Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Introdução ao Projeto de Aeronaves Aula 7 – Fundamentos de Aerodinâmica Definição de Aerodinâmica � A aerodinâmica é o estudo do movimento de fluidos gasosos, relativo às suas propriedades e características, e às forças que exercem em corpos sólidos neles imersos. � O estudo dos fenômenos que envolvem a aerodinâmica é de fundamental importância para o projeto global da aeronave, pois muitos aspectos estudados para se definir a melhor configuração aerodinâmica da aeronave serão amplamente utilizados para uma melhor análise de desempenho e estabilidade da aeronave, bem como para o cálculo estrutural da mesma, uma vez que existem muitas soluções de compromisso entre um bom projeto aerodinâmico e um excelente projeto total da aeronave. Aula 7 Prof. MSc. Luiz Eduardo Miranda J. Rodrigues A Física da Força de Sustentação � A força de sustentação representa a maior qualidade que uma aeronave possui em comparação com os outros tipos de veículos e define a habilidade de um avião se manter em vôo. � Alguns princípios físicos fundamentais podem ser aplicados para se compreender como a força de sustentação é criada, dentre eles, podem-se citar principalmente a terceira lei de Newton e o princípio de Bernoulli. Aula 7 Prof. MSc. Luiz Eduardo Miranda J. Rodrigues A Terceira Lei de Newton � Se existir um ângulo positivo entre a asa e a direção do escoamento, o ar é forçado a mudar de direção, assim, a parcela de escoamento na parte inferior da asa é forçada para baixo e em reação a essa mudança de direção do escoamento na parte inferior da asa, a mesma é forçada para cima, ou seja, a asa aplica uma força para baixo no ar e o ar aplica na asa uma força de mesma magnitude no sentido de empurrar a asa para cima. � Essa criação da força de sustentação pode ser explicada pela terceira lei de Newton, ou seja, para qualquer força de ação aplicada existe uma reação de mesma intensidade, direção e sentido oposto. � O ângulo pelo qual o escoamento é defletido por uma superfície geradora de sustentação é chamado de ângulo de ataque induzido “downwash angle”. Aula 7 Prof. MSc. Luiz Eduardo Miranda J. Rodrigues O Princípio de Bernoulli � A criação da força de sustentação também pode ser explicada através da circulação do escoamento ao redor do aerofólio. � Para se entender essa definição, deve-se compreender o principio de Bernoulli, que é definido da seguinte forma: "Se a velocidade de uma partícula de um fluido aumenta enquanto ela escoa ao longo de uma linha de corrente, a pressão dinâmica do fluido deve aumentar e vice-versa". Aula 7 Prof. MSc. Luiz Eduardo Miranda J. Rodrigues Matemática de Bernoulli � Tecnicamente, o principio de Bernoulli prediz que a energia total de uma partícula deve ser constante em todos os pontos de um escoamento. � Esse conhecimento permite entender por que os aviões conseguem voar. Na parte superior da asa a velocidade do ar é maior (as partículas percorrem uma distância maior no mesmo intervalo de tempo quando comparadas à superfície inferior da asa), logo, a pressão estática na superfície superior é menor do que na superfície inferior, o que acaba por criar uma força de sustentação de baixo para cima. Aula 7 Prof. MSc. Luiz Eduardo Miranda J. Rodrigues ctevpe =⋅⋅+ 2 2 1 ρ Diferença de Pressão � Para o caso de um perfil inclinado de um ângulo positivo em relação à direção do escoamento, as partículas de ar terão uma maior velocidade na superfície superior do perfil quando comparadas a superfície inferior, desse modo, a diferença de pressão estática existente entre a superfície superior e inferior será a responsável pela criação da força de sustentação. Aula 7 Prof. MSc. Luiz Eduardo Miranda J. Rodrigues Número de Reynolds � O número de Reynolds (abreviado como Re) é um número adimensional usado em mecânica