Buscar

Introdução ao Pentateuco

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 29 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 29 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 29 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

SUMÁRIO 
1 - INTRODUÇÃO........................................................................................................2 
2 - CONHECENDO O PENTATEUCO.............................................................................2 
3 - AUTORIA DO PENTATEUCO ..................................................................................3 
4 - OS LIVROS DO PENTATEUCO................................................................................4 
5 - BERESHIOT (GÊNESIS) .........................................................................................5 
6 - TEORIAS DA CRIAÇÃO DA TERRA (GÊNESIS 1:1-3)...............................................6 
6.1. TEORIA DO VAZIO/LACUNA OU ARRUINAMENTO E A NOVA CRIAÇÃO ..................................7 
6.2. TEORIA DA CRIAÇÃO PROGRESSIVA ..............................................................................8 
6.3. TEORIA DA ALTERNÂNCIA DIA-ERA ...............................................................................8 
6.4. TEORIA DA CATÁSTROFE UNIVERSAL CAUSADA PELO DILÚVIO..........................................8 
6.5. A CRIAÇÃO DO UNIVERSO (GN. 1:1-25.) .......................................................................9 
6.6. A CRIAÇÃO (GN 1-2) ................................................................................................10 
7 - A TEORIA DA LACUNA ........................................................................................11 
7.1. GÊNESIS 1.14 DISTINGUE DIAS, ANOS E ESTAÇÕES .....................................................13 
7.2. A SIMBIOSE REQUER UM DIA DE 24 HORAS.................................................................13 
7.3. A SOBREVIVÊNCIA DA FAUNA E FLORA REQUER UM DIA DE 24 HORAS............................13 
7.4. GRAMÁTICA HEBRAICA .............................................................................................14 
7.5. CULTURA ................................................................................................................14 
7.6. O TRÍPLICE PROBLEMA DA TEORIA DA LACUNA.............................................................15 
8 - QUEM ERAM OS “FILHOS DE DEUS”? (GN 6) ......................................................15 
9 - QUANTO TEMPO DUROU A PREGAÇÃO DE NOÉ? (GN 6)......................................15 
10 - PRÉ-HISTÓRIA BÍBLICA (1-11).........................................................................16 
11 - ESBOÇO DE GÊNESIS......................................................................................19 
12 - SHEMOT (ÊXODO) ...........................................................................................20 
12.1. ESBOÇO DO ÊXODO .................................................................................................21 
13 - VAYKRÁ (LEVÍTICO) ........................................................................................22 
13.1. A INTERPRETAÇÃO DE LEVÍTICO EM HEBREUS .............................................................23 
13.2. FATOS A RESPEITO DAS CINCO OFERTAS.....................................................................23 
13.3. AS CINCO OFERTAS EM ORDEM .................................................................................23 
13.4. ESBOÇO DE LEVÍTICO...............................................................................................23 
14 - BAMIDBAR (NÚMEROS) ...................................................................................24 
14.1. ESBOÇO DE NÚMEROS .............................................................................................25 
15 - DEVARIM (DEUTERONÔMIO) ...........................................................................26 
16 - A IMPORTÂNCIA DO PENTATEUCO .................................................................27 
16.1. PARA OS JUDEUS.....................................................................................................27 
16.2. PARA OS CRISTÃOS ..................................................................................................27 
Pentateuco - 2 
Universidade da Bíblia ® | www.universidadedabiblia.com.br 
www.universidadedabiblia.net 
1 - INTRODUÇÃO 
Uma teologia da Bíblia ou de suas partes tem de examinar cuidadosamente o cenário 
da composição original ––– a época, o lugar, a situação e o autor ––– e a questão da forma e 
função canônica final. A teologia do Pentateuco tem de tomar conhecimento das 
circunstâncias históricas nas quais foi criado e, mais importante, dos interesses teológicos 
que motivaram a sua origem divina e humana, além de sua forma e função precisas. Até que 
entendamos tais princípios básicos, é impossível entender e corretamente articular a 
mensagem teológica dos escritos de Moisés. O nome Pentateuco reflete o tamanho da 
composição, visto que consiste em cinco rolos. A própria tradição judaica usa um termo 
mais preciso e informativo, a saber, Torá ou Toráh, que quer dizer “instrução”. Este nome 
sugere que o propósito dos escritos mosaicos era educar Israel acerca do significado geral da 
criação e da história, e acerca da função específica destas dentro dessa estrutura cósmica. 
2 - CONHECENDO O PENTATEUCO 
Chama-se "Lei de Moisés" ou Pentateuco (em hebraico Humash, Hamishá, Humashé 
Torah ou simplesmente Torah), Já em grego, é proveniente de duas palavras gregas penta, 
“cinco”, e teuchos “estojo ou instrumento”, posteriormente foi usada para designar 
“receptáculo” –– lugar onde se guardava os rolos de papiro, ou seja, conjunto dos cinco 
primeiros livros da Bíblia, que são: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Os 
nomes que derivam do grego estão relacionados com o conteúdo, enquanto que as 
denominações hebraicas são constituídas pela primeira ou principal palavra do início de 
qualquer livro – que remonta ao século III antes de Cristo, e por fim, “rolo” ou “volume”. 
"O livro em cinco volumes." Os judeus lhe chamavam "A lei" ou "A lei de Moisés", 
porque a legislação de Moisés constitui parte importante do Pentateuco. 
Todos os exemplares das Sagradas Escrituras principiam com o Pentateuco (os cinco 
primeiros livros da Bíblia). Os judeus chamam-no “a lei” (Tora). É provável que o Pentateuco 
originalmente fosse apenas um livro, divido em cinco capítulos, correspondente aos livros de 
Gênesis a Deuteronômio. Segundo o Dr. Scofield, em alguns textos da Bíblia hebraica, o 
Pentateuco termina depois do verso 12 do cap. 34 de Deuteronômio com as seguintes 
palavras: “Sê forte! Os cinco quintos da Lei foram completados. Louva Deus, grande e 
terrível!”. A separação dos capítulos, tomados por livros, é por muitos atribuídas aos 
tradutores de Alexandria (72 sábios israelenses – 6 de cada tribo – que, em Alexandria, 
traduziam o Antigo Testamento do hebraico para o grego, tradução esta conhecida por 
Septuaginta). 
A. Autor – O Pentateuco é de autoria de Moisés, servo de Deus, inspirado pelo Espírito 
Santo para escrever os cinco livros. 
B. Período de Abrangência. – Os fatos registrados no Pentateuco engloba um período 
de mais de vinte e cinco séculos (2.500 anos). 
 Gênesis – Da criação até a morte de José, abrangendo um período de 2.315 anos,
isto é, 4.004 a 1.689 a. C.
 Êxodo – Os acontecimentos registrados em Êxodo abrangem um período de 216
anos, cerca de 1.706 a 1.490 a.C. começa com um povo escravizado, habitando na
presença da idolatria egípcia e termina com um povo redimido habitando na
presença de Deus.
 Levítico – O livro abrange o período de menos de um ano da jornada de Israel no
Sinai.
 Números – 39 anos de jornada do povo de Israel no deserto, desde cerca de 1.490 a
1.451 a.C.
 Deuteronômio – Dois meses na planície de Moabe, no ano 1.451 a.C.
Pentateuco - 3 
Universidade da Bíblia ® | www.universidadedabiblia.com.br 
www.universidadedabiblia.net 
O Pentateuco é a primeira parte do Antigo Testamento e da Bíblia. Abarcam os livros 
conhecidos comoGênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. É também conhecido 
como Lei, por ser a Constituição do povo de Israel. Além disto, é de importância vital, tanto 
para o Judaísmo quanto para o Cristianismo. Os judeus sempre tiveram o Pentateuco em 
alta estima. Por ocasião do aparecimento dos samaritanos, estes aceitaram como única 
autoridade canônica, apenas o Pentateuco rejeitando o restante do Antigo Testamento. 
Assim surgiu o Pentateuco Samaritano. Da mesma forma, a seita dos saduceus também 
aceitava apenas o Pentateuco como inspirado divinamente. Se os fariseus aceitavam todo o 
Antigo Testamento como inspirado, sem sombra de dúvida, conferiam um lugar especial ao 
Pentateuco. Os judeus modernos em nada diminuíram o apreço pelo Pentateuco. Trechos 
dele são lidos todos os sábados nas sinagogas de forma que todo o seu conteúdo seja lido 
em um ano. Existe, inclusive, uma festa no calendário judaico marcando o término de um 
ciclo anual de leitura e, conseqüentemente, o início de outro - Simchat Torah (“Alegria da 
Lei”). Em cada casa judaica, existe uma mezuzá afixada no umbral da porta, que consiste 
em um pequeno pergaminho contendo Deuteronômio 6.4 - 9; 11.13 - 21 enrolado em uma 
capa. Aliás, Deuteronômio 6.4 (“Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR”) é 
recitado diariamente pelos judeus como uma oração - a Shemá, além de ser reconhecida 
como a confissão de fé judaica por excelência. Digno de nota é a oração especial que o judeu 
faz ao ler o Pentateuco: 
“Bendito és tu, Senhor Nosso Deus, Rei do Universo, que nos escolheu dentre todos 
os povos e nos deu sua Lei. Bendito és tu, Senhor, aquele que dá a Lei. Bendito és 
tu, Senhor Nosso Deus, Rei do Universo, que nos deu a Lei da Verdade e plantou a 
vida eterna em nosso meio. Bendito és tu, Senhor, aquele que dá a Lei”. 
Este carinho pelo Pentateuco pode ser visto também no Cristianismo. Desde os 
primórdios da Igreja, o Pentateuco sempre foi considerado uma das partes mais importantes 
do Antigo Testamento. Na Reforma Protestante sempre se partia dele para qualquer 
discussão sobre ética. Para Martinho Lutero, por exemplo, o Decálogo (os Dez 
Mandamentos) constituem a excellentissima doctrina (doutrina excelentíssima). 
Também Calvino e as confissões reformadas edificaram seus postulados éticos a partir 
do Decálogo. 
Contudo, muitas falácias têm surgido em torno da autoria, estrutura e até mesmo 
integridade deste livro. Algumas destas coisas serão discutidas neste trabalho, vejamos: 
3 - AUTORIA DO PENTATEUCO 
A tradição rabínica sempre creditou a autoria do Pentateuco a Moisés, o grande 
legislador que libertou Israel do Egito, e que teria vivido ou em 1450 a.C. ou 1200 a.C. 
Admitiam, no entanto, que ele não poderia ter escrito acerca da própria morte, em Deut. 34. 
