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1
ODONTOLOGIA NO PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA: 
A IMPORTÂNCIA DA INCLUSÃO DAS AÇÕES DE 
SAÚDE BUCAL NA ATENÇÃO BÁSICA
DENTISTRY IN THE HEALTH PROGRAM OF THE FAMILY:
THE IMPORTANCE OF THE INCLUSION OF THE ACTIONS 
OF BUCCAL HEALTH IN THE BASIC ATTENTION
VANESSA MANHÃES TAVARES AMADO SILVA*
 *Cirurgiã-Dentista aluna do Curso de Pós-Graduação 
 Lato Sensu em Saúde da Família da Faculdade de 
 Medicina de Campos 
RESUMO
O sistema de saúde brasileiro passou por muitas mudanças nas últimas décadas. A 
principal foi a criação do Sistema Único de Saúde na década de 80, com o objetivo de corrigir 
o modelo assistencial do país, caracterizado pela prática “hospital-dependente” e voltado 
somente para a cura das doenças, gerando a insatisfação dos usuários. Para reestruturar esse 
sistema, que só funcionava teoricamente, foi criado o Programa Saúde da Família em 1994, 
com o principal objetivo de priorizar as ações de promoção, proteção e recuperação da saúde 
e alcançar a integralidade e a universalidade da atenção. Para que essas diretrizes fossem 
alcançadas e para que houvesse melhora no acesso e nas condições de saúde bucal da 
população brasileira, a Odontologia foi incluída nesse programa em 2000. Com isso, passou-
se a realizar um novo modelo de atuação sobre os problemas de saúde bucal da população 
brasileira, pois foi propiciado o acesso, o planejamento e a viabilidade de uma Odontologia de 
qualidade no SUS. Portanto, com o objetivo de mostrar a importância da inclusão da 
Odontologia no PSF, não só do ponto de vista de recuperação da saúde, mas também do 
vínculo estabelecido entre os profissionais e a população adscrita, foi realizada essa pesquisa 
bibliográfica visando relatar a história da saúde bucal brasileira nos modelos assistenciais 
antecedentes do SUS e a inclusão da Odontologia no PSF. A coleta de dados foi realizada em 
livros, artigos de revistas e periódicos e em várias bases de dados. Foram utilizados nessa 
pesquisa textos em português escritos nos últimos 14 anos.
PALAVRAS-CHAVE
Programa Saúde da Família, Atenção Básica, Modelos Assistenciais Antecedentes do SUS, 
Saúde Bucal e Odontologia.
INTRODUÇÃO
As mudanças que aconteceram na Odontologia brasileira nas três últimas décadas do 
século XX foram grandes, principalmente no que diz respeito à eficiência, a qualidade e a 
capacidade de oferta de técnicas mais sofisticadas e práticas para solução dos problemas 
bucais da população. Entretanto, mesmo com todo esse avanço1 e da Odontologia ser uma 
atividade antiga no Brasil, visto que se iniciou no final do século XIX2, o nosso país chegou 
2
ao vigésimo primeiro milênio com uma política de saúde bucal deficiente e com grande parte 
da população sem acesso aos cuidados clínicos e preventivos essenciais1. Até 1998 12,5% da 
população urbana e 32% da rural nunca haviam recebido nenhum tipo de tratamento 
odontológico3. 
Algumas melhorias foram conseguidas na saúde bucal da população brasileira através 
da fluoretação das águas de abastecimento, mas apenas isso é pouco, pois num país tão grande 
e populoso como o Brasil, ainda depara-se com uma situação de saúde bucal caótica, com 
apenas 6% de todos os brasileiros frequentando periodicamente o dentista, 30% só em caso de 
muita dor, 64% não indo e metade da população acima dos 60 anos estando totalmente 
edêntula4. 
A saúde brasileira também passou por muitas mudanças. A principal foi a criação do 
Sistema Único de Saúde (SUS) em 1988, com o principal objetivo de corrigir a prática 
“hospital-dependente” que tanto desagradava a população3 e possibilitar um acesso mais 
democrático as ações e serviços de saúde5. Esse novo sistema é norteado pelos princípios da 
integralidade, igualdade, universalidade e equidade6 e trouxe para a Odontologia brasileira o 
grande desafio da reformulação de suas práticas para que esses princípios sejam assegurados3. 
Em 1994, como estratégia de reestruturação do SUS, foi criado o Programa Saúde da 
Família (PSF)7, mas a Odontologia não foi incluída imediatamente nesta, visto que sua 
inclusão só ocorreu 6 anos após, motivada pela situação caótica de saúde bucal da população 
brasileira, através da assinatura da Portaria 1.444 de 28/12/2000 pelo Ministro da Saúde José 
Serra8. Essa inclusão visava o aumento da cobertura de atendimento odontológico no Brasil 
através da implantação de ações e serviços de saúde bucal na atenção básica3. 
