentou, ao longo da sua história, subordinada à lógica do capital, sendo um setor de transferência de riquezas. Assim sendo, dentro do seu processo de modernização deve-se dar significado maior à sua transnacionalização e à sua inserção na divisão internacional do trabalho ou, ainda, à penetração do modo de produção capitalista no campo brasileiro (Aguiar, 1986). O processo de modernização da agricultura brasileira está intimamente ligado à fase conclusiva do processo de substituição de importações – a internalização de indústrias produtoras de bens de capital e de insumos modernos- ou seja, a entrada no país de multinacionais produtoras de tratores, fertilizantes, herbicidas etc. O maior incremento no seu uso coincide justamente com a entrada dessas empresas no país. A partir de então, o desenvolvimento da agricultura não pode mais ser visto como autônomo. A dinâmica industrial passou a comandar, definitivamente, o desenvolvimento da agricultura, convertendo-a num ramo industrial, que compra insumos e vende matérias- primas para outros ramos industriais (Martine, 1990). É por ter sido um processo integrado ao movimento mais amplo do capital, que se deu, à modernização da agricultura, um caráter imediatista, voltado para o aumento da produtividade no curto-prazo, buscando-se minimizar os riscos e maximizar o controle do homem sobre a natureza aumentando, cada vez mais, a capacidade de reproduzir, artificialmente, as condições da natureza. Além disso, o processo de modernização foi orientado para a modernização do latifúndio, para os grandes proprietários, potenciais compradores dos produtos 14 industriais, cuja produção se instalara no Brasil tendo, como base, os complexos agroindustriais, que tinham como função maior o direcionamento da produção para o mercado externo. Diante do exposto e tendo em vista as leis excludentes do capitalismo, não se pode pensar em um processo homogêneo de modernização da agricultura. O capital, ao ser introduzido no campo, reproduziu suas diferenças, gerando um processo de modernização heterogêneo, excludente e parcial. A modernização agrícola concentrou-se nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil e na monocultura de produtos exportáveis, como soja e cana-de-açúcar, deixando à margem regiões mais pobres, Norte e Nordeste, onde predominam os pequenos produtores e a policultura alimentar No bojo da desigualdade da modernização da agricultura brasileira encontra-se o Estado, utilizado como principal agente indutor desse processo que, através do Sistema Nacional de Crédito Rural - SNCR, dos subsídios e das políticas de maxidesvalorização cambial, atuou em benefício dos grandes proprietários e das multinacionais, assumindo seus custos e riscos de produção e repassando-os à sociedade. Pode-se, então, afirmar quea eficiência econômica dos grandes produtores nada mais é que a expressão do seu poder em obter auxílio do Estado. É muito mais uma eficiência política do que econômica, deixando claro que a modernização só foi possível mediante a intervenção do Estado, sendo um processo totalmente induzido pelas políticas públicas concentradoras (Martine, 1990). Ao se utilizar o Estado para promover a modernização agrícola desigual, não se usou, em contrapartida, mecanismos que atenuassem os impactos negativos da política gerando, assim, o que Cordeiro (1996) denomina de um modelo agrícola bimodal, isto é, convivência de sistemas produtivos intensivos e extensivos, modernos e tradicionais, de ricos e de pobres. Para que novas terras, em antigas ou novas regiões produtivas, passassem a ser usadas com utilização de novas tecnologias, foi necessário o desmatamento de áreas de cobertura natural, levando à devastação de florestas e de campos nativos, ao empobrecimento da biodiversidade e da perda de recursos genéticos amplamente encontrados nas florestas. 15 A adoção dos “pacotes” da Revolução Verde – elaborados para uso em áreas de clima temperado, com solos homogêneos – causou erosão, antropização, salinização, compactação e perda de produtividade de muitos solos brasileiros. O uso excessivo de agrotóxicos levou à contaminação dos recursos hídricos do país e, principalmente, à contaminação do homem, que aplica os agrotóxicos e que ingere os alimentos contaminados. O uso intensivo e inadequado de agrotóxicos ainda trouxe um processo de resistência de pragas, ervas infestantes e doenças (até 1958, eram conhecidas 193 pragas no Brasil; em 1976, o número total de pragas conhecidas na agricultura era 593). Apesar de serem grandes as distorções ambientais advindas da modernização da agricultura, inadequada aos padrões brasileiros, o caráter mais doloroso dessa modernização diz respeito aos impactos sociais no campo brasileiro. O caráter seletivo dos benefícios governamentais concedidos tornou a terra um ativo econômico de grande rentabilidade, visto que esta era a condição primordial de acesso ao crédito - quanto mais terra maior facilidade de crédito e maiores ganhos especulativos; maiores, também, a concentração e a centralização de capitais no campo. No período de 1970 a 1980, foi reduzida a participação dos estabelecimentos com até 10 ha no total da área do país, de 52,2% para 50,4%, enquanto foi aumentada a dos estabelecimentos com mais de 1.000 ha, de 0,7 para 0.9%. Além da redução de quantidade, ocorreu redução de área dos pequenos estabelecimentos em relação aos grandes. Terras antes ocupadas por pequenos produtores familiares foram incorporadas por grandes proprietários. Esses pequenos produtores e suas famílias perderam o lugar que tinham para morar e para trabalhar, perderam suas lavouras de autoconsumo e, principalmente, foram deslocados do seu principal meio de produção – a terra (Martine, 1990). Com a mecanização promoveu-se uma verdadeira expulsão do homem do campo. No período de auge do processo, entre 1970 e 1980, foram 30 milhões de pequenos produtores expulsos de suas terras. Sem terra e sem emprego suficiente para todo o contingente que perdia suas terras, vender a 16 força-de-trabalho nas áreas metropolitanas era a única saída, aumentando consideravelmente o êxodo rural (Martine, 1990). Com a modernização agrícola segui-se a modernização das relações de trabalho e o assalariamento parcial e precário, ou seja, o aumento da sazonalidade do trabalho. Segundo Silva (1996:4) “o trabalhador passa de papel ativo e integral do artesão para o de um trabalhador parcial na manufatura, até atingir a passividade do operário, que apenas vigia a máquina”. Essas transformações não foram nada mais do que resposta às necessidades do capitalismo, uma vez que o trabalhador parcial permite ao capital maior valorização, pela intensidade do trabalho e pelo prolongamento da jornada de trabalho. “O trabalhador volante tem o máximo interesse pessoal em executar as tarefas, o mais rápido possível, para receber o valor