Supunham, portanto, que este trecho teria sido escrito por Josué, o seu sucessor à frente do 
povo de Israel. Assim, tanto no Judaísmo quanto no Cristianismo, passou a ser uma 
questão de fé a autoria mosaica do Pentateuco. Há apoio bíblico para este ponto de vista. E 
este começa dentro do próprio Pentateuco, ao afirmar textualmente que Moisés havia escrito 
a lei: 
“Então disse o SENHOR a Moisés: Escreve isto para memória num livro e relata-o aos 
ouvidos de Josué: que eu totalmente hei de riscar a memória de Amaleque de debaixo dos 
céus”. (Êxodo 17:14)“E escreveu Moisés as suas saídas, segundo as suas jornadas, conforme 
o mandado do SENHOR; e estas são as suas jornadas, segundo as suas saídas”. (Números
33:2) “E Moisés escreveu esta Lei, e a deu aos sacerdotes, filhos de Levi, que levavam a arca 
do concerto do SENHOR, e a todos os anciãos de Israel... E aconteceu que, acabando Moisés 
de escrever as palavras desta Lei num livro, até de todo as acabar...” (Deuteronômio 
31:9,24) 
O restante da Bíblia também é unânime em atribuir a autoria do Pentateuco a Moisés. 
Isto é demonstrado pela denominação “Lei de Moisés”, conforme já abordamos logo acima. O 
Pentateuco - 4 
Universidade da Bíblia ® | www.universidadedabiblia.com.br 
www.universidadedabiblia.net 
Novo Testamento também será contundente nisso: a classe sacerdotal na Judéia dos tempos 
de Jesus afirmava ter Moisés escrito à lei (Mc 12.19); ler o Pentateuco é equivalente a “ler 
Moisés” (2 Co 3.15); os discípulos de Jesus reconheceram que Moisés havia escrito acerca 
dele (Jo 1.45). Mas é o próprio Jesus quem dá o testemunho de maior peso: 
“Porque, se vós crêsseis em Moisés, creríeis em mim, porque de mim escreveu ele”. 
(João 5:46) 
Não obstante, muitos estudiosos, principalmente a partir do século XVIII, começaram 
a duvidar da autoria mosaica. Alguns, inclusive, alegaram que Moisés não sabia escrever 
posto que em sua época ainda não havia escrita, mas isto já foi desmentido pela 
Arqueologia. Surgiu então a Teoria Documentária, segundo a qual o Pentateuco possuía 
vários autores posteriores a Moisés. 
Os principais argumentos desta teoria são: o uso dos nomes divinos Yahweh (Senhor) 
e Elohim (Deus); a diferença de estilo do hebraico nas diversas passagens; a duplicação de 
certos fatos (duas vezes Abraão mente afirmando que Sara é sua irmã - Gn 12.13 e Gn 20.2; 
duas vezes o povo reclamou da sede no deserto - Êx 17.1,3 e Nm 21.5; e assim por diante); o 
uso da terceira pessoa, evidenciando que outra pessoa escreveu sobre Moisés (muito embora 
este seja um recurso literário muito utilizado na Antigüidade, como fizera Júlio César). Mas 
o pior não foi colocar em dúvida a autoria mosaica, e sim, afirmar que Moisés sequer nunca
existiu que o mesmo é uma “lenda” e que todo o Pentateuco é uma “fraude piedosa”. 
Logicamente, isto fere o princípio da inspiração divina da Bíblia como um todo. 
Sem dúvida, existem certos trechos “problemáticos” no Pentateuco: 
Em Gn 14.14, Abraão busca pelo seu sobrinho Ló até a cidade de Dã. Mas nesta época 
aquela região ainda não havia recebido este nome. Está cidade recebeu este nome muito 
tempo depois, na época dos Juízes (Jz 18.29). Em Gn 36.31 afirma-se que todos os reis 
anteriormente mencionados neste capítulo são os que reinaram em Edom, antes que 
houvesse rei em Israel. Referindo-se a isto como um ato passado, pressupõe-se que já exista 
um rei em Israel e, portanto, esta lista não poderia ter sido escrita antes da instalação da 
monarquia em Israel - nem na época de Moisés. Em Êx 16.35 nos é relatado que o povo se 
alimentou do maná durante quarenta anos, até entrar em “terra habitada” quando então 
não mais se alimentaram do maná. 
Note que aqui também o fato é tido como passado, consumado, mas que aconteceu 
somente depois da morte de Moisés, já sob a liderança de Josué (Js 5.10 - 12). Estes textos 
citados mostram que Moisés não os poderia ter escrito. Existem muitos trechos que 
evidenciam alguém que conhecia muito bem os costumes egípcios, provavelmente, uma 
testemunha ocular dos episódios do êxodo pode ter sido o autor de algumas partes. Quando 
a Bíblia afirma, porém, que Moisés escreveu a lei, devemos nos lembrar que o Pentateuco 
não contém apenas material legislativo, mas também narrativa histórica. Parece que Moisés 
escreveu o “corpo” do Pentateuco, em especial àquele referente às leis; e alguém 
“complementou” a parte narrativa muito tempo depois. Isto não contradiz o princípio da 
inspiração divina da Bíblia, posto que não importa quem escreveu, pois o verdadeiro autor é 
Deus. Existe outra tradição, a judaica, que afirma que os rolos do Pentateuco foram 
queimados por ocasião da destruição de Jerusalém por Nabucodonosor e que, por isso, 
Esdras precisou reescrevê-los por inspiração do Espírito de Deus. 
Isto talvez explique os versículos “difíceis” acima citados: Moisés escreveu, Esdras 
teria completado. 
4 - OS LIVROS DO PENTATEUCO 
Desde o começo, os primeiros cincos livros que compõem o Cânon como parte das 
Escrituras Hebraicas, foram aceitos pelos judeus como documentos autênticos.Assim, no 
tempo de Davi, os eventos registrados de Gênesis a I Samuel eram plenamente aceitos como 
a verdadeira história da nação e dos pactos entre Deus e o povo eleito. 
No entanto, adversários das Escrituras Hebraicas têm atacado fortemente o 
Pentateuco, em particular no que tange à sua autenticidade e autoria. Por outro lado, 
Pentateuco - 5 
Universidade da Bíblia ® | www.universidadedabiblia.com.br 
www.universidadedabiblia.net 
ironicamente, devido ao reconhecimento, por parte dos judeus, de que Moisés é o autor do 
Pentateuco, podemos salientar o testemunho de antigos escritores, alguns dos quais eram 
inimigos dos judeus. Hecateu de Abdera, o historiador egípcio Mâneto, Lisímaco de 
Alexandria, Eupolemo, Tácito e Juvenal, todos atribuem a Moisés o estabelecimento do 
código de leis que distinguia os judeus das outras nações, e a maioria deles menciona em 
especial que ele assentou suas leis por escrito. Numênio, o filósofo pitagórico, até mesmo 
menciona Janes e Jambres como os sacerdotes egípcios que se opuseram a Moisés. (2 Tim. 
3:8) Esses autores abrangem um período que se estende do tempo de Alexandre (século IV 
a.C), quando os gregos se interessaram pela história judaica pela primeira vez, até o tempo
do Imperador Aureliano (século III d.C). Muitos outros escritorers antigos mencionam 
Moisés como líder, governante e legislador. 
Apesar do estrito cuidado dos copistas dos manuscritos da Bíblia, foram introduzidos 
no texto alguns pequenos erros e alterações de escribas. Como um todo, eles são 
insignificantes e não alteram a integridade geral das Escrituras; foram descobertos e 
corrigidos por meio de cuidadosa colação erudita e/ou comparação crítica dos muitos 
manuscritos e versões antigas existentes. 
Quanto ao estudo crítico do texto hebraico, ele começou com os eruditos no século 
XVIII. Nos anos de 1776-80, em Oxford, Benjamin Kennicott publicou variantes de mais de
600 manuscritos hebraicos. Daí, em 1784-98, em Parma, o erudito italiano J. B. de Rossi 
publicou variantes de mais de 800 manuscritos. 
O hebraísta S. Baer, da Alemanha, também produziu um texto-padrão. Mais 
recentemente, C. D. Ginsburg dedicou muitos anos à produção de um texto-padrão crítico 
da Bíblia hebraica. Foi publicado pela primeira vez em 1894, passando por revisão final em 
1926. Este fornece um estudo textual por meio de notas de rodapé, que comparam muitos 
manuscritos hebraicos do texto massorético. O texto básico usado por ele foi o texto de Ben 
Chayyim. Mas, quando os textos mais antigos e superiores massoréticos de Ben Asher se 
tornaram disponíveis, Kittel empreendeu a produção de uma terceira edição, inteiramente 
nova, que após a sua morte foi completada por seus colegas. Joseph Rotherham usou a 
edição de 1894 desse texto na produção da sua tradução inglesa, The Emphasised Bible (A 
Bíblia Enfatizada), em 1902, e o Professor Max L. Margolis, junto com colaboradores, usou 
os textos de Ginsburg e de Baer na produção da sua tradução das Escrituras Hebraícas, em 
1917. 
5 - BERESHIOT (GÊNESIS) 
Conta a criação e a história do mundo até Abraão e a vida dos patriarcas (Abrão, Isaac 
e Jacó) até a chegada ao Egito. 
Os termos hebraicos que designam a atividade criadora e ressaltam a onipotência de 
Deus além do hebraico “barah” e do grego “ktizein” (criar do nada), o hebraico “asah”; e do 
grego, “poiein”, isto é, “fazer” de coisas (materiais) que já existem (Gn 1.26; 2.7) “formar” 
(hebraico, yatsar; grego, plasso). A imagem metafórica que é expressiva da ação criadora é o 
“Deus Oleiro”. Gênesis 1:1 faz uso de um verbo, em hebraico, que pode ser usado em uma 
única situação: “barah” que significa "fazer do nada". Em Isaias 43.7, essas duas palavras 
são usadas para designar dois atos formativos distintos: "os criei (barah) para minha glória, 
e os formei e os fiz (asah)". Este verbo (Barah) é usado apenas quando algo surge “do nada”, 
ex-nihilo na expressão hebraica. 
Na narrativa da criação, como já foi indicado, são empregados três verbos a saber, 
bara’, ‘asah e yatsar, e são utilizados alternadamente na Escritura, Gn 1.26, 27; 2.7. A 
primeira palavra é a mais importante. Seu sentido originário é partir, cortar, dividir; mas, 
em acréscimo, significa também formar, criar e, num sentido de derivação mais distante, 
produzir, gerar e regenerar. A palavra mesma não transmite a idéia de produzir do nada 
alguma coisa, pois é usada até com referência a obras da providência, Is 45.7; Jr 31.22; Am 
4.13. Contudo, tem caráter distintivo: é sempre empregada com relação a alguma produção 
divina, nunca a qualquer produção humana; e nunca tem acusativo de material, pelo que 
serve para expressar a grandiosidade da obra de Deus. A palavra ‘asah é mais geral, 
Pentateuco - 6 
Universidade da Bíblia ® | www.universidadedabiblia.com.br 
www.universidadedabiblia.net 
significando fazer ou formar, e, portanto, é empregada no sentido geral de fazer, formar, 
fabricar , modelar. A palavra yastar tem, mais distintamente, o sentido de modelar com 
materiais preexistentes e, portanto, é empregada para descrever o trabalho do oleiro na 
modelagem de vasos de barro. As palavras do Novo Testamento são ktizein, Mc 13.19, 
poiein, Mt 19.4: themelioum, Hb 1.10, katartizein, Rm 9.22, kataskeuazein, Hb 3.4, e 
plassein, Rm 9.20. 
