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Curso de Bateria – Arthur Rezende (vol. 1) Módulo I O Básico Visto de Forma Avançada [Aula 3] (Set/2017 à Set/2018) 1a Hora de Aula (O Baterista é o Atleta da Música) A Rotina de Um Atleta Treinamento Técnico Assim como um atleta, o baterista deve possuir uma rotina de treinamento que faça parte de seu cotidiano. Já estudamos anteriormente sobre Neuroplasticidade e por isso temos consciência de que um dos principais mecanismos responsáveis por promover em nosso cérebro as transformações necessárias para ganho de habilidades, é a repetição. Além disso, se deixarmos para termos contato com nosso instrumento apenas nas apresentações (shows etc), estaremos colocando nosso corpo em risco por atuarmos como “atletas de fins de semana”. O ideal é que o dia do show seja, para nosso organismo, apenas mais um dia como outro qualquer. Para isso, devemos praticar todos os dias fazendo exercícios no pad e também na bateria. Alongamentos A atividade de tocar bateria requer a utilização de praticamente todas as articulações do nosso corpo. Para que consigamos ter uma resposta rápida dessas articulações, é fundamental que estejamos com nossos músculos alongados, livres de encurtamentos, pois além de prevenirmos lesões, teremos um ganho considerável em nossa performance. A velocidade, por exemplo, está diretamente relacionada ao alongamento muscular, pois um músculo alongado responde mais rápido aos estímulos do que um musculo encurtado. Uma forma de proteger nossas articulações é promovendo o fortalecimento muscular. Uma atividade que contribui positivamente para o alongamento e também para o fortalecimento, é o Pilates. Fortalecimento Muscular Diferente do que muitos pensam, não é necessário malharmos com pesos em uma academia para que nossos músculos se fortaleçam de forma adequada para a atividade de tocar bateria. O raciocínio é que nosso corpo irá se adaptar à nova rotina imposta no cotidiano. Se nós malharmos todos os dias em uma academia, nossos músculos irão se adaptar à esta realidade e para esta atividade. Da mesma forma, se estudarmos bateria todos os dias, nas condições nas quais queremos que nosso corpo atue, nossos músculos irão se adaptar para isso. A atividade de fazer centenas de movimentos repetitivos como, por exemplo, executar Single Strokes em um surdo de bateria, é completamente diferente do que levantar peso em uma academia. O tipo de fortalecimento e resistência que exige é completamente diferente. Ao carregar peso temos um nível maior de tensão muscular por períodos longos. Em contrapartida, quando estamos tocando, exigimos de nossos músculos contrações e relaxamentos em curtos espaços de tempo. Precisamos então direcionar nosso treinamento para que o mesmo promova em nosso corpo as transformações compatíveis com a atividade de tocar bateria. Precisamos então inserir este tipo de demanda em nosso cotidiano. Se quisermos, por exemplo, trabalharmos a resistência no grupo muscular responsável pelo movimento de punho, basta estudarmos em superfícies sem rebote, como um travesseiro, por ex. Em outras palavras, é estudando bateria que iremos transformar nosso corpo em uma máquina de tocar bateria. Se estudarmos intensamente no Pad e na Bateria, e além disso praticarmos exercícios pesados na academia, não estaremos dando para nosso corpo o tempo necessário para que ele se recupere, causando assim um estresse em nossa musculatura e articulações, resultando no surgimento de dores e aumento do risco de lesões. Exercícios Aeróbicos A atividade de tocar bateria é uma atividade aeróbica. Aeróbico significa “com oxigênio”, então quando você se exercita dessa forma, seu corpo utiliza oxigênio para ajudar a produzir energia durante o exercício. Seu coração e pulmão precisam trabalhar mais para levar o oxigênio para o corpo durante os exercícios aeróbicos. Para que