A atenção básica em saúde bucal significa a realização de ações destinadas à 
identificação, prevenção e solução dos principais problemas da população, através de 
tecnologias apropriadas e recursos humanos ao alcance de todos os indivíduos1. 
Diante das considerações acima, é de grande interesse a obtenção de informações 
sobre a história da Odontologia no serviço público brasileiro, desde os modelos assistenciais 
anteriores até o atual. Sendo assim, o objetivo do presente estudo é fazer um breve relato 
sobre a Odontologia no Brasil e mostrar a importância da sua inclusão no PSF, não só do 
ponto de vista de recuperação da saúde, mas também do vínculo estabelecido entre os 
profissionais e a população adscrita, o que contribui e muito para a acessibilidade aos 
serviços. 
Os dados utilizados nessa pesquisa bibliográfica foram coletados em livros, artigos de 
revistas e periódicos e nas bases de dados Google, Alta Vista, Yahoo e Scielo, visando 
3
encontrar relatos sobre a história da saúde bucal brasileira nos modelos assistenciais 
antecedentes do SUS e da inclusão da Odontologia no PSF. Os descritores utilizados foram: 
Programa Saúde da Família, Atenção Básica, Modelos Assistenciais Antecedentes do SUS, 
Saúde Bucal e Odontologia. Os textos utilizados foram escritos em português nos últimos 14 
anos.
A ODONTOLOGIA E OS MODELOS ASSISTENCIAIS DE SAÚDE NO BRASIL
O sistema de saúde brasileiro tem passado por rápidas e profundas mudanças nas 
últimas décadas9-10. Vários modelos assistências já foram vistos, como o da Saúde Pública no 
início do século XX, o da Assistência Médica Previdenciária na década de 20, o da Medicina 
Comunitária na década de 60 e o Sistema Único de Saúde, que teve início na década de 80 e 
que perdura até os dias de hoje11.
Entre as décadas de 20 e 40, os serviços odontológicos eram oferecidos pelo Estado 
somente nos grandes centros urbanos através de livre demanda, com prática de má qualidade. 
Um pouco depois, nos anos 50, passou a ser oferecido serviços curativos aos escolares de 6 a 
14 anos de idade, caracterizando o Sistema Incremental, implantado pela Fundação de 
Serviços Especiais de Saúde Pública (SESP)12. Nessa mesma época surgiram novas propostas 
à prática odontológica, como a Odontologia Sanitária ou Social, a Simplificada ou 
Comunitária, a Integral e recentemente a Coletiva13, mas as ações odontológicas oferecidas 
pelo Ministério da Saúde se restringiam apenas a fluoretação das águas de abastecimento5. 
Na década de 70, a Odontologia Simplificada ganhou espaço através de críticas ao 
modelo tradicional (Sistema Incremental) e mostrando que poderia ser de menor custo e maior 
cobertura12-13. Na década de 80, com a VII Conferência Nacional de Saúde (CNS), a 
Odontologia recebeu algum destaque e foi citada em fóruns nacionais de debates sobre a 
situação de saúdeno Brasil. Nessa conferência foi analisado o modelo de prática odontológica 
brasileira e foram propostas diretrizes para a ação governamental quanto à formação de 
recursos humanos para a área, tecnologias e estratégias de atenção. Neste evento, a 
Odontologia brasileira foi caracterizada como ineficiente e ineficaz, pois apresentava um 
caráter mercantilista e monopolista, com enfoque curativo e de baixa cobertura2.
Ainda na década de 80, especificamente em 1986, a proposta da Reforma Sanitária de 
uma saúde pública mais democrática foi o assunto principal da VIII Conferência Nacional de 
Saúde, que propôs um conceito de saúde ampliado, pois a colocou como resultante das 
4
condições de vida, alimentação, lazer, transporte, moradia, emprego, acesso e posse de terra e 
também como “um direito de todos e dever do Estado”5. 
Nessa conferência foi realizada a primeira Conferência Nacional de Saúde Bucal, na 
qual foi reafirmado o diagnóstico anterior sobre a situação da saúde bucal no país. Com a 
promulgação da Constituição Nacional e das leis orgânicas da saúde, a construção de um 
Sistema de Saúde que garanta que esse direito seja também um direito de cidadania passou a 
ter mais perspectiva2, estabelecendo uma nova política organizacional para a reestruturação 
dos serviços e ações de saúde14. 
