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ATENÇÃO AO PRÉ NATAL RISCO HABITUAL CADERNO DE ATENÇÃO AO PRÉ-NATAL RISCO HABITUAL ATENÇÃO AO PRÉ NATAL RISCO HABITUAL ATENÇÃO AO PRÉ NATAL RISCO HABITUAL SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE Michele Caputo Neto Secretário de Estado da Saúde Sezifredo Paz Diretor Geral Márcia Huçulak Superintendente de Atenção à Saúde Shunaida Namie Sonobe Departamento de Atenção Primária à Saúde Equipe Técnica da Divisão de Atenção à Saúde da Criança e do Adolescente Cibele Domingues Prado Iolanda Novadski Luciana Hatschbach Maria Angélica Cúria Cerveira Tatiana Gomara Neves Equipe de Apoio Carolina Bolfe Poliquesi Elisete Ribeiro Izabel Christina de Mello Brito Joanilda Leskievicz Mara R. Franzoloso Paula V. Michelon Toledo Renato Antônio Teixeira Lopes ATENÇÃO AO PRÉ NATAL RISCO HABITUAL ATENÇÃO AO PRÉ NATAL RISCO HABITUAL APRESENTAÇÃO SAÚDE PARA TODO PARANÁ! Levar saúde para todos os paranaenses é um desafio que demanda comprometimento de gestores e profissionais de saúde de todos os municípios. Adotar novas formas de gestão, melhorar processos de trabalho e rever procedimentos faz parte da rotina de quem tem a função de cuidar da vida no Paraná. É com esse olhar que a Secretaria de Estado da Saúde desenvolveu os “Cadernos de Atenção à Saúde”, nos quais são detalhados os protocolos das redes Mãe Paranaense e Paraná Urgência para apoiar as equipes de saúde dos municípios da Região Metropolitana de Curitiba. O conjunto de “Cadernos” constitui ferramenta essencial para a atuação em Redes de Atenção, po- lítica pública de saúde do Paraná que tem se mostrado eficaz. Queremos que cada profissional se aproprie dos conteúdos disponibilizados nessa coleção e que juntos possamos cada vez mais interferir para melhorar os índices de saúde do Paraná. Michele Caputo Neto Secretário de Estado da Saúde ATENÇÃO AO PRÉ NATAL RISCO HABITUAL SUMÁRIO INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................................................... 7 1. ORGANIzAÇÃO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA à SAÚDE (APS) NO PLANEJAMENTO E PROGRAMAÇÃO DA ATENÇÃO AO PRÉ-NATAL .................................................................................................................. 7 1.1 ACOLHIMENTO .................................................................................................................................................................... 7 1.2 CONDIÇõES NECESSÁRIAS PARA A ATENÇÃO PRÉ-NATAL COM QUALIDADE ............................................................ 7 1.3 O PAPEL DA ATENÇÃO PRIMÁRIA à SAÚDE NO PRÉ-NATAL E PUERPÉRIO .................................................................. 8 1.3.1 COMPETêNCIAS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA à SAÚDE (UAP) ............................................................................... 8 1.3.2 COMPETêNCIAS DO AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE (ACS) ...................................................................... 8 1.3.3 COMPETêNCIAS DA EQUIPE DE SAÚDE ............................................................................................................. 8 1.4 O PAPEL DA ATENÇÃO PRIMÁRIA NO INCENTIVO AO PARTO NORMAL ........................................................................ 9 2. ACOMPANHAMENTO PRÉ-NATAL ..................................................................................................................................................... 10 2.1 CONSULTAS ....................................................................................................................................................................... 10 2.1.1 COMPONENTES DA CONSULTA ........................................................................................................................ 10 2.2 ExAMES DA ROTINA PRÉ-NATAL RECOMENDADOS ..................................................................................................... 11 2.3 OUTROS ExAMES COMPLEMENTARES RECOMENDADOS .......................................................................................... 12 3. INTERCORRêNCIAS CLíNICAS E OBSTÉTRICAS, MAIS FREQüENTES NA GESTAÇÃO, QUE PODEM SER IDENTIFICADAS POR MEIO DA AVALIAÇÃO CLíNICA E/OU DOS ExAMES DA ROTINA PRÉ-NATAL ............................................................ 12 3.1 SíNDROMES HIPERTENSIVAS NA GESTAÇÃO (BRASILª, 2012) .................................................................................... 12 3.2 DIABETES NA GESTAÇÃO ................................................................................................................................................ 13 3.3 SíFILIS ................................................................................................................................................................................ 15 3.3.1 SíFILIS NA GESTAÇÃO ........................................................................................................................................ 17 3.4 HIV ...................................................................................................................................................................................... 20 3.4.1 HIV NA GESTAÇÃO .............................................................................................................................................. 20 3.5 HEPATITES VIRAIS ............................................................................................................................................................. 23 3.5.1 HEPATITE B .......................................................................................................................................................... 23 3.5.2 HEPATITE C .......................................................................................................................................................... 25 3.6 TOxOPLASMOSE ............................................................................................................................................................... 27 3.7 ANEMIA .............................................................................................................................................................................. 28 3.7.1 DOENÇA FALCIFORME ....................................................................................................................................... 30 3.7.2 TALASSEMIA ........................................................................................................................................................ 30 3.8 PARASITOSES INTESTINAIS ............................................................................................................................................. 30 3.9 INFECÇÃO URINÁRIA ........................................................................................................................................................ 31 3.9.1 BACTERIÚRIA ASSINTOMÁTICA ......................................................................................................................... 31 3.9.2 CISTITE AGUDA ................................................................................................................................................... 31 3.9.3 PIELONEFRITE .................................................................................................................................................... 32 REFERêNCIAS ....................................................................................................................................................................................... 34 GRAVIDEz NA ADOLESCêNCIA ............................................................................................................................................................36 REFERêNCIAS ....................................................................................................................................................................................... 