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1
LEITURA E 
PRODUÇÃO DE TEXTO
Suzan de Mattos Leão Ferreira
2018
Curitiba – PR
Editora São Braz
Leitura e Produção de Texto 3
Sumário
Aula 1 Leitura e Produção de Texto
Recursos linguísticos de leitura 
e produção de texto: coesão e 
coerência
14
27
1.Gênero TexTual
2.1. recursos linGuísTicos de leiTura e produção e TexTo
Tabela 1.1 Tipos de Gêneos que circulam
1.1 coesão
1.1 o Gênero TexTual é um esTudo que não é novo, porém esTá 
na moda
1.1.2 Gêneros textuais na oralidade e na 
escrita
2.1.1 Coerência
- Intensionalidade
- Aceitabilidade
- Situacionalidade
- Intertextualidade
- Informatividade
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28
17
31
18
21
34
34
35
35
35
36
Aula
2
Aula
1
Leitura e Produção de Texto4
Procedimentos de leitura e 
interpretação de texto: relação 
entre recurso linguísticos e efeitos 
de sentidos no texto
Processos de produção de texto 
dentro dos principais textos 
acadêmicos
38
49
1. procedimenTos de leiTura e inTerpreTação de TexTo
1. TexTos acadêmicos
- meTalinGuaGem
- Função poéTica nos TexTos
- Função emoTiva nos TexTos
- caixa alTa
- neGriTo
- iTálico
- inTerjeição
- absTraTos
- arTiGo cienTíFico
- Conferência
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51
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Aula
4
Aula
3
Leitura e Produção de Texto Leitura e Produção de Texto6 7
FICHA TÉCNICA
Direção Geral
Silvio Nobuyuki Akiyoshi
Diretor Comercial
Vagner Cauneto
Coordenadora Acadêmica
Renata Ballarini Troiani Vicentini
Coordenação do Curso
Fábio Vaz dos Santos - Teologia
Leandra Felicia Martins - Pedagogia
Coordenação de Educação a Distância
Wanderlane Gurgel do Amaral
Projeto Instrucional
Materson Christofer Martins
Wanderlane Gurgel do Amaral
Diagramação
Renata Ballarini Troiani Vicentini
Lucas Gomes da Conceição
© Faculdade São Braz
Este livro foi elaborado para Faculdade São Braz
.
Os ícones são elementos gráficos utilizados para ampliar as formas de linguagem e 
facilitar a organização e a leitura hipertextual. 
Glossário
Indica a utilização de um termo, palavra ou expressão no texto.
Mídias integradas
Sempre que se desejar que os estudantes desenvolvam atividades 
empregando diferentes mídias: vídeos, filmes, jornais, ambiente AVEA e 
outras.
Atividades de aprendizagem
Apresenta atividades em diferentes níveis de aprendizagem para que o 
estudante possa realizá-las e conferir o seu domínio do tema estudado.
Saiba mais
Oferece novas informações que enriquecem o assunto, ou “curiosidades” e 
notícias recentes relacionadas ao tema estudado.
Atenção!
Indica pontos de maior relevância no texto.
Leitura e Produção de Texto Leitura e Produção de Texto8 9
GUIA DA DISCIPLINA
 Esse guia da disciplina e as rotas de aprendizagem fornecem um direcionamento para 
os estudos, por isso, podem ser acessados a qualquer momento do percurso da disciplina. Lembra-
mos ainda, que o tutor online é o seu primeiro ponto de apoio nesse processo educacional, conte 
com ele sempre que desejar. 
1- Título da Disciplina 
Leitura e Produção de Textos
2- Carga Horária 
2.1 Carga horária total: 40 horas
 2.2 Carga-horária presencial: encontros obrigatórios realizados uma vez por mês na 
instituição. Este momento é destinado à interação com o tutor presencial e colegas de turma para 
a discussão e socialização das temáticas estudadas. Para integração dos conhecimentos, serão 
propostas atividades em equipe (como apresentações, pesquisas, discussões e outros). 
 2.3 Carga-horária a distância: horas de estudos com orientação dos tutores on-line. 
Esses estudos incluem vídeo aulas, participação em fóruns, chats e outras atividades no ambiente 
virtual de aprendizagem. 
3- Ementa
 Ementa: Estudo de Gênero textual (noção bem básica de distinção de tipos de textos 
diversos que circulam socialmente) e recursos linguísticos de leitura e produção de texto: coesão e 
coerência. Procedimentos de leitura e interpretação de texto: relação entre recursos linguísticos e 
efeitos de sentidos nos textos. Processos de produção de texto: resumo, síntese, relatório, resenha 
(principais textos acadêmicos).
4- Objetivos Geral 
4.1 Objetivos Específicos:
5- Programa
 6- Metodologia
 Você estará em contato com os colegas e com os tutores por meio de uma sala de 
aula virtual exclusiva para a disciplina. Esta sala de aula virtual está sediada no MOODLE, um 
programa computacional conectado à Internet. No ambiente virtual de aprendizagem a disciplina 
está organizada em rotas de aprendizagem. A rota de aprendizagem apresenta-se como um apro-
fundamento detalhado deste plano de ensino da disciplina. Cada etapa das rotas de aprendiza-
gem tem duração semanal e iniciam com atividades de sensibilização e contextualização sobre 
as temáticas a serem estudadas nessa disciplina. Após a semana destinada à sensibilização e 
contextualização, você inicia a leitura do material didático (livro) e assiste às videoaulas. É impor-
tante observar os horários dos chats para a discussão e interação com os colegas do curso e com 
o tutor online. Nas rotas de aprendizagem também estão previstas atividades online. Você poderá 
realizar as atividades sugeridas e dialogar com os seus colegas de estudo e tutores. A organização 
das rotas de aprendizagem prevê, por módulo, dois encontros presenciais obrigatórios no polo 
de apoio. Durante os encontros presenciais com sua turma, serão propostas atividades para você 
resolver nos momentos presenciais, seja individualmente ou em grupo, com a supervisão do tutor 
do seu polo.
 7- Avaliação
 7. Avaliação
 A avaliação da aprendizagem se efetiva no percurso da disciplina, a partir das ativ-
idades realizadas no ambiente virtual de aprendizagem, por meio da efetivação das leituras e 
das videoaulas, da participação nos fóruns, desenvolvimento de pesquisa, produção de textos e 
outros.
 A avaliação presencial acontecerá ao término da disciplina, presencialmente e sem 
consulta. Lembre-se de agendar sua avaliação, conforme cronograma acadêmico.
A média para a aprovação na disciplina deve ser igual ou superior a 7,0.
Leitura e Produção de Texto10
7.1 Sistema de Avaliação da Disciplina
 As atividades desenvolvidas no ambiente virtual de aprendizagem durante a disciplina 
serão avaliadas e a soma das notas alcançadas em todas as diversas atividades fará a composição 
da sua média na disciplina.
 Observe o sistema de avaliação para a disciplina que você está cursando:
7.2 Segunda Chamada
 Caso você não realize a Avaliação Presencial, poderá realizar a Segunda Chamada na 
semana seguinte. Esta avaliação terá o mesmo formato e peso para composição de notas que 
a Avaliação Presencial. Para a Segunda Chamada, também é necessário fazer o agendamento, 
conforme Cronograma.
7.3 Exame Final
 Caso não atinja essa média, você poderá realizar uma avaliação de Exame Final, desde 
que sua média não seja inferior a trinta (5,0). 
 No Exame Final será aprovado o aluno que obtiver grau numérico (nota) igual ou supe-
rior a 5,0 na média aritmética entre o grau do Exame Final e a média do conjunto das avaliações 
realizadas. Alunos que não obtiverem a nota mínima de 5,0 estarão reprovados. 
Leitura e Produção de Texto12
 Olá estudante. Bem-vindo, bem-vinda a este novo caminhar, juntos trilharemos leituras 
muito relevantes para o uso do nosso dia a dia. Vamos abordar acerca da Leitura e produção 
de texto neste novo aprender. Considerando os gêneros textuais que circulam socialmente, 
juntamente com as formas no processo do escrever, tais como a coesão e a coerência. Bem como 
aos procedimentos de leitura e interpretação de texto, e tipos de trabalhos realizados no âmbitoacadêmico com relação à escrita. 
 Observaremos, portanto, a importância de como se realiza a leitura e o desenvolvimento 
da produção de texto no meio da escrita. Afinal, a língua com o passar do tempo, alinha novas 
maneiras de se produzir e, com isso, o meio da escrita acaba por inserir novos aspectos na maneira 
de transmitir um dado a partir da modificação da língua que gera novas inserções no processo 
de escrever e, com estes aspectos únicos geram gêneros diferentes, veremos, também, como o 
uso dos recursos de sinalizações acabam por refletir uma mensagem com sentido de modo mais 
específico, dando valor e/ou vida de quem escreve para quem vai ler. 
