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Freios Ferroviários VALER - EDUCAÇÃO VALE Trilha Técnica: Ferrovia | Vagões Freios Ferroviários Trilha Técnica: Ferrovia | Vagões •• José Luiz Borba •• Mauro Antônio Bergantini Colaboradores Mensagem de direitos autorais: É proibida a duplicação ou a reprodução deste material ou de parte dele, sob qualquer meio, sem autorização expressa da Vale. Este material é destinado exclusivamente para o uso em treinamentos internos. M en sagem V aler Caro Empregado, Você está participando da ação de desenvolvimento Freios Ferroviários de sua Trilha Técnica. A Valer – Educação Vale construiu esta Trilha em conjunto com profissionais técnicos da sua área, com o objetivo de desenvolver as competências essenciais para o melhor desempenho de sua função e o aperfeiçoamento da condução de suas atividades diárias. Todos os treinamentos contidos na Trilha Técnica contribuem para o seu desenvolvimento profissional e reforçam os valores saúde e segurança, que são indispensáveis para sua atuação em conformidade com os padrões de excelência exigidos pela Vale. Agora é com você. Siga o seu caminho e cresça com a Vale. Vamos Trilhar! Su m ário Introdução 5 1. Freio Automático 7 1.1 Sistema de Freio Pneumático 8 2. Equipamento de Freio 26-L 14 2.1 Equipamentos das Locomotivas 15 2.2 Sistema de Alimentação de Ar Comprimido 27 2.3 Controle 46 2.4 Equipamento dos Vagões 101 3. Sistema de Freio a Ar Controlado por Computador 135 3.1 Módulos Eletrônicos do Sistema CCB II 136 3.2 Módulo de interface com o operador – OIM 147 4. Freio Eletropneumático de Vagões 149 4.1 Válvula de Freio Eletropneumática 150 4.2 Sistema de Controle de Freio EP-60 152 4.3 Comunicações da Linha do Trem 165 5. Dinâmica da Frenagem 172 5.1 Cálculos de Força 173 O aumento da capacidade de transporte de um trem não é somente uma questão de colocar mais vagões na composição. Três fatores são importantes para o aumento do volume de carga transportado: aumento da velocidade do trem, aumento da carga útil por vagão e aumento da quantidade de vagões no trem. Esses fatores envolvem algumas questões técnicas que devem ser levadas em conta para possibilitar o aumento da carga útil, tais como: •• capacidade de tração das locomotivas; •• capacidade dos trilhos; •• controle do tráfego de composições longas e mais velozes; •• sinalização; •• traçado das vias; •• pátios e linhas auxiliares; •• frenagem das composições. Frear um trem não é uma tarefa simples. O que possibilita a frenagem é um sistema composto por compressores, tubulações, mangueiras, reservatórios, válvulas, cilindros etc. Cada unidade de uma composição (locomotivas e vagões) tem seu próprio equipamento de freios, que funcionam em sincronia para que a composição possa frear de maneira uniforme e segura, até parar. In trodu ção 6Freios Ferroviários O sistema de freios dos trens evoluiu ao longo dos tempos, impulsionado pela necessidade de acompanhar o desenvolvimento do transporte de carga nas ferrovias, assim como outros desenvolvimentos técnicos. As primeiras composições eram mais limitadas em recursos para controlar a velocidade, dada a ausência de um sistema de frenagem eficaz – somente a locomotiva possuía a capacidade de frear. As pequenas composições da época podiam ser paradas apenas com o peso aderente da locomotiva. A frenagem era feita com a aplicação de contravapor e o acionamento manual do freio mecânico, composto por alavancas, que provocava a pressão de sapatas de madeira contra as rodas. A necessidade de aumentar o número de vagões em uma composição levou ao desenvolvimento do sistema de freios e à incorporação dos equipamentos de frenagem nos vagões, além da locomotiva. O desafio, entretanto, não é instalar esse tipo de equipamento nos vagões, mas fazê-lo funcionar em sincronia. Conhecer bem os sistemas de freio do transporte ferroviário é importante para garantir a segurança e ter maior controle sobre os problemas relacionados. Ao aprofundar esse tema, o curso visa a colaborar para o cumprimento dos objetivos da Vale, bem como atingir a excelência em pesquisa, desenvolvimento e implantação de projetos. Ao participar deste curso e cumprir os procedimentos definidos pela Vale, você contribui para que esses objetivos sejam atingidos. Inserir Imagem Freio A u tom ático Nesta unidade, será apresentada a seguinte lição: •• 1.1 Sistema de Freio Pneumático 1 8Freios Ferroviários 1.1 Sistema de Freio Pneumático Atualmente, a frenagem dos trens é produzida por um sistema de freio pneumático, cujo atuador final é um dispositivo mecânico acionado por um cilindro de freio. Quando o êmbolo do cilindro é deslocado, sua haste, por meio de um conjunto de alavancas (denominado timoneria), aplica esforço à sapata de freio, que atrita diretamente com a superfície de rolamento da roda. Observe, a seguir, uma imagem de um sistema de freio pneumático: P Cilindro de freio Timoneria Sapata de freio Contrassapata Alavanca de freio Sistema de freio pneumático A força total exercida pela sapata de material não metálico sobre a superfície de rolamento da roda na direção radial é originada pela atuação de ar comprimido sobre o êmbolo do cilindro de freio. O contato de deslize entre a sapata de freio e a roda produz uma força de atrito diretamente proporcional à força aplicada pela sapata de freio, gerando o conjugado retardador responsável pela redução da velocidade do trem. Por isso, o sistema de freio pneumático também é conhecido como sistema de freio de atrito. 9Freios Ferroviários Histórico O primeiro sistema de freio a ar comprimido desenvolvido para composições surgiu em 1869. Seu criador, George Westinghouse, chamou-o de freio a ar direto. George Westinghouse Sistema de freio a ar direto O sistema de freio a ar direto é composto por: •• compressor → fornece o ar comprimido para o reservatório principal; •• reservatório principal → vaso de armazenamento do ar comprimido; •• válvula alimentadora → controla a liberação do ar comprimido armazenado no reservatório principal para o encanamento geral por meio do manipulador de freio; •• encanamento geral → encanamento composto por um conjunto de tubos ligados entre si por torneiras e mangueiras flexíveis, que atravessa longitudinalmente cada veículo, levando o ar comprimido por toda a composição; •• cilindro de freio → cilindro de acionamento simples com retorno por mola, cujo êmbolo com haste é deslocado com a força produzida pela introdução do ar comprimido em sua câmara interna, através de uma derivação do encanamento geral; •• timoneria de freio → conjunto de alavancas e tirantes conectado à haste do cilindro de freio. É responsável pela transferência de esforços, a partir do avanço da haste, para as sapatas de freio, que atritam diretamente com a superfície de rolamento da roda. 10Freios Ferroviários Observe, a seguir, uma ilustração simplificada do sistema de freio a ar direto: Compressor de ar Manipulador de freio Válvula alimentadora Reservatório principal Mangueira de conexão Torneira Cilindro de freio Cilindro de freio Torneira Mangueira de conexão Torneira Torneira Encanamento geral Mangueira de conexão Encanamento geral Esquema do sistema de freio a ar direto Na aplicação dos freios, o ar comprimido armazenado no reservatório principal é liberado pela válvula de controle para o encanamento geral, que pressuriza diretamente a câmara dos cilindros de freio. A haste do cilindro de freio avança e aplica uma força na timoneria de freio, que a transforma em uma força radial da sapata de freio sobre a roda do veículo. O alívio dos freios é feito pela exaustão do ar comprimidodo encanamento geral e dos cilindros de freio para a atmosfera através da válvula de controle. Esse tipo de freio foi um grande avanço para a época e seu uso se difundiu rapidamente, tanto nos trens de carga, quanto nos trens de passageiros. Sua aplicação foi mais efetiva na Europa, onde as composições eram pequenas, e os vagões, variados. Contudo, o sistema acabou sendo preterido, porque apresentava uma série de inconvenientes: o tamanho dos componentes necessários para sua aplicação, a reduzida eficácia em composições maiores que 12 vagões, a perda de rendimento em grandes altitudes, a dificuldade de manutenção, sem contar que a frenagem cessava com o fracionamento do trem ou a ruptura da mangueira do encanamento geral. Além disso, o acionamento do freio começava pelos vagões da frente, para depois atingir os últimos vagões da composição, fazendo com que esses vagões finais, antes de receber a aplicação de freios, empurrassem os precedentes e a locomotiva. 11Freios Ferroviários Freio a ar automático Em 1872, para suprir as deficiências do freio a ar direto, George Westinghouse desenvolveu e patenteou outro sistema, que denominou freio a ar automático. O termo "automático" deve-se ao fato de que esse novo sistema aplicava os freios automaticamente em todos os vagões da composição em caso de vazamento ou ruptura da mangueira, sem necessidade de intervenção do maquinista. Para implementar esse novo sistema, além do cilindro de freio já existente em cada um dos veículos, foram introduzidos: •• válvula de comando → responsável pela aplicação ou alívio dos freios, é comandada pelo diferencial de pressão entre o encanamento geral e o reservatório auxiliar; •• reservatório auxiliar → vaso que contém o ar comprimido, responsável pelo acionamento dos cilindros de freio. A imagem a seguir é uma ilustração simplificada do sistema de freio a ar automático: Compressor de ar Manipulador de freio Válvula alimentadoraReservatório Principal Mangueira de conexão Torneira Válvula de comando Cilindro de freioReservatório auxiliar Reservatório auxiliar Cilindro de freio Válvula de comando Torneira Mangueira de conexão Torneira Torneira Encanamento geral Mangueira de conexão Esquema do sistema de freio a ar automático A válvula de comando ficou conhecida como válvula tríplice, por causa de suas três funções básicas: 1. Carregamento do sistema A válvula de comando direciona o ar que passa do reservatório principal da locomotiva pelo encanamento geral e carrega o reservatório auxiliar, até a equalização das pressões. Assim, o reservatório auxiliar fica disponível para acionamento dos freios. 