38 7 ATENÇÃO AO PRÉ NATAL RISCO HABITUAL Introdução A organização da Rede de Atenção Materna Infantil tem como objetivo a qualificação do atendimento no período gravídico e puerperal. Neste processo de atenção o baliza- mento de ações e condutas é utilizado como ferramenta de trabalho na assistência ao binômio e família. A caracterização do contexto de atendimento, bem como do perfil epidemioló- gico da população assistida se fazem importante. Sendo assim, a construção da Linha Guia da Rede Mãe Paranaense, bem como sua constante revisão, permite manter-se conduta linear nos diferentes pontos de atenção, quanto a atendimento, estratificação de risco, referência, fluxo de atendimento e competências das equipes e profissionais de saúde. Enquanto ordenadora do cuidado nos diferentes ní- veis de atenção, a Atenção Primária vem mostrando toda a qualidade na atenção pré-natal, desde a captação precoce da gestante até sua 1ª consulta puerperal. Isso se comprova com os resultados da diminuição da mortalidade materna em 40% e da mortalidade infantil em 10%, em 2012. (Huçulak, M. C., Peterlini O., 2014) O “Caderno de Atenção ao Pré-Natal: Risco Habitual” é mais uma forma de apoio à Atenção Primária, trazendo a toda equipe um instrumento de fácil acesso e entendimento, a fim de qualificar a atenção dispensada às gestantes do Pa- raná. 1. Organização da Atenção Primária à Saúde (APS) no Planejamento e Programação da Atenção ao Pré-Natal A equipe da APS deve ofertar outras ações de saúde, referentes à linha de cuidado materno-infantil, além do acesso da gestante ao pré natal na Unidade Básica de Saúde (UBS). A equipe precisa conhecer, ao máximo, a população adstrita de mulheres em idade fértil e, sobretudo, aquelas que demons- trem interesse em engravidar e/ou já têm filhos e participam das atividades de planejamento reprodutivo. (BRASILª, 2012) É importante que a equipe atente para a inclusão da parceria sexual na programação dos cuidados em saúde. O vínculo e o acolhimento da mulher e de sua parceria sexual oportunizam espaços de comunicação que podem favorecer o aconselhamento pré-concepcional, a detecção precoce da gravidez e o início precoce do pré-natal. (BRASILª, 2012) Neste contexto, as equipes de atenção básica devem se responsabilizar pela população de sua área de abrangên- cia, mantendo a coordenação do cuidado, mesmo quando a referida população necessitar de atenção em outros serviços do sistema de saúde. (BRASILª, 2012) Assim, a partir da avaliação da necessidade de cada usuária, e seguindo orientações do protocolo local, o acesso a outras redes de atenção (Rede de Média e Alta Complexidade, Rede de Urgência e Emergência, Rede de Atenção Psicosso- cial) deve ser garantido às gestantes, conforme a organização locorregional da linha de cuidado materno-infantil. (BRASILª, 2012) 1.1 Acolhimento A Política Nacional de Humanização toma o acolhi- mento como postura prática nas ações de atenção e gestão das unidades de saúde, o que favorece a construção de uma relação de confiança e compromisso dos usuários com as equipes e os serviços, contribuindo para a promoção da cultu- ra de solidariedade e para a legitimação do sistema público de saúde. (BRASILª, 2012) O acolhimento da gestante na atenção básica implica a responsabilização pela integralidade do cuidado, a partir da recepção da usuária com escuta qualificada, favorecimento do vínculo e avaliação de vulnerabilidades, de acordo com o seu contexto social, entre outros cuidados. (BRASILª, 2012) 1.2 Condições Necessárias para a Atenção Pré- Natal com Qualidade Os “Dez Passos para o Pré-Natal de Qualidade na Atenção Básica” são (BRASILª, 2012): 1° PASSO: Iniciar o pré-natal na Atenção Primária à Saúde até a 12ª semana de gestação (captação precoce). 2° PASSO: Garantir os recursos humanos, físicos, materiais e técnicos necessários à atenção pré-natal. 3° PASSO: Toda gestante deve ter assegurada a solicitação, realização e avaliação, em tempo oportuno, dos exames preconizados na atenção pré-natal. 4° PASSO: Promover a escuta ativa da gestante e de seus (suas) acompanhantes, considerando aspectos intelectuais, emocionais, sociais e culturais e não somente um cuidado biológico. 5° PASSO: Garantir o transporte público gratuito da gestante para o atendimento pré-natal, quando necessário. 6° PASSO: É direito do (a) parceiro (a) ser cuidado (realização de consultas, exames e ter acesso a informações) antes, durante e depois da gestação: «pré-natal do (a) parceiro (a)». 7° PASSO: Garantir o acesso à unidade de referência especializada, caso seja necessário. 8° PASSO: Estimular e informar sobre os benefícios do parto 8 ATENÇÃO AO PRÉ NATAL RISCO HABITUAL fisiológico, incluindo a elaboração do “Plano de Parto”. 9° PASSO: Toda gestante tem direito de conhecer e visitar previamente o serviço de saúde no qual irá dar à luz (vinculação). 10° PASSO: As mulheres devem conhecer e exercer os direitos garantidos por lei no período gravídico-puerperal. 1.3 O Papel da Atenção Primária à Saúde no Pré-natal e Puerpério 1.3.1 Competências da Atenção Primária à Saúde (UAP) A equipe da UAP é responsável pela atenção às ges- tantes e crianças residentes na sua área abrangência e devem: • Inscrever as gestantes no pré natal e cadastrá-las no SISPRENATAL. • Vincular as gestantes ao hospital/maternidade, de acordo com sua estratificação de risco. • Solicitar os exames da rotina pré-natal da Rede Mãe Paranaense e agendar consulta médica para avaliação dos resultados. • Realizar as consultas de pré-natal, conforme cronograma, avaliando, em cada consulta, possíveis alterações e mudança na estratificação de risco. • Realizar busca ativa, por meio de visita domiciliar, e analisar as dificuldades de acesso às consultas ou exames preconizados e monitorar o uso efetivo da terapêutica instituída em cada caso. • Imunizar as gestantes, conforme protocolo do Ministério da Saúde. • Encaminhar as gestantes estratificadas como de Risco Intermediário ou de Alto Risco, por meio da Central de Regulação, para o ambulatório de referência (Centro Mãe Paranaense) e monitorar estas gestantes. • Garantir no mínimo 07 consultas de pré-natal e 01 consulta no puerpério. • Imunizar as crianças, conforme calendário de imunização. • Encaminhar as crianças menores de 01 (um) ano, estratificadas como de Risco Intermediário ou de Alto Risco, para o Centro Mãe Paranaense e/ou ambulatório de referência, conforme protocolo. 1.3.2 Competências do Agente Comunitário de Saúde (ACS) • Cadastrar as famílias da sua microárea, identificando precocemente gestantes e crianças que ainda não estão cadastradas ou que necessitem de cuidados especiais. • Orientar as gestantes de sua área de atuação sobre a importância de iniciar precocemente o pré natal, priorizando aquelas em situação de risco. • Captar as gestantes de sua área de atuação e encaminhá-las à UAP para a inscrição no pré natal. • Auxiliar a equipe de saúde no monitoramento da gestante, por meio da visita domiciliar, priorizando as gestantes de Risco Intermediário e de Alto Risco. • Realizar busca ativa de gestantes e crianças que não compareceram à UAP para acompanhamento. • Captar as puérperas para consultas pós-parto, priorizando aquelas com risco reprodutivo. • Realizar visita domiciliar precoce para os recém,que tiveram alta hospitalar. • Observar, também na visita do recém-nato, se os procedimentos de triagem neonatal (teste do pezinho, teste da orelhinha, teste do olhinho e teste do coraçãozinho) foram realizados antes da alta hospitalar, caso contrário, retorno na UAP, o mais breve possível, para os encaminhamentos necessários. • Incentivar o aleitamento materno exclusivo – ACS “Amigo do Peito”. • Garantir o retorno das crianças para vacinações e controle de puericultura. • Acompanhar todas as crianças de risco durante o primeiro ano de vida, informando a equipe sinais de risco social, biológico, clínico e/ou situações de violência. 1.3.3 Competências da Equipe de Saúde • Conhecer as microáreas de risco, com base nos dados demográficos, socioeconômicos, culturais, meio ambiente e morbimortalidade, coletados no cadastramento. • Acompanhar as famílias da microárea de risco em suas casas (visita domiciliar), na UAP (atendimento), em associações, escolas, ONGs, entre outras, visando estabelecer parcerias e auxiliando na busca por melhor qualidade de vida para a comunidade. • Estabelecer a programação das atividades de prevenção, educação em saúde e assistência, a partir dos problemas priorizados, dos objetivos a serem atingidos, das atividades a serem realizadas, das metas a serem alcançadas, dos recursos necessários e do tempo despendido com tais atividades. • Identificar fatores de risco para a gestante e o feto, por meio de antecedentes familiares e pessoais, 9 ATENÇÃO AO PRÉ NATAL RISCO HABITUAL com as famílias das microáreas definidas como risco social. • Cadastrar a gestante, o mais precoce possível, e alimentar o SISPRENATAL por ocasião das consultas. • Marcar consulta de avaliação com a Equipe de Saúde Bucal. • Manter a Carteira da Gestante preenchida, de forma legível e completa, com as informações principais sobre o curso da gravidez, anotando os riscos, quando existirem. Trata-se de um instrumento dinâmico que deve ser atualizado a cada consulta, servindo de elo de comunicação entre as consultas e os atendimentos posteriores, inclusive na atenção hospitalar. Assim, a gestante deve ser orientada a estar sempre portando a sua Carteira. • Realizar visita domiciliar precoce para puérperas e os recém nascidos que até o 5º dia pós alta hospitalar e agendar consulta na UBS. • Realizar atendimento domiciliar (avaliação, execução de procedimentos, tratamento supervisionado, orientação, etc.) das gestantes, puérperas e crianças da microárea. • Assistir às gestantes, puérperas e crianças, por meio de atendimento programado e/ou intercorrências, e monitoramento dos casos de risco. • Acompanhar o crescimento e o desenvolvimento da criança, programando as consultas necessárias, incluindo consulta odontológica para o bebê. • Registrar na Carteira da criança todos os dados necessários para o seu acompanhamento, relacionados ao desenvolvimento, intercorrências e procedimentos realizados até os 05 (cinco) anos de idade. O início do preenchimento deverá ocorrer na atenção hospitalar, quando todas as informações sobre o parto e o nascimento devem ser registradas e entregues à mãe. A mãe deve ser orientada a portar a Carteira da Criança sempre que se direcionar a qualquer serviço de atenção à saúde. • Acompanhar a criança de risco até um ano de vida. • Incentivar o aleitamento materno exclusivo e o retorno das crianças para vacinação e controle de puericultura. • Acompanhar os indicadores relativos à área de abrangência da UAP e que constam do Painel de Bordo da Rede Mãe Paranaense. 