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Metodologia do Ensino da Ginástica Escolar - livro
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diferentes maneiras de andar, correr, pular e se esticar, aprendendo inclusive a interagir com os colegas. Para os mais velhos, de três anos, Camila propõe uma variação da brincadeira. Ela forma uma roda com todos sentados no chão e, com um rolo de barbante na mão, aponta para alguém e fala: “Se eu fosse uma aranha, subiria até o céu”. Sua auxiliar vai desenrolando o fio até chegar à criança, que diz: “Eu iria até o fundo do mar...” e aponta para outro coleguinha. Assim, atravessando a roda de lá para cá, o barbante forma uma grande teia, fixada em diferentes pontos da sala. Cantarolando (leia a letra da música acima), a meninada engatinha por baixo da teia e passa entre os fios, dançando e se equilibrando. Assim, todos aprimoram a destreza nos movimentos. Cada um tem seu ritmo Durante as atividades, a professora faz avaliações individuais. Esse acompanhamento é essencial para conhecer cada um e respeitar seus limites. Sabe-se que com três meses o bebê sustenta a cabeça; com cinco vira o corpinho no berço; com seis já fica sentado; e com um ano começa a andar. Mas isso não é regra. “Quem não se encaixa nesse padrão não tem necessariamente um problema”, diz a professora de Educação Física Márcia Simão, de Florianópolis. Por isso, é importante saber se os pequenos moram em casa ou apartamento, se são levados para passear no parque ou se tiveram algum tipo de doença que possa ter afetado seu desenvolvimento. “Assim, o professor compreende as necessidades de cada um e pensa em estímulos para favorecer a evolução deles”, explica o médico Abelardo Bastos Pinto Júnior, da Sociedade Brasileira de Pediatria. LEITURA COMPLEMENTAR UNIDADE 1 | RESGATANDO AS RELAÇÕES ENTRE EDUCAÇÃO FÍSICA E A GINÁSTICA NO AMBIENTE ESCOLAR 6 Para observar a turma de três anos, a professora Adelir Pazetto Ferreira, do Núcleo de Educação Infantil Coqueiros, da rede municipal de Florianópolis, faz um convite. “Vamos dançar rock’n ‘roll?” (Leia a letra da música acima). Acompanhando a cantiga, todos formam uma roda, sacodem os braços, as pernas e a cabeça, giram sobre o próprio eixo, põem a mão na cintura e rebolam. Numa animação só, a turma levanta um dos braços e grita “hey!” para finalizar o remelexo. Apesar de acharem divertido, nem todos conseguem fazer os movimentos. “Alguns só observam antes de participar”, conta Adelir. Para encorajá-los, ela chama cada um pelo nome e mostra como se faz, só na curtição. A competição ensina O momento da brincadeira é ideal para incentivar o respeito entre os colegas, principalmente quando há a ideia de competição. “Eles precisam perceber que estão dando o seu melhor, independentemente de estarem numa competição”, explica a professora Sandra Santos da Silva Jacques. Ela costuma organizar circuitos com grupos de cinco anos no Colégio Miró, em Salvador. Numa das disputas que mais fazem sucesso, dois grupos, de pés descalços, têm de correr até o outro lado do corredor para colocar os sapatos antes do adversário. “Se alguém está muito lento, precisa ouvir gritos de estímulo e nunca vaias”, ensina Sandra. Na etapa em que é preciso carregar água num copo descartável de café, o desafio é aliar rapidez e equilíbrio. Divididos em duas filas adversárias, os pequenos levam o líquido até o outro lado da sala, o despejam em um recipiente e voltam correndo, dando a vez a outro colega. Sandra deixa que eles experimentem várias velocidades. Dessa forma, os alunos percebem que, quando correm muito, a água pode ser derrubada. “A prática adequada pede que o professor corrija sem apontar o erro como algo negativo”, afirma Carol Kolyniak, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Como cada um aprende de um jeito, é preciso modificar as formas de orientação. “Além de reproduzir um movimento feito pelo adulto, às