Grátis
482 pág.

Produtos naturais bioativos
Denunciar
Pré-visualização | Página 7 de 50
de substâncias de natureza esteroidal. O principal representante dessa classe, Miolo_Produtos_naturais_bioativos_(GRAFICA)-v3.indd 25Miolo_Produtos_naturais_bioativos_(GRAFICA)-v3.indd 25 18/11/2016 23:02:3318/11/2016 23:02:33 26 LOURDES CAMPANER DOS SANTOS • MAYSA FURLAN • MARCELO R. DE AMORIM (ORGS.) o colesterol, teve sua estrutura determinada e, logo depois, a cortisona foi sintetizada. A importância desse químico, considerado o mais expressivo do século XX, pode ser avaliada por meio das sínteses dos alcaloides quini- na (1945), estriquinina (1954) e reserpina (1958), como observam Pinto et al. (2002). Segundo Gershenzo e Engelbrth, (2010), há três pontos de origem e pro- dução de compostos secundários, diferenciados a partir de seus precursores: 1) ácido chiquímico, como precursor de inúmeros compostos aromáticos; 2) aminoácidos, fonte de alcaloides e peptídeos; 3) acetato, que, por meio de duas rotas biossintéticas, originam com- postos como poliacetilenos, terpenos, esteroides e outros. A concentração de princípios ativos na planta depende de diversos fato- res, como controle genético, estímulos proporcionados pelo meio (fatores climáticos, edáficos), exposições a micro-organismos, insetos e herbívoros, poluentes etc. Os estímulos proporcionados pelo meio são normalmente caracteriza- dos como situações de estresse (excesso ou deficiência de algum elemento de produção para a planta). Dentre os fatores climáticos, o fotoperíodo, a temperatura e o estresse hídrico podem determinar a época ideal de colheita de algumas espécies, momento em que se poderá obter maior quantidade do princípio ativo desejado (alcaloides, óleos essenciais, taninos, saponinas, glicosídeos, fla- vonoides etc.). Gershenzo e Engelbrth (2010) relatam que os terpenos, formados pela reunião de radicais acil, são comumente encontrados em tricomas glan- dulares, na forma de monoterpenos e sesquiterpenos, no cálice de Salvia sclarea. Essa mesma planta, também apresenta tricomas que secretam óleos essenciais. Segundo Simões e Spitzer (2003), dependendo da família, os óleos vo- láteis podem ocorrer em estruturas secretoras especializadas, como tri- comas glandulares (Lamiaceae), células parenquimáticas diferenciadas (Laureaceae, Piperaceae, Poaceae), canais oleíferos (Apiaceae) e em bolsas lisígenas ou esquizolisígenas (Pinaceae, Rutaceae). Os óleos voláteis podem estar presentes em certos órgãos, como nas flores, folhas, cascas, madeira, Miolo_Produtos_naturais_bioativos_(GRAFICA)-v3.indd 26Miolo_Produtos_naturais_bioativos_(GRAFICA)-v3.indd 26 18/11/2016 23:02:3318/11/2016 23:02:33 PRODUTOS NATURAIS BIOATIVOS 27 raízes, rizomas, frutos e sementes. Embora todos os órgãos de uma planta possam acumular óleos voláteis, sua composição pode variar segundo a localização. Óleos voláteis obtidos de diferentes órgãos de uma mesma planta podem apresentar composição química, caracteres físico-químicos e odores bastante distintos. Cabe lembrar que a composição química de um óleo volátil, extraído do mesmo órgão de uma mesma espécie vegetal, pode variar significativamente, de acordo com a época de coleta, estádio de desenvolvimento, condições climáticas e de solo. Gershenzo e Engelbrth (2010) observam que os óleos essenciais são ha- bitualmente misturas de terpenos e outros grupos bioquímicos. Inclusive os piretroides são ésteres monoterpênicos que ocorrem em Chrysanthemum e que se tornaram muito populares como inseticidas. Dessa forma, as estru- turas secretoras podem apresentar misturas de terpenos, constituindo óleos essenciais que conferem odor específico às folhagens. Exemplos de plantas com tais características são hortelã, limão (limonoides), manjericão, nim (azadirachtina), sálvia e muitas outras, cujos óleos essenciais encontrados nas folhas podem ser interpretados como aviso de repelência. Utilizando Hydrocotyle umbellata (erva-capitã), Martins et