1.4 O Papel da Atenção Primária no Incentivo ao Parto Normal A gestação e nascimento são processos de vida que envolve mulheres, famílias, comunidade e profissionais de saúde. Neste período, a realização do Pré-Natal propicia que mulher e família estreitam sua convivência com a equipe de saúde da Atenção Primária. Neste sentido os profissionais têm papel fundamental na construção do vínculo e da realização de educação em saúde que possam prepará-los para a che- gada do bebê de forma humanizada. Atender de forma humanizada prevê respeito às es- colhas desta mulher e família, que livremente informados e esclarecidos pela equipe de saúde, poderão decidir e se cor- responsabilizar em seu autocuidado assistido. As Redes de Atenção são ferramentas importantes para a sistematização do uso de dados epidemiológicos como ponto inicial para estratégias de ação e propicia o apoio e tro- ca de experiências exitosas de forma mútua entre as diferentes esferas. Neste cenário podemos elencar ações estratégicas a serem realizadas pela equipe da Atenção Primária com vistas ao incentivo do Parto Normal : • Aprimorar o acesso ao planejamento familiar minimizando a ocorrência de gestações indesejadas; • Realizar a captação precoce da gestante para início do acompanhamento Pré-Natal; • Levantar perfil epidemiológico local para proposição de ações estratégicas na Saúde da Mulher e incentivo ao parto normal condizentes com a população assistida pela UBS; • Estimular e incentivar ações em rede, com a participação dos diferentes setores da saúde no sentido de informar a população sobre o parto normal; • Organizar grupos de trabalho e discussão entre os profissionais da equipe abordando temas como: tipos de parto, fisiologia e etapas do parto normal, papel da equipe da Atenção Primária e hospitalar na Assistência ao Parto, Boas Práticas na Atenção ao Parto, entre outros, embasados em Evidências Científicas; • Utilizar materiais didáticos e Evidências Científicas de entidades e banco de dados confiáveis como fonte de informação para o planejamento de ações estratégicas no incentivo ao parto normal; • Manter relação respeitosa com a gestante e sua família, propiciando ambiente acolhedor, privacidade e autonomia da mulher nas decisões relacionadas à sua gestação e parto; 10 ATENÇÃO AO PRÉ NATAL RISCO HABITUAL • Incentivar a visita da gestante e acompanhante (de preferência aquele que a gestante deseja que esteja com ela durante sua permanência no hospital) á maternidade de referência. Pode ser estimulado o acompanhamento de um profissional de saúde da UBS nesta visita; • Produzir materiais informativos que atendam as necessidades locais, que podem ser construídos em conjunto entre profissionais e população assistida; • Manter calendário de planejamento para realização de Educação em Saúde com temas afins ao Parto Normal; • Realizar grupos para gestantes e outros interessados abordando temas afins ao processo de nascimento, como: Tipos de Parto, fisiologia e fases do parto normal, a relação entre o trabalho de parto e a dor, boas práticas obstétricas e neonatais segundo a Organização Mundial da Saúde e Ministério da Saúde, a presença do acompanhante no trabalho de parto, a relação entre o tipo de parto e a amamentação, identificação das contrações uterinas e reconhecimento dos sinais e sintomas do trabalho de parto, sinais de risco durante gestação e trabalho de parto, entre outros. • Uso de metodologias lúdicas na Educação em Saúde; • Troca de experiências exitosas entre equipes da Atenção Primária no incentivo ao Parto Normal. 2. Acompanhamento Pré-natal A avaliação e a Estratificação de Risco da gestação, definidos na Linha Guia Mãe Paranaense, devem acontecer na primeira e nas demais consultas do pré-natal, permitindo a orientação e os encaminhamentos adequados em cada mo- mento da gravidez. Deve ser garantidoo acesso da gestante aos serviços de atenção especializada à gestação de risco, conforme desenho da Rede de Atenção Materno Infantil Mãe Paranaense. Vale reforçar que, mesmo encaminhando a gestante a outro nível de atenção, a equipe de saúde da unidade bási- ca, continua responsável pelo cuidado a esta gestante. Compete às equipes de Atenção Primária à Saúde, o processo de vinculação da gestante ao serviço de referência para o parto. Nas Unidades de Saúde, a gestante deve ser in- formada e referenciada para o serviço hospitalar que realizará o parto, e esta informação deve constar na Carteira da Ges- tante. A UAP deve entrar em contato com o serviço hospitalar para programar uma visita guiada, da gestante e do acompa- nhante, no hospital, e esta visita deve acontecer até o 6º mês de gestação. 2.1 Consultas A primeira consulta deve ser realizada o mais pre- cocemente possível, ou até o final do 3º mês de gestação, garantindo no mínimo 07 (sete) consultas durante a gravidez e 01 (uma) no puerpério, resultando no mínimo em 08 con- sultas para o atendimento da gestante/puérpera, na seguinte proporção: • 02 (duas) no primeiro trimestre; • 02 (duas) no segundo trimestre; • 03 (três) no terceiro trimestre da gestação; • 01 (uma) no puerpério. A primeira consulta cor- responde ao cadastro, onde o médico ou a enfermei- ra que atender a gestante deve solicitar os primeiros exames de rotina. 2.1.1 Componentes da Consulta • Anamnese: história clínica (geral e obstétrica), condições e hábitos de vida; • Exame Físico (geral e ginecológico/obstétrico); • Preenchimento completo e legível do prontuário e da Carteira da Gestante; • Preenchimento da Ficha de Identificação e Clínica do SISPRENATAL; • Solicitação de exames da rotina pré-natal (Quadro 1); • Orientação, avaliação dietética e prescrição, de acordo com a necessidade. 11 ATENÇÃO AO PRÉ NATAL RISCO HABITUAL 2.2 Exames da Rotina Pré-Natal recomendados QUADRO 1 – Exames da rotina pré-natal recomendados na Rede Mãe Paranaense ROTINA DE PRÉ-NATAL Exames 1º Trimestre (1ª Consulta) 2º Trimestre 3º Trimestre TESTE RÁPIDO DE GRAVI- DEz x TESTE RÁPIDO PARA HIV* ou PESQUISA DE ANTI- CORPOS ANTI-HIV1 + HIV2 (ELISA) x x x TESTE RÁPIDO PARA SíFILIS (TESTE TREPONêMICO) x x x VDRL* (TESTE NÃO TREPO- NêMICO) x x x FTA-Abs ou CMIA (TESTES TREPONêMICOS)** x x x TESTE RÁPIDO PARA DOSA- GEM DE PROTEINÚRIA A critério médico TIPAGEM SANGUíNEA x PESQUISA FATOR RH x ELETROFORESE DE HEMO- GLOBINA x HEMATOCRITO x x URINA I x x x CULTURA DE BACTERIAS A critério médico A critério médico A critério médico DOSAGEM DE HEMOGLO- BINA x DOSAGEM DE GLICOSE x x PESQUISA DE ANTIGENO DE SUPERFíCIE DO VIRUS DA HEPATITE B (HBS AG) x ULTRA-SONOGRAFIA OBS- TETRICA x ExAME CITOPATOLÓGICO CÉRVICO-VAGINAL/MICRO- FLORA x TOxOPLASMOSE (IgG e IgM) x x x TESTE DE AVIDEz DE IgG PARA TOxOPLASMIOSE*** *** *** *** TESTE INDIRETO DE ANTI- GLOBULINA HUMANA (TIA) x PARASITOLOGICO DE FEzES x Nota: * O VDRL, como triagem para sífilis, deve ser realizado apenas em municípios que não dispõe de teste rápido, pois este exame apresenta risco de resultado falso negativo. ** O FTA-Abs e o CMIA são testes que devem ser realizados para confirmação de resultados reagentes do teste rápido e de VDRL ou, ainda, podem substituir o teste rápido. *** Este exame deve ser realizado, em caso de IgG e IgM reagentes para toxoplasmose, preferencialmente na mesma amostra de sangue da 1ª coleta e antes da 16ª semana de gestação. 12 ATENÇÃO AO PRÉ NATAL RISCO HABITUAL 2.3 Outros exames complementares recomendados • Avaliação da saúde bucal: preferencialmente no 1º trimestre; • Ultrasonografia obstétrica(US): realizar US preferencialmente no 1º trimestre (período mais adequado para precisar a idade gestacional) ou até a 24ª semana de gestação, e repetir na presença de intercorrências (a critério médico); • Exame para detecção de Tuberculose, para gestante HIV positivo. 