 Não esqueça, aliás, sobre a importância das interações no ambiente virtual de 
aprendizagem que a nossa faculdade disponibiliza a você. Tudo o que estudarmos aqui, estará 
disposto para você ampliar ainda mais o que foi estudado e dar um suporte ainda mais forte 
para o seu conhecimento, sinta-se à vontade para utilizar esse ambiente virtual para tirar as suas 
futuras dúvidas e se apropriar ainda mais deste saber. 
 
 Lhe desejo bons estudos! 
 Professora Suzan de Mattos Leão Ferreira.
Palavra do professor-autor
Leitura e Produção de Texto Leitura e Produção de Texto14 15
Aula 1
Leitura e produção de texto
 Olá estudante, hoje na nossa primeira aula, eu e você vamos aprender 
o Estudo de Gênero textual, caminharemos o nosso olhar dentro da distinção de 
tipos de textos que circulam socialmente. Vamos lá andar por este novo saber 
ou aumentarmos o seu conhecimento sobre este tema?
 O Estudo de gênero textual é um modo de classificar os textos. E 
quando há um leque de características específicas, são determinadas em um 
dado gênero textual. E, são muitas as situações comunicativas que produzem 
um tipo de produção de texto, como por exemplo: falar em público, o qual 
apresenta situações formais e informais, dependendo do contexto em que 
se está inserido. Ou, escrever uma carta de apresentação ou uma carta para 
um amigo próximo, um e-mail pessoal ou profissional, escrever um relatório, 
escrever um texto para um exame seletivo. 
 A partir disso podemos ver que os gêneros textuais dependem 
das diferentes formas de linguagens empregadas nos textos ou situações 
comunicativas, nos quais buscam alcançar intenções de comunicação, exercendo 
dentro de um dado contexto, funções específicas. 
Figura 1.1: Falar em público
Fonte: © Freepik
Leitura e Produção de Texto Leitura e Produção de Texto16 17
 Cada gênero textual apresenta um estilo único e é diferenciado por 
conta de certas características. E quando falamos dessas certas características, 
muito vai depender, também, do assunto, do papel dos interlocutores e da 
situação. 
 E ao falarmos em gêneros textuais, Bakhtin é, com certeza, uma das 
principais referências para o nosso estudo. E, de acordo com Schnewly, Dolz e 
colaboradores (2004), a ideia desse autor pode ser resumida desse modo:
 • para cada esfera de troca social, há uma elaboração de tipos 
“estáveis de enunciados: os gêneros”;
 • “há três elementos que os caracterizam: conteúdo temático – estilo 
– construção composicional, ou seja, a forma da sua construção”; 
 • e, a escolha de um gênero vai ser determinada diante da esfera situada, 
das “necessidades da temática, do conjunto dos participantes e da 
vontade enunciativa ou intenção do locutor”.
 E é importante fazermos uma grande pausa neste momento e nos 
alertar para esta chamada: vamos lembrar que a partir do momento que 
pensamos em linguagem, esta é estabelecida pelos usos sociais, dessa maneira, 
os gêneros textuais estão sempre se renovando, porque a nossa língua está 
sempre mudando, afinal, a língua é viva e diante disso, temos uma rica 
construção e renovação dentro dos gêneros textuais. Por exemplo, as cartas de 
antigamente ganham hoje outro modelo por conta da configuração da internet, 
assim, temos muito o uso dos e-mails, dos messengers, os quais receberam vida 
e espaço no nosso dia a dia. No entanto, não há um consenso definido com 
relação à classificação dos gêneros textuais, mesmo que as produções de textos 
indiquem a classificação dos gêneros. Shneuwly e Dolz (2004) apresentam uma 
divisão de acordo com as semelhanças e situações de produção dos gêneros. A 
seguir há uma tabela, na qual apresentam alguns gêneros socialmente comuns: 
1.1 O gênero textual
 Cabe lembrar que há outras formas de classificação, porém o mais 
importante é que as características dos gêneros textuais sejam trabalhadas e 
que venhamos compreender o seu uso, afinal, ao falarmos, escrevermos ou 
ouvirmos um texto, já podemos fazer a sua antecipação do que será abordado 
por conta do conhecimento prévio que temos sobre os gêneros. Porque quanto 
maior for o contato com os diversos gêneros textuais maior será a capacidade 
de um leitor identificar e refletir sobre os mecanismos construídos e atribuir 
sentido ao que se lê. 
 Bom, vamos sondar alguns gêneros textuais. Me acompanhe! Mas, 
vamos cuidar para não nos confundirmos.
 Gêneros literários – são os que vão depender da estrutura 
do texto, do conteúdo, dos textos literários e são divididos em três gêneros 
literários: lírico (expressão sentimentos e emoções, apresentam função poética), 
épico (presença de um narrador para contar a história) e dramático (contam 
uma história com o recurso de diálogos ou monólogos). 
 Tipo textual – é como um texto se apresenta e podemos classificá-
lo como narrativo (apresentam narrador, enredo personagens, espaço e 
tempo, clímax e conflito e conclusão dos fatos, encontrados em conto, novela, 
fábula), argumentativo (objetiva-se em defender uma ideia ou ponto de vista, 
encontrados em teses), dissertativo (texto argumentativo e opinativo, expõe 
Leitura e Produção de Texto Leitura e Produção de Texto18 19
opinião de forma clara), descritivo (caráter de envolver a descrição de algo) , 
informal ou injuntivo, em outras palavras, injuntivo é a indicação para realizar 
algo, por exemplo, uma receita de bolo, bula de remédio, manual de instruções, 
editais e propagandas.
 Retomando o que já estudamos até aqui, mas nas palavras de Marcuschi 
(2005): Gênero textual é a expressão que utilizamos ao nos referirmos aos textos 
formalizados que encontramos no cotidiano e que apresentam características 
sociais e comunicativas definidas por conteúdos, propriedades funcionais, estilo 
e composição específicos. 
 Os gêneros textuais são inúmeros e a cada um deles há um estilo 
específico de escrita e de estrutura. E, por mais que seja um assunto de uso 
frequente e muito comentado, o estudo do gênero textual está sempre na moda. 
No Ocidente, já ganhou vida há vinte e cinco séculos, se virmos a considerar que 
a sua observação sistemática se perpetuou em Platão. O que temos hoje é uma 
nova visão deste tema, porque como já lemos anteriormente, no processo da 
língua mudar constantemente, se faz necessário a atualização dos gêneros por 
conta do que foi ou é inserido em um dado momento do tempo.
 A expressão “gênero” esteve, na tradição ocidental, muito ligada 
aos gêneros literários, no qual a análise veio a se iniciar com Platão, para se 
sustentar com Aristóteles, passando por Horácio e Quintiliano, na Idade Média, 
no Renascimento e na Modernidade, até o iniciar do século XX. Hoje em dia 
a nomenclatura de gênero não é apenas associada à literatura, assim lembra 
Swales (1990, p. 33), ao afirmar que “hoje, gênero é facilmente usado para 
referir uma categoria distintiva de discurso de qualquer tipo, falado ou escrito, 
com ou sem aspirações literárias”. E a partir dessa citação podemos perceber 
a noção de gênero textual em etnografia, sociologia, antropologia,retórica e 
linguística e, é nesta última instancia que cabe analisar de noção de gênero. 
1.1.1 O gênero textual é um estudo que 
não é novo, porém está na moda
 Aristóteles é quem criou uma teoria sistemática com relação aos 
gêneros e sobre a natureza do discurso, em seu livro Retórica (1358a), o escritor 
menciona sobre três elementos que compõem o discurso:
 • aquele que fala;
 • sobre aquilo que se fala e;
 • aquele a quem se fala.
 E, ainda, para Aristóteles, existe dentro do discurso três tipos de 
ouvintes:
 • como espectador que olha o presente;
 • como parte que olha para o futuro;
 • como o juiz que julga o passado.
 Dentro desses três tipos de julgamento posicionados por Aristóteles há 
a associação de três gêneros de discurso retórico:
 • discurso deliberativo;
 • discurso judiciário;
 • discurso demonstrativo.
 O discurso retórico é aquilo que é relacionado com a oratória e a 
dialética, pertence a um grupo de normas que faz com que o orador possa se 
comunicar com clareza. E dentro do discurso deliberativo apenas servia para 
aconselhar ou não e, voltava-se para o futuro por ser próprio da natureza; com 
relação ao discurso judiciário, obtinha a função de acusar ou defender e paira 
sobre o passado, já o discurso demonstrativo apresentava um caráter de elogio 
ou censura, posicionando-se na ação presente. 
 Nos dias de hoje, o estudo de gêneros textuais é algo em vigor, no 
entanto com uma perspectiva diferente de Aristóteles. Bhatia (1997) faz uma 
revisão sobre este tema e, para Candlin, conforme citou Bhatia (1977, p. 629), 
gênero se trata de “um conceito que achou o seu tempo”. E há muitas áreas 
diversas que estão interessadas por este estudo, como: sociólogos, tradutores, 
analistas dos discursos, linguistas da computação etc.