12Freios Ferroviários Observe, a seguir, uma imagem do carregamento do sistema: Encanamento geral Válvula de comando Reservatório auxiliar Cilindro de freio Carregamento do sistema Importante! É necessário recarregar os reservatórios de cada veículo ao começar a operar a composição ou após a frenagem. 2. Aplicação do freio Para aplicar o freio à composição, é necessário reduzir a pressão no encanamento geral. A válvula de controle interrompe o fluxo de ar pelo encanamento geral e direciona o ar armazenado no reservatório auxiliar, por ocasião do carregamento, para pressurizar a câmara do cilindro de freio. A alimentação dos cilindros de freio diretamente no vagão elimina o tempo de comunicação do ar, não sendo necessário esperar por sua vinda desde o reservatório da locomotiva, tornando menor o tempo para aplicação do freio pela timoneira e da pressão das sapatas de freio contra as rodas. A aplicação do freio está ilustrada a seguir: Encanamento geral Válvula de comando Reservatório auxiliar Cilindro de freio Aplicação do freio Quando ocorre vazamento ou avaria do sistema, a válvula de controle aplica os freios automaticamente, sem intervenção do maquinista. Atenção! Importante! Saiba Mais! Recordando! 0-126-122 13Freios Ferroviários 3. Alívio do freio Para soltar o freio da composição, é necessário aumentar a pressão no interior do encanamento geral. A válvula de comando descarrega para a atmosfera o ar que estava contido no cilindro de freio, aliviando as sapatas de freio. Nessa operação, o encanamento geral novamente carrega o reservatório auxiliar, preparando-o para um novo acionamento. A imagem a seguir ilustra o mecanismo de alívio do freio: Encanamento geral Válvula decomando Reservatório auxiliar Cilindro de freio Alívio do freio Relembrando! Nesta unidade, você estudou o freio pneumático e o histórico do sistema de freios ferroviários. Pode-se destacar: • os elementos do sistema de frenagem; • os tipos de freio usados nas composições em cada época; • o sistema de freio a ar comprimido; • o sistema de freio a ar direto; • o sistema de freio a ar automático. Atenção! Importante! Saiba Mais! Recordando! 0-126-122 Inserir Imagem Equ ipam en to de Freio 26-L Nesta unidade, serão apresentadas as seguintes lições: •• 2.1 Equipamentos das Locomotivas •• 2.2 Sistema de Alimentação de Ar Comprimido •• 2.3 Controle •• 2.4 Equipamento dos Vagões 2 15Freios Ferroviários 2.1 Equipamentos das Locomotivas O Equipamento de Freio 26-L faz parte do sistema de freios ferroviários que opera com freio a ar automático, cujos componentes são instalados na locomotiva e em todos os vagões da composição. Ele possui todas as particularidades requeridas para o serviço de locomotivas de linha, inclusive controle de segurança, controle de sobrevelocidade, intertravamento com o freio dinâmico e proteção contra fracionamento do trem. É adequado para operação em tração múltipla com locomotivas equipadas com os sistemas de freio 6-SL e 24-RL, anteriores a ele. Seus principais componentes são: •• manipulador de freio 26-C; •• válvula de controle 26-F. A aplicação do freio automático é feita a partir da locomotiva, cujo equipamento, além de seu próprio freio, controla também a frenagem dos vagões. 16Freios Ferroviários A figura a seguir mostra a configuração do equipamento de freio 26-L em uma locomotiva e destaca alguns componentes principais. 16 14 12 5 5 6 6 6 6 5 5 12 13 15 15 5 6 7 6 6 10 11 9 8 6 5 5 4 4 33 2 1 33 3 1. Mangueira do encanamento geral 9. Válvula de emergência 2. Torneira angular 10. Válvula MU-2A 3. Mangueiras dos encanamentos equilibrante dos reservatórios principais, equilibrante dos cilindros de freio e atuante 11. Manipulador automático 4. Torneiras de esfera 12. Válvula de segurança 5. Sapatas de freio 13. Válvula magnética 6. Cilindros de freio 14. Válvula descarga 7. Compartimento de válvulas 15. Reservatório principal 8. Válvula de pedal 16. Compressor Localização dos principais componentes do sistema de freio na locomotiva O sistema de freio da locomotiva O sistema de freio da locomotiva é composto pelas seguintes unidades: •• alimentação; •• produção; •• armazenamento; •• condicionamento. •• distribuição; •• controle; •• aplicação. 17Freios Ferroviários Observe, a seguir, uma ilustração de um sistema de freio da locomotiva: Coletor de pó centrifugo Alimentação Produção Armazenamento Controle Distribuição Condicionamento Válvula magnética do compressor Válvula de segurança do resfriador intermediário 60 psi Filtro de admissão Compressor de ar Serpentina de resfriamento Válvula de segurança do compressor de ar 175 psi Resfriador intermediário Torneira interruptora Torneira interruptoraTorneira interruptora Manipulador de freio Válvula alimentadora Dispositivo de locomotivamorta Reservatório principal n0 1 Válvula de segurança 150 psi Válvula de retenção Válvula de retenção Reservatório principal n0 2 Torneira de dreno Encanamento geral Encanamento equilibrante dos reservatórios principais Encanamento equilibrante dos cilindros de freio Torneira de dreno Torneira de dreno Filtro Para o sistema dos equipamentos auxiliares Válvula de descarga n0 8 Ligação elétrica Torneira de sobrecarga Chave pressostática Governador do compressor 125 a 140 dpi Sistema de freio da locomotiva Cilindro de freio O cilindro de freio é o componente responsável por produzir uma força mecânica na timoneria de freio, fazendo com que as sapatas de freio sejam aplicadas à superfície das rodas, em resposta a um comando de pressão originado no reservatório auxiliar pela válvula de controle. Confira uma imagem de um cilindro de freio: Cilindro de freio 18Freios Ferroviários O cilindro de freio é um cilindro de metal fundido que contém um pistão conectado a uma haste de acionamento, ligada às alavancas da timoneria de freio. A imagem a seguir mostra os componentes do cilindro de freio: Componentes do cilindro de freio A haste de acionamento se movimenta dentro de uma haste oca que facilita sua inserção. O cilindro de freio está ilustrado na figura abaixo. Tampa Pistão Mola de alívio Haste de acionamento Haste oca Carcaça Diagrama esquemático de um cilindro de freio Quando o freio é aplicado, aumenta a pressão interna no cilindro, que empurra o pistão e faz avançar a haste de acionamento. Isso produz uma força mecânica na timoneria de freio. Importante! Quanto maior a pressão interna, maior será o esforço de frenagem. Quando os freios são aliviados, o ar comprimido no interior do cilindro é direcionado para a atmosfera e a mola de retorno move o pistão de volta, liberando as sapatas de freio. O curso do pistão do cilindro de freio deve propiciar folga entre as sapatas de freio e as rodas quando os freios estiverem aliviados e manter a pressão de regulagem das sapatas contra as rodas quando os freios estiverem aplicados. Atenção! Importante! Saiba Mais! Recordando! 0-126-122 19Freios Ferroviários Os cursos dos cilindros de freio são calculados. Deve-se usar, no máximo, ¾ do seu valor de deslocamento máximo. Os tipos de cilindros de freio utilizados em locomotivas estão especificados na tabela a seguir. Tipos de cilindro de freio de locomotivas CILINDRO DE FREIO IDENTIFICAÇÃO DO CILINDRO DE FREIO ÁREA [cm2] CURSO DO PISTÃO CARREGADO VAZIO 10” x 12” 10” de diâmetro 12” de curso máximo do pistão 506,4 8” 6 ¾” a 7 ½” 8” x 8” 8” de diâmetro 8” de curso máximo do pistão 324,5 4” 4” Criação de pressão no cilindro de freio da locomotiva Existem várias fórmulas para calcular a pressão do ar comprimido no cilindro de freio da locomotiva. Para facilitar a compreensão, será adotada a fórmula prática utilizada pelas ferrovias norte-americanas, que é: R → Redução de pressão no encanamento geral Desse modo, uma redução de 10 psi no encanamento geral representa 25 psi no cilindro de freio; uma redução de 20 psi representa 50 psi, e assim por diante. A válvula de controle é preparada de forma a estabelecer entre 62 e 65 psi de pressão máxima nos cilindros de freio da locomotiva, em aplicação máxima de serviço. Quando se utiliza o manipulador de freio independente, a válvula relé se incumbe de repetir nos cilindros de freio das locomotivas a pressão recebida do manipulador independente. A pressão máxima no cilindro de freio é regulada para aproximadamente 45 a 50 psi, no próprio manipulador independente. Ajustador de folga O ajustador de folga é um dispositivo que pode ser montado entre as alavancas da timoneria ou como tirante de freio, e tem por finalidade básica manter constante o curso do cilindro de freio, mesmo com os desgastes normais causados pelo atrito durante o processo de frenagem dos veículos ferroviários (que provocam um aumento do distanciamento entre as sapatas e as rodas). Ao encolher, o ajustador de folga mantém o curso do cilindro e puxa as alavancas da timoneria de ambos os lados do sistema. 