Nenhuma dessas palavras expressa diretamente a idéia de criação do nada. 
Livro de Gênesis - Hebraico: be’reshith. Grego: genesis - 1450 a.C 
O nome hebraico be’reshit “no princípio” conhecido como “o livro das origens”, o 
Gênesis é a narrativa da Criação, Queda e Redenção do homem, segundo o plano da 
salvação. Hebraico transliterado para o português de Gênesis 1:1 “berê'shiyth bârâ' 
'elohiym 'êth hashâmayim ve'êth hâ'ârets”. O Gênesis narra às primeiras origens do mundo, 
do gênero humano, e do povo hebreu, tudo relacionado com Deus, com sua revelação, com 
seu culto. 
Deus cria o universo, revela-se aos primeiros homens, Deus escolhe uma família 
(Abraão e sua descendência), para no seio dela conservar e desenvolver os germes da 
primitiva revelação e a verdadeira religião, no intuito de preparar a solene revelação do 
Sinai, narrada no Êxodo. A criação do céu e da terra (1:1-2:3), é como que o prólogo do 
grandioso drama, que se divide em duas partes, e tem por protagonistas os cinco grandes 
patriarcas: Adão e Noé, patriarcas do gênero humano; Abraão, Isaac e Jacó, patriarcas do 
povo hebreu. O todo é enquadrado pelo autor sagrado em dez tábuas genealógicas (2:4, 5:1, 
6:9, 10:1, 11:10, 11:27, 25:12, 25:19, 36:1, 37:2) dispostas de tal modo que, após ter 
registrado os ramos secundários da propagação humana, volta a narrar difusamente os 
destinos do ramo patriarcal, isto é, da descendência eleita, portadora da revelação divina e 
da verdadeira religião. O Gênesis abrange na sua narração uma longa série de séculos, e 
colocando (no tronco principal das suas genealogias) ao lado dos nomes também números 
de anos, forneceria os elementos de uma cronologia. Gênesis é a história do princípio de 
todas as coisas ––– o princípio do céu e da terra, o princípio de todas as formas de vida e de 
todas as instituições humanas. Tem sido chamado o “viveiro” das gerações da Bíblia pelo 
fato de nele se encontrarem todos os começos de todas as grandes doutrinas referentes a 
Deus, ao homem, ao pecado e a Salvação. 
6 - TEORIAS DA CRIAÇÃO DA TERRA 
(GÊNESIS 1:1-3) 
Nada é dito que nos possibilite fixar a data desta criação; nada é revelado no que diz 
respeito à sua aparência ou habitantes; nada se fala sobre o modus operandi do seu Divino 
Arquiteto. Não sabemos se os céus e a terra primitivos foram criados há alguns mil ou 
muitos milhões de anos atrás. Há muitas interpretações para os três primeiros versos da 
Bíblia, mas mencionaremos brevemente as três mais popularmente sustentadas pelos 
evangélicos. Não gastaremos muito tempo aqui, poisnossas conclusões não serão finais e as 
diferenças têm pouca influência na aplicação do texto. (Hb. 11:3). 
A. 1ª Opinião: A Teoria da Recriação (ou lacuna). Esta opinião sustenta que Gênesis 
1:1 descreve a criação original da terra, anterior à queda de Satanás (Is. 14:12-15, Ez. 
28:12s). Em conseqüência da queda de Satanás a terra perdeu seu estado original de beleza 
e glória e se encontrou no estado de caos de Gênesis 1:2. Essa “lacuna” entre os versos 1 e 2 
não só ajuda a explicar o ensino a respeito da queda de Satanás, mas também permite um 
considerável período de tempo, o qual ajuda a harmonizar o relato da criação com as 
modernas teorias científicas. Esta teoria sofre de uma série de dificuldades. 
B. 2ª Opinião: A Teoria do Caos Inicial. Brevemente, esta opinião sustenta que o verso 
1 seria uma frase introdutória independente. O verso 2 descreveria o estado da criação 
inicial como sem forma e vazia. Em outras palavras, o universo é como um bloco bruto de 
Pentateuco - 7 
Universidade da Bíblia ® | www.universidadedabiblia.com.br 
www.universidadedabiblia.net 
granito antes do escultor começar a moldá-lo. A criação não está em mau estado em 
conseqüência de alguma queda catastrófica, mas simplesmente em seu estado informe 
inicial, como um monte de barro nas mãos do oleiro. Os versos 3 e seguintes começam a 
descrever o trabalho de Deus e a modelagem da massa, transformando-a do caos no 
cosmos. Muitos estudiosos respeitáveis sustentam esta posição. 
C. 3ª Opinião: A Teoria do Caos Pré-Criação. Nesta opinião (sustentada pelo Dr. 
Waltke) o verso 1 ou é entendido como uma oração independente (“Quando Deus começou a 
criar...”) ou como um enunciado introdutório independente e resumido (“No princípio criou 
Deus...”). O relato da criação resumido no verso 1 começa no verso 2. Esta “criação” não é 
“ex nihilo” (do nada), mas por causa das coisas existentes no verso 2. De onde isto vem não 
é explicado nesses versos. Em conseqüência, esta opinião sustenta que o estado caótico não 
ocorre entre os versos 1e 2, mas antes do verso 1 numa época não especificada. A origem 
absoluta da matéria é, então, não o objeto da “criação” de Gênesis 1, mas apenas o princípio 
relativo do mundo e da civilização como a conhecemos hoje. 
Podemos resumir as diferenças entre esses três pontos de vista na figura abaixo: 
6.1. Teoria do Vazio/Lacuna ou Arruinamento e a Nova Criação 
Teria havido uma criação perfeita no passado distante (Gn 1.1), seguida de uma 
grande catástrofe ocorrida entre Gênesis 1.1 e 1.2, a qual deixou a terra desolada e em caos 
(Jr 4.23-26; Is 24.1; 45.18). A ruína da terra teria sido o resultado do juízo divino quando 
Satanás e seus anjos caíram (Ez 28.12-15; Is 14.9-14; 2Pe 2.4; Jd 6; Lc 10.18; Ap 12.9-13). 
A frase “sem forma e vazia” poderia ser traduzida “veio a ser algo caótico e vazio”. Neste 
vasto período de tempo entre Gênesis 1.1 e 1.2 aconteceram os fatos pré-históricos. Depois 
deste cataclismo, a terra foi criada (recriada, reformada) de novo em seis dias literalmente 
de 24 horas cada. Os proponentes dessa teoria, afirmam que satanás governava a existência 
de uma Terra pré-adâmica, um reino originalmente perfeito onde havia nações, cidades e 
povos, e que ele rebelou-se, juntamente com os povos pré-adâmicos e a Terra (seu domínio) 
foi amaldiçoada e destruída por uma inundação (cujos resultados são referidos em Gênesis 
1.2: “a face do abismo”). E fósseis humanos antigos, juntamente com fósseis de dinossauros 
são considerados evidências desse mundo pré-adâmico. Há mais de cem anos que o Dr. 
Chalmers chamou a atenção para o fato de que a palavra “era, estava”, em Gn 1:2 devesse 
ser traduzida por “tornou-se”, e que, entre os dois primeiros versículos de Gn 1, alguma 
catástrofe terrível deve ter ocorrido. Parece mais do que provável que esta catástrofe possa 
estar relacionada à apostasia de Satanás; que alguma catástrofe realmente aconteceu, 
1º Opinião 
2º Opinião 
3º Opinião 
Criação 
Original 
Gn. 1:1
Caos 
Gn. 1:2 
Re-Criação 
Gn. 1:3s 
Queda de 
Satanás 
Queda de 
Satanás 
Queda de 
Satanás 
Caos 
Gn. 1:2 
Caos 
Gn. 1:2 
Cosmos 
(Criação) 
Cosmos 
Gn. 1:3s 
Pentateuco - 8 
Universidade da Bíblia ® | www.universidadedabiblia.com.br 
www.universidadedabiblia.net 
confirma-se em Is 45:18, que declara, expressamente, que a terra não foi criada na condição 
em que Gn 1:2 apresenta. 
6.2. Teoria da Criação Progressiva 
A palavra yom não deve ser usada literalmente, pois Gênesis 1 e 2 são uma descrição 
poética dos passos sucessivos da criação, representando eras de tempo indefinido, ou seja, 
épocas geológicas, nas quais Deus paulatina e progressivamente criou. “Manhã” e “tarde” 
referem-se ao começo e fim de cada período (Veja 2Pe 3.8; Sl 90.4; “dia” em Gênesis 2.4). 
Dificuldade – Alguns argumentam que os corpos celestes (Sol, Lua, etc.) foram criados 
somente no 4º dia, e se dias representam épocas, como poderiam existir plantas na 3ª era 
geológica (Gn 1.12)? Mas sem dúvida que a questão é esclarecida ao se analisarem os 
termos hebraicos. O termo empregado para o Sol e a Lua, no quarto dia, não é criar (barah, 
de 1.1), mas yehy “fazer surgir”. Pode se explicar com o argumento de que tinham sido 
criados na primeira era, mas só se tornaram visíveis no quarto dia, após o esfriamento do 
planeta. A narrativa não é científica e é feita de alguém que está no planeta. 
6.3. Teoria da Alternância Dia-Era 
Os seis dias de atividade criadora foram períodos de 24 horas literalmente para cada 
dia, mas estes foram separados por vastas eras geológicas. Dificuldade – mesma da teoria 
anterior, com a agravante de que na nenhuma indicação de que o texto assim deva ser lido 
ou traduzido. 
6.4. Teoria da Catástrofe Universal Causada Pelo Dilúvio 
Os dias da criação foram literalmente dias de 24 horas. As grandes modificações 
geológicas, a estratificação das rochas e as jazidas carboníferas e petrolíferas podem ser 
explicadas pelo cataclismo do dilúvio causado por uma alteração na posição do eixo da terra 
que por sua vez causou o rompimento da camada de água que existia em volta da terra (Gn 
1.6, 8.2; Pv 8.27-30). Provas desta posição são os fósseis animais intactos achados nas 
estratificações das rochas e troncos de árvores de 3 metros de altura achados em pé em 
jazidas carboníferas. Mamutes na Sibéria foram preservados congelados na neve, que 
mostram pelo alimento encontrado na boca que houve uma mudança drástica, repentina, 
que poderia explicar a origem das rochas, etc., que parecem indicar uma idade bem antiga 
para a terra. Esta posição parece ser uma maneira de acomodar o relato, vendo-o de forma 
literal, com as informações científicas, as quais impedem sua leitura literal. 
