Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO Suzan de Mattos Leão Ferreira 2018 Curitiba – PR Editora São Braz Leitura e Produção de Texto 3 Sumário Aula 1 Leitura e Produção de Texto Recursos linguísticos de leitura e produção de texto: coesão e coerência 14 27 1.Gênero TexTual 2.1. recursos linGuísTicos de leiTura e produção e TexTo Tabela 1.1 Tipos de Gêneos que circulam 1.1 coesão 1.1 o Gênero TexTual é um esTudo que não é novo, porém esTá na moda 1.1.2 Gêneros textuais na oralidade e na escrita 2.1.1 Coerência - Intensionalidade - Aceitabilidade - Situacionalidade - Intertextualidade - Informatividade 16 28 17 31 18 21 34 34 35 35 35 36 Aula 2 Aula 1 Leitura e Produção de Texto4 Procedimentos de leitura e interpretação de texto: relação entre recurso linguísticos e efeitos de sentidos no texto Processos de produção de texto dentro dos principais textos acadêmicos 38 49 1. procedimenTos de leiTura e inTerpreTação de TexTo 1. TexTos acadêmicos - meTalinGuaGem - Função poéTica nos TexTos - Função emoTiva nos TexTos - caixa alTa - neGriTo - iTálico - inTerjeição - absTraTos - arTiGo cienTíFico - Conferência 40 51 40 41 41 41 41 41 41 51 52 53 Aula 4 Aula 3 Leitura e Produção de Texto Leitura e Produção de Texto6 7 FICHA TÉCNICA Direção Geral Silvio Nobuyuki Akiyoshi Diretor Comercial Vagner Cauneto Coordenadora Acadêmica Renata Ballarini Troiani Vicentini Coordenação do Curso Fábio Vaz dos Santos - Teologia Leandra Felicia Martins - Pedagogia Coordenação de Educação a Distância Wanderlane Gurgel do Amaral Projeto Instrucional Materson Christofer Martins Wanderlane Gurgel do Amaral Diagramação Renata Ballarini Troiani Vicentini Lucas Gomes da Conceição © Faculdade São Braz Este livro foi elaborado para Faculdade São Braz . Os ícones são elementos gráficos utilizados para ampliar as formas de linguagem e facilitar a organização e a leitura hipertextual. Glossário Indica a utilização de um termo, palavra ou expressão no texto. Mídias integradas Sempre que se desejar que os estudantes desenvolvam atividades empregando diferentes mídias: vídeos, filmes, jornais, ambiente AVEA e outras. Atividades de aprendizagem Apresenta atividades em diferentes níveis de aprendizagem para que o estudante possa realizá-las e conferir o seu domínio do tema estudado. Saiba mais Oferece novas informações que enriquecem o assunto, ou “curiosidades” e notícias recentes relacionadas ao tema estudado. Atenção! Indica pontos de maior relevância no texto. Leitura e Produção de Texto Leitura e Produção de Texto8 9 GUIA DA DISCIPLINA Esse guia da disciplina e as rotas de aprendizagem fornecem um direcionamento para os estudos, por isso, podem ser acessados a qualquer momento do percurso da disciplina. Lembra- mos ainda, que o tutor online é o seu primeiro ponto de apoio nesse processo educacional, conte com ele sempre que desejar. 1- Título da Disciplina Leitura e Produção de Textos 2- Carga Horária 2.1 Carga horária total: 40 horas 2.2 Carga-horária presencial: encontros obrigatórios realizados uma vez por mês na instituição. Este momento é destinado à interação com o tutor presencial e colegas de turma para a discussão e socialização das temáticas estudadas. Para integração dos conhecimentos, serão propostas atividades em equipe (como apresentações, pesquisas, discussões e outros). 2.3 Carga-horária a distância: horas de estudos com orientação dos tutores on-line. Esses estudos incluem vídeo aulas, participação em fóruns, chats e outras atividades no ambiente virtual de aprendizagem. 3- Ementa Ementa: Estudo de Gênero textual (noção bem básica de distinção de tipos de textos diversos que circulam socialmente) e recursos linguísticos de leitura e produção de texto: coesão e coerência. Procedimentos de leitura e interpretação de texto: relação entre recursos linguísticos e efeitos de sentidos nos textos. Processos de produção de texto: resumo, síntese, relatório, resenha (principais textos acadêmicos). 4- Objetivos Geral 4.1 Objetivos Específicos: 5- Programa 6- Metodologia Você estará em contato com os colegas e com os tutores por meio de uma sala de aula virtual exclusiva para a disciplina. Esta sala de aula virtual está sediada no MOODLE, um programa computacional conectado à Internet. No ambiente virtual de aprendizagem a disciplina está organizada em rotas de aprendizagem. A rota de aprendizagem apresenta-se como um apro- fundamento detalhado deste plano de ensino da disciplina. Cada etapa das rotas de aprendiza- gem tem duração semanal e iniciam com atividades de sensibilização e contextualização sobre as temáticas a serem estudadas nessa disciplina. Após a semana destinada à sensibilização e contextualização, você inicia a leitura do material didático (livro) e assiste às videoaulas. É impor- tante observar os horários dos chats para a discussão e interação com os colegas do curso e com o tutor online. Nas rotas de aprendizagem também estão previstas atividades online. Você poderá realizar as atividades sugeridas e dialogar com os seus colegas de estudo e tutores. A organização das rotas de aprendizagem prevê, por módulo, dois encontros presenciais obrigatórios no polo de apoio. Durante os encontros presenciais com sua turma, serão propostas atividades para você resolver nos momentos presenciais, seja individualmente ou em grupo, com a supervisão do tutor do seu polo. 7- Avaliação 7. Avaliação A avaliação da aprendizagem se efetiva no percurso da disciplina, a partir das ativ- idades realizadas no ambiente virtual de aprendizagem, por meio da efetivação das leituras e das videoaulas, da participação nos fóruns, desenvolvimento de pesquisa, produção de textos e outros. A avaliação presencial acontecerá ao término da disciplina, presencialmente e sem consulta. Lembre-se de agendar sua avaliação, conforme cronograma acadêmico. A média para a aprovação na disciplina deve ser igual ou superior a 7,0. Leitura e Produção de Texto10 7.1 Sistema de Avaliação da Disciplina As atividades desenvolvidas no ambiente virtual de aprendizagem durante a disciplina serão avaliadas e a soma das notas alcançadas em todas as diversas atividades fará a composição da sua média na disciplina. Observe o sistema de avaliação para a disciplina que você está cursando: 7.2 Segunda Chamada Caso você não realize a Avaliação Presencial, poderá realizar a Segunda Chamada na semana seguinte. Esta avaliação terá o mesmo formato e peso para composição de notas que a Avaliação Presencial. Para a Segunda Chamada, também é necessário fazer o agendamento, conforme Cronograma. 7.3 Exame Final Caso não atinja essa média, você poderá realizar uma avaliação de Exame Final, desde que sua média não seja inferior a trinta (5,0). No Exame Final será aprovado o aluno que obtiver grau numérico (nota) igual ou supe- rior a 5,0 na média aritmética entre o grau do Exame Final e a média do conjunto das avaliações realizadas. Alunos que não obtiverem a nota mínima de 5,0 estarão reprovados. Leitura e Produção de Texto12 Olá estudante. Bem-vindo, bem-vinda a este novo caminhar, juntos trilharemos leituras muito relevantes para o uso do nosso dia a dia. Vamos abordar acerca da Leitura e produção de texto neste novo aprender. Considerando os gêneros textuais que circulam socialmente, juntamente com as formas no processo do escrever, tais como a coesão e a coerência. Bem como aos procedimentos de leitura e interpretação de texto, e tipos de trabalhos realizados no âmbitoacadêmico com relação à escrita. Observaremos, portanto, a importância de como se realiza a leitura e o desenvolvimento da produção de texto no meio da escrita. Afinal, a língua com o passar do tempo, alinha novas maneiras de se produzir e, com isso, o meio da escrita acaba por inserir novos aspectos na maneira de transmitir um dado a partir da modificação da língua que gera novas inserções no processo de escrever e, com estes aspectos únicos geram gêneros diferentes, veremos, também, como o uso dos recursos de sinalizações acabam por refletir uma mensagem com sentido de modo mais específico, dando valor e/ou vida de quem escreve para quem vai ler. Não esqueça, aliás, sobre a importância das interações no ambiente virtual de aprendizagem que a nossa faculdade disponibiliza a você. Tudo o que estudarmos aqui, estará disposto para você ampliar ainda mais o que foi estudado e dar um suporte ainda mais forte para o seu conhecimento, sinta-se à vontade para utilizar esse ambiente virtual para tirar as suas futuras