20Freios Ferroviários O ajustador de folga se apresenta em duas formas: •• Ajustador manual O ajustador manual de folga do freio é um dispositivo constituído por barras com rosca ou furações equidistantes, ajustadas manualmente. Como mostra a imagem a seguir: Ajustador manual de folga Ajustador manual de folga •• Ajustador automático O ajustador automático de folga do freio possui um sistema de catraca que atua de forma automática, sempre que o freio é aplicado. Observe a imagem a seguir: Ajustador automático de folga Ajustador de automático de folga 21Freios Ferroviários Sapatas de freio A sapata de freio é o componente do sistema de freio que transmite diretamente a força de frenagem para as rodas. Assim, produz o retardamento ou a parada das locomotivas e vagões. As principais características de uma boa sapata de freio são: •• coeficiente de atrito adequado sob as várias condições de trabalho, tais como velocidade, temperatura e umidade; •• durabilidade; •• não causar agressão excessiva às rodas; •• não produzir ruídos excessivos; •• não gerar odores ofensivos; •• não conter compostos nocivos à saúde. Há dois tipos de sapatas de freio: Ferro fundido A ilustração a seguir mostra uma sapata de ferro fundido: Sapata Contrassapata Sapata de ferro fundido Entre as desvantagens desse tipo de sapata, podem-se destacar o faiscamento e o desgaste desigual das rodas. 22Freios Ferroviários Composição não metálica As sapatas de composição não metálica apresentam em sua composição uma matriz polimérica composta por borrachas e resinas com cargas inertes, modificadores de atrito e fibras. A ilustração a seguir mostra uma sapata de composição não metálica. Sapata Contrassapata Sapata de composição não metálica As sapatas de composição não metálica foram desenvolvidas em 1997, como uma alternativa econômica para substituir as sapatas de ferro fundido. No entanto, por possuírem maior capacidade de frenagem, não são diretamente intercambiáveis com as sapatas de ferro fundido. Importante! A Circular C-9736 acrescentada ao AAR Field Manual Rule 12 estabeleceu que a aplicação de sapatas de freio de ferro fundido ficaria proibida a partir de 1º de janeiro de 2005. Atenção! Importante! Saiba Mais! Recordando! 0-126-122 23Freios Ferroviários Os componentes de uma sapata de composição não metálica estão mostrados na figura a seguir. Material de atrito Caixilho Patim Trava Componentes da sapata de freio de composição não metálica MATERIAL DE ATRITO → Parte não metálica que atua sobre a superfície de rolamento da roda e pode ser fornecida com coeficiente de atrito baixo, médio ou alto. PATIM → Reforço metálico sobre o qual é assentado o material de atrito. CAIXILHO → Parte em que atua a chaveta de fixação da sapata na contrassapata. TRAVA → Saliência do patim que serve como batente para encaixe na contrassapata. Atualmente, as sapatas de freio de composição não metálica são as mais utilizadas, porque oferecem várias vantagens: •• Alto coeficiente de atrito, exigindo menor esforço de frenagem – as sapatas de composição não metálica com alto coeficiente de atrito necessitam de uma força de frenagem duas vezes menor que as sapatas de ferro fundido para retardar ou parar locomotivas e vagões. •• Menor esforço requerido no sentido axial – curva atrito-velocidade paralela à curva de aderência, diminuindo os riscos de deslizamento. •• Mesmo desempenho em qualquer condição atmosférica: frio, calor, água.•• Supressão da poeira metálica – a causa de inúmeros defeitos dos rotativos elétricos e dos equipamentos de controle da locomotiva pode ser a poeira metálica, que, com a aspiração de ar de ventilação e o campo magnético, é atraída para o interior desses componentes. •• Menor resistência à tração e menos ruído – as sapatas de composição não metálica dão fino polimento à superfície das rodas, reduzindo sensivelmente o ruído e a resistência de rolamento, aumentando a aderência ao trilho e reduzindo consideravelmente o esforço de tração. 24Freios Ferroviários •• Melhor ajuste à curvatura da roda – as sapatas desgastam as rodas de maneira a preservar a conicidade da superfície de rolamento e o formato do friso durante quase toda a vida útil da roda, reduzindo uma das maiores causas de rejeição de rodas nas ferrovias (50% das rejeições): frisos finos. •• Maior vida útil. Essas características implicam menor custo de manutenção e operação, porque levam a: •• menor consumo de sapatas; •• menor necessidade de mão de obra e paralisação de veículos para substituição de sapatas e ajuste da timoneria; •• menor consumo de rodas e mão de obra e menos paralisação de veículos para retorneamento e substituição, fatos cruciais para locomotivas elétricas, diesel-elétricas e nos carros elétricos, casos em que a substituição de rodas exige a desmontagem dos motores, rolamentos etc.; •• timoneria mais econômica e menos sujeita a avarias, por envolver menores esforços; •• menos avarias nos motores elétricos de tração e equipamentos de controle; •• economia de tração e melhor aproveitamento das locomotivas. Freio manual da locomotiva A Air Brake Association – ABA define o freio manual como um dispositivo instalado na locomotiva, que possibilita a aplicação dos freios da locomotiva manualmente. Na realidade, o freio manual é um freio de estacionamento, ou seja, deve ser aplicado somente para deixar a locomotiva estacionada (parada) por tempo determinado. É um dispositivo mecânico individual, formado por um volante ou alavanca e uma catraca, que aciona uma corrente ligada à haste de apenas um dos cilindros de freio, que opera duas sapatas de freio de um mesmo truque da locomotiva. As duas imagens a seguir mostram o freio manual da locomotiva. Freio manual da locomotiva 25Freios Ferroviários Durante a aplicação do freio manual, o movimento da corrente aciona um dispositivo que aplica os freios. Um mecanismo de desengate com contrapeso libera a tensão no freio. A imagem a seguir mostra uma corrente diretamente ligada à haste do cilindro de freio: Corrente diretamente ligada à haste do cilindro de freio A corrente proporciona uma força igual ou maior que o freio de serviço a ar. Mangueiras de freio Para garantir a continuidade dos encanamentos da locomotiva, quando acoplada a outros veículos, é instalada em cada uma de suas terminações uma mangueira flexível de acoplamento, denominada mangueira de freio, como mostra a imagem a seguir: Mangueira do encanamento de equalização dos reservatórios principais Mangueira do encanamento geral Mangueira do encanamento de equalização do cilindro de freio Mangueiras flexíveis de acoplamento As mangueiras são elementos flexíveis formados por: •• um elemento de mangueira (tubo de borracha vulcanizada com camadas internas de reforço); •• um niple, fixado ao tubo de borracha por uma braçadeira metálica; •• um bocal com junta, fixado ao tubo de borracha por uma braçadeira metálica; •• duas braçadeiras metálicas com parafuso e porca. 26Freios Ferroviários A imagem a seguir mostra uma mangueira de freio. Elemento Niple Braçadeira Braçadeira Bocal Mangueira de freio Veja na tabela a seguir os tipos de mangueira de freio das locomotivas: Tipos de mangueiras de freio das locomotivas APLICAÇÃO Mangueira Niple Bocal ENCANAMENTO GERAL 1 3/8" x 30” 1 3/8” FP-5 ENCANAMENTO DE EQUALIZAÇÃO DOS RESERVATÓRIOS PRINCIPAIS 1 1/8" x 30” 1” ENCANAMENTO DE EQUALIZAÇÃO DO CILINDRO DE FREIO 1 1/8" x 30” ¾” O acoplamento das mangueiras deve ser feito com muito cuidado para evitar acidentes. Antes de separar a locomotiva de outro veículo, como acontece nas manobras, as mangueiras devem ser desacopladas manualmente, para evitar ruptura ou estrago. A falha no desacoplamento manual pode causar deslocamento e quebra dos encanamentos, além de danos às mangueiras e aos bocais de acoplamento. Quando não estão acopladas, as mangueiras devem ser mantidas nos suportes de engate (engate cego), para evitar a entrada de poeira ou outras impurezas que possam danificar o equipamento de freio. A imagem a seguir mostra um suporte de engate: Suporte de engate Suporte de engate 27Freios Ferroviários 2.2 Sistema de Alimentação de Ar Comprimido O sistema de alimentação de ar comprimido é composto pelas seguintes unidades: •• produção; •• armazenamento; •• condicionamento. 28Freios Ferroviários A imagem a seguir ilustra esse sistema: Reservatório principal nº 1 Reservatório principal nº 2 Armazenamento Torneira de dreno Torneira de dreno Torneira de dreno Filtro Coletor de pó centrífugoTorneira interruptora Válvula de retenção Válvula de segurança 150 psi Para o sistema dos equipamentos auxiliares Compressor de ar Filtro de admissão Válvula de segurança do compressor de ar 175 psi Resfriador intermediário Válvula de segurança do resfriador intermediário 60 psi Ligação elétrica Torneira de sobrecarga Válvula magnética do compressor Torneira interruptora Serpentina de resfriamento Chave pressostáticaGovernador do compressor 125 a 140 psi Condicionamento Produção Para o sistema de freio a ar Sistema de alimentação de ar comprimido Produção de ar comprimido A produção de ar comprimido é realizada por um compressor de ar do tipo alternativo de duplo estágio de compressão, composto por: •• dois cilindros de baixa pressão (de diâmetro maior, dispostos lateralmente no cárter); •• um cilindro de alta pressão (disposto ao centro dos dois cilindros de baixa, no topo do cárter); •• um resfriador intermediário que atua entre os dois cilindros de baixa pressão; •• um cilindro de alta pressão. 