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1 FACULDADE DE DIREITO DE CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM CURSO DE DIREITO THALIA REZENDE MACEDO TRABALHO DE PROCESSO PENAL CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM/ES 2019. 2 THALIA REZENDE MACEDO TRABALHO DE PROCESSO PENAL ATOS PROCESSUAIS NO PROCESSO PENAL Trabalho apresentado no curso de Direito na Faculdade de Direito de Cachoeiro de Itapemirim para a disciplina Direito Processual Penal II. Professora: Marcia Pruccoli Gazoni. CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM 2019 3 Sumário CAPITULO I – INTRODUÇÃO ................................................................................. 5 CAPITULO II – DA CITAÇÃO (CPP, 351/369) ......................................................... 6 1.1. CONCEITO .................................................................................................... 6 1.3. FALTA DE CITAÇÃO E CONSEQUENCIAS ................................................. 7 1.4. HIPOTESES DE CONHECIMENTO DA IMPUTAÇÃO ANTES DA CITAÇÃO. 7 1.5. EFEITOS DA CITAÇÃO VÁLIDA ................................................................... 7 1.6. CONSEQUENCIAS DO NÃO ATENDIMENTO DA CITAÇÃO ....................... 7 1.6.1. REVELIA (CPP, 366) .................................................................................. 8 1.6.2. SUSPENSÃO DO PROCESSO (CPP, 266) ............................................... 9 1.7. CITAÇÃO POR MANDADO ......................................................................... 10 1.7.1. REQUESITOS INSTÍNSECOS DA CITAÇÃO POR MANDADO .............. 11 1.7.2. REQUESITOS EXTRÍNSECOS DA CITAÇÃO POR MANDADO ............. 11 1.7.3. DIA E HORA DA CITAÇÃO ...................................................................... 12 1.8. CITAÇÃO POR CARTA PRECÁTORIA .................................................... 12 1.9. CITAÇÃO DO PRESO .............................................................................. 13 1.10. CITAÇÃO DO MILITAR ......................................................................... 14 1.11. CITAÇÃO DO FUNCIONARIO PÚBLICO .............................................. 14 1.12. RÉU ESTRANGERIO ............................................................................ 14 1.13. CITAÇÃO POR CARTA DE ORDEM ..................................................... 15 1.14. CITAÇÃO POR EDITAL ........................................................................ 15 1.14.1. PRESSUPOSTOS DA CITAÇÃO POR EDITAL ................................. 16 1.14.2. HIPOTESES LEGAIS DA CITAÇÃO POR EDITAL ............................ 16 1.14.3. PRAZO DA CITAÇÃO POR EDITAL .................................................. 16 1.14.4. FORMALIDADES EXTRÍNSECAS À CITAÇÃO POR EDITAL .......... 17 1.14.5. INOVAÇÕES TRAZIDAS PELA LEI 9.271/96 E PRINCIPAIS QUESTÕES TRAZIDAS POR ELA. .................................................................... 18 1.15. CITAÇÃO POR HORA CERTA (CPP, ART 362) ................................... 20 CAPITULO III – INTIMAÇÃO (CPP, ART. 370/372) ........................................... 20 1. DEFINIÇÃO .................................................................................................. 20 2. DISTINÇÃO ENTRE INTIMAÇÃO E CITAÇÃO ........................................... 20 3. REGRA GERAL ........................................................................................... 21 4. PUBLICAÇÃO .............................................................................................. 21 4 5. REGRAS ESPECIAIS .................................................................................. 21 CAPITULO IV – DA SENTENÇA (CPP, ART. 381/393) ..................................... 22 1. NATUREZA JURIDICA ................................................................................ 22 2. CLASSIFICAÇÃO DAS DESIÇÕES. ............................................................ 22 3. CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DAS SENTENÇAS EM SENTIDO ESTRITO ............................................................................................................ 22 4. REQUISITOS FORMAIS DA SENTENÇA ................................................... 23 5. SENTENÇA SUICIDA .................................................................................. 24 6. PRINCIPIO DA CORRELAÇÃO OU CONGRUÊNCIA ................................. 24 7. EMENDATIO LIBELLI .................................................................................. 24 8. MUTATIO LIBELLI ........................................................................................... 24 8.1. MUTATIO LIBELLI ANTES DAS MODIFICAÇÕES TRAZIDAS PELA LEI 11.719/2008. ....................................................................................................... 24 8.2. MUTATIO LIBELLI APÓS AS MODIFICAÇÕES TRAZIDAS PELA LEI 11.719/2008 ........................................................................................................ 25 9. SENTENÇA ABSOLUTÓRIA ....................................................................... 25 9.1. EFEITOS DA SENTENÇA ABSOLUTORIA .............................................. 25 9.2. PUBLICAÇÃO (CPP, 389) ........................................................................ 25 9.3. INALTERABILIDADE OU RETIFICAÇÃO DA SENTENÇA ...................... 26 9.4. INTIMAÇÃO DA SENTENÇA (CPP, 390 A 392) ....................................... 26 10. SENTENÇA CONDENATÓRIA E SEUS EFEITOS (CPP, 91 E 92 E 393) 26 11. EMBARGOS DECLARATÓRIOS (CPP, 382) .......................................... 27 11.1. REQUISITOS PARA A OPOSIÇÃO DOS EMBARGUINHOS. .............. 27 12. DA COISA JULGADA ............................................................................... 28 12.1. CONCEITO ............................................................................................ 28 12.2. NATUREZA JUÍDICA ............................................................................ 28 12.3. FUNDAMENTO ..................................................................................... 29 12.4. COISA JULGADA FORMAL .................................................................. 29 12.5. COISA JULGADA MATERIAL ............................................................... 30 CAPITULO V – CONCLUSÃO ............................................................................ 30 REFERENCIAS...................................................................................................... 32 5 CAPITULO I – INTRODUÇÃO O presente trabalho refere-se, inicialmente, a apresentar as várias formas de citação no processo penal brasileiro, normatizadas entre os artigos 351 e 369, do Código de Processo Penal e, sucintamente, abordar as consequências da contumácia do réu citado por edital com a redação dada ao artigo 366, do CPP, após a vigência da Lei nº 9.271 de 1996. Salientar-se sobre as intimações previstas nos artigos 370 e 372 do código penal, em seguida abordar sobre a sentença, sentença absolutória e da sentença delatória e seus efeitos, regulamentados nos artigos 381 e 393 do código de processo penal. Tem por finalidade também trazer sobre os atos processuais em relação às intimações previstas nos artigos 370 e 372 do Código de Processo Penal, aborda-se sobre as sentenças regulamentadas nos artigos 381 a 393 do Código de Processo Penal, e sobre os embargos declaratórios previsto no artigo 382 do Código de Processo Penal e tem por finalidade dizer sobre a coisa julgada. O ato processual “é, portanto, toda conduta dos sujeitos do processoque tenha por efeito a criação, modificação ou extinção de situações jurídicas processuais”. Como exemplo de atos processuais, tem-se o oferecimento de uma denúncia ou de uma petição inicial, de um interrogatório, uma sentença, etc. São fatos processuais stricto sensu o decurso do prazo, a morte da parte ou do procurador, a transferência, promoção ou aposentadoria do juiz, os acontecimentos que caracterizam força maior (CINTRA et al, 2009). “Os atos processuais são voluntários, mas apenas no sentido de que sua realização depende da vontade – e não do conteúdo acrescido por um ato de vontade; o sujeito limita-se a escolher entre praticar ou não o ato, não lhe deixando a lei margem de liberdade para a escolha dos efeitos deste” (CINTRA et al, 2009, p. 358). Em linhas gerais, pode-se dizer que os atos processuais são aqueles atos praticados pelos sujeitos do processo que, de uma forma ou de outra, dão andamento ao processo, ou seja, auxiliam para a consecução de uma prestação jurisdicional eficiente. 