dos fluídos para o cálculo do regime de escoamento de determinado fluido sobre uma superfície. � A importância fundamental do número de Reynolds é a possibilidade de se avaliar a estabilidade do fluxo podendo obter uma indicação se o escoamento flui de forma laminar ou turbulenta. � Em aeronaves de escala reduzida que participam da competição SAE AeroDesign, normalmente a faixa de número de Reynolds está compreendida entre 3x105 e 5x105. � A determinação do número de Reynolds representa um fator muito importante para a escolha e análise adequada das características aerodinâmicas de um perfil aerodinâmico, pois a eficiência de um perfil em gerar sustentação e arrasto está intimamente relacionada ao número de Reynolds obtido. Aula 7 Prof. MSc. Luiz Eduardo Miranda J. Rodrigues µ ρ cvRe ⋅⋅ = Teoria do Perfil Aerodinâmico � Um perfil aerodinâmico é uma superfície projetada com a finalidade de se obter uma reação aerodinâmica a partir do escoamento do fluido ao seu redor. � Os termos aerofólio ou perfil aerodinâmico são empregados como nomenclatura dessa superfície. Aula 7 Prof. MSc. Luiz Eduardo Miranda J. Rodrigues Nomenclatura do Perfil � A linha de arqueamento média representa a linha que define o ponto médio entre todos os pontos que formam as superfícies superior e inferior do perfil. � A linha da corda representa a linha reta que une os pontos inicial e final da linha de arqueamento média. � A espessura representa a altura do perfil medida perpendicularmente à linha da corda. � A razão entre a máxima espessura do perfil e o comprimento da corda é chamada de razão de espessura do perfil. � O arqueamento representa a máxima distância que existe entre a linha de arqueamento média e a linha da corda do perfil. Aula 7 Prof. MSc. Luiz Eduardo Miranda J. Rodrigues Ângulo de Ataque � O ângulo de ataque α é o termo utilizado pela aerodinâmica para definir o ângulo formado entre a linha de corda do perfil e a direção do vento relativo. � Representa um parâmetro que influi decisivamente na capacidade de geração de sustentação do perfil. Aula 7 Prof. MSc. Luiz Eduardo Miranda J. Rodrigues Ângulo de Incidência � Representa uma outra nomenclatura comum na definição aeronáutica. � O ângulo de incidência θ pode ser definido como o ângulo formado entre a corda do perfil e um eixo horizontal de referência. � Geralmente as asas são montadas na fuselagem de modo a formarem um pequeno ângulo de incidência positivo. Aula 7 Prof. MSc. Luiz Eduardo Miranda J. Rodrigues Ângulo de Incidência x Ângulo de Ataque Aula 7 Prof. MSc. Luiz Eduardo Miranda J. Rodrigues Seleção e Desempenho de um Perfil � Algumas características importantes que devem ser consideradas para a seleção de um novo perfil são: � a) influência do número de Reynolds; � b) características aerodinâmicas do perfil; � c) dimensões do perfil; � d) escoamento sobre o perfil; � e) velocidades de operação desejada para a aeronave; � f) eficiência aerodinâmica do perfil; � g) limitações operacionais da aeronave. Aula 7 Prof. MSc. Luiz Eduardo Miranda J. Rodrigues Características Aerodinâmicas do Perfil � Todo perfil possui características aerodinâmicas próprias, que dependem exclusivamente da forma geométrica do perfil, de suas dimensões, do arqueamento, bem como da sua espessura e do raio do bordo de ataque. � As principais características aerodinâmicas de um perfil são o coeficiente de sustentação, o coeficiente de arrasto, o coeficiente de momento, a posição do centro aerodinâmico e a sua eficiência aerodinâmica. Aula 7 Prof. MSc. Luiz Eduardo Miranda J. Rodrigues Coeficiente de Sustentação � O coeficiente de sustentação é usualmente determinado a partir de ensaios em túnel de vento ou em softwares específicos que simulam um túnel de vento. � O coeficiente de sustentação representa a eficiênciado perfil em gerar a força de