29Freios Ferroviários O compressor alternativo está ilustrado na imagem a seguir. Cilindro de alta Cilindro de baixa Cilindro de baixa Resfriador intermediário Compressor alternativo Os pistões dos três cilindros são movimentados por apenas um munhão do eixo virabrequim, que pode ser acionado: •• Pelo eixo virabrequim do motor diesel, por meio de um acoplamento, como mostra a imagem: Eixo de acionamento Compressor Compressor acionado diretamente pelo motor diesel •• Por um motor elétrico, como mostra a imagem: Motor elétrico Filtro de ar Compressor Compressor acionado por motor elétrico 30Freios Ferroviários •• Separadamente, por um motor diesel auxiliar. O sistema de lubrificação do compressor é do tipo forçado, com bomba própria. O nível de óleo de lubrificação deve ser verificado por meio do visor ou vareta. Funcionamento do compressor O ar livre da atmosfera (pressão atmosférica) é constantemente aspirado através de um filtro seco, montado no tubo coletor de entrada, e comprimido nos cilindros de baixa pressão (55 psi). Ao sair dos cilindros de baixa pressão, o ar comprimido passa pelo resfriador de ar intermediário, que tem a função básica de retirar parte do calor gerado durante a compressão. A retirada de calor do ar no resfriador intermediário pode ser realizada por meio de: •• circulação da água do sistema de arrefecimento do motor diesel por passagens no corpo do resfriador (veja na imagem): Tubulação do sistema dearrefecimento do motor diesel Resfriador intermediário refrigerado a água •• passagem de ar pelo corpo do resfriador, forçada por um soprador acionado pelo próprio eixo do compressor (veja na imagem): Válvula de segurança Soprador acionado pelo eixo do compressor Resfriador intermediário refrigerado por ventilação forçada 31Freios Ferroviários No resfriador intermediário, é instalada uma válvula de segurança que atuará se a pressão ultrapassar o limite estabelecido de 60 psi (veja na imagem): Válvula de segurança do resfriador intermediário Posicionamento da válvula de segurança do resfriador intermediário Após o resfriamento, o ar fica mais denso: as moléculas do ar ocupam um volume menor, e uma maior quantidade de moléculas por unidade de volume é introduzida no cilindro de alta pressão. Isso torna mais eficiente a operação do cilindro de alta pressão e aumenta a capacidade volumétrica do compressor. O cilindro de alta pressão se encarrega de comprimir esse volume de ar a uma pressão maior (125 a 140 psi). O ar comprimido deixa o compressor a uma temperatura muito alta (270 ºC) e precisa ser resfriado antes de atingir os reservatórios principais. Por isso, ele passa por uma serpentina de resfriamento com tubos aletados, que serve para reduzir sua temperatura e provocar a condensação da umidade que o acompanha. A quantidade de umidade contida no ar livre da atmosfera praticamente dobra a cada aumento de 10 ºC na temperatura ambiente. Isso significa que haverá duas vezes mais umidade no ar quando a temperatura ambiente for de 30 ºC do que a 20 ºC, e assim sucessivamente. No Brasil, tanto na região norte como na região central, as temperaturas são relativamente elevadas ao longo do ano, assim como a umidade do ar. A umidade levada pelo compressor causa corrosão nas superfícies metálicas dos componentes do sistema pneumático da locomotiva. As partículas sólidas desprendidas das corrosões e lançadas no fluxo de alta velocidade do ar agem como um jato de areia, corroendo os componentes. Além disso, o óleo de lubrificação que passa pelos anéis dos pistões do compressor mantém os orifícios das válvulas obstruídos. 32Freios Ferroviários Armazenamento do ar comprimido O armazenamento do ar comprimido é feito em dois reservatórios principais, cuja finalidade é armazenar o ar comprimido produzido pelo compressor e ajudar tanto no resfriamento como na retenção das impurezas e da água resultante da condensação, a fim de permitir que um ar limpo e seco abasteça o sistema pneumático da locomotiva, composto por: •• sistema de freio a ar, que atua na operação dos freios da locomotiva e da composição; •• sistema dos equipamentos auxiliares da locomotiva − ar de controle, sino, buzina, válvulas e injetores de areia, campainhas, limpadores de para-brisas, contatores elétricos etc. Confira, a seguir, imagens da localização dos reservatórios principais: Localização dos reservatórios principais Os reservatórios são identificados como: •• reservatório principal nº 1 → abastece o sistema dos equipamentos auxiliares; •• reservatório principal nº 2 → abastece o sistema de freio a ar da locomotiva. Todas as derivações destinadas à alimentação do sistema dos equipamentos auxiliares da locomotiva devem sair da tubulação entre o reservatório principal nº 1 e o reservatório principal nº 2. Válvula de dreno automático A tubulação da serpentina de resfriamento tem uma pequena inclinação que faz com que a água condensada flua para o reservatório nº 1. Quando o ar entra no reservatório principal nº 1, sua temperatura é reduzida e a condensação é mais efetiva. Por isso, a maior quantidade de água é encontrada no reservatório principal nº 1. Os reservatórios principais da locomotiva são instalados com uma leve inclinação, para forçar a condensação a se acumular no lado mais baixo. Nesse lado, normalmente são instaladas válvulas de dreno automático, que servem para expurgar a água proveniente da condensação do ar e as impurezas do reservatório. A água pode ser considerada o maior veneno para o sistema de freio pneumático. 33Freios Ferroviários As válvulas de dreno automático expurgam a água condensada toda vez que a pressão do reservatório principal atinge 140 psi e param de eliminá-la quando essa pressão atinge o limite mínimo de 125 psi. Observe uma imagem de válvula de dreno automático e manual a seguir: Válvula de dreno automático e manual Válvula de dreno automático e manual Esse tipo de válvula também pode ser acionado manualmente. A drenagem manual dos reservatórios principais e dos filtros deve ser uma prática constante, tanto dos responsáveis pela operação quanto dos responsáveis pela manutenção, pois os drenos automáticos não conseguem eliminar toda a água desses equipamentos, mesmo funcionando perfeitamente. A válvula de dreno automático e manual 580-H possui três posições reguladas no próprio punho: •• posição normal de operação; •• drenagem manual; •• isolamento. Confira, a seguir, uma imagem de válvula de dreno automático e manual 580-H: Dreno automático Dreno manual Automático Isolado Válvula de dreno automático e manual 580-H 34Freios Ferroviários A válvula de dreno automático D-1 não permite o isolamento, e o dreno manual é realizado por meio de uma torneira, como mostra a imagem a seguir: Válvula de dreno automático D-1 Torneira de isolamento do reservatório principal Para o reparo do sistema de freio, a torneira deve ser fechada, a fim de isolar o reservatório principal e descarregar totalmente a pressão, por meio de um orifício de descarga. Os ponteiros dos manômetros na cabine da locomotiva registrarão pressão zero se essa torneira for fechada. Válvula de segurança E7-C A válvula de segurança E7-C evita a sobrecarga de pressão no sistema pneumático, descarregando para a atmosfera a pressão do reservatório principal toda vez que ela se torna excessiva. Veja a imagem a seguir: Porca de regulagem Válvula Válvula de segurança Alguns tipos de locomotivas, além da válvula de segurança instalada logo após o reservatório principal nº 1, calibrada em 150 psi, possuem outra válvula instalada próxima ao compressor, calibrada com 175 psi. A calibragem das válvulas de segurança depende de instruções da ferrovia. 35Freios Ferroviários Válvula de retenção do reservatório principal Instalada no encanamento que liga o reservatório principal nº 1 ao reservatório principal nº 2, a válvula de retenção com orifício de 1” permite fluxo total de ar do reservatório principal nº 1 para o reservatório principal nº 2, mas impede o fluxo no sentido inverso. Veja uma imagem de uma válvula de retenção a seguir: Válvula de retenção A válvula funciona como uma proteção: quando é fechada, impede a perda da pressão do reservatório principal nº 2 através de uma abertura para a atmosfera antes da válvula de retenção, em caso de problema no compressor, ruptura das tubulações de resfriamento, dano ao reservatório principal nº 1 ou ruptura do encanamento equilibrante dos reservatórios principais causada por eventual separação entre as locomotivas e o consequente desacoplamento das mangueiras. Pelas normas da Federal Railroad Administration – FRA, em caso de avaria no sistema dos reservatórios principais, a locomotiva deve reter ar suficiente para, no mínimo, três eventos de aplicação e alívio dos freios e acionamento dos contatores e das chaves reversoras. A verificação do perfeito funcionamento da válvula de retenção do reservatório principal nº 2 se dá através do teste de fracionamento. Importante! A válvula de retenção também serve para reduzir o tempo de carregamento do sistema de reservatórios principais de uma locomotiva rebocada morta, permitindo somente o carregamento do reservatórioprincipal nº 2. Atenção! Importante! Saiba Mais! Recordando! 