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Produtos naturais bioativos
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(maltose e melobiose) e trissacarídeos (rafinose) também podem ser encontrados na composição do néctar, além de íons minerais, fosfatos, aminoácidos, pro- teínas, vitaminas, mucilagem, lipídios, ácidos orgânicos e alguns tipos de enzimas (sacarose transglicosidase, transfrutosidase-oxidade e tirosinase). A fonte do material a ser secretado é proveniente do floema e do xilema. Estudos autorradiográficos revelaram que as células nectaríferas são ca- pazes de reabsorver o néctar não coletado pelos visitantes. No decorrer da filogênese, outras partes do corpo da planta passaram a exibir nectários florais e os extraflorais (NEF). Nectários extraflorais são bastante diversos quanto à morfologia e à localização e são encontrados em representantes de 113 famílias de Angiospermas. Considerando Paiva e Machado (2006), os NEFs estão distribuídos por todo o limbo, estando mais concentrados nos terços basal e médio do limbo. Esses nectários estão embutidos no Miolo_Produtos_naturais_bioativos_(GRAFICA)-v3.indd 19Miolo_Produtos_naturais_bioativos_(GRAFICA)-v3.indd 19 18/11/2016 23:02:3318/11/2016 23:02:33 20 LOURDES CAMPANER DOS SANTOS • MAYSA FURLAN • MARCELO R. DE AMORIM (ORGS.) mesofilo, apresentam tecido secretor envolvido por uma endoderme e são vascularizados por xilema e floema. Leitão et al. (2002) relatam que os nectários iniciam precocemente seu desenvolvimento, com surgimento de uma concavidade voltada para a face adaxial. Posteriormente, células protodérmicas dão origem a tricomas nectaríferos clavados e, subjacente a eles, desenvolve-se um parênquima nectarífero vascularizado por floema e xilema, característica comum em nectários. As células da “cabeça” dos tricomas nectaríferos apresentam va- cúolos com compostos fenólicos, que possivelmente desempenham algum papel ecológico. Plastídios não ocorrem nos tricomas e são inconspícuos no parênquima nectarífero, o que possivelmente indica sua importância secundária na secreção do néctar. A epiderme nectarífera é constituída por células de formato retangu- lar ou em paliçada, sem tricomas ou com tricomas uni ou multicelulares. Abaixo da epiderme nectarífera, o parênquima especializado (nectarífero) é constituído por células pequenas, de paredes finas e protoplastos densos. As terminações vasculares liberam as seivas floemática e xilemática no parênquima nectarífero; a seiva floemática é translocada através do parên- quima nectarífero, célula a célula, via simplasto, e modificada de pré-nectar a néctar no protoplasto das células nectaríferas. O néctar pode ser liberado de diferentes maneiras: diretamente das célu- las nectaríferas para o exterior, através de estômatos modificados; por exo- citose, do protoplasto das células nectaríferas para o espaço periplasmático, atravessando a parede celular, acumulando-se temporariamente no espaço subcuticular e sendo liberado depois para o exterior; por microporos; ou por rompimento da cutícula (Castro; Machado, 2006). Além disso, Gershenzo e Engelbrth (2010) observam que os insetos enxergam na faixa extrema do ultravioleta e, por isso, percebem os padrões de deposição de flavonas e flavonoides encontrados nas flores. Eles visualizam esses aromáticos como listras, pontos ou círculos concêntricos, chamados de guias de nectários, que, acredita-se, auxiliam os polinizadores a localizar o néctar e o pólen. Hidropótios Quando se considera plantas aquáticas, a parede externa da epiderme mostra pouca ou escassa formação de cutícula. Toda sua superfície é capaz de absorver água, nutrientes e gases dissolvidos que rodeia a planta. As Miolo_Produtos_naturais_bioativos_(GRAFICA)-v3.indd 20Miolo_Produtos_naturais_bioativos_(GRAFICA)-v3.indd 20 18/11/2016 23:02:3318/11/2016 23:02:33 PRODUTOS NATURAIS BIOATIVOS 21 folhas de plantas submersas não apresentam estômatos; no caso de plantas flutuantes, os estômatos