dúvidas e se apropriar ainda mais deste saber. Lhe desejo bons estudos! Professora Suzan de Mattos Leão Ferreira. Palavra do professor-autor Leitura e Produção de Texto Leitura e Produção de Texto14 15 Aula 1 Leitura e produção de texto Olá estudante, hoje na nossa primeira aula, eu e você vamos aprender o Estudo de Gênero textual, caminharemos o nosso olhar dentro da distinção de tipos de textos que circulam socialmente. Vamos lá andar por este novo saber ou aumentarmos o seu conhecimento sobre este tema? O Estudo de gênero textual é um modo de classificar os textos. E quando há um leque de características específicas, são determinadas em um dado gênero textual. E, são muitas as situações comunicativas que produzem um tipo de produção de texto, como por exemplo: falar em público, o qual apresenta situações formais e informais, dependendo do contexto em que se está inserido. Ou, escrever uma carta de apresentação ou uma carta para um amigo próximo, um e-mail pessoal ou profissional, escrever um relatório, escrever um texto para um exame seletivo. A partir disso podemos ver que os gêneros textuais dependem das diferentes formas de linguagens empregadas nos textos ou situações comunicativas, nos quais buscam alcançar intenções de comunicação, exercendo dentro de um dado contexto, funções específicas. Figura 1.1: Falar em público Fonte: © Freepik Leitura e Produção de Texto Leitura e Produção de Texto16 17 Cada gênero textual apresenta um estilo único e é diferenciado por conta de certas características. E quando falamos dessas certas características, muito vai depender, também, do assunto, do papel dos interlocutores e da situação. E ao falarmos em gêneros textuais, Bakhtin é, com certeza, uma das principais referências para o nosso estudo. E, de acordo com Schnewly, Dolz e colaboradores (2004), a ideia desse autor pode ser resumida desse modo: • para cada esfera de troca social, há uma elaboração de tipos “estáveis de enunciados: os gêneros”; • “há três elementos que os caracterizam: conteúdo temático – estilo – construção composicional, ou seja, a forma da sua construção”; • e, a escolha de um gênero vai ser determinada diante da esfera situada, das “necessidades da temática, do conjunto dos participantes e da vontade enunciativa ou intenção do locutor”. E é importante fazermos uma grande pausa neste momento e nos alertar para esta chamada: vamos lembrar que a partir do momento que pensamos em linguagem, esta é estabelecida pelos usos sociais, dessa maneira, os gêneros textuais estão sempre se renovando, porque a nossa língua está sempre mudando, afinal, a língua é viva e diante disso, temos uma rica construção e renovação dentro dos gêneros textuais. Por exemplo, as cartas de antigamente ganham hoje outro modelo por conta da configuração da internet, assim, temos muito o uso dos e-mails, dos messengers, os quais receberam vida e espaço no nosso dia a dia. No entanto, não há um consenso definido com relação à classificação dos gêneros textuais, mesmo que as produções de textos indiquem a classificação dos gêneros. Shneuwly e Dolz (2004) apresentam uma divisão de acordo com as semelhanças e situações de produção dos gêneros. A seguir há uma tabela, na qual apresentam alguns gêneros socialmente comuns: 1.1 O gênero textual Cabe lembrar que há outras formas de classificação, porém o mais importante é que as características dos gêneros textuais sejam trabalhadas e que venhamos compreender o seu uso, afinal, ao falarmos, escrevermos ou ouvirmos um texto, já podemos fazer a sua antecipação do que será abordado por conta do conhecimento prévio que temos sobre os gêneros. Porque quanto maior for o contato com os diversos gêneros textuais maior será a capacidade de um leitor identificar e refletir sobre os mecanismos construídos e atribuir sentido ao que se lê. Bom, vamos sondar alguns gêneros textuais. Me acompanhe! Mas, vamos cuidar para não nos confundirmos. Gêneros literários – são os que vão depender da estrutura do texto, do conteúdo, dos textos literários e são divididos em três gêneros literários: lírico (expressão sentimentos e emoções, apresentam função poética), épico (presença de um narrador para contar a história) e dramático (contam uma história com o recurso de diálogos ou monólogos). Tipo textual – é como um texto se apresenta e podemos classificá- lo como narrativo (apresentam narrador, enredo personagens, espaço e tempo, clímax e conflito e conclusão dos fatos, encontrados em conto, novela, fábula), argumentativo (objetiva-se em defender uma ideia ou ponto de vista, encontrados em teses), dissertativo (texto argumentativo e opinativo, expõe Leitura e Produção de Texto Leitura e Produção de Texto18 19 opinião de forma clara), descritivo (caráter de envolver a descrição de algo) , informal ou injuntivo, em outras palavras, injuntivo é a indicação para realizar algo, por exemplo, uma receita de bolo, bula de remédio, manual de instruções, editais e propagandas. Retomando o que já estudamos até aqui, mas nas palavras de Marcuschi (2005): Gênero textual é a expressão que utilizamos ao nos referirmos aos textos formalizados que encontramos no cotidiano e que apresentam características sociais e comunicativas definidas por conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composição específicos. Os gêneros textuais são inúmeros e a cada um deles há um estilo específico de escrita e de estrutura. E, por mais que seja um assunto de uso frequente e muito comentado, o estudo do gênero textual está sempre na moda. No Ocidente, já ganhou vida há vinte e cinco séculos, se virmos a considerar que a sua observação sistemática se perpetuou em Platão. O que temos hoje é uma nova visão deste tema, porque como já lemos anteriormente, no processo da língua mudar constantemente, se faz necessário a atualização dos gêneros por conta do que foi ou é inserido em um dado momento do tempo. A expressão “gênero” esteve, na tradição ocidental, muito ligada aos gêneros literários, no qual a análise veio a se iniciar com Platão, para se sustentar com Aristóteles, passando por Horácio e Quintiliano, na Idade Média, no Renascimento e na Modernidade, até o iniciar do século XX. Hoje em dia a nomenclatura de gênero não é apenas associada à literatura, assim lembra Swales (1990, p. 33), ao afirmar que “hoje, gênero é facilmente usado para referir uma categoria distintiva de discurso de qualquer tipo, falado ou escrito, com ou sem aspirações literárias”. E a partir dessa citação podemos perceber a noção de gênero textual em etnografia, sociologia, antropologia,retórica e linguística e, é nesta última instancia que cabe analisar de noção de gênero. 1.1.1 O gênero textual é um estudo que não é novo, porém está na moda Aristóteles é quem criou uma teoria sistemática com relação aos gêneros e sobre a natureza do discurso, em seu livro Retórica (1358a), o escritor menciona sobre três elementos que compõem o discurso: • aquele que fala; • sobre aquilo que se fala e; • aquele a quem se fala. E, ainda, para Aristóteles, existe dentro do discurso três tipos de ouvintes: • como espectador que olha o presente; • como parte que olha para o futuro; • como o juiz que julga o passado. Dentro desses três tipos de julgamento posicionados por Aristóteles há a associação de três gêneros de discurso retórico: • discurso deliberativo; • discurso judiciário; • discurso demonstrativo. O discurso retórico é aquilo que é relacionado com a oratória e a dialética, pertence a um grupo de normas que faz com que o orador possa se comunicar com clareza. E dentro do discurso deliberativo apenas servia para aconselhar ou não e, voltava-se para o futuro por ser próprio da natureza; com relação ao discurso judiciário, obtinha a função de acusar ou defender e paira sobre o passado, já o discurso demonstrativo apresentava um caráter de elogio ou censura, posicionando-se na ação presente. Nos dias de hoje, o estudo de gêneros textuais é algo em vigor, no entanto com uma perspectiva diferente de Aristóteles. Bhatia (1997) faz uma revisão sobre este tema e, para Candlin, conforme citou Bhatia (1977, p. 629), gênero se trata de “um conceito que achou o seu tempo”. E há muitas áreas diversas que estão interessadas por este estudo, como: sociólogos, tradutores, analistas dos discursos, linguistas da computação etc. Leitura e Produção de Texto Leitura e Produção de Texto20 21 Portanto a análise dos gêneros compreende uma análise de texto e do discurso que acaba por