al. (2008) encontraram entre os metabólitos secundários descritos na literatura, tri- terpeno de esqueleto oleanano muito oxigenado, saponinas triterpenoidais, flavonoides, compostos poliacetilênicos e leucoceramidas. Der ivados olea- nanos e ursanos apresentam importância na descoberta de novos fármacos com atividade antitumoral, anti-inflamatória e antioxidante (Mesa-Vane- gas et al., 2011). Tendo em vista o relato da literatura especializada, percebe-se que as análises químicas da família Apiaceae, bem como a Araliaceae, à qual per- tence a erva-capitã, revelam alguns óleos essenciais (Dethier, 1941) na folha, como limoneno e linalol (Hadaruga et al., 2005), monoterpenos e cumarinas (Ribeiro; Kaplan, 2002; Razavi et al., 2008). Dentre as espécies produtoras de óleos essenciais com significativo volume de comercialização mundial, pode-se destacar a menta (Mentha pipperita), a citronela (Cymbopogon winterianus), o capim-limão (Cymbo- pogon flexuosos), o eucalipto (Eucalyptus), a rosa (Rosa damacena), o gerâ- nio (Pelargonium graveolens), a lavanda (Lavanda officinalis), a camomila (Chamomilla recutita), o sândalo (Santalum álbum), a manjerona (Origanum majorana) e sálvia (Salvia officinalis) (Girard, 2005). Miolo_Produtos_naturais_bioativos_(GRAFICA)-v3.indd 27Miolo_Produtos_naturais_bioativos_(GRAFICA)-v3.indd 27 18/11/2016 23:02:3318/11/2016 23:02:33 28 LOURDES CAMPANER DOS SANTOS • MAYSA FURLAN • MARCELO R. DE AMORIM (ORGS.) Considerando espécies brasileiras, como Spondias mombin L (cajá), Spondias purpurea L. (ciriguela) e Spondias sp (cajarana do sertão), encon- tram-se terpenos ß-cariofileno (cajá e ciriguela) e a-humuleno (ciriguela) com importante ação antimicrobiana. A espécie Spondias sp apresenta tam- bém fitol em sua constituição (Brito, 2010). Por meio de estudos de cromatografia em camada delgada e de cro- matografia em fase gasosa, Sossae (1995) verificou a presença de carofile- no, eugenol, limoneno, iso-eugenol, metil-eugenol, -pineno, -pineno, constituindo 67,3% dos componentes presentes no óleo essencial produzido de primórdios foliares e de folhas jovens e adultas de T. riparia. Os estudos apresentados por Werker et al. (1985), Werker et al. (1993) e Zelnik et al. (1978), em várias espécies da família Lamiaceae, também relatam pesqui- sas sobre essas espécies. Cavaleiro et al. (2002) estudaram a composição do óleo essencial de Teucrium salviastrum (Lamiaceae), usando principalmente GC e GC-MS. Os óleos isolados das folhas coletadas durante a floração e pós-floração exi- biram composição química similar. Entretanto, o óleo mostrou diferenças na composição quando comparado a outros óleos, que consistia principal- mente de E-beta-farnesene, E-caryophyllene e ermacrene. Bezic et al. (2001) estudaram os constituintes do óleo essencial de Satu- reja cuneifólia (Lamiaceae) por GC-MS, observando que o óleo essencial apresentou linalool, carvacrol e p-cymene como constituintes principais. Omolo et al. (2004) estudaram o óleo essencial de seis plantas do Quê- nia, quanto à atividade repelente ao Anopheles gambiae. O óleo de Conyza newii (Asteraceae) e Plectranthus marrubioides (Lamiaceae) foram os mais repelentes, seguidos por Lippia javanica (Verbenaceae), Lippia ukambensis (Verbenaceae), Tetradenia riparia, Iboza multiflora (Lamiaceae) e Tarcho- nanthus camphoratus (Asteraceae), sendo que oito constituintes dos dife- rentes óleos (perillyl alcohol, cis-verbenol, cis-carveol, geraniol, citronellal, perillaldehyde, caryophyllene oxide e um álcool sesquiterpeno) exibiram alta repelência. Van Puyelde e De Kimpe (1998) isolaram alpha-pyrone e tetradenolide de folhas de T. riparia e, com base nas análises espectroscópicas, identifica- ram o composto como 5,6- diidro-6-(1,2-diidroxi-hidroxi-hexil)-2-pirona. Trinta e cinco componentes do óleo essencial das folhas e caules de T. riparia, analisados por GC e GC/MS, foram identificados por Campbell Miolo_Produtos_naturais_bioativos_(GRAFICA)-v3.indd