0-126-122 36Freios Ferroviários Torneira interruptora •• Isolamento de 1” Isola os reservatórios principais do sistema de freio a ar, possibilitando o descarregamento dele para a reparação. •• Isolamento de 1” e coletor de pó Isola o ar que abastece a buzina, os limpadores de para-brisas e os injetores de areia. •• Isolamento de 3/8” Isola o ar que abastece a válvula de areia e a válvula de sino. Verifique, a seguir, uma imagem de uma torneira interruptora: Torneira interruptora Condicionamento do ar comprimido Após passar por todo o processo de produção, o ar comprimido deve sofrer um condicionamento antes de ser colocado para trabalhar. O funcionamento regular de qualquer componente no sistema depende da estabilidade da pressão de alimentação, da ausência de umidade e do grau de filtragem. Portanto, o condicionamento do ar comprimido consiste em: •• regulagem da pressão •• drenagem Para que a drenagem seja feita, devem ser instalados drenos (purgadores), que podem ser manuais ou automáticos, com preferência para o último tipo. •• filtragem Após a eliminação do condensado, resta no ar comprimido uma pequena quantidade de vapor de água em suspensão, que os pontos de drenagem comuns não conseguem remover ou eliminar. A filtragem do ar consiste na aplicação de dispositivos capazes de reter as impurezas suspensas no fluxo de ar e suprimir a umidade ainda presente. 37Freios Ferroviários O equipamento normalmente utilizado para esse fim é o filtro de ar, que atua de duas formas distintas: •• pela ação da força centrífuga; •• pela passagem do ar através de um elemento filtrante. Regulador do compressor O regulador do compressor consiste em: •• Chave pressostática CCS (Compressor Control Switch). A chave pressostática CCS consiste em uma chave elétrica que atua por meio de uma face sensível à pressão, a qual, por sua vez, recebe a ação de uma mola de carga. Observe as imagens a seguir: Chave pressostática CCS •• Válvula magnética CGS (Compressor Governor Switch). A válvula magnética CGS mantém as válvulas de admissão dos cabeçotes dos cilindros do compressor: •• abertas → quando a pressão atingir o limite máximo; •• fechadas → quando a pressão atingir o limite mínimo. Confira, a seguir, imagens da válvula magnética CGS: Válvula magnética CGS 38Freios Ferroviários O compressor carrega os reservatórios principais até que a pressão atinja o limite máximo de regulagem da chave pressostática CCS. Nesse momento, a chave pressostática CCS desenergiza a válvula magnética CGS, que mantém as válvulas de admissão dos cabeçotes dos cilindros do compressor abertas, fazendo com que ele passe a trabalhar em vazio. Quando a pressão nos reservatórios principais cai abaixo do limite mínimo ajustado na chave pressostática CCS, ela energiza a válvula magnética CGS, que mantém as válvulas de admissão dos cabeçotes dos cilindros do compressor fechadas. Isso permite que o compressor carregue os reservatórios principais. Simultaneamente, são abertas as válvulas de dreno automático. A pressão do ar nos reservatórios principais é regulada entre limites prefixados conforme instruções da ferrovia, normalmente de: •• 125 psi → pressão mínima; •• 140 psi → pressão máxima. Torneira de sobrecarga do compressor Essa torneira possui descarga lateral e, nos casos de avaria, em que o compressor não funcionar adequadamente, deve ser fechada. Esse procedimento fará com que o compressor trabalhe em sobrecarga, ou seja, comprimindo diretamente, sem entrar na condição de vazio. Quando se coloca um compressor em sobrecarga, deve-se observar, rigorosamente, a atuação da válvula de segurança do reservatório principal. Manômetros duplos de ar Os manômetros são instrumentos destinados a medir a pressão. As locomotivas são equipadas com dois manômetros duplos de ar, com dois ponteiros cada, e escalas conforme a tabela a seguir: Escala dos manômetros MANÔMETRO Escala DIREITA 0 a 200 psi ESQUERDA 0 a 160 psi 39Freios Ferroviários Eles ficam localizados na parte superior do pedestal de comando e devem ser monitorados durante todas as etapas inerentes às atividades de condução de trens, isto é, manobras e viagens na via de circulação. Observe a imagem a seguir: Manômetros duplos de ar Os dois manômetros indicam as pressões no sistema de freio a ar, conforme especificado na tabela a seguir: Indicação de pressão nos manômetros duplos de ar PONTEIRO Manômetro Esquerda Direita VERMELHO Reservatório principal Cilindro de freio BRANCO Reservatório equilibrante Encanamento geral Filtros e secador de ar Em uma locomotiva, podem ser usados vários tipos de dispositivos, normalmente localizados na tubulação após o reservatório principal nº 2, para purificar o ar que vai atuar no sistema pneumático. Filtro centrífugo O filtro centrífugo geralmente tem um vórtice (redemoinho) pelo qual os detritos são centrifugados e depositados no fundo da câmara, junto com a água condensada pelo resfriamento do ar. Verifique a imagem a seguir: Filtro centrífugo 40Freios Ferroviários Filtro coalescente O filtro coalescente inclui dois elementos: •• elemento filtrante; •• elemento coalescente. O elemento coalescente contém uma substância que provoca a coalescência, ou seja, a aglomeração das gotículas de água. A água é, então, depositada no fundo da câmara do filtro e, posteriormente, expelida através do dreno. Secador de ar O desempenho dos sistemas Freio Eletrônico CCB II e Locotrol não é satisfatório se o sistema pneumático da locomotiva não for mantido totalmente seco e limpo. É altamente recomendável a instalação de secadores de ar nas locomotivas para prover ar seco, limpo, livre de óleo e de partículas de sólidos para o sistema pneumático. O tipo mais comum de secador de ar é o secador por adsorção. Ele utiliza como elemento dissecante uma substância formada por pérolas à base de silicato de alumínio, cuja estrutura molecular é extremamente higroscópica, capaz de absorver ou adsorver o vapor de água existente no ar e outras substâncias. Esse sistema é composto por duas câmaras de secagem, interligadas por um dispositivo pré- coalescedor, que operam alternadamente, controladas por um temporizador eletrônico. Enquanto uma das câmaras está processando a secagem do ar, a outra recebe uma pequena parcela de ar por um estrangulador, para que seja feita a regeneração. No ciclo seguinte, a situação é invertida. A fim de tornar a capacidade de secagem do sistema praticamente ilimitada, após determinados intervalos, utiliza-se o processo de regeneração, efetuado com ar seco e expandido. Veja, a seguir, uma imagem de um secador de ar por adsorção: Secador de ar por adsorção 41Freios Ferroviários Distribuição A distribuição do ar comprimido na locomotiva se dá através do: •• encanamento geral; •• encanamento de equalização dos reservatórios principais; •• encanamento de equalização do cilindro de freio. Normalmente, os encanamentos são feitos de tubo extra pesado (Schedule 80) especificação ASTM-A-53 grau A, raios mínimos segundo folha E-7 da AAR. São pintados externamente e fosfatizados internamente para evitar a oxidação. Não devem possuir conexões soldadas. Para isso, todas as ligações e conexões devem possuir juntas do tipo WABCOSEAL, que utilizam o princípio de flange – elemento fixado ao dispositivo por parafusos e vedado contra vazamento por um anel de borracha. Confira, a seguir, imagens de ligações e conexões WABCOSEAL: Ligações e conexões WABCOSEAL Encanamento geral O encanamento geral é um dos principais componentes do sistema de freio automático. É considerado como uma tubulação contínua que parte da locomotivae percorre os vagões em toda extensão do trem, conduzindo o ar comprimido da locomotiva a cada reservatório auxiliar e de emergência dos vagões, a uma pressão de 90 psi (± 6 psi). 42Freios Ferroviários Por meio da variação de pressão no encanamento geral, os freios de todos os veículos do trem são controlados em suas três funções básicas: •• carregamento; •• aplicação; •• alívio. Sua ruptura, em qualquer ponto da composição, ocasiona uma aplicação de emergência dos freios automáticos do trem. Válvula de freio de emergência A válvula de freio de emergência é uma válvula de operação manual sob carga de mola que está ligada ao encanamento geral. Confira na imagem a seguir: Válvula de emergência Quando acionada, provoca queda brusca de pressão no encanamento geral, desencadeando uma aplicação de emergência na locomotiva ou no trem. Ela é utilizada para obter uma aplicação de freio de emergência quando o operador está impossibilitado de aplicar o freio da maneira normal. Importante! Em uma locomotiva escoteira (sozinha), com a válvula MU-2A posicionada para Comandada, o acionamento não desencadeia aplicação dos freios. Válvula de descarga nº 8 ou válvula de descarga KM As válvulas de controle de locomotivas não possuem uma parte de emergência, responsável pela chamada ação rápida nas aplicações de emergência. Atenção! Importante! Saiba Mais! Recordando! 