atuar na descrição da língua e da visão da sociedade, no qual tenta vir a responder questões de âmbito sociocultural no uso da língua de modo geral. Podemos a partir desse alinhar de pensamentos observar que os gêneros estão correlacionados a língua de seu cotidiano nas mais diversas formas. A partir do estudo de gêneros podemos ver o funcionamento da sociedade, é uma área fértil, com atenção especial diante do funcionamento da linguagem e para as atividades culturais e sociais. Fonte: © Freepik Você Sabia? Segundo Carolyn Miller (1984), os gêneros são vistos como uma ‘forma de ação social”, em que se baseiam diante da estrutura comunicativa da sociedade. E nos leva a ideia de que gênero está dentro de: • uma categoria cultural • esquema cognitivo • forma de ação social • uma estrutura textual • uma forma de organização social • uma ação retórica Após toda a nossa reflexão realizada até este momento, vamos sondar a partir de um quadro geral, uma tentativa de distribuição de gêneros que circulam dentro da oralidade e da escrita focado dentro dos respectivos domínios discursivos. Lembrando que é apenas uma breve relação que não vem a ser definitiva e muito menos representativa. Afinal, a questão do domínio discursivo está vinculada aos enquadres globais de ordenação comunicativa, secundário oriundas as práticas sociodiscursivas orais e escritas que produzem e/ou criam um gênero. Vamos juntos caminhar dentro deste 1.1.2 Gêneros textuais na oralidade e na escrita quadro de gêneros textuais associado a domínios discursivos e modalidades? Leitura e Produção de Texto Leitura e Produção de Texto22 23 Esta lista nos mostra algo muito singular, ou seja, os domínios discursivos mais produtivos em diversidades no âmbito textual e outros mais resistentes. E de certa forma nos parece haver mais gêneros textuais na escrita do que na fala e seria de grande surpresa se fizéssemos um quadro considerando as diversas culturas. Leitura e Produção de Texto Leitura e Produção de Texto24 25 Dessa maneira, podemos juntos afirmar que os gêneros se apresentam como formas heterogêneas, sociodiscursivo-enunciativas, tanto orais como escritas, vinda de acordo com a tradição e com a cultura – vista ontem e hoje. Mesmo que venha a ser limitado pelo espaço, podemos tentar compensar tal limitação pela expressão temporal, social e discursiva, no qual podemos abranger definições, características, informações e conectar a princípios teóricos que norteiam certas concepções de gêneros discursivos e textuais. O que aprendemos com tudo isso? Fizemos um longo caminhar até aqui e, muito bem, chegamos e finalizamos com êxito um assunto muito pertinente do nosso cotidiano. Junto com o meu saber e o seu, realizamos uma boa troca de saber e desenvolvemos ainda mais. A partir de tudo o que já vimos com muita atenção, podemos definir que os gêneros textuais andam junto com a sociedade, em especial, com a língua e, como já mencionado antes, a língua por ser de natureza viva, conforme passe o tempo carrega em si, muitas transformações e, contudo, o gênero textual precisa acompanhar. Sutilmente Bhatia (1977, p 629), mencionou que o gênero se trata de “um conceito que achou o seu tempo”, essa frase é tão verdadeira, quanto lógica, pois é nesse caminhar todo que a língua perfaz o gênero e, por consequência, perfaz junto e cria novas formas, com estilos únicos. Notamos de modo geral que os gêneros textuais vão depender da forma com a qual a linguagem é inserida nos textos ou situações comunicativas, que busquem alcançar intenções de comunicação, exercendo dentro de um contexto, funções específicas. E diante desse fato os domínios discursivos vão produzir modelos de ação discursiva que se estabilizará e transmitirá de geração para geração com propósitos definidos e por conta das distintas práticas sociais desenvolvidas nos variados domínios discursivos podemos definir que nosso comportamento discursivo agirá de modo diferente diante da situação e ou local inserido, como por exemplo, padrão de postura dentro de uma igreja ou da casa de um amigo. Lembramos ainda um fato de cunho importante, gêneros literários reúnem um conjunto de obras que possuem características específicas, sendo elas: dramáticas, épicas e líricas. E tipo textual é como um texto será apresentado e poderemos classificar como narrativo, dissertativo, descritivo, informal ou injuntivo. Lembra o que significa injuntivo, se refere, por exemplo a uma receita de bolo, manual de instruções, etc. Recapitulemos também que a expressão gênero sempre esteve presente, dentro da tradição ocidental e, quem nos deu base para o seu estudo foi Platão para sustentar Aristóteles, passando por Horácio e Quintiliano, Idade Média, no Renascimento e na Modernidade até chegar o século XX. Observemos que hoje a nomenclatura de gênero não está apenas ligada à literatura. Aristóteles foi quem criou uma teoria sistemática aos gêneros e sobre a natureza do discurso, e mencionou sobre três elementos de fundamentais importâncias na composição do discurso. Você lembra quais são eles. Vamos juntos recordar: primeiro, aquele que fala, segundo, sobre aquilo que se fala e terceiro, aquele a quem se fala. E nós temos três tipos de ouvintes, de acordo com Aristóteles: como espectador que olha para o presente; como parte que olha para o futuro; como o juiz que julga o passado. E há dentro desse julgamento já mencionado a associação de três gêneros de discurso retórico: discurso deliberativo; discurso judiciário; discurso demonstrativo. Dessa maneira, a análise dos gêneros compreende uma análise de texto e do discursopermeada a partir da língua e da visão da sociedade, dentro de seu cotidiano nas mais diversas formas. Nesta aula você aprendeu que a língua é natureza viva, que sofre transformações e, que os gêneros textuais precisam acompanhar essas transformações. Nesse sentido pesquise, liste e justifique gêneros textuais que passaram por tal processo. Leitura e Produção de Texto Leitura e Produção de Texto26 27 Atividade de aprendizagem A fim de aumentar o seu conhecimento com relação aos gêneros textuais. Proponho a leitura sobre Gêneros Textuais no processo de ensino- aprendizagem, de Rosa Maria Nechi Verceze. E faça um resumo apresentando os principais pontos deste artigo. Aula 2 Recursos linguísticos de leitura e produção de texto: coesão e coerência Leitura e Produção de Texto Leitura e Produção de Texto28 29 Olá estudante, estamos aqui mais uma vez para fazermos novas descobertas juntos. Nesta aula estudar sobre os recursos linguísticos de leitura e produção de texto: coesão e coerência. Sigamos para mais uma aula cheia de novidades! Recordemos que na aula anterior vimos sobre os gêneros textuais. Revisemos, rapidamente, a língua, que por ser um elemento que possui vida e se transforma, acaba por modificar os gêneros textuais. Por sua vez, estes acompanham a língua e todo o processo vigente de um dado tempo. Temos como um exemplo, bem claro, o uso da internet, o qual nos trouxe outras características de uso, gerando novos gêneros, além do e-mail, temos os messengers, WhatsApp, e assim por diante, cada ferramenta dessas apresentam um estilo único e faz ocorrer a transformação necessária dentro de nossos gêneros. Há uma citação muito pertinente para começarmos a nossa aula, foi Pierce que afirmou : “A palavra é o signo que o homem usa para dizer a si mesmo” (C.S. Pierce, Collected papers). A comunicação linguística, ou a produção discursiva de modo geral, não acontece de forma isolada, como por exemplo: fonemas, morfemas ou palavras soltas, contudo acontece em unidades maiores, ou seja, por textos. Os textos são resultados de uma ação linguística em que as fronteiras são em geral delineadas por seus veículos com o mundo dentro do sistema que se segue. O texto é como um tecido estruturado, uma entidade significativa, tanto de comunicação como de artefato sociohistórico. De certa maneira podemos afirmar que o texto é uma (re)construção do mundo e não uma mera refração ou reflexo. Voltemos a usar Bakthin em nosso estudo, a ideia dele é de que, da linguagem ela vem “refratar” o mundo e não refletir, seria o caso de afirmarmos também que que do texto que ele “refrata” o mundo vai sendo construído na medida em que o ordena e reconstrói. 