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Direitos Humanos e Cidadania

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Prévia do material em texto

Direitos Humanos e 
CiDaDania
2016
Prof.ª Vera Lúcia Hoffmann Pieritz
Prof.ª Joelma Crista Sandri Bonetti
Prof.ª Neusa Mendonça Franzmann
Copyright © UNIASSELVI 2016
Elaboração:
Prof.ª Vera Lúcia Hoffmann Pieritz
Prof.ª Joelma Crista Sandri Bonetti
Prof.ª Neusa Mendonça Franzmann
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
323
P615d 
Pieritz; Vera Lúcia Hoffmann
 Direitos humanos e cidadania / Vera Lúcia Hoffmann 
Peiritz; Joelma Crista Sandri Bonetti; Neusa Mendonça Franzmann: 
UNIASSELVI, 2016.
 213 p. : il.
 
 ISBN 978-85-515-0042-2
 1.Direitos Humanos. 
 I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. 
Impresso por:
III
ApresentAção
Caro acadêmico, tudo bem com você? Esperamos que sim.
Antes de iniciarmos os estudos da disciplina Direitos Humanos e 
Cidadania, primeiramente apresentamos um breve currículo das professoras 
autoras deste Caderno de Estudos.
A prof.ª Vera Lúcia Hoffmann Pieritz é mestre em Desenvolvimento 
Regional, especialista em Educação a Distância: Gestão e Tutoria; MBA 
Profissional em Gestão Administrativa e Marketing; Direito Empresarial e 
Direito Médico e Hospitalar . Tem graduação em Serviço Social e em Direito. 
Com experiência profissional em coordenação do Curso de Serviço Social e 
de estágios curriculares obrigatórios, além de docência no Ensino Superior 
e orientadora de Trabalho de Conclusão de Curso. Assistente Social do 
Artigo 170/UNIASSELVI. Conselheira Municipal dos Direitos do Idoso e 
dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes de Indaial/SC, integrante do 
Núcleo de Educação Permanente do SUAS/SC. Advogada e Consultora 
Empresarial na área de gestão. Tem experiência na área de Serviço Social, 
estágio, consultoria e assessoria técnica de gestão, atuando principalmente 
nos seguintes temas: direito médico e hospitalar, economia solidária, redes, 
políticas públicas, gestão, autogestão, planejamento estratégico, organização 
empresarial, direito e serviço social.
A prof.ª Joelma Crista Sandri Bonetti é especialista em Gestão Pública, 
pelo Instituto Federal de Santa Catarina – IFSC (2012), Gestão e Tutoria e 
Educação Especial Inclusiva (2012) pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci 
– UNIASSELVI. É graduada em Serviço Social pela Fundação Universidade 
Regional de Blumenau – FURB (2005). Atua como assistente social na Prefeitura 
Municipal de Benedito Novo-SC. Tem experiência desde 2005 como assistente 
social da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE de Indaial, 
na qual responde atualmente pela assessoria e consultoria de projetos sociais. 
Desde agosto de 2011 possui a função de docente do Curso de Graduação em 
Serviço Social no Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI.
A Prof.ª Neusa Mendonça Franzmann tem pós-graduação na 
área de Gestão e Tutoria pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci – 
UNIASSELVI, e especialização em Políticas Públicas também pelo Centro 
Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI. É graduada em Serviço 
Social pela Fundação Universidade Regional de Blumenau – FURB (1994). 
Tem experiência junto às políticas públicas municipais de Blumenau, por oito 
anos, sendo na gestão por quatro anos. Desde 2013 possui função de docente 
do Curso de Graduação em Serviço Social no Centro Universitário Leonardo 
da Vinci – UNIASSELVI. 
IV
Iniciaremos os estudos da disciplina Direitos Humanos e Cidadania, na 
qual trabalharemos primeiramente as questões relativas aos direitos humanos, 
buscando discutir o estudo e desenvolvimento da construção dos direitos do 
homem, além de perpassar por seus aspectos históricos e conceituais.
Após esta primeira etapa, traçaremos concepções relativas à 
compreensão da Constituição Federativa do Brasil de 1988, para assim desvelar 
seus fundamentos e princípios, além de compreender quais são as instituições 
de direito no Brasil, os direitos e garantias fundamentais da cidadania, além 
dos direitos individuais e coletivos e dos direitos fundamentais e sociais.
Por fim, estudaremos as formas de estruturação da cidadania, a 
organização do Estado, dos poderes e da ordem social, a cidadania na 
sociedade capitalista, o neoliberalismo e a cidadania e o pluralismo, tolerância 
e cidadania, para assim realizar o reconhecimento da cidadania como processo 
de participação na sociedade.
Na primeira unidade discutiremos questões em torno da construção 
ética nos direitos humanos, trabalhando aspectos relativos às novas 
reivindicações de direitos. Abordaremos uma breve história dos direitos 
humanos, perpassando pela Carta Magna de 1215, a declaração universal dos 
direitos humanos de 1948, a legalidade e a realidade, como também a questão 
dos direitos humanos universais, desvelando o surgimento do Estado na 
visão de Hobbes, Locke e Rousseau e as novas reivindicações de direitos.
Nesta unidade também trabalharemos a concepção de direitos 
humanos, estudando um pouco do contexto histórico dos direitos humanos, 
perpassando pelas evoluções e o conceito de direitos humanos, como também 
os direitos humanos e a interpretação da moral x ética e, por fim, estudaremos o 
contraponto entre trabalho x direito e como se dá a compreensão da mudança 
de concepção com a transição do feudalismo para o capitalismo.
E para finalizar esta unidade, veremos sobre a Declaração Universal 
dos Direitos Humanos, em que estudaremos a legislação e seu entendimento 
sobre os poderes do Estado; o surgimento da declaração dos direitos humanos; 
a história dos direitos humanos no Brasil e no mundo e as grandes conquistas. 
Na segunda unidade buscaremos desvelar os princípios fundamentais 
da Constituição de 1988, discutindo os fundamentos da Constituição, tais 
como a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores 
sociais do trabalho e da livre iniciativa, o pluralismo político. Estudaremos 
também os objetivos fundamentais da Carta Magna brasileira. Salientando 
que trabalharemos também os direitos e deveres individuais e coletivos que 
estão estampados no art. 5° da CF/88, como também os direitos sociais.
Na terceira e última unidade você estudará a questão do reconhecimento 
da cidadania como processo de participação na sociedade, em que se buscará 
compreender a cidadania, a participação e a garantia de direitos.
V
Nesta unidade estudaremos também o processo participativo como 
estratégia do exercício da cidadania e os conselhos de direito, como também 
os obstáculos enfrentados pelos direitos humanos na contemporaneidade, 
buscando desvelar as situações de vulnerabilidade social, pobreza e extrema 
pobreza, compreendendo assim a pobreza cultural, além de poder reconhecer 
também as características da pobreza social e política no território brasileiro.
Pronto para começar a compreender o significado dos direitos 
humanos e cidadania? Então vamos à luta, e bons estudos!
Desejamos muito sucesso em sua vida profissional!
Prof.ª Vera Lúcia Hoffmann Pieritz
Prof.ª Joelma Crista Sandri Bonetti
Prof.ª Neusa Mendonça Franzmann
VI
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que tambémcontribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
UNI
Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos 
materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais 
os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais 
que possuem o código QR Code, que é um código 
que permite que você acesse um conteúdo interativo 
relacionado ao tema que você está estudando. Para 
utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos 
e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar 
mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!
UNI
VII
VIII
IX
Sumário
UNIDADE 1 – A CONSTRUÇÃO ÉTICA NOS DIREITOS HUMANOS ................................... 1
TÓPICO 1 – AS NOVAS REIVINDICAÇÕES DE DIREITOS ...................................................... 3
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3
2 UMA BREVE HISTÓRIA DOS DIREITOS HUMANOS ........................................................... 3
 2.1 A CARTA MAGNA (1215) ............................................................................................................. 5
 2.2 A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS (1948) ................................... 8
 2.3 A LEGALIDADE E A REALIDADE ............................................................................................. 9
3 DIREITOS HUMANOS UNIVERSAIS ........................................................................................... 12
 3.1 O SURGIMENTO DO ESTADO NA VISÃO DE HOBBES, LOCKE E ROUSSEAU ............. 13
 3.2 AS NOVAS REIVINDICAÇÕES DE DIREITOS ......................................................................... 16
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 19
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 21
TÓPICO 2 – A CONCEPÇÃO DE DIREITOS HUMANOS ........................................................... 23
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 23
2 CONTEXTO HISTÓRICO DOS DIREITOS HUMANOS .......................................................... 25
 2.1 EVOLUÇÕES E O CONCEITO DE DIREITOS HUMANOS .................................................... 27
 2.2 DIREITOS HUMANOS E A INTERPRETAÇÃO DA MORAL X ÉTICA ............................... 29
 2.3 O CONTRAPONTO ENTRE O TRABALHO X DIREITO ........................................................ 31
 2.3.1 Compreendendo a mudança de concepção com a transição do feudalismo para o 
 capitalismo .............................................................................................................................. 32
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 35
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 39
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 41
TÓPICO 3 – REFLETINDO SOBRE A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS 
HUMANOS .............................................................................................................................................. 43
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 43
2 A LEGISLAÇÃO E SEU ENTENDIMENTO SOBRE OS PODERES DO ESTADO ............... 43
 2.1 O SURGIMENTO DA DECLARAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS ................................... 44
3 A HISTÓRIA DOS DIREITOS HUMANOS NO BRASIL E NO MUNDO ............................. 45
 3.1 GRANDES CONQUISTAS ............................................................................................................ 47
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 52
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 54
UNIDADE 2 – A CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988 .................................. 55
TÓPICO 1 – OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA 
 FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988 ............................................................................ 57
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 57
2 CARACTERÍSTICAS DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL DE 1988 ......................................... 64
3 O PREÂMBULO DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL DE 1988 .................................................. 67
X
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 69
4 FUNDAMENTOS DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL DE 1988 ............................................... 74
 4.1 SOBERANIA .................................................................................................................................... 74
 4.2 CIDADANIA ................................................................................................................................... 75
 4.3 DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA ....................................................................................... 78
 4.4 VALORES SOCIAIS DO TRABALHO E DA LIVRE INICIATIVA .......................................... 83
 4.5 PLURALISMO POLÍTICO ............................................................................................................. 85
5 DA TRIPARTIÇÃO DOS PODERES FEDERATIVOS ................................................................. 87
6 OBJETIVOS FUNDAMENTAIS DA CARTA MAGNA BRASILEIRA .................................... 88
 6.1 CONSTRUIR UMA SOCIEDADE LIVRE, JUSTA E SOLIDÁRIA ........................................... 89
 6.2 GARANTIR O DESENVOLVIMENTO NACIONAL ................................................................ 92
 6.3 ERRADICAR A POBREZA E A MARGINALIZAÇÃO E REDUZIR AS 
 DESIGUALDADES SOCIAIS E REGIONAIS ............................................................................. 93
 6.4 PROMOVER O BEM DE TODOS, SEM PRECONCEITOS DE ORIGEM, RAÇA, SEXO, 
 COR, IDADE E QUAISQUER OUTRAS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO .......................... 94
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 95
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 98TÓPICO 2 – DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS .............................. 99
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 99
2 DOS DESTINATÁRIOS DA PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL .............................................. 99
 2.1 DA IGUALDADE ENTRE HOMENS E MULHERES .............................................................. 102
 2.2 O PRINCÍPIO DA LEGALIDADE ............................................................................................... 103
 2.3 DA VEDAÇÃO DA TORTURA E DO TRATAMENTO DESUMANO OU DEGRADANTE ... 104
 2.4 DA LIBERDADE E INVIOLABILIDADE ................................................................................... 105
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 113
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 114
TÓPICO 3 – DOS DIREITOS SOCIAIS ............................................................................................. 115
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 115
2 OS DIREITOS SOCIAIS .................................................................................................................... 115
 2.1 DIREITO À EDUCAÇÃO .............................................................................................................. 118
 2.2 DIREITO À SAÚDE ........................................................................................................................ 129
 2.3 DIREITO À ALIMENTAÇÃO ....................................................................................................... 134
 2.4 DIREITO AO TRABALHO ............................................................................................................ 138
 2.5 DIREITO À MORADIA .................................................................................................................. 141
 2.6 DIREITO AO LAZER ...................................................................................................................... 144
 2.7 DIREITO À SEGURANÇA ............................................................................................................ 145
 2.8 DIREITO À PREVIDÊNCIA SOCIAL .......................................................................................... 148
 2.9 DIREITO À PROTEÇÃO À MATERNIDADE E À INFÂNCIA ............................................... 151
 2.10 DIREITO DE ASSISTÊNCIA AOS DESAMPARADOS ........................................................... 152
3 A “PEC DA FELICIDADE” — PEC Nº 513/2010 -CD E PEC Nº 19/2010 -SF ............................. 153
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 155
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 158
UNIDADE 3 – RECONHECIMENTO DA CIDADANIA COMO PROCESSO DE 
 PARTICIPAÇÃO NA SOCIEDADE ......................................................................... 159
TÓPICO 1 – A CIDADANIA, A PARTIPAÇÃO E A GARANTIA DE DIREITOS .................... 161
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 161
2 A CIDADANIA E A GARANTIA DE DIREITOS ......................................................................... 161
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 166
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 167
XI
TÓPICO 2 – O PROCESSO PARTICIPATIVO COMO ESTRATÉGIA DO EXERCÍCIO DA 
 CIDADANIA A PARTIR DOS CONSELHOS ........................................................... 169
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 169
2 RECONHECENDO O PAPEL DOS CONSELHOS EM NÍVEL NACIONAL, ESTADUAL E 
 MUNICIPAL ......................................................................................................................................... 170
3 ATRIBUIÇÕES E PODERES DOS CONSELHOS NACIONAIS, ESTADUAIS E 
 MUNICIPAIS ........................................................................................................................................ 173
4 PRINCÍPIOS QUE FUNDAMENTAM OS CONSELHOS DE DIREITO ................................. 177
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 180
RESUMO DO TÓPICO 2 ...................................................................................................................... 184
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 186
TÓPICO 3 – O PAPEL DOS CONSELHEIROS E SUAS ATRIBUIÇÕES ÉTICAS .................... 187
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 187
2 RECONHECENDO O PAPEL DOS CONSELHEIROS E SUAS ATRIBUIÇÕES ÉTICAS ... 187
3 O PAPEL DOS CONSELHEIROS ..................................................................................................... 190
4 OS CONSELHOS E A INTERSETORIALIDADE ......................................................................... 194
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 196
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 205
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 206
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................ 207
XII
1
UNIDADE 1
A CONSTRUÇÃO ÉTICA NOS 
DIREITOS HUMANOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir desta unidade, você será capaz de:
• compreender as novas reivindicações de direitos;
• identificar e reconhecer a concepção de direitos humanos na contempora-
neidade;
• reconhecer os principais fatos históricos que norteiam os direitos huma-
nos no Brasil e no mundo.
A Unidade 1 está dividida em três tópicos distintos, porém complementares. 
Ao final de cada tópico você encontrará autoatividades que contribuirão 
para o seu aprendizado.
TÓPICO 1 – AS NOVAS REIVINDICAÇÕES DE DIREITOS
TÓPICO 2 – A CONCEPÇÃO DE DIREITOS HUMANOS
TÓPICO 3 – A HISTÓRIA DOS DIREITOS HUMANOS NO BRASIL E 
 NO MUNDO
Assista ao vídeo 
desta unidade.
2
3
TÓPICO 1UNIDADE 1
AS NOVAS REIVINDICAÇÕES DE DIREITOS
1 INTRODUÇÃO
O tema direitos humanos vem sendo uma discussão realizada praticamente 
em todas as áreas das ciências humanas, pois envolve, além de questões de 
dignidade humana, questões administrativas e legislativas. 
A historicidade dessa questão transforma o sujeito em autor e ator de sua 
própria história, na qual passa a ter visibilidade a partir de 1948 com a Declaração 
Universal dos Direitos Humanos. 
Neste sentido, tenta-se interpretar a lógica daRevolução Francesa de 
igualdade, liberdade e fraternidade, dentro de uma lógica dos valores individuais. 
E a construção desses novos sujeitos não mais de maneira individual, mas de 
maneira coletiva, onde o sujeito não luta por necessidades isoladas e sim pela 
coletividade.
Outra questão refere-se à mudança de concepção, pois o que pode ser 
considerado certo em determinado período da história é desconstruído em outro.
Por exemplo, há alguns anos a educação de crianças era feita de maneira 
agressiva como uma maneira de educar, na atualidade essa questão da educação 
punitiva foi desmistificada, a própria legislação impede que esse procedimento 
seja utilizado. 
2 UMA BREVE HISTÓRIA DOS DIREITOS HUMANOS
Vamos iniciar esta unidade trazendow algumas informações históricas 
sobre os direitos humanos.
 