Infelizmente as cifras não parecem bem conservadas, porque nos números dos 
capítulos 5 e 11 os três textos independentes: o hebraico, o samaritano e o grego divergem 
entre si. Baseando-se sobre o seu texto, os gregos do império bizantino colocavam a criação 
do homem 5.508 anos a.C. Os hebreus ainda usam uma era que no mesmo período conta 
3760 anos. As ciências antropológicas exigem um tempo assaz maior para a existência do 
homem sobre a terra. A Bíblia não é contrária a resultados certos de tais ciências, também 
porque as listas genealógicas do Gênesis poderiam ser incompletas, ou seja, com omissões 
de elos intermediários. Do nascimento de Abraão à descida dos israelitas ao Egito - 290 
anos (Gn 21:5 + 25:26 + 47:28), a cronologia respectiva é mais ou menos certa. Para a 
cronologia absoluta (baseada na era vulgar) ter-se-ia um ponto fixo no sincronismo de 
Abraão com Hamurabi, o célebre rei da Babilônia, cujo famoso código de leis foi descoberto 
em 1902. A identificação, porém, de Amrafel, rei de Senear (Gn 14:1), com Hamurabi da 
Babilônia, é hoje mais do que duvidosa; tampouco a data doreinado deste último está 
definitivamente fixada; atualmente tende-se a colocar-lhe o início por volta de 1728 a.C. 
Tomando como ponto de partida a data em que os israelitas saíram do Egito sob o faraó 
Menefta pelo ano de 1200 a.C., e remontando o curso dos séculos com os dados da própria 
Bíblia (Ex 12:40 e passagens acima citadas), Abraão teria nascido por volta de 1900 a.C., 
mas não é certo qual seja o faraó do Êxodo. Muitas páginas do Gênesis têm correspondência 
nos monumentos babilônicos e egípcios: nos primeiros, a história primitiva, isto é, os 
primeiros 11 capítulos; nos egípcios, o resto, especialmente a história de José (37-50). Com 
Pentateuco - 9 
Universidade da Bíblia ® | www.universidadedabiblia.com.br 
www.universidadedabiblia.net 
os dois primeiros capítulos (a criação) têm algo de semelhante vários poemas babilônicos 
entre si discordantes e que são uma, fantasiosa mitologia de crasso politeísmo; quão mais 
sublime pela nobreza de pensamento é a prosa simples da Bíblia! Também a tradição 
babilônica conhece dez reis, como Gn 5, dez patriarcas, de vida longuíssima antes do 
dilúvio. Este cataclisma foi narrado em muitas lendas babilônicas, uma das quais foi 
inserida no romanesco poema "Gilgames," assim chamado por causa do herói protagonista. 
Os pontos de contato com a narração bíblica (Gn 7:8) são numerosos e típicos. A narração 
da torre de Babel (Gn 11:1-9) é toda tecida de elementos babilônicos; mas um paralelo exato 
não foi ainda encontrado na literatura cuneiforme. Nada ainda se encontrou nessa literatura 
de verdadeiramente análogo à narração do paraíso terrestre e da queda do homem (Gn 3). 
Nos monumentos, egípcios temos representadas muitas cenas semelhantes às narradas no 
Gn 12:37-50. Quanto á Israel, os quais foram originalmente e primeiramente dirigidos à 
mensagem do livro de Gênesis, aprenderam que o Deus da palestina era também o Deus de 
todos os países, e que o Deus de uma nação (Israel) era também o Deus de todas as nações 
do mundo. 
IMPORTANTE! 
A. As genealogias dos hebreus nem sempre são completas, pois mencionam só os 
nomes dos personagens destacados, omitindo amiúde pessoas de pequena 
importância. Por exemplo, parece que Moisés é bisneto de Levi, segundo a genealogia 
de Êxodo 6:16-24, embora houvesse aí um período intermediário de 430 anos (Êxodo 
12:40). Usa-se também, às vezes, o termo "filho" para dar a entender "descendente" 
(a Jesus se chama "filho de Davi", isto é, descendente do rei Davi). De modo que não 
se pode datar os acontecimentos registrados nos capítulos 1—11 do Gênesis 
somando os anos das genealogias, visto ser provável que nelas existam vazios de 
longos períodos de tempo. 
B. Parece que algumas passagens do Gênesis não estão em ordem cronológica. Por 
exemplo: o capítulo 11 relata a história da torre de Babel, mas é possível que, de 
acordo com sua verdadeira situação cronológica, corresponda ao capítulo 10, uma 
vez que explica o porquê da dispersão dos povos. Também, muitos estudiosos discu-
tem a cronologia bíblica do incidente em que Abraão negou, perante Abimeleque, que 
Sara fosse sua mulher (Gênesis 20). Pode supor-se que tivesse ocorrido muitos anos 
antes, pois à época do capítulo 20, Sara teria noventa anos e é improvável que nessa 
idade ela ainda fosse atraente ao sexo oposto. A falta de ordem cronológica não 
detrai em nada a veracidade dos incidentes, pois escritores modernos fazem uso de 
tal técnica. Depois de contar a história geral de um episódio, muitas vezes relatam 
um incidente de interesse não incluído em sua descrição, ou ampliam uma parte já 
narrada para dar algum enfoque adicional. 
6.5. A Criação do Universo (Gn. 1:1-25.) 
É possível que Gênesis 1:1 afirme que Deus criou a matéria em um ato. O vocábulo 
"bara", traduzido "criou", só se usa em conexão com a atividade de Deus, e significa criar do 
nada, ou criar algo completamente novo, sem precedentes. A palavra "bara" encontra-se em 
Gênesis 1:1, 21, 27, e se refere à criação da matéria, da vida animal e do ser humano. Em 
outros casos, emprega-se "asa", que corresponde a "fazer". "Pela fé entendemos que os 
mundos pela palavra de Deus foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito 
do que é aparente" (Hebreus 11:3). A ciência ensina-nos que se pode transformar matéria 
em energia, mas parece que Deus converteu energia em matéria. A seguir, mostra-nos o 
relato que a criação foi realizada progressivamente, passo a passo. Moisés empregou uma 
palavra para descrever a participação do Espírito; essa palavra sugere o ato de uma ave 
voando sobre o ninho no qual estão seus filhotes (1:2). O Espírito pairava por sobre a 
Pentateuco - 10 
Universidade da Bíblia ® | www.universidadedabiblia.com.br 
www.universidadedabiblia.net 
superfície da terra, caótica e sem forma, dando-lhe forma e ordem. Assim Deus sempre gera 
ordem da desordem. 
6.6. A Criação (Gn 1-2) 
O capítulo 1 do livro de Gênesis está distribuído em oito parágrafos principais: 1.1-2; 
3-5; 6-8; 9-13; 14-19; 20-23; 24-25; 26.31. A ênfase característica de cada uma dessas 
unidades é o poder criador de YaHWeH. Deus é o agente ou o sujeito ativo na criação: “No 
princípio, criou Deus”, Ele cria através de seu poder “os céus e a terra”, por esta razão Deus 
é designado pelo nome de Elohim, que significa “O Forte”, “Líder Poderoso” ou “Deidade 
Suprema”. Seu ato criador está em seu poder (Elohim), pelo qual os céus e a terra vêem a 
existência sem qualquer matéria existente. Os termos hebraicos que designam a atividade 
criadora e ressaltam a onipotência de Deus além de bara é ‘ãsâ, isto é, “fazer” e yasar 
“formar”, conforme explicamos acima. 
A imagem metafórica que é expressiva da ação criadora é o “Deus Oleiro”. 
A. As Etapas da Criação. As etapas da criação são chamadas em grego de 
hexaémeron, isto é, a obra dos seis dias, pois descreve a criação do mundo em seis dias, 
conforme uma ordem claramente traçada. A narração desses seis dias criacionais está 
disposta de forma lógica e simétrica com propósito religioso e não científico. O autor 
apresenta o texto em quatro fases: a obra da criação, de distinção, de ornamentação e de 
consumação. 
B. Obra da Criação. Nessa etapa o autor apresenta como Deus criou a matéria em 
estado caótico, o caos primitivo, de onde, aos poucos, havia de tirar ou distinguir as 
diversas regiões do mundo; esse caos constava de uma massa de terra (“a terra informe e 
vazia” [1.2]), envolvida de águas (“abismos”, “águas”) sendo tudo isso cercado de trevas (1.2). 
Após esses eventos é que decorre o hexaémeron, ou a obra dos seis dias: obras de distinção 
e de ornamentação. 
C. Obra de Consumação. Tal qual a obra da criação (1.1-2), diz respeito ao mundo 
inteiro: o autor refere que Deus descansou de todas as suas obras e abençoou o sétimo dia 
de descanso (2.1-3). Segundo as Escrituras a criação ocorreu em seis dias sucessivos: 
Assim Deus sempre gera ordem da desordem. 
Os dias sucessivos da criação foram: 
 Primeiro Dia (1.2-5): Criação da Luz (dia e noite)
 Segundo Dia (1.6-8): Separação das Águas (atmosfera e mares)
 Terceiro Dia (1.9-13): Criação da Vida Vegetal (surgimento dos continentes e
aparição da vegetação)
 Quarto Dia (1.14-19): Criação do Sol, da Lua e das Estrelas (corpos celestes)
 Quinto Dia (1.20-23): Criação dos Peixes e das Aves
 Sexto Dia (1.24-31): Criação dos Animais da Terra e do Homem
 Sétimo Dia (2.1-3): Terminada a atividade criadora de Deus (Descanso).
Uma minuciosa investigação revelará que as palavras forma e vazia, são os conceitos 
precípuos da história da criação. Os atos do 1º, 2º e 3º dia ocupam-se especificamente do 
verbo formar, enquanto o 4º, 5º e 6º dia do conteúdo pleno dessa forma. 
A FORMA O CONTEÚDO PLENO 
1º Dia - Luz e Trevas 4º Dia - Luzeiro do Dia e da Noite 
2º Dia - Mar e Céus 5º Dia - Criatura das Águas e dos Ares3º Dia - Terra Fértil 6º Dia - Criaturas da Terra 
Pentateuco - 11 
Universidade da Bíblia ® | www.universidadedabiblia.com.br 
www.universidadedabiblia.net 
Existe uma grande simetria entre o 3º e o 6º dia, pois se referem a produção de dois, e 
não de um só gênero de criaturas. Oito são, pois, as produções ou obras que o hexaémeron 
narra distintamente. Cada fase da criação preparou o caminho para a seguinte, e todas 
tinham o propósito de preparar o cenário para o ponto culminante: a criação do homem. "E 
disse Deus... E assim foi." Ao falar Deus, infalivelmente se cumpre a sua vontade. Acentua-
se a perfeição do que Deus criou... "E viu Deus que era bom." O resultado correspondeu 
perfeitamente à intenção divina. O grande propósito da criação era preparar um lar ou 
ambiente adequado para o homem. Ao finalizar o sexto dia da criação, Deus observou que 
sua obra criadora era sobremaneira boa. "Demonstrava equilíbrio, ordem, e estava 
perfeitamente adaptada para o desenvolvimento físico, mental e espiritual do homem.” A 
expressão, e o Espírito de Deus “pairava” por sobre a face das águas, tem a conotação “de” 
ou expressa a idéia de uma galinha protegendo ou chocando seu ovo para não quebrar. 