3. Intercorrências Clínicas e Obstétricas, mais freqüentes na Gestação, que podem ser identificadas por meio da Avaliação Clínica e/ou dos Exames da Rotina Pré- Natal 3.1 Síndromes Hipertensivas na Gestação (BRASILª, 2012) A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é a doença que mais frequentemente complica a gravidez, presente em 5% a 10% das gestações, sendo uma das principais causas de morbimortalidade materna e perinatal. A definição de hipertensão na gravidez considera os valores absolutos de PA sistólica > 140 mmHg e/ou diastólica de > 90mmHg. O diagnóstico deve ser realizado por medidas seriadas dos níveis pressóricos, em condições ideais, durante o acompanhamento pré-natal, ao menos em três ocasiões. A PA diastólica deve ser identificada pela fase V de Korotkoff. Existem vários fatores que aumentam o risco da ges- tante ter hipertensão arterial: primiparidade, diabetes mellitus, gestação gemelar, história familiar de pré-eclâmpsia e eclâmp- sia, hipertensão arterial crônica, pré-eclâmpsia sobreposta em gestação prévia, hidropsia fetal (não imune), gestação molar, nova paternidade. Outros sinais de alerta para o aparecimento da hiper- tensão são: IMC > 25,8; idade materna maior do que 35 anos, uso de método anticoncepcional de barreira, aborto prévio, ganho excessivo de peso. (BRASILª, 2012) Segundo as “VI Diretrizes Brasileiras de Hiperten- são”, a HAS na gestação é classificada nas seguintes catego- rias principais: • Hipertensão crônica: estado hipertensivo registrado antes do início da gestação, no período que precede a 20ª semana de gravidez ou além de doze semanas após o parto. Esta condição não está associada a edema e proteinúria (salvo se houver dano renal antes da gravidez) e persiste depois de 12 semanas após o parto. • Hipertensão gestacional: aumento da pressão arterial que ocorre após a 20ª semana de gestação, mais frequentemente perto do parto ou no puerpério imediato, sem proteinúria. • Pré-eclâmpsia: aparecimento de hipertensão e proteinúria (300mg ou mais de proteína em urina de 24h), após 20 semanas de gestação, em gestante previamente normotensa. É uma desordem multissistêmica, idiopática, específica da gravidez humana e do puerpério, relacionada a um distúrbio placentário que cursa com vasoconstricção aumentada e redução da perfusão. O edema atualmente não faz mais parte dos critérios diagnósticos da síndrome, embora frequentemente acompanhe o quadro clínico. • Eclâmpsia: corresponde à pré-eclâmpsia complicada por convulsões que não podem ser atribuídas a outras causas. • Pré-eclâmpsia superposta à HAS crônica: é definida pela elevação aguda da PA, a qual se agregam proteinúria, trombocitopenia ou anormalidades da função hepática, em gestantes portadoras de HAS crônica, com idade gestacional superior a 20 semanas. A avaliação seriada da PA deve ser realizada conco- mitante com o acompanhamento do ganho de peso súbito e/ ou a presença de edema, principalmente a partir da 24ª sema- na. Gestantes com ganho de peso superior a 500g por sema- na, mesmo sem aumento da pressão arterial, devem ter seus retornos antecipados, considerando-se maior risco de pré-e- clâmpsia. BRASILª, 2012 Complicações (BRASILª, 2012) – Descolamento Prematuro de Placenta: Incide em 0,5 a 3,0% das gestações, com altos índices de mortalidade perinatal e materna. Diagnóstico é, preferencialmente, clínico: dor abdominal súbita (intensidade variável); sangramento (ver- melho-escuro, com coágulos; pouca quantidade, incompatível com quadromaterno de hipotensão ou de choque; às vezes sangramento oculto); taquihipersistolia (fase inicial); útero hi- pertônico, doloroso, sensível às manobras palpatórias; bati- mentos cardíacos fetais alterados ou ausentes; condições ge- rais maternas variáveis (desde palidez de pele e mucosas até choque e distúrbios da coagulação sanguínea). – Síndrome Hellp: Acomete 4% a 12% de gestantes com pré-eclâmpsia ou eclampsia, decorrente de vasoespas- mo no fígado materno; grave. Sintomatologia pobre, podendo ocorrer mal-estar, epigastralgia ou dor no hipocôndrio direito, 13 ATENÇÃO AO PRÉ NATAL RISCO HABITUAL náuseas, vômitos, perda de apetite e cefaléia. Confirmação diagnóstica é laboratorial: • plaquetopenia: < 100.000 plaquetas/mm3 • hemólise: esquizócitos no sangue periférico • aumento de enzimas hepáticas: – Desidrogenase láctica/DLH > 600U/l – Bilirrubina total > 1,2mg/dl – TGO > 70U/l Gestantes que apresentem os quadros clínicos acima descritos devem ser encaminhadas para urgência obstétrica, para avaliação e conduta. Tratamento • Agudo: urgência ou emergência hipertensiva; requer hospitalização, monitoramento intensivo, antecipação do parto e administração parenteral de antihipertensivos (hidralazina) e/ou de sulfato de magnésio (prevenção da eclâmpsia, grau de recomendação A). • A longo prazo: para gestantes com pré-eclâmpsia com quadro estabilizado, sem necessidade de parto imediato. Indicado tratamento anti-hipertensivo por via oral. Não se recomenda anti-hipertensivo para HAS com valores de PA < 150/100mmHg associada à pré-eclâmpsia ou à hipertensão crônica. A metildopa é a droga preferencial como terapia de primeira linha, por ser a mais bem estudada e por não haver evidência de efeitos deletérios para o feto. Podem ser utilizados também os bloqueadores beta (risco RCIU) e alfa adrenérgicos, assim como os antagonistas do cálcio (nifedipino, anlodipino e verapamil). Diuréticos são seguros e eficazes, quando indicados, em especial nas hiper- tensão crônicas que já os utilizavam antes da gestação. Atribuição da Atenção Primária à Saúde na atenção às Síndromes Hipertensivas na Gestação Os profissionais de saúde que atendem pré-natal na atenção primária devem estar atentos aos fatores predispo- nentes ao aparecimento da hipertensão na gestação ou ao agravamento de condição hipertensiva pré-existente. A gestante identificada como hipertensa na APS, em qualquer das categorias de síndrome hipertensiva supra-rela- cionadas, deverá ser estratificada como gestante de alto risco, devendo ser vinculada para realização de pré-natal e do parto em serviço de referência para gestação de alto risco. Iniciar tratamento anti-hipertensivo, ainda na APS, quando indicado, concomitante ao encaminhamento para o serviço especializado, conforme as orientações elencadas neste Caderno. Vale reforçar que, mesmo após o encaminhamento para serviço de atenção à gestação de alto risco, a equipe de saúde da unidade básica continuará responsável pelo cuidado a esta gestante. Recomenda-se realizar acompanhamento do estado nutricional e ganho ponderal da gestante, por meio de curvas de IMC específicos para esta população, incluindo orientações sobre alimentação equilibrada, com a finalidade de redução do risco de hipertensão e diabetes durante o ciclo grávido -puerperal. QUADRO 2 – Ganho ponderal (kg) recomendado durante a gestação, segundo o estado nutricional inicial E st ad o N ut ric io na l I ni ci al (IM C ) R ec om en da çã o de g an ho de p es o (K g) to ta l n o 1º tr im es tr e R ec om en da çã o de g an ho de p es o (k g) s em an al m éd io n o 2º e 3 º tr im es tr es R ec om en da çã o de g an ho de p es o (K g) to ta l n a ge st aç ão Baixo Peso (BP) 2,3 0,5 12,5-18,0 Adequado (A) 1,6 0,4 11,5-16,0 Sobrepeso (S) 0,9 0,3 7,0-11,5 Obesidade (O) - 0,3 7,0 Fonte:WHO, 1995 in BRASIL 2011 3.2 Diabetes na Gestação O diabetes mellitus é uma doença metabólica crô- nica, caracterizada por hiperglicemia. Os sintomas clássicos são: poliúria, polidipsia, polifagia e perda involuntária de peso. Outros sintomas que levantam a suspeita clínica são: fadiga, fraqueza, letargia, prurido cutâneo e vulvar e infecções de re- petição. Algumas vezes, o diagnóstico é feito a partir de com- 14 ATENÇÃO AO PRÉ NATAL RISCO HABITUAL plicações crônicas, como neuropatia, retinopatia ou doença cardiovascular aterosclerótica (BRASILa, 2012) O diabetes mellitus associado à gravidez pode ser classificado como: • Diabetes Gestacional: diagnosticado durante a gravidez • Diabetes Pré-gestacional: diabetes prévio à gravidez: tipo1, 2 ou outros. Diabetes mellitus Gestacional (DMG): alteração no metabolismo dos carboidratos, resultando em hiperglicemia de intensidade variável, diagnosticada pela primeira vez ou iniciada durante a gestação, podendo ou não persistir após o parto. (AMERICAN DIABETES ASSOCIATION, 2004; WHO, 2006 in Ministério da Saúde, 2012). É o problema metabólico mais comum na gestação e tem prevalência entre 3% e 13% das gestações (BRASILa, 2012) No Brasil, cerca de 7% das gestações são complica- das pela hiperglicemia gestacional, sendo que a obesidade, especialmente a visceral, é um dos fatores mais importantes para o desenvolvimento do diabetes. (SBD, 2014) Fatores de risco para o desenvolvimento do DMG : idade materna de 35 anos ou mais; sobrepeso, obesidade ou ganho excessivo de peso na gravidez atual; deposição cen- tral excessiva de gordura corporal; história familiar de diabe- tes em parente de primeiro grau; crescimento fetal excessivo, polidrâmnio; hipertensão ou pré-eclâmpsia na gravidez atual; antecedentes obstétricos de abortamentos de repetição, mal- formações, morte fetal ou neonatal, macrossomia ou DMG; síndrome de ovários policísticos; baixa estatura (menos de 1,5m). (SBD, 2014) Diagnóstico O rastreamento para DMG deve ser oferecido a toda gestante durante o pré-natal (BRASILa, 2012), independente de histórico prévio de diabetes. (SBD, 2014): Caso o valor encontrado da glicemia de jejum, re- alizada no primeiro trimestre da gestação, seja ≥ 126 mg/dl, diagnostica-se diabetes mellitus pré-gestacional. Caso glicemia de jejum seja ≥ 92 mg/dl e < 126 mg/ dl, diagnostica-se DMG. Em ambos os casos, deve ser confirmado o resulta- do com uma segunda dosagem da glicemia de jejum. (SBD, 2014) Duas glicemias plasmáticas de jejum > 126mg/dl confirmam o diagnóstico, sem o teste oral de tolerância à gli- cose (TOTG).