2.1 Recursos linguísticos de leitura e produção de texto Portanto o texto, nas palavras de Beaugrande (1997), ele destaca que “o texto é um evento comunicativo em que convergem ações linguísticas, sociais e cognitivas”. A linguística adotada no texto, surgiu por volta dos anos 60 do século XX, e trabalha atualmente dentro da produção bem como da compreensão dos textos orais É importante notar que uma produção pode ser considerada texto mesmo que a coesão não venha a ser identificado! e escritos. No início apenas se ocupava com os textos escritos e com o processo de produção. Depois dos anos 1990 os interesses e objetivos se ampliaram. Atenção! Você Sabia? Caso você tenha interesse de saber mais sobre o desenvolvimento da linguística de texto dentro dos últimos 30 anos, você poderá ver os trabalhos de Marcuschi (1983), Ingedore Koch (1999) e Ana Christina Bentes (2001). Recentemente foi publicado o trabalho de Irandé Antunes (2005) – Lutar com as palavras. Coesão e Coerência. São Paulo: Parábola Editorial. Cabe fazer uma grande ênfase neste momento, hoje não usamos mais a expressão “gramática de texto”, porque ela dá a ideia de que podemos identificar um conjunto de regras de boa forma de escrita textual, o qual, sabemos que é impossível de se estabelecer, porque um texto não é um tipo de unidade que podemos definir e determinar dentro de um conjunto de propriedades componenciais e intrínsecas e, não é a partir de um emaranhado de regras formais que geramos textos adequados. • “a linguística textual é uma perspectiva de trabalho que observa o funcionamento da língua em uso e não in vitro. Trata-se de uma perspectiva orientada por dados autênticos e não pela introspecção, mas, apesar disso, sua preocupação não é descritiva; • a linguística textual se funda numa concepção de língua em que a preocupação maior recai nos processos (sociocognitivos) e não no produto; Leitura e Produção de Texto Leitura e Produção de Texto30 31 • a linguística não se dedica ao estudo das propriedades gerais da língua, como o faz a linguística clássica, que se dedica aos subdomínios estáveis do sistema, tais como a fonologia, a morfologia e a sintaxe, reduzindo assim o campo de análise e descrição; • a linguística textual dedica-se a domínios mais flutuantes ou dinâmicos, como observa Beaugrande (1997), tais como a concentração de enunciados, a produção de sentido, a pragmática, os processos de compreensão, as operações cognitivas, a diferença entre gêneros textuais, a inserção da linguagem em contextos, o aspecto social e o funcionamento discursivo da língua. Trata-se de uma linguística da enunciação em oposição a uma linguística do enunciado ou do significante; • a linguística tem como ponto central de suas preocupações atuais as relações dinâmicas entre teoria e prática , entre o processamento e o uso do texto.” Portanto, para a linguística de texto a perspectiva de trabalho com a língua recusa a noção de autonomia de língua. O texto não é um tipo de artefato linguístico, mas se alinha a linguagem inserida no campo comunicativo. Marcuschi (2008, p. 89), ainda, três aspectos para a textualidade: • “primeiro: um texto não é um artefato, um produto, mas é um evento (uma espécie de acontecimento) e sua existência depende de que alguém o processe em algum contexto. É um fato discursivo e não um fato de sistema de língua. Dá se na atividade enunciativa e não como uma relação de signos. • segundo: um texto não se define por propriedades imanentes necessárias e suficientes, mas por situar-se num contexto sociointerativo e por satisfazer um conjunto de condições que conduz cognitivamente à produção de sentidos. • terceiro: a sequência de elementos linguísticos será um texto na medida em que consiga oferecer acesso interpretativo a um indivíduo que tenha uma experiência sociocomunicativa relevante para a compreensão.” Desse modo, fica claro que trabalhar ou operar com textos é uma madeira de colocar uma cultura e dominar a língua, mas ressalvemos aqui, que, não importa a quantidade de problemas de ortografias existentes no corpo de um texto, porque ele trará efeitos desejáveis se posicionado dentro de uma cultura e caminhar por pessoas que tenham domínio da língua ao ser escrito. A partir deste momento, eu e você iremos falar sobre coesão e coerência. Já ouvimos falar deles em algum dado momento de nossas vidas, mas agora vamos nos aprofundar um pouco mais. Vamos lá! A coesão possui o aspecto mais relevante com relação a textualidade. Ela dá conta da forma estrutural da sequência do texto. Apresenta padrões formais a fim de realizar a transmissão de conhecimentos e sentidos. Em outras palavras, a coesão faz referência aos caminhos pelos quais os componentes da superfície do texto e das palavras inseridas realizam contato e acabam por conectar entre si.Com base nas regras gramaticais, os elementos da superfície apresentam uma relação de dependência entre si com o objetivo de melhor codificar os sentidos fora do texto, intencionando inserir dentro da noção de coesão o que não está claro ou explícito, porém que pode se subentender. Apenas com a superfície do texto não será decisivo para haver o entendimento do mesmo, mas a interação entre a coesão e os outros padrões, aqui chamados de fatores, de textualidade será necessária para existir uma comunicação. Portanto, a coesão está relacionada à conexão das ideias dentro do corpo de um texto e às colocações que fazemos. A ideia é que haja um fluxo, o qual facilite a leitura. Ao lermos um texto e este não nos parecer cansativo, podemos afirmar que está coeso. Um texto não é somente uma sequência de frases bem formadas. 2.1.1 Coesão Leitura e Produção de Texto Leitura e Produção de Texto32 33 A sequência necessita preencher certos requisitos. A coesão é a parte da linguística textual que determinará um subconjunto notável desses requisitos de sequencialidade textual. Vamos ver um quadro da coesão sequencial neste gráfico. Gráfico 2.1 - Coesão sequencial Fonte: Luiz Antônio Marcuschi (2008) Sequenciação Parafrástica - Repetição lexical - Paralelismo - Paráfrases - Recorrência de - Tempo verbal Sequenciação Frástica - progressão temática - encadeamento por justaposição a) marcadores espaciais b) marcadores conversa- cionais - encadeamento por conexões a) relações lógico- semân- ticas b) relações argumentativas Este modelo é muito trabalhado em sala de aula, mas vejamos alguns desmembramentos para a sequenciação conectiva que pode ser deste modo: Figura 2.2: Construção de um texto Fonte: © Freepik Gráfico 2.2 - Esquema dos processos de coesão conectiva Operadores argumentativos 1. oposição -mas, porém, contudo 2. causa – porque, pois, já que 3. fim – para, com o propósito de 4. condição – se, a menos que, desde que 5. conclusão – logo, assim, portanto 6. adição – e, bem como, também 7. disjunção – ou 8. exclusão – nem 9. comparação – mais do que, menos do que Operadores organizacionais A – de espaço e tempo textual - em primeiro lugar, em 2º lugar - como veremos, como vimos - neste ponto, aqui na 1ª parte - no próximo capítulo B – metalinguísticos - por exemplo, isto é, ou seja - repetindo em outras palavras - com base nisso, etc. Fonte: Luiz Antônio Marcuschi (2008) Leitura e Produção de Texto Leitura e Produção de Texto34 35 A coesão acontece, como vimos nesses quadros, por meio de recursos conectivos ou referenciais. A coerência se refere aos caminhos pelos quais os elementos do campo textual e a configuração dos conceitos e relações subentendidos no texto fazem sentido. Portanto, deve apresentar lógica e harmonia entre as ideias para que possa interligar de maneira clara, formando um todo, partes num contexto só. A coerência não é um tipo de realização local, no entanto, global, mesmo que possa ter um desenvolvimento local. A partir disso podemos perceber a distinção de coesão e coerência. A coerência apresenta uma relação de sentido que vai aparecer entre os enunciados, de modo geral de forma global e não localizada. A coerência faz com que haja continuidade de sentido no texto e a ligação dos próprios tópicos discursivos. De acordo com Beaugrande Dressler (1981), a coerência: “(...) diz respeito ao modo como os componentes do universo textual, ou seja, os conceitos e relações subjacentes ao texto de superfície são mutuamente acessíveis e relevantes entre si, entrando numa configuração veiculadora de sentidos”. Intensionalidade Faz referência à atitude do emissor ao criar as correspondências que irão construir a coesão e a coerência do texto como instrumentos a fim de preencher as suas intenções de distribuir conhecimentos. Portanto, considera a intenção do autor como um importante fator