Leitura e Produção de Texto Leitura e Produção de Texto20 21
 Portanto a análise dos gêneros compreende uma análise de texto e do 
discurso que acaba por atuar na descrição da língua e da visão da sociedade, 
no qual tenta vir a responder questões de âmbito sociocultural no uso da língua 
de modo geral. Podemos a partir desse alinhar de pensamentos observar que 
os gêneros estão correlacionados a língua de seu cotidiano nas mais diversas 
formas.
 A partir do estudo de gêneros podemos ver o funcionamento da 
sociedade, é uma área fértil, com atenção especial diante do funcionamento da 
linguagem e para as atividades culturais e sociais.
Fonte: © Freepik
Você Sabia?
Segundo Carolyn Miller (1984), 
os gêneros são vistos como uma 
‘forma de ação social”, em que 
se baseiam diante da estrutura 
comunicativa da sociedade. E nos 
leva a ideia de que gênero está 
dentro de:
• uma categoria cultural
• esquema cognitivo
• forma de ação social
• uma estrutura textual
• uma forma de organização 
social
• uma ação retórica
 Após toda a nossa reflexão realizada 
até este momento, vamos sondar a partir de 
um quadro geral, uma tentativa de distribuição 
de gêneros que circulam dentro da oralidade 
e da escrita focado dentro dos respectivos 
domínios discursivos. 
 Lembrando que é apenas uma breve 
relação que não vem a ser definitiva e muito 
menos representativa. Afinal, a questão 
do domínio discursivo está vinculada aos 
enquadres globais de ordenação comunicativa, 
secundário oriundas as práticas sociodiscursivas 
orais e escritas que produzem e/ou criam um 
gênero.
 Vamos juntos caminhar dentro deste 
1.1.2 Gêneros textuais 
na oralidade e na escrita
quadro de gêneros textuais associado a domínios discursivos e modalidades?
Leitura e Produção de Texto Leitura e Produção de Texto22 23
 Esta lista nos mostra algo muito singular, ou seja, os domínios 
discursivos mais produtivos em diversidades no âmbito textual e outros mais 
resistentes. E de certa forma nos parece haver mais gêneros textuais na escrita 
do que na fala e seria de grande surpresa se fizéssemos um quadro considerando 
as diversas culturas.
Leitura e Produção de Texto Leitura e Produção de Texto24 25
 Dessa maneira, podemos juntos afirmar que os gêneros se apresentam 
como formas heterogêneas, sociodiscursivo-enunciativas, tanto orais como 
escritas, vinda de acordo com a tradição e com a cultura – vista ontem e hoje. 
Mesmo que venha a ser limitado pelo espaço, podemos tentar compensar 
tal limitação pela expressão temporal, social e discursiva, no qual podemos 
abranger definições, características, informações e conectar a princípios teóricos 
que norteiam certas concepções de gêneros discursivos e textuais.
 O que aprendemos com tudo isso? 
 Fizemos um longo caminhar até aqui e, muito bem, chegamos e 
finalizamos com êxito um assunto muito pertinente do nosso cotidiano. Junto 
com o meu saber e o seu, realizamos uma boa troca de saber e desenvolvemos 
ainda mais.
 A partir de tudo o que já vimos com muita atenção, podemos definir 
que os gêneros textuais andam junto com a sociedade, em especial, com a 
língua e, como já mencionado antes, a língua por ser de natureza viva, conforme 
passe o tempo carrega em si, muitas transformações e, contudo, o gênero 
textual precisa acompanhar. 
 Sutilmente Bhatia (1977, p 629), mencionou que o gênero se trata 
de “um conceito que achou o seu tempo”, essa frase é tão verdadeira, 
quanto lógica, pois é nesse caminhar todo que a língua perfaz o gênero e, por 
consequência, perfaz junto e cria novas formas, com estilos únicos. 
 Notamos de modo geral que os gêneros textuais vão depender da 
forma com a qual a linguagem é inserida nos textos ou situações comunicativas, 
que busquem alcançar intenções de comunicação, exercendo dentro de um 
contexto, funções específicas. 
 E diante desse fato os domínios discursivos vão produzir modelos de 
ação discursiva que se estabilizará e transmitirá de geração para geração com 
propósitos definidos e por conta das distintas práticas sociais desenvolvidas 
nos variados domínios discursivos podemos definir que nosso comportamento 
discursivo agirá de modo diferente diante da situação e ou local inserido, como 
por exemplo, padrão de postura dentro de uma igreja ou da casa de um amigo.
Lembramos ainda um fato de cunho importante, gêneros literários reúnem 
um conjunto de obras que possuem características específicas, sendo elas: 
dramáticas, épicas e líricas. E tipo textual é como um texto será apresentado 
e poderemos classificar como narrativo, dissertativo, descritivo, informal ou 
injuntivo. Lembra o que significa injuntivo, se refere, por exemplo a uma receita 
de bolo, manual de instruções, etc.
 Recapitulemos também que a expressão gênero sempre esteve presente, 
dentro da tradição ocidental e, quem nos deu base para o seu estudo foi Platão 
para sustentar Aristóteles, passando por Horácio e Quintiliano, Idade Média, no 
Renascimento e na Modernidade até chegar o século XX. Observemos que hoje 
a nomenclatura de gênero não está apenas ligada à literatura. Aristóteles foi 
quem criou uma teoria sistemática aos gêneros e sobre a natureza do discurso, e 
mencionou sobre três elementos de fundamentais importâncias na composição 
do discurso. Você lembra quais são eles. Vamos juntos recordar: primeiro, aquele 
que fala, segundo, sobre aquilo que se fala e terceiro, aquele a quem se fala. E 
nós temos três tipos de ouvintes, de acordo com Aristóteles: como espectador 
que olha para o presente; como parte que olha para o futuro; como o juiz que 
julga o passado. E há dentro desse julgamento já mencionado a associação 
de três gêneros de discurso retórico: discurso deliberativo; discurso judiciário; 
discurso demonstrativo. 
 Dessa maneira, a análise dos gêneros compreende uma análise de 
texto e do discursopermeada a partir da língua e da visão da sociedade, dentro 
de seu cotidiano nas mais diversas formas. 
 Nesta aula você aprendeu que a língua é natureza viva, que sofre 
transformações e, que os gêneros textuais precisam acompanhar essas 
transformações. Nesse sentido pesquise, liste e justifique gêneros textuais que 
passaram por tal processo. 
Leitura e Produção de Texto Leitura e Produção de Texto26 27
Atividade de aprendizagem
A fim de aumentar o seu conhecimento com relação aos gêneros textuais. 
Proponho a leitura sobre Gêneros Textuais no processo de ensino-
aprendizagem, de Rosa Maria Nechi Verceze. E faça um resumo apresentando 
os principais pontos deste artigo.
Aula 2
Recursos linguísticos de leitura 
e produção de texto: coesão e 
coerência
Leitura e Produção de Texto Leitura e Produção de Texto28 29
 Olá estudante, estamos aqui mais uma vez para fazermos novas 
descobertas juntos. Nesta aula estudar sobre os recursos linguísticos de leitura 
e produção de texto: coesão e coerência. Sigamos para mais uma aula cheia de 
novidades!
 Recordemos que na aula anterior vimos sobre os gêneros textuais. 
Revisemos, rapidamente, a língua, que por ser um elemento que possui vida 
e se transforma, acaba por modificar os gêneros textuais. Por sua vez, estes 
acompanham a língua e todo o processo vigente de um dado tempo. Temos 
como um exemplo, bem claro, o uso da internet, o qual nos trouxe outras 
características de uso, gerando novos gêneros, além do e-mail, temos os 
messengers, WhatsApp, e assim por diante, cada ferramenta dessas apresentam 
um estilo único e faz ocorrer a transformação necessária dentro de nossos 
gêneros.
 Há uma citação muito pertinente para começarmos a nossa aula, foi 
Pierce que afirmou : “A palavra é o signo que o homem usa para dizer a si 
mesmo” (C.S. Pierce, Collected papers).
 A comunicação linguística, ou a produção discursiva de modo geral, 
não acontece de forma isolada, como por exemplo: fonemas, morfemas ou 
palavras soltas, contudo acontece em unidades maiores, ou seja, por textos. 
 Os textos são resultados de uma ação linguística em que as fronteiras 
são em geral delineadas por seus veículos com o mundo dentro do sistema que 
se segue. O texto é como um tecido estruturado, uma entidade significativa, 
tanto de comunicação como de artefato sociohistórico. De certa maneira 
podemos afirmar que o texto é uma (re)construção do mundo e não uma mera 
refração ou reflexo. Voltemos a usar Bakthin em nosso estudo, a ideia dele é 
de que, da linguagem ela vem “refratar” o mundo e não refletir, seria o caso 
de afirmarmos também que que do texto que ele “refrata” o mundo vai sendo 
construído na medida em que o ordena e reconstrói. 