6 CAPITULO II – DA CITAÇÃO (CPP, 351/369) 1.1. CONCEITO É quando o réu é chamado em juízo dando-lhe ciência do ajuizamento da ação, imputando-lhe a prática de uma infração penal, bem como lhe oferecendo a oportunidade de se defender pessoalmente e através de defesa técnica. - ciência e oportunidade. Segundo o artigo 351 do Código de Processo Penal ‘’ A citação inicial far-se-á por mandado, quando o réu estiver no território sujeito à jurisdição do juiz que a houver ordenado. ’’ Ou seja, a citação é o ato pelo qual se dá ciência ao acusado da ação penal promovida contra ele. É por intermédio deste ato processual que o réu é chamado para defender-se, configurando-se, dessa forma, uma garantia para o exercício da Ampla Defesa e do Contraditório (art. 5º, incisos LIV e LV, da Constituição Federal Brasileira). Neste sentido, a citação é uma garantia individual, cuja ausência acarreta em nulidade insanável. A citação instaura a relação processual, impondo, a partir de então, deveres processuais ao acusado. Neste sentido, Ada Pellegrini Grinover, Antônio Scarance Fernandes e Antônio Magalhães Gomes Filho lecionam: É exigência fundamental ao exercício do contraditório o conhecimento, pelos interessados, de todos os dados do processo, pois sem a completa e adequada informação a respeito dos diversos atos praticados, das provas produzidas, dos argumentos apresentados pelo adversário, a participação seria ilusória e desprovida de aptidão para influenciar o convencimento do juiz. A efetividade dos diversos atos de comunicação processual representa condição indispensável ao pleno exercício dos direitos e faculdades conferidos às partes; sua falta ou imperfeição implica sempre prejuízo ao contraditório, comprometendo toda a atividade subsequente. O doutrinador Fernando da Costa Tourinho Filho: Citação é o ato processual pelo qual se leva ao conhecimento do réu a notícia de que contra ele foi recebida denúncia ou queixa, para que possa defender-se. É ato que comunica a existência da ação penal, bem como chama, por primeira vez, o acusado a comparecer em juízo em dia e hora designados (art. 396 do CPP). A citação regular torna completa a relação processual e atribui ao acusado o ônus de comparecer aos atos processuais para os quais for intimado e também 7 de comunicar ao juízo qualquer mudança de residência, sob pena de prosseguir o processo sem a sua presença (art. 367 do CPP). 1.2. QUEM DETRMINA A CITAÇÃO Quem determina que se proceda à citação é o magistrado, sendo o ato, vista de regra, cumprida pelo Oficial de Justiça. No tocante nas infrações do Juizado Especial, a citação pode ser feita de viva voz, na secretária, por qualquer um dos funcionários com atribuições para tanto, de acordo com a lei n 9.099/95. 1.3. FALTA DE CITAÇÃO E CONSEQUENCIAS A citação do acusado é indispensável, mesmo que ele saiba do processo, e a sua falta é a causa de nulidade absoluta do processo, pois afronta os princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa. 1.4. HIPOTESES DE CONHECIMENTO DA IMPUTAÇÃO ANTES DA CITAÇÃO. Existem casos em que o acusado toma conhecimento antes da propositura da ação. É o que acontece, por exemplo, na lei de drogas, entre outros. Verifica-se que, mesmo assim, o acusado deve ser citado sob pena de nulidade. 1.5. EFEITOS DA CITAÇÃO VÁLIDA No processo penal, o único efeito da citação válida é o de completar a relação jurídica processual. Com ela se instaura o processo e passam a vigorar todos os direitos, deveres, ônus e princípios que regem o processo penal. A citação válida no processo penal não torna prevento o juízo, não interrompe a prescrição e não induz à litispendência. 1.6. CONSEQUENCIAS DO NÃO ATENDIMENTO DA CITAÇÃO O réu regularmente citado, pessoalmente ou por edital, mas com defensor constituído que não comparece, permanecendo inerte ao chamado, pratica a “contumácia”, ausência injustificada. O efeito da contumácia é a revelia. O processo prosseguirá sem a presença do acusado que, citado ou intimado, deixou de comparecer ou, no caso de mudança de endereço, não comunicou o novo endereço ao juízo (art. 367 do CPP). 8 Em virtude do princípio da verdade real, sobre ele não recairá a presunção de veracidade quanto aos fatos que lhe forem imputados. O réu poderá retornar ao processo a qualquer momento, independente da fase em que esteja. 1.6.1. REVELIA (CPP, 366) Art. 366 A decisão que impronunciar ou absolver o réu fará cessar a aplicação provisória da interdição anteriormente determinada. A revelia pode ser decretada durante o processo. O processo seguirá sem a presença do acusado que, citado ou intimado pessoalmente para qualquer ato, deixar de comparecer sem motivo justificado, ou, no caso de mudança de residência, não comunicar o novo endereço ao Juízo É caso de decretação de revelia a do apenado com sanção privativa de liberdade a quem é concedida à possibilidade de apelar em liberdade, caso mude de residência sem prévia comunicação ao juízo depois de materializado o apelo, não cabendo no caso à deserção, prevista no art. 595. O prosseguimento do processo à revelia do acusado é uma penalidade processual imposta ao réu que descumpre suas obrigações para com o processo. Também ocorre a revelia quando o réu, devidamente intimado, não comparece a ato processual a que deveria estar presente sem formular uma justificativa plausível. A revelia, no processo penal, não implica confissão ficta, podendo, contudo, influir contra os interesses do réu, na hora do julgamento da causa. A única hipótese em que o réu não pode ser julgado à revelia, no processo penal, é o daquele que deve ser submetido a julgamento pelo Tribunal do Júri por crime inafiançável (art. 451, §1). Evidentemente, a revelia não causa outros efeitos senão os que os que a lei prevê, não impedindo o direito de defesa, como deixam claros os arts. 261/396 § único nem a constituição de defensor. Em principio também não pode impedir, por si, a concessão de suspensão condicional da pena e que lhe seja facultado apelar em liberdade contra a sentença condenatória. A revelia não impede a presença física do réu revel aos atos de instrução se ele comparecer mesmo não tendo sido notificado. Apesar de revel, o réu será sempre intimado da sentença, na forma especial prevista para a espécie. 