D. Obra de Distinção. Estabelece as três regiões do mundo que a cosmologia judaica 
admitia, três regiões que correspondem exatamente aos três elementos caóticos sobrepostos 
(trevas, águas, terra). 
 No primeiro dia (1.3-5), constitui a região dos céus. Deus age sobre a camada
superior do caos, restringindo a duração das trevas; estas deverão, a intervalos,
ceder À luz. Eis a primeira distinção: a de trevas e luz, dia e noite, que sucederão
no domínio do mundo;
 No segundo dia (1.6-8), constitui-se a região das águas. Deus intervém agora na
segunda camada do caos, ordenando que parte das águas se transfira para a região
do céu, onde é guardada em reservatórios especiais; entre águas do céu e águas da
terra o Senhor cria uma abóbada aparentemente sólida, chamada o firmamento.
São as águas do céu que por meio de canais caindo sobre a terra, produzem chuva,
nevem geada, etc. (cf. Jó 38.37);
 No terceiro dia (1.9-13), o Criador atinge a terra, recolhendo as águas que ainda a
recobrem em lugares próprios, que são os mares e os rios (cf. Jó 38.11). A terra, ao
aparecer, é logo revestida de plantas. O fato de que judeus concebiam vegetação
como forro da terra, explica que a constituição da terceira região devia compreender
duas obras: a produção da terra nua, arcabouço, e ao seu estrado verde aderente.
E. Obra de Ornamentação. Assim concluído a formação as três regiões do mundo nos 
três primeiros dias (obra de distinção), o hagiógrafo mostra como o Criador, nos três dias 
seguintes, deu a cada uma os seus habitantes ou a sua ornamentação; estes habitantes, 
sendo todos móveis, formam como que um magnífico exército, sempre pronto a executar as 
ordens do seu Senhor, como se diz em Gênesis 2.1: “Assim, pois, foram acabados os céus e 
a terra e todo o seu exército”. Portanto: 
 Na região do céu, Deus colocou os astros nos quais, grande quantidade de luz se
concentrou (4º dia; 1.14-19); à distinção feita no primeiro dia entre dia e noite,
correspondem agora o sol, que rege o dia; a lua e as estrelas, que regem a noite;
 Na região das águas, o Senhor estabeleceu os monstros marinhos, os peixes e os
voláteis (os quais povoam o ar, espaço entre as águas inferiores e superiores), (5º
dia; 1.20-23);
 A região da terra começou a ser habitada pelos demais animais e pelo homem, que
é a coroa da criação, destinado a dominar o mundo terrestre (6º dia; 1.24-31). Por
fim, aos animais e ao homem foram dados como alimento os vegetais oriundos no
terceiro dia, o que estabelece perfeita correspondência entre as obras do terceiro e
do sexto dia.
7 - A TEORIA DA LACUNA 
A teoria da lacuna foi proposta inicialmente por C.H. Pember em 1876, na obra "As 
Idades mais Remotas da Terra e a Conexão delas com o Espiritualismo Moderno e a 
Teosofia”. A teoria que afirma que entre o versículo 1 e 2 do primeiro capítulo de Gênesis 
Pentateuco - 12 
Universidade da Bíblia ® | www.universidadedabiblia.com.br 
www.universidadedabiblia.net 
existe uma lacuna de milhões, talvez de bilhões de anos onde existiu uma raça pré-adâmica 
e onde foi a habitação original dos homens pré-históricos e dos antigos dinossauros, foi 
popularizada depois pela Bíblia de Referência de C.I. Scofield em 1917, mais tarde pelo 
pentecostal assembléiano Finis Jennings Dake em sua Bíblia de estudos anotada “Dake’s 
Annotated Reference Bible” e no Brasil por N. Lawrence Olson em sua obra “O Plano Divino 
Através dos Séculos”. Entretanto, a teoria da lacuna apresenta várias fragilidades. Entre 
elas podemos citar aquela que está relacionada à língua hebraica. 
Entre os defensores dessa teoria, estão aqueles que interpretam a palavra “dia” como 
se fossem eras geológicas, como é o caso de N. Lawrence Olson que afirma ser o “dia da 
criação” em Gênesis 1:31; 2:3, é a palavra hebraica “AION” – que significa um período de 
tempo considerável, uma “era”, ou um estado de coisas que marque uma época distinta. 
Segundo o mesmo escritor, essa palavra tem seu correspondente de eternidade “AIOONES 
DOS AIOONES”, e significa séculos dos séculos. Todavia, a palavra hebraica encontrada 
nos textos Sagrados para “os dias da criação” em Gênesis é “YON”, ou seja, um período de 
24 horas literais. 
Uma análise cuidadosa da palavra hebraica para “dia” e do contexto no qual ela 
aparece em Gênesis nos leva a concluir que “dia” significa um período literal de 24 horas. A 
palavra hebraica “yom” traduzida na palavra "dia" pode significar mais de uma coisa. Pode 
se referir ao período de 24 horas que a terra leva para girar ao redor do seu eixo (ex: "há 24 
horas em um dia"). Pode se referir ao período da luz do dia entre o nascer e o pôr do sol (ex: 
"é muito quente durante o dia, mas melhora um pouco à noite"). Também pode se referir a 
um período de tempo não específico (ex: "durante os dias do meu avô…"). Dessa mesma 
forma a palavra “yom” (traduzida como "dia") pode significar mais de uma coisa no original. 
É usada para se referir a um período de 24 horas em Gênesis 7:11. É usada para se referir 
à luz do dia entre o nascer e o pôr do sol em Gênesis 1:16. Também é usada para se referir a 
um período de tempo não específico em Gênesis 2:4. Portanto, o que essa palavra significa 
em Gênesis 1:5-2:2 quando é usada juntamente com números ordinais (ex: "primeiro dia", 
"segundo dia", "terceiro dia", "quarto dia", "quinto dia", "sexto dia" e o "sétimo dia")? Esses 
"dias" são períodos de 24 horas ou não? Será que "yom" como é usado aqui pode significar 
um período de tempo não específico? Como podemos diferenciar? 
Podemos determinar como "yom" deve ser interpretado em Gênesis 1:5-2:2 
simplesmente ao examinar o contexto no qual encontramos a palavra e então ao fazer uma 
comparação desse contexto com o seu uso no resto das Escrituras. Ao fazer isso, deixamos 
as Escrituras se interpretarem. Ken Ham, do ministério Cristão chamado Answers in 
Genesis, escreveu um bom artigo sobre o assunto. Sr. Ham escreveu: "A palavra hebraica 
para dia (yom) é usada 2.301 vezes no Velho Testamento. Fora de Gênesis 1, yom + número 
ordinal (usado 410 vezes) sempre indica um dia comum, quer dizer, um período de 24 
horas. As palavras ‘tarde’ e ‘manhã’ juntas (38 vezes) sempre indicam um dia comum. Yom 
+ ‘tarde’ ou ‘manhã’ (23 vezes cada) sempre indica um dia comum. Yom + ‘noite’ (52 vezes) 
sempre indica um dia comum". 
A palavra hebraica “yom” é usada mais de 2.000 vezes no Velho Testamento. Um 
estudo apressado revela que em mais de 1.900 casos (95%) a palavra é claramente usada 
para descrever um dia de 24 horas, ou a parte iluminada de um dia normal. Os outros 5% 
se referem a expressões tais como "o dia do Senhor" ( Joel 2:1 ) as quais de maneira algumanecessitam ser exceções, sendo que a segunda vinda de Cristo ocorrerá em um dia 
particular (1 Coríntios 15:51,52), mesmo que o seu reinado se estenda sobre um período de 
tempo mais longo. (Não há praticamente nenhuma dessas exceções que efetivamente exigem 
o significado de um outro período de tempo senão o dia solar). Por isso, mesmo sem um
contexto, um tradutor imparcial normalmente entenderia a idéia de um "período de 24 
horas" para a palavra yom. 
A palavra "dia" aparece mais de 200 vezes no Velho Testamento com números (isto é, 
primeiro dia, segundo dia, etc.). Em cada caso singular, sem exceção, ela se refere a um dia 
de 24 horas. Cada um dos seis dias da semana da criação é qualificado assim, e por isso a 
consistência do uso no Velho Testamento também exige um dia de 24 horas. 
As palavras noite (52 vezes) e manhã (220 vezes) sempre se referem a dias normais 
onde elas são usadas em outros lugares no Velho Testamento. 0 dia judeu iniciava com o 
Pentateuco - 13 
Universidade da Bíblia ® | www.universidadedabiblia.com.br 
www.universidadedabiblia.net 
anoitecer (pôr do sol) e terminava com o início do anoitecer do dia seguinte. Deste modo é 
apropriado que a seqüência seja noite - manhã (de um dia normal) ao invés de manhã - 
noite (início e fim). O hebraico literal é ainda mais marcante: "Houve tarde e houve manhã, 
dia um... Houve tarde e houve manhã, dia dois," etc. 
Em Gênesis 1:5,14-18, as palavras dia e noite são usadas nove vezes de tal maneira 
que elas podem referir-se apenas aos períodos claros e escuros de um dia normal de 24 
horas. 
7.1. Gênesis 1.14 Distingue Dias, Anos e Estações 
E disse também Deus: "Haja luzeiros no firmamento dos céus, para fazerem 
separações entre o dia e a noite; sejam eles sinais, para dias e anos". Claramente a palavra 
dia aqui representa dias, anos representa anos, estações representa estações. É uma 
desculpa, para desviar a atenção da verdade, alegar que, se o sol não apareceu até o quarto 
dia, não podia haver dias e noites nos primeiros três dias. A Bíblia claramente diz que havia 
uma fonte de luz (aparentemente temporária em sua natureza, Gênesis 1:3), que houve 
períodos alternados de luz e trevas (1:4-5), e que houve noite e manhã durante aqueles 
primeiros três dias (1:5, 8, 13). 
7.2. A Simbiose Requer um Dia de 24 horas 
A simbiose é um termo biológico descrevendo uma afinidade mutuamente benéfica 
entre dois tipos de criaturas. De particular interesse para nós são as espécies de plantas 
que não podem se reproduzir à parte dos hábitos, de certos insetos ou pássaros. Por 
exemplo, a planta iúca é dependente da mariposa íúca, e a maioria das flores precisa de 
abelhas ou de outros insetos para a polinização e reprodução. A árvore calvária, na ilha 
Maurícia, era totalmente dependente do pássaro dodó para ingerir a sua semente, 
escarificar a dura camada da mesma, e excretar as sementes antes que a germinação 
pudesse se realizar. 