2.1 Recursos linguísticos de leitura e 
produção de texto
 Portanto o texto, nas palavras de 
Beaugrande (1997), ele destaca que “o texto 
é um evento comunicativo em que convergem 
ações linguísticas, sociais e cognitivas”. 
 A linguística adotada no texto, 
surgiu por volta dos anos 60 do século XX, 
e trabalha atualmente dentro da produção 
bem como da compreensão dos textos orais 
É importante notar que uma 
produção pode ser considerada 
texto mesmo que a coesão não 
venha a ser identificado!
e escritos. No início apenas se ocupava com os textos escritos e com o processo 
de produção. Depois dos anos 1990 os interesses e objetivos se ampliaram.
Atenção!
Você Sabia?
Caso você tenha interesse 
de saber mais sobre o 
desenvolvimento da linguística de 
texto dentro dos últimos 30 anos, 
você poderá ver os trabalhos 
de Marcuschi (1983), Ingedore 
Koch (1999) e Ana Christina 
Bentes (2001). Recentemente foi 
publicado o trabalho de Irandé 
Antunes (2005) – Lutar com as 
palavras. Coesão e Coerência. 
São Paulo: Parábola Editorial.
 Cabe fazer uma grande ênfase neste 
momento, hoje não usamos mais a expressão 
“gramática de texto”, porque ela dá a ideia 
de que podemos identificar um conjunto de 
regras de boa forma de escrita textual, o qual, 
sabemos que é impossível de se estabelecer, 
porque um texto não é um tipo de unidade 
que podemos definir e determinar dentro de 
um conjunto de propriedades componenciais 
e intrínsecas e, não é a partir de um 
emaranhado de regras formais que geramos 
textos adequados. 
 • “a linguística textual é uma 
perspectiva de trabalho que 
observa o funcionamento da 
língua em uso e não in vitro. Trata-se de uma perspectiva orientada 
por dados autênticos e não pela introspecção, mas, apesar disso, sua 
preocupação não é descritiva;
 • a linguística textual se funda numa concepção de língua em que a 
preocupação maior recai nos processos (sociocognitivos) e não no 
produto;
Leitura e Produção de Texto Leitura e Produção de Texto30 31
 • a linguística não se dedica ao estudo das propriedades gerais 
da língua, como o faz a linguística clássica, que se dedica aos 
subdomínios estáveis do sistema, tais como a fonologia, a morfologia 
e a sintaxe, reduzindo assim o campo de análise e descrição;
 • a linguística textual dedica-se a domínios mais flutuantes ou 
dinâmicos, como observa Beaugrande (1997), tais como a 
concentração de enunciados, a produção de sentido, a pragmática, 
os processos de compreensão, as operações cognitivas, a diferença 
entre gêneros textuais, a inserção da linguagem em contextos, 
o aspecto social e o funcionamento discursivo da língua. Trata-se 
de uma linguística da enunciação em oposição a uma linguística do 
enunciado ou do significante;
 • a linguística tem como ponto central de suas preocupações atuais as 
relações dinâmicas entre teoria e prática , entre o processamento e o 
uso do texto.”
 Portanto, para a linguística de texto a perspectiva de trabalho com 
a língua recusa a noção de autonomia de língua. O texto não é um tipo de 
artefato linguístico, mas se alinha a linguagem inserida no campo comunicativo. 
Marcuschi (2008, p. 89), ainda, três aspectos para a textualidade:
 • “primeiro: um texto não é um artefato, um produto, mas é um evento 
(uma espécie de acontecimento) e sua existência depende de que 
alguém o processe em algum contexto. É um fato discursivo e não 
um fato de sistema de língua. Dá se na atividade enunciativa e não 
como uma relação de signos.
 • segundo: um texto não se define por propriedades imanentes 
necessárias e suficientes, mas por situar-se num contexto 
sociointerativo e por satisfazer um conjunto de condições que 
conduz cognitivamente à produção de sentidos.
 • terceiro: a sequência de elementos linguísticos será um texto 
na medida em que consiga oferecer acesso interpretativo a um 
indivíduo que tenha uma experiência sociocomunicativa relevante 
para a compreensão.”
 Desse modo, fica claro que trabalhar ou operar com textos é uma 
madeira de colocar uma cultura e dominar a língua, mas ressalvemos aqui, 
que, não importa a quantidade de problemas de ortografias existentes no corpo 
de um texto, porque ele trará efeitos desejáveis se posicionado dentro de uma 
cultura e caminhar por pessoas que tenham domínio da língua ao ser escrito.
 A partir deste momento, eu e você iremos falar sobre coesão e 
coerência. Já ouvimos falar deles em algum dado momento de nossas vidas, 
mas agora vamos nos aprofundar um pouco mais. Vamos lá!
 A coesão possui o aspecto mais relevante com relação a textualidade. 
Ela dá conta da forma estrutural da sequência do texto. Apresenta padrões 
formais a fim de realizar a transmissão de conhecimentos e sentidos.
 Em outras palavras, a coesão faz referência aos caminhos pelos quais 
os componentes da superfície do texto e das palavras inseridas realizam contato 
e acabam por conectar entre si.Com base nas regras gramaticais, os elementos da superfície 
apresentam uma relação de dependência entre si com o objetivo de melhor 
codificar os sentidos fora do texto, intencionando inserir dentro da noção de 
coesão o que não está claro ou explícito, porém que pode se subentender.
 Apenas com a superfície do texto não será decisivo para haver o 
entendimento do mesmo, mas a interação entre a coesão e os outros padrões, 
aqui chamados de fatores, de textualidade será necessária para existir uma 
comunicação.
 Portanto, a coesão está relacionada à conexão das ideias dentro do 
corpo de um texto e às colocações que fazemos. A ideia é que haja um fluxo, 
o qual facilite a leitura. Ao lermos um texto e este não nos parecer cansativo, 
podemos afirmar que está coeso.
 Um texto não é somente uma sequência de frases bem formadas. 
2.1.1 Coesão
Leitura e Produção de Texto Leitura e Produção de Texto32 33
 A sequência necessita preencher certos requisitos. A coesão é a parte 
da linguística textual que determinará um subconjunto notável desses requisitos 
de sequencialidade textual.
 Vamos ver um quadro da coesão sequencial neste gráfico.
Gráfico 2.1 - Coesão sequencial
Fonte: Luiz Antônio Marcuschi (2008)
Sequenciação Parafrástica
- Repetição lexical 
- Paralelismo 
- Paráfrases 
- Recorrência de 
- Tempo verbal 
Sequenciação Frástica
- progressão temática 
- encadeamento por justaposição 
 
 a) marcadores espaciais 
 b) marcadores conversa-
cionais 
 
- encadeamento por conexões
 a) relações lógico- semân-
ticas
 b) relações argumentativas 
 Este modelo é muito trabalhado em sala de aula, mas vejamos alguns 
desmembramentos para a sequenciação conectiva que pode ser deste modo:
Figura 2.2: Construção de um texto
Fonte: © Freepik
Gráfico 2.2 - Esquema dos processos de coesão conectiva
Operadores argumentativos 
1. oposição -mas, porém, contudo 
2. causa – porque, pois, já que 
3. fim – para, com o propósito de 
4. condição – se, a menos que, 
desde que 
5. conclusão – logo, assim, portanto 
6. adição – e, bem como, também 
7. disjunção – ou 
8. exclusão – nem 
9. comparação – mais do que, 
menos do que 
Operadores organizacionais
A – de espaço e tempo textual 
 - em primeiro lugar, em 2º lugar
 - como veremos, como vimos
 - neste ponto, aqui na 1ª parte
 - no próximo capítulo
B – metalinguísticos 
 - por exemplo, isto é, ou seja
 - repetindo em outras palavras
 - com base nisso, etc.
Fonte: Luiz Antônio Marcuschi (2008)
Leitura e Produção de Texto Leitura e Produção de Texto34 35
 A coesão acontece, como vimos nesses quadros, por meio de recursos 
conectivos ou referenciais. 
 A coerência se refere aos caminhos pelos quais os elementos do campo 
textual e a configuração dos conceitos e relações subentendidos no texto fazem 
sentido. Portanto, deve apresentar lógica e harmonia entre as ideias para que 
possa interligar de maneira clara, formando um todo, partes num contexto só. 
A coerência não é um tipo de realização local, no entanto, global, mesmo que 
possa ter um desenvolvimento local. A partir disso podemos perceber a distinção 
de coesão e coerência.
 A coerência apresenta uma relação de sentido que vai aparecer entre 
os enunciados, de modo geral de forma global e não localizada. A coerência faz 
com que haja continuidade de sentido no texto e a ligação dos próprios tópicos 
discursivos.
 De acordo com Beaugrande Dressler (1981), a coerência: 
 “(...) diz respeito ao modo como os componentes do universo 
textual, ou seja, os conceitos e relações subjacentes ao texto de superfície 
são mutuamente acessíveis e relevantes entre si, entrando numa configuração 
veiculadora de sentidos”.