Os registros históricos mostram que o primeiro rei a se manifestar com 
um “ato humano” foi Ciro, o rei da Pérsia, que em 539 a.C. libertou os escravos da 
Babilônia, possibilitou às pessoas escolherem suas convicções religiosas e pregou 
a igualdade racial. Essas normativas foram registradas num cilindro de argila na 
língua acádia com a escritura cuneiforme.
UNIDADE 1 | A CONSTRUÇÃO ÉTICA NOS DIREITOS HUMANOS
4
FIGURA 1 – CILINDRO DE ARGILA
FONTE: Disponível em: <http://www.humanrights.com/pt/what-are-human-rights/
universal-declaration-of-human-rights.html>. Acesso em: 25 maio 2016.
Esse cilindro foi recentemente reconhecido como a primeira carta dos 
direitos humanos do mundo. Sua escritura foi traduzida em seis idiomas diferentes, 
porém a sua essência está presente nos quatro primeiros artigos da Declaração 
Universal dos Direitos Humanos.
Após a primeira ação de reconhecimento de uma “ação humana” 
distinguida hoje como direitos humanos, a ideia foi sendo reproduzida na Índia, 
na Grécia e por fim chegou a Roma. 
Em Roma se nominou como “lei natural”, em que as pessoas seguiam 
algumas leis baseadas em ideias racionais extraídas da natureza das coisas.
Para essa comprovação surgem novos documentos, como:
• a Carta Magna (1215);
• a Petição de Direito (1628); 
• a Constituição dos Estados Unidos (1787); 
• a Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789); 
• a Declaração dos Direitos dos Estados Unidos (1791). 
Esses documentos eram na verdade direcionadores de condutas que 
afirmam os direitos individuais, como são os precursores escritos para muitos dos 
documentos de direitos humanos atuais.
TÓPICO 1 | AS NOVAS REIVINDICAÇÕES DE DIREITOS
5
FONTE: Disponível em: <http://f.edgesuite.net/data/www.humanrights.org/
files/magna-carta_pt.jpg>. Acesso em: 25 maio 2016.
A Carta Magna de 1215 também ficou conhecida como a “Grande Carta”, 
foi assinada pelo rei da Inglaterra. Essa carta regulamentava algumas situações 
administrativas da época, que mais tarde foram denominadas de direitos humanos.
Um dos pontos principais desse documento referia-se a:
• A Igreja ser uma instituição que não depende da interferência do Estado.
• As pessoas podem herdar terras de seus ascendentes.
• Garantia de impostos condizentes. 
• As viúvas podiam decidir não voltar a casar-se.
• Estabeleceu os princípios de processos devidos e igualdade perante a lei. 
• Não aceitava a má conduta, punindo os responsáveis.
A Carta Magna foi reconhecida como um dos documentos legais mais 
importantes no desenvolvimento da democracia moderna, um ponto de mudança 
crucial na luta para estabelecer a liberdade.
Em 1628 o Parlamento Inglês enviou uma carta solicitando a declaração de 
liberdades dos civis, documento que se manifestava contrário às arbitrariedades 
de Carlos I. 
FIGURA 2 – A CARTA MAGNA DE 1215
2.1 A CARTA MAGNA (1215)
UNIDADE 1 | A CONSTRUÇÃO ÉTICA NOS DIREITOS HUMANOS
6
Essa petição se baseou em estatutos e cartas anteriores e afirmou quatro 
princípios: 
1. Nenhum tributo pode ser cobrado sem o consentimento do Parlamento;
2. Nenhum súdito pode ser encarcerado sem motivo demonstrado (a reafirmação 
do direito de habeas corpus); 
3. Nenhum soldado pode ser aquartelado nas casas dos cidadãos; e
4. A Lei Marcial não pode ser usada em tempo de paz.
Esses princípios descreviam direitos referentes a questões acordadas 
anteriormente em outros documentos e desconsideradas por Carlos I.
Outro marco para a história dos Direitos Humanos foi quando Thomas 
Jefferson redigiu a Declaração de Independência dos Estados Unidos da América, 
em 1776. 
Seu precursor defendeu perante o Congresso dos Estados Unidos a ideia 
da declaração da independência da Grã-Bretanha e, por sua vez, as Treze Colônias 
americanas, com a ajuda militar e financeira tanto da França e também da Espanha, 
venceram definitivamente os britânicos. 
A Declaração desencadeou dois temas: os direitos individuais e o direito 
de revolução. Essas ideias foram apoiadas em nível internacional e reproduzidas 
interiormente na Revolução Francesa.
Seguindo a lógica das conquistas de 1978, destacamos a Constituição dos 
Estados Unidos da América, a qual é a lei fundamental do sistema federal do 
governo dos Estados Unidos e documento de referência do mundo ocidental. Ela 
define os órgãos principais de governo e sua jurisdição e os direitos básicos do 
cidadão, protegendo a liberdade fundamental.
Essa Constituição entrou em vigor por etapas, sendo que em 1987 
vigoraram as 10 primeiras emendas, para atender diretamente os cidadãos dos 
EUA, limitando assim o poder do governo. 
Essa declaração limitou os poderes do Congresso, de maneira a impedir 
situações inversas às que são estabelecidas em lei. 
Naquela época, o presidente Franklin D. Roosevelt, entendia que essa 
declaração tem por objetivo proteger a liberdade de expressão, a liberdade de 
religião, o direito de guardar e usar armas, a liberdade de assembleia e a liberdade 
de petição. O documento proíbe o castigo cruel e insólito e a autoinculpação forçada. 
Outro marco na história que precisa ser considerado é o período pós Revolução 
Francesa em 1789, quando a Declaração dos Direitos do Homem passa a reconhecer a 
liberdade específica da opressão como uma “expressão da vontade geral”.
TÓPICO 1 | AS NOVAS REIVINDICAÇÕES DE DIREITOS
7
Esse documento estabelece que todo cidadão tenha garantido o direito à 
“liberdade, propriedade, segurança, e resistência à opressão”. Nessa linha entende-
se que todos têm os mesmos direitos e os mesmos deveres em uma sociedade que 
se diz justa.
Em 1864, alguns países que estavam vivenciando a guerra mostraram-se 
muito preocupados com a condição dos soldados e ex-soldados convocados para 
os combates, pois muitos desses retornavam com muitas sequelas.
 