Desde que o pássaro dodó se tornou extinto em 1.681, não tem havido nenhuma 
reprodução dessa árvore. De fato, as árvores mais novas têm 300 anos de idade! Muitos 
exemplos adicionais poderiam ser citados. De acordo com Gênesis 1, as plantas foram 
criadas no terceiro dia (versos 9-13), os pássaros no quinto (versos 20-23), e os insetos no 
sexto dia (versos 24,25,31). As plantas poderiam ter sobrevivido por 48 ou 72 horas sem os 
pássaros e as abelhas, mas será que elas teriam sobrevivido 2-3 bilhões de anos sem ajuda 
mútua como afirma a Teoria Dia-Era? Muitos pássaros comem somente insetos. Será que 
eles poderiam ter sobrevivido um bilhão de anos enquanto estavam esperando pelo 
desenvolvimento dos insetos? Dificilmente. (Note que a origem da Bíblia não é a ordem 
exigida pela evolução). 
7.3. A Sobrevivência da Fauna e Flora Requer um Dia de 24 
Horas 
Se cada dia fosse verdadeiramente um bilhão de anos, como os evolucionistas teístas 
afirmam, então metade do dia (500 milhões de anos) teria sido trevas. Lemos explicitamente 
no verso 5 que a luz foi chamada dia e as trevas noite, e que cada dia tinha um período de 
luz - trevas. Como então as plantas, os insetos e os animais, teriam sobrevivido através de 
cada intervalo de 500 milhões de anos de trevas? Nota-se claramente a necessidade de um 
dia de 24 horas. 
Agora vamos dar uma olhada no contexto onde encontramos a palavra "yom" usada 
em Gênesis 1:5-2:2… 
Dia 1 - "Chamou Deus à luz Dia [yom] e às trevas, Noite. Houve TARDE e MANHÃ, o 
PRIMEIRO DIA [yom]" (Gênesis 1:5). 
Dia 2 - "E chamou Deus ao firmamento Céus. Houve TARDE e MANHÃ, o SEGUNDO 
DIA [yom]" (Gênesis 1:8). 
Pentateuco - 14 
Universidade da Bíblia ® | www.universidadedabiblia.com.br 
www.universidadedabiblia.net 
Dia 3 - "Houve TARDE e MANHÃ, o TERCEIRO DIA [yom]" (Gênesis 1:13). 
Dia 4 - "Houve TARDE e MANHÃ, o QUARTO DIA [yom]" (Gênesis 1:19). 
Dia 5 - "Houve TARDE e MANHÃ, o QUINTO DIA [yom]" (Gênesis 1:23). 
Dia 6 - "Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom. Houve TARDE e 
MANHÃ, o sexto DIA [yom]" (Gênesis 1:31). 
Dia 7 - "Assim, pois, foram acabados os céus e a terra e todo o seu exército. E, 
havendo Deus terminado no DIA [yom] SÉTIMO a sua obra, que fizera, descansou nesse DIA 
[yom] de toda a sua obra que tinha feito" (Gênesis 2:1-2). 
Ao descrever cada dia como “tarde e manhã”, é bem claro que o Autor do livro de 
Gênesis estava se referindo a períodos de 24 horas. Essa foi a interpretação normal até os 
anos 1.800, quando uma mudança ocorreu ao paradigma na sociedade científica e as 
rochas sedimentárias (estratos geológicos) da terra foram reinterpretados. As camadas 
rochosas foram previamente interpretadas como evidência do Dilúvio de Noé. No entanto, o 
Dilúvio passou a ser descartado pela sociedade científica e as camadas rochosas foram 
reinterpretadas como evidência de uma terra extremamente velha. Alguns Cristãos bem 
intencionados, mas completamente equivocados, tentaram reconciliar essa interpretação 
anti-Bíblica e “anti-diluvial” com a narrativa de Gênesis ao reinterpretar "yom" como 
períodos de tempo não específicos. Isso foi um grave erro. 
A verdade é que as evidências a favor do Dilúvio de Noé a de uma terra jovem 
ultrapassam de longe as evidências a favor de uma terra velha, e muitas das interpretações 
da terra velha são conhecidas por dependerem de suposições falsas. Infelizmente, a 
comunidade científica mantém firme sua posição sobre o assunto e aparenta recusar-se a 
mudar de opinião, mesmo com tanta evidência que vai de encontro ao seu paradigma. No 
entanto, não podemos deixar que sua recusa teimosa influencie como lemos a Bíblia. De 
acordo com Êxodo 20:9-11, Deus usou seis dias literais para criar o mundo e para servir 
como modelo da semana de trabalho do homem: trabalhar seis dias, descansar um. Deus 
com certeza poderia ter criado tudo em um só instante, se Ele quisesse. Mas Ele 
aparentemente já estava pensando em nós, mesmo antes de ter nos criado (no sexto dia) e 
queria nos providenciar um exemplo a ser seguido. 
7.4. Gramática Hebraica 
Primeiro, a gramática hebraica não permite uma lacuna de milhões ou bilhões de anos 
entre os dois primeiros versículos de Gênesis. O hebraico tem uma forma especial, que 
indica seqüência e introduz aquela forma a partir de 1.3. Nada indica uma falta de 
seqüência entre 1.1 e 1.2; pelo que, os versículos devem ser interpretados em seu sentido 
óbvio e próprio. “O céu e a terra” é uma expressão consagrada em hebraico para designar o 
universo (Gn 2.1,4; 11.19,22; Sl 68.35; 114.15). O versículo 1 e 2a descreve o estado em que 
se achava o universo nos seus primórdios: a terra, informe e vazia (tohu-wa-bohu), era toda 
recoberta de águas (tehom, abismo cheio de águas), sobre as quais se estendia as trevas. 
7.5. Cultura 
Em segundo lugar o autor sagrado falava de acordo com os matizes de seu tempo, 
para significarque anteriormente à ordem e à harmonia existentes no mundo, havia, de 
fato, o caos; este, porém, não constava de deuses ou monstros mitológicos como se 
costumava pensar na cultura mesopotâmica dos quais um teria suplantado os demais e 
plasmados tanto o mundo visível como o homem; constava, ao contrário, dos elementos 
mesmos do mundo atual, os quais não tem existência indefinida nem eterna (como eterno é 
o único verdadeiro Deus), mas foram tirados do nada por um Criador. E, para descrever
essa matéria dependente do Senhor, o hagiógrafo usou de termos que tinham ressonâncias 
nas mitologias orientais, onde significam divindades: assim bohu (vazio), lembrava Baaú, O 
caos personificado dos Fenícios; tehom (abismo oceânico, águas), o monstro Tiamat dos 
Babilônicos; tais divindades pagãs eram sutilmente apresentadas pelo hagiógrafo como 
meras e impotentes criaturas. 
Pentateuco - 15 
Universidade da Bíblia ® | www.universidadedabiblia.com.br 
www.universidadedabiblia.net 
Quanto ao estado preciso em que Deus suscitou a matéria, quanto às idades 
geológicas que esta atravessou, o autor nada quis dizer, pois isto é do domínio científico e 
não interessava diretamente a finalidade religiosa do livro Sagrado. Portanto, a teoria da 
lacuna, apresenta-se como uma teoria débil, sem qualquer valor teológico ou bíblico. Entre 
as diversas considerações do teólogo Willmington sobre a teoria em apreço ele conclui 
afirmando que ela não é científica, não é bíblica e não é necessária. 
7.6. O Tríplice Problema da Teoria da Lacuna 
A. Não é Científica. Foi um intento do cristianismo de reconciliar o relato da criação 
com os longos períodos geológicos da teoria da evolução. A evolução, porém, não é científica 
e contraria a segunda lei da termodinâmica. 
B. Não é Bíblica. A teoria descreve Adão andando sobre um grande cemitério de 
animais fossilizados, além é claro de admitir uma raça pré-adâmica. 
C. Não é Necessária. A interpretação mais natural de Gênesis 1.1,2 é tomada pelo seu 
valor literário e próprio, sem qualquer acréscimo ou subtrações. Gênesis 1.1 é uma 
declaração resumida da criação: No versículo 1 diz o que Deus fez; No versículo 2 nos diz 
como foi feito. 
8 - QUEM ERAM OS “FILHOS DE DEUS”? 
(GN 6) 
No Antigo Testamento, a expressão "filho(s) de Deus" tem um significado um tanto 
obscuro: há uma série de interpretações recentes. A tradução usual vem, provavelmente, da 
Septuaginta, que se utiliza da expressão Uioi Tou Theou ("filhos de Deus") para traduzir o 
correspondente hebraico. A expressão hebraica Benei Elohim, traduzida geralmente como 
"filhos de Deus", é entendida por alguns como a descrição de anjos ou seres humanos 
imensamente poderosos (Os gigantes da antiquidade). 
Esta perspectiva segundo a qual a terminologia descreveria seres não-divinos vem, 
provavelmente, da tradução aramaica do Targum, que usa a expressão Bnei Ravrevaya 
("filhos de nobres"). Em alguns casos, a expressão denota um governante ou juiz humano 
(Salmos 82:6, por exemplo: "filhos do Altíssimo"; podem-se equalizar, em muitas passagens 
como essa, os termos "deuses" e "juízes"). Num sentido mais específico, "filho de Deus" é um 
título aplicado ao rei, ideal ou real, de Israel (cf. II Samuel 7:14, fazendo menção ao rei Davi 
e aos seus descendentes que manteriam sua dinastia; cf. também. Salmos 89:27,28) 
Quando personificado, Israel é chamado de "filho" de Deus, utilizando-se, para isso, a forma 
singular (cf. Êxodo 4:22 e Oséias 11:1). 
No judaísmo, a expressão "filho de Deus" raramente é usada no sentido de "Messias" 
ou "Ungido". O texto de Salmos 2:1-12 refere-se ao rei de Sião, escolhido por Deus, como 
messias do Senhor (um rei ungido) e filho de Deus. 
Na literatura judaica que acabou por não ser aceita como parte da Bíblia Hebraica, 
mas que é aceita por muitos cristãos como Escritura Sagrada (os livros deuterocanônicos), 
há passagens em que o título "filho de Deus" é atribuído a um ungido ou ao Messias (e.g. 
Enoque 55.2; IV Esdras 7.28,29; 13.32,37,52; 14.9). O título também pertence a todo aquele 
cuja piedade o colocou numa relação filial com Deus (cf. Sabedoria 2.13,16,18; 5.5, onde "os 
filhos de Deus" são idênticos a "os santos"; cf. Eclesiástico 4.10). 