9 1.6.2. SUSPENSÃO DO PROCESSO (CPP, 366). ART. 366: Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juizdeterminar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312. O artigo 366, do Código de Processo Penal, estabelece que deva haver suspensão do processo e do curso do prazo prescricional nos casos em que o acusado é citado por edital e não comparece espontaneamente, bem como não constitui advogado. Entretanto, a legislação é omissa ao não estabelecer l imites à suspensão do processo e especialmente à suspensão da prescrição. Prevê a lei a possibilidade de decretação da revelia do réu que não comparecer a ato do processo a que deva estar presente quando para tal foi citado, notificado ou intimado regularmente. A contumácia (ausência injustificada a ato do processo) acarreta a decretação da revelia, diante do qual o processo se desenvolve sem que seja ele mais intimado ou notificado quanto aos atos do processo. O acusado que for citado por edital e não comparecer para o interrogatório nem constituir advogado nos autos, o processo ficará suspenso. Considerando que é raríssimo o caso de o réu tomar conhecimento da imputação em caso de citação por edital, preferiu-se a orientação doutrinaria de que não lhe restaria assegurado o direito à ampla defesa com o prosseguimento do processo e da decretação da revelia. Procurou-se, assim, dar inteiro cumprimento ao princípio nemo inauditus damnari potest (ninguém pode ser julgado sem ser ouvido), evitando-se o perigoso expediente da decretação da revelia em caso de não comparecimento do réu para responder ao processo com a simples presunção de que tomou conhecimento da imputação. Comparecendo o réu em juízo para ser interrogado ou fazendo constituir advogado nos autos para defendê-lo, torna-se evidente que o tomou conhecimento da imputação no processo, que deve prosseguir normalmente. Na segunda hipótese, de constituir o réu advogado, será decretada a revelia, prosseguindo-se o processo sem a presença do acusado, após a intimação pessoal, se deixar ele de comparecer, sem motivo justificado a qualquer ato do processo. Também se prosseguira no tramite processual se, após a data para o interrogatório não realizado 10 pela ausência do acusado citado por edital, comparecer ele a juízo para defender- se, demonstrando assim ter conhecimento do processo. A suspensão condicional do processo refere-se apenas ao processo penal comum, não ao militar, que tem regras especiais no CPPM. Depende ela, também, de pronunciamento judicial, mesmo porque é a data deste o termo inicial do prazo de suspensão da prescrição. Do mesmo modo, é necessário o pronunciamento do magistrado quando cessa a suspensão pelo comparecimento do acusado ou a constituição de seu defensor nos autos. No caso de concurso de agentes, em que se suspende o processo para um dos corréus, prosseguindo-se quanto a outro, proferida a favor desta sentença absolutória com fundamento na prova de inexistência do fato ou por não constituir o fato infração penal (art. 386, I e III), a decisão deve ser estendida ao ausente, por analogia com o art. 580 do CPP, desde que a citação transite em julgado. Da decisão que determina a suspensão do processo e do prazo prescricional, cabe recurso em sentido estrito, com fundamento, por interpretação extensiva e aplicação analógica, no art. 581, XVI, do CPP, que ordena a suspensão do processo por questão prejudicial. 1.7. CITAÇÃO POR MANDADO Mandando é a determinação escrita, corporificada em um instrumento e emitida pela autoridade competente para o cumprimento da ordem que foi dada para ser cumprida. Será citado por mandado, cumprido por oficial de justiça, o réu que residir na comarca do juízo processante, A citação por mandado esta prevista no artigo 351 do Código de Processo Penal. Art. 351. A citação inicial far-se-á por mandado, quando o réu estiver no território sujeito à jurisdição do juiz que a houver ordenado. E se, o réu for militar, far-se-á a citação conforme o art. 358, do CPP, por intermédio do chefe de serviço. Outros detalhes serão analisados mais à frente. Art. 358. A citação do militar far-se-á por intermédio do chefe do respectivo serviço. O mandado deve ser cumprido de acordo com as formalidades legais para que alcance o seu máximo e importante objetivo, dar conhecimento ao réu da propositura de uma ação contra a sua pessoa. Na atualidade é a citação mais 11 utilizada, pois se destina à citação do réu em local certo e sabido, dentro do território do juízo processante. 1.7.1. REQUESITOS INSTÍNSECOS DA CITAÇÃO POR MANDADO Art. 352. O mandado de citação indicará: I – o nome do juiz; II – o nome do querelante nas ações iniciadas por queixa; III – o nome do réu, ou, se for desconhecido, os seus sinais característicos; IV – a residência do réu se for conhecida; V – o fim para que é feita a citação; VI – o juízo e o lugar, o dia e a hora em que o réu deverá comparecer; VII – a subscrição do escrivão e a rubrica do juiz. Refere-se às formalidades trazidas pelo Código de Processo Penal, que fazem parte do instrumento do mandado e os requisitos intrínsecos ao mandado são eles: I. O nome do juiz, II. O nome do querelante nas ações iniciadas por queixa, III. O nome do réu, ou, se for desconhecido, os seus sinais característicos, IV. A residência do réu se for conhecida, V. O fim para que é feita a citação, VI. O juízo e o lugar, o dia e a hora em que o réu deverá comparecer e VII. A subscrição do escrivão e a rubrica do juiz. 1.7.2. REQUESITOS EXTRÍNSECOS DA CITAÇÃO POR MANDADO Art. 357. São requisitos da citação por mandado: I – leitura do mandado ao citando pelo oficial e entrega da contrafé, na qual se mencionarão dia e hora da citação; II – declaração do oficial, na certidão, da entrega da contrafé, e sua aceitação ou recusa. São as formalidades externas ao mandado, que devem ser realizadas no ato de citação e os requisitos de execução (ou extrínsecos), do mandado, esta prevista no art. 357 do Código de Processo Penal. I. A leitura do mandado ao citando pelo oficial e entrega da contrafé, na qual se mencionarão dia e hora da citação, e II. Declaração do oficial, na certidão, da entrega da contrafé, e sua aceitação ou recusa. 12 1.7.3. DIA E HORA DA CITAÇÃO A citação pode ser realizada a qualquer tempo, dia e hora, inclusive nos feriados e domingos, durante a noite ou durante o dia. Caso o Oficial de Justiça não encontre o citado no endereço constante no mandado, mas se tiver informação quando ao seu paradeiro, devera procura-lo nos limites territoriais da circunstancias do juízo que ocorre o processo. Há algumas exceções para não realizar a citação, são essas as exceções: A. Doentes enquanto grave o seu estado; B. Dos noivos; C. Nos três primeiros dias de bordas D. A quem estiver assistindo ao ato de culto religioso; E. Ao cônjuge ou a outro parente do morto; F. Consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral em segundo grau, no dia do falecimento e nos sete dias seguidos. 1.8. CITAÇÃO POR CARTA PRECÁTORIA Ocorre na hipótese do réu não se encontrar na comarca do juízo. A carta respeitará os requisitos do artigo 354 do CPP e, chegando ao juízo deprecado, este fará o "cumpra-se" para que o seu escrivão expeça o mandado e o oficial da comarca realize a citação. Observando o oficial que o réu se oculta para não receber a citação, a carta será devolvida ao deprecante para que se determine a citação edital, conforme o art. 362 do CPP. De logo, cabe aqui um comentário: os requisitos intrínsecos do mandado estão dispostos, no capítulo I, do título X, do CPP,antes mesmos da carta precatória e dos requisitos de execução do mandado, por se tratarem de requisitos genéricos à citação. Ou seja, os requisitos do art. 352, daquele código, também devem ser obedecidos em requisições e ofícios. Quanto aos requisitos da precatória, especificamente, estes estão dispostos no art. 354, do CPP. São eles: 1. O juiz deprecante e o juiz deprecado, 2. A sede da jurisdição de um e de outro, 3. O fim para que é feita a citação com todas as especificações, 4. O juízo do lugar, o dia e a hora em que o réu deverá comparecer. Tratando-se do cumprimento da precatória, verificando o oficial do juízo deprecado que o réu reside em outra comarca, havendo tempo hábil, entre a citação e a data da ordem expressa no mandado, o juízo deprecado pode enviar à carta a outra 13 comarca, é a técnica do § 1º, do art. 355, do CPP, conhecida como "precatória itinerante". Em regra o mandado é expedido pelo escrivão do juízo deprecado para ser cumprido por oficial lotado naquela comarca. No entanto, em caso