para a textualização. Com base na intencionalidade, o ato da fala, um enunciado, um texto, são feitos com um único objetivo, uma finalidade deve ser captada pelo leitor. Fávero (1986) menciona que: “(...) a intencionalidade, no sentido escrito, é a intenção do locutor de produzir uma manifestação linguística coesiva e coerente, ainda que essa 2.1.2 Coerência intenção nem sempre se realize na sua totalidade, especialmente na conversação usual”. Aceitabilidade Diz respeito à atitude que o receptor tem com o texto, a partir das ocorrências propiciadas pela coesão e coerência do texto. A aceitabilidade se realiza na medida direta das pretensões do autor, o qual indica ou sugere ao seu leitor alternativas estilísticas ou gramaticais que busquem efeitos especiais. Situacionalidade É pertinente aos fatores que fazem com que um texto seja relevante para a situação da ocorrência. A escolha e o uso do texto serão decididos de acordo com a situação. A situacionalidade afeta os significados da coesão, exerce função para minimizar as várias possibilidades de interpretação de um texto com objetivo de se chegar à versão mais apropriada. A situacionalidade pode ser vista como um critério de adequação textual. Intertextualidade Dita a respeito à referência que um texto faz do outro. É responsável pela evolução de tipos de um texto como classes de textos com padrões de características. A intertextualidade ajuda na construção de sentidos do texto, permeando coerência textual. Para entendermos o uso da intertextualidade, há um jogo divertido chamando “não confunda”. Vamos lá • Não confunda “bife à milanesa” com “bife ali na mesa” • Não confunda “conhaque de alcatrão” com “catraca de canhão” Dentro da modalidade de intertextualidade, Koch destaca, as seguintes: a) intertextualidade de forma e conteúdo: qualquer é utilizado um determinado gênero textual, como por exemplo, a epopeia em um outro contexto não épico para termos um efeito especial; b) intertextualidade explícita: seriam as citações, discursos diretos, referência documentadas com fonte, resumo, resenhas. c) intertextualidade com textos próprios, alheios ou genéricos: citar Leitura e Produção de Texto Leitura e Produção de Texto36 37 textos sem autoria, como provérbios. Informatividade Se refere à extensão em que as ocorrências que estão presentes dentro de um corpo do texto acontecem: são as esperadas ou as conhecidas e são as inesperadas ou as desconhecidas. A força do texto está dentro da coesão, coerência e a intensão de vir a ser aceito como informati- vo, mas o excesso de informação não faz com que seja melhor, no entanto, rompe com o fator de intencionalidade. Atenção! O que aprendemos até aqui? Estudamos sobre os recursos linguísticos de leiturae produção de texto, em especial, a coesão e a coerência. E muito bem, chegamos a mais uma fase com um saber recheado de informações, agora vamos apenas relembrar os fatos importantes nesse nosso caminhar. O texto é como um grande tecido estruturado, uma entidade significativa, tanto de comunicação como de artefato sociohistórico. De certa maneira podemos afirmar que o texto é como uma (re) construção do mundo e não uma mera refração ou reflexo. E, ainda, a teoria da linguística de texto destaca que a perspectiva de trabalho com a língua recusa a noção de autonomia de língua. O texto não é um tipo de artefato linguístico, mas um alinhamento da linguagem inserida no campo comunicativo. Enfatizamos, também, que produzir textos é um modo de inserir uma cultura e dominar a língua e que, o problema da produção não está no campo dos erros de grafia caso este texto esteja posicionado numa cultura ou, se foi produzido por pessoas que tenham domínio da língua em que ele será escrito Mais adiante vimos o sentido de coesão, lembra o que era? A coesão textual consiste no uso correto das articulações gramaticais e conectivos, afinal, por meio deles existe uma ligação dentro da frase. Já a coerência é aquilo que apresenta coesão e lógica num conjunto de ideias, apresentando assim, nexo e uniformidade. Dentro da produção de texto vimos que existem alguns aspectos, sendo eles: a intencionalidade – a qual está correlacionada ao fato do emissor criar as correspondências que irão promover a coesão e a coerência do texto; aceitabilidade – destaca a atitude que o receptor tem com o texto, a partir das ocorrências vindas pela coesão e coerência; situacionalidade – parte da escolha e do uso do texto que serão decididos de acordo com a situação, exerce função para minimizar as várias possibilidades de interpretação de um texto com objetivo de se chegar à versão mais apropriada; intertextualidade –dita a respeito à referência que um texto faz do outro; informatividade – faz parte à extensão em que as ocorrências que estão presentes dentro de um corpo do texto, são as esperadas ou as conhecidas e as inesperadas ou as desconhecidas. Portanto o texto é o resultado de uma ação linguística, no qual as fronteiras são em geral estabelecidas por seus vínculos com o mundo em que surge e funciona. Atividade de aprendizagem Proponho a você a leitura do artigo A importância da coesão e da coerência em nossos textos, escrito por Áurea Maria Bezerra Machado, Cadernos do CNLF, Vol. XVI, Nº 04, t. 1 – Anais do XVI CNLF, pág. 83. Tal leitura lhe trará uma visão mais ampla acerca do que já estudamos com relação aos recursos linguísticos de leitura e produção dentro da coesão e da coerência. Agora você deve fazer a leitura e um fichamento, ou seja, fazer citações do artigo lido e abaixo explicar com as suas palavras o que a citação quis dizer. O material está disponível no site: http://www.filologia.org.br/xvi_cnlf/tomo_1/006.pdf. Leitura e Produção de Texto Leitura e Produção de Texto38 39 Aula 3 Procedimentos de leitura e interpretação de texto: relação entre recursos linguísticos e efeitos de sentidos nos textos Olá estudantes, sigamos juntos para mais uma jornada. Estou muito orgulhosa pelo seu continuar e chegar até aqui. Hoje, veremos outro assunto de extrema importância, que são: os procedimentos de leitura e interpretação de texto, a relação entre os recursos linguísticos e os efeitos de sentidos nos textos. Na aula anterior, vimos sobre os recursos linguísticos de uma leitura e produção de texto, em especial, a coesão e a coerência. Recapitulando de modo geral, podemos perceber a importância da coesão e da coerência no processo de produzir um texto, o qual repercute além da conexão de uma frase para com a outra, pudemos perceber a importância na sua construção para poder promover um todo. Figura 2.2: Construção de um texto Fonte: © Freepik Leitura e Produção de Texto Leitura e Produção de Texto40 41 Ao escrevermos um texto, é necessário lembrar que iremos utilizar recurso ortográficos, a fim de demonstrar sentimentos e enfatizar efeitos, assinalar tanto términos quanto começos nos textos, como por exemplo: os sinais de pontuação, reticências, exclamações e as interrogações. Tais elementos utilizados como mecanismos para simbolizar, também, se juntam a outros recursos, como o uso do itálico, do negrito, do tamanho das fontes (letras e caracteres). A partir disso, podemos perceber que esses recursos atribuem novos sentidos no contexto textual. E isso faz ser necessário o conhecimento desses recursos ortográficos para interpretarmos o que o autor do texto tem a intenção de dizer. O fazer uso desses recursos está inserido dentro dos textos narrativos, por exemplo, assim como também, dentro dos gêneros textuais, como já estudamos na nossa primeira aula. A utilização da metalinguagem e recursos retóricos de convencimento aos leitores são outros estilos usados nos textos para atribuir efeito de sentido em um dado texto. Vejamos agora alguns recursos ortográficos que norteiam o sentido dando base aos procedimentos de leitura e interpretação de texto. Metalinguagem – coloca em evidência a transmissão da comunicação. Esse fato ocorre quando falamos de si mesmos, da própria linguagem, etc. O código utilizado para atrelar a comunicação é o centro da mensagem, no qual explica a si mesmo. Tal função objetiva esclarecer, refletir, discutir no processo da comunicação em que se usa a linguagem para falar sobre ela mesma. Um bom exemplo disso está dentro da linguagem das bulas de remédios, dos dicionários etc. Um outro bom exemplo para demonstrar a utilização da metalinguagem é o programa de televisão chamado Vídeo Show, porque é usado o código 3.1 Procedimentos de