correspondente, o que permite ao empresário uma elevação da intensidade do trabalho acima do normal. Além do mais, é conveniente e necessário que o trabalhador prolongue a jornada de trabalho, a fim de aumentar o salário, mesmo que, para isto, multiplique seus próprios braços com os da mulher e filhos menores” (Gonzáles e Bastos, 1975:04, apud Aguiar, 1986:111). Outro impacto negativo da modernização da agricultura é no que diz respeito à produção de alimentos. À medida que o agricultor capitalista toma espaço no campo, incorporando mais e mais terras nas monoculturas de exportação, são reduzidas as áreas ocupadas com o cultivo de alimentos. Já na década de 70, período áureo da modernização, as taxas de crescimento das principais culturas que compõem a cesta básica dos brasileiros foram inferiores à do crescimento populacional. O arroz cresceu 1,5%, o milho 1,7%, a mandioca 2,1% e o feijão teve crescimento negativo de –1,9%, enquanto a população cresceu 2,5%; já as lavouras de exportação apresentaram significativas taxas de crescimento: soja 22,5%; laranja 12,6%; cana-de-açúcar 6,3%. Em decorrência, verificou-se aumento do preço dos alimentos nas cidades, redução do consumo alimentar, agravamento dos índices de subnutrição crônica e de doenças causadas pela fome. “Gasta-se mais para comer menos e pior” (Aguiar, 1986). Diante do exposto até aqui, pode-se afirmar que o modelo de modernização da agricultura implantado no Brasil, inadequado à realidade brasileira, sem se considerar as condições ambientais e sociais, alcançou bom 17 desempenho econômico quando são consideradas as perspectivas de lucro; no entanto, modificou e deixou marcas nas relações socioeconômicas do campo brasileiro, marcas essas que serão apresentadas na análise da situação do meio rural brasileiro na década de 90, no item seguinte. 6 NOVAS ALTERNATIVAS DE DESENVOLVIMENTO PARA AS ZONAS RURAIS DESFAVORECIDAS Chegou-se ao reconhecimento de que o modelo de modernização da agricultura, com a adoção dos parâmetros da Revolução Verde, não atendeu às necessidades básicas da grande massa dos trabalhadores rurais carentes – permanecendo os altos índices de pobreza, enquanto os latifúndios e os complexos agroindustriais eram cada vez mais fortalecidos. Diante dessa crítica ao modelo convencional de desenvolvimento, muitos estudiosos passaram a ter uma visão pessimista dos resultados que o processo de globalização poderia trazer. Uma questão passou a ser levantada: no mundo globalizado há saída para as áreas rurais desfavorecidas ou a única tendência é a exclusão social e o aumento da pobreza? Em contrapartida, vem crescendo o grupo de defensores da ideia de que a globalização abre oportunidades – “brechas” – que os pessimistas ainda não estão conseguindo visualizar. Esta ideia é exposta por Moreira (1996:02): “(...) dado o caráter dialético deste processo, abrem-se com ele novas possibilidades de desenvolvimento, cujo alcance não deve ser descurado”. Como resultado das discussões supracitadas, vem-se fortalecendo o conceito de desenvolvimento rural sustentável, cujos fundamentos propõem uma alternativa para as áreas pobres, de agricultura tradicional mudando, desta forma, o enfoque principal do desenvolvimento, que passa a ser o homem – o trabalhador rural marginalizado – e a melhoria da sua qualidade de vida. Apresentado como tentativa de diminuir a pobreza, um projeto de desenvolvimento rural sustentável representa a esperança de alguns agentes sociais de uma vida melhor para os quevivem no campo, e não possíveis sonhos e fantasias sobre as chances dos países periféricos entrarem no primeiro mundo, 18 ou sobre a possibilidade de generalização dos padrões de vida do núcleo central (Santos, 1999). Nos relatórios da ONU encontra-se a seguinte definição: “Desenvolvimento sustentável é um processo de transformação no qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender às necessidades e aspirações humanas” (CMMAD, 1988:49, apud Agra, 1998:35). É, portanto, um conceito multidimensional, onde as mais variadas dimensões do desenvolvimento devem ser consideradas, sejam elas ambientais, econômicas, sociais, políticas, culturais, ideológicas etc. Baseia-se no tripé: eficiência econômica, justiça social e prudência ecológica. O desenvolvimento rural sustentável deve ter, como base, o desenvolvimento local endógeno, isto é, deve levar em consideração as especificidades de cada região, suas necessidades e potencialidades. Qualquer iniciativa de desenvolvimento sustentável deve começar pela caracterização socioeconômica ambiental da região, para que técnicas inadequadas, que venham trazer degradação ou exclusão social, não sejam adotadas. Sendo assim, o desenvolvimento local deve ser acima de tudo um processo de reconstrução social, que deve se dar “de baixo para cima”, com a participação efetiva dos autores sociais, um processo de construção coletiva, onde prevaleçam as necessidades, sem modelos predeterminados ou copiados (Campanhola e Silva, 1999). Para isto, é importante que a população adquira as condições necessárias para identificar seus problemas e sugerir as soluções adequadas, o que se traduz na necessidade de programas de educação básica, de acordo com a especificidade cultural do meio no qual o indivíduo está inserido. “A escola urbana não pode servir de modelo para a escola rural, pois esta deve fazer parte de um projeto mais amplo para o campo” (Campanhola e Silva,1999:19). O desenvolvimento local sustentável requer parcerias entre as mais variadas entidades da sociedade civil: secretarias municipais de planejamento e agricultura, órgãos de pesquisa e assistência técnica, escolas públicas e privadas, universidades, igrejas, cooperativas, associações comunitárias, imprensa, entre tantas outras, todas unidas em prol de um objetivo comum, deixando à parte os interesses de classe. Diante desta proposta, ao Estado cabe 19 papel de grande importância, tornando-se cada vez mais necessário uma forte intervenção com o objetivo de proteger as áreas rurais não integradas dos efeitos negativos do processo da globalização e da tendência ao agravamento da situação dual do campo brasileiro e da pobreza no campo. Uma política de desenvolvimento rural sustentável no Brasil deve ter, como maior desafio, a eliminação da pobreza rural, incorporando políticas que levem em consideração a urbanização, as atividades não-agrícolas que se vem desenvolvendo no campo e, de maneira geral, as necessidades mais urgentes da população do campo. Deve-se estar consciente, contudo, de que não se alcança desenvolvimento rural sustentável apenas com políticas de combate à pobreza. É necessário um conjunto de políticas estruturais e assistenciais compensatórias, que ataquem principalmente os grandes problemas de desigualdades regionais e de renda. A espinha dorsal do conservadorismo, a estrutura agrária, deve