Criou-se assim o novo modelo assistencial de saúde brasileiro, o Sistema Único de 
Saúde (SUS), que visava, pelo menos conceitualmente, a redução das distâncias entre os 
direitos sociais garantidos em lei e a capacidade efetiva de oferta de serviços de saúde à 
população. Sua instalação efetiva se iniciou na década de 1990, após a promulgação da Lei 
Orgânica da Saúde, e de várias normas (Normas Operacionais Básicas - NOBs) e portarias 
emitidas pelo Ministério da Saúde, como instrumentos regulamentadores do sistema3. 
A partir da Constituição de 1988, a saúde passou a ter capítulo específico e então foi 
dado um grande salto para tentar corrigir o tipo de modelo assistencial do país, que por sua 
vez, só causava a insatisfação da população3, visto que era caracterizado pela prática 
"hospital-dependente" (modelo hospitalocêntrico), pelo individualismo, pela utilização 
irracional dos recursos tecnológicos disponíveis, pela baixa resolubilidade e por práticas 
excludentes, mercantis, dicotômicas e medicalizadoras15-3. 
Todas essas características fizeram com que esse modelo fosse um desafio para a 
implantação do SUS, que tem uma lógica oposta, visando entre outros, a universalidade, a 
promoção de saúde e a equidade15.
O PSF COMO ESTRATÉGIA DE REESTRUTURAÇÃO DO SUS 
O modelo assistencial praticado no Brasil ainda era hospitalocêntrico e voltado 
somente para a cura das doenças, o que gerava a utilização irracional dos recursos 
tecnológicos, uma baixa resolutividade e um alto grau de insatisfação dos usuários. Para 
substituir esse modelo, que por sinal sempre foi muito criticado, foi criado o Programa Saúde 
da Família (PSF) com o objetivo de priorizar as ações de promoção, proteção e recuperação 
da saúde dos indivíduos e da família de forma integral e contínua e com o intuito de buscar a 
integralidade e universalidade de atenção16. 
5
A etapa de sua implantação foi à criação do Programa de Agentes Comunitários de 
Saúde (PACS) em 19919. Esse programa foi o braço auxiliar do estabelecimento do SUS e da 
organização dos Sistemas Locais de Saúde (SILOS)14, porque no momento em que um 
determinado município fosse se aderir a ele, vários requisitos eram necessários, o que 
reorganizava os modelos locais de saúde, como por exemplo, o funcionamento dos conselhos 
municipais de saúde7. 
A formulação do PACS teve como principal objetivo a redução da mortalidade 
materna e infantil, principalmente nas áreas mais carentes de atenção, como o Norte e o 
Nordeste do país. Entre o final da década de 80 e primeira metade da década de 90, o Ceará 
assimilou oficialmente como fundamental a atuação dos Agentes Comunitários, sendo então o 
primeiro estado brasileiro a implantar esse programa14. Depois do Ceará, o Paraná e o Mato 
Grosso do Sul também começaram a desenvolver trabalhos com agentes comunitários de 
saúde7. 
O PACS é considerado o antecessor do PSF, pois uma das variáveis mais importantes 
introduzidas por ele e que é a verdadeira prática do PSF, é o enfoque da família e não do 
indivíduo, além de também ter introduzido, entre outros, a visão preventiva, na qual não se 
espera a demanda chegar para intervir7.
Para a implantação do PSF, além do PACS, foram tidas como base inúmeras 
experiências internacionais e o Programa Médico de Família, instituído em 1992 em Niterói, 
RJ3. Esses programas representam a introdução de uma nova lógica na prestação de serviços, 
particularmente com relação à atenção primária, segundo os pressupostos do Ministério da 
Saúde, além de serem muito importantes para o desenvolvimento do SUS15. 
O modelo Médico da Família já vinha sendo aplicado com sucesso há anos em vários 
países, como os Estados Unidos (EUA), Canadá, Reino Unido, além de outros países 
europeus. Em 1984, Cuba adotou um modelo de saúde alicerçado na medicina familiar, 
enfatizando a prevenção, o que incentivou, além de tudo, a formação e educação permanente 
dos profissionais para o trabalho a ser realizado17.
A atenção da saúde da família deve ser universal, voltando-se para todos. A população 
deve ser acompanhada sempre pela mesma equipe, que deverá ir à comunidade com a 
finalidade de identificar os problemas e as necessidades de saúde e encontrar as soluções em 
conjunto com a família, informando e promovendo Educação em Saúde. Além disso, deve 
realizar o diagnóstico de saúde da comunidade, por meio de levantamento dos indicadores 
epidemiológicos e socioeconômicos, feito por meio de cadastramento de todas as famílias da 
área de abrangência14. 