de urgência, a carta pode ser expedida por telegrama ou por telefone, naquela hipótese, desde que haja firma reconhecida do juiz deprecante. A regra quanto ao uso de telefone é baseada no comando do art. 207, do CPC. Este dispositivo admite a citação por telefone, em casos de urgência, respeitando-se os requisitos ali contidos, segundo a regra de aplicação analógica das leis no processo penal, art. 3º, do CPP. Uma questão trazida por Fernando da Costa Tourinho Filho, em seu "Processo Penal", é quanto à possibilidade do réu ser interrogado no juízo deprecado, e em quais circunstâncias. Parte da doutrina, a qual o referido autor se filia, sob o argumento de que o juiz que interroga, em vários casos, não é o que julga; e o que julga, geralmente, não é o que executa, e, ainda, defendendo inexistir, no processo penal, o princípio da identidade física do juiz, admite que o juiz deprecado possa interrogar o réu, desde que esteja em posse de cópias das peças instrutórias do processo, inquérito e documentos. Deve-se atentar ao fato de que é sempre recomendável ao juiz verificar, no interrogado, a sua fisionomia, seus aspectos visuais e psicológicos, condutas e comportamentos nos momentos do interrogatório. Porém, nos dias atuais, é corriqueira a alternância de juízes criminais nas titularidades das Varas. Assim, segundo TOURINHO, ressente-se de argumentos sérios a impossibilidade do juiz deprecado fazer o interrogatório. 1.9. CITAÇÃO DO PRESO A citação é feita pessoalmente ao preso, por mandado. É a nova redação dada pela lei nº 10.792-2003, ao art. 360, do CPP. Porém, o oficial também leva requisição ao diretor do presídio para que o acusado compareça em juízo no dia e hora marcados. Objetiva-se dar margem para o diretor poder organizar as visitas dos acusados ao Fórum. Se preso em outra comarca, o juízo deprecado encaminhará mandado e requisição ao réu e ao diretor do presídio naquela comarca, respectivamente, procedendo-se, então, com a regra do art. 360, do CPP. Art. 360. Se o réu estiver preso, será pessoalmente citado. 14 1.10. CITAÇÃO DO MILITAR É prevista no artigo 358, do Código de Processo Penal, e essa modalidade de citação, é apenas quando o militar está na ativa. Será dada a citação por meio de requisição ao chefe do serviço em que atua o militar. Art. 358. A citação do militar far-se-á por intermédio do chefe do respectivo serviço. Em relação ao serviço prestado deve ser na comarca do juízo. A requisição é feita por expediente de ofício. Assim, recebido o ofício, a autoridade militar certificará o juízo e encaminhará a citação ao subordinado. Se este residir ou estiver prestando serviço temporariamente fora da comarca, caberá ao juiz expedir carta precatória para que o juízo deprecado oficie a autoridade militar daquela comarca para a realização da citação. 1.11. CITAÇÃO DO FUNCIONARIO PÚBLICO A citação de funcionário público tem apenas uma peculiaridade. Será feita mediante mandado, cumprido por oficial de justiça, que também encaminhará notificação ao chefe da repartição do funcionário comunicando a citação e a obrigação do comparecimento daquele em juízo. A notificação tem o fim de preservar o bom andamento do serviço público, sem interrupções, dando possibilidade para o chefe de a repartição tomar as medidas cabíveis quanto à ausência de um serventuário, cumprindo com o princípio administrativo da continuidade do serviço público. É prevista no artigo 359, do CPP. Se o funcionário trabalha em outra comarca, caberá ao juízo deprecado expedir o mandado e a notificação cumpridos por oficial de justiça de sua jurisdição. Art. 359. O dia designado para funcionário público comparecer em juízo, como acusado, será notificado assim a ele como ao chefe de sua repartição. 1.12. RÉU ESTRANGERIO Art. 368. Estando o acusado no estrangeiro, em lugar sabido, será citado mediante carta rogatória, suspendendo-se o curso do prazo de prescrição até o seu cumprimento. Se conhecido o lugar onde o acusado esteja, far-se-á a citação mediante carta rogatória, independentemente da infração penal, afiançável ou não. Cabe ressalvar a suspensão do prazo prescricional enquanto a rogatória não voltar devidamente cumprida. Ocorre apenas na hipótese de estar o réu em local certo (cidade) e sabido 15 (bairro, rua, número) fora do país, pois, caso se encontre em local incerto, a citação é por edital. Ocorre quando deve ser cumprida a citação em embaixada ou consulado estrangeiro. O procedimento a ser adotado pelo juiz é o seguinte: envia-se, acompanhando a citação na carta rogatória, um ofício dirigido ao Ministro da Justiça, este por sua vez dará ciência da citação ao Ministro das Relações Exteriores. A este caberá tomar as vias diplomáticas para que se providencie junto às legações a citação do acusado. Trata-se de pessoas que trabalham ou residem, mas que não têm nenhuma imunidade material ou formal, nas embaixadas e consulados. Estes locais são considerados território estrangeiro 1.13. CITAÇÃO POR CARTA DE ORDEM A carta de ordem é a determinação de um órgão de grau superior mandando que um órgão jurisdicional inferior jurisdicionalmente àquele cumpra com a citação em seu âmbito de competência. Em casos de competência por foro especial, em razão do cargo que exerce o réu, se ele for processado, por exemplo, por um Tribunal Superior em Brasília, mas reside em Recife, o STJ ordenará que o Tribunal de Justiça de Pernambuco cumpra a determinação. Em regra, são ordens expedidas pelo STF, STJ, TSE, TRE’s, TRF’s ou Tribunais de Justiça estaduais, pelos processos que têm competência originária. 1.14. CITAÇÃO POR EDITAL Art. 363. O processo terá completado a sua formação quando realizada a citação do acusado. I – (Revogado); II – (Revogado). § 1o Não sendo encontrado o acusado, será procedida a citação por edital. § 2o (Vetado) § 3o (Vetado) § 4o Comparecendo o acusado citado por edital, em qualquer tempo, o processo observará o disposto nos arts. 394 e seguintes deste Código. A citação por edital, modalidade de citação ficta prevista no Código de Processo Penal, é, e continua sendo, objeto de críticas pela doutrina, pois o réu, dificilmente toma conhecimento da ação penal intentada contra ele, através de publicação na imprensa ou de edital fixado à porta do Fórum. Neste sentido, para evitar que o 16 acusado seja julgado e condenado à revelia, temos a previsão do art. 366 do CPP, corretamente mantida pela reforma, que prevê a suspensão do processo e do curso do prazo prescricional, quando da citação realizadapor edital. 1.14.1. PRESSUPOSTOS DA CITAÇÃO POR EDITAL Trata-se de medida excepcional, que só pode ser adotada depois de esgotados todos os meios de localização. 1.14.2. HIPOTESES LEGAIS DA CITAÇÃO POR EDITAL A citação por edital era prevista em três situações: A. Quando o réu não pudesse ser encontrado ou se ocultasse; B. Quando o réu estivesse em local inacessível; C. Quando o réu era incerto quanto à sua identificação (arts. 362 e 363 do CPP). Art. 362. Verificando que o réu se oculta para não ser citado, o oficial de justiça certificará a ocorrência e procederá à citação com hora certa, na forma estabelecida nos arts. 227 a 229 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil. Parágrafo único. Completada a citação com hora certa, se o acusado não comparecer, ser-lhe-á nomeado defensor dativo. Art. 363. O processo terá completado a sua formação quando realizada a citação do acusado. I – (Revogado); II – (Revogado). § 1o Não sendo encontrado o acusado, será procedida a citação por edital. § 2o (Vetado) § 3o (Vetado) § 4o Comparecendo o acusado citado por edital, em qualquer tempo, o processo observará o disposto nos arts. 394 e seguintes deste Código. 