Por essa razão, Genebra e alguns países europeus se reuniram para propor 
estratégias de atendimento a esses combatentes. 
Uma das estratégias pensadas e utilizadas nas convenções seguintes é a de 
ampliar os cuidados com todos os soldados, proporcionando atendimento digno, 
seja na doença ou em ferimentos, garantindo uma equipe de apoio. Essa equipe 
ficou designada como Cruz Vermelha, identificada inicialmente por uma cruz 
vermelha em um pano branco. 
 FIGURA 3 – AS NAÇÕES UNIDAS (1945)
FONTE: Disponível em: <http://www.humanrights.com/pt/what-are-human-
rights/universal-declaration-of-human-rights.html>. Acesso em: 25 maio 2016.
Novamente um grande marco na História influenciou a união de 50 nações, 
pois os traumas e as sequelas causadas pela Segunda Guerra Mundial refletiram 
mundialmente.
 
Pois, além dos mortos, pensava-se na situação dos feridos, dos familiares 
desses combatentes, as consequências econômicas e políticas já estavam instauradas, 
causando um grande caos social. 
A partir dessas consequências, 50 países reuniram-se em San Francisco 
em meados de 1945, com o objetivo de minimizar as guerras e tentar impedir 
movimentosrevolucionários futuros de grandes proporções. 
UNIDADE 1 | A CONSTRUÇÃO ÉTICA NOS DIREITOS HUMANOS
8
Os ideais da organização foram declarados no preâmbulo da sua carta de 
proposta: “Nós, os povos das Nações Unidas, estamos determinados a salvar as 
gerações futuras do flagelo da guerra, que por duas vezes na nossa vida trouxe 
incalculável sofrimento à Humanidade” (BITTENCOURT, 2015).
Esse documento entrou em vigor no dia 24 de outubro de 1945, data essa 
que ficou caracterizada como o Dia das Nações Unidas.
2.2 A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS 
(1948)
 FIGURA 4 – DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS (1948)
Desde 1945 existem movimentações internacionais que visam a organização 
intergovernamental com o propósito de salvar as gerações futuras da devastação 
do conflito internacional.
FONTE: Disponível em: <http://www.humanrights.com/pt/what-are-human-
rights/universal-declaration-of-human-rights.html>. Acesso em: 25 maio 2016.
TÓPICO 1 | AS NOVAS REIVINDICAÇÕES DE DIREITOS
9
Após a Organização das Nações Unidas, outras medidas de proteção foram 
sendo elaboradas e implantadas, uma delas é a Declaração Universal dos Direitos 
do Homem (1948), a qual normatiza uma série de leis que descrevem a questão da 
dignidade humana. 
Em seu artigo 1º, a Declaração proclama direitos inerentes de todos os seres 
humanos: “os seres humanos sejam livres de falar e de crer, libertos do terror e 
da miséria... Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em 
direitos” (BOBBIO, 2003).
Após esse artigo, existem mais 29 que tratam sempre da questão da 
dignidade humana, onde foram discutidos, elaborados e normatizados em 
documento próprio. Essa primeira declaração influenciou significativamente a 
elaboração das leis constitucionais das nações democráticas.
Na contemporaneidade a Declaração ainda é um documento muito visitado, 
sendo compreendido como contrato entre governo e o povo em todo o mundo. De 
acordo com o Livro de Recordes Mundiais do Guinness, é o documento mais traduzido no 
mundo (BOBBIO, 2003).
2.3 A LEGALIDADE E A REALIDADE 
Apologia de crimes contra a vida é uma violação/crime contra os direitos 
humanos que consiste em discursos, textos ou imagens em que se defende, 
louva, enaltece, aprova, exalta, defende, justifica ou elogia alguma doutrina, 
ação e/ou obra considerados crime; e incitação ao crime consiste em estimular 
publicamente a prática de qualquer ato ilícito.
 
Portanto, qualquer tipo de conteúdo publicado na internet que promova, 
incite ou faça apologia à violência contra seres humanos é considerado apologia 
e/ou incitação contra a vida, merecendo, por isso, responsabilização dos 
responsáveis.
 
Só é punível a apologia ou a incitação se esta for feita a favor de atos 
tipificados na legislação brasileira, ou seja, definidos como crimes pelas leis 
penais do Brasil.
 