ser atacada com a realização de um amplo programa de reforma agrária, somado a um programa de crédito fundiário e assistência técnica (Santos, 1999). Apenas o acréscimo de um programa de reforma agrária entre os acima mencionados, no entanto, não basta. Com a existência do novo rural brasileiro, esses programas devem vir acompanhados de propostas de urbanização para o mundo rural interiorano, no sentido de dotar as pequenas cidades do interior, onde se vem instalando os migrantes das zonas rurais, de infra-estrutura adequada: luz elétrica, água potável, saneamento básico, habitação, ensino, saúde, creches, redes de comunicação etc, com o objetivo de oferecer condições necessárias para a realização das novas atividades, gerar ocupação e renda e oferecer melhor qualidade de vida à população. Finalmente, a grande condição que pode ser apresentada para a implementação do desenvolvimento rural sustentável é “vontade política” e interesse das classes governamentais em eliminar a pobreza, mudando a atenção de suas políticas e se voltando para o social, para o regional, para os problemas que assolam a população do campo brasileiro. 20 7 AGRICULTURA E IMPACTOS AMBIENTAIS Fonte: probambientais.blogspot.com Agricultura é uma atividade que visa a produção de alimentos, porém ela causa diversos impactos ambientais no planeta. Sem dúvidas é a atividades mais antiga que existe, pois no passado as pessoas comiam apenas aquilo que plantavam. Porém, com o passar dos anos, os recursos utilizados para a produção agrícola começaram a mudar e estão trazendo resultados negativos para saúde e vida dos indivíduos. A mecanização hoje em dia é o recurso mais comum para cultivar a terra, devido a demanda de alimentos ser gigantesca na indústria agrícola. Essa atividade é essencial para a alimentação humana e de acordo com pesquisas, essa atividade fornece alimentos para mais de 7 bilhões de pessoas ao redor do mundo. Mas os recursos utilizados para a sua produção como insumos e novas técnicas produtivas que fazem com que o alimento dure mais está afetando significativamente o meio ambiente. Os maiores impactos ambientais que a agricultura está provocando são os elencados abaixo. 7.1 Desmatamento ou desflorestamento O desmatamento é um impacto causado exclusivamente pela atividade humana que destrói a floresta para extrair sua madeira o que enriquece a 21 indústria madeireira ou para obter solo vasto para plantio auxiliando a indústria agrícola. Como uma das principais consequências do desmatamento se tem a diminuição dos absorventes do dióxido de carbono, ou seja, o meio ambiente sofre drasticamente pois não consegue absorver a quantidade necessária do principal causador do efeito estufa. Em resumo, a atividade agrícola agrava e muito o aquecimento global. 7.2 Erosão A erosão consiste em um processo que desloca a terra ou as rochas da superfície da qual estão presas. Esse processo pode ocorrer através de eventos naturais ou por causa de ações do ser humano. É devido a ação humana quando é retirado a cobertura vegetal do solo para plantio, pois aquele solo perde sua consistência e não consegue mais absorver água, ou seja, nem o solo nem as plantas absorvem a água e é por isso que ocorrem as enchentes e os desmoronamento de morros. 7.3 Poluição das águas Há um grande mito sobre o consumo de água ser maior nas residências, mas isso não é verdade, o consumo maior de água doce se encontra nas irrigações de campos agrícolas. De acordo com pesquisas da FAO-ONU (organização das nações unidas para alimentação e agricultura) 70% da água doce dos lagos, reservatórios subterrâneos e rios são destinados para essa irrigação. O que acaba por causar um maior consumo em lavouras que utilizam métodos de irrigação pouco eficientes. Nesses casos o consumo é bem maior. Fora o grande consumo da água, os produtos agrotóxicos que são jogados nela apresentam como componentes resíduos venosos que provocam várias doenças. 22 Então, a poluição da água é devida o uso descontrolado de defensivosagrícolas e de adubos o que acabam por gerar o excesso de nutrientes nos produtos. Esse excesso é chamado de eutrofização. 7.4 Desertificação Desertificação é um processo ocasionado pelo uso irregular do solo que em geral ocorre pela grande produção de animais em especial a produção de gado que desgasta o solo de forma assombrosa tornando o solo totalmente infértil. Como o solo fica infértil, não há plantação nenhum que consiga durar, tornando a área deserta. 7.5 Queimadas As queimadas são práticas bem antigas que tem como intuito limpar o terreno ou pasto utilizando do uso do fogo de forma controlada para preparar o solo para um o plantio futuro. Mas fora a hipótese de limpar o terreno, o agricultor também utilizada das queimadas para eliminar doenças ou pragas que estão presentes na sua plantação. O que muitos não pensam é que o fogo destrói plantas, sementes e raízes, tornando impossível a sua sobrevivência naquela área, a não ser que futuramente aja sua recolocação através do tratamento do solo por pratica humana, animal ou por agentes físicos. Outro ponto negativo trazido pela queimada são os problemas de saúde que derivam do aquecimento global causado pela emissão de dióxido e monóxido de carbono lançado na atmosfera que agrava o efeito estufa. 7.6 Destruição de mananciais A destruição dos mananciais é devido ao acrescentamento da agricultura sobre as matas nativas, destruindo assim a nascente. 23 Essa devastação ocorre sobre as matas ciliares, por conta também dos resíduos industriais e agroquímicos que contaminam os mananciais, pelos lixos hospitalares e esgotos urbanos e pelo consumo de água destinados ao consumo humano, a pecuária, agricultura e a indústria. Mas como propostas de resolução para esse caso foi possível encontrar duas; tratar a água como um negócio ou a água como vida. No caso da água tratada como negócio é em relação ao seu valor econômico já que é um problema futuro de escassez é possível criar uma legislação e regulamentar o seu consumo, criando assim um objeto lucrativo. 