encontram-se na superfície adaxial. Os minerais são absorvidos por meio de certas estruturas na epiderme, como os hidro- pótios, pelos mucilaginosos e glândulas complexas. Em geral, o xilema, que normalmente transporta água desde as raízes, não é bem desenvolvido ou está ausente. Em algumas espécies, o floema encontra-se mais desenvolvi- do que o xilema. As raízes são reduzidas e sua função principal é a fixação e não a absorção de nutrientes e água. Os pêlos das raízes estão ausentes. Lara e Andreo (2006) fizeram essas observações em Egeria, uma Hydrocharita- ceae, e outros autores fazem referência à Nymphaceaea. Estruturas secretoras que sintetizam as substâncias secretadas Estruturas que secretam mucilagem e/ou goma Também chamadas de glândulas peroladas, essas estruturas são trico- mas secretores bicelulares, constituídos por uma célula basal e por uma célula apical grande, variando da forma semigloboide à espatulada, com cutícula espessa, de superfície ondulada e parede péctico-celulósica del- gada, relatam Silva e Machado (1999). Durante o processo de secreção, o material – mucilagem e/ou goma, que são polímeros complexos de po- lissacarídeos ácidos ou neutros de elevado peso molecular – acumula-se entre a parede e a cutícula da célula apical, levando à distensão da cutícula e à formação de um espaço conspícuo (esse processo ocorre em Piperaceae, Rubiaceae e outras). Com o acúmulo progressivo da secreção, a cutícula se rompe e libera a secreção mucilaginosa translúcida, que recobre a superfí- cie das estruturas foliares em desenvolvimento. Além disso, Martins et al. (2010) indicam autores que denominam essas estruturas como coléter (do grego kolla), referindo-se à secreção pegajosa produzida por essa estrutura. A secreção liberada pelo coléter pode ser composta apenas por mucilagem ou por uma mistura de substâncias lipofílicas e hidrofílicas. Os autores ve- rificaram que os coléteres calicinais possuem um núcleo central de células parenquimáticas, epiderme secretora em paliçada uniestratificada, cutícula delgada e são sésseis; o eixo parenquimático desses coléteres é destituído de vascularização, e os laticíferos observados são de pequeno calibre. A mucilagem foi detectada na secreção tanto dos coléteres foliares como dos calicinais. Miolo_Produtos_naturais_bioativos_(GRAFICA)-v3.indd 21Miolo_Produtos_naturais_bioativos_(GRAFICA)-v3.indd 21 18/11/2016 23:02:3318/11/2016 23:02:33 22 LOURDES CAMPANER DOS SANTOS • MAYSA FURLAN • MARCELO R. DE AMORIM (ORGS.) Glândulas digestivas de plantas insetívoras Guimarães et al. (2003) relatam que o mecanismo de atração das víti- mas se dá de duas maneiras: por meio de estímulos visuais e de estímulos olfativos. No primeiro caso, o padrão de coloração característico das armadilhas é resultado da combinação de diversos pigmentos, como flavonoides, naf- toquinonas e antocianinas, que, para os olhos humanos, mostram-se em tonalidades de púrpura e vermelho. Além disso, a superfície exposta de muitas armadilhas exibe padrões de absorção de raios ultravioleta, plena- mente percebidos pelos insetos. No segundo caso, o odor exalado pelas plantas, adocicados ou putrefa- tos, deve-se a substâncias voláteis detectáveis à longa distância pelos inse- tos. O odor de matéria orgânica em decomposição, especialmente eficaz para atrair moscas e escaravelhos, é verificado de modo mais conspícuo nas folhas maduras de Sarracenia e Nepenthes. O néctar exsudado pelas arma- dilhas orienta os insetos por trilhas estrategicamente dispostas (caminhos nectaríferos), conduzindo-os ao local mais favorável para aprisioná-los. As armadilhas apresentam caracteres morfológicos peculiares de cada espécie, mas, a princípio, consideram-se quatro tipos básicos: urnas ou ascídias (Brocchinia, Catopsis, Cephalotus, Darlingtonia, Heliamphora, Nepenthes e Sarracenia); tentáculos adesivos ou mucilaginosos (Drosera, Drosophyllum, Ibicella, Pinguicula e Triphyophyllum); folhas preênseis (Al- drovanda e Dionaea);