O autor do crime pode ser qualquer pessoa, tanto para apologia quanto 
para a incitação, inclusive o criminoso que se vangloria dos atos ao fazer 
apologia à violência. 
 
UNI
UNIDADE 1 | A CONSTRUÇÃO ÉTICA NOS DIREITOS HUMANOS
10
Por serem crimes contra a paz pública, a lei visa proteger a coletividade, 
e o crime é considerado cometido com a simples conduta do indivíduo 
direcionado a atingir um número indeterminado de pessoas, não sendo 
necessário que provoque qualquer resultado no mundo real, que perturbe a 
paz pública e muito menos que haja, de fato, distúrbios.
FONTE: Disponível em: <http://www.safernet.org.br/site/prevencao/glossarios/direitos-
humanos>. Acesso em: 15 set. 2016.
É necessário considerar que os direitos humanos travam grandes discussões 
com as diversidades culturais, em muitas regiões a cultura ainda dissemina hábitos 
considerados desumanos, como podemos visualizar no quadro a seguir.
QUADRO 1 – VIOLÊNCIA CONTRA A INTEGRIDADE DA PESSOA HUMANA
VIOLÊNCIA CONTRA A INTEGRIDADE DA PESSOA HUMANA
A LEGALIDADE 
DA MUTILAÇÃO 
DE MEMBROS
É uma Violação/Crimes contra os Direitos Humanos que consiste no ritual da 
circuncisão feminina, que consiste na remoção de parte ou de todos os 
órgãos sexuais externos femininos. 
Essa situação acontece em 27 países da parte da África, Iêmen e no Curdistão 
iraquiano, ainda feita em vários locais na Ásia, no Médio Oriente e em 
comunidades expatriadas. 
É realizada em crianças e adolescentes entre o nascimento e a puberdade, a 
maior parte das jovens é mutilada antes dos cinco anos de idade.
CONTROLE DA 
NATALIDADE
É uma Violação/Crimes contra os Direitos Humanos que consiste na política do 
“filho único”, acontece mais efetivamente na China, onde é realizada a partir 
de um rígido controle de natalidade, na qual se dá preferência para o sexo 
masculino, sendo que gestações de meninas são indesejadas, geralmente são 
abortados.
IMIGRAÇÃO 
ILEGAL / 
TRÁFICO DE 
PESSOAS
É uma Violação/Crimes contra os Direitos Humanos, consiste na imigração 
ilegal ou clandestina, acontece além das fronteiras nacionais e não observam 
as normas e leis do país. 
O tráfico de pessoas se caracteriza pelo transporte ou transferência, 
recorrendo à ameaça ou uso da força ou a outras formas de coação, ao 
rapto, à fraude, ao engano, ao abuso de autoridade ou à situação de 
vulnerabilidade ou à entrega ou aceitação de pagamentos ou benefícios para 
obter o consentimento de uma pessoa que tenha autoridade sobre outra para 
fins de exploração. 
Para a Organização das Nações Unidas, o tráfico humano é o pior desrespeito 
aos direitos inalienáveis da pessoa humana. Isso porque, por mais oprimido 
e ferido que qualquer pessoa esteja numa situação de abandono, assim 
mesmo ela continua a ter sua identidade pessoal. 
Já a vítima do tráfico humano é “coisificada”, passada de pessoa à condição 
de mercadoria. Ela tem sua identidade humana desconstruída.
TÓPICO 1 | AS NOVAS REIVINDICAÇÕES DE DIREITOS
11
ACEITAÇÃO 
DA VIOLÊNCIA 
CONTRA A 
MULHER EM 
NOME DA 
HONRA
É uma Violação/Crimes contra os Direitos Humanos que consiste na violência 
delituosa que se pratica contra as mulheres: "crime de honra". 
Este tipo de crime na contemporaneidade se apresenta com muitas aceitações 
na sociedade, nas questões de adultério ou de vingança comprometendo os 
dois a honra.
No Iêmen, a mulher não pode sair de casa sem a autorização do marido. 
Também é obrigada a permitir que o marido tenha relações sexuais com ela, 
sempre que ela estiver “apta”.
Na Guiné, a mulher só pode ter uma profissão fora da casa caso o marido 
permita.
No Congo e nas Bahamas, se o estupro for cometido pelo marido da vítima, 
não é um crime.
No Irã, dois homens como testemunha equivalem a quatro mulheres em um 
caso de julgamento.
Em Malta e no Líbano é permitido ao marido sequestrar a mulher sem 
punições. Em Malta, se um sequestrador se casar com a mulher sequestrada 
depois do sequestro, ele também está livre de punição.
No Iêmen não existe idade mínima para a mulher se casar. Segundo dados 
de 2014 da ONG Human Rights Watch, 50% das meninas casadas têm menos 
de 18 anos, e 14%, menos de 15.
No Congo, a lei diz claramente que o marido é o chefe da casa e, portanto, a 
mulher deve sempre obedecê-lo.
Na Rússia há uma lista de empregos que mulheres não podem exercer.
Na Tunísia, um filho homem terá sempre direito ao dobro de sua(s) irmã(s).
Na Arábia Saudita, mulheres não podem dirigir.
TRABALHO 
INFANTIL
É uma Violação/Crimes contra os Direitos Humanos que consiste no trabalho 
exercido por crianças e adolescentes em desacordo com a legislação do país. 
Esta prática é muito comum nos países subdesenvolvidos, como é caso do 
Brasil, principalmente nas regiões mais pobres. Isto ocorre pela necessidade 
que estes adolescentes e crianças têm em ajudar seus pais no orçamento 
familiar.A maioria das famílias é composta de indivíduos pobres com um número 
expressivo de filhos.
HOMOFOBIA
É uma Violação/Crimes contra os Direitos Humanos que consiste na 
intolerância, discriminação, ofensa ou qualquer manifestação de repúdio à 
homossexualidade e à homoafetividade. 
Homossexualidade representa a orientação sexual de um cidadão que 
escolhe como parceiro ou companheiro uma pessoa do mesmo sexo.
INTOLERÂNCIA 
RELIGIOSA
É uma Violação/Crimes contra os Direitos Humanos que consiste na discriminação 
praticada contra pessoas que possuem credo religioso divergente do credo 
estabelecido como “o correto” ou “o normal” em uma dada localidade. 
NEONAZISMO
É uma Violação/Crimes contra os Direitos Humanos que consiste na prática com 
base no ideário nazista de superioridade e pureza de determinada raça que 
visa agredir, humilhar e discriminar pessoas por pertencerem a grupos 
minoritários ou tidos como inferiores. 
RACISMO
É uma Violação/Crimes contra os Direitos Humanos que consiste no preconceito 
fundado com base na ideia de existência e superioridade de determinadas 
raças que leva alguém a odiar, ter aversão e a discriminar outros indivíduos 
que sejam de uma outra raça supostamente inferior.
XENOFOBIA
É uma Violação/Crimes contra os Direitos Humanos que consiste no ódio, aversão 
ou temor sem precedentes contra pessoas provindas de outras culturas ou 
regiões geográficas diferentes das do criminoso que as considera minoria ou 
indignas de pertencer à mesma aglomeração social que ele.
FONTE: Adaptado de Safenet Brasil (2008), Correio Brasiliense (2015) e Brasil (2013)
UNIDADE 1 | A CONSTRUÇÃO ÉTICA NOS DIREITOS HUMANOS
12
Essa temática é bastante importante, pois lida com preceitos morais e 
construções sócio-históricas. Porém, todas as situações acontecem de maneira 
naturalizada, dependendo da diversidade cultural que se está estudando. Por 
outro lado, essas situações representam a violação de direitos e a necessidade da 
interferência dos órgãos de defesa dos direitos humanos. 
 
3 DIREITOS HUMANOS UNIVERSAIS 
O Ocidente considera o ser humano um “ser concreto”, pois entende que as 
principais transformações econômicas e políticas ocorreram após a Idade Média.
Nessa linha, Dumont (1997) acrescenta que o ser humano está intrinsecamente 
ligado a questões religiosas, o que reflete na igualdade dos homens perante Deus. 
Sendo a espiritualidade a principal linha condutora do homem. 
As principais mudanças ocorreram quando o Estado e a Igreja se uniram e, 
desta forma, passaram a ter todo o controle político (DUMONT, 1997).
Já Weber esclarece que as principais mudanças na concepção social de 
mundo têm como referência a Reforma protestante, na qual se entendia que a 
solução passa a ser algo espiritual e torna-se uma salvação como consequência de 
atos e do trabalho em si. 
Este processo de discussão de desenvolvimento espiritual perpassa as 
questões jurídico-filosóficas, quando surge a ideia de direito universal, que está 
intrinsecamente ligado às questões do jusnaturalismo e do positivismo jurídico:
Jusnaturalismo - acreditava-se que as leis eram regidas através da justiça a 
partir da moralidade do sujeito, sendo algo natural.
Positivismo jurídico tinha por ideal não explicar as coisas a partir dos 
preceitos morais, mas sim a partir de leis que consigam explicar a questão do 
empírico.
Conceito de empírico: é todo e qualquer fato que passa a se apoiar em experiência 
vivenciada na observação.
Na metade do século XIX, o pensador Guilherme de Occam, identifica o 
direito universal e moderno como complemento, pois o ser humano é a junção de 
individualidades que formam a realidade social (VIEIRA, 1999).
 