8 BIOTECNOLOGIA NA AGRICULTURA A agricultura e a biotecnologia se aliaram para tornar o cultivo de plantas mais eficiente. Pragas, doenças e problemas climáticos, por exemplo, sempre foram obstáculos à produção de alimentos. Porém, a engenharia genética permitiu a criação de tecnologias que reduzem as perdas e aumentam a produtividade das lavouras. Esta associação já permitiu o desenvolvimento de espécies vegetais resistentes a insetos e tolerantes a herbicidas. As variedades geneticamente modificadas (GM) ou transgênicas proporcionam melhoria das práticas de cultivo e incremento na quantidade e na qualidade dos produtos agrícolas, reforçando a renda dos produtores e favorecendo o crescimento econômico. No caso das plantas transgênicas tolerantes a herbicidas ou resistentes a insetos, a vantagem é a facilitação do manejo de plantas e insetos invasores, o que resulta na redução da quantidade de aplicações de defensivos químicos. Já existem vegetais que apresentam estas duas características reunidas e que representam uma alternativa eficiente para os agricultores. Além das vantagens agronômicas, essas variedades favorecem a preservação da biodiversidade e diminuem a necessidade de ampliação da área plantada, com diminuição nas perdas no campo. Cientistas de todo o mundo trabalham também no desenvolvimento de plantas com características complexas modificadas, cuja expressão envolve vários genes, a exemplo da tolerância ao estresse hídrico (seca). O futuro 24 também aponta para a criação de vegetais transgênicos, que contenham propriedades nutricionais melhoradas ou que produzam medicamentos. Todo alimento geneticamente modificado só é liberado para consumo depois de passar por uma série de testes que avaliam sua segurança para o meio ambiente e para a saúde humana e animal. Fonte: blog.agropro.com.br 8.1 Segurança Alimentar Diversas organizações internacionais de renome apoiam a biotecnologia e os produtos derivados do uso dessa técnica. Entre elas estão a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO/ONU), a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Academia de Ciências do Vaticano, a Agência de Biotecnologia da Austrália e a Agência de Controle de Alimentos do Canadá. No Brasil, a Lei de Biossegurança (Lei no 11.105/05) exige que qualquer organismo geneticamente modificado passe pela avaliação criteriosa da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança, a CTNBio. 25 9 O QUE É MEIO AMBIENTE? Para esta pergunta poderemos obter as mais diferentes e variadas respostas, que indicam as representações sociais, o conhecimento científico, as experiências vividas histórica e individualmente com o meio natural. Para a realização da educação ambiental popular, é importante termos um conceito que oriente as diferentes práticas. Assim, definimos meio ambiente como o lugar determinado ou percebido onde os elementos naturais e sociais estão em relações dinâmicas e em interação. Essas relações implicam processos de criação cultural e tecnológica e processos históricos e sociais de transformação do meio natural e construído. Nesta definição de meio ambiente fica implícito que: Ele é "determinado": - quando se trata de delimitar as fronteiras e os momentos específicos que permitem um conhecimento mais aprofundado. Ele é "percebido" quando cada indivíduo o limita em função de suas representações sociais, conhecimento e experiências cotidianas. As relações dinâmicas e interativas indicam que o meio ambiente está em constante mutação, como resultado da dialética entre o homem e o meio natural. Isto implica um processo de criação que estabelece e indica os sinais de uma cultura que se manifesta na arquitetura, nas expressões artísticas e literárias, na tecnologia, etc. Em transformando o meio, o homem é transformado por ele. Todo processo de transformação implica uma história e reflete as necessidades, a distribuição, a exploração e o acesso aos recursos de uma sociedade. A definição de meio ambiente acima exige um aprofundamento teórico que conta com a contribuição de diferentes ciências que se aglutinam no que se convencionou chamar de Ciência Ambiental. Tem se tornado cada vez mais claro e consensual que a Ciência Ambiental só se realizará através da perspectiva interdisciplinar. 26 Fonte: todamateria.com.br A problemática ambiental não pode se reduzir só aos aspectos geográficos e biológicos, de um lado, ou só aos aspectos econômicos e sociais, de outro. Nenhum deles, isolado, possibilitará o aprofundamento do conhecimento sobre essa problemática. À Ciência Ambiental cabe o privilégio de realizar a síntese entre as ciências naturais e as ciências humanas, lançando novos paradigmas de estudo onde não se "naturalizarão" os fatores sociais e nem se "socializarão" os fatores naturais. Diferentes áreas de estudo de disciplinas diversas podem contribuir para o desenvolvimento da Ciência Ambiental dentro da ideia de interdisciplinaridade. No entanto, esta ideia enfrenta algumas dificuldades para se concretizar, tanto em nível teórico como em nível prático. Se, atualmente, temos cada vez mais trabalhos teóricos que se baseiam no conhecimento acumulado nas diferentes ciências (incluindo as exatas), podemos ainda notar a dificuldade para muitos autores se lançarem nas ciências que não dominam com a mesma profundidade atingida nas suas especialidades. Esses autores não ousam trilhar por ciências onde não terão o mesmo reconhecimento de seus pares e aindaserem alvos fáceis de críticas dos especialistas dessas outras ciências. Devemos também considerar o extremo corporativismo ainda presente nos meios acadêmicos e científicos, que impede a troca de experiências e 27 informações entre cientistas de especialidades diferentes e supostamente antagônicas. A Ciência Ambiental exige dos atores envolvidos conhecimento aprofundado, espírito curioso e modéstia diante do desconhecido. Na sua fase atual, que é de busca da síntese e da perspectiva interdisciplinar, é fundamental a troca de conhecimentos de origens científicas diversas, possibilitando dar algumas respostas às complexas questões que fazem parte do seu quadro teórico. 9.1 Alguns Paradigmas da Ciência Ambiental Observamos que nos últimos anos o conceito de desenvolvimento sustentável tem substituído na literatura especializada os conceitos de desenvolvimento alternativo e ecodesenvolvimento. Porém, esses conceitos são originados da Conferência de Estocolmo de 1972, sendo que o de desenvolvimento alternativo lhe é anterior. A partir dessa Conferência, o ecodesenvolvimento foi o conceito mais fundido na literatura especializada, até, principalmente, a publicação do Report Brundtland em 1987. Pearce et al (1989) observam que existem diferentes definições de desenvolvimento sustentado que ilustram as diferentes perspectivas apresentadas, sobretudo na segunda metade da década de 80, na literatura anglo-saxônica. À parte está questão de conceitualização, o que nos parece importante enfatizar é que atualmente as propostas de desenvolvimento econômico que não levam em consideração os fatores ambientais estão condenados ao esquecimento. As recentes mudanças no cenário político internacional têm mostrado que tanto sob o capitalismo como sob o socialismo a questão ambiental tem um peso político muito grande que interessa tanto a uns quanto a outros. Motivo pelo qual a ideia de desenvolvimento sustentado tem estado presente nos debates e acordos internacionais. Porém, ela não se apresenta de forma homogênea, como já foi assinalado por Pearce et al (1989). Nas sociedades capitalistas periféricas, a ideia de desenvolvimento sustentável não pode se restringir à preservação de recursos naturais, visando o