0-126-122 43Freios Ferroviários Para a função de ação rápida usa-se a válvula de descarga nº 8 ou a válvula de descarga KM. Observe as imagens a seguir: Válvula de descarga nº 8 e válvula de descarga KM Sua função é proporcionar uma descarga rápida para a atmosfera no local da pressão do encanamento geral, a fim de garantir uma condição de propagação de emergência dos freios, quando o punho do manipulador automático é levado para a posição de emergência, e, principalmente, nas emergências originadas num trem longo, quando são usadas várias locomotivas operando em tração múltipla. A capacidade total dos compressores é tal que, muitas vezes, a ruptura da mangueira de um vagão de cauda do trem pode não ser sentida pela locomotiva, o que impossibilita a aplicação de emergência. Quando a válvula de descarga nº 8 de uma locomotiva opera, a queda brusca de pressão provoca o funcionamento das válvulas de descarga das outras locomotivas em tração múltipla, assim como das válvulas de controle de toda a composição. Ela normalmente se localiza sob a plataforma da locomotiva, em derivação do encanamento geral, e é composta por: •• câmara; •• passagem calibrada; •• diafragma. O ar do encanamento geral enche a câmara pelo orifício da passagem calibrada, criando pressões idênticas em ambos os lados do diafragma. Toda vez que é feita uma aplicação de serviço, o ar da câmara flui através do orifício da passagem calibrada para o encanamento geral, no mesmo ritmo em que ocorre a redução de serviço, mantendo as pressões idênticas nos dois lados do diafragma. Em uma aplicação de emergência, o ar da câmara não pode fluir pela passagem calibrada no mesmo ritmo da queda de pressão do encanamento geral, que é muito rápido. Assim, é criado um diferencial de pressão entre as duas faces do diafragma, fazendo com que a válvula de descarga estabeleça comunicação do encanamento geral diretamente com a atmosfera. Isso traz agilidade à aplicação de emergência. 44Freios Ferroviários Encanamento equilibrante dos reservatórios principais Percorre a locomotiva em toda a sua extensão para possibilitar o carregamento uniforme dos reservatórios principais de todas as locomotivas acopladas em tração múltipla, mantendo-os com pressões equilibradas. Em um conjunto de locomotivas em tração múltipla, normalmente a locomotiva comandante consome mais ar que as locomotivas comandadas. Pelo encanamento equilibrante dos reservatórios principais, os compressores das locomotivas comandadas auxiliam o compressor da comandante a suprir o ar comprimido consumido nas locomotivas e na composição. Esse ar chega aos reservatórios principais passando pela válvula de retenção, ou seja, a passagem de ar é ampla de fora para dentro da locomotiva e restrita de dentro para fora. Assim, em caso de ruptura desse encanamento, o ar escapa para a atmosfera com uma intensidade menor que a capacidade de produção do compressor, evitando que toda a pressão do reservatório principal seja perdida. Válvula de retenção do encanamento equilibrante dos reservatórios principais O carregamento é feito através de uma válvula de retenção de 1” e orifício de 5/16”, que permite uma passagem ampla de ar desse encanamento para os reservatórios principais, e restrita desses reservatórios para o encanamento. Essa válvula serve de proteção em caso de ruptura de uma mangueira entre locomotivas, mantendo um nível seguro de pressãonos reservatórios principais de todas as locomotivas, já que a fuga de ar pelo orifício da válvula é menor que a vazão do compressor. Encanamento equilibrante dos cilindros de freio O encanamento equilibrante dos cilindros de freio percorre a locomotiva em toda sua extensão, a fim de repetir nas locomotivas comandadas a pressão de aplicação e de alívio dos freios, automáticos ou independentes, criada na locomotiva comandante. As válvulas de controle das locomotivas comandadas devem ser isoladas. Quando as locomotivas são acopladas em tração múltipla, deve-se observar se as torneiras do encanamento equilibrante dos cilindros de freio entre uma locomotiva e outra foram abertas. Se estiverem fechadas, não há condições de fazer o controle de freio das locomotivas comandadas. 45Freios Ferroviários Torneiras extremas A abertura e o fechamento das extremidades dos encanamentos da locomotiva são realizados por meio das torneiras reta e angular, como mostra a imagem a seguir: Torneira angular Torneira reta Posicionamento das torneiras O tipo de torneira utilizado em cada encanamento da locomotiva está especificado na tabela a seguir. Torneiras utilizadas nas extremidades dos encanamentos APLICAÇÃO TORNEIRA Encanamento geral Torneira angular de 1 ¼” Encanamento equilibrante dos reservatórios principais Torneira reta de 1” com punho de travamento Encanamento equilibrante dos cilindros de freios Torneira reta de 3/8” com punho de travamento Torneiras utilizadas nas extremidades dos encanamentos Os encanamentos das locomotivas são finalizados por torneiras ou bocais, conforme mostrado na tabela a seguir: Finalização dos encanamentos da locomotiva APLICAÇÃO BOCAL Encanamento geral Torneira angular 1 ¼” Encanamento de equalização dos reservatórios principais Bocal angular de 1” Encanamento de equalização do cilindro de freio Bocal angular de ½ x 3/4” 46Freios Ferroviários 2.3 Controle O sistema de freio da locomotiva e do trem é controlado por um manipulador automático localizado no pedestal de controle da locomotiva, que pode ser encontrado em duas versões: •• Horizontal ou frontal − 30 AC-DW (veja imagem a seguir): Manipulador automático 30 AC-DW •• Vertical ou lateral − 26-C (veja imagem a seguir): Manipulador automático 26-C 47Freios Ferroviários Manipulador automático 26-C O manipulador 26-C é projetado para montagem em painel no suporte dos encanamentos, que recebe todas as conexões dos tubos, identificadas numericamente. É uma válvula do tipo autorrecobridor, operada por cames, que controla a pressão do reservatório equilibrante, em proporção ao deslocamento do punho do manipulador. Por sua vez, a pressão do encanamento geral é controlada por uma válvula relé do tipo autorrecobridor pilotada pela pressão do reservatório equilibrante, que mantém no encanamento geral as mesmas condições de pressão existentes no reservatório equilibrante. Além de exerceressas funções, fornece ar para os dispositivos de segurança, como homem morto, sobrevelocidade, corte de tração etc. Opera em combinação com um reservatório equilibrante. O manipulador 26-C consiste em duas partes principais, montadas no mesmo corpo. São elas: •• Manipulador automático •• punho do manipulador automático; •• válvula interruptora do manipulador automático; •• punho da válvula interruptora do manipulador automático; •• válvula relé; •• válvula reguladora; •• válvula interruptora do encanamento geral; •• válvula da descarga; •• válvula de emergência; •• válvula de supressão; •• válvula interruptora do reservatório equilibrante. 48Freios Ferroviários •• Manipulador independente •• punho do manipulador independente (veja ilustração a seguir): Válvula relé Válvula reguladora Válvula interruptora do encanamento geral Válvula de descarga Válvula de emergência Válvula de supressão Válvula interruptora do reservatório equilibrante Manipulador independente Punho do manipulador independente Válvula interruptora do manipulador automático Punho da válvula interruptora do manipulador automático Manipulador automático Punho do manipulador automático Manipulador 26-C Os punhos do manipulador automático, do manipulador independente e da válvula piloto interruptora estão localizados na face dianteira do painel. Punho da Válvula Interruptora do Manipulador Automático Punho do Manipulador Independente Punho do Manipulador Automático Face dianteira do manipulador 26-C 49Freios Ferroviários Punho do manipulador automático A aplicação do freio automático é feita por meio do punho do manipulador automático, que está localizado no pedestal de controle. Punho do manipulador automático Punho do manipulador automático Movimentando o punho do manipulador automático por suas seis posições, conforme indicado na imagem a seguir, o maquinista controla os freios da própria locomotiva e de todo o trem, por meio de variações da pressão no encanamento geral. Alívio Redução mínima Aplicação Serviço Supressão Punho fora Emergência Zonas de aplicação do freio automático 50Freios Ferroviários Alívio (marcha) Alívio Localizada na extremidade esquerda do quadrante do manipulador. Esta posição é utilizada para carregar o encanamento geral e, simultaneamente, aliviar os freios da locomotiva e do trem. É a posição em que o punho deve ser mantido, sempre que o trem estiver em movimento. Redução mínima Redução mínima Localizada com o punho do manipulador encostado na primeira parte elevada do quadrante, à direita da posição Alívio. Esta posição determina a aplicação do freio em intensidade leve, como resultado da redução da pressão no reservatório equilibrante. Essa redução é reproduzida no encanamento geral da locomotiva e do trem, gerando a aplicação nos cilindros de freio da locomotiva e dos vagões. 