NOTA
TÓPICO 1 | AS NOVAS REIVINDICAÇÕES DE DIREITOS
13
Sendo que a realidade é resultado de fatores políticos, econômicos e 
filosófico-jurídicos:
• Políticos: à medida que a Igreja passa a interferir na coroação de reis e na 
possibilidade de declarar guerras ou não. 
• Econômicos: identificados pela crença na espiritualidade onde o sucesso 
econômico garantiria a salvação eterna.
• Filosófico-jurídico: que começa a identificar o sujeito como indivíduo pertencendo 
a um mundo também com direitos. 
Esses fatores influenciaram a concepção de mundo da sociedade, de 
maneira a interferir diretamente no comportamento social dos sujeitos. O Estado 
moderno pressupõe a ideia de sujeito enquanto ser livre e igual, sendo essa a base 
de argumentação dos direitos universais do homem. 
3.1 O SURGIMENTO DO ESTADO NA VISÃO DE HOBBES, 
LOCKE E ROUSSEAU
Os autores Thomas Hobbes, John Locke e Jean-Jacques Rousseau partem 
do mesmo princípio de direito natural e do contrato como configuração de 
regulação das relações entre governantes e governados. 
Para Norberto Bobbio (2003), esses três autores são imprescindíveis para 
reconhecer o processo de formação do Estado moderno e contemporâneo. Eles 
ousaram à medida que analisaram o Estado a partir de sua própria estrutura, 
sendo que cada um deles teve uma visão peculiar (vide quadro a seguir).
FONTE: Adaptado de: <http://www.efdeportes.com/efd186/estado-em-hobbes-locke-e-rousseau.
htm>. Acesso em: 6 set. 2016.
QUADRO 2 – PRINCIPAIS PENSADORES
Autor Teoria 
Hobbes 
• Estado Absoluto.
• Esta teoria é centrada na ideia do direito divino dos reis, a principal 
figura do poder do Antigo Regime.
Locke
• Monarquia Parlamentar é um modo de governo em que o Poder 
Legislativo (Parlamento) apresenta a conservação política para o Poder 
Executivo. Logo, o Poder Executivo necessita do poder do Parlamento 
para ser formado e também para governar. No Parlamentarismo, o 
Poder Executivo é exercido pelo primeiro-ministro.
UNIDADE 1 | A CONSTRUÇÃO ÉTICA NOS DIREITOS HUMANOS
14
Rousseau
• Democracia. 
• É um regime de governo em que predominam as decisões políticas 
com o povo, ele é quem elege seus representantes por meio do voto. É 
um regime de governo que pode existir no sistema presidencialista, onde 
a figura do presidente é a mais importante. 
FONTE: Adaptado de: <http://fabiopestanaramos.blogspot.com.br/2010/10/teoria-do-estado-
absolutista-foi-fruto.html>; <http://www.suapesquisa.com/o_que_e/parlamentarismo.htm>; 
<http://www.significados.com.br/democracia/>. Acesso em: 6 set. 2016.
Nessa linha precisamos considerar que estamos evoluindo de uma 
sociedade feudal para uma sociedade capitalista, onde a liberdade individual é 
entendida como um direito natural do indivíduo. 
Porém, os três autores entendem que o processo de transformação do 
estado de natureza para o estado civil é natural, construído por indivíduos 
livres e iguais. Contudo, cada autor tem uma visão mais específica em relação às 
motivações que levam os indivíduos a se organizarem em torno de um aparato 
institucional.
Para Hobbes, o homem é um constante gerador de conflitos, ele necessita 
da intervenção do outro nas relações, a fim de evitar que os indivíduos se 
autodestruam. E o contrato social, através das leis, é uma necessidade de 
firmar esse acordo. Ou seja, ele confere ao soberano o poder pleno de legislar 
em seu nome.
Hobbes tenta justificar o ideal de estado absolutista, onde as ordens 
devem ser cumpridas e não questionadas. Ou seja, o contrato social pode ser 
entendido também como um acordo de submissão. Pois, ao contrário, abriria 
precedente para se guerrear em busca do poder, por isso o soberano deveria ter 
poder absoluto e ilimitado.
Na visão de Hobbes, o Estado é marcado pela guerra de todos contra 
todos, na qual devem se submeter ao poder absoluto para progredir.
Na visãode John Locke o contrato social funcionaria como um mediador 
da passagem do estado de natureza para o estado civil. Para Locke, o estado 
de natureza deveria ser de liberdade e igualdade, “o estado de natureza é 
um estado de paz, boa vontade, assistência mútua e preservação” (MELLO, 
1995, p. 93). Sendo que a liberdade natural é algo inerente à própria natureza 
humana, expressa na forma do direito à vida, à liberdade individual e o direito 
à propriedade.
TÓPICO 1 | AS NOVAS REIVINDICAÇÕES DE DIREITOS
15
O estado de natureza recebe o status positivo de harmonia, esse status 
pode ser interrompido pela busca de poder que, consequentemente, pode gerar 
um conflito ou mesmo uma guerra. 
Nessa linha o contrato social é entendido como uma necessidade de 
gerenciamento com o consentimento do cidadão. Nesse governo a finalidade 
é garantir a liberdade para toda a defesa dos direitos naturais básicos. Para 
Locke, o estado civil deve ser limitado e regulado pelos indivíduos que 
pactuam o contrato. 
A comunidade tem o direito de resistência caso o interesse da maioria 
não esteja sendo expresso pelo governante. O liberalismo político em Locke 
conjugado com a ideia de poder limitado do soberano leva este autor a sustentar 
a supremacia do Parlamento como forma de restringir os desmandos de um 
governo. Cabe à maioria escolher quem legislará em seu nome, onde “ao 
Legislativo se subordinam tanto o Poder Executivo, confiado ao príncipe, como 
o poder federativo” (MELLO, 1995, p. 87).
Para Rousseau, o povo é que deve ser o verdadeiro soberano, para que 
um governo consiga manter sua legitimidade é necessário que responda aos 
anseios do povo. O governante, nesse caso, é o representante da soberania 
popular. Conseguindo manter a soberania, o povo conseguia manter sua 
liberdade civil, seu direito a ser cidadão.
Para ele, o Estado deve intervir a favor dos interesses gerais, garantindo as 
condições para que os indivíduos pleiteiem o direito à propriedade, a educação 
é tomada como instrumento para garantia da igualdade. 
Cabe ao Estado reduzir a desigualdade. Tanto para Locke como para 
Rousseau, a propriedade é resultado do trabalho, sendo este um dos principais 
fatores desencadeantes da desigualdade social. Para Locke, a propriedade é um 
direito natural, enquanto que para Rousseau e Hobbes ela é um direito civil. 
Na concepção de Rousseau, a formação da sociedade é uma estratégia 
empregada pelos afortunados para manter o domínio sobre os mais 
desfavorecidos, incluindo uma falsa ideia de igualdade. 
No estado de natureza o homem obedece ao instinto, a partir do contrato 
social o indivíduo transfere direitos naturais para que eles sejam convertidos em 
direitos civis; suas ações, antes guiadas por instintos, passam a ser orientadas por 
leis civis. A passagem para o estado civil é realizada sob o império da vontade 
geral da maioria.
FONTE: Adaptado de: <http://www.efdeportes.com/efd186/estado-em-hobbes-locke-e-rousseau.
htm>. Acesso em: 6 set. 2016.
UNIDADE 1 | A CONSTRUÇÃO ÉTICA NOS DIREITOS HUMANOS
16
3.2 AS NOVAS REIVINDICAÇÕES DE DIREITOS 
Com o surgimento dos novos sujeitos sociais, se apresentam também novas 
necessidades, nesse sentido, as prioridades também tomam novas proporções, 
pois existem os anseios individuais e os coletivos, sendo que dependendo da 
necessidade a ação a ser executada tende a ser diferenciada. 
Desta forma recorremos a René Descartes (1596-1650), quando verbaliza 
a ideia de “penso, logo existo” e, assim, muitas das teorias hipotéticas passam a 
ser questionadas, sendo conferidas ou desconsideradas, principalmente com as 
descobertas das ciências humanas mais efetivas, no final do século XIX. 
Quando o sujeito passa a questionar as teorias socialmente construídas, 
ele se torna epistêmico, pois fortalece o movimento de um novo período, este 
impulsionado pelas descobertas científicas.
O que é sujeito epistêmico?
O sujeito epistêmico é composto por sua própria ação, no meio em que vive, buscando 
satisfazer suas necessidades, esse processo passa a transformar o meio em que vive, o 
sujeito epistêmico trava uma luta constante, é confrontado pelas oposições do meio. Ou 
seja, o sujeito epistêmico é um sujeito que pensa, trabalha, produtivo, e um sujeito crítico, 
com capacidade de pensar e repensar sua forma de atuar no meio em que está inserido.
Nesse cenário destacaremos cinco pontos básicos, segundo Stuart Hall 
(2003), que comprovam a evolução teórica das ciências humanas: 
a) Segundo o pensamento marxista, a vontade individual é subordinada pela 
estrutura social, econômica e política anterior ao indivíduo; 
b) Na teoria de Freud, o sujeito racional é incapaz de gerenciar de forma integral 
seus próprios conhecimentos; 
c) No entendimento de Ferdinand de Saussure, a língua é um sistema social e não 
individual; onde o indivíduo reproduz, não produz conceitos próprios.
d) Na explicação de Foucault existe um poder disciplinador emanado na sociedade 
a fim de desenvolver disciplinas a partir do ideal do ser humano passivo. 