abastecimento de matérias primas às gerações futuras, como tem sido 28 enfatizado nos países de capitalismo avançado. Elementos básicos das necessidades humanas e intimamente dependentes da problemática ambiental, como transportes, saúde, moradia, alimentação e educação, estão longe de terem sido resolvidos. Nos pontos comuns e divergentes entre sociedades capitalistas desenvolvidas e periféricas, podemos considerar que, para a realização do desenvolvimento sustentado em nível global, é de fundamental importância o estabelecimento de uma nova ordem econômica e ecológica, onde países dos hemisférios Norte e Sul possam dialogar em igualdade de condições. Porém, esse diálogo (se ocorrer) não será sem dificuldades, pois a falta de homogeneidade dos países do Terceiro Mundo e a passividade frente ao poderio econômico (e militar) dos países do Norte são duas dificuldades evidentes. Em face disso, qualquer que seja o conceito de desenvolvimento, dificilmente podemos garantir, pacificamente, às gerações futuras de qualquer parte do globo, o patrimônio natural e cultural comum da humanidade. 9.2 Resgate histórico sobre a origem dos problemas ambientais da atualidade Os nossos ancestrais, que viveram a cerca de 02 (dois) milhões de anos atrás (homo erectus), se alimentavam através da caça, da pesca e da colheita de onde eles retiravam todos os nutrientes necessários para sua sobrevivência. Tal processo se deu de forma dinâmica, ou seja, as primeiras civilizações eram nômades, não tinham locais de moradia fixos, permanecendo na localidade até o momento que está tinha suprimentos suficientes para sua alimentação e, consequentemente, sobrevivência. Apesar do processo de exploração do meio ambiente ter se dado de forma mais amena, devido a uma menor população, com menor mobilidade e a inexistência de tecnologias de alto poder destrutivo, verificou-se a extinção de algumas espécies animais, como também, a modificação do meio ambiente através de queimadas e derrubadas de árvores. Ou seja, o homem interferia no meio ambiente o qual estava inserido, modificando-o de modo a atender suas necessidades (PONTING, 1995). Com o surgimento da agricultura, processo que se desenvolveu de forma inconsciente através das modificações feitas pelo homem ao meio ambiente, foi 29 possível estabelecer moradias fixas (sedentários), o que aumentou, por conseguinte, o crescimento da população uma vez que, existiam mais alimentos disponíveis em pequenos espaços. Fato que deu origem às primeiras cidades. Tomando por base as discussões levantadas por Clive Ponting (op. cit.) pode-se tecer algumas considerações a esse respeito, a saber: a agricultura foi fundamental para fixação do homem nos territórios, o que possibilitou um maior crescimento populacional; inovações tecnológicas (uso do fogo, da roda e da escrita, por exemplo); a agricultura também propiciou o surgimento de batalhas, verdadeiras disputas entre sociedades distintas por terras e recursos naturais, fato que desencadeou o surgimento de armamentos de defesa de modo a garantir a segurança de seus territórios; a agricultura foi responsável pelos primeiros impactos ocasionados ao meio ambiente, os quais, com o tempo e amplitude, tornaram- se avassaladores. Complementando as observações sobre a relação entre os problemas ambientais e o surgimento da agricultura, o autor supramencionado ressalta esta questão enfatizando que, a partir do advento da agricultura, assistiu-se (a humanidade) aos primeiros exemplos de alterações ocasionadas pela ação humana, bem como o seu poder de destruição, se caracterizando como os primeiros exemplos de sociedade que danificavam o ambiental de forma a provocar o seu próprio colapso. Dessa forma, observou-se que, após o advento da agricultura, e o surgimento das primeiras cidades, houve uma grande modificação no processo de organização das antigas civilizações, dando origem a sociedades cada vez mais organizada, hierarquizada e estratificada. O homem passou a interferir no meio ambiente de forma a atender suas necessidades, transformando o meio natural em meio cultural, e dessa forma, não se enxergando como parte da natureza4 em que vive e da qual sobrevive. Desse modo, a exploração ambiental se intensificou, o homem julgando-se senhor da natureza poderia, portanto, manipulá-la como desejasse. Tal ideia, de superioridade, foi posta em prática pelo fato do homem se considerar um ser social, de acordo com Gonçalves (2008, p. 39/40): 30 Dizer, portanto, que o homem é um ser social como se isso o distinguisse dos demais seres da natureza pode ser uma afirmação altissonante, mas que pouco faz avançar qualquer esforço de diferenciação entre o homem e a natureza, na medida em que os seres vivos, sobretudo os animais, já vivem socialmente. Isso não quer dizer que o homem não seja um animal social, mas que é social porque é animal e os animais vivem socialmente. De acordo com Branco (2007), a origem da palavra natureza vem do latim natura, que em suas raízes tinha o significado de “ação de fazer nascer”. Natureza é, assim, a faculdade geradora, o princípio e o conjunto de tudo que nasce. A palavra natureza corresponde à palavra physis, do grego, que significa nascimento, origem, força, geração. Para Capra (2004) a natureza é uma complexa teia de relações entre as várias partesde um todo unificado. A “teia da vida” é uma ideia antiga, que tem sido utilizada por poetas, filósofos e místicos ao longo do tempo para transmitir o sentido de entrelaçamento e de interdependência de todos os fenômenos. Para Capra (2004) a natureza é uma complexa teia de relações entre as várias partes de um todo unificado. A “teia da vida” é uma ideia antiga, que tem sido utilizada por poetas, filósofos e místicos ao longo do tempo para transmitir o sentido de entrelaçamento e de interdependência de todos os fenômenos. 31 Ao observar o Quadro 01, pode-se inferir que a ideia de dominação do homem sobre a natureza também está presente nas mais diversas culturas e religiões, onde o homem é visto como ser antropocêntrico e superior a qualquer outra forma de vida. De acordo com a religião cristão-judaica, “o homem foi feito à imagem de Deus, tendo, portanto, o direito de dominar o mundo”. Do mesmo modo, no pensamento pré-cristão, a ideia do homem como guardião do mundo e da natureza também vigorou. Assim como no islamismo e no judaísmo onde a total separação do homem e da natureza ainda persiste (DREW, 2011). Com isso, verifica-se que a exploração do homem sobre o meio ambiente está fundamentada em preceitos bastante antigos (como os dogmáticos) e culturalmente enraizada numa concepção de eterna supremacia humana sobre todos os outros seres, o que dificulta o desvinculamento do homem deste constante processo de dominação e expropriação dos bens naturais, tendo em vista, que, no seu entender, tal fato é algo natural e intrínseco da sua condição de ser humano. 