consigamos aumentar nossa performance no instrumento, precisamos estar com nosso sistema cardiovascular e respiratório em dia. Uma atividade que contribui para esta finalidade é a natação. A natação, além de ser o esporte mais seguro, trabalha bem essa questão aeróbica, a resistência muscular e também, por ser uma atividade sem impacto, além de promover um relaxamento muscular, poupa nossas articulações que já estão estressadas com a atividade de tocar bateria, que é uma atividade de constante impacto. Alimentação Ao exigirmos que nosso corpo atue em alta performance, precisamos fornecer combustível de qualidade às nossas células. Uma vez que dispomos de uma alimentação saudável, teremos um sangue rico em nutrientes, o que resultará em um funcionamento muito mais eficaz de nosso organismo. Assim como um carro exige mais combustível quando pisamos fundo no acelerador, nossas células também necessitam de uma quantidade maior de oxigênio e nutrientes. Além disso, após um treinamento intenso de resistência e velocidade, por ex, são estes nutrientes que as células irão precisar para promover uma boa recuperação. Sono Ouvimos durante toda nossa infância que crescemos enquanto dormimos. E isso é verdade, pois é durante a primeira fase do sono profundo que ocorre o pico de produção do hormônio do crescimento (hormônio gH) que, dentre outras funções, atua diretamente na recuperação muscular. Além disso, as células musculares precisam de pelo menos 48h para se recomporem. Ou seja, se estudarmos aqueles exercícios que mais exigem de nossa musculatura, com um intervalo de um dia entre eles, somados à uma boa alimentação e sono de qualidade, iremos ajudar nosso organismo a acelerar esta recuperação. O resultado será um alcance mais rápido e eficiente de nossas metas de treinamento. Postura Muitas pessoas têm para si que a postura contribui para a técnica. Para mim é um pouco mais profundo do que isso. Postura é técnica! Isso fica claro em alguns esportes como Golfe, Hipismo, Boxe etc. Na bateria não é diferente, uma boa postura contribui diretamente para uma boa performance, além, é claro, de auxiliar na prevenção de lesões. Listei abaixo alguns pontos importantes relacionados à uma boa postura focada para a atividade de tocar bateria: Sentar corretamente Por incrível que pareça não é todo mundo que sabe sentar corretamente. Existem dois ossos em nossa pélvis (ou “bacia”) chamados de ísquios. Para termos certeza de que estamos sentados corretamente, devemos sentar sobre nossos ísquios. Além disso, é de fundamental importância que o nosso banquinho esteja com um bom ajuste de altura e distância. Para isso devemos prestar atenção nas articulações do fêmur com a pélvis, joelho e tornozelo. Nosso banquinho não pode estar baixo demais a ponto do nosso joelho ficar em um plano superior à articulação do fêmur com a pélvis, e nem próximo demais da bateria a ponto da articulação do joelho ficar à frente da articulação do tornozelo. Um banquinho mais alto ou mais distância não lhe causará lesões, porém um excesso de altura e distância poderá prejudicar sua performance. Coluna reta A coluna reta contribui com nosso equilíbrio, o que interfere diretamente em nossa capacidade de trabalhar com os membros superiores e inferiores ao mesmo tempo, aumentando assim nossa capacidade de distribuição de toques pela bateria e utilização de pedal duplo. Além disso, passamos a ter uma postura de dominação perante o instrumento, e não o contrário, aumentando assim nossa autoconfiança.Cabeça alinhada com a coluna Por termos passado anos de nossas vidas sentados em carteiras nas escolas com a cabeça pesando sobre os livros e cadernos, desenvolvemos uma protusão de cabeça que pode causar sérios dados à nossa coluna cervical. Hoje em dia continuamos contribuindo com esta protusão ao utilizarmos nossos celulares. Devemos nos reeducar posturalmente para que, além de contribuirmos positivamente para nossa performance, respeitemos nossa biomecânica evitando assim dores, fadiga e desenvolvimento de lesões. 