e) O início da questionalização das coisas, quando o sujeito passa a compreender o 
seu redor a partir das divergências sociais (questões de gênero, importância dos 
movimentos contrários à hegemonia, movimento feminino, sociais, entre outros), 
enquanto minorias com déficit de cidadania.
A partir do que foi descrito acima, é possível observar que, conforme o 
período histórico, são atribuídos novos conceitos na sociedade. 
NOTA
TÓPICO 1 | AS NOVAS REIVINDICAÇÕES DE DIREITOS
17
Não podemos desconsiderar que os valores socioculturais são construídos 
e reconstruídos em cima de ideologias que impõem visões de mundo como única 
possibilidade que deveria ser seguida pelo ser humano. 
Já numa teoria mais à frente, denominada de pós-colonial, inicia-se de 
maneira tímida a reivindicação do direito das minorias – à diferença, a uma 
identidade cultural autêntica, à autodeterminação política etc. –, como uma 
tentativa de legitimar o direito destas minorias de criar estas novas significações, 
alterando “a posição de enunciação e as relações de interpelação em seu interior”, 
criando assim outros “espaços de significação” (BHABHA, 1998, p. 228).
Nessa linha é possível compreender que existe um impasse quando se fala 
em justiça, pois adentramos na ordem da legalidade e da ilegalidade, bem como 
na questão moral e da ética. 
Quando se fala em avanços e retrocessos em relação à contemporaneidade, 
não poderemos deixar de mencionar a questão da crise moderna. Essa nada mais é 
do que compreender o problema da legitimidade – ou ilegitimidade – de estruturas 
de direitos que regulam as noções de justiça e moral contemporâneas.
Quando reconhecemos que tal situação fracassou, é necessário desenvolver 
outras estratégias para ressignificar tal situação em determinada área e assim 
poder oferecer uma resposta no mínimo plausível. 
Nesse sentido, o direito à cultura e à autodeterminação, baseado no 
reconhecimento da autenticidade cultural e/ou fundado numa nova concepção de 
política cultural, forma um ponto importante de articulação entre a antropologia e 
o campo dos direitos humanos.
UNIDADE 1 | A CONSTRUÇÃO ÉTICA NOS DIREITOS HUMANOS
18
Para aprofundar essa temática, sugerimos que assistam aos seguintes filmes:
Hotel Ruanda (Hotel Ruanda) 2004 
Sinopse: Estamos em 1994. Ruanda é palco de uma das maiores 
atrocidades da história da humanidade, onde, em apenas 100 dias, 
quase um milhão de tutsis são brutalmente assassinados por milícias de 
etnia hutu. No cenário dessas indescritíveis ações, um homem promete 
proteger a família que ama, acabando por encontrar a coragem para 
salvar mais de um milhar de refugiados.
O Pianista (Le Pianiste) 2002 
Sinopse: Um belo e comovente filme premiado em 2002 com a Palma 
de Ouro em Cannes e com três Oscar da Academiade Hollywood. 
O filme foi inspirado na autobiografia do pianista polaco Wladyslaw 
Szpilman, que, por ser judeu, sofreu na pele os horrores do Holocausto 
nazista. Wladyslaw Szpilman (Adrien Brody) interpretava peças clássicas 
numa rádio de Varsóvia quando as primeiras bombas caíram sobre a 
cidade, em 1939. Com a invasão alemã e o início da 2ª Guerra Mundial, 
começaram também restrições aos judeus polacos pelos nazistas. O 
filme mostra o surgimento do Gueto de Varsóvia, quando os alemães 
construíram muros para encerrar os judeus em algumas áreas, e 
acompanha a perseguição que levou à captura e envio da família de Szpilman para os campos 
de concentração. Sobrevivendo à guerra numa Varsóvia em escombros, Szpilman voltou por 
fim a tocar o seu amado piano, o que lhe garantiu a sanidade mental e a força necessária para 
que permanecesse vivo depois de tanto sofrimento. 
Um Grito de Liberdade (Cry Freedom) 1987 
Sinopse: Donald Woods é o editor-chefe do jornal Daily Dispatch, da 
África do Sul, onde critica severamente os pontos de vista de Steve 
Biko, um jovem ativista negro que luta contra o apartheid. Mas depois 
de conhecer Biko, muda de ideia e toma consciência da situação dos 
negros na África do Sul. Essa reviravolta vai atrair também sobre ele as 
atenções da polícia. Baseado em fatos reais, o filme inspira-se em dois 
livros de autoria do próprio Woods. 
FONTE: Disponível em: <http://www.cinemanasaladeaula.com/filmes-sobre-a-tematica-
dos-direitos-humanos/>. Acesso em: 6 set. 2016.
DICAS
19
Neste tópico vimos:
• Diferentemente da lógica da Revolução Francesa de igualdade, liberdade e 
fraternidade, dentro de uma lógica dos valores individuais, os direitos humanos 
se posicionam em favor da coletividade.
• Construção e reconstrução de valores: o que pode ser considerado certo em 
determinado período da história é desconstruído em outro.
• Os registros históricos mostram que o primeiro “ato humano” acontece em 
539 a.C.
• Após a primeira ação de reconhecimento de uma “ação humana” reconhecida 
hoje como direitos humanos, a ideia foi sendo reproduzida na Índia, Grécia e por 
fim chegou a Roma. 
• A Carta Magna de 1215, da Inglaterra, regulamentava algumas situações 
administrativas da época, que mais tarde se denominou de direitos humanos.
• Outro marco para a história dos Direitos Humanos foi quando Thomas Jefferson 
redigiu a Declaração de Independência dos Estados Unidos da América, em 1776. 
• Em 1978 destacamos a Constituição dos Estados Unidos da América, a qual define 
os órgãos principais de governo e sua jurisdição e os direitos básicos do cidadão, 
protegendo a liberdade fundamental.
• Em 1864, alguns países que estavam vivenciando a guerra mostraram-se muito 
preocupados com a condição dos soldados e ex-soldados convocados para 
combate, pois muitos desses retornavam com muitas sequelas. Por essa razão, 
Genebra e alguns países europeus se reuniram para propor estratégias de 
atendimento a esses combatentes. 
• A união de 50 nações formou a Organização das Nações Unidas, como estratégia 
de enfrentamento das consequências econômicas e políticas, já que havia se 
instaurado um caos social, causado pela guerra.
• Após a Organização das Nações Unidas, outras medidas de proteção foram sendo 
elaboradas e implantadas, uma delas é a Declaração Universal dos Direitos do 
Homem (1948), a qual normatiza uma série de leis que descrevem a questão da 
dignidade humana. 
• Os direitos humanos travam grandes discussões com as diversidades culturais, 
em muitas regiões a cultura ainda dissemina hábitos considerados desumanos.
RESUMO DO TÓPICO 1
20
• O jusnaturalismo acreditava que as leis eram regidas através da justiça a partir 
da moralidade do sujeito, sendo algo natural.
• O positivismo jurídico tinha por ideal explicar as coisas a partir de leis que 
possibilitassem esclarecer a questão do empírico.
• Thomas Hobbes, John Locke e Jean-Jacques Rousseau são imprescindíveis para 
reconhecer o processo de formação do Estado moderno e contemporâneo.
• Hobbes descreve sobre o Estado Absoluto, Locke sobre a Monarquia Parlamentar 
e Rousseau sobre a democracia. 
21
Preste bastante atenção nas autoatividades sugeridas, elas facilitarão a 
assimilação dos conteúdos, bem como sua compreensão em relação aos 
assuntos propostos nesse tópico.
1 O processo histórico de instituição dos direitos fundamentais consistiu 
primeiramente na conquista das liberdades políticas, o que foi denominado 
como direitos de primeira geração, tendo como subsídio os valores do 
liberalismo no período da Revolução Francesa. Nesse processo, considera-se 
que a luta travada no ambiente político da época consistia em uma luta de 
classes: (ENADE 2010)
I. Em busca da afirmação dos direitos individuais; 
II. Para impor freios aos poderes absolutistas. 
III. Pela afirmação dos direitos sociais.
IV. Pela afirmação ao direito à greve. 
V. Pela preservação do direito de propriedade. 
 É correto apenas o que se afirma em 
a) ( ) I, II e III. 
b) ( ) I, II e V. 
c) ( ) I, IV e V. 
d) ( ) II, III e IV. 
e) ( ) III, IV e V.
2 Para facilitar sua compreensão em relação a todo esse processo transitório, de 
construção e reconstrução de teorias, associe o autor à sua teoria: 
I – Hobbes 
II – Locke
III – Rousseau
( ) Monarquia Parlamentar.
( ) Estado Absoluto.
( ) Democracia.
 Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta:
a) ( ) II, I e III. 
b) ( ) I, II e III. 
c) ( ) III, I e II.
d) ( ) I, III e II. 
AUTOATIVIDADE
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resolução da questão 2
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TÓPICO 2
A CONCEPÇÃO DE DIREITOS HUMANOS
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico desmistificaremos a questão do empoderamento do sujeito 
enquanto cidadão que de alguma forma infringiu determinada lei, pois se tem 
a ideia de que Direitos Humanos é uma linha de defesa em situações em que os 
indivíduos agem de maneira irregular, solicitando apoio aos direitos humanos, 
possibilitando identificar algumas alternativas no sentido de minimizar a pena. 
A terminologia ideológica se amplia à medida que direitos humanos 
significam:
 