51Freios Ferroviários Aplicação de serviço (zona de aplicação) Aplicação de serviço Mover o punho na zona de aplicação para a direita do entalhe da posição de Redução mínima aumenta a pressão de ar no reservatório equilibrante. Esse aumento é reproduzido no encanamento geral pela válvula relé, resultando no aumento da intensidade da aplicação dos frios na locomotiva e nos vagões. Serviço total O ponto de intensidade máxima de aplicação (Serviço total) é atingido pouco antes do ressalto limitador da posição Serviço, quando é sentida a resistência do punho. Supressão Supressão 52Freios Ferroviários Posição localizada com o punho do manipulador encostado na segunda parte elevada do quadrante, à direita da posição de aplicação Serviço total. Além de comandar uma aplicação total de serviço, assim como o punho na posição Serviço, serve para anular uma aplicação de freio originada pelo controle de segurança do maquinista (homem morto ou sobrevelocidade), por meio do recondicionamento da válvula de aplicação P-2A. Punho fora Punho fora É a posição localizada no primeiro ponto de entalhe do quadrante, à direita da posição Supressão. Essa posição coloca todas as válvulas do manipulador em posição inoperante. Quando a locomotiva for comandada por outra locomotiva em tração múltipla ou rebocada morta, o punho deve permanecer na posição ou pode ser retirado do manipulador, tornando-o inoperante, conforme a norma da ferrovia. Pode ser usada para reduzir a zero a pressão do encanamento geral, além da redução efetuada com o punho do manipulador na posição "Serviço total". Emergência Emergência 53Freios Ferroviários É a posição localizada na extrema direita do quadrante do manipulador automático, no último entalhe, à direita da posição Punho fora. Permite a redução rápida da pressão do encanamento geral a fim de encurtar a distância de parada, causando, simultaneamente, o funcionamento automático de todos os areeiros das locomotivas e a redução do motor a diesel para marcha lenta. Essa posição deve ser utilizada para rearmar o sistema quando houver quebra do trem, provocando a aplicação de emergência. Após a aplicação de emergência, o punho do manipulador automático deve permanecer nessa posição até que a pressão indicada no manômetro do reservatório equilibrante caia a zero. Válvula interruptora do manipulador automático A válvula interruptora é usada para isolar ou para preparar o manipulador de freio automático para o funcionamento, usando equipamento de trem com alívio direto ou gradual. Quando operada, aciona internamente a válvula interruptora do encanamento geral, que corta o fluxo de ar da válvula relé para o encanamento geral (veja imagem a seguir): Válvula interruptora Válvula interruptora O punho da válvula interruptora se move entre três posições por pressão de mola: é necessário comprimir o punho para movê-lo de uma posição para outra. Cada posição condiciona o manipulador automático para um dos seguintes tipos de trabalho: •• FRT − Posição de Carga Condiciona o manipulador para alívio direto, ou seja, só se inicia o alívio após o punho do manipulador ter atingido a posição Alívio ou Marcha. Posição usada nos trens de carga em que as válvulas dos vagões estão condicionadas a realizar o alívio do sistema de freio com um pequeno incremento de ar no encanamento geral. •• OUT − Posição Desligado Isola o manipulador, permitindo que, por ele, somente sejam feitas as aplicações de Emergência. 54Freios Ferroviários É utilizada para: •• Verificar vazamento no encanamento geral – estando o manipulador automático desligado pela válvula interruptora, é possível fazer um teste de vazamento do encanamento geral. •• Locomotiva usada como unidade comandada em tração múltipla – em uma locomotiva comandada, o fechamento da válvula interruptora do encanamento geral permite realizar o abastecimento e a redução do encanamento geral a partir da locomotiva comandante. •• Locomotiva usada como unidade rebocada morta. •• PASS − Posição Passageiro Condiciona o manipulador para alívio gradual, proporcional ao deslocamento do punho do manipulador para a esquerda, dentro da zona de aplicação, em direção à posição Alívio. Esta posição deve ser isolada em trens de carga, porque, se for utilizada, basta um pequeno deslocamento do punho para trás, dentro da zona de aplicação, para provocar o alívio total dos freios dos vagões, mesmo que o manômetro da cabina do maquinista ainda esteja registrando que os freios estão aplicados. Para todas as operações normais da locomotiva como unidade comandante, o punho da válvula interruptora deve ser colocado na posição FRT ou PASS, dependendo do serviço pretendido. As aberturas da válvula interruptora incluem também duas válvulas de retenção que ligam a pressão do encanamentogeral ou do reservatório principal à válvula interruptora do encanamento geral, dependendo de qual for a pressão mais elevada. Válvula reguladora A válvula reguladora é composta por uma válvula de admissão e outra de descarga. Sua função é regular manualmente o carregamento e a pressão no reservatório equilibrante. Ao repetir essa pressão na válvula relé, obtém-se a regulagem do encanamento geral. A função de autorrecobrimento da válvula reguladora mantém automaticamente a pressão do reservatório equilibrante, independentemente da sobrecarga e atua contra vazamentos. Esta válvula é operada por um excêntrico fixado ao eixo do manipulador e comandado pelo punho. Regula a formação de pressão no encanamento (15) de carregamento do reservatório equilibrante. Essa pressão é canalizada diretamente para fora do manipulador, pela passagem (5) do manipulador ou através de uma válvula P-2A de aplicação de freio. Posteriormente, é conduzida pela passagem (5) do manipulador para a face externa do diafragma da válvula relé. 55Freios Ferroviários O deslocamento do punho do manipulador automático da posição Alívio para a zona de aplicação faz a válvula reguladora diminuir a pressão no reservatório equilibrante em proporção à extensão do deslocamento, até que, na posição Serviço total, a pressão do reservatório equilibrante seja reduzida o suficiente para produzir uma aplicação de serviço total. A ajustagem da pressão do reservatório equilibrante na posição Alívio pode ser feita atuando-se no parafuso de ajuste (A) da extremidade da válvula reguladora. Válvula relé A válvula relé é uma válvula operada por diafragma, que repete a pressão do reservatório equilibrante no encanamento geral, ou seja, estabelece uma pressão no encanamento geral igual à pressão do reservatório equilibrante. O diafragma é capaz de fornecer ou descarregar a pressão do encanamento geral. Com o punho do manipulador automático na posição Alívio, ela atua como válvula alimentadora para carregar o encanamento geral da locomotiva e do trem. Com o punho do manipulador automático nas posições Aplicação, Supressão, Punho fora e Emergência, a redução da pressão do reservatório equilibrante pela válvula reguladora é reproduzida de forma correspondente pela válvula relé no encanamento geral. A válvula relé mantém a pressão do encanamento geral, contra os vazamentos do mesmo. Válvula interruptora do encanamento geral A válvula interruptora do encanamento geral interrompe o fluxo de ar da válvula relé para o encanamento geral, na eventualidade de: •• aplicação de emergência; •• deslocamento da válvula interruptora piloto para a posição OUT; •• operação de qualquer dispositivo auxiliar ligado ao manipulador que exija a interrupção do fluxo de ar para o encanamento geral, para fins de proteção contra fracionamento do trem. Válvula de descarga Quando o punho do manipulador automático está na posição Emergência, a válvula de descarga é operada por um excêntrico existente em seu eixo, para produzir uma queda rápida da pressão do encanamento geral. 56Freios Ferroviários Válvula de emergência Quando o punho do manipulador automático está na posição Emergência, a válvula de emergência é operada por um excêntrico existente em seu eixo, para executar duas funções: •• fornecer um fluxo de ar do reservatório principal para o encanamento (12), destinado à operação das chaves interruptoras PCS (Power CutoffSwitch), que atua no corte dos motores de tração, e outras funções auxiliares que possam ser exigidas; •• descarregar rapidamente a pressão do reservatório equilibrante, de modo a assegurar o descarregamento do encanamento geral. Válvula de supressão A válvula de supressão é operada por um excêntrico existente no eixo do punho do manipulador automático, para: •• fornecer ar do reservatório principal ao orifício (26), para operação dos dispositivos auxiliares, nas posições Supressão, Punho Fora e Emergência; •• bloquear o encanamento (8), de modo a restabelecer a válvula de aplicação de freio P-2A antes de aliviar essas aplicações de freio auxiliar; •• fornecer ar do reservatório principal ao orifício (3), com o punho do manipulador na posição Alívio, de modo a manter aberta a válvula interruptora do reservatório equilibrante e a válvula carretel da válvula interruptora do manipulador, via orifício (7). Reservatório equilibrante Fornece um volume adicional de 3,6 litros de ar para a câmara do pistão da válvula relé do manipulador automático, a fim de evitar o alívio dos primeiros vagões, o que proporciona estabilidade ao sistema de freio a ar. Também permite ao maquinista efetuar reduções controladas no encanamento geral. Válvula interruptora do reservatório equilibrante Serve para permitir a operação de trens que utilizam equipamentos do tipo alívio direto ou graduado, nos vagões: •• Em serviço de carga – com o punho da válvula interruptora do manipulador na posição FRT, a válvula interruptora do reservatório equilibrante somente fica aberta com o punho do manipulador automático na posição Alívio, e somente nessa posição podem ser feitos os alívios de freio. •• Em serviço de passageiros – com o punho da válvula interruptora do manipulador na posição PASS, a válvula interruptora do reservatório equilibrante é mantida aberta em todas as posições do punho do manipulador automático, e os freios podem ser completamente aliviados na posição Alívio ou gradualmente aliviados pelo punho do manipulador automático. 