6
O PSF é um modelo de organização dos serviços de atenção da Atenção Primária à 
Saúde peculiar do SUS6, que propôs uma nova dinâmica para estruturação dos serviços de 
saúde, para a relação com a comunidade e entre os diversos níveis e complexidade 
assistenciais18. Defende como princípios norteadores a universalidade e integralidade da 
atenção, a equidade na distribuição de recursos e a participação da comunidade19, que por sua 
vez, deve ser efetivamente capaz de participar ativamente do processo pela conquista da saúde 
e, juntamente com os profissionais de saúde bucal, planejar, acompanhar e avaliar as ações 
desenvolvidas em seu território18. 
Devido a isto, o PSF tem sido considerado a maior mudança estrutural realizada na 
saúde pública brasileira nos últimos anos, pois incorpora ações combinadas e se propõe a 
humanizar as práticas de saúde, buscando a satisfação do usuário pelo estreito relacionamento 
dos profissionais com a comunidade e estimulando o reconhecimento da saúde como direito 
de cidadania e expressão e qualidade de vida18.
Para conseguir reorganizar a saúde pública e atingir sua meta principal, que é de 
promover condições ideais de vida e saúde para a população brasileira, de forma integral e 
universal, o PSF deve seguir os seus princípios iniciais. Portanto é indispensável 
disponibilizar serviços de referência e contra-referência atualizados para o atendimento da 
população, contratar profissionais concursados para assegurar sua qualificação e manter o 
número pré-estabelecido de equipes de acordo com o número de famílias adscritas, evitando o 
excesso de demanda e queda na qualidadedos serviços prestados16.
 
SITUAÇÃO DE SAÚDE BUCAL NO BRASIL E O PSF
Com a implantação do SUS em 1988 foi trazido um grande desafio para a saúde bucal 
coletiva, que deveria reformular suas práticas para responder as suas diretrizes. A saúde bucal 
adquire maior importância quando se fala em qualidade de vida da população, sendo 
necessário que se busque mecanismos que ampliem o âmbito de suas ações e viabilizem 
mudanças no perfil epidemiológico brasileiro3. A luta pela saúde bucal está diretamente 
vinculada à melhoria de fatores condicionantes sociais, políticos e econômicos20. 
O grande desafio era operacionalizar e obter os recursos financeiros necessários para o 
pleno financiamento do sistema, num país tão grande e complexo. Pela assistência 
odontológica ser de grande complexidade e alto custo, ela acabava ficando sempre em 
segundo plano3.
7
Na sua concepção, o PSF não incluiu na sua equipe básica o cirurgião-dentista. Porém, 
se esse programa pretendia ser uma estratégia eficaz no enfrentamento dos problemas de 
saúde no Brasil, a Odontologia não poderia ser prescindida21. A inclusão da Odontologia no 
PSF só contribui para a construção de um modelo de atenção que melhore efetivamente as 
condições de vida dos brasileiros16.
A partir dos vários levantamentos realizados sobre a situação de saúde bucal da 
população brasileira, que recentemente apontou através do Projeto SP Brasil que apesar do 
CPO-D das crianças com 12 anos de idade estar sofrendo declínio, pois em 10 anos caiu de 
6,65 para 2,78, há um aumento na prevalência de dentes cariados e perdidos nas regiões Norte 
e Nordeste, havendo a necessidade da ampliação das ações odontológicas na atenção básica e 
da implantação de serviços de referência e contra-referência para aumentar o acesso aos 
serviços de maior complexidade da atenção secundária e terciária5.
Até 1998 cerca de 20 milhões do total de 160 milhões de brasileiros nunca haviam ido 
ao dentista, o que significa que 12,5% da população brasileira ainda não tinham acesso a 
tratamento odontológico. Na zona rural esse número cresce para 32%. 21 Apenas 6% dos 
brasileiros vão ao dentista periodicamente, 30% só em caso de muita dor, 64% não vão e a 
metade da população acima dos 60 anos já é totalmente desdentada16.
Então, diante dessa situação, viu-se a necessidade de inserir o cirurgião-dentista no 
PSF, não só para que fossem gerados mais empregos, mas também para propiciar o acesso, o 
planejamento e a viabilidade de uma Odontologia de qualidade no SUS. Assim sendo, uma 
importante iniciativa do Ministro da Saúde José Serra no governo de Fernando Henrique 
Cardoso (1999-2002) foi determinar a incorporação das ações de saúde bucal no PSF e, em 
conseqüência, a ampliação das equipes com o cirurgião-dentista8.
