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que foi se consolidando com o crescimento do capitalismo, sendo considerada mais tarde como classe social burguesa. A Europa passava por imensas transformações, a começar pela Revolução Francesa, e depois pela Revolução Industrial, que mudaram o curso da história, principalmente para o absolutismo e poderio da Igreja, visto que os princípios iluministas se proliferavam pela luta da razão e do progresso contra a superstição e a teologia, bem como com o fim do feudalismo. A Revolução Francesa, ao romper com um sistema político de privilégios e protagonizar a instauração de uma sociedade de indivíduos, assume, desde o século XVIII, com a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, a tarefa de encaminhamento de uma política social, que foi tornando a caridade e a assistência clerical cada vez mais aleatória. A esta época, o frágil equilíbrio necessário para tornar a solidariedade eficaz, entre a riqueza e a pobreza, entre a generosidade e o sofrimento, se torna a cada dia mais difícil e ilusório (IVO, 2012, p. 72). FIGURA 5 – IMAGEM DA REVOLUÇÃO FRANCESA FONTE: Disponível em: <https://www.google.com.br/search?q=SOCIAL>. Acesso em: 6 jan. 2015. UNI No século XVIII ocorreram duas grandes revoluções na Europa, a Revolução Francesa e a Revolução Industrial. Influenciadas pelos princípios iluministas e da substituição das ferramentas pelas máquinas, ajudaram a consolidar a globalização do capitalismo, bem como as teorias econômicas liberalistas (RAMALHO, 2012). TÓPICO 2 | SURGIMENTO DA QUESTÃO SOCIAL E SEU CONTEXTO HISTÓRICO 23 Segundo Carlebach (1996, p. 405), “A Revolução Francesa visava reestruturar toda a sociedade, em todos os níveis, no espírito das novas noções de igualdade social defendidas pelo Iluminismo”. A Revolução Industrial teve início na Inglaterra, emergindo aproximadamente em 1775 e se espalhando por toda a Europa. Concomitantemente com o crescimento econômico, crescia também um número exorbitante de homens, mulheres e crianças em situações desumanas e degradantes. Era um retrocesso social, tendo em vista as condições desumanas a que os trabalhadores eram submetidos em toda a Europa, assim foi se caracterizando o Estado Liberal com intervenção mínima do poder político e estatal na sociedade da época. Desenvolviam-se as teorias econômicas liberalistas que ajudaram a consolidar o progresso capitalista e, consequentemente, fizeram emergir os problemas sociais (atualmente designados como expressões da questão social) oriundos destas profundas transformações, tais como pauperismo, carências, mendicância, desvios de conduta, desemprego, péssimas condições de trabalho, entre outras consequentes manifestações. FIGURA 6 – TRABALHADORES DAS INDÚSTRIAS INGLESAS FONTE: Disponível em: <https://www.google.com.br/ search?q=revolução+industrial&biw>. Acesso em: 5 jan. 2015. UNI A REVOLUÇÃO FRANCESA (chamada de Revolução Gloriosa) se caracterizou como um movimento social revolucionário de caráter liberal e burguês a favor do liberalismo, nacionalismo e socialismo, provocando a derrubada da monarquia absoluta. UNIDADE 1 | A GÊNESE DA ASSISTÊNCIA E DA QUESTÃO SOCIAL 24 Em 1848, na Europa, ocorreram diversas revoluções, manifestações populares, revoltas diversas em vários países. Vários movimentos de trabalhadores começaram a eclodir, pois começaram a negar a manutenção do poder burguês, a criticar a crise econômica, a exigir melhores condições sociais, econômicas e políticas a favor da democracia e cidadania. Originalmente, o termo “primavera dos povos” está associado às revoluções ocorridas na Europa central e oriental em 1848. A grande onda de reivindicações iniciada nesse ano, que tinha em sua agenda política a extensão do direito de voto e a ampliação de direitos das minorias nacionais, foi uma resposta à política continental de restauração que conduziu as decisões internas dos Estados europeus após