32 9.3 Participação Social Os movimentos ecológicos surgidos nas sociedades capitalistas desenvolvidas nos anos 70 se caracterizam inicialmente por uma crítica ao modelo de sociedade industrial. A esse início "contracultura", foram se aglutinando tanto os movimentos preservacionistas de espécies animais e vegetais, como movimentos pacifistas e anti-nucleares. Fonte: abm.org.br O surgimento e a evolução desses movimentos devem ser vistos dentro do contexto da participação civil em sociedades democráticas. A organização de grupos e a posterior constituição de "partidos verdes" só se tornaram possíveis graças à crescente mobilização da população frente a decisões do Estado. Nos países onde a democracia é incipiente, a organização da população se faz com resultados menos satisfatórios, mas não menos combativos. É importante assinalar que a visão de Estado e da participação da sociedade civil nas diferentes ideologias políticas, que se posicionam nos países da América Latina, influi na prática de organizações civis frente à questão ambiental. Se o que aparece com mais frequência é a ideia de autonomia frente ao Estado, no entanto ela apresenta conotações ideológicas muito diferentes. Num primeiro momento, tivemos a influência das ideias autonomistas surgidas nos anos 60, onde se caracteriza a perspectiva crítica ao Estado centralizador e autoritário, às suas opções de desenvolvimento e de saque ao meio ambiente com as suas consequências sociais. 33 No entanto, esta posição mais crítica foi perdendo terreno nos últimos anos a favor de tendências que, embora contrárias à interferência do Estado, se posicionam e atuam no terreno das ideias neo-liberalizantes. A participação da população nas questões ambientais tem basicamente se destacado nos grandes centros urbanos, mas também fora deles, aglutinando diferentes camadas sociais em torno de questões específicas. Inúmeras entidades ecológicas e/ou ambientalistas surgiram no continente nos últimos anos, porém com penetração mais localizada, e muitas delas atreladas a interesses econômicos e políticos nem sempre muito claros. Podemos considerar que essa quantidade de novas organizações ocorre devido ao processo de democratização. A atuação de cada um desses movimentos e a sua continuidade ficará por conta daqueles que: apresentarem respostas aos graves problemas ambientais puderem discuti-las democraticamente e tiverem meios econômicos e técnicos para viabilizá-las. Várias propostas de participação têm sido colocadas à sociedade, porém só a autonomia dos movimentos sociais frente ao Estado, aos partidos políticos, meios de comunicação de massa, monopólios econômicos e seitas religiosas poderá garantir o seu potencial crítico ao modelo de desenvolvimento, favorecendo a consolidação da democracia no continente. Isso não ocorrerá, no entanto, sem o desenvolvimento da consciência de cidadania, possível através da educação popular ambiental. 9.4 Impacto Ambiental: aspectos conceituais Segundo a Resolução CONAMA nº 01/1986, considera-se impacto ambiental qualquer alteração nas propriedades físicas, químicas e biológicas do ambiente causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetem: a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do ambiente e a qualidade dos recursos ambientais. Coelho (2004) define impacto ambiental como sendo um processo de mudanças sociais e ecológicas causado por perturbações (uma nova ocupação e/ou construção de um objeto novo: uma usina, uma estrada ou uma indústria) 34 no ambiente. Diz respeito ainda, de acordo com a autora, com a evolução conjunta das condições sociais e ecológicas estimuladas pelos impulsos das relações entre forças externas e internas à unidade espacial e ecológica, histórica ou socialmente determinada. É a relação entre sociedade e natureza que se transforma diferencial e dinamicamente. Os impactos ambientais são descritos no tempo e incidem diferentemente, alterando as estruturas das classes sociais e reestruturando o espaço. Para Hammes (2004), os impactos das atividades estão relacionados à suas necessidades de existência, que absorve, transforma e produz resíduo. A magnitude dessa relação no espaço depende das questões culturais, de consumo de produtos mais ou menos industrializados, com ou sem embalagens descartáveis e não descartáveis, assim por diante. A complexidade maior ou menor reflete-se no custo das resoluções dos problemas ambientais, de toda a natureza. De acordo com Valle (2004), até recentemente, a poluição ambiental era estudada apenas por seus efeitos locais e as soluções encontradas eram sempre aplicadas de forma também localizada. O tratamento dos esgotos sanitários e a coleta de lixo urbano para disposição em aterros são dois exemplos clássicos de soluções locais. Agia-se localmente, sem a percepção de que essas ações afetavam globalmente o meio ambiente (VALLE, op. cit., p. 28). Os impactos ambientais estão sendo cada vez mais evidenciados na atualidade. Na medida em que o processo de exploração e apropriação da natureza está se dando de maneira desordenada, sem nenhum controle e com total desrespeito com um bem tão precioso: o meio ambiente. A preocupação está voltada para a acumulação e o crescimento econômico sem levar em consideração o modo que este está sendo feito. Um exemplo é o aumento da geração de resíduos sólidos típico do mundo atual e do processo capitalista no qual estamos inseridos. Neste processo capitalista, o consumo é incentivado como forma de fomentar o desenvolvimento econômico. 35 10 MEIO AMBIENTE E A EDUCAÇÃO AMBIENTAL Fonte: gazetadopovo.com.br Vive-se hoje num momento crítico em relação às questões ambientais. O planeta dá sinais evidentes de que não suporta mais o ritmo de consumo que dos dias atuais. A poluição ambiental (da terra, da água e doar) chegou a níveis consideráveis, tão consideráveis que em determinadas regiões de alguns países o nível de poluição provoca deformidades e problemas de saúde nos habitantes locais. Quando o meio ambiente é agredido mesmo sem intenção, acaba refletindo em toda parte, no mundo inteiro. Muitos desastres ocorreram, prejudicando o clima e o meio ambiente, sendo isso o resultado do modo de vida e da forma egoísta do ser humano pensar. O lado positivo da história é a conscientização da humanidade, que começa a repensar a forma com que trata do planeta e acabam tomando consciência de que algo deve mudar e para isso cada um deve fazer a sua parte. As empresas são o motor da sociedade. Seja uma pequena ou grande empresa, movimentam a economia, geram empregos, criam novos comportamentos, promovem desenvolvimento, entre outros benefícios que acabam melhorando os negócios e agregam valores também a sociedade. 