 Intensionalidade
 Faz referência à atitude do emissor ao criar as correspondências que 
irão construir a coesão e a coerência do texto como instrumentos a fim de 
preencher as suas intenções de distribuir conhecimentos. Portanto, considera a 
intenção do autor como um importante fator para a textualização. 
 Com base na intencionalidade, o ato da fala, um enunciado, um texto, 
são feitos com um único objetivo, uma finalidade deve ser captada pelo leitor. 
Fávero (1986) menciona que:
 “(...) a intencionalidade, no sentido escrito, é a intenção do locutor 
de produzir uma manifestação linguística coesiva e coerente, ainda que essa 
2.1.2 Coerência 
intenção nem sempre se realize na sua totalidade, especialmente na conversação 
usual”.
 Aceitabilidade 
 Diz respeito à atitude que o receptor tem com o texto, a partir das 
ocorrências propiciadas pela coesão e coerência do texto. A aceitabilidade se 
realiza na medida direta das pretensões do autor, o qual indica ou sugere ao seu 
leitor alternativas estilísticas ou gramaticais que busquem efeitos especiais. 
 Situacionalidade
 É pertinente aos fatores que fazem com que um texto seja relevante 
para a situação da ocorrência. A escolha e o uso do texto serão decididos de 
acordo com a situação. A situacionalidade afeta os significados da coesão, 
exerce função para minimizar as várias possibilidades de interpretação de um 
texto com objetivo de se chegar à versão mais apropriada. A situacionalidade 
pode ser vista como um critério de adequação textual.
 Intertextualidade
 Dita a respeito à referência que um texto faz do outro. É responsável 
pela evolução de tipos de um texto como classes de textos com padrões de 
características. A intertextualidade ajuda na construção de sentidos do texto, 
permeando coerência textual. Para entendermos o uso da intertextualidade, há 
um jogo divertido chamando “não confunda”. Vamos lá
 • Não confunda “bife à milanesa” com “bife ali na mesa”
 • Não confunda “conhaque de alcatrão” com “catraca de canhão”
 Dentro da modalidade de intertextualidade, Koch destaca, as seguintes:
 a) intertextualidade de forma e conteúdo: qualquer é utilizado um 
determinado gênero textual, como por exemplo, a epopeia em um 
outro contexto não épico para termos um efeito especial;
 b) intertextualidade explícita: seriam as citações, discursos diretos, 
referência documentadas com fonte, resumo, resenhas.
 c) intertextualidade com textos próprios, alheios ou genéricos: citar 
Leitura e Produção de Texto Leitura e Produção de Texto36 37
textos sem autoria, como provérbios. 
 Informatividade
 Se refere à extensão em que as ocorrências que estão presentes dentro 
de um corpo do texto acontecem: são as esperadas ou as conhecidas e são as 
inesperadas ou as desconhecidas.
A força do texto está dentro da 
coesão, coerência e a intensão de 
vir a ser aceito como informati-
vo, mas o excesso de informação 
não faz com que seja melhor, no 
entanto, rompe com o fator de 
intencionalidade.
Atenção!
 O que aprendemos até aqui?
 Estudamos sobre os recursos 
linguísticos de leiturae produção de texto, 
em especial, a coesão e a coerência. E 
muito bem, chegamos a mais uma fase 
com um saber recheado de informações, 
agora vamos apenas relembrar os fatos 
importantes nesse nosso caminhar.
 O texto é como um grande tecido 
estruturado, uma entidade significativa, 
tanto de comunicação como de artefato 
sociohistórico. De certa maneira podemos afirmar que o texto é como uma (re)
construção do mundo e não uma mera refração ou reflexo. 
 E, ainda, a teoria da linguística de texto destaca que a perspectiva de 
trabalho com a língua recusa a noção de autonomia de língua. O texto não é 
um tipo de artefato linguístico, mas um alinhamento da linguagem inserida no 
campo comunicativo. 
 Enfatizamos, também, que produzir textos é um modo de inserir uma 
cultura e dominar a língua e que, o problema da produção não está no campo 
dos erros de grafia caso este texto esteja posicionado numa cultura ou, se foi 
produzido por pessoas que tenham domínio da língua em que ele será escrito
 Mais adiante vimos o sentido de coesão, lembra o que era? A coesão 
textual consiste no uso correto das articulações gramaticais e conectivos, afinal, 
por meio deles existe uma ligação dentro da frase. Já a coerência é aquilo que 
apresenta coesão e lógica num conjunto de ideias, apresentando assim, nexo e 
uniformidade. 
 Dentro da produção de texto vimos que existem alguns aspectos, 
sendo eles: a intencionalidade – a qual está correlacionada ao fato do emissor 
criar as correspondências que irão promover a coesão e a coerência do texto; 
aceitabilidade – destaca a atitude que o receptor tem com o texto, a partir 
das ocorrências vindas pela coesão e coerência; situacionalidade – parte da 
escolha e do uso do texto que serão decididos de acordo com a situação, exerce 
função para minimizar as várias possibilidades de interpretação de um texto 
com objetivo de se chegar à versão mais apropriada; intertextualidade –dita 
a respeito à referência que um texto faz do outro; informatividade – faz parte 
à extensão em que as ocorrências que estão presentes dentro de um corpo do 
texto, são as esperadas ou as conhecidas e as inesperadas ou as desconhecidas.
 Portanto o texto é o resultado de uma ação linguística, no qual as 
fronteiras são em geral estabelecidas por seus vínculos com o mundo em que 
surge e funciona. 
Atividade de aprendizagem
 Proponho a você a leitura do artigo A importância da coesão e 
da coerência em nossos textos, escrito por Áurea Maria Bezerra Machado, 
Cadernos do CNLF, Vol. XVI, Nº 04, t. 1 – Anais do XVI CNLF, pág. 83.
 Tal leitura lhe trará uma visão mais ampla acerca do que já 
estudamos com relação aos recursos linguísticos de leitura e produção 
dentro da coesão e da coerência. Agora você deve fazer a leitura e um 
fichamento, ou seja, fazer citações do artigo lido e abaixo explicar com as 
suas palavras o que a citação quis dizer. O material está disponível no site: 
http://www.filologia.org.br/xvi_cnlf/tomo_1/006.pdf.
Leitura e Produção de Texto Leitura e Produção de Texto38 39
Aula 3
Procedimentos de leitura e 
interpretação de texto: relação 
entre recursos linguísticos e 
efeitos de sentidos nos textos
 Olá estudantes, sigamos juntos para mais uma jornada. Estou muito 
orgulhosa pelo seu continuar e chegar até aqui. Hoje, veremos outro assunto de 
extrema importância, que são: os procedimentos de leitura e interpretação de 
texto, a relação entre os recursos linguísticos e os efeitos de sentidos nos textos.
 Na aula anterior, vimos sobre os recursos linguísticos de uma leitura e 
produção de texto, em especial, a coesão e a coerência. Recapitulando de modo 
geral, podemos perceber a importância da coesão e da coerência no processo 
de produzir um texto, o qual repercute além da conexão de uma frase para 
com a outra, pudemos perceber a importância na sua construção para poder 
promover um todo.
Figura 2.2: Construção de um texto
Fonte: © Freepik
Leitura e Produção de Texto Leitura e Produção de Texto40 41
 Ao escrevermos um texto, é necessário lembrar que iremos utilizar 
recurso ortográficos, a fim de demonstrar sentimentos e enfatizar efeitos, 
assinalar tanto términos quanto começos nos textos, como por exemplo: os 
sinais de pontuação, reticências, exclamações e as interrogações. Tais elementos 
utilizados como mecanismos para simbolizar, também, se juntam a outros 
recursos, como o uso do itálico, do negrito, do tamanho das fontes (letras e 
caracteres).
 A partir disso, podemos perceber que esses recursos atribuem novos 
sentidos no contexto textual. E isso faz ser necessário o conhecimento desses 
recursos ortográficos para interpretarmos o que o autor do texto tem a intenção 
de dizer. 
 O fazer uso desses recursos está inserido dentro dos textos narrativos, 
por exemplo, assim como também, dentro dos gêneros textuais, como já 
estudamos na nossa primeira aula. A utilização da metalinguagem e recursos 
retóricos de convencimento aos leitores são outros estilos usados nos textos 
para atribuir efeito de sentido em um dado texto.
 Vejamos agora alguns recursos ortográficos que norteiam o sentido 
dando base aos procedimentos de leitura e interpretação de texto.
 Metalinguagem – coloca em evidência a transmissão da 
comunicação. Esse fato ocorre quando falamos de si mesmos, da própria 
linguagem, etc. O código utilizado para atrelar a comunicação é o centro da 
mensagem, no qual explica a si mesmo. Tal função objetiva esclarecer, refletir, 
discutir no processo da comunicação em que se usa a linguagem para falar 
sobre ela mesma. Um bom exemplo disso está dentro da linguagem das bulas 
de remédios, dos dicionários etc.