(BRASILb, 2012). As “Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2014” recomendam a investigação de DMG em todas as ges- tantes sem diagnóstico prévio de diabetes, por meio do TOTG entre a 24ª e 28 semanas de gestação, antecedido por dieta sem restrição de carboidratos ou com, no mínimo, ingestão de 150 g de carboidratos nos três dias anteriores ao teste, com jejum de 8 horas, com a seguinte interpretação de resultados: QUADRO 3 – Diagnóstico de DMG com TOTG com ingestão de 75g de glicose OMS¹ NIH/2012* INTERNATIONAL ASSOCIATION OF THA DIABETES AND PREGNANCY STUDY GROUPS** (IADPSG, 2010) DA/2011 SBD/2011 Jejum – 95 mg/dl 92 mg/dl 1 hora – 180 mg/dl 180 mg/dl 2 horas 140 mg/dl 155 mg/dl 153 mg/dl * Dois valores alterados confirmam o diagnóstico. ** Um valor alterado já confirma o diagnóstico. OMS: Organização Mundialde Saúde; NIH: National Institute of Health/USA; ADA: American Diabetes Association; SBD: Sociedade Brasileira de Diabetes Atribuição da Atenção Primária à Saúde na aten- ção à mulher com Diabetes Mellitus pré-existente ou com Diabetes Mellitus Gestacional (DMG) As equipes da APS devem estar atentas para identificação das mulheres diabéticas que planejam engravidar, visando à compensação metabólica, pré-concepção, assim como a avaliação da presença de complicações crônicas da doença e orientação especializada, com a finalidade de prevenção de malformações fetais, incluindo, ainda, o uso rotineiro de ácido fólico. (BRASILb, 2012) É importante que essas mulheres engravidem com níveis glicêmicos adequados, com o objetivo de prevenir as malformações fetais associados à hiperglicemia periconcep- cional, bem como as demais complicações maternas e fetais associadas à gravidez, sendo que as mulheres diabéticas com nefropatia ou vasculopatia devem ser orientadas a não engra- vidar. (BRASILb, 2012) Recomenda-se realizar acompanhamento do estado nutricional e ganho ponderal da gestante, por meio de curvas de IMC específicos para esta população, incluindo orientações sobre alimentação equilibrada, com a finalidade de redução da morbimortalidade materno-infantil. Na Rede de Atenção Materno Infantil do Paraná, re- comenda-se a realização do exame de Dosagem de Glicose, para gestante de risco habitual, no primeiro e terceiro trimes- tres de gestação. Para as gestantes estratificadas como de risco inter- mediário ou alto risco, a Dosagem de Glicose deve ser realiza- 15 ATENÇÃO AO PRÉ NATAL RISCO HABITUAL da a cada trimestre de gestação, e Teste Oral de Tolerância à Glicose (TOTG) com 75g, a critério médico. Toda gestante com diagnóstico confirmado de Dia- betes deve ser encaminhada para realização de pré-natal e parto em serviço de referência para gestação de alto risco. No entanto, a equipe da APS deve manter acompanhamento na UBS de origem, objetivando maior controle e aderência aos tratamentos preconizados pela equipe do ambulatório de alto risco, bem como para as demais orientações em saúde. A maioria das gestantes com DMG responde bem so- mente à dieta e aos exercícios físicos. Portanto, a equipe da APS deve orientar e incentivar a gestante, principalmente as sedentárias, a iniciar um programa de caminhadas regulares. Gestantes que já praticavam exercícios regularmente devem ser incentivadas a mantê-los, evitando os de alto impacto. (BRASILb, 2012) Orientação Dietética • O valor calórico total prescrito deve ter 40% a 45% de carboidratos (exceto os de absorção rápida), 15% a 20% de proteínas e 30% a 40% de gorduras sais minerais e vitaminas, em quantidades adequadas. (SBD, 2014), • A quantidade de quilocalorias deve ser calculada utilizando o peso da gestante, por ocasião do ingresso ao pré-natal. Para cada quilo de peso se oferecem 30kcal por dia (com limites de 1.800 a 3.000), divididas em sétimos, pois a gestante deverá fracionar as calorias em cinco partes do dia. De rotina, oferece-se um sétimo a cada refeição pequena (café da manhã, lanche da tarde e ceia), e dois sétimos nas refeições maiores (almoço e jantar). (FEBRASGO, 2011). o Exemplo: Gestante com 70 Kg. Multiplica por 30kcal = 2.100 kcal por dia. Divide por 7 = 300 Kcal por refeição. Então, multiplica 300 kcal por 2= 600 Kcal nas duas refeições maiores (almoço e jantar) e 300Kcal a cada refeição pequena (café da manhã, lanche da tarde e ceia). • O cálculo do valor calórico total da dieta pode ser feito também de acordo com o índice de Massa corporal (IMC) e visa a permitir ganho de peso em torno de 300 g a 400 g por semana, a partir do segundo trimestre de gravidez. (SBD, 2014) • Adoçantes artificiais (aspartame, sacarina, acessulfame-K e sucralose) podem ser utilizados com moderação. (SBD, 2014) Alertar às gestantes em insulinoterapia sobre o risco de hipoglicemia, em especial durante a noite e madrugada, e estabelecer medidas de prevenção. Orientar seus parceiros e familiares sobre como prestar os primeiros socorros nesta situação. (SBD, 2014). A gestante com sintomas de hipoglice- mia deverá ser orientada a ingerir um copo de leite com açúcar e procurar a UBS mais próxima (BRASILb, 2012) Reavaliar pacientes com DMG em 4 a 6 semanas após o parto para classificá-las como: DM, glicemia de jejum alterada, tolerância à glicose diminuída ou normoglicemia. Na maioria dos casos, há reversão para a tolerância normal após a gravidez, porém ha 10% a 63% de risco de desenvolver DM tipo 2, dentro de 5 a 16 anos após o parto. (SBD, 2014) 3.3 Sífilis A sífilis é uma doença infecciosa causada pela bacté- ria Treponema palidum, sistêmica, decorrente de transmissão sexual ou materno-fetal, com evolução crônica, mas sujeita a surtos de agudização e períodos de latência clínica, de menor ou maior tempo de duração. A sífilis pode ser classificada como adquirida ou con- gênita. Se o tempo de evolução da doença é inferior a um ano, trata-se de sífilis adquirida recente (primária, secundaria e latente recente) e, se superior a dois anos, sífilis adquirida tardia (latente tardia e terciária). Por sua vez, a sífilis congênita classifica-se em recente (diagnóstico até o 2º ano de vida) e tardia (diagnóstico após o 2º ano de vida) (BRASILb, 2006) A mulher com vida sexual ativa tem probabilidade de infectar-se ou reinfectar-se, com o treponema, a qualquer mo- mento e, assim, transmitir a doença, quando gestante, para o seu filho. As medidas de controle devem, portanto, abranger outros momentos antes da gravidez como consulta para pla- nejamento reprodutivo, prevenção do câncer, etc., na gesta- ção e na admissão à maternidade, seja para a realização do parto, para curetagem por abortamento ou qualquer intercor- rência. (BRASILb, 2006) Quadro Clínico • Sífilis Primária ou Cancro Duro: O cancro duro caracteriza-se pela presença de lesão erosada ou ulcerada, geralmente única, pouco dolorosa, com base endurecida, fundo liso, brilhante e pouca secreção sero- sa. A lesão aparece entre 10 e 90 dias (média de 21 dias), após o contato sexual infectante. É acompanhada de adenopatia regional não supurativa, móvel, indolor e múltipla. (BRASILb, 2006) • Sífilis Secundária: Caracteriza-se pela presença de lesões cutâneo-mu- cosas, de 6 a 8 semanas após o aparecimento do cancro duro. As lesões são geralmente acompanhadas de poliadenopatia generalizada e, ocasionalmente, há artralgia, febrícula, ce- faléia e adinamia. Mais raramente, observa-se comprometi- 16 ATENÇÃO AO PRÉ NATAL RISCO HABITUAL mento hepático e ocular, como uveíte. Dentre essas lesões, são comuns (BRASILb, 2006): ⇒ Manchas eritematosas (roséolas), de aparecimento precoce, podendo formar exantema morbiliforme; ⇒ Pápulas de coloração eritemato-acastanhada, lisas a príncipio e, posteriormente, escamosas, conhecidas como sifílides papulosas. A localização dessas lesões nas superfícies palmo-plantares sugere fortemente o diagnóstico de sífilis secundária; ⇒ Alopécia, mais observada no couro cabeludo e nas porções distais das sobrancelhas; ⇒ Lesões elevadas em platô, de superfície lisa, nas mucosas; ⇒ Lesões pápulo-hipertróficas nas regiões de dobras ou de atrito (condiloma plano). • Sífilis Latente (Recente e Tardia): É a forma da sífilis adquirida na qual não se observa sinais e sintomas clínicos e, portanto, tem o seu diagnóstico feito apenas por meio de testes sorológicos. (BRASILb, 2006) • Sífilis Terciária Os sinais e sintomas geralmente aparecem de 3 a 12anos ou mais após o início da infecção, principalmente por lesões cutâneo-mucosas, alterações neurológicas, cardiovas- culares e osteo-articulares. (BRASILb, 2006) Não se observa, usualmente, treponemas nas lesões da fase terciária e as sorologias apresentam, usualmente, títu- los baixos. • Sífilis Congênita • Recente (diagnóstico até o 2º ano de vida): os principais sinais são baixo peso, prematuridade, choro ao manuseio, coriza sanguinolenta, obstrução nasal, hepatoesplenomegalia, icterícia, anemia severa, edema, osteíte ou osteocondite, pseudoparalisia de membros, pneumonia, fissura peribucal, pênfigo palmo-plantar, condiloma plano e outras alterações cutâneas. (CURITIBA, 2004) • Tardia (diagnóstico após o 2º ano de vida): nariz em sela, dentes de Hutchinson (incisivos superiores deformados) , mandíbula curta, arco palatino elevado, ceratite intersticial, tíbia em lâmina de sabre, surdez neurológica e déficit na aprendizagem. (CURITIBA, 2004) Diagnóstico e Tratamento • Testes treponêmicos: testes sensíveis e específicos, utilizados para screening e confirmação de infecção treponêmica. Podem permanecer detectáveis indefinidamente, podendo significar uma infecção tratada anteriormente; neste caso, o teste não treponêmico pode confirmar uma re-infecção. As técnicas para pesquisa de anticorpos contra o treponema podem ser: quimioluminescência (CMIA), imunofluorescência indireta (FTA-Abs), ensaio imunoenzimático (Elisa ou EIE), aglutinação passiva TPHA ou (MHA-TP), western blot e imunocromatografia. Além