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HISTÓRICO DA INFÂNCIA Renascimento (séc. XVI): até essa época não havia investimento na criança, até os 7 anos era vista como um mini adulto e não tinha capacidade de se expressar. Trabalhava junto com os adultos e assim aprendia sobre a vida. A infância se tornou categoria social no séc. XVII. Idade Média (contrarreforma) - Sentimentalismo familiar (séc. XVII): investimento na infância, criação das escolas para educá-las. Nas escolas as crianças eram ensinadas basicamente a como se tornar adultas e constituir uma família (monogamia) Revolução Industrial (séc. XIX): as crianças voltam a trabalhar por necessidade de sobrevivência da família. Apenas as crianças de famílias pobres passavam por essa situação, as crianças de famílias ricas continuavam nas escolas. Iluminismo (ainda séc. XIX): ciência/razão. A psicologia, pedagogia e sociologia viam a criança de forma diferenciada, dessa forma, os estudos nessa faixa etária transformam a infância e as crianças voltam para a escola e têm mais prioridades. No Brasil (séc. XX): criação do ECA: as crianças e adolescentes passam a ter direitos e são prioridade absoluta, têm proteção integral e especial. A INFÂNCIA NA ATUALIDADE A infância é vivida de diversas formas e influenciada por seus contextos, num mesmo espaço de tempo. A crianças atual adquire certa independência cedo, mas necessita de apoio, proteção, contato e educação do adulto, auxiliando-a nas escolhas, valores e princípios, para a construção de um olhar crítico. A tecnologia pode e deve existir no dia a dia da criança, de modo benéfico, mas não pode substituir as brincadeiras livres. A DIMENSÃO LÚDICA COMO CONSTITUINTE O brincar da criança: é condição de todo processo evolutivo neuropsicológico, com o brincar a criança conhecer as funções corporais. Manifesta a forma como a criança está organizando sua realidade e lidando com possibilidades e conflitos. 3 núcleos organizadores: Corpo (brinca com ele) Símbolo (brincadeira simbólica) Regra (jogo de regras) O brincar do bebê com seu corpo: o corpo, com a genética que dá suas condições, se desenvolve, proporcionando o despertar do bebê como sujeito ativo. O brincar ensina a escolher, assumir e participar. O contato com o outro/mãe: não há possibilidade de aprendizagem e consequentemente de humanização fora do convívio social e sem vivenciar e sentir um vínculo afetivo, estável e confiável. A afetividade é necessária para o desenvolvimento. A crença no retorno periódico da mãe dá forças ao bebê para suportar suas ausências. Espaço potencial: é o espaço entre as realidades externas e internas da mãe e do bebê que se relacionam com a realidade externa (real). A brincadeira simbólica: é a introjeção à cultura. Dramatiza o vivido na brincadeira ajuda a criança a afirmar-se como pessoa e a externalizar sentimentos e pensamentos, inclusive os de hostilidade. Lidando com a agressividade: o brincar possibilita a projeção de conteúdos ameaçadores e negativos, sendo assim, passíveis de serem identificados e controlados. A importância de dar livre curso às fantasias, inclusive as de destruição, no brincar, é fundamental, pois quando estas se tornam assustadoras, internamente passam a correr risco de não poderem se mais projetadas ou sublimadas. Fantasiar em equipe: a criança vai aprendendo a esperar sua vez e lidar com frustrações, não realizar sempre seus desejos e ordens. Ela passa a utilizar de sua memória de experiências anteriores, a fim de se sair melhor nas próximas. Jogo de regras: introduz a criança ao meio social, regras sociais e valores. A criança compreender as regras, ajudará no futuro para compreender as leis. FASES DA PSICOTERAPIA INFANTIL A brincadeira da criança é o que promove a associação livre. AVALIAÇÃO: momento de avaliar as demandas trazidas pelos pais, escola, justiça, para saber se é necessária uma psicoterapia. É o momento de conhecer a rotina familiar. É feita uma entrevista com os pais e com a criança (hora do jogo). Começa o processo de vínculo e aliança com os pais e com a criança. Deve-se notar os motivos manifesto e latente. Entrevista devolutiva (prognóstico) e contrato. FASE INICIAL: momento de testar a hipótese diagnóstica feita na avaliação e fazer uma aliança com a criança com materiais lúdicos e brincadeiras. No decorrer do processo, os sintomas da criança já devem estar aliviados. FASE INTERMEDIÁRIA: fase de elaboração, momento para trabalhar as dificuldades emocionais da criança. O terapeuta já faz parte da vida dela ou pode causar aversão. Todo o processo é feito pela brincadeira. É importante deixar a crianças ter seus próprios insights, suas próprias interpretações. O terapeuta deve entrar em contato com seu lúdico interno para tratar as questões da criança. Obs: Continência é o momento de acolhimento da criança quando ela passa por um processo de luto ou perda (de amigos, muda de casa/escola etc.), sem nenhuma interpretação. FASE FINAL: momento de despedida de encerramento da psicoterapia, ocorre em algumas sessões. Pode começar pela própria criança (quando ela identifica que não precisa mais estar ali); pelo terapeuta (quando identifica uma boa evolução na criança); ou pelos pais. Deve-se trabalhar o luto pela separação paciente-terapeuta. Pode ocorrer o retorno dos sintomas. - Indicadores de alta: A criança desfaz os vínculos transferenciais com o terapeuta; Ela traz mais materiais da vida cotidiana e do futuro; Sua linguagem amadurece; Tem satisfação dos ganhos do processo mesmo no encerramento; Investe em outras relações e outros espaços; Tem maior habilidade de entender o mundo e a si. O JOGO DO RABISCO O objetivo dessa técnica é de estabelecer uma comunicação com o pensamento e sentimentos da criança. O jogo se dá da seguinte maneira: “cada um de nós terá um pedaço de papel e um lápis. Eu desenharei um rabisco e você fará o desenho que quiser, a partir desse rabisco. Você criará uma história sobre esse desenho e eu farei perguntas sobre ele” e o mesmo acontecerá com o terapeuta. O papel do terapeuta no jogo é realizar uma psicoterapia empática, colaborativa e interativa, focada nos conflitos e no estágio de desenvolvimento da criança. Os desenhos da criança, embora simbólicos, são primariamente um meio de conseguir que a criança fale sobre si mesma de forma indireta (mesmo que o desenho não seja sobre ela). O ideal é que a criança faça o desenho e a história primeiro pois o terapeuta irá se basear para sua intervenção. O terapeuta deve criar uma história de ação com personagens, um local e um desfecho. A história deve ter uma lição ou uma ideia principal que encoraje a criança a acreditar que pode controlar seus problemas. 3 Categorias de história: História-espelho: o terapeuta repete a história que a criança tenha contado, com pequenas mudanças nos personagens e na ação. História diretivo-sugestiva: atualiza temas sobre a vida, que encorajam a criança a sentir que ela pode dominar seus problemas. História interpretativo-indireta: focaliza um problema corrente da criança. Isso pode incluir também a transferência e a resistência encontradas na terapia.
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