57Freios Ferroviários Manipulador independente SA-26 O manipulador de freio independente SA-26, montado na frente do suporte dos encanamentos, é destinado a: •• aplicar e aliviar os freios da locomotiva, ou do conjunto de locomotivas, quando se trata de tração múltipla, separadamente dos freios da composição; •• aliviar uma aplicação do freio automático da locomotiva, separadamente dos freios da composição. A aplicação do freio independente é feita por meio do punho do manipulador independente, que está localizado no pedestal de controle, abaixo do punho do manipulador automático. Confira, a seguir, a imagem de um punho do manipulador independente SA-26: Punho do manipulador independente Punho do manipulador independente SA-26 O movimento do punho do manipulador independente possui quatro posições, conforme indicado na figura a seguir: Alívio Aplicação Aplicação total Zonas de aplicação do freio independente 58Freios Ferroviários •• Alívio (marcha) É a posição mais à esquerda do quadrante do manipulador, que faz aliviar os freios da locomotiva após uma aplicação independente. O punho do manipulador, normalmente, fica nesta posição quando a locomotiva está trafegando normalmente ou em tração múltipla na condição de comandada ou morta, mantendo soltos os freios da locomotiva. •• Alívio rápido Na posição Alívio, se o punho do manipulador da locomotiva comandante for pressionado para baixo, ocorrerá a supressão ou o alívio rápido da aplicação de serviço do freio automático das locomotivas, sem afetar a aplicação do freio automático do trem. •• Aplicação É a posição na qual se aplicam os freios da locomotiva. A intensidade de aplicação do freio é determinada pela distância em que o punho do manipulador é movimentado em direção à posição de aplicação total. Voltando-se o punho no setor de aplicação, obtém-se o alívio gradual dos freios da locomotiva. •• Aplicação total É a posição mais à direita do quadrante do manipulador. Proporciona a intensidade máxima de aplicação do freio disponível para a frenagem da locomotiva. O movimento do punho do manipulador independente da posição de alívio para a posição Aplicação Total atua um excêntrico que, por sua vez, posiciona um conjunto de válvula de alimentação e exaustão para assentar a válvula de exaustãoe, posteriormente, desassentar a válvula alimentadora. O ar do reservatório principal flui através da válvula alimentadora desassentada, do orifício (30) para o orifício (20). O orifício (20) do suporte dos encanamentos do manipulador é ligado ao orifício de controle (16) da válvula relé da locomotiva. Portanto, a pressão criada no orifício (20) atuará a válvula relé para criar pressão nos cilindros de freio da locomotiva. Ao aumento da pressão contra o diafragma, opõe-se a pressão de mola no lado oposto, e, quando ocorre o equilíbrio entre a pressão do ar e a pressão da mola, o conjunto da válvula é movido para a posição “Recobrimento”. Nessa posição, a válvula alimentadora fica fechada, interrompendo o fluxo de ar do reservatório principal para o orifício (20). Se, em consequência de um vazamento da linha (20), ocorrer uma queda de pressão, o diafragma é deslocado, para novamente desassentar a válvula alimentadora e permitir que o ar do reservatório principal restabeleça a pressão no orifício (20) até o valor da regulagem da mola. 59Freios Ferroviários Esta é a característica de manutenção de pressão por autorrecobrimento do manipulador independente. A compressão do punho do manipulador independente quando ele está na posição Alívio provoca o alívio de qualquer aplicação de freio automático acionada na locomotiva. O ar do reservatório principal flui para o orifício (13), que é ligado à parte de alívio rápido da válvula de controle 26-F, que funciona para aliviar os freios da locomotiva. O abaixamento do punho do manipulador independente em um ponto na zona de aplicação alivia a aplicação automática apenas pelo valor correspondente a sua posição na zona de aplicação. Válvula de controle 26-F A válvula de controle 26-F pode ser considerada como o cérebro do sistema de freio. É uma válvula automática, formada por um suporte de encanamentos, ao qual são fixados todos os encanamentos, uma parte de serviço e uma parte de alívio rápido (observe a imagem a seguir): Suporte dos encanamentos Parte de alívio rápido Válvula limitadora de serviço Parte de serviço Tampão de alívio gradual Válvula de controle 26-F 60Freios Ferroviários As conexões dos encanamentos até o suporte são designadas numericamente e assim são identificadas no diagrama a seguir: Válvula de alívio rápido Válvula limitadora de pressão no cilindro de freio nas aplicações de serviço Válvula de retenção de carregamento do reservatório auxiliar Válvula de retenção de dissipação do reservatório de controle Válvula de retenção do reflexo Válvula seletora Posição de alívio Válvula de carregamento Válvula de serviçoVálvula limitadora de pressão no cilindro de freio nas aplicações de emergência 13-16-5-10-7-9-1 1. Encanamento geral 10. Descarga dos cilindros de freio 5. Reservatório auxiliar 13. Encanamento atuante 7. Reservatório de controle 16. Encanamento de aplicação do cilindro de freio 9. Volume de válvula seletora Diagrama da válvula de controle 26-F Parte de serviço A parte de serviço da válvula de controle 26-F é comandada por variações de pressão no encanamento geral em relação à pressão do reservatório de controle, em ritmo de serviço ou de emergência, causadas pelas posições do manipulador automático ou por penalidades, ou originadas no trem. Veja a imagem a seguir: Parte de serviço da válvula de controle 26-F 61Freios Ferroviários Quatro reservatórios são controlados pela parte de serviço: •• Reservatório auxiliar − 16,4 litros Destinado a armazenar o ar para aplicar os freios por meio da válvula relé. •• Reservatório de controle − 14,7 litro Serve como volume de referência para movimentar e manter a válvula de controle na posição de aplicação de freio de serviço ou de emergência. •• Reservatório de volume seletor − 8,2 litro Serve como volume de referência para movimentar a válvula de controle para a posição de serviço rápido, e também para efetuar o alívio gradual dos freios quando a válvula de controle é condicionada para alívio gradual. •• Reservatório de volume − 1,5 litro Também é conhecido como reservatório de falso volume do cilindro de freio. Sempre que há uma aplicação do freio automático, o ar do reservatório auxiliar flui pela da válvula de controle 26-F para o reservatório de volume. A compressão do punho do manipulador independente quando ele está na posição Alívio provoca o alívio de qualquer aplicação de freio automático à redução de pressão do encanamento geral. A pressão criada nesse reservatório é reproduzida nos cilindros de freio pela válvula relé. Esse reservatório pode ser suprimido se o volume da tubulação e das câmaras internas das válvulas relés for suficiente para o equilíbrio. A parte de serviço é composta por: •• Válvula de serviço A válvula de serviço é uma válvula carretel composta por dois pistões com diafragmas e um sistema de molas, comandada pela redução de pressão no encanamento geral em relação à pressão mantida no reservatório de controle. Os dois diafragmas (selecionados para referência correta de pressão do manipulador), em conjunto com a mola da parte de serviço, permitem a operação estável do freio automático e a criação adequada de pressão no cilindro de freio, a fim de funcionar satisfatoriamente em conjunto com outros sistemas de freio automático. Sempre que a pressão do encanamento geral é reduzida, o conjunto da válvula carretel se move para cima, fechando a válvula de alívio e, em seguida, abrindo a válvula de aplicação. As válvulas de aplicação e de alívio controlam o movimento de ar do reservatório auxiliar para o encanamento de controle da válvula relé, e desta para a atmosfera. O carretel da válvula de serviço também serve para descarregar o ar que controla a válvula relé, sempre que a pressão do encanamento geral aumenta. 62Freios Ferroviários •• Válvula de carregamento A válvula de carregamento tem duas funções: •• interromper o fluxo de ar do volume do serviço rápido para a atmosfera, após iniciada a aplicação de freio; •• interromper a dissipação do ar do reservatório de controle para o encanamento geral durante a operação de alívio gradual da válvula de controle. •• Tampão de alívio gradual ou direto O tampão de alívio gradual ou direto fica na parte de serviço, e sua posição é determinada pelo tipo de serviço no qual a locomotiva vai ser usada: •• alívio direto – (DIR REL) − serviço de carga •• alívio gradual – (GRAD REL) − serviço de passageiro •• Válvula seletora A válvula seletora é uma válvula carretel de operação por diafragma. A pressão do ar do volume seletor fica aplicada à face externa do diafragma, em oposição à pressão do encanamento geral sobre o lado da mola do diafragma. Funciona de modo semelhante a uma válvula tríplice no início de uma redução no encanamento geral, para produzir a função de serviço rápido. Esta válvula permite incluir a válvula de controle de modo satisfatório em trens com equipamento de freio D-22. Ela também exerce a função de alívio gradual, com o tampão de alívio gradual na posição de alívio gradual (GRAD REL), e fornece alívio direto quando o tampão de alívio gradual está na posição de alívio direto (DIR REL). •• Válvula de retenção de sobrecarga da válvula seletora A válvula de retenção de sobrecarga da válvula seletora, localizada na passagem de exaustão da válvula seletora, consiste em uma válvula de retenção por pressão de mola e um protetor de descarga que retém aproximadamente de 35 a 45 psi de pressão do volume seletor sobre a face externa do diafragma da válvula seletora durante a aplicação de emergência. Isso exige que a pressão do encanamento geral seja aumentada até o valor da pressão do volume seletor, antes de aliviar a aplicação do freio de emergência.
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