leitura e interpretação de texto da televisão (programa de TV) para falar da própria televisão, ou seja, outros programas de televisão. Função Poética nos textos – neste caso, essa função está dentro dos poemas, prosas poéticas – literária, da publicidade criativa, etc. Retrará a mensagem por si, construída de forma criativa e inusitada, essa função apresenta esses recursos gramaticais: figuras de linguagem, conotação, neologismo, construções estruturais não convencionais, polissemia, em outras palavras, polissemia é a multiplicidade de sentidos de uma palavra ou locução. Função emotiva nos textos – esta modalidade pode ser representada de várias formas nos textos, sendo, por exemplo: nas propagandas, fazendo com que os leitores se sintam comovidos ou venham a ajudar ou comprar algo. A intenção está no valor do campo do sentimento e da singularidade afetiva do emissor da mensagem (texto). Caixa alta: ao ser inserido, passa ao leitor a ideia de que alguém está “estressado”, gritando ou quer chamar atenção. E, além disso, é um recurso estético na publicidade, ao se referir de títulos, nomes de marcas e outras expressões curtas. Negrito: função de destacar partes importantes dentro do corpo de texto. Itálico: expressa uma fala ou vem a ser inserido quando há palavras estrangeiras no texto. Interjeição: usada para exprimir sentimentos súbitos e emoções. Geralmente você poderá encontrar nas histórias em quadrinhos, em propagandas e em textos narrativos seguidos de ponto de exclamação. Notemos que estes recursos ortográficos possibilitam uma leitura elevando dos elementos superficiais do texto e traz auxílio ao leitor na construção de novos significados. Cabe lembrar a importância de se conhecer os diferentes gêneros textuais, como: piada, charge, classificados, propagandas, etc. Leitura e Produção deTexto Leitura e Produção de Texto42 43 Observemos aqui uma chama- da muito importante, na nossa primeira aula trabalhamos com a noção de gêneros textuais, os seus tipos existentes socialmente, na segunda aula vimos sobre a importância da coesão e da co- erência na construção do texto e agora estudamos os procedimen- tos de leitura e interpretação de texto, os quais produzem efeitos de sentidos nos textos, mas para sabermos do uso correto dess- es recursos linguísticos dentro de uma produção de textos, é necessário antes sabermos a que gêneros estes se referem concil- iando coesão e coerência para haver sentido no texto. Portanto temos um emaranhado só que conecta um todo para desen- volver a escrita. O leitor deve ter a sensibilidade para perceber os efeitos de sentido além do texto a partir de agora. Atenção! Pensando no procedimento de leitura, ao contrário de decodificação, a leitura é determinada por uma série de fatores linguísticos, tais como: • a história social e psicológica de cada leitor, dentro de suas expectativas e interesses; • a situação que se encontra enquanto desenvolve a leitura; • as relações com outras formas de linguagem, como canções, pinturas, dança etc. É possível dizer que o procedimento da leitura requer um sujeito ativo, no qual lance mão não apenas de seus conhecimentos linguísticos, mas de suas experiências socioculturais e interculturais. E partindo dessa noção, a interpretação de texto irá variar muito de acordo com a caminhada de cada leitor e suas experiências pessoais. Desse modo, ler é muito mais do que juntar palavras, frases e parágrafos, é perceber que em todo texto há alguém, que expressa suas visões de mundo e perceber o significado atribuído ao interpretar o texto requer recursos para realizar tal entendimento. Se pararmos para pensar, a leitura perpassa pela nossa vida desde quando nascemos, quando passamos a distinguir luz e movimento. Pelos olhos formamos uma memória visual. As células nervosas dos olhos são sensíveis à luz; captam imagens e transmitem a informação para o cérebro, através do nervo óptico, e no cérebro as imagens são decodificadas. Dessa maneira, a leitura é uma atividade que solicita uma grande participação do leitor e promove muito mais do que o conhecimento linguístico, como já vimos, o leitor é levado a mobilizar e ou criar uma série de estratégias, tanto de ordem cognitivo-discursiva quanto de ordem linguística, objetivando a levantar hipóteses, validar essas hipóteses ou não, preencher as lacunas do texto para enfim poder participar de forma ativa no construir do texto. Agora, faremos uma parada para participarmos de uma experiência. Vamos lá? Qual destes livros você escolheria para ler – considerando como critério o design da capa do livro. Figura: Procedimento de leitura Fonte: © Freepik Leitura e Produção de Texto Leitura e Produção de Texto44 45 A escolha que você fez é apenas o resultado da leitura visual e a capa que mais lhe agradou repercutiu a partir da sua sensibilidade visual. A memória sensorial dá entrada à informação, promovendo o trabalhar da memória. E, ainda, permite à entrada às sequências das palavras e frases de um texto com o objetivo de possibilitar a produção de sentidos. De acordo com Ângela Kleiman (2004), a respeito da atividade de leitura e o estudo atual em relação leitura e interpretação de texto, podemos constar: “A concepção hoje predominantemente nos estudos de leitura é a leitura como prática Atenção! Você Sabia? Você conhece o filme Os cinco sentidos? Trata-se de uma história sobre pessoas que buscam relações humanas. Cada uma delas perderam um dos sentidos, apenas apresentam em comum o fato de morarem num mesmo prédio. social que, na linguística aplicada, é subsidiada teoricamente pelos estudos do letramento. Nessa perspectiva, os usos da leitura estão ligados à situação; são determinados pelas histórias dos participantes, pelas características da instituição em que se encontram, pelo grau de formalidade ou informalidade da situação, pelo objetivo da atividade de leitura, diferindo segundo o grupo social. Tudo isso realça a diferença e a multiplicidade dos discursos que envolvem e constituem os sujeitos e que determinam esses diferentes modos de ler”. Isto significa que na atual visão, o leitor, não é somente um sujeito consciente e dono do texto, mas ele se acha inserido na realidade social e precisa operar sobre os conteúdos e contextos socioculturais. Para compreender um texto, é necessário sair dele, porque o texto sempre acaba por monitorar o seu leitor para além de si mesmo e esse aspecto é de relevância quanto à produção de sentido. Agora observemos o funcionamento do texto, que não é apenas produto ou um simples artefato pronto, ele abrange um processo e pode ser visto como um evento comunicativo e para exemplificar possíveis formas de sentidos atribuídos ao texto, sigamos o quadro de operações: Leitura e Produção de Texto Leitura e Produção de Texto46 47 Fonte: Luiz Antônio Marcuschi (2008) Portanto esta série de operações e suas respectivas condições acabam por possibilitar quanto a realização da compreensão de texto, atribuindo sentindo. E quando pensamos na compreensão de um texto, é necessário ponderarmos que esta se dá como um processo, ou seja, é uma atividade de seleção reordenação e reconstrução, em que certa margem de criatividade é permitida. A compreensão é uma atividade dialógica. O que aprendemos com tudo isso? Chegamos a mais uma aula, e muito bem, mais um caminhar trilhado. Vimos muitas informações relevantes. E vamos revê-las neste momento. Todo texto apresenta recurso ortográficos que permeiam efeitos ou demonstram sentimentos. Tais sinalizações são representadas por: sinais de pontuação, reticências, exclamações e as interrogações. Esses elementos também se juntam a outros recursos, como o uso do itálico, do negrito, do tamanho das fontes. Tais recursos repercutem em novos sentidos no contexto textual. Há alguns elementos que produzem sentido ao procedimento de leitura e interpretação de texto, como: a metalinguagem, a qual serve para descrever ou falar sobre outra linguagem; função poética nos textos, função esta inserida dentro dos poemas, prosas poéticas, publicidade criativa, tem por objetivo construir de forma criativa e inusitada, apresenta figuras de linguagem, conotação, neologismo, construções estruturais, polissemia; função emotiva nos textos, esta modalidade se apresenta de vários modos no texto, a intenção está no valor do campo do sentimento e da singularidade afetiva do emissor da mensagem (texto). Também, recordemos, que há o recurso dos que se juntam aos anteriores citados