1.14.3. PRAZO DA CITAÇÃO POR EDITAL O prazo para a citação por edital tem previsão no código de processo penal em seu artigo 361. Art. 361. Se o réu não for encontrado, será citado por edital, com o prazo de 15 (quinze) dias. O prazo do edital no caso de não ter sido localizado o citando é de 15 dias. A citação por edital só se completa com a fruição do prazo de 15 dias a contar da publicação. 17 E sob pena de nulidade, se o acusado comparece ou é preso após a citação, mas antes do termino do prazo da convocação, deve ser providenciada a citação por mandado. O prazo é processual, segundo o qual não se computa o dia do começo, incluindo-se, porém, o do vencimento. A citação edital tem também cabimento quando haja fundadas suspeitas de que o acusado esteja se ocultando à citação pessoal. O prazo é de 5 dias. A citação ainda será feita por edital quando inacessível, em virtude de epidemia, de guerra ou por outro motivo de força maior, o lugar em que estiver o réu. A outras hipóteses de citação por edital que são: o perigo para o oficial ser atacado; a recusa pelo juiz estrangeiro quando o acusado se encontra em outro território (força maior). O edital é o meio utilizado para citação quando incerta a pessoa que tiver de ser citada. O que se quer dizer é que não há certeza quanto a sua real identidade. Quando não se conhece a identidade por inteiro ou a qualificação do acusado, o edital deve ser publicado com os esclarecimentos pelos quais possa ser ele identificado. O prazo será de 30 dias. A citação por edital é realizada quando não é possível localizar o citando a fim de se integrar à relação processual. Foi ela instituída para impedir que, pela ação do autor da infração de mudar de residência ou ocultar-se ao meirinho encarregado da citação, ficasse impedida a ação repressiva do Estado. Haveria então uma presunção de que o acusado passasse a ter conhecimento do processo com a publicação do edital. Entretanto, por força do art. 366 do CPP, desfez-se essa presunção, impedindo-se o desenvolvimento do processo se o citado por edital não comparecer ao seu interrogatório nem constituir advogado para defendê-lo. 1.14.4. FORMALIDADES EXTRÍNSECAS À CITAÇÃO POR EDITAL Art. 365. O edital de citação indicará: I – o nome do juiz que a determinar; II – o nome do réu, ou, se não for conhecido, os seus sinais característicos, bem como sua residência e profissão, se constarem do processo; III – o fim para que é feita a citação; IV – o juízo e o dia, a hora e o lugar em que o réu deverá comparecer; V – o prazo, que será contado do dia da publicação do edital na imprensa, se houver, ou da sua afixação. Parágrafo único. O edital será afixado à porta do edifício onde funcionar o juízo e será publicado pela imprensa, onde houver, devendo a afixação ser certificada pelo oficial que a tiver feito e a publicação provada por exemplar do jornal ou certidão do escrivão, da qual conste a página do jornal com a data da publicação. 18 Os requisitos em relação às formalidades extrínsecas à citação por edital estão previstas no artigo 365 do Código de Processo Penal, o edital será afixado no local usual do Fórum, onde se expõem os editais de citação. Caso na comarca exista jornal de grande circulação ou jornal oficial, o escrivão fará ser publicada uma via. Se não existir ou não houver verba destinada para tanto, a fixação do edital no átrio do Fórum já é o bastante. A jurisprudência vem admitindo a necessidade de publicação de edital em jornal apenas quando ele exista na comarca e, se existir, quando o Poder Judiciário mantiver verba destinada a esse fim. Evidentemente, o serventuário deverá certificar tudo nos autos: a fixação do edital no átrio do Fórum e a publicação no jornal, caso haja. 1.14.5. INOVAÇÕES TRAZIDAS PELA LEI 9.271/96 E PRINCIPAIS QUESTÕES TRAZIDAS POR ELA. O Código de Processo Penal não pune severamente o réu revel, prejudicando assim o direito de defesa. É que ele estabeleceu regra segundo a qual, mesmo sendo revel, o acusado nunca será condenado sem antes ser ouvido. Com a regra do art. 366, do estatuto referido, alterado pela Lei nº 9.271-96, assim como na prescrição, o processo estará suspenso enquanto não encontrado o agente do crime. Todavia, este dispositivo não é isento de crítica, uma vez que, por exemplo, pode-se acontecer a reabertura de um processo por crime ínfimo, após passados dezenas de anos, sem que este crime surta mais alarde e repulsa social, tenha caído no esquecimento e ainda podendo ocorrer o perecimento das provas. Um ponto específico deve ser frisado. Na hipótese do réu estar afiançado, e este ser declarado revel, as consequências podem ser ainda mais severas. Nessa hipótese, como prevê os artigos. 327 328 e 343 todos do CPP, a fiança será dada como quebrada e o réu obrigado a recolher-se à prisão. Com a reforma trazida pela Lei 11.719/08, a citação por edital passou a ter uma única hipótese: quando o réu não for encontrado. O art. 363 ganhou nova redação, eliminando o leque de possibilidades de realização da citação por edital. No tocante à citação por edital, portanto, a reforma não trouxe muitas novidades. Quando o acusado não for encontrado o processo ficará suspenso e o prazo para a defesa apresentar resposta começará a fluir a partir do comparecimento pessoal do acusado ou do defensor constituído. 19 A revogação dos incisos do art. 363, que apontavam as outras duas hipóteses de citação por edital já recebeu críticas, sobretudo em relação ao inciso I. Neste sentido, Luiz Flávio Gomes, Rogério Sanches Cunha e Ronaldo Batista Pinto. Estranha para dizer o mínimo, a revogação dos incisos acima. O inciso I determinava a citação do réu por edital quando inacessível o local em que sele se encontrava, em virtude de epidemia, guerra ou outro motivo. O inciso II, de sua parte, impunha o mesmo chamamento quando incerta a pessoa que tiver de ser citada. (...) talvez preocupado em inibir pretensões temerárias e atendendo-se, ainda, ao fato de que, na prática, não se tem notícia dessa espécie de denúncia, foi o inciso II revogado. Já a revogação do inciso I encerra evidente equívoco, a ser reparado. Explicamos: o texto original, aprovado no Congresso e levado à sanção presidencial, previa em seu art. 366m que a 'citação ainda será feita por edital quando inacessível, por motivo de força maior, o lugar em que estivero réu', praticamente repetindo, desse modo, a redação anterior. Ocorre que o art. 366, tal qual constava do projeto, acabou sendo vetado, sob o inusitado argumento de que 'a nova redação do art. 366 não inovaria substancialmente no ordenamento jurídico pátrio, pois a proposta de citação por edital, quando inacessível, por motivo de força maior, o lugar em que estiver o réu, reproduz o procedimento já previsto no CPC e já extensamente aplicado por analogia, no Processo Penal pelas cortes nacionais. O que pode fazer alguma resistência doutrinária é o cálculo da suspensão sob o mínimo ou o máximo virtualmente cominado. Pensamos, com base nos preceitos constitucionais da ampla defesa e do contraditório, que a solução mais consentânea com a política criminal é a da aplicação do máximo da pena prevista abstratamente. Desse modo conclui Adilson de Oliveira Nascimento: Embora não se disponha o lapso de suspensão do prazo prescricional, tal omissão pode ser suprida pela interpretação teleológica, razão pela qual não se vislumbra inconstitucionalidade. É vedado ao legislador infraconstitucional estabelecer novos crimes imprescritíveis. A única disposição que se apresenta aplicável, pois, é a do art. 109 do Código Penal vigente, observando-se a pena abstrata para o delito a ser calculada tendo em vista a sanção máxima, como estabelece o citado artigo, por possibilitar um prazo maior para a satisfação do contraditório. 