Especula-se que, por conta do uso freqüente destes livros pelo Cristianismo primitivo 
em polêmica com os judeus, o Sínodo de Jâmnia os tenha rejeitado por volta do ano 80 
9 - QUANTO TEMPO DUROU A 
PREGAÇÃO DE NOÉ? (GN 6) 
Pentateuco - 16 
Universidade da Bíblia ® | www.universidadedabiblia.com.br 
www.universidadedabiblia.net 
Gênesis 6.3 não se refere à vida física do homem, pois se assim fosse, o próprio Noé 
estaria contrariando as palavras de Deus, pois sabemos que Noé viveu DEPOIS do Dilúvio 
mais 350 anos (Gênesis 9.28-29). O filho de Noé Sem, viveu ao total depois do Dilúvio 
muitos anos, mas do que 120 anos, veja Gênesis 11.10-11 
O próprio filho de Sem a mesma coisa: Gênesis 11.13; Gênesis 11.15; Gênesis 11.17; 
Gênesis 11.19; Gênesis 11.21, etc. 
Mostra que as gerações depois do Dilúvio superavam os 120 anos, portanto, esse 
período de 120 anos não estava relacionado à idade de vida do homem, nem a duração da 
construção da Arca, mas ao período probatório daquela nação. Deve ainda ficar claro, que 
Noé começou a anunciar o Dilúvio 20 anos antes de construir a arca (Gn 6:13-22), período 
este em que foi providenciado todos os materiais para sua confecção. "Então disse o Senhor: 
Não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem; porque ele, também, é carne: 
porém os seus dias serão cento e vinte anos." (Gn 6. 3), o nosso Deus, simplesmente 
pronunciou o julgamento a respeito da humanidade, dando-lhe um prazo de 120 anos, e a 
esta altura dos fatos, Noé estava com 480 anos de idade, pois o dilúvio só veio acontecer 
quando Noé a tingiu a idade de 600 anos, ou seja, 120 anos mais tarde! Os filhos de Noé só 
vieram a nascer quando Noé atigiu a casa de 500 anos. "E foram todos os dias de Lameque 
setecentos e setenta e sete anos; e morreu. E era Noé da idade de quinhentos anos; e gerou 
Noé Sem, Cão, e Jafé." (Gn 5. 31,32) somente depois de muito tempo que eles nasceram, é 
que Deus deu a ordem para a construção da arca. Os três filhos de Noé não somente eram 
homens feitos quando Deus falou da arca, como também já eram casados. Isto se percebe 
claramente do texto bíblico. 
Vejamos: 
"Faze para ti uma arca da madeira de Gofer; farás compartimentos na arca, e a 
betumarás, por dentro e por fora, com betume. E desta maneira a farás: De trezentos 
côvados o comprimento da arca, e de cinqüenta côvados a sua largura, e de trinta côvados a 
sua altura. Farás na arca uma janela, e de um côvado a acabarás em cima; e a porta da 
arca porás ao seu lado; far-lhe-ás andares baixos, segundos e terceiros. Porque eis que Eu 
trago um dilúvio de águas sobre a terra, para desfazer toda a carne em que há espírito de 
vida debaixo dos céus; tudo o que há na terra expirará. Mas contigo estabelecerei o meu 
pacto; e entrarás na arca, tu e os teus filhos, e a tua mulher, e as mulheres dos teus filhos 
contigo. 
Portanto, a conclusão é que Deus em Gênesis 6.3 não está falando em sentido literal, 
mas simbólico e probatório. 
10 - PRÉ-HISTÓRIA BÍBLICA (1-11) 
Os primeiros onze capítulos do livro de Gênesis podem ser divididos em quatro termos 
que descrevem a essência de sua história inicial: Criação, Corrupção, Condenação e 
Confusão. 
Cada um desses termos relata quatro histórias específicas: 
 História da Criação (1-2);
 História da Queda e Corrupção (3-5);
 A Condenação Através do Dilúvio (6-9);
 Confusão e o Nascimento das Nações.
Essas quatro divisões ressaltam personagens distintos: na primeira etapa, Deus, na 
segunda, Adão, na terceira Noé, e por último, os descendentes de Noé. 
Pentateuco - 17 
Universidade da Bíblia ® | www.universidadedabiblia.com.brwww.universidadedabiblia.net 
Texto: GN 1-2 
Palavra-chave: Criação 
História da Criação 
Personagem: Deus 
Texto: GN 3-5 
Palavra-chave: Corrupção 
História da Queda 
Personagem: Adão 
Texto: GN 6-9 
Palavra-chave: Condenação 
História de Noé 
Personagem: Noé 
Texto: GN 10-11 
Palavra-chave: Confusão 
História das Nações 
Persongem: Nações 
Os achados das escavações e os textos contemporâneos, que concordam quase 
literalmente, reforçam a descrição da Bíblia. Mas não se pense que com isso terminou a 
disputa acadêmica sobre a historicidade desses acontecimentos na vida de Israel. Soam 
quase irritadas as palavras do professor norte-americano William Foxwell Albright, que pode 
ser considerado sem favor um dos poucos eruditos de formação universal (ele é teólogo, 
historiador, filósofo, orientalista e arqueólogo): 
"Segundo o nosso conhecimento atual da topografia do Delta oriental, a narrativa do 
começo do êxodo, feita no Êxodo 12.37 e 13.20, é absolutamente exata topograficamente. 
Novas provas sobre o caráter essencialmente histórico da narrativa do êxodo e a 
peregrinação pelas regiões do Sinai, Madian e Cades, não serão difíceis de obter graças aos 
nossos conhecimentos arqueológicos e topográficos cada vez maiores. Por enquanto, deve-
mos contentar-nos com a segurança de que a posição hipercrítica que ainda predomina, 
como a que existia sobre as primitivas tradições históricas, não tem mais justificativa. Até a 
data da saída do Egito, por tanto tempo discutida, pode agora ser fixada dentro de limites 
não muito amplos... Se a fixarmos em 1290 a.C, dificilmente erraremos, uma vez que os 
primeiros anos de Ramsés II (1301 a 1234) foram dedicados em grande parte a construções 
na cidade a que deu o seu nome — a Ramsés da tradição israelita. 
A extraordinária coincidência entre esta data e os quatrocentos e trinta anos referidos 
no Êxodo 12.40 (“Ora o tempo que os filhos de Israel tinham morado no Egito foi de 
quatrocentos e trinta anos”) — a imigração deve ter tido lugar por volta de 1270 a.C. — 
poderá ser puramente acidental, mas é muito difícil que o seja". 
O reinado de Ramsés II foi a época da opressão e da servidão de Israel, mas foi 
também o período em que surgiu o grande libertador desse povo — Moisés. 
Naqueles dias, sendo Moisés já grande, saiu a visitar seus irmãos; e viu a sua aflição, 
e um homem egípcio que maltratava um dos hebreus seus irmãos. E, tendo olhado para 
uma e outra parte, e vendo que não estava ali ninguém, matando o egípcio, escondeu-o na 
areia. E o faraó foi informado do acontecimento e procurava matar Moisés; ele, porém, 
Pentateuco - 18 
Universidade da Bíblia ® | www.universidadedabiblia.com.br 
www.universidadedabiblia.net 
fugindo da sua vista, parou na terra de Madian, e assentou-se junto a um poço (Êxodo 2.11, 
12 e 15). 
Moisés era um hebreu nascido no Egito e criado por egípcios, cujo nome se combina 
com uma raiz semítica significando "tirar de", mas que também pode ser interpretada na 
língua egípcia. "Moisés" significa simplesmente "rapaz, filho". Grande número de faraós 
chamavam-se Amósis, Amásis e Tutmés. E o famoso escultor, de cujas obras-primas o 
mundo inteiro ainda hoje admira a cabeça incomparavelmente bela de Nefertiti, chamava-se 
Tutmose. Isso são fatos. Os egiptólogos sabem disso. Mas o grande público fixa sua atenção 
na célebre história bíblica de Moisés e da cestinha, e os eternos céticos não acham difícil 
encontrar um argumento aparentemente irrespondível contra a credibilidade da fascinante 
narrativa. 
"Ora, isso é apenas a lenda do nascimento de Sargão", dizem eles... isto é, um "plágio". 
Os textos cuneiformes contam o seguinte a respeito do Rei Sargão, fundador da dinastia de 
Akkad, em 2360 a.C: "Eu sou Sargão, o rei poderoso, rei de Akkad. Minha mãe era uma 
sacerdotisa de Emitu, meu pai eu não conheci... Minha mãe me concebeu, deu-me à luz em 
segredo; colocou-me numa cestinha de caniços, calafetou a tampa com betume. Pôs-me no 
rio... O rio me arrastou e levou até Akki, o aguadeiro. Akki, o aguadeiro, adotou-me como 
filho e criou-me..." A semelhança com a história bíblica de Moisés é, com efeito, des-
concertante: "Mas, não podendo mais tê-lo escondido, tomou um cesto de junco e barrou-o 
com betume e pez; e meteu dentro o menino, e expô-lo num canavial junto da margem do 
rio..." (Êxodo 2.3 e seguintes). A história da cestinha é uma velha narrativa popular dos 
semitas. Durante muitos séculos, ela passou de boca em boca. A lenda de Sargão, que é do 
terceiro milênio a.C, encontra-se até em tabuinhas neobabilônicas da escrita cuneiforme do 
primeiro milênio a.C. Foi apenas um desses ornamentos com que em todos os tempos a 
posteridade enfeitou a vida dos grandes homens. Quem teria a idéia de duvidar da realidade 
histórica do Imperador Barba-Roxa só por causa das lendas que o cercam ainda hoje? Os 
funcionários, em toda parte, sempre gozaram da proteção do Estado. No tempo dos faraós, 
não era diferente do que é hoje. Daí que Moisés, depois de, em sua justa cólera, haver 
assassinado o capataz dos trabalhadores escravos, não tivesse outro recurso senão fugir 
para escapar ao castigo certo. Moisés fez como já antes fizera Sinuhe. Fugiu da jurisdição do 
Egito para o Oriente. Sendo Canaã território ocupado pelo Egito, Moisés escolheu como 
exílio a montanhosa Madian a leste do golfo de Ácaba, com a qual sabia ter laços de 
parentesco. Cetura fora uma mulher do patriarca Abraão, depois da morte de Sara (Gênese 
25.1). Um de seus filhos chamou-se Madian. A tribo de Madian é com freqüência chamada 
Cineus no Antigo Testamento (Números 24.21). "Pertencentes à profissão de forjadores de 
cobre", diz. "Qain" em árabe e "qainâya" em aramaico querem dizer "ferreiro". Essa 
designação relaciona-se com a existência do cobre no lugar onde estava fixada a tribo. As 
cordilheiras ao oriente do golfo de Ácaba são ricas em cobre, como ficou provado pelas 
primeiras explorações do terreno pelo americano Nelson Glueck. 