destes testes séricos, o teste rápido para sífilis é treponêmico e detecta anticorpos específicos por imunocro- matografia. • Teste não-treponêmicos: Utilizados para triagem e monitoramento da infecção (quantitativo), tendem a negativação após o tratamento e, por isso, são utilizados no seguimento após tratamento. As técnicas são: VDRL e RPR. Estes testes podem ser falso negativo e falso positivo, devendo ser confirmados com um teste treponêmico (BRASILb, 2012) *** IMPORTANTE: EM GESTANTE COM HISTÓRIA PRÉVIA DE SíFILIS, TRA- TADA OU NÃO, NÃO É RECOMENDADA OU NECESSÁRIA A REALIzAÇÃO DO TESTE RÁPIDO PARA DETECÇÃO DE SíFILIS, POIS O MESMO CERTAMENTE SERÁ POSITIVO. NESTE CASO, RECOMENDA-SE REALIzAR VDRL QUAN- TITATIVO PARA AVALIAR A NECESSIDADE OU NÃO DE TRATAMENTO. QUADRO 4 – Tratamento da Sífilis Adquirida Sífilis Primária (cancro duro) Penicilina G. Benzatina 2.400.000 UI, via intramuscular, em dose única (1,2 milhão UI, em cada glúteo). Dose total 2.400.000 UI. Sífilis Recente ou menos de um ano (secundária e latente) Penicilina G. Benzatina 2.400.000 UI, via intramuscular, (1,2 milhão UI, em cada glúteo). Repetir após 01 semana. Dose total 4.800.000 UI. Sífilis Tardia (latente e terciária) ou com duração ignorada Penicilina G. Benzatina 2.400.000 UI, via intramuscular (1.2 milhão UI, em cada glúteo). Repetir semanalmente, até completar 03 semanas. Dose total 7.200.000 UI. Gestante com HIV, em qualquer fase clínica da sífilis Fonte: (BRASILb, 2006) 17 ATENÇÃO AO PRÉ NATAL RISCO HABITUAL Ações a serem desenvolvidas na APS para prevenção da Sífilis na população feminina • Informar a população sobre as DST´s, incluindo a infecção por HIV/AIDS. • Aconselhar e testar para sífilis (VDRL), as mulheres em idade reprodutiva e seus parceiros. • Aconselhar e testar para sífilis, e para o HIV (com o seu consentimento), as mulheres que manifestem intenção de engravidar (o planejamento reprodutivo é o momento oportuno para essa ação). • Realizar tratamento adequado e imediato dos casos diagnosticados em mulheres e seus parceiros. • Notificar a Vigilância Epidemiológica do município, todas as gestantes ou parturientes com evidência clínica de sífilis e/ou com sorologia não treponêmica reagente, com qualquer titulagem, mesmo na ausência de resultado de teste treponêmico confirmatório, realizada no pré-natal ou no momento do parto ou curetagem. • Orientar as mulheres sobre a transmissão da sífilis tanto por contato com lesões ulceradas genitais quanto com lesões ulceradas orais. Orientações para o seguimento da Sífilis Adquirida antes da gestação (BRASILb, 2006): • Reforçar a orientação sobre os riscos relacionados à infecção pelo T. pallidum, adquirido por meio da transmissão sexual, para que mulheres com sífilis e seu(s) parceiro(s) tenham práticas sexuais seguras, sendo que se recomenda o uso regular do preservativo (masculino e feminino), durante e após o tratamento. • Realizar controle de cura trimestral, por meio do VDRL, durante o primeiro ano (seguimento sorológico quantitativo de 03 em 03 meses, para detectar falhas terapêuticas e reinfecções). Testes treponêmicos não são indicados para seguimento. • Orientar os indivíduos com sífilis e seu(s) parceiro(s) sobre a importância de não se candidatar à doação de sangue e órgãos. 3.3.1 Sífilis na Gestação A sífilis é um agravo de notificação compulsória, con- siderado como indicador da qualidade de assistência à saúde materno-fetal. (BRASILa, 2012) A medida de controle da sífilis congênita, mais efetiva, consiste em oferecer a toda gestante uma atenção pré-natal adequada, por se tratar de uma das do- enças de mais fácil prevenção, basta que a gestante infectada seja detectada e, prontamente, tratada, assim como seu (s) parceiro (s) sexual (is). (BRASILb, 2006) Destaca-se que a transmissão vertical da sífilis pode ocorrer em 70% a 100% dos casos, nas fases primária e se- cundária da doença, em mulheres não tratadas. As manifes- tações clínicas variam desde o abortamento espontâneo à morte perinatal, apresentando elevada mortalidade, podendo chegar a 40% das crianças infectadas. (BRASIL, 2014) Etiopatogenia da Transmissão Vertical da Sífilis O treponema pallidum, quando presente na corrente sanguínea da gestante, atravessa a barreira placentária atin- gindo o feto. A infecção do feto pode ocorrer em qualquer fase da gestação. O risco de transmissão ao feto varia de acordo com o estágio da doença na gestante. Assim, a taxa de trans- missão vertical da sífilis é de (BRASILb, 2006): • 70 a 100%, na fase primária e secundária da doença (elevada carga treponêmica circulante), em mulheres não tratadas. • 30%, na fase latente (recente e tardia) ou terciária (reduzida carga treponêmica circulante, devido à resposta imunológica). O desfecho da infecção treponêmica na gestação pode ser a prematuridade, abortamento espontâneo, óbito fetal (em até 40% dos casos de sífilis congênita); recém-nasci- dos sintomáticos (com as manifestações clássicas) e recém- nascidos assintomáticos. A ausência de sinais clínicos em re- cém-nascidos é freqüente, mas se essas crianças não forem tratadas, apresentarão as manifestações tardias da doença, muitas vezes irreversíveis. (BRASILb, 2006) Quadro Clínico, Diagnóstico e Tratamento na Ges- tação O quadro clínico, o diagnóstico e o tratamento da sífi- lis na gestação não diferem do período não gestacional. Ressalta-se que, em caso de interrupção do trata- mento, este deve ser reiniciado, com 7.200.000UI. (CURITIBA, 2004) Os Quadros 5, 6 e 7, resumem a abordagem clíni- ca (diagnóstico e tratamento), a partir do teste de diagnóstico eleito pelo gestor, preferencialmente teste treponêmico (teste rápido ou teste treponêmico sérico) ou, na impossibilidade deste, teste não treponêmico (VDRL). 18 ATENÇÃO AO PRÉ NATAL RISCO HABITUAL QUADRO 5 – Interpretação de Resultados de Triagens realiza- das a partir do TesteRápido ou de Teste Treponêmico Sérico, em gestante SEM histórico prévio de sífilis IN TE R P R E TA Ç Ã O Teste Rápi- do* ou Teste Treponêmi- co sérico* Teste não Trepo- nêmico (VDRL**) Tratamento Monitora- mento S ífi lis Reagente Reagente Tratar conforme Quadro 4 exceto se tratamento anterior adequado e docu- mentado. VDRL Mensal Reagente Não rea- gente*** VDRL Mensal E xa m e no rm al Não rea- gente Desneces- sário Não tratar VDRL Trimestral * A triagem a partir do teste rápido ou do teste tre- ponêmico sérico deve ser realizada somente para gestantes SEM história anterior de sífilis. ** Realizar VDRL quantitativo para seguimento pós tratamento. *** Solicitar exame confirmatório com teste treponêmi- co sérico, em laboratório de referência. QUADRO 6 – Interpretação de Resultados em gestante COM histórico prévio de sífilis IN TE R P R E TA Ç Ã O Teste Rá- pido ou Teste Treponêmi- co sérico* Teste não trepo- nêmico (VDRL**) Tratamento Monitora- mento S ífi lis Desneces- sário Reagente Tratar conforme Quadro 4 VDRL Mensal S em d oe nç a at iv a Desneces- sário Não rea- gente Não tratar. VDRL Mensal * A triagem a partir do teste rápido ou do teste tre- ponêmico sérico deve ser realizada somente para gestantes SEM história anterior de sífilis. ** Realizar VDRL quantitativo para seguimento pós tratamento. QUADRO 7 – Interpretação de Resultados de triagens realiza- das a partir do VDRL. IN TE R P R E TA Ç Ã O VDRL (teste não treponêmi- co) Teste Tre- ponêmico Tratamento Monitora- mento S ífi lis Reagente Reagente Tratar conforme Quadro 4 exceto se tratamento anterior adequado e docu- mentado. VDRL Mensal (ver segui- mento) Não rea- gente* Reagente Fa ls o po si tiv o (N ão é s ífi lis ) Reagente Não rea- gente Não tratar VDRL Trimestral E xa m e no rm al Não rea- gente Não rea- gente * VDRL não reagente pode significar falso negativo, portanto, para municípios que não dispõem do tes- te rápido, o ideal é realizar como triagem outro teste treponêmico, mesmo para gestante com VDRL não reagente. OBSERVAÇÕES • Alergia à Pencilina é um evento muito raro, mas potencialmente grave. O diagnóstico de alergia deve ser avaliado pela história clínica, o que evitará a realização de testes de sensibilidade, que deverão ser realizados em unidades de referência. (BRASILb, 2006) • No caso de alergia à penicilina confirmada ou suspeita, pode-se optar por uso de medicamentos alternativos ou dessensibilização. • Dessensibilização: Não há garantia de que outras drogas consigam tratar adequadamente, assim pode-se optar por dessensibilização, com administração oral de doses progressivas de penicilina, sempre em ambiente hospitalar. (JAMES, 2002) Esse procedimento não deve ser realizado na Unidade Básica de Saúde, pois podem ocorrer 19 ATENÇÃO AO PRÉ NATAL RISCO HABITUAL reações que necessitam de intervenções imediatas e de maior complexidade, não disponíveis nesse nível de atenção. A dessensibilização deve ser realizada em ambiente hospitalar. Havendo reação alérgica, o procedimento deve ser interrompido e deve ser instituído tratamento alternativo para sífilis. (BRASILb, 2006) • Tratamento Alternativo: Nos casos onde não foi possível a dessensibilização, pode-se tratar com estearato de eritromicina, 500mg por via oral,a cada 06 horas, durante 15 dias (sífilis recente) ou por 30 dias (sífilis tardia). Exige estreita vigilância (seguimento a curto e longo prazo), pois