Os direitos e liberdades básicas de todos os seres humanos. Seu 
conceito também está ligado com a ideia de liberdade de pensamento, de 
expressão, e a igualdade perante a lei. A ONU proclamou a Declaração 
Universal dos Direitos Humanos, que é respeitada mundialmente 
(FONTE: Disponível em: <http://www.significados.com.br/direitos-
humanos>. Acesso em: 6 set. 2016.).
UNIDADE 1 | A CONSTRUÇÃO ÉTICA NOS DIREITOS HUMANOS
24
Os direitos humanos são direitos inerentes a todos os seres humanos, 
independentemente de raça, sexo, nacionalidade, etnia, idioma, religião ou qualquer outra 
condição. Os direitos humanos incluem o direito à vida e à liberdade, a liberdade de opinião e 
de expressão, o direito ao trabalho e à educação, entre muitos outros. Todos merecem estes 
direitos, sem discriminação. 
FONTE: Disponível em: <http://www.dudh.org.br/definicao/>. Acesso em: 4 maio 2016.
Assim, os direitos humanos são o direito próprio que está intrínseco na 
vida do cidadão. Nessa linha é possível compreendermos que cada ser humano 
pode usufruir de seus direitos, independentemente de raça, cor, religião, sexo, 
etnia, opinião política, se é rico ou pobre, entre outros.
Sendo assim, os direitos humanos são garantias previstas em lei, contidas 
na Declaração Universal dos Direitos Humanos, a qual protege o cidadão de 
toda e qualquer possibilidade de transgressão de sua liberdade e sua dignidade 
humana. 
Nessa linha estamos propondo ampliar a discussão acerca do tema, 
recuperando um pouco do entendimento a partir dos genes e do entendimento 
de diretos humanos e sua conjuntura na contemporaneidade, a fim de traçar um 
caminho e compreender o processo histórico.Na visão de Silva e Pereira (2007), “é preciso entender que cada sociedade, 
em sua época, experimenta e dimensiona as relações sociais [...], como se 
estabelecem essas relações na sociedade”. 
Sempre que refletimos sobre a temática direitos humanos e cidadania, 
é imprescindível considerar que a sociedade brasileira é um campo vasto 
UNI
TÓPICO 2 | A CONCEPÇÃO DE DIREITOS HUMANOS
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de contradições das expressões sociais, pois identificamos as mais variadas 
vulnerabilidades, políticas, econômicas e sociais.
Contudo, essas fragilidades tendem a ser banalizadas, já que elas são 
consideradas secundárias, sua prioridade é estabelecida a partir da notoriedade 
perante a situação que recebe, seja pela sociedade ou através dos meios de 
comunicação.
A ocorrência de vulnerabilidade depende das condições de cada sujeito e 
as condições dependem de escolhas e de oportunidades que são ou não ofertadas. 
O sujeito necessita ser flexível e tentar se adaptar às diversidades 
encontradas, já que ele por si só e as políticas públicas não conseguem responder e 
oportunizar a mesma equidade de acesso a toda sociedade. 
Entende-se que a sociedade vem compreendendo esse novo processo de 
acesso à cidadania, essa geralmente conquistada através dos movimentos sociais, 
mas esse processo depende da repercussão e do apoio, pois movimentos isolados 
tendem a ser estagnados, enquanto que os movimentos mais amplos tem maior 
disseminação de suas propostas. 
2 CONTEXTO HISTÓRICO DOS DIREITOS HUMANOS 
O contexto histórico dos direitos humanos é identificado a partir de um 
grande marco histórico, que pode ser identificado como período que antecede a 1ª 
Guerra Mundial, período transitório entreguerras e a 2ª Guerra Mundial, onde os 
homens foram obrigados a deixar seus lares para defender a ideologia política da 
época de sua nação.
 FIGURA 5 – REFLEXOS DA GUERRA
Período transitório
entreguerras
FONTE: Disponível em: <http://www.infoescola.com/historia/primeira-guerra-
mundial/>. Acesso em: 11 maio 2016. 
UNIDADE 1 | A CONSTRUÇÃO ÉTICA NOS DIREITOS HUMANOS
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Esse período mais tenso da história é marcado pela pressão política 
administrativa, principalmente no período entreguerras, no qual se vivenciava 
uma instabilidade, momento em que surgem iniciativas referentes aos direitos 
humanos de amplitude internacional.
QUADRO 3 - CONCEPÇÕES
O DIREITO INTERNACIONAL 
HUMANITÁRIO
• Refere-se ao direito de guerra, que estabelece garantias 
individuais mesmo em períodos de guerra, tais como: 
o a PROTEÇÃO DE CIVIS e 
o o TRATAMENTO DE PRISIONEIROS. 
• Essa garantia foi estabelecida nas quatro Convenções de 
Genebra, de 1949.
A LIGA OU SOCIEDADE DAS 
NAÇÕES
• Foi designada após a 1ª Guerra Mundial, tinha como 
preferência a promoção da colaboração, como:
o ACORDO DE PAZ E DE SEGURANÇA, ampliadas 
internacionalmente. 
• Referia-se principalmente ao direito da minoria e do acesso 
ao trabalho.
• Obs.: Esse movimento da Liga foi substituído pela 
Organização das Nações Unidas (ONU).
ORGANIZAÇÃO 
INTERNACIONAL DO 
TRABALHO – OIT
• Criada após a 1ª Guerra Mundial, continua na ativa e tem 
como objetivos estabelecer padrões mínimos de condição 
para o trabalho decente.
FONTE: Adaptado de Safernet Brasil (2008), Correio Brasiliense (2015) e Brasil (2013)
A criação desses órgãos de organização, orientação e fiscalização ligados 
diretamente ao Direito Internacional Humanitário intervém na proteção dos 
direitos individuais e estatais.
Seguindo a lógica, a 2ª Guerra representou uma ruptura no processo de 
humanização internacional, devido ao extermínio em massa de milhões de pessoas, 
tornando a figura do sujeito descartável e ignorando a questão da dignidade e da 
igualdade entre a humanidade.
Esse processo representou uma quebra, já que os pequenos avanços 
conseguidos após a 1ª Guerra Mundial foram massacrados e desconsiderados 
após a 2ª Guerra. Nessa fase iniciam-se as declarações humanitárias internacionais 
e os tratados internacionais, que nada mais foram do que acordos de paz.
As primeiras manifestações ocorridas nesse período pós-guerra foram 
impulsionadas pela:
• instituição dos Tribunais de Nuremberg e de Tóquio;
• instituição da Organização das Nações Unidas – ONU (1945);
• adoção da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948).
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Nesse período destacamos que os tribunais de Nuremberg e de Tóquio foram 
decisivos na história dos Direitos Humanos, nesse momento foram estabelecidas 
normas de responsabilização criminal em situações que comprovassem situações 
degradantes sobre a dignidade do ser humano. 
 FIGURA 6 – DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA
FONTE: Disponível em: <http://images.livrariasaraiva.
com.br/imagemnet/imagem.aspx/?pro_
id=158589&qld=90&l=430&a=-1>. Acesso em: 22 set. 2016.
Na trajetória da sociedade a constituição exige o respeito aos direitos 
humanos. Neste sentido, na contemporaneidade está sendo observado o quanto 
é importante e indispensável esta valorização, até mesmo por entidades que não 
reconheciam esse valor, e que os aspectos econômicos eram mais importantes que 
as relações sociais. 
Sendo assim, ficou evidente que não é o fato de ter poder, seja este 
econômico, político ou poder militar, que fará com que haja paz na sociedade, sem 
haver o devido respeito aos direitos humanos.
Desta forma, é importante e necessário que todos tenham o pleno 
conhecimento da seriedade da efetivação dos direitos humanos para a humanidade 
e sua responsabilidade enquanto efetivação e proteção. 
2.1 EVOLUÇÕES E O CONCEITO DE DIREITOS HUMANOS
A facilidade que a sociedade tem em mandar e receber notícias atualizadas 
faz com que esse processo se torne um turbilhão de informações, pois os meios de 
comunicação disparam continuamente. Essas informações podem ou não ser verídicas, 
porém, são entendidas e interpretadas conforme a realidade de cada sujeito. 
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Todas as informações ou notícias tendem a sofrer algum tipo de juízo 
de valor, isso faz com que se identifique sua notoriedade, porém percebe-
se que os meios de comunicação vêm explorando principalmente as questões 
sensacionalistas, fazendo com que a notícia por vezes seja desvinculada de sua 
verdadeira realidade. 
É comum encontrarmos notícias com os seguintes focos: violência contra 
a mulher, criança, idoso, entre outras; corrupção, dificuldade de acesso a políticas 
sociais de saúde e educação, entre outras. O que amplia a discussão, à medida 
que se compreende que muitas legislações foram desenvolvidas justamente para 
garantir a proteção que por diversas vezes é desrespeitada, tem-se a ideia de 
desvalorização, ineficiência dos direitos humanos. 
Nessa linha encontramos o contraponto:
Esses mecanismos de controle já existem, mas nos deparamos com a 
incapacidade da legislação de conter essas situações, pois entende-se que os 
direitos sociais foram garantidos legislativamente, porém eles não conseguem ser 
efetivados. 
Para aprofundamento dos temas deste tópico, sugerimos que 
você leia o seguinte livro: Direitos humanos: de onde vêm, o 
que são e para que servem, de Raquel Tavares. A obra contém 
um resumo da evolução histórica dos direitos humanos e da sua 
definição e principais características, assim como o enunciado 
dos principais instrumentos existentes para promover e proteger 
estes direitos, em nível universal e regional.
FONTE: Disponível em: <https://www.incm.pt/portal/loja_
detalhe.jsp?codigo=102286>. Acesso em: 8 set. 2016.
A necessidade de 
criar mecanismos 
de controle
A normatização 
(que são as leis) 
X
DICAS
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2.2 DIREITOS HUMANOS E A INTERPRETAÇÃODA MORAL X 
ÉTICA
Nesse cenário é possível compreender que os direitos humanos são 
conquistados quando são implementados na sua integralidade, no entanto, esses 
direitos podem até ser garantidos por lei, porém com dificuldades de serem 
reconhecidos na prática.
Essa dificuldade de reconhecimento pode ser explicada na medida em 
que reconhecemos as raízes da concepção dos direitos humanos. Por essa razão 
nos reportamos a Bobbio (1992), quando nos explica que o que foi considerado 
evidente em determinado período da história não é mais considerado em outro. 
Um exemplo prático dessa explicação pode ser a questão dos maus tratos 
físicos a crianças, que em determinado período da história eram considerados na 
sociedade como uma maneira educativa, e na atualidade passam a ser considerados 
práticas de violência.
Portanto, essa questão de contextualizar o que é permitido ou não na 
sociedade depende do período histórico e da maneira que a situação é interpretada. 
Essa nova maneira de interpretar a situação na sociedade é reforçada a 
partir das legislações em vigor, pois estas norteiam e padronizam comportamentos 
sociais que deveriam ser seguidos. 
Nessa linha fazemos um recorte lembrando que, segundo padrões morais, 
a violência contra as crianças era uma prática aceitável, enquanto que a ética indica 
que essa é uma prática imprópria, pois reflete diretamente no seu processo de 
desenvolvimento. 
Nesse sentido, na visão de Pieritz (2015, p. 80), é possível compreender que 
moral e ética são:
palavras que parecem mensurar e ter o mesmo sentido, porém em 
nenhum momento elas são sinônimas. Pois, quando referenciamos 
a moral, precisamos ter claro que ela sempre existiu, pois os seres 
humanos são dotados de consciência moral, a qual se justifica pela 
escolha do bem ou do mal, e esta escolha é resultado do meio em que se 
vive. No entanto, a ética pode ser compreendida como uma teoria que 
busca compreender através da investigação científica o comportamento 
moral dos seres humanos. O agir não é regido pela tradição, pelos 
hábitos e costumes, mas sim pela consciência lógica e pela articulação 
passível de ser comprovada.
Sendo assim, as leis passam a representar o marco legal, já que esse é um 
processo de construção e reconstrução histórica, pautado em valores morais e 
normatizado com as leis que passam a representar a ética. 
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Pode-se dizer que os direitos humanos são visões do senso comum que 
tomam forma a partir da reivindicação, essas geralmente são acometidas de 
preconceitos que podem ser contra certos padrões estabelecidos na sociedade:
• Relações homoafetivas;
• A mulher no mercado de trabalho;
• O processo emigratório;
• A opção profissional;
• As mais variadas formas de exploração (profissional, sexual, entre outras);
• Ideologias (políticas, religiosas, entre outras).
Sugestão de filme: Gandhi (aborda a discriminação racial).
Sinopse: O filme conta a história de Mohandas K. Gandhi, desde o início 
da sua carreira como advogado na África do Sul, protestando contra a 
discriminação racial, até a sua morte. Ressalta a questão da ideologia 
religiosa, política, situações que ocasionam muitas vezes violência e 
morte, bem como a sua prolongada prisão. 
Os direitos humanos surgem para reforçar a ideia de direito à liberdade de 
expressão e ao pensamento livre. 
Conforme José Afonso da Silva (2003, p. 103), o conceito de liberdade 
humana pode ser definido da seguinte forma: 
deve ser expresso no sentido de um poder de atuação do homem em 
busca de sua realização pessoal, de sua felicidade. (...) Vamos um 
pouco além, e propomos o conceito seguinte: liberdade consiste na 
possibilidade de coordenação consciente dos meios necessários à 
realização da felicidade pessoal. Nessa noção, encontramos todos os 
elementos objetivos e subjetivos necessários à ideia de liberdade; é poder 
de atuação sem deixar de ser resistência à opressão; não se dirige contra, 
mas em busca, em perseguição de alguma coisa, que é a felicidade 
pessoal, que é subjetiva e circunstancial, pondo a liberdade, pelo seu 
fim, em harmonia com a consciência de cada um, com o interesse do 
agente. Tudo que impedir aquela possibilidade de coordenação dos 
meios é contrário à liberdade.
DICAS
TÓPICO 2 | A CONCEPÇÃO DE DIREITOS HUMANOS
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Enquanto que a ideia da liberdade de pensamento é embasada na própria 
Constituição Federal, promovendo a todos os cidadãos o direito à livre manifestação 
do pensamento. 
O pensamento é, na verdade, um juízo de valor, é uma reflexão interna de 
quem está pensando, e no momento em que é exteriorizado aparece também a 
opinião de seu emitente. (ARAÚJO; NUNES JUNIOR, 2008).
Segundo Tavares (2009), na sociedade atual tem-se o entendimento de que 
a possibilidade de pensar está contida em todas as pessoas que gozam de saúde 
mental e possuem o mínimo de discernimento.
Diante desse contexto, precisamos considerar que pessoas foram 
perseguidas e mortas por motivo desses direitos mencionados acima, pois estavam 
em busca da reivindicação de direitos ou se manifestavam claramente contrárias à 
situação vigente naquele determinado momento. 
A questão da liberdade de expressão é compreendida como um direito 
humano, protegido e reforçado pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, 
de 1948, e pelas constituições de vários países democráticos, porém esse assunto 
será melhor debatido nos próximos tópicos. 
2.3 O CONTRAPONTO ENTRE O TRABALHO X DIREITO
Na história é preciso compreender que os direitos civis só foram efetivados 
porque a luta pelos direitos sociais desencadeava a necessidade de uma coletividade. 
Que pode ser:
• Acesso ao mercado de trabalho;
• Acesso a condições mínimas de saúde e educação, entre outras;
• Reforma agrária.
 