20 1.15. CITAÇÃO POR HORA CERTA (CPP, ART 362). Art. 362. Verificando que o réu se oculta para não ser citado, o oficial de justiça certificará a ocorrência e procederá à citação com hora certa, na forma estabelecida nos arts. 227 a 229 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil. Parágrafo único. Completada a citação com hora certa, se o acusado não comparecer, ser-lhe-á nomeado defensor dativo. A citação por hora certa é cercada de cuidados, entre os quais a certidão pormenorizada elaborada pelo oficial de justiça e o aval pelo juiz. Caso não existam elementos concretos de ocultação, o juiz pode determinar a suspensão do processo, preservando a autodefesa. Entretanto, nos casos em que constatada a intenção de interromper o processo, o magistrado dispõe de instrumentos para dar prosseguimento à ação penal. CAPITULO III – INTIMAÇÃO (CPP, ART. 370/372) 1. DEFINIÇÃO Intimação é a ciência dada à parte, no processo, da prática de um ato, despacho ou sentença. Refere-se a um ato já passado, já praticado. 2. DISTINÇÃO ENTRE INTIMAÇÃO E CITAÇÃO A citação é o chamado de réu juízo, dando-lhe ciência do ajuizamento da ação, imputando-lhe a prática de uma infração penal, bem como lhe oferecendo a oportunidade de se defender pessoalmente e através de defesa técnica. – ciência e oportunidade. Já a intimação é o ato pelo qual é dada ciência dos atos e termos do processo a alguém, para que ele possa agir. Em síntese, quando alguém é citado, ele é comunicado que existe uma ação que o envolve, de modo que é lhe dado prazo para prestar esclarecimentos sobre o caso. Entretanto, quando alguém é intimado, ele já está ciente da existência do processo, sendo apenas informado sobre determinado acontecimento no mesmo processo, podendo então ele se manifestar, se for fundamental para fornecer uma informação, recorrer da decisão proferida, ou simplesmente declarar-se ciente do ocorrido. 21 3. REGRA GERAL Na ausência de órgão incumbido de publicações judiciais a intimação desses procuradores será efetuada na forma dos §§2 e 3 do art. 379. Podem ser eles intimados diretamente pelo escrivão. Como se trata, no caso de intimação pessoal, pode também o escrivão intimar o acusado, o MP, o defensor público ou equivalente, as testemunhas, os peritos etc. A intimação também pode ser feita por mandado e por via postal com comprovante do recebimento (carta ou telegrama). Assim, o defensor constituído, o advogado do querelante e do assistente pode ser cientificado por carta que deve ser entregue pessoalmente, colhendo os entregados dos Correios a assinatura do destinatário. Prevê ainda a lei que a intimação se faça por qualquer outro meio idôneo. É possível, pois, seja cientificarão realizada por telegrama, telex, fax etc., meios não aceitos pela jurisprudência quanto à legislação anterior. A intimação do MP e do defensor nomeado será pessoal. Quanto ao MP, aliás, exige-se a intimação pessoal em qualquer processo e grau de jurisdição, através de entrega dos autos com vista. A referência ao defensor nomeado alcança o defensor público, o procurador da assistência judiciária e o defensor dativo, pois todos só podem oficiar nos processados quando nomeados pelo juiz. Pode a notificação ou intimação ser feita também no próprio requerimento em que foi pedida. Será admissível a intimação por despacho na petição em que for requerida, observando o art. 357. Dispõe ainda a lei que adiada, por qualquer motivo, a instrução criminal, o juiz marcará desde logo, na presença das partes e testemunhas, dia e hora para seu prosseguimento, do que se lavrará termo nos autos. 4. PUBLICAÇÃO A intimação sê da por sentença com a publicação em cartório. 5. REGRAS ESPECIAIS Exige-se a intimação da expedição da carta precatória, sob pena de nulidade relativa (art. 222 caput). A intimação dos acórdãos é feita pela imprensa oficial, exceto quanto ao MP, que deve ser intimado pessoalmente. Existe também notificação especial dos jurados sorteados para a sessão do Tribunal do Júri (art. 429, §2). 22 Tratando-se de réu preso, a notificação deve ser feita através de requisição, como na citação, para a sua apresentação em juízo no dia e hora designados. Evidentemente, como no chamamento a juízo, não há nulidade se o réu está preso em outra unidade da Federação e o juiz desconhece sua prisão. Quanto à notificação, porém, também não se considera como nulidade à ausência de requisição de réu preso em outro Estado da Federação, mesmo que conhecido o seu recolhimento pelo juiz, se for ele revel. Também não há nulidade quando não e apresentado o réu em audiência sem qualquer objeção ou com pedido de dispensa da própria defesa. CAPITULO IV – DA SENTENÇA (CPP, ART. 381/393) 1. NATUREZA JURIDICA A sentença é uma declaração resultante de toda uma atividade processual, que faz surgir uma manifestação de vontade pelo juiz da causa através de uma atividade mental. 2. CLASSIFICAÇÃO DAS DECIÇÕES. As sentenças em sentido amplo dividem-se em: Interlocutórias simples: são aquelas que dirimem questões relativas à regularidade ou marcha processual, sem que penetrem no mérito da causa; Interlocutórias mistas: também chamadas de decisões com força de definitivas: são as que encerram ou uma etapa do procedimento ou a própria relação processual, sem o julgamento do mérito da causa. A primeira hipótese de decisão culmina em Interlocutórias mistas não terminativas, que são aquelas que encerram uma etapa procedimental, já a segunda hipótese em Interlocutórias mistas terminativas que são aquelas que culminam com a extinção do processo sem julgamento de mérito. 3. CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DAS SENTENÇAS EM SENTIDO ESTRITO Segundo o jurista e magistrado Nucci, o conceito de sentença: “É a decisão terminativa do processo e definitiva quanto ao mérito, abordando a questão relativa à pretensão punitiva do Estado, para julgar procedente ou improcedente a imputação”. 23 Ou seja, sentença em sentido estrito é o ato pelo qual o juiz encerra o processo no primeiro grau de jurisdição, bem como o seu respectivo oficio. A classificaçãodas sentenças em sentido estrito se divide em: Condenatórias: é as que julgam procedentes, total ou parcialmente, a pretensão punitiva; Absolutórias: são as que não acolhem o pedido de condenação, podem ser próprias ou impróprias, as primeiras ocorrem quando não acolhem a pretensão punitiva, o acusado é liberado de qualquer sanção, já a segunda quando não acolhem a pretensão punitiva, mas reconhecem a prática da infração penal e impõem ao réu medida de segurança. Terminativas de mérito: acontecem quando se julga o mérito, mas não condenam nem absolvem o acusado. A doutrina tem variadas classificações, sendo essa a classificação mais utilizada. 4. REQUISITOS FORMAIS DA SENTENÇA Os requisitos encontram-se positivados no artigo 381 do Código de Processo Penal, e se desdobram em: Relatório: consiste ele no histórico do que ocorreu nos autos, de sua marcha processual e seus incidentes mais relevantes. Cabe ressaltar que a lei 9.099/95, que determina sobre os Juizados Especiais Criminais, em seu artigo 81,§ 3°, que dispensa o relatório na sentença que forem casos de sua competência, representando, portanto, uma exceção ao artigo 381, II do Código de Processo Penal. Motivação: infere-se que o juiz está obrigado a indicar os motivos de fato e de direito que o levaram a tomar determinada decisão, visto que é garantia constitucional de que os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário são públicos e fundamentados sob pena de nulidade. Depreende-se que está o magistrado obrigado a apreciar toda a matéria levantada pelo acusado e pelo ofendido, sob pena de nulidade se não o fizer. Conclusão: é a decisão propriamente dita, na qual o magistrado julga o acusado após a fundamentação da sentença. 24 5. SENTENÇA SUICIDA É aquela sentença denominada por alguns autores italianos como a sentença em que há uma contradição entre o dispositivo e a fundamentação, de modo que tais sentenças são nulas, ou sujeitas a embargos de declaração, segundo dispõe o artigo 382, com o desígnio de corrigir os erros materiais. 