a eficácia é menor e o feto não é considerado tratado e considera-se criança nascida com sífilis congênita. (BRASILb, 2012) Seguimento O controle com VDRL mensal deve ser realizado até o final da gestação, sendo que o declínio dos títulos é con- siderado resposta adequada ao tratamento. Novo tratamento é justificado se ocorrer elevação de títulos do VDRL de duas diluições em relação ao último exame de VDRL realizado, mes- mo na ausência de sintomas. Neste caso, certificar-se do trata- mento do parceiro. (CURITIBA, 2004) Não é necessário a realização de sorologia para o(s) parceiro(s) sexual(is) de gestantes com sífilis. Recomenda-se a prescrição de Penicilina G Benzatina 7.200.000UI (03 séries de 2.400.000UI, com intervalo de 07 dias) para tratamento do(s) parceiro(s) sexual(is) de gestantes com sífilis. (CURITI- BA, 2004) Parceiro(s) não tratado(s) caracteriza(m) tratamento materno inadequado e o RN será considerado caso suspeito de sífilis congênita, com investigação, tratamento, e notifica- ção da criança. (CURITIBA, 2004) A ausência da informação de tratamento do parceiro(s) sexual(is) deixa de ser um dos critérios de notificação de sífilis congênita. (BRASIL, 2014) Assim sendo, considera-se tratamento inadequado (BRASIL, 2014): • Tratamento realizado com qualquer medicamento que não seja a penicilina ou • Tratamento incompleto, mesmo tendo sido feito com penicilina ou • Tratamento inadequado para a fase clínica da doença ou • Tratamento instituído no prazo de até 30 dias antes do parto ou • Parceiro(s) sexual(is) com sífilis não tratado(s) ou tratado(s) inadequadamente. Na Rede de Atenção Materno-Infantil do Estado do Paraná, recomenda-se a realização de teste rápido para sífilis ou pesquisa laboratorial, no 1º, 2º e 3º trimestre de gestação. Preconiza-se, ainda, a realização do teste rápido para sífilis na maternidade/hospital por ocasião do parto. O tratamento da gestante com diagnóstico de sífilis, e de seu(s) parceiro(s), deve ser iniciado prontamente, na aten- ção primária, conforme recomendações do Ministério da Saú- de, constantes do Quadro 4 incluindo o agendamento da(s) dose(s) subseqüente(s). A penicilina deve ser administrada pela equipe de enfermagem (auxiliar, técnico ou enfermeiro), médico(a) ou farmacêutico(a), atendendo o disposto na Portaria nº 156/GM/ MS de 19 de janeiro de 2006. A gestante com sífilis deve ser encaminhada e vin- culada a Hospital de Referência para Gestação de Alto Risco, devendo permanecer o acompanhamento concomitante na Atenção Primária. A equipe da APS deve estar preparada para aborda- gem do(s) parceiro(s) sexual(is) da gestante, com a finalidade de verificar se foi realizado tratamento concomitante do parcei- ro e se o mesmo foi adequado. (CURITIBA, 2004) Tratar as intercorrências da terapêutica como a Re- ação de Jarish-Herxheimer (reação febril e exarcebação das lesões cutâneas), que ocorrem habitualmente pós tratamento da fase primária ou recente da sífilis (período de grande circu- lação de treponemas) e cujo quadro clínico involui, esponta- neamente, em 12 a 48 horas e não justifica a interrupção do tratamento. (CURITIBA, 2004) Cabe à equipe da APS, a notificação, à Vigilância Epi- demiológica do município, de todas as gestantes ou parturien- tes (BRASILb, 2006), durante o pré-natal ou no momento do parto ou curetagem, em caso de: • evidência clínica de sífilis e/ou; • testes rápido reagente ou outro teste treponêmico reagente e/ou*; • teste não treponêmico reagente (com qualquer titulagem, mesmo na ausência de resultado de teste treponêmico confirmatório) *Não é necessário notificar gestante com teste trepo- nêmico reagente, decorrente de sífilis tratada anteriormente, quando descartada reinfecção por exame de VDRL. Os resultados dos exames, assim como o tratamentorealizado para a gestante e o(s) parceiro(s) deve(m) ser regis- trados no prontuário e na Carteira da Gestante. Ainda, orientar sexo seguro, por meio do uso de pre- servativo, durante e após o tratamento, evitando reinfecção. 20 ATENÇÃO AO PRÉ NATAL RISCO HABITUAL 3.4 HIV O HIV, vírus causador da AIDS, pode estar presente no sangue, sêmen, secreção vaginal e leite materno, podendo ser transmitido por: (BRASIL, 2013) • Sexo sem camisinha: vaginal, anal ou oral. • Transmissão vertical: de mãe infectada para o filho • Uso da mesma seringa ou agulha, contaminada, por mais de uma pessoa. • Transfusão de sangue contaminado com o HIV. • Instrumentos pérfuro-cortantes, não esterilizados. Com o planejamento e o acompanhamento adequa- dos, é possível que a mulher tenha uma gestação com menor risco de transmissão vertical de quaisquer agravos. (BRASILa, 2012) O diagnóstico da infecção por HIV deveria ser reali- zado antes da gestação, pois possibilitaria planejar a gravidez para um momento em que a infecção materna estivesse con- trolada. Recomenda-se a adoção de medidas precoces para redução da carga viral em níveis indetectáveis antes que a mu- lher engravide. (BRASILa, 2012) Como nem sempre isso ocorre, o pré-natal é a opor- tunidade de diagnóstico da infecção e a testagem é obriga- tória, a fim de promover o tratamento materno e prevenção da transmissão vertical, através do uso de antirretrovirais para atingir carga viral indetectável. 3.4.1 HIV na Gestação A transmissão vertical acontece por passagem do ví- rus para a criança durante a gestação, o parto ou a amamenta- ção, sendo que a maior parte dos casos (65%) ocorre durante o trabalho de parto e parto e os 35% restantes, habitualmente, ocorre intraútero, principalmente nas últimas semanas de ges- tação ou, ainda, por meio do aleitamento materno. (BRASIL, 2012) Sem qualquer ação profilática o risco de transmis- são vertical é de 25 a 30%. Se aplicadas todas as medidas preconizadas, a taxa de transmissão vertical é reduzida para níveis inferiores a 2%. (BRASIL, 2014) O aleitamento materno apresenta riscos adicionais de transmissão, que se renovam a cada exposição da criança ao peito, e este risco situa-se entre 7% e 22%. (BRASILb, 2012) A patogênese da transmissão vertical do HIV relacio- na-se a múltiplos fatores, entre eles: (BRASILb, 2012) • Fatores virais: carga viral e genótipo viral. • Fatores maternos: incluindo estado clínico e imunológico, presença de DST e outras coinfecções, estado nutricional e tempo de uso de antirretrovirais na gestação. • Fatores comportamentais: uso de drogas e prática sexual desprotegida. • Fatores obstétricos: duração da rotura das membranas amnióticas, a via de parto e a presença de hemorragia intraparto. • Fatores inerentes ao recém-nascido: prematuridade e baixo peso ao nascer. • Fatores relacionados ao aleitamento materno Notificação A notificação de gestantes e parturientes infecta- das pelo HIV e crianças expostas ao vírus, tornou-se obriga- tória no Brasil, a partir da publicação da Portaria nº 993, de 04/09/2000, integrando-se ao Sistema Nacional de Vigilância. (BRASIL, 2014) Diagnóstico No pré-natal é recomendado testagem para HIV, que pode ser por meio de testes rápidos, e devem realizados no 1º, 2º e 3º trimestres, a fim de detectar, em tempo, casos de infecção na concepção e durante o curso da gestação. A realização do diagnóstico da infecção pelo HIV, no parto, com o uso de testes rápidos, possibilita a adoção de medidas de profilaxia da transmissão vertical do HIV durante o trabalho de parto e parto, uma vez que o resultado é obtido em menos de 30 minutos. O diagnóstico da infecção pelo HIV deve ser definido e informado à puérpera, antes da alta hospi- talar (BRASILb, 2012). • Diagnóstico com Testes Rápidos Este teste determina o estado sorológico de forma rá- pida, pois fornece o resultado em tempo inferior a 30 minutos. Os testes rápidos devem ser realizados imediatamente após a coleta da amostra. Nestas situações, a gestante deve aguar- dar o resultado, que será liberado prontamente. Atualmente, o diagnóstico da infecção pelo HIV é realizado mediante um a dois diferentes testes rápidos. A amostra com resultado não reagente no teste rápi- do 1 (TR1) será definida como: “Amostra Não Reagente para HIV”. Neste caso, o diagnóstico da infecção é excluído, não havendo a necessidade da realização de nenhum teste adi- cional. Destaca-se que o teste rápido (TR) tem a mesma sen- sibilidade da sorologia convencional. (FERREIRA, 2005) Todavia, no caso de amostra com resultado não re- agente, se existir a suspeita de infecção pelo HIV, nova testa- gem deve ser realizada após 30 dias, pois a paciente pode es- tar em fase de janela imunológica, fase em que os anticorpos não são detectados. Amostras com resultado reagente no TR1 deverão ser submetidas ao teste rápido 2 (TR2). Quando disponível no serviço de saúde, o Imunoblot rápido também poderá ser utili- 21 ATENÇÃO AO PRÉ NATAL RISCO HABITUAL zado como TR2. Amostras com resultados reagentes no TR1 e no TR2 terão seu resultado definido como: “Amostra Reagente para HIV”, sem a necessidade de nenhum teste adicional. As amostras com resultados discordantes entre TR1 e TR2, deverão ser submetidas a um terceiro teste rápido. Se o terceiro teste rápido apresentar resultado negativo, a amos- tra será considerada “Negativa para HIV”. Nesse caso, reco- menda-se proceder à coleta de uma segunda amostra, 30 dias após a emissão do resultado da primeira amostra e repetir o conjunto de procedimentos seqüenciados, para investigação de soroconversão.