Todas essas necessidades representam um avanço à questão de acesso 
que dificulta essa lógica, já que todos têm direitos, porém nem todos conseguem 
acessar, isso reflete nas expressões da questão social. 
Os registros históricos identificam que na Grécia a população teve a 
oportunidade de participar pela primeira vez do processo de discussão e decisão 
na esfera pública. Essa situação pode ser identificada como um sinônimo da 
expressão do início da democracia, ideia que reforça a questão de cidadania e 
direitos humanos. 
Esse processo de participação na Grécia ocorria a partir das assembleias 
que discutiam sobre assuntos de interesse geral da coletividade. Ou seja, este foi 
o eixo da cidadania enquanto processo de participação, e mais tarde passa a ser 
interpretado como uma conquista de direitos.
UNIDADE 1 | A CONSTRUÇÃO ÉTICA NOS DIREITOS HUMANOS
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Porém, esse processo era incompleto e seletivo, pois os escravos, as 
mulheres e os estrangeiros eram excluídos e ignorados, portanto, impedidos de 
exercer sua cidadania. 
Essa repercussão deu origem ao movimento de jusnaturalismo, que 
significa o início da doutrina dos direitos do homem, a qual compreendia esse 
processo como natural. 
 
Na visão de Teixeira (2012, p. 24), esse processo pode ser entendido da 
seguinte maneira: 
O Direito Natural clássico dos gregos compreende uma concepção 
essencialista ou substancialista do Direito Natural: a natureza contém 
em si a sua própria lei, fonte da ordem, em que se processam os 
movimentos dos corpos, ou em que se articulam os seus elementos 
constitutivos essenciais. A ordem da natureza é permanente, constante 
e imutável.
Ou seja, para eles esse processo era ocasionado por forças superiores: 
imutáveis, estáveis e permanentes, sendo de maneira natural, a qual desconsiderava 
a vontade humana.
Este processo representou um avanço para a população, a qual vinha de 
um método feudal em que não se tinha direito a nada. Nesse período a terra era 
a única fonte de sobrevivência e riqueza.

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