vezes a criança precisa ouvir, passo a passo, como fazê-lo”, explica. Quando necessário, Camila, da Sá Pereira, dá uma orientação individualizada ao grupo de um a três anos. As crianças assistem a um vídeo com a música A Velha a Fiar, sobre uma confusão entre a senhora do título e diversos bichos - mosca, gato, cachorro, boi etc. Cantarolando, imitam os animais, aprimorando suas formas de expressão. Se ficam em dúvida no meio da brincadeira e perguntam: “Como se faz o boi?”, Camila logo relembra o gesto. Todos participam Observar a garotada brincando na hora do recreio é uma boa maneira de conhecer melhor o grupo. “Se alguém nunca topa participar de uma atividade, pode estar acontecendo uma exclusão pelos colegas”, alerta a professora Márcia, de Florianópolis. Além disso, tanto o educador quanto a família precisam TÓPICO 1 | CONCEITUAÇÃO E DIFERENCIAÇÃO DOS TERMOS EDUCAÇÃO FÍSICA E GINÁSTICA 7 informar quando uma criança se apresenta frequentemente triste e reclusa, para que ambos possam ajudá-la. A falta de estímulo ocorre também por dor ao repetir determinados movimentos. Para Kolyniak, o que causa mais problemas são as atividades de impacto, como correr e pular. “A orientação é alinhar o pé, o joelho e o quadril da criança. Se ela corre com o pé para fora, pode forçar o joelho para dentro”, explica. Para correr com conforto, o ideal é olhar para a frente e alternar os braços. É importante evitar a repetição de um só movimento na mesma aula e não permitir que os pequenos carreguem caixas e brinquedos que estejam acima de 10% do próprio peso. Com esses requisitos atendidos, a garotada terá um bom desenvolvimento muscular e motor e, acima de tudo, uma infância bem vivida. Inclusão Truques para não deixar ninguém de fora Carol Kolyniak propõe uma adaptação para que cegos participem da atividade da teia de aranha, desenvolvida na Escola Sá Pereira, no Rio de Janeiro. O professor pode pegar na mão da criança e ajudá-la a sentir os fios e se movimentar entre eles, bem como orientá-la a erguer a perna para pulá-los ou se abaixar para passar por baixo deles. Depois de algum tempo, ela ganha autonomia na atividade. A etapa do circuito com água, proposta no Colégio Miró, de Salvador, pode ser adaptada ao cadeirante. Se ele se movimenta bem com a cadeira, pode movê-la com uma mão e carregar o copo com a outra. Se isso não for possível, ele leva o copo e um colega empurra a cadeira. Mesmo nesse caso, a habilidade do equilíbrio é desenvolvida. O colega que empurra, por sua vez, precisa observar se a velocidade é adequada. Além disso, o trabalho conjunto pede o diálogo durante a brincadeira. Os dois interagem para encontrar a melhor fórmula de acelerar sem perder o equilíbrio. Brincadeira com movimento... - Aprimora gestos e ritmos corporais. - Estimula a descoberta dos limites do corpo. - Sensibiliza para o convívio com os colegas. O Elefante na Teia de Aranha Um elefante Se pendurou Numa teia de aranha Mas quando viu Que a teia resistiu Foi chamar outro elefante... UNIDADE 1 | RESGATANDO AS RELAÇÕES ENTRE EDUCAÇÃO FÍSICA E A GINÁSTICA NO AMBIENTE ESCOLAR 8 (Repetir a letra com dois elefantes, depois com três, sucessivamente, até alcançar o número de crianças da classe.) Eu Danço Rock’n’roll Eu danço rock’n’roll, Eu danço rock’n’roll, Assim é bem melhor, hey! (Dançar em círculo, girar no próprio eixo e bater uma palma.) Eu boto a mão direita dentro, Eu boto a mão direita fora, Eu boto a mão direita dentro E eu sacudo ela agora (Sacudir a mão dentro e fora do círculo. Repetir a letra e a dança com mão esquerda, pé direito, pé esquerdo, cabeça e bumbum.) 9 Neste tópico você viu que: • A educação física tem responsabilidade na concretização do processo de formação e desenvolvimento de valores e atitudes. • A ginástica está inserida no PCN (1998) da Educação Física. • A ginástica está inserida em um bloco de conteúdos denominado esportes, jogos, lutas e exercícios físicos. RESUMO