2a Hora de Aula (Técnicas de Pedal) Heel-Up Heel em inglês significa “calcanhar”. Up significa “para cima”. Esta é a técnica de tocar o bumbo com o pé posicionado no pedal de forma que o calcanhar fique levantado. O grupo muscular recrutado na utilização correta desta técnica é o Tríceps Sural (popularmente conhecido como Panturrilha), formado pelos músculos Gastrocnêmio e Sóleo. A função do Tríceps Sural é elevar nosso corpo ao caminharmos, por isso é um grupo muscular forte e bem desenvolvido. Utilizar destes músculos para tocar o bumbo resulta em toques poderosos, principalmente pelo fato de, ao elevarmos o calcanhar para cima enquanto sentados, erguermos consequentemente nossa perna, dando maior combustível para força da gravidade. Devemos focar os toques com Heel-Up na articulação do tornozelo. Exercícios: a) Toques isolados com cada pé. b) Single Stroke (Pedal Duplo) c) Toques duplos isolados com cada pé d) Double Stroke (Pedal Duplo) e) Paradiddle (Pedal Duplo) Heel-Down Down em inglês significa “para baixo”. Logo, esta é a técnica de tocarmos o bumbo com o calcanhar sempre apoiado no pedal. Ou seja, calcanhar para baixo. Para efetuarmos toques utilizando o Heel-Down, recrutamos principalmente um músculo chamado Tibial Anterior. Uma das funções deste músculo é elevar nosso pé para que, ao caminharmos, toquemos o chão primeiramente com o calcanhar. Sendo um músculo que trabalha com bem menos peso do que os músculos da panturrilha, ele é menos forte e resistente. Não por acaso, temos maior dificuldade de conseguirmos toques com pressão utilizando o Heel-Down, somados ao fato de não contarmos com o peso da perna para nos auxiliar nestes toques. Em contra partida, é muito mais natural tocarmos o bumbo de forma suave utilizando o Heel-Down. Também devemos focar na articulação do tornozelo ao utilização esta técnica. Exercícios: a) Toques isolados com cada pé. b) Single Stroke (Pedal Duplo) c) Toques duplos isolados com cada pé d) Double Stroke (Pedal Duplo) e) Paradiddle (Pedal Duplo) Concluímos então que se desenvolvermos ambas as técnicas, poderemos utilizar o Heel-Up para toques com maior pressão e o Heel-Down para toques mais sutis, nos tornando assim aptos a explorar o bumbo com um maior alcance de dinâmica 3a Hora de Aula (Aprimorando nossa Sonoridade) Aplicando Upstroke, Downstroke e Tap Após o desenvolvimento dos três principais tipos de toque (Upstroke, Downstroke e Tap), podemos aplicá-los na bateria. Um dos grandes benefícios que estes movimentos nos proporcionam é o controle sobre a dinâmica de volume. O objetivo é tocarmos o groove abaixo aplicando estes movimentos no chimbal e caixa. ∨ ∧ ∨ ∧ ∨ ∧ ∨ ∧ 4a Hora de Aula (Finger Technique / Single e Double Stroke) Finger Technique Traduzindo, Finger Technique é Técnica dos Dedos. Ou seja, é a técnica com a qual promovemos toques utilizando, mais especificadamente, os dedos Médio, Anelar e Mindinho. Para que esta técnica flua é indispensável o relaxamento e controle da pinça. Exercícios: a) Manter a baqueta quicando usando, na sequência, a pinça, dedo médio, anelar e mindinho. Depois voltar: mindinho, anelar, médio e pinça. Praticar fazendo 32, 4, 3, 2 e 1 toques com cada dedo. b) Manter quicando usando simultaneamente os dedos médio, anelar e mindinho. Single e Double Stroke Um mesmo rudimento pode ser executado utilizando técnicas diferentes. Neste caso, como estamos em um processo de desenvolvimento do Finger Technique, iremos elegê-lo para praticar o Single e Double Stroke. E para uma maior eficiência na utilização dos dedos, iremos de French Grip. Single Stroke: a) D E D E D E D E b) E D E D E D E D Double Stroke: a) D D E E D D E E b) E E D D E E D D
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