 Um outro bom exemplo para demonstrar a utilização da metalinguagem 
é o programa de televisão chamado Vídeo Show, porque é usado o código 
3.1 Procedimentos de leitura e 
interpretação de texto
da televisão (programa de TV) para falar da própria televisão, ou seja, outros 
programas de televisão.
 Função Poética nos textos – neste caso, essa função está 
dentro dos poemas, prosas poéticas – literária, da publicidade criativa, etc. 
Retrará a mensagem por si, construída de forma criativa e inusitada, essa 
função apresenta esses recursos gramaticais: figuras de linguagem, conotação, 
neologismo, construções estruturais não convencionais, polissemia, em outras 
palavras, polissemia é a multiplicidade de sentidos de uma palavra ou locução.
 Função emotiva nos textos – esta modalidade pode ser 
representada de várias formas nos textos, sendo, por exemplo: nas propagandas, 
fazendo com que os leitores se sintam comovidos ou venham a ajudar ou comprar 
algo. A intenção está no valor do campo do sentimento e da singularidade 
afetiva do emissor da mensagem (texto).
 Caixa alta: ao ser inserido, passa ao leitor a ideia de que alguém 
está “estressado”, gritando ou quer chamar atenção. E, além disso, é um 
recurso estético na publicidade, ao se referir de títulos, nomes de marcas e 
outras expressões curtas.
Negrito: função de destacar partes importantes dentro do corpo de texto.
 Itálico: expressa uma fala ou vem a ser inserido quando há palavras 
estrangeiras no texto.
 Interjeição: usada para exprimir sentimentos súbitos e emoções. 
Geralmente você poderá encontrar nas histórias em quadrinhos, em propagandas 
e em textos narrativos seguidos de ponto de exclamação. 
 Notemos que estes recursos ortográficos possibilitam uma leitura 
elevando dos elementos superficiais do texto e traz auxílio ao leitor na 
construção de novos significados. Cabe lembrar a importância de se conhecer 
os diferentes gêneros textuais, como: piada, charge, classificados, propagandas, 
etc. 
Leitura e Produção deTexto Leitura e Produção de Texto42 43
Observemos aqui uma chama-
da muito importante, na nossa 
primeira aula trabalhamos com 
a noção de gêneros textuais, os 
seus tipos existentes socialmente, 
na segunda aula vimos sobre a 
importância da coesão e da co-
erência na construção do texto e 
agora estudamos os procedimen-
tos de leitura e interpretação de 
texto, os quais produzem efeitos 
de sentidos nos textos, mas para 
sabermos do uso correto dess-
es recursos linguísticos dentro 
de uma produção de textos, é 
necessário antes sabermos a que 
gêneros estes se referem concil-
iando coesão e coerência para 
haver sentido no texto. Portanto 
temos um emaranhado só que 
conecta um todo para desen-
volver a escrita. O leitor deve ter 
a sensibilidade para perceber os 
efeitos de sentido além do texto 
a partir de agora.
Atenção!
 Pensando no procedimento de 
leitura, ao contrário de decodificação, a 
leitura é determinada por uma série de 
fatores linguísticos, tais como: 
 • a história social e psicológica de 
cada leitor, dentro de suas expectativas e 
interesses;
 • a situação que se encontra 
enquanto desenvolve a leitura;
 • as relações com outras formas 
de linguagem, como canções, pinturas, 
dança etc.
 É possível dizer que o 
procedimento da leitura requer um sujeito 
ativo, no qual lance mão não apenas de 
seus conhecimentos linguísticos, mas 
de suas experiências socioculturais e 
interculturais. E partindo dessa noção, a 
interpretação de texto irá variar muito de 
acordo com a caminhada de cada leitor e 
suas experiências pessoais. Desse modo, ler 
é muito mais do que juntar palavras, frases 
e parágrafos, é perceber que em todo texto 
há alguém, que expressa suas visões de 
mundo e perceber o significado atribuído 
ao interpretar o texto requer recursos para 
realizar tal entendimento.
 Se pararmos para pensar, a leitura perpassa pela nossa vida desde 
quando nascemos, quando passamos a distinguir luz e movimento. Pelos olhos 
formamos uma memória visual. As células nervosas dos olhos são sensíveis à 
luz; captam imagens e transmitem a informação para o cérebro, através do 
nervo óptico, e no cérebro as imagens são decodificadas. 
 Dessa maneira, a leitura é uma atividade que solicita uma grande 
participação do leitor e promove muito mais do que o conhecimento linguístico, 
como já vimos, o leitor é levado a mobilizar e ou criar uma série de estratégias, 
tanto de ordem cognitivo-discursiva quanto de ordem linguística, objetivando 
a levantar hipóteses, validar essas hipóteses ou não, preencher as lacunas do 
texto para enfim poder participar de forma ativa no construir do texto. 
Agora, faremos uma parada para participarmos de uma experiência. Vamos 
lá? Qual destes livros você escolheria para ler – considerando como critério o 
design da capa do livro. 
Figura: Procedimento de leitura
Fonte: © Freepik
Leitura e Produção de Texto Leitura e Produção de Texto44 45
 A escolha que você fez é apenas o resultado da leitura visual e a capa 
que mais lhe agradou repercutiu a partir da sua sensibilidade visual. A memória 
sensorial dá entrada à informação, promovendo o trabalhar da memória. E, 
ainda, permite à entrada às sequências das palavras e frases de um texto com o 
objetivo de possibilitar a produção de sentidos.
De acordo com Ângela 
Kleiman (2004), a respeito da 
atividade de leitura e o estudo 
atual em relação leitura e 
interpretação de texto, podemos 
constar: “A concepção hoje 
predominantemente nos estudos 
de leitura é a leitura como prática 
Atenção!
Você Sabia?
Você conhece o filme Os cinco 
sentidos? Trata-se de uma 
história sobre pessoas que 
buscam relações humanas. Cada 
uma delas perderam um dos 
sentidos, apenas apresentam em 
comum o fato de morarem num 
mesmo prédio.
social que, na linguística aplicada, é subsidiada teoricamente pelos estudos do letramento. 
Nessa perspectiva, os usos da leitura estão ligados à situação; são determinados pelas 
histórias dos participantes, pelas características da instituição em que se encontram, pelo 
grau de formalidade ou informalidade da situação, pelo objetivo da atividade de leitura, 
diferindo segundo o grupo social. Tudo isso realça a diferença e a multiplicidade dos discursos 
que envolvem e constituem os sujeitos e que determinam esses diferentes modos de ler”.
 Isto significa que na atual visão, o leitor, não é somente um sujeito 
consciente e dono do texto, mas ele se acha inserido na realidade social e 
precisa operar sobre os conteúdos e contextos socioculturais. Para compreender 
um texto, é necessário sair dele, porque o texto sempre acaba por monitorar 
o seu leitor para além de si mesmo e esse aspecto é de relevância quanto à 
produção de sentido.
 Agora observemos o funcionamento do texto, que não é apenas 
produto ou um simples artefato pronto, ele abrange um processo e pode ser 
visto como um evento comunicativo e para exemplificar possíveis formas de 
sentidos atribuídos ao texto, sigamos o quadro de operações:
Leitura e Produção de Texto Leitura e Produção de Texto46 47
Fonte: Luiz Antônio Marcuschi (2008)
 Portanto esta série de operações e suas respectivas condições acabam 
por possibilitar quanto a realização da compreensão de texto, atribuindo 
sentindo. E quando pensamos na compreensão de um texto, é necessário 
ponderarmos que esta se dá como um processo, ou seja, é uma atividade de 
seleção reordenação e reconstrução, em que certa margem de criatividade é 
permitida. A compreensão é uma atividade dialógica.
 O que aprendemos com tudo isso?
 Chegamos a mais uma aula, e muito bem, mais um caminhar trilhado. 
Vimos muitas informações relevantes. E vamos revê-las neste momento. Todo 
texto apresenta recurso ortográficos que permeiam efeitos ou demonstram 
sentimentos. Tais sinalizações são representadas por: sinais de pontuação, 
reticências, exclamações e as interrogações. Esses elementos também se juntam 
a outros recursos, como o uso do itálico, do negrito, do tamanho das fontes. Tais 
recursos repercutem em novos sentidos no contexto textual. 
 Há alguns elementos que produzem sentido ao procedimento de 
leitura e interpretação de texto, como: a metalinguagem, a qual serve para 
descrever ou falar sobre outra linguagem; função poética nos textos, função 
esta inserida dentro dos poemas, prosas poéticas, publicidade criativa, tem por 
objetivo construir de forma criativa e inusitada, apresenta figuras de linguagem, 
conotação, neologismo, construções estruturais, polissemia; função emotiva nos 
textos, esta modalidade se apresenta de vários modos no texto, a intenção está 
no valor do campo do sentimento e da singularidade afetiva do emissor da 
mensagem (texto). 