para trazer efeitos, como: caixa alta, a qual transmite a ideia de alguém que está gritando ou quer chamar a atenção, além disso é possível encontrar no meio estético na publicidade; negrito, destaca as partes importantes do texto; itálico, expressa uma fala ou vem a ser inserido quando há palavras estrangeiras no texto; interjeição, exprime sentimentos e emoções, facilmente encontrado nas histórias em quadrinhos, propagandas etc. Desse modo, esses recursos ortográficos trazem uma outra forma de compreensão ao ler um texto e transmite sentidos gerando uma construção de novos significados. Vimos que a leitura apresenta uma série de fatores linguísticos, para a sua compreensão, como: a história social e psicológica de cada leitor que por sua vez estão alinhados dentro de suas expectativas e interesses; a situaçãoem que está enquanto desenvolve a leitura e as relações com outras formas de linguagem. Chamemos atenção agora para um fator de grande valia, o procedimento de leitura necessita de um sujeito ativo, que deixa de lado seus conhecimentos linguísticos, experiências socioculturais e interculturais. Portanto a leitura será uma atividade que mobilize quem lê a criar uma série de estratégias, tanto de Leitura e Produção de Texto Leitura e Produção de Texto48 49 ordem cognitivo-discursiva quanto de ordem linguística, objetivando a levantar hipóteses, validar essas hipóteses ou não, preencher as lacunas do texto para enfim poder participar de forma ativa no construir do texto. Ângela Kleiman (2004) mencionou que a leitura e a interpretação de texto estão dentro da prática social, ligadas à situação que acaba por realçar diferença e a multiplicidade do discurso que estão envolvidos e constituem os sujeitos que determinam diferentes modos de ler. Vimos um quadro apresentando tipos de operação ao ler um texto e notamos que suas respectivas condições atrelam a realização da compreensão do texto e que a compreensão se realiza na atividade do campo dialógico. Atividade de aprendizagem Para você se aprofundar nas questões relativas aos sentidos do texto. Sugiro que leia KOCH, I.V.; ELIAS, V. M. Ler e compreender os sentidos do texto. São Paulo: Contexto, 2009. E desenvolva um hand-out, expondo as partes relevantes deste material. Caso prefira, por melhor acesso, indico uma resenha deste livro, escrito por: Wagner Rodrigues Silva, KOCH, INGEDORE VILLAÇA; ELIAS, VANDA MARIA. 2006. Ler e compreender os sentidos do texto. São Paulo: Contexto. ISBN 85-7244-327-4. 216 P. Disponível: http://www.abralin.org/revista/RV6N2/13_resenha_wagner.pdf. Aula 4 Processos de produção dos principais textos acadêmicos Leitura e Produção de Texto Leitura e Produção de Texto50 51 Olá estudante! Chegamos a nossa última aula. Percorremos um bom estudo até aqui, sinto muito orgulho, sua persistência inseriu boas construções de saber. Na aula anterior vimos desde gêneros textuais, colocações de coesão e coerência e, sentidos atribuídos por conta dos recursos no texto. Hoje, para fecharmos com chave de ouro, veremos os processos de produção de texto, tais como resumo, síntese, resenha e entre outros textos envolvidos e/ou inseridos no meio acadêmico. Vamos lá, neste nosso último conhecer? Quando pensamos em processos de produção de texto, mas no âmbito acadêmico, a primeira coisa que devemos fazer é sair do universo viciado da redação escolar, este universo escolar não apresenta referências concretas, no qual um eu abstrato repete opiniões de modo fragmentado. O intuito é que você perceba que ler e escrever é muito mais do que dominar uma técnica, mas, é agir com habilidade e competência diante do mundo e, por meio dos conhecimentos adquiridos vir a defender-se dele apresentando construção e objetivos claros e/ou definidos diante de situações específicas e concretas. Portanto, a diferença entre os textos acadêmicos e os textos escolares está justamente no nível de profundidade dos textos, nos objetivos, na originalidade da pesquisa e na exigência da defesa com relação a apresentação pública. Por exemplo, um trabalho científico é aquele, cujo resultado de uma pesquisa é toda conduzida por critérios rigorosos, que apresenta método e referencial teórico e, que consta nele aprofundamento na bibliografia, bem como leva em consideração o tempo para desenvolver um pesquisa. No decorrer de sua vida acadêmica, você irá desenvolver diversas atividades de pesquisas, estudos dirigidos e revisões bibliográficas. Cada trabalho a ser realizado dependerá do que for solicitado pelos professores ou orientadores. Veja os modelos mais relevantes dentro do nosso meio acadêmico: Agora que lhe apresentei alguns dos gêneros usados no meio acadêmico, vou descreve-los para que você compreenda as suas características, as quais apresentam uma forma distinta das outras: Abstrato: é colocado, em geral, antes ou acima do texto principal que se segue, é um resumo objetivo, coerente e apresenta pontos específicos a ser abordado no corpo do texto de um artigo científico, dissertação, tese, etc. O abstract é escrito em uma língua diferente do texto principal, geralmente em inglês. Nos trabalhos redigidos em Língua portuguesa, usa-se a palavra Resumo. • Abstrato; • Artigo científico; • Conferência; • Dissertação; • Ensaio; • Hand-out; • Resenha; • Resumo; 4.1 Textos acadêmicos • Palestra; • Paper; • Fichamento/ficha de leitura; • Relatório; • Monografia; • Sumário; • Tese. Leitura e Produção de Texto Leitura e Produção de Texto52 53 Dentro de um abstrato deve conter essas premissas: • Contexto, aqui, será necessário apresentar ao futuro leitor sobre o que será abordado no trabalho, ou seja, contextualizar. Um modo de perceber isso é respondendo essas perguntas: Qual o problema que se investiga em seu trabalho?; Onde esse problema se apresenta? Porque este problema abordado tem relevância? Considere que nessas primeiras linhas você irá despertar o interesse do leitor; • Objetivo: neste momento, descreva qual é o objetivo do seu trabalho em relação a problemática demonstrada no contexto. • Método, deverá descrever quais foram os métodos utilizados; • Resultados, apresentar os principais resultados do seu estudo de caso, de modo bem claro, lembrando sempre de despertar o interesse do leitor; • Conclusão, descrever as principais descobertas do estudo realizado. Portanto, todas essas partes devem estar inseridas no seu abstrato e, tenha em mente que o leitor deve compreender o que lê, tudo dentro deste contexto. Artigo científico: apresenta planejamento, uma coleta de conteúdo com um olhar mais criterioso para selecionar o material e recortar dados que serão analisados no processo de pesquisa. A estrutura é composicional, usada para escrever um artigo científico ou técnico, constitui três partes fundamentais: a introdução, na qual possui justificativas, diretrizes, delimitações e explicações; texto principal, em que vai detalhar o objeto do estudo escolhido com suporte teórico e conclusões, aqui, apresentará os resultados, dará sugestões a partir do que já foi trabalhado, considerando a análise do que se ficou destacado. Além desses aspectos, um artigo científico deve apresentar: • título, curto e que reflita o tema principal do artigo; • nome do autor, escrever de maneira sistemática em todas as publicações para que os artigos possam ser citados de forma correta pelos autores. Observação: o nome do autor começa pelo sobrenome; • resumo ou abstract/resumo, é onde os leitores poderão se nortear; • palavra-chave, conjunto de palavras-chaves que servem para definir o artigo; • agradecimentos, dedicados a pessoas e organizações por qualquer suporte técnico ou financeiro recebido durante esse caminhar de estudo; • referências bibliográficas, informações bibliográficas completas, estilo exigido pelo congresso ou periódicos; • apêndices, informações não inseridas no texto principal, como por exemplo, questionários. Conferência: faz junção a uma forma de palestra em público ou exposição oral diante de uma auditório, uma plateia, relatando um tema escolhido. Dissertação: é uma redação usada na escola básica, principalmente no ensino médio e nos exames de vestibulares. A dissertação vem com um tema solicitado pelo professor e o estudante deve defender seu posicionamento com fortes bases, defende seu posicionamento dentro de um texto argumentativo. Já no meioacadêmico, é um trabalho monográfico que é exigido para obter o título de mestre pelo estudante de pós-graduação stricto sensu e é uma