(BRASILb, 2006) • Diagnóstico com Teste convencional (BRASILa, 2012) O diagnóstico reagente da infecção pelo HIV deve ser realizado mediante pelo menos duas etapas de testagem (eta- pas 1 e 2), em conformidade com os testes elencados nestas, como de triagem e de confirmação. Diante de resultados reagentes, nos testes das eta- pas 1 e 2, o laboratório liberará o laudo como “Amostra Rea- gente para HIV” e solicitará a coleta de uma segunda amostra para a comprovação do resultado da primeira. Após a coleta, a segunda amostra deverá ser encaminhada ao laboratório o mais rapidamente possível e submetida somente à etapa 1. Quando o resultado do teste com a segunda amostra for re- agente, o resultado deverá ser liberado como “Amostra Rea- gente para HIV”. Testes específicos confirmatórios, como a detecção de múltiplos anticorpos específicos através da técnica de Wes- tern Blot, não são mais utilizados de rotina pela baixa sensibi- lidade. No caso de dois testes anti-HIV reagentes (tanto por teste rápido como por meio de sorologia convencional), a de- tecção do genoma viral por reação da polimerase em cadeia (carga viral HIV) está indicada. A mesma também deve ser mo- nitorada para avaliar efetividade da terapia específica. Neste caso, o diagnóstico estará definido e a gestan- te deverá ser encaminhada ao pré-natal de alto risco/Serviço de Atenção Especializada em DST/Aids (SAE), para realizar aconselhamento e ingressar no serviço. QUADRO 8 – Interpretação de Resultados de Triagens reali- zadas a partir do Teste Rápido ou de Teste Sorológico para diagnóstico de HIV, em gestantes sem diagnóstico prévio.] IN TE R P R E TA Ç Ã O Teste Rá- pido ou So- rologia anti-HIV Carga viral HIV Tratamento Monitora- mento In fe cç ão p el o H IV Reagente em duas amostras, realizadas por meto- dologias diferentes Quantificar o número de cópias de HIV/ ml, comobjetivo de carga viral indetectá- vel após o início de terapia antirretrovi- ral* Iniciar terapia an- tirretorviral após a 12ª semana de gestação Carga viral trimestral E xa m e no rm al Não rea- gente Desneces- sário de um modo geral** Não tratar Teste rápido ou Sorologia anti-HIV, trimestral * Gestantes têm indicação de realizar teste de genoti- pagem, para detectar eventual vírus com mutações nos locais de ação dos medicamentos. Normalmen- te este teste é solicitado pela equipe de referência no tratamento de HIV ** Nas gestantes com anti HIV não reagente, e forte suspeita de infecção recente, em que os testes podem ser falso-negativos devido ao período de janela imunológica, deve-se realizar carga viral do HIV. Exemplos de situações com esta indicação: parceiro HIV+ com carga viral detectável, gestante com sintomas de síndrome retroviral aguda (adeno- megalia, febre, exantema, linfocitose atípica). Terapia antirretroviral na gestação A terapia deve ser realizada da mesma forma que em pacientes não-gestantes, com 3 antirretrovirais, em geral sendo dois inibidores da transcriptase reversa nucleosídicos (ITRN) e um inibidor de protease (IP). O Quadro 9 sintetiza os esquemas de tratamento mais utilizados em gestantes e seus efeitos colaterais. A ade- são ao esquema com a posologia correta é fundamental para atingir o objetivo de redução da carga viral. A APS tem papel importante na garantia da adesão. Em gestantes com HIV resistente aos antirretrovirais habituais, geralmente pacientes com uso prévio de esquemas TARV, são necessários esquemas terapêuticos especiais que serão indicados na consulta especializada. 22 ATENÇÃO AO PRÉ NATAL RISCO HABITUAL QUADRO 9– Antirretrovirais para uso na Gestação Medicamento Posologia Eventos ad- versos mais relevantes In ib id or es d e tr an sc rip ta se r ev er sa n uc le os íd eo s Lamivudina + zidovudina* (co-formulados) deve ser usado em combinação com um inibidor de protease 1 comprimido a cada 12 horas comprimido contém 300mg zidovudina e 150mg de lami- vudina zidovudina pode comu- mente causar náuseas e, raramente, mielotoxicida- de (anemia) e mialgias Lamivudina + Tenofovir (co-formulados) deve ser usado em combinação com um inibidor de protease 1 comprimido ao dia comprimido contém 300mg zidovudina e 300mg de lami- vudina Tenofovir pode, raramente, cau- sar nefropatia e osteopatia In ib id or es d e pr ot ea se Lopinavir/rito- navir* (co-formulados) deve ser usado em combina- ção com dois inibidores de transcriptase reversa 4 comprimidos ao dia ou 2 comprimidos a cada 12 horas comprimido contém 200mg lopinavir e 50mg ritonavir Pode, comu- mente, causar náuseas e diar- réia e, a longo prazo, hipertri- gliceridemia Atazanavir e ritonavir (comprimidos separados) deve ser usado em combina- ção com dois inibidores de transcriptase reversa atazanavir – 1 comprimido ao dia (300mg) e ritonavir – 1 comprimido ao dia (100mg) Esta dose me- nor de ritonavir pode, eventual- mente, causar diarréia e o atazanavir pode causar icterícia por aumento de bilirrubina indireta * Esquema preconizado pelo protocolo nacional de terapia antirretroviral em gestantes de 2010. Atribuições da Atenção Primária à Saúde na investigação e acompanhamento da Gestante com HIV/AIDS Recomenda-se o teste anti-HIV, com aconselhamento pré e pós-teste e com consentimento, para todas as gestantes na primeira consulta pré-natal, e a repetição da sorologia para HIV no início do 3º trimestre, utilizando testes rápidos se ne- cessário. (BRASILb, 2012). Na Rede de Atenção Materno Infantil do Estado do Paraná, recomenda-se a triagem sorológica do vírus HIV, nos três trimestres de gestação e na internação para realização do parto, por meio do teste convencional (pesquisa de anticor- pos anti-HIV-1 + anti-HIV-2 (ELISA) ou da realização do teste rápido. A gestante HIV positiva ou com AIDS deve ser enca- minhada ao ambulatório de gestação de alto risco e vinculada a hospital de referência para gestação de alto risco para rea- lização do parto, devendo permanecer em acompanhamento concomitante na Atenção Primária. Em caso de sorologia reagente para o marcador de HIV na gestante, constituem as ações do médico da APS, antes do encaminhamento para o Serviço de Referência (Sbalqueiro, 2013): • Avaliar a idade gestacional: a partir da 12ª semana de gestação, iniciar terapêutica antiretroviral, ainda na APS, concomitante ao encaminhamento para Serviço de Referência, conforme tabela de antirretrovirais,. (Quadro 9) • Avaliar clínica ginecológica. • Solicitar outros exames de DST que não tiverem sido solicitados: anti-HCV, HBsAg, anti-HBs, VDRL e teste treponêmico. • Solicitar carga viral e CD4: a amostra deve ser encaminhada ao laboratório de referência, pactuado para o município; solicitação por APAC (anexos I e II). • Realizar a aplicação da vacina para hepatite B (em gestante HBsAg negativo), após resultado de HbsAg. • Notificar a vigilância epidemiológica municipal (HIV/ AIDS é obrigatório notificar). • Vincular a gestante para parto em hospital de referência para atendimento à • gestante de alto risco. O aleitamento materno representa risco adicional de transmissão (de 7% a 22%), que se renova a cada exposição da criança ao seio materno (mamada) e, portanto, está contra -indicado. (BRASILa, 2012) Cabe aos profissionais da atenção primária dar esta orientação à gestante com HIV ou AIDS, du- rante o pré-natal, assim como para a puérpera. A APS deve disponibilizar o teste rápido de HIV para as lac- tantes (mulheres que amamentam), durante toda a fase de amamentação, sendo que os profissionais de saúde devem informá-las sobre este exame, nesta fase, o qual deve ser realizado com periodicidade variável, conforme identifica- ção de fatores de risco e plano individual de atendimento. Recomendar, ainda, o uso de preservativo, a todas às mu- lheres em período de amamentação. O Ministério da Saúde fornece a fórmula infantil para alimentação de recém-nascidos de mães com HIV ou AIDS, distribuído por meio das Coordenações Municipais de DST/ AIDS ou Regionais de Saúde. Os profissionais de saúde da APS devem enfatizar, a toda gestante com HIV ou AIDS, em todas as consultas: a necessidade do uso de preservativos (mesmo em casais soro- positivos); o impedimento de amamentar; e, ainda, reforçar a importância de aderência ao tratamento. 23 ATENÇÃO AO PRÉ NATAL RISCO HABITUAL 3.5 Hepatites Virais As Hepatites Virais são doenças causadas por dife- rentes tipos de vírus, sendo os mais comuns no Brasil o A, B, C e D. Existe, ainda, o vírus E, mais freqüente na África e na Ásia, que pode causar doença grave em 25% das gestantes infectadas. (BRASILb, 2012) Entre as Hepatites Virais, serão tratadas neste Cader- no, as Hepatites B e C, uma vez que há possibilidade de in- tervenção positiva em relação à gestante e ao recém-nascido na Hepatite B (BRASILb, 2012) e há necessidade de monito- ramento nos portadores da Hepatite C, pois um quarto a um terço destes podem evoluir para formas histológicas graves ou cirrose, no período de 20 anos, caso não haja intervenção terapêutica. (BRASILa, 2009) 3.5.1 Hepatite B Doença viral, transmitida por via sexual ou parenteral, causada pelo vírus da hepatite B (VHB), pertencente à família Hepdnaviridae, que pode cursar de forma assintomática
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