6. PRINCIPIO DA CORRELAÇÃO OU CONGRUÊNCIA Deve haver uma correlação entre o fato descrito e o fato pelo qual o réu será condenado, sendo assim verifica-se que esse princípio é garantidor do direito de defesa do acusado. Está o juiz vinculado a denúncia, de modo que ele não poderá julgar o réu por fato de que não foi acusado, não podendo, portanto desvincular-se da inicial acusatória. 7. EMENDATIO LIBELLI O juiz não está limitado à classificação normativa apresentada pelo acusador, podendo colocar na sentença o que lhe entender cabível com base no fato narrado pela peça inaugural, sem precisar de prévio aviso a defesa, que pode se resguardar contra eventual surpresa, o que se pretende é defender o acusado contra o fato, e não sobre a norma apresentada. Isso segundo dispõe o artigo 383 do CPP. Pode o juiz também reconhecer qualificadoras e causas de aumento de pena descritas na denúncia que não constaram na classificação feita pelo Ministério Público. Se a definição jurídica diversa apresentada pelo juiz for possível a aplicação da suspensão condicional do processo, o juiz dará vista dos autos ao promotor de justiça para que efetue a proposta de suspensão. A emendatio libelli pode ser usada inclusive em segunda instância, mas em caso de ser movida a ele por recurso da defesa ela não poderá ser modificada em prejuízo ao acusado, por configurar reformatio in pejus.Se a nova definição dada pelo juiz configurar competência de outro juízo, a este encaminhará os autos para prosseguimento. 8. MUTATIO LIBELLI 8.1. MUTATIO LIBELLI ANTES DAS MODIFICAÇÕES TRAZIDAS PELA LEI 11.719/2008. Somente nos casos em que a pena cominada ao novo crime fosse mais grave é que o aditamento se impunha. A lei antiga, art. 384, parágrafo único, estipulava que o 25 juiz “baixará o processo, a fim de que o Ministério Público possa aditar a denúncia ou a queixa”. 8.2. MUTATIO LIBELLI APÓS AS MODIFICAÇÕES TRAZIDAS PELA LEI 11.719/2008 A principal modificação sofrida pelo art. 384 do CPP diz respeito à necessidade de aditamento sempre que surgir prova nova a respeito do fato. Independentemente de a nova definição jurídica do fato implicar aplicação de pena mais ou menos grave ao réu. Outra modificação importante e saudável, pois compatível com a imparcialidade que deve revestir a atuação judicial, consiste na eliminação da menção à possibilidade de o Juiz provocar o Ministério Público a aditar a peça acusatória. 9. SENTENÇA ABSOLUTÓRIA 9.1. EFEITOS DA SENTENÇA ABSOLUTORIA Absolutórias são as sentenças que julgam improcedente a pretensão punitiva. A sentença é, portanto, absolutória quando se julga improcedente a acusação e ocorrem nas hipóteses mencionadas no art. 386 do CPP. Conforme o mencionado dispositivo, a absolvição será decretada desde que o juiz reconheça “estar provada a inexistência do fato” (inc. I). Tendo ficado comprovado que o fato imputado ao acusado não ocorreu, impõe-se a absolvição. 9.2. PUBLICAÇÃO (CPP, 389) Prolatada a sentença, “será ela publicada em mão do escrivão, que lavrará nos autos o respectivo termo, registrando- a em livro especialmente destinado a esse fim (art. 389 do CPP)”. A publicação da sentença é ato que a torna existente juridicamente, consistente na sua inserção no sistema processual, delimitando o termo a partir do qual se considera apta à produção de efeitos jurídicos. A publicação da sentença pode ocorrer de varias formas, a depender do procedimento seguindo em juízo. A publicação é ato de grande importância, tendo como efeito, a titulo de exemplo, a interrupção da prescrição quando da hipótese da sentença condenatória recorrível. Além disso, após a publicação a sentença se torna imutável para aquele juízo, salvo se forem acolhidos embargos de declaração (art. 382 CPP) ou em caso de erro de 26 material, quando a alteração poderá ser feita ex officio. Também pode ocorrer modificação posterior da decisão de pronuncia. 9.3. INALTERABILIDADE OU RETIFICAÇÃO DA SENTENÇA O juiz pode alterar a sentença, após a publicação de seu pronunciamento jurisdicional, o qual é anterior a intimação das partes pela “publicação” na imprensa oficial. Portanto, é vedado ao magistrado reformar a própria decisão, salvo para corrigir inexatidões materiais, sanar obscuridades, contradições ou omissões. 9.4. INTIMAÇÃO DA SENTENÇA (CPP, 390 A 392) Para que os prazos comecem a correr é indispensável a intimação. Publicada a sentença, dela devem ser intimadas as partes. 10. SENTENÇA CONDENATÓRIA E SEUS EFEITOS (CPP, 91 E 92 E 393). A sentença condenatória é aquela que reconhece a responsabilidade do réu em relação à infração penal que o mesmo cometeu, condenando-o, exigindo-se prova cabal, ao passo que a absolutória julga improcedente a acusação, absolvendo o réu. E o juiz quando proferir tem que observar o que dispõe o artigo 387 do Código de Processo Penal. Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória: (Vide Lei nº 11.719, de 2008). I - mencionará as circunstâncias agravantes ou atenuantes definidas no Código Penal, e cuja existência reconhecer; II - mencionará as outras circunstâncias apuradas e tudo o mais que deva ser levado em conta na aplicação da pena, de acordo com o disposto nos arts. 59 e 60 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal; (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). III - aplicará as penas de acordo com essas conclusões; (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração,considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido; (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). V - atenderá, quanto à aplicação provisória de interdições de direitos e medidas de segurança, ao disposto no Título Xl deste Livro; 27 VI - determinará se a sentença deverá ser publicada na íntegra ou em resumo e designará o jornal em que será feita a publicação (art. 73, § 1o, do Código Penal). § 1° O juiz decidirá, fundamentadamente, sobre a manutenção ou, se for o caso, a imposição de prisão preventiva ou de outra medida cautelar, sem prejuízo do conhecimento de apelação que vier a ser interposta. (Incluído pela Lei nº 12.736, de 2012). § 2° O tempo de prisão provisória, de prisão administrativa ou de internação, no Brasil ou no estrangeiro, será computado para fins de determinação do regime inicial de pena privativa de liberdade. (Incluído pela Lei nº 12.736, de 2012). E os efeitos da sentença condenatória são: Certeza da obrigação de reparar o dano resultante da infração. Perda de instrumentos ou do produto do crime Outros efeitos previstos no artigo 92 código penal Prisão do réu Lançamento do nome no rol dos culpados (art. 393, II do Código Processo Penal). 11. EMBARGOS DECLARATÓRIOS (CPP, 382). 11.1. REQUISITOS PARA A OPOSIÇÃO DOS EMBARGUINHOS. Os embargos de declaração tem a finalidade de integrar a decisão, tornando-a clara e precisa, para que toda e qualquer parte entenda o que ele quis dizer. Admite-se o embargo de declaração na hipótese de ambiguidade, ou seja, quando houver duas ou mais interpretações. Podem-se interpor embargos quando houver: Obscuridade, que é quando a decisão não está muito clara, falta alguma coisa. Contradição, quando a fundamentação está contraditória. Ex: a fundamentação está para absolver o réu, e a decisão para prender. Omissão, que é quando não se manifesta sobre determinado ponto sobre aquela decisão. Ex: na sentença condena o sujeito, mas deixa de ficar o tempo de pena. Mais uma proposta de embargos é o de declaração que está previsto na súmula 356 do STF, utilizados para fins de pré-questionamentos, para que se manifestem sobre determinado ponto, podendo a partir daí utilizar o recurso especial ou ordinário. O prazo previsto para interpor a oposição dos 28 embargos de declaração é de 2 (dois) dias, diferentemente no JEC, STF e STJ que são de 5 dias, sendo a competência para julgamento quem proferiu a decisão. A forma de interposição de oposição desses embargos é sempre por petição, porém, no juizado especial, além de petição pode-se ser feito de maneira verbal. De regra não há necessidade de intimar a parte contrária para apresentar contra razões, salvo em embargos de declaração com efeitos infringentes, quando o juiz ou tribunal prolator da decisão verificar que pode modificar o sentido daquela decisão. Os efeitos dos embargos de declaração no processo é a interrupção do prazo para interposição de demais recursos. 