 Também, recordemos, que há o recurso dos que se juntam aos anteriores 
citados para trazer efeitos, como: caixa alta, a qual transmite a ideia de alguém 
que está gritando ou quer chamar a atenção, além disso é possível encontrar no 
meio estético na publicidade; negrito, destaca as partes importantes do texto; 
itálico, expressa uma fala ou vem a ser inserido quando há palavras estrangeiras 
no texto; interjeição, exprime sentimentos e emoções, facilmente encontrado 
nas histórias em quadrinhos, propagandas etc. 
 Desse modo, esses recursos ortográficos trazem uma outra forma de 
compreensão ao ler um texto e transmite sentidos gerando uma construção de 
novos significados. 
 Vimos que a leitura apresenta uma série de fatores linguísticos, para 
a sua compreensão, como: a história social e psicológica de cada leitor que por 
sua vez estão alinhados dentro de suas expectativas e interesses; a situaçãoem que está enquanto desenvolve a leitura e as relações com outras formas de 
linguagem. 
 Chamemos atenção agora para um fator de grande valia, o procedimento 
de leitura necessita de um sujeito ativo, que deixa de lado seus conhecimentos 
linguísticos, experiências socioculturais e interculturais. Portanto a leitura será 
uma atividade que mobilize quem lê a criar uma série de estratégias, tanto de 
Leitura e Produção de Texto Leitura e Produção de Texto48 49
ordem cognitivo-discursiva quanto de ordem linguística, objetivando a levantar 
hipóteses, validar essas hipóteses ou não, preencher as lacunas do texto para 
enfim poder participar de forma ativa no construir do texto. 
 Ângela Kleiman (2004) mencionou que a leitura e a interpretação de 
texto estão dentro da prática social, ligadas à situação que acaba por realçar 
diferença e a multiplicidade do discurso que estão envolvidos e constituem os 
sujeitos que determinam diferentes modos de ler. 
 Vimos um quadro apresentando tipos de operação ao ler um texto e 
notamos que suas respectivas condições atrelam a realização da compreensão 
do texto e que a compreensão se realiza na atividade do campo dialógico. 
Atividade de aprendizagem
 Para você se aprofundar nas questões relativas aos sentidos do 
texto. Sugiro que leia KOCH, I.V.; ELIAS, V. M. Ler e compreender os sentidos 
do texto. São Paulo: Contexto, 2009. E desenvolva um hand-out, expondo as 
partes relevantes deste material. 
Caso prefira, por melhor acesso, indico uma resenha deste livro, escrito por: 
Wagner Rodrigues Silva, KOCH, INGEDORE VILLAÇA; ELIAS, VANDA MARIA. 
2006. Ler e compreender os sentidos do texto. São Paulo: Contexto. ISBN 
85-7244-327-4. 216 P.
Disponível: http://www.abralin.org/revista/RV6N2/13_resenha_wagner.pdf.
Aula 4
Processos de produção dos 
principais textos acadêmicos
Leitura e Produção de Texto Leitura e Produção de Texto50 51
 Olá estudante! Chegamos a nossa última aula. Percorremos um bom 
estudo até aqui, sinto muito orgulho, sua persistência inseriu boas construções 
de saber. Na aula anterior vimos desde gêneros textuais, colocações de coesão 
e coerência e, sentidos atribuídos por conta dos recursos no texto. Hoje, para 
fecharmos com chave de ouro, veremos os processos de produção de texto, tais 
como resumo, síntese, resenha e entre outros textos envolvidos e/ou inseridos 
no meio acadêmico. Vamos lá, neste nosso último conhecer?
 Quando pensamos em processos de produção de texto, mas no âmbito 
acadêmico, a primeira coisa que devemos fazer é sair do universo viciado da 
redação escolar, este universo escolar não apresenta referências concretas, no 
qual um eu abstrato repete opiniões de modo fragmentado. 
 O intuito é que você perceba que ler e escrever é muito mais do 
que dominar uma técnica, mas, é agir com habilidade e competência diante 
do mundo e, por meio dos conhecimentos adquiridos vir a defender-se dele 
apresentando construção e objetivos claros e/ou definidos diante de situações 
específicas e concretas. 
 Portanto, a diferença entre os textos acadêmicos e os textos escolares 
está justamente no nível de profundidade dos textos, nos objetivos, na 
originalidade da pesquisa e na exigência da defesa com relação a apresentação 
pública. Por exemplo, um trabalho científico é aquele, cujo resultado de uma 
pesquisa é toda conduzida por critérios rigorosos, que apresenta método e 
referencial teórico e, que consta nele aprofundamento na bibliografia, bem 
como leva em consideração o tempo para desenvolver um pesquisa.
 No decorrer de sua vida acadêmica, você irá desenvolver diversas 
atividades de pesquisas, estudos dirigidos e revisões bibliográficas. Cada 
trabalho a ser realizado dependerá do que for solicitado pelos professores ou 
orientadores. Veja os modelos mais relevantes dentro do nosso meio acadêmico: 
 Agora que lhe apresentei alguns dos gêneros usados no meio 
acadêmico, vou descreve-los para que você compreenda as suas características, 
as quais apresentam uma forma distinta das outras:
 Abstrato: é colocado, em geral, antes ou acima do texto principal 
que se segue, é um resumo objetivo, coerente e apresenta pontos específicos a 
ser abordado no corpo do texto de um artigo científico, dissertação, tese, etc. 
O abstract é escrito em uma língua diferente do texto principal, geralmente em 
inglês. Nos trabalhos redigidos em Língua portuguesa, usa-se a palavra Resumo. 
 • Abstrato;
 • Artigo científico;
 • Conferência;
 • Dissertação;
 • Ensaio;
 • Hand-out;
 • Resenha;
 • Resumo;
4.1 Textos acadêmicos 
• Palestra;
• Paper;
• Fichamento/ficha de leitura;
• Relatório;
• Monografia;
• Sumário;
• Tese.
 
Leitura e Produção de Texto Leitura e Produção de Texto52 53
Dentro de um abstrato deve conter essas premissas:
 • Contexto, aqui, será necessário apresentar ao futuro leitor sobre o 
que será abordado no trabalho, ou seja, contextualizar. Um modo de 
perceber isso é respondendo essas perguntas: Qual o problema que 
se investiga em seu trabalho?; Onde esse problema se apresenta? 
Porque este problema abordado tem relevância? Considere que 
nessas primeiras linhas você irá despertar o interesse do leitor;
 • Objetivo: neste momento, descreva qual é o objetivo do seu trabalho 
em relação a problemática demonstrada no contexto. 
 • Método, deverá descrever quais foram os métodos utilizados;
 • Resultados, apresentar os principais resultados do seu estudo de 
caso, de modo bem claro, lembrando sempre de despertar o interesse 
do leitor;
 • Conclusão, descrever as principais descobertas do estudo realizado.
 Portanto, todas essas partes devem estar inseridas no seu abstrato 
e, tenha em mente que o leitor deve compreender o que lê, tudo dentro deste 
contexto.
 Artigo científico: apresenta planejamento, uma coleta de conteúdo 
com um olhar mais criterioso para selecionar o material e recortar dados que 
serão analisados no processo de pesquisa. A estrutura é composicional, usada 
para escrever um artigo científico ou técnico, constitui três partes fundamentais: 
a introdução, na qual possui justificativas, diretrizes, delimitações e explicações; 
texto principal, em que vai detalhar o objeto do estudo escolhido com suporte 
teórico e conclusões, aqui, apresentará os resultados, dará sugestões a partir do 
que já foi trabalhado, considerando a análise do que se ficou destacado.
 Além desses aspectos, um artigo científico deve apresentar:
 • título, curto e que reflita o tema principal do artigo;
 • nome do autor, escrever de maneira sistemática em todas as 
publicações para que os artigos possam ser citados de forma correta pelos 
autores. Observação: o nome do autor começa pelo sobrenome;
 • resumo ou abstract/resumo, é onde os leitores poderão se nortear;
 • palavra-chave, conjunto de palavras-chaves que servem para definir 
o artigo;
 • agradecimentos, dedicados a pessoas e organizações por qualquer 
suporte técnico ou financeiro recebido durante esse caminhar de 
estudo;
 • referências bibliográficas, informações bibliográficas completas, 
estilo exigido pelo congresso ou periódicos;
 • apêndices, informações não inseridas no texto principal, como por 
exemplo, questionários. 
 
 Conferência: faz junção a uma forma de palestra em público ou 
exposição oral diante de uma auditório, uma plateia, relatando um tema 
escolhido.
 Dissertação: é uma redação usada na escola básica, principalmente 
no ensino médio e nos exames de vestibulares. A dissertação vem com um tema 
solicitado pelo professor e o estudante deve defender seu posicionamento com 
fortes bases, defende seu posicionamento dentro de um texto argumentativo. 
Já no meioacadêmico, é um trabalho monográfico que é exigido para obter 
o título de mestre pelo estudante de pós-graduação stricto sensu e é uma 
exposição escrita com escrita relevante, e deve demonstrar os resultados de 
uma investigação. 