exposição escrita com escrita relevante, e deve demonstrar os resultados de uma investigação. Ensaio: fala sobre um tema específico, no qual reúne dissertações menores. Tem como característica uma visão de síntese e tratamento crítico num discurso expositivo-argumentativo, ou seja, vai defender uma tese e mostrar os dados e observações. Hand-out: texto informativo, breve, em que apresenta um complemento de um curso, uma aula, uma apresentação. Resenha: um breve comentário, de forma crítica ou uma avaliação perante uma obra e deve posicionar o assunto a ser abordado e tratado, Leitura e Produção de Texto Leitura e Produção de Texto54 55 organização. Uma resenha deve levar em consideração os conhecimentos prévios sobre o assunto, observando como foi escrita a obra, algum detalhe especial, se apresenta similaridade com outros autores. A produção de uma resenha repercute nas atividades de leitura, interpretação e resumo prévios e posicionar em face de uma questão controversa que necessitará apresentar base de sustentabilidade argumentativa em favor do ponto de vista que pretende defender. Resumo: uma apresentação de forma abreviada de um texto ou conteúdo de livro, peça teatral, argumento de filme, etc. É um gênero que reduz um texto qualquer a fim de apresentar o seu conteúdo de maneira concisa e coerente, fazendo com que haja o topo textual do texto principal. O resumo classifica-se por alguns tipos existentes: • preliminar, o qual é um resumo de trabalho não concluído, geralmente enviado para apresentação em eventos científicos; • indicativo, não há leitura do texto original, exclui dados essenciais; • informativo, neste caso, vai dispensar a leitura do texto original, porque apresenta dados importantes com relação à compreensão total; • informativo-indicativo, fusão dos dois anteriores; Palestra: é uma conferência ou um debate sobre algum tema cultural ou científico. Quando falamos em conferência, esta quer dizer uma apresentação em público. Paper: um texto de opinião ou expositiva, em prosa livre, ou seja, prosa é um texto escritos em parágrafos que derivado do latim prosa, significa discurso direto, livre. O paper discorre sobre algum tema específico sem esgotá- lo e apresenta a visão de síntese e tratamento crítico, o qual é predominante no discurso expositivo-argumentativo. Fichamento: se apresenta por posicionar o conteúdo em fichas, neste caso, se refere a criar anotações acerca de textos ou livros em uma ficha, com a pretensão de organizar as informações. O objetivo é identificar obras, analisar o material, pôr dados, elaborar críticas e separar citações. Temos, ainda, três tipos principais de fichamento: • fichamento textual, de resumo ou de conteúdo, posiciona as ideias apresentadas de uma obra, por exemplo e expõe os pontos principais e secundários. Busca resumir com mais detalhes e de maneira complexa; • fichamento temático ou de citação, trabalha em desenvolver os elementos relevantes do texto, consiste em transcrever trechos do texto que foi lido, copiando citações importantes e fazendo conexões a um breve resumo; • fichamento bibliográfico, traz uma descrição em tópicos de cada parte do texto em conjunto com fontes, referências. Relatório: é um documento descritivo de resultados obtido em uma pesquisa, evento, como palestras, atividades, visitas técnicas. Deve conter folha de rosto apresentando o nome do autor do relatório, texto, de modo corrido, serve para orientar, introdução, o qual expõe o assunto, considerando que deve haver o local (onde realizou a atividade), período de execução, tanto de início como de término, título, o qual resume a ideia do trabalho, evento ou atividade, objetivos, descrevendo o objetivo a ser alcançado durante o realizar deste relatório e desenvolvimento, apresentando os pontos abordados durante esse processo. Finalmente a conclusão, mostrando os avanços acadêmicos que esse percorrer trouxe e anexos, caso haja, documentos que servem para auxiliar, como tabelas, fotos, etc. Monografia: faz menção a um trabalho acadêmico mais simples, o qual servirá como treino para futuros trabalhos científicos como a dissertação ou tese. A monografia tem como objetivo refletir sobre um tema e resultar numa investigação. Apresenta abordagem de análise, crítica, reflexão e aprofundamento por quem desenvolve a monografia. Vale ressaltar que a monografia é usada como um trabalho de conclusão de curso de graduação (TCC). Leitura e Produção de Texto Leitura e Produção de Texto56 57 Sumário: é um resumo dos pontos principais de livro, discurso, exposição, dissertação, tese. Tem a função de indicar em poucas linhas, no início do capitulo o assunto a ser tratado, geralmente apresentada pela indicação de números de páginas em que as divisões estão localizadas. Tese: é um tipo de trabalho monográfico expositivo-argumentativo exigido pelas universidades para obter o título de doutor de um estudante de pós-graduação stricto sensu. E, atenção, se difere da dissertação de mestrado, porque esta é um trabalho que procura demonstrar os resultados de uma investigação, já a tese apresenta um caráter de originalidade, o doutorando deve defender uma ideia, um método, em especial, uma descoberta, após uma busca de pesquisa extensa. Após esse caminhar todo, a questão que vale ser retomada desde o nosso iniciar de conhecimento é: O que aprendemos com os gêneros textuais? Em cada texto aqui estudado, vimos muitas características específicas de texto, neste último, vimos os processos de construção na área acadêmica. O que fica de conclusão é a importância de desenvolvermos a consciência de como a linguagem se faz e que acaba por traçar gêneros textuais. Ao falarmos em gêneros, lembramos que há as histórias em quadrinhos, o poema, o e-mail etc. São textos que percorrem o mundo e apresentam funções específicas para transmitir uma informação dentro de um caráter único, que está inserido dentro de um dado gênero. Aliás, além dessas peculiaridades de um gênero discursivo, também, enfrentamos a coerência e a coesão a fim de encadear a comunicação de um modo eficaz. Atividade de aprendizagem Sugiro que você faça a leitura no site, disposto a seguir, sobre os gêneros acadêmicos existentes e amplie seu conhecimento. Manual de Gêneros acadêmicos: Resenha, Fichamento, Memorial, Resumo Científico, Relatório, Projeto de pesquisa, Artigo científico/paper, Normas da ABNT, escrito por Magna Campos. E desenvolva um hand-out, expondo os pontos principais. Disponível em: http://www.academia.edu/10981399/Manual_ de_g%C3%AAneros_acad%C3%AAmicos_Resenha_Fichamento_ Memorial_Resumo_Cient%C3%ADfico_Relat%C3%B3rio_Projeto_de_ Pesquisa_Artigo_cient%C3%ADfico_paper_Normas_da_ABNT. Leitura e Produção de Texto Leitura e Produção de Texto58 59 BAHTKIN, M. Os gêneros do discurso. In: Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1992. BEAUGRANDE, R. de. New foundations for a Science of Text and Discourse: Cognition, Comunication, and the Freedom of Acess to Knowledge and Society. Cidade: Norwood: Ablex, 1997. COSTA, S. R. Dicionário de gêneros textuais. 3. ed. ampl.; 1. reimp. – Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2014. FÁVERO, L. L. Intencionalidade e aceitabilidade como critério de textualidade. Linguística textual – texto e leitura. Série cadernos PUC, 22. Cidade: editora, p. 31-37,1986. KLEIMAN, A. L. Abordagens da leitura. Belo Horizonte: Scripta, vol. 7-14, p.13 – 22, 2004. MILLER, C.R. Genre as Social action. In: Freedman,A. & Medway, P. (orgs.) (1994). Genre and the New Rethoric. London: Taylor & Francis, pp. 22-42, 1984/1994 (originalmente publicado em: Quartely jornal of speech). SCHNEUWLY, Bernard. Palavra e ficcionalização: um caminho para o ensino da linguagem oral. In: SCHNEUWLY, B. & DOLZ, J. Gêneros orais e escritos na escola. Tradução e organização Roxane Rojo e Glaís Sales Cordeiro. Campinas (SP): Mercado de Letras, 2004. REFERÊNCIAS Suzan de Mattos Leão Ferreira Pós-graduada em Tradução e Metodologia do Ensino da Língua Inglesa (Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUC), graduada em Letras – Português/inglês (Centro Universitário Autônomo do Brasil – UniBrasil), ministro aulas de língua portuguesa para estrangeiros e inglês, bem como desenvolvo material e aplico treinamentos aos novos professores com relação a metodologia para estudantes estrangeiros. Reviso e escrevo materiais para instituições e sites. Currículo do professora-autora Leitura e Produção de Texto60
Compartilhar