36 Dessa forma essas empresas passam a ser sustentáveis, de outra forma, por ter “qualidade”. Com essa visão de investimento a empresa recebe a admiração do mercado e o orgulho de seus funcionários dos usuários por fazer parte. Elas constroem assim, um valor real, pois de fato contribuem com a sociedade e acabam encontrando na sustentabilidade um apoio para se fixarem e construírem sua base. E um jeito de conduzir os negócios, promovendo um bom desempenho econômico é basear-se nas dimensões propostas pela sustentabilidade, que são três: econômico, ambiental e social. O tema sustentabilidade está ganhando espaço, mas infelizmente ainda não é bem aceito como deveria por algumas empresas. Pois, muitos empresários acham que promover a sustentabilidade em suas empresas vai gerar um aumento nos custos, causando assim um prejuízo desnecessário, podendo atrapalhar a sua penetração no mercado. Mas, aos poucos, essa visão dos empresários está mudando, pois, os consumidores estão se conscientizando e preocupados com o futuro, eles começam a pressionar e exigir, empresas como modelo de sustentabilidade, para assim consumir seus produtos e serviços. A preocupação com o meio ambiente pelo legislador constitucional, fez inserir dentro do “Título VIII – Da ordem social”, o capítulo VI específico sobre o tema, denominado “Do Meio Ambiente”, em seu art. 225. Entendendo-se por “meio ambiente” como “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas” (ressaltei – art. 3º, da Lei n. 6.938/81).E segundo a concepção de Orlando Soares, “a noção de meio ambiente está intimamente ligada a dois principais aspectos: o equilíbrio biológico e a ecologia.” O meio ambiente pode ser visto ainda à luz do patrimônio cultural, diretriz traçada pelo art. 216 da Constituição Federal, que como entende Luiz Alberto Araújo: “envolvendo a interação do homem com a natureza, as formas institucionais das relações sociais, as peculiaridades dos diversos segmentos nacionais (…) Sob essa ótica, … o patrimônio cultural envolve o meio ambiente cultural. É que o meio ambiente natural, embora, por evidente, tenha existência autônoma, ganha significado no contexto social, na medida das projeções de valores que recebe. Uma formação rochosa, por exemplo, uma vez objeto dessa projeção de valores, ganha significado no arcabouço das relações sociais: recebe uma classificação quanto à origem, tem sua formação 37 localizada em determinada fase histórica e serve de referência à identidade do país”. O modo como o homem vem utilizando os recursos naturais de forma inadequada tem levado a muitas consequências, sobretudo para o meio ambiente que cada vez mais vem sendo degradado, onde o ser humano tem visado apenas o lucro em detrimento da degradação ambiental. Diante dessa situação, se faz necessária uma educação ambiental que conscientize as pessoas em relação ao mundo em que vive para que possam ter acesso a uma melhor qualidade de vida, mas sem desrespeitar o meio ambiente, tentando estabelecer o equilíbrio entre o homem e o meio. A expressão “Educação Ambiental” (E.A.) surgiu apenas nos anos 70, sobretudo quando surge a preocupação com a problemática ambiental. A partir de então surge vários acontecimentos que solidificaram tais questões, como a Conferência de Estocolmo em 1972, a Conferência Rio-92 em 1992, realizada no Rio de Janeiro, que estabeleceu uma importante medida, Agenda 21, que foi um plano de ação para o século XXI visando a sustentabilidade da vida na terra (Dias, 2004), dentre outros. A sobrevivência humana sempre esteve ligada ao meio natural. Mas com o padrão desenvolvimentista de acumulação e concentração de capital, verifica- se uma apropriação da natureza de forma inadequada, onde se retira dela muito além do necessário ao sustento humano em nome do capitalismo que só visa o lucro, provocando desequilíbrio na relação do homem com o meio natural, onde o processo de degradação tem aumentado cada vez mais, comprometendo a qualidade de vida da sociedade. Desta maneira se faz necessário medidas urgentes em todo mundo quanto a uma conscientização das pessoas que a levem a gerar novos conceitos sobre a importância da preservação do meio ambiente no dia-dia, e a educação ambiental é uma ferramenta que contribuirá significativamente neste processo de conscientização, pois a E.A. segundo Dias (2004, p 523) é: “Processo permanente no qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência do seu meio ambiente e adquirem novos conhecimentos, valores, habilidades, experiências e determinação que os tornam aptos a agir e resolver problemas ambientais, presentes e futuros.” 38 A educação ambiental tornou-se lei em 27 de Abril de 1999, pela Lei N° 9.795 – Lei da Educação Ambiental, onde em seu Art. 2° afirma: “A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal”. É importante lembrar que o Brasil é o único país da América Latina que possui uma política nacional específica para a Educação Ambiental. A EA nesta perspectiva apresenta um caráter interdisciplinar, onde sua abordagem deve ser integrada e continua, e não ser uma nova disciplina, ou seja, “A Educação Ambiental não deve ser implantada como uma disciplina no currículo de ensino em conformidade com a lei 9.795/99” A EA tem sido um componente importante para se repensar as teorias e práticas que fundamentam as ações educativas, quer nos contextos formais ou informais, deve ser interdisciplinar, orientado para solução dos problemas voltados para realidade local, adequando-os ao público alvo e a realidade dos mesmos, pois os problemas ambientais de acordo com Dias (2004) devem ser compreendidos primeiramente em seu contexto local, e em seguida ser entendida em seu contexto global. É importante que ocorra um processo participativo permanente, de maneira que não seja apenas e exclusivamente informativa, é imprescindível a prática, de modo a desenvolver e incutir uma consciência crítica sobre a problemática ambiental. No que diz respeito a sustentabilidade, o consumo sustentável é aquele que utiliza serviços e produtos que respondam às necessidades básicas de toda a população trazendo melhoria na qualidade de vida, reduzindo o uso de recursos naturais, materiais tóxicos, produção de lixo e a emissão de poluição em todo o ciclo de vida, sem comprometer as gerações futuras (CDS/ONU, 1995). O tratamento dado ao consumo sustentável tem um sentido de prevenção, onde é assegurada a garantiade consumo, mas, com modificações importantes nos padrões deste, objetivando minimizar os impactos ambientais de descarte e do uso exagerado dos recursos naturais (CORTEZ e ORTIGOZA, 2007, p. 13). Uma revisão no estilo de vida se faz necessária somada a necessidade de se repensar num padrão condizente com o mundo sustentável, onde cada ação deve ser efetivada de forma coerente (NALINI, 2004, p. 61-63). 