12. DA COISA JULGADA 12.1. CONCEITO O instituto da coisa julgada é concebido como a imutabilidade da decisão judicial transitada em julgado, visa-se com isso dar ao provimento jurisdicional uma condição de definitividade. Senão, as partes recorreriam eternamente à Justiça, e o litígio nunca chegaria ao fim. Quando um conflito chega ao Judiciário, é dito que o litígio espera por um julgamento. Entretanto, há um momento em que esse litigio deve ser solucionado de maneira definitiva, não havendo mais a possibilidade de ser proposto novamente à consideração de qualquer juiz. Nesse momento, a decisão não deverá ser mudada. Então, passa-se a dizer que a causa está julgada, o que significa dizer que a decisão final no processo foi dada. Forma-se, assim, a res iudicata est, ou seja, a coisa julgada. Também é tida como uma garantia individual Constitucional, descrita no Art. 5º, XXXVI, que diz: “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;”. Da forma a preservar o “ne bis in idem”, e resguardar o cidadão que não seja condenado por duas vezes sobre o mesmo fato”. 12.2. NATUREZA JUÍDICA A coisa julgada ou res iudicata, emana da questão objeto da lide que, uma vez levada a juízo será analisada pelo juiz, se é procedente ou improcedente o pedido, onde será enunciada a sentença de mérito, que então transitará em julgado, tornando-se imutável e indiscutível a sentença, não podendo haver mais recursos nem discussões futuras. 29 12.3. FUNDAMENTO Para compreendermos mais claramente a coisa julgada, necessitamos saber qual o seu fundamento. De acordo com Mirabete, a coisa julgada se fundamenta no princípio non bis in idem. (MIRABETE, 1996 p. 219). Paulo Lúcio Nogueira explica melhor tal princípio afirmando que “a coisa julgada tem afinidade com a litispendência porque ambas se fundam no princípio da duplicidade de processo sobre o mesmo fato criminoso ou no princípio do non bis in idem (NOGUEIRA, 1995, p. 134)”. O mesmo escritor diz que "o firmamento da coisa julgada está na segurança e estabilidade da ordem jurídica." correto o entendimento do nobre jurista porque se não houvesse a coisa julgada, não veríamos jamais o fim de um litígio, visto que sempre haveria uma revisão de julgamento por uma instância superior. Conforme Romeu Pires de Campos Barros, existe para a coisa julgada o fundamento político e o fundamento jurídico. "O fundamento político da res judicata, provém da necessidade de incutir no ânimo dos cidadãos a confiança no juízo e na justiça, dando a certeza do gozo e do bem da vida e garantido o resultado do processo." (BARROS, 1969, p. 257)."O fundamento jurídico do instituto emana do princípio da consumação da ação penal." (BARROS, 1969, p. 257). Baseado nesse pensamento, concluímos que a coisa julgada é ato jurídico e, ao mesmo tempo, reflete-se em uma decisão política, visto que incude seus efeitos no ânimo dos cidadãos. "O fundamento da coisa julgada, portanto, não é a presunção ou a ficção do acerto do juiz, mas uma razão de pura conveniência." (TORNAGHI, 1981, p. 182). 12.4. COISA JULGADA FORMAL Quando não cabe mais recurso, é uma garantia da imutabilidade da sentença dentro do mesmo processo. Segundo RANGEL a coisa julgada formal é a imutabilidade da sentença como ato processual que já não é mais recorrível por força de preclusão dos recursos, se finda todo e qualquer tipo de alteração da sentença por meio de outros recursos, devido ao exaurimento dos prazos recursais [5]. Há coisa julgada formal, quando na sentença não for tratado especificamente do fato supostamente delituoso, nas palavras de Lopes Jr: “... não há análise e julgamento 30 sobre o mérito (ou seja, sobre o fato processual ou caso penal), a decisão faz coisa julgada formal...”. Vê-se claramente uma visão processualística quanto à coisa julgada formal, depreendendo-se do fato da vida. 12.5. COISA JULGADA MATERIAL Garantia da imutabilidade da sentença fora do processo que se projeta para fora do processo, ou seja, nenhum outro processo pode rever o que foi julgado. Porém, há exceções, podendo o magistrado vir a fazer alterações mesmo depois da coisa julgada, como quando houver equívocos materiais, podendo o juiz faze-lo de ofício; quando houver erro de cálculo, podendo ajustar o cálculo; quando surgir uma nova lei favorável para o réu, isso se dá quando o processo está em primeira instância ainda pendente de ir para o Tribunal, e pode ser revisto também a questão de progressão de regime, por remissão de trabalho ou estudo de progressão. O Caso julgado Material, segundo Rangel opera-se forado processo para todas as pessoas, com efeito, “erga omnes”. É o comando que emerge da sentença, tornando-a imutável, mas no processo penal em relação ao fato da vida, o fato do mundo. A coisa julgada material surge na sentença de mérito, isto é, na efetiva resolução do fato típico, condenando ou absolvendo o réu. O caso julgado material, sempre é precedido da formal, visto que primeiramente ocorre a preclusão dos prazos recursais, e que a sentença seja imutável. Após, e somente com a imutabilidade da sentença, é que esta fará parte de um universo, isto é, que seus efeitos extrapolem o processo, restringindo possibilidade de nova denúncia. 31 CAPITULO V – CONCLUSÃO Recordando a temática de processo, tem-se que este resulta da combinação e complementação de dois componentes, que são a relação processual e o procedimento. Considera-se que a relação processual é complexa e compõe-se de diversas posições jurídicas ativas e passivas que se sucedem no decorrer do processo. Primeiramente, pode-se concluir pela importância de que o atos processuais sejam realizados em conformidades com os ditames constitucionais, bem como pelo disposto pela legislação infraconstitucional e pelos princípios orientadores do processo penal como um todo. De forma que, desse modo, será possível a consagração de princípios tais como o da ampla defesa e do devido processo legal, bem como do contraditório como direitos fundamentais aos indivíduos. Entende-se que os atos que compõe o processo penal consolidam a verificação da verdade em relação ao caso concreto, bem assim, a sequência deles, internos ao processo, corrobora a concretização da vontade objetivada na lei penal. 32 REFERENCIAS. BOTTINI, Pierpaolo Cruz. Aspectos Gerais da Reforma Processual. Boletim IBCCrim. Ano 16 n. 188, julho/2008. GOMES, Luiz Flávio; CUNHA, Rogério Sanches; PINTO, Ronaldo Bastista. Comentários às Reformas do Código de Processo Penal e da Lei de Trânsito. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. GRINOVER, Ada Pellegrini; FERNANDES, Antonio Scarance; GOMES FILHO, Antonio Magalhães. As Nulidades no Processo Penal. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Comentado. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. SILVA, Ivan Luís Marques Da. Reforma Processual Penal de 2008. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo Penal. Vol. III. São Paulo: Saraiva 2008. TÁVORA, Nestor & ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Curso de Direito Processual Penal. 12ª edição. Brasília: Editora Jus Podium, 2017.
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