a derrota napoleônica. Incapazes de absorver as mudanças propostas pelo ideário liberal/burguês e mesmo de processar a incorporação dos novos grupos sociais surgidos das transformações sociais da industrialização crescente, os Estados monárquicos europeus viram eclodir diversas revoluções (PARADA, 2011). Esse conjunto de revoluções foi chamado de Primavera dos Povos, tinha caráter liberal, democrático, nacionalista e, apesar de sua breve duração, recebe importância significativa no estudo da questão social, por ter sido a primeira revolução do proletariado. Na França, com intuito de apaziguar o contexto de revoltas, o governo francês procura remediar como podia. Referindo-se aos debates de 1848, Rosanvallon (1998, p. 120) descreve: Em 26 de fevereiro de 1848, um cartaz com um novo decreto foi exposto nos muros da capital: “O governo provisório da República Francesa se compromete a prover a existência do trabalhador pelo trabalho, que será garantido a todos os cidadãos” [...] Reunindo inicialmente alguns milhares de homens, chegavam a quase 100.000 beneficiados [...] A experiência foi um insucesso monstruoso, [...]. Protestos e reivindicações emergiram na França e se proliferaram por toda a Europa. Resultado consequente da transformação de uma sociedade agrária para uma industrial, fez emergir um contingente de operários sem garantias de trabalho e direitos sociais, bem como milhares de desempregados em situação de miséria. Com o desenvolvimento ocorre a passagem da manufatura para mecanização, criação de duas novas classes sociais antagônicas: burguesia e proletariado, ou empresários e trabalhadores. Surgem as primeiras manifestações UNI Interessante ressaltar que as revoluções estão associadas ao termo radicalismo, as mudanças radicais fundamentais geralmente estão interligadas com o sistema social e suas conjunturas, sistemas de poder da política, da economia. TÓPICO 2 | SURGIMENTO DA QUESTÃO SOCIAL E SEU CONTEXTO HISTÓRICO 25 de revolta na Europa, dando origem aos sindicatos a partir de 1833. Começa-se a produção de consumo. A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL se caracterizou como um processo histórico de transformação econômica e social, através do qual um novo modo de produção capitalista passa a dominar a sociedade: produção em escala para o mercado mundial, uso intensivo de máquinas, concentração de operários – trabalhadores – e a divisão social do trabalho. FIGURA 7 – CONFIGURAÇÕES DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL FONTE: Disponível em: <https://www.google.com.br/search?q=revolução+industrial &biw=1366&bih~>. Acesso em: 5 jan. 2015. Surge então efetivamente o capitalismo, um novo sistema econômico e social de mercado, um tipo de economia e de sociedade que se caracteriza pela propriedade privada (individual ou coletiva) dos meios de produção, trabalho assalariado e acumulação de capital (riqueza), se baseando no controle, previsão e exploração de oportunidades de mercado para efeito do lucro, bem como de recursos técnicos e naturais disponíveis. UNI Podemos analisar o capitalismo sob duas perspectivas, uma sob a análise do perspectivismo liberal e a outra sob a análise do perspectivismo marxista, duas concepções totalmente distintas referentes à concepção do capital, do sistema de produção e reprodução capitalista, da sociedade e de suas manifestações presenciais e futuras. UNIDADE 1 | A GÊNESE DA ASSISTÊNCIA E DA QUESTÃO SOCIAL 26 Para os liberais da época, a propriedade privada assegurava a melhor distribuição possível dos recursos. Assim, o mercado assegurava uma satisfação em função de sua dotação e criação de bens e serviços, e a distribuição dos recursos podia resultar pelo simples jogo do mercado, que, por si só, beneficiava a todos e sem interferência do Estado na economia, mas com uma intervenção flexível ou mínima através de suas políticas de bem-estar. O lucro é justificado no capitalismo pela