 Ensaio: fala sobre um tema específico, no qual reúne dissertações 
menores. Tem como característica uma visão de síntese e tratamento crítico num 
discurso expositivo-argumentativo, ou seja, vai defender uma tese e mostrar os 
dados e observações. 
 Hand-out: texto informativo, breve, em que apresenta um 
complemento de um curso, uma aula, uma apresentação.
 Resenha: um breve comentário, de forma crítica ou uma avaliação 
perante uma obra e deve posicionar o assunto a ser abordado e tratado, 
Leitura e Produção de Texto Leitura e Produção de Texto54 55
organização. Uma resenha deve levar em consideração os conhecimentos 
prévios sobre o assunto, observando como foi escrita a obra, algum detalhe 
especial, se apresenta similaridade com outros autores. A produção de uma 
resenha repercute nas atividades de leitura, interpretação e resumo prévios e 
posicionar em face de uma questão controversa que necessitará apresentar base 
de sustentabilidade argumentativa em favor do ponto de vista que pretende 
defender. 
 Resumo: uma apresentação de forma abreviada de um texto ou 
conteúdo de livro, peça teatral, argumento de filme, etc. É um gênero que reduz 
um texto qualquer a fim de apresentar o seu conteúdo de maneira concisa e 
coerente, fazendo com que haja o topo textual do texto principal. O resumo 
classifica-se por alguns tipos existentes:
 • preliminar, o qual é um resumo de trabalho não concluído, geralmente 
enviado para apresentação em eventos científicos;
 • indicativo, não há leitura do texto original, exclui dados essenciais;
 • informativo, neste caso, vai dispensar a leitura do texto original, 
porque apresenta dados importantes com relação à compreensão 
total;
 • informativo-indicativo, fusão dos dois anteriores;
 Palestra: é uma conferência ou um debate sobre algum tema cultural 
ou científico. Quando falamos em conferência, esta quer dizer uma apresentação 
em público.
 Paper: um texto de opinião ou expositiva, em prosa livre, ou seja, 
prosa é um texto escritos em parágrafos que derivado do latim prosa, significa 
discurso direto, livre. O paper discorre sobre algum tema específico sem esgotá-
lo e apresenta a visão de síntese e tratamento crítico, o qual é predominante no 
discurso expositivo-argumentativo.
 Fichamento: se apresenta por posicionar o conteúdo em fichas, 
neste caso, se refere a criar anotações acerca de textos ou livros em uma ficha, 
com a pretensão de organizar as informações. O objetivo é identificar obras, 
analisar o material, pôr dados, elaborar críticas e separar citações. Temos, ainda, 
três tipos principais de fichamento:
 • fichamento textual, de resumo ou de conteúdo, posiciona as ideias 
apresentadas de uma obra, por exemplo e expõe os pontos principais 
e secundários. Busca resumir com mais detalhes e de maneira 
complexa;
 • fichamento temático ou de citação, trabalha em desenvolver os 
elementos relevantes do texto, consiste em transcrever trechos do 
texto que foi lido, copiando citações importantes e fazendo conexões 
a um breve resumo;
 • fichamento bibliográfico, traz uma descrição em tópicos de cada 
parte do texto em conjunto com fontes, referências. 
 Relatório: é um documento descritivo de resultados obtido em uma 
pesquisa, evento, como palestras, atividades, visitas técnicas. Deve conter folha 
de rosto apresentando o nome do autor do relatório, texto, de modo corrido, 
serve para orientar, introdução, o qual expõe o assunto, considerando que 
deve haver o local (onde realizou a atividade), período de execução, tanto de 
início como de término, título, o qual resume a ideia do trabalho, evento ou 
atividade, objetivos, descrevendo o objetivo a ser alcançado durante o realizar 
deste relatório e desenvolvimento, apresentando os pontos abordados durante 
esse processo. Finalmente a conclusão, mostrando os avanços acadêmicos que 
esse percorrer trouxe e anexos, caso haja, documentos que servem para auxiliar, 
como tabelas, fotos, etc. 
 Monografia: faz menção a um trabalho acadêmico mais simples, o 
qual servirá como treino para futuros trabalhos científicos como a dissertação 
ou tese. A monografia tem como objetivo refletir sobre um tema e resultar 
numa investigação. Apresenta abordagem de análise, crítica, reflexão e 
aprofundamento por quem desenvolve a monografia. Vale ressaltar que a 
monografia é usada como um trabalho de conclusão de curso de graduação 
(TCC).
Leitura e Produção de Texto Leitura e Produção de Texto56 57
 Sumário: é um resumo dos pontos principais de livro, discurso, 
exposição, dissertação, tese. Tem a função de indicar em poucas linhas, no início 
do capitulo o assunto a ser tratado, geralmente apresentada pela indicação de 
números de páginas em que as divisões estão localizadas. 
 Tese: é um tipo de trabalho monográfico expositivo-argumentativo 
exigido pelas universidades para obter o título de doutor de um estudante de 
pós-graduação stricto sensu. E, atenção, se difere da dissertação de mestrado, 
porque esta é um trabalho que procura demonstrar os resultados de uma 
investigação, já a tese apresenta um caráter de originalidade, o doutorando 
deve defender uma ideia, um método, em especial, uma descoberta, após uma 
busca de pesquisa extensa.
 Após esse caminhar todo, a questão que vale ser retomada desde o 
nosso iniciar de conhecimento é: O que aprendemos com os gêneros textuais? 
Em cada texto aqui estudado, vimos muitas características específicas de texto, 
neste último, vimos os processos de construção na área acadêmica. 
 O que fica de conclusão é a importância de desenvolvermos a 
consciência de como a linguagem se faz e que acaba por traçar gêneros textuais. 
Ao falarmos em gêneros, lembramos que há as histórias em quadrinhos, o 
poema, o e-mail etc. São textos que percorrem o mundo e apresentam funções 
específicas para transmitir uma informação dentro de um caráter único, que 
está inserido dentro de um dado gênero. Aliás, além dessas peculiaridades de 
um gênero discursivo, também, enfrentamos a coerência e a coesão a fim de 
encadear a comunicação de um modo eficaz. 
Atividade de aprendizagem
 Sugiro que você faça a leitura no site, disposto a seguir, sobre 
os gêneros acadêmicos existentes e amplie seu conhecimento. Manual de 
Gêneros acadêmicos: Resenha, Fichamento, Memorial, Resumo Científico, 
Relatório, Projeto de pesquisa, Artigo científico/paper, Normas da ABNT, 
escrito por Magna Campos. E desenvolva um hand-out, expondo os pontos 
principais.
Disponível em: http://www.academia.edu/10981399/Manual_
de_g%C3%AAneros_acad%C3%AAmicos_Resenha_Fichamento_
Memorial_Resumo_Cient%C3%ADfico_Relat%C3%B3rio_Projeto_de_
Pesquisa_Artigo_cient%C3%ADfico_paper_Normas_da_ABNT.
Leitura e Produção de Texto Leitura e Produção de Texto58 59
BAHTKIN, M. Os gêneros do discurso. In: Estética da criação verbal. São 
Paulo: Martins Fontes, 1992.
BEAUGRANDE, R. de. New foundations for a Science of Text and 
Discourse: Cognition, Comunication, and the Freedom of Acess to 
Knowledge and Society. Cidade: Norwood: Ablex, 1997.
COSTA, S. R. Dicionário de gêneros textuais. 3. ed. ampl.; 1. reimp. – 
Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2014. 
FÁVERO, L. L. Intencionalidade e aceitabilidade como critério de 
textualidade. Linguística textual – texto e leitura. Série cadernos 
PUC, 22. Cidade: editora, p. 31-37,1986.
KLEIMAN, A. L. Abordagens da leitura. Belo Horizonte: Scripta, vol. 7-14, 
p.13 – 22, 2004.
MILLER, C.R. Genre as Social action. In: Freedman,A. & Medway, P. (orgs.) 
(1994). Genre and the New Rethoric. London: Taylor & Francis, pp. 22-42, 
1984/1994 (originalmente publicado em: Quartely jornal of speech). 
SCHNEUWLY, Bernard. Palavra e ficcionalização: um caminho para o 
ensino da linguagem oral. In: SCHNEUWLY, B. & DOLZ, J. Gêneros orais 
e escritos na escola. Tradução e organização Roxane Rojo e Glaís Sales 
Cordeiro. Campinas (SP): Mercado de Letras, 2004.
REFERÊNCIAS
 Suzan de Mattos Leão Ferreira 
 Pós-graduada em Tradução e Metodologia do Ensino da Língua Inglesa (Pontifícia 
Universidade Católica do Paraná – PUC), graduada em Letras – Português/inglês (Centro 
Universitário Autônomo do Brasil – UniBrasil), ministro aulas de língua portuguesa para 
estrangeiros e inglês, bem como desenvolvo material e aplico treinamentos aos novos professores 
com relação a metodologia para estudantes estrangeiros. Reviso e escrevo materiais para 
instituições e sites. 
Currículo do professora-autora 
Leitura e Produção de Texto60

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