Nenhum Estado permite espontaneamente que trabalhadores escravos e estrangeiros 
deixem o país. Isso deve ter ocorrido em Israel. Por fim, as pragas devem ter induzido o Egito 
a conceder-lhes a permissão. Se ocorreram efetivamente no tempo de Moisés, a isso não se 
pode responder sim ou não, pois não se descobriram informações contemporâneas a respei-
to. Mas as pragas não são coisa inverossímil nem incomum. Ao contrário, fazem parte da 
cor local do Egito. A água do Nilo "converteu-se em sangue". "E as rãs saíram e cobriram a 
terra do Egito." Vieram mosquitos, moscas, uma peste dos animais e úlceras — vieram 
depois granizo, gafanhotos e trevas (Êxodo 7 a 10). Coisas como essas mencionadas pela 
Bíblia, o Egito experimenta até hoje, como, por exemplo, "o Nilo vermelho". 
Às vezes os aluviões dos lagos abissínios colorem a água do rio, sobretudo no seu 
curso superior, de um pardo avermelhado, que pode dar à impressão de sangue. No tempo 
das enchentes, as rãs e os mosquitos multiplicam-se às vezes de tal modo que chegam a 
transformar-se em verdadeiras pragas. 
À categoria de moscas pertencem sem dúvida os moscardos. Freqüentemente, eles 
invadem regiões inteiras, penetram nos olhos, no nariz, nos ouvidos, causando dores 
lancinantes. Por toda parte há peste dos animais. Pelo que se refere a úlceras, ocorrem 
tanto nos homens como nos animais. Poderá tratar-se da chamada fogagem ou sarna do 
Nilo. 
Pentateuco - 19 
Universidade da Bíblia ® | www.universidadedabiblia.com.br 
www.universidadedabiblia.net 
Consiste numa erupção que arde e comicha, degenerando freqüentemente em úlceras 
terríveis. Com essa desagradável doença da pele, Moisés ameaçou também durante a 
peregrinação pelo deserto: "O senhor te castigue com a úlcera do Egito, e fira de sarna e 
comichão... de modo que não possas curar-te" (Deuteronômio 28.27). O granizo é, com 
efeito,raríssimo no Egito, mas não desconhecido. A época do ano em que isso ocorre é 
janeiro ou fevereiro. As nuvens de gafanhotos são, entretanto, uma flagelo típico das regiões 
do Oriente. O mesmo se dá com as trevas súbitas. O chamsin, também chamado simum, é 
um vento ardente que arrasta consigo grandes massas de areia. Estas escurecem o sol, 
dando-lhe uma cor baça e amarelada, chegando a ficar escuro em pleno dia. Só para a 
morte dos primogênitos não há explicação (Êxodo 12). E contra toda explicação científica se 
opõe também, naturalmente, a indicação da Bíblia de que a praga das "trevas egípcias" 
apenas afetou os egípcios, mas não os israelitas que viviam no Egito. 
11 - ESBOÇO DE GÊNESIS 
I. A história primitiva do ser humano 1.1– 11.32 
 As narrativas da criação 1.1-2.5
o Criação dos céus, da terra, e da vida sobre a terra 1.1-2.3
o Criação do ser humano 2.4-25
o A queda do ser humano 3.1-24
o O mundo anterior ao dilúvio 4.1-5.32
o Noé e o dilúvio 6.1-9.29
o A Tabela das nações 10.1-32
o A confusão das línguas 11.1-9
o Genealogia de Abraão 11.10-32
II. Os patriarcas escolhidos 12.1-50.26
 Abrão (Abraão) 12.1-23.20
o O chamado de Abraão 12.1-23.20
o A batalha dos reis 14.1-24
o O concerto de Deus com Abraão 15.1-21.34
o O teste de Abraão 22.1-24
 Isaque 24.1-26.35
o A noiva de Isaque vem da Mesopotâmia 24.1-67
o A morte de Abraão 25.1-11
o Ismael, Esaú e Jacó 25.12-34
o Deus confirma seu concerto com Isaque 26.1-35
 Jacó 27.1-35,29
o Jacó engana o seu pai 27.1-46
o A fuga de Jacó para Harã 28.1-10
o Deus confirma o concerto com Jacó 28.11-22
o O casamento de Jacó em Harã 29.1– 30.43
o O retorno de Jacó para Canaã 31.1-35.29
 Esaú 36.1-43
Pentateuco - 20 
Universidade da Bíblia ® | www.universidadedabiblia.com.br 
www.universidadedabiblia.net 
 José 37.1-50.26
o A venda de José 37.1-40.23
o A exaltação de José 41.1-57
o José e os seus irmãos 42.1-45.28
o Jacó muda para o Egito 46.1-48.22
o A benção de Jacó e o seu sepultamento 49.1-50.21
o Os últimos dias de José 50.22-26
12 - SHEMOT (ÊXODO) 
Relata a escravidão no Egito, a grande libertação e os mandamentos dados sobre o 
Monte Sinai. 
Hebraico: shemoth. Grego: exodus - 1450 a.C 
A palavra grega êxodos significa “saída, partida, retirada”, uma referência à saída dos 
filhos de Israel do Egito. O segundo livro do Pentateuco toma o nome de Êxodo da saída dos 
hebreus do Egito, onde, depois dos bons tempos de José, passaram a sofrer a mais dura 
escravidão. Esse acontecimento, porém, nada mais foi do que o prelúdio de fatos muito mais 
importantes na vida dos filhos de Israel, os quais, de um conglomerado de famílias que 
eram, recuperando a liberdade, conquistaram verdadeira unidade de nação independente e 
receberam uma legislação especial, uma forma de vida moral e religiosa, pelas quais se 
distinguiram de todos os outros povos da terra. Com toda facilidade compreender-se-á a 
importância deste livro, sobretudo em se pensando que, se a história civil das nações, 
mormente as antigas, acha-se intimamente vinculada à religião e essa à moral, isto jamais 
foi tão verídico como a respeito dos hebreus. 
A idéia central do livro de Êxodo é a redenção pelo sangue. Em torno dessa idéia 
concentra-se a história de um povo salvo pelo sangue do cordeiro. Essa redenção se 
apresenta suprindo todas as necessidades da nação. 
As leis contidas no Êxodo formam a essência da vida civil e religiosa do povo eleito. 
É bem verdade que, de todas essas leis, e especialmente as do chamado código da 
aliança (21:23), foram encontradas analogias notáveis no código de Hamurabì (rei 
babilônico, que viveu alguns séculos anteriormente a Moisés), que foi descoberto, traduzido 
e publicado pelo dominicano Pe. Scheil, em 1902. De tais analogias não se infere, porém, em 
absoluto, como pretendem alguns, a dependência do código mosaico do babilônico. Elas têm 
sua explicação adequada nos fatores comuns às duas sociedades, israelita e babilônica, tão 
próximas no tempo, no lugar e também na origem, pois os patriarcas do povo hebreu 
procediam do vale do Tigre. Realmente, na legislação decretada no Sinai, nem tudo foi 
criado desde a raiz; muitos usos e costumes já introduzidos na prática social foram 
confirmados pela aprovação divina. De resto, também nas famosas leis romanas das doze 
tábuas descobrem-se semelhanças com o código mosaico, sem que ocorra a alguém o 
pensamento de querer estabelecer um parentesco entre as primeiras e o segundo. 
Providências semelhantes surgem espontaneamente de necessidades sociais do gênero. No 
decálogo, porém, e na doutrina religiosa que lhe forma a base inconcussa (20:2-17), reside a 
verdadeira prerrogativa do povo de Israel; nada de semelhante se encontra em nenhum 
outro povo. Citam-se, é certo, da literatura egípcia; certas desculpas espirituais como: "Não 
cometi injustiça, não roubei, não matei" etc., ou da babilônia, os esconjuros, onde se 
pergunta se o exorcizado ultrajou alguma divindade, se desprezou pai e mãe, se mentiu ou 
praticou obscenidades etc. Mas não há proporção entre os protestos de um particular para 
evitar o castigo (finalidade daquelas fórmulas rituais) e a autoridade soberana que impõe a 
lei a todo um povo. 
Entre os próprios egípcios e babilônios, nada há de correspondente, na legislação, 
àquelas fórmulas cerimoniais. O decálogo de Moisés não tem rivais no mundo. Pelas razões 
citadas, os acontecimentos narrados no Êxodo tiveram um eco enorme na memória das 
Pentateuco - 21 
Universidade da Bíblia ® | www.universidadedabiblia.com.br 
www.universidadedabiblia.net 
tribos israelitas. Em quase todas as páginas do Antigo Testamento são recordadas a 
libertação da escravidão do Egito, a prodigiosa passagem do mar Vermelho, os golpes 
tremendos com os quais foi dominada a tenaz oposição do opressor egípcio, as grandiosas 
manifestações divinas no Sinai, o sustento milagroso de povo tão numeroso no deserto. Daí 
Israel deduzia os motivos mais fortes para ser grato e fiel a Deus, e conservar uma confiança 
inabalável na sua providência soberana e nos seus próprios destinos. A cronologia do 
Êxodo, ou seja, o ano em que os hebreus saíram do Egito, está naturalmente ligada à 
história desse país. Mas, já que a Bíblia não fornece os nomes dos dois faraós, o da opressão 
(1:8, 2:23) e o da saída (14:5), duas opiniões diversas se equilibraram entre os doutos, com 
autoridade e número de defensores quase iguais. Para uns, o opressor seria Totmés III 
(1500-1450) e o outro Amênofis 2 (1447-1420), da XVIII dinastia; para outros, no entanto, 
Ramsés II (1292-1225), da XIX dinastia, teria oprimido os hebreus, e seu sucessor, Menefta 
(1225-1215); tê-los-ia libertado. A segunda opinião, que estabelece o século XIII a.C. para o 
Êxodo, parece mais condizente com o texto (1:11) e mais coerente com outros dados da 
história sagrada e profana segundo alguns estudiosos. Todavia, as evidências hoje históricas 
e arqueológicas confirmam Amósis 1580 a.C, que fundou a 18ª dinastia e expulsou os 
hicsos (povo semita que, segundo que segundo defendem os estudiosos, governou o Egito 
nos dias de José). Este novo monarca insistiu no propósito de destruir o povo hebreu. 
12.1. Esboço do Êxodo 
O livro apresenta três partes principais: 
1) A opressão.
2) A libertação de Israel.
3) A promulgação da Lei.
I. A libertação miraculosa de Israel 1.1-13.16 
 A opressão dos israelitas no Egito 1.1-22
 O nascimento e a primeira parte da vida de Moisés 2.1-4.31
 O processo de libertação 5.1-11.10
 O episódio do êxodo 12.1-13.16
II. A jornada miraculosa até o Sinai 13.17-18.27
 A Libertação junto ao mar Vermelho 13.17-15.21
 A provisão para o povo 15.22-17.7
 A proteção contra os amalequitas 17.8-16
 O estabelecimento dos anciões supervisores 18.1-27
III. As revelações miraculosas junto ao Sinai 19.1– 40.38
 A chegada

Continue navegando