39 O consumo é essencial para a vida humana, visto que cada um de nós é consumidor, não estando o problema no consumo, mas nos padrões e efeitos referente às pressões sobre o meio ambiente. De um lado o consumo abre oportunidades para o atendimento das necessidades individuais de alimentação, habitação e desenvolvimento humano, mas, necessário se faz uma análise constante da capacidade de suporte do planeta em contrapartida ao consumo contemporâneo (FELDMANN, 2007, p. 78). Torna-se perceptível que os atuais padrões de consumo estão nas raízes da crise ambiental, onde a crítica ao consumismo passou a ser vista como uma contribuição para a construção de uma sociedade sustentável (PORTILHO, 2005, p. 67) Assim, se a produção deve ser sustentável, o consumo o deve ser, produzindo apenas o que se consome, sem desperdício ou criação de necessidades artificiais de consumo, na afirmativa de que não se pode consumir o que não se produz (MILARÉ, 2004, p. 150). As bases do princípio do desenvolvimento sustentável, conceito consolidado por meio da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente, foram lançadas em 1987, concebidas como o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes sem comprometer, contudo, a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades (MILARÉ, 2004, p. 149- 150). 11 CRIMES AMBIENTAIS A Lei de Crimes Ambientais nº. 9.605/1998, considerada como de fundamental evolução por trazer ao cidadão mecanismos quando da proteção da vida através das sanções penais ambientais, dispões ainda de sanções administrativas, provindas das condutas e atividades lesivas ao meio ambiente (FIORILLO, 2003, p. 376). Por se tratar de norma que versa sobre o meio ambiente, o artigo 225 da Constituição Federal recebe o rótulo de norteador temático, sendo que diversos dispositivos constitucionais tutelam ainda este bem jurídico. Destacam-se as garantias de propriedade exposto no art.5º, XXII e XXIII, da propriedade 40 intelectual tratado no art.5º, XXIX, dos princípios da ordem econômica e financeira conforme art. 170 e ainda a proteção dos índios, texto este encontrado nos arts. 231 e 232, dentre outros. Fonte: mesquita.rj.gov.br Todas as condutas do Estado em prol da proteção ambiental estão vinculadas automaticamente aos princípios gerais do Direito Público, em especial, ao princípio da primazia do interesse público e da indisponibilidade do mesmo (MILARÉ, 2005, p.160). O Brasil possui um arcabouço jurídico considerável na custódia do meio ambiente através de uma legislação ambiental moderna e um considerável número de normas visando tal proteção. Inclusive os municípios brasileiros já contam com leis específicas e Códigos locais de defesa ambiental, o mesmo se notando quando da preocupação com o tema nas três esferas da federação, que tratam também da normatização ambiental (KRELL, 2004, p.89). Por tal proteção estar inserida na Carta Magna brasileira no art. 170, VI como um dos princípios da evolução econômica, com forte influência nas normas legais recentes (v.g., Estatuto da Cidade), o desenvolvimento sustentável pode ser considerado um princípio de direito (FREITAS, 2005, p. 238). 41 12 BIOTECNOLOGIA AMBIENTAL Fonte: bioblog.com.br Prevenir ou resolver problemas envolvendo a contaminação ambiental está na essência da biotecnologia ambiental, uma área que abrange a utilização e aplicação de diversas técnicas biológicas visando a promoção do meio ambiente. É caracterizada por ser um sistema de conhecimento científico e de engenharia que utiliza micro-organismos e demais produtos para realizar o biotratamento de sólidos, líquidos e resíduos gasosos, além da biorremediação de ambientes poluídos. Embora inicialmente possa ser associada apenas à biologia, ela é uma ciência multidisciplinar e seu alcance se estende a linhas legislatórias, científicas, econômicas, normativas, sociais e tecnológicas, dialogando constantemente com questões ligadas à química, direito, biologia e engenharia. 12.1 Biotecnologia ambiental na prática Com a biotecnologia ambiental é possível gerar mecanismos que tratam de efluentes, dar o andamento adequado ao lixo e gerar plantações que são mais resistentes a doenças. Entre as vantagens do tratamento biotecnológico dos resíduos estão: 42 Utilização de micro-organismos naturais para a biodegradação ou desintoxicação de uma vasta gama de substâncias perigosas; Oferta de diversos métodos biotecnológicos para a destruição completa de lixos tóxicos; Diversidade de condições adequadas para a biodegradação. Existem quatro principais tipos de aplicações da biotecnologia ambiental, são elas: Biomarcadores: essa aplicação ajuda a medir o nível de danos ocorridos, exposição dos efeitos tóxicos e consequências da poluição causada. Bioenergia: o significado coletivo de biogás, biomassa, combustíveis e hidrogênio é chamado de bioenergia. A utilização desta aplicação da biotecnologia ambiental está nos setores industriais, domésticos e no espaço. Atualmente existe a necessidade de encontrar outra fonte de energia limpa que não sejam os combustíveis anteriormente citados. Um dos exemplos pioneiros de energia verde são os resíduos recolhidos a partir dos resíduos orgânicos e da biomassa, essas opções ajudam a amenizar os problemas de poluição gerados ao ambiente. O fornecimento de energia de biomassa tornou-se de grande importância em todo o planeta. Biorremediação: o processo de limpeza das substâncias perigosas em compostos não tóxicos é chamado de biorremediação. Este processo envolve tecnologias de limpeza que utilizam micro-organismos naturais. Biotransformação: para as mudanças que ocorrem na biologia do ambiente, especificamente modificações do composto complexo de simples não tóxico para tóxico ou o inverso, classifica-se o processo como biotransformação. Ele é usado no setor industrial, 43 fazendo com que substâncias tóxicas sejam transformadas em bioprodutos. Todas essas informações evidenciam o quanto a biotecnologia ambiental é fundamental para desenvolver e regular de forma eficiente os sistemas biológicos no planeta, evitando a poluição e a contaminação da terra, água e ar. 44 BIBLIOGRAFIA MOUTINHO, Wilson Teixeira. Sistemas Agrícolas. Disponível em <https://www.coladaweb.com/geografia/sistemas-agricolas>. Acesso em: 24/09/2018. FRANCISCO, Wagner de Cerqueria e. "Agricultura de Subsistência"; Brasil Escola. Disponível em <https://brasilescola.uol.com.br/geografia/agricultura- subsistencia.htm>. Acesso em 24/09/2018. FRANCISCO, Wagner de Cerqueria e. Agricultura Orgânica. Disponível em <https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/agricultura-organica.htm>. Acesso em 24/09/2018. REBOUÇAS, Fernando. Agricultura comercial. Disponível em <http://agendapesquisa.com.br/agricultura-comercial/>. Acesso em 25/09/2018. MARCONDES, S. Brasil, amor à primeira vista! Viagem ambiental no Brasil do século XVI ao XXI. São Paulo: Editora Fundação Peirópolis, 2005. ANTUNES, P. B. Direito Ambiental, 7 ed. Rio de Janeiro: Lúmen Juris, 2004. ARAÚJO, L. A. D.; NUNES JR, V. S.
Compartilhar