sustentação. Perfis com altos valores de coeficiente de sustentação são considerados como eficientes para a geração de sustentação. � O coeficiente de sustentação é função do modelo do perfil, do número de Reynolds e do ângulo de ataque. Aula 7 Prof. MSc. Luiz Eduardo Miranda J. Rodrigues Perfil Eppler 423 - cl x alfa - Re 380000 0 0,5 1 1,5 2 2,5 0 5 10 15 Ângulo de ataque C o e f i c i e n t e d e s u s t e n t a ç ã o Coeficiente de Arrasto � o coeficiente de arrasto representa a medida da eficiência do perfil em gerar a força de arrasto. � Enquanto maiores coeficientes de sustentação são requeridos para um perfil ser considerado eficiente para produção de sustentação, menores coeficientes de arrasto devem ser obtidos, pois um perfil como um todo somente será considerado aerodinamicamente eficiente quando produzir grandes coeficientes de sustentação aliados a pequenos coeficientes de arrasto. � Para um perfil, o coeficiente de arrasto também é função do número de Reynolds e do ângulo de ataque. Aula 7 Prof. MSc. Luiz Eduardo Miranda J. Rodrigues Perfil Eppler 423 - cd x alfa - Re 380000 0 0,005 0,01 0,015 0,02 0,025 0,03 0,035 0,04 0 5 10 15 Ângulo de ataque C o e f i c i e n t e d e a r r a s t o Coeficiente Angular da Curva cl x α � A análise da curva cl versus α permite observar que a variação do coeficiente de sustentação em relação à α é praticamente linear em uma determinada região. � A inclinação dessa região linear da curva é chamada de coeficiente angular e denotada na aerodinâmica do perfil por a0. Aula 7 Prof. MSc. Luiz Eduardo Miranda J. Rodrigues Definição do Coeficiente Angular a0 � Nota-se que o coeficiente angular é calculado a partir da equação de uma reta, e portanto, escolhem-se dois pontos arbitrários dessa reta obtendo-se os valores de α1 e α2 com seus respectivos coeficientes de sustentação. Aula 7 Prof. MSc. Luiz Eduardo Miranda J. Rodrigues 12 12 0 ααα − − == lll cc d dc a Coeficiente de Momento e Eficiência Aerodinâmica Aula 7 Prof. MSc. Luiz Eduardo Miranda J. Rodrigues Perfil Eppler 423 - cl/cd x alfa Re 380000 0 20 40 60 80 100 120 0 5 10 15 Ângulo de ataque E f i c i ê n c i a a e r o d i n â m i c a Perfil Eppler 423 - cm x alfa - Re 380000 -0,3 -0,2 -0,1 0 0,1 0,2 0,3 0 5 10 15 Ângulo de ataque c o e f i c i e n t e d e m o m e n t o Definição do Coeficiente Angular m0 � O coeficiente angular da curva cm versus α também pode ser calculado de forma similar ao modelo utilizado para a curva cl versus α. � Tanto o coeficiente angular da curva cl versus α, como o da curva cm versus α representam parâmetros de grande importância para a determinação do centro aerodinâmico do perfil. Aula 7 Prof. MSc. Luiz Eduardo Miranda J. Rodrigues 12 12 0 αα − − = mm ccm Perfil Eppler 423 - cm x alfa - Re 380000 -0,3 -0,2 -0,1 0 0,1 0,2 0,3 0 5 10 15 Ângulo de ataque c o e f i c i e n t e d e m o m e n t o Eficiência Aerodinâmica �A curva da eficiência aerodinâmica do perfil também representa outro ponto de grande importância para o desempenho da aeronave. �Nesta curva estão representadas todas as relações cl/cd do perfil em função do ângulo de ataque, onde pode-se observar que esta relação atinge um valor máximo em algum valor de α > 0°, e este ângulo representa o ângulo de ataque no qual se obtém a maior eficiência aerodinâmica do perfil, ou seja, nesta condição, o perfil é capaz de gerar a maior sustentação com a menor penalização de arrasto possível. Aula 7 Prof. MSc. Luiz Eduardo Miranda J. Rodrigues Perfil Eppler 423 - cl/cd x alfa Re 380000 0 20 40 60 80 100 120 0 5 10 15 Ângulo de ataque E f i c i ê n c i a a e r o d i n â m i c a Tema da Próxima Aula � Forças Aerodinâmicas e Momentos em Perfis. � Centro de Pressão e Centro Aerodinâmico do Perfil. � Perfis de Alta Sustentação. Aula 7 Prof. MSc. Luiz Eduardo Miranda J. Rodrigues
Compartilhar