Os profissionais de Odontologia do Brasil demonstraram entusiasmo com a notícia de 
que ações de saúde bucal seriam inseridas no PSF. A Portaria 1.444 de 28/12/2000 que 
regulamenta essas ações foi conseguida graças ao empenho das entidades odontológicas, dos 
conselhos e dos profissionais de saúde22 e devido aos alarmantes resultados obtidos através da 
Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílio23, que também incentivou a reorganização da 
atenção à saúde bucal prestada à população brasileira24. 
O prefeito de Campo Grande (MS) André Puccinelli (PSDB) foi um personagem 
muito importante para que essa incorporação se tornasse realidade, pois ele sempre priorizou 
em seu município a prevenção em saúde bucal e antes mesmo que o Ministério da Saúde 
anunciasse a vontade de oficializar a inclusão da Odontologia no PSF, em Campo Grande 
cirurgiões-dentistas já eram contratados para fazer parte dessas equipes8.
8
Com a inserção do cirurgião-dentista no PSF passou-se a realizar um novo modelo de 
atuação sobre os problemas de saúde bucal da população, visto que houve uma reestruturação 
na atenção primária. Os problemas bucais são considerados como problemas de saúde 
pública, pois tem uma alta prevalência e por causar grande impacto na população, devido aos 
desconfortos e dores, que acometem a vida social do indivíduo5.
Os principais objetivos da implantação das equipes de saúde bucal no PSF foram 
melhorar as condições de saúde bucal da população brasileira, reorientar suas práticas de 
atenção, avaliando os padrões de qualidade e o impacto das ações desenvolvidas18 e a ampliar 
o acesso coletivo às ações de promoção, prevenção e recuperação da saúde bucal e 
consequentemente melhorar os seus indicadores epidemiológicos18.
Pela Odontologia não estar presente desde o início do programa foi acarretado vários 
prejuízos no processo de integralização dos profissionais co-relacionados, assim como pode 
ter determinado formas variadas no processo de implantação das equipes de saúde bucal25.
Segundo o Ministério da Saúde, que tem o PSF nessa gestão atual como uma de suas 
prioridades, deseja-se alterar as características da prática odontológica na atenção básica, com 
a criação de um incentivo financeiro específico para isso e fazer com que o trabalho das 
equipes de saúde bucal no PSF seja voltado para a reorganização do modelo de atenção e para 
a ampliação do acesso às ações de saúde, garantindo-se a integralidade da atenção aos 
indivíduos e às famílias, mediante o estabelecimento de vínculo territorial22.
Pelo atendimento ser prestado nas unidades básicas de saúde e/ou domicílios é criado 
vínculos de co-responsabilidade, o que facilita a identificação e o atendimento humanizado, 
entre os profissionais e a população acompanhada. Assim sendo, quando uma equipe de saúde 
bucal participa da fase de cadastramento da comunidade ou realiza visitas domiciliares, ela se 
aproxima das pessoas dentro do seu contexto sócio-familiar e compreende as complexas 
relações, o que reforça o vínculo e contribui para a acessibilidade aos serviços19.
As ações odontológicas devem ser sempre planejadas e programadas a partir das 
informações epidemiológicas e da definição de critérios de risco de adoecer19. O atendimento 
deve ser voltado à promoção de saúde, controle e tratamento das doenças bucais, tendo 
sempre como prioridade a eliminação da dor e da infecção16.
O Ministério da Saúde recomenda que a equipe de Saúde da Família seja composta por 
um médico generalista, um enfermeiro, auxiliares de enfermagem, agentes comunitários de 
saúde e uma equipe de saúde bucal, que por sua vez, pode ser composta por um cirurgião-
dentista e um auxiliar de consultório dentário (equipe tipo I), ou ainda, por um cirurgião-
9
dentista, um auxiliar de consultório e um técnico de higiene dental (equipe tipo II)26. Cada 
equipe de saúde bucal deve atender em média 6.900 habitantes8.
As atribuições específicas do cirurgião-dentista no PSF são: realizar levantamento 
epidemiológico na área de saúde bucal da população adscrita; realizar os procedimentos 
clínicos definidos na norma operacional básica do Sistema Único de Saúde (NOB/SUS-96) e 
na norma operacional básica da assistência à saúde (NOAS); realizar o tratamento integral, no 
âmbito da atenção básica; encaminhar e orientar os usuários que apresentam problemas 
complexos a outros níveis de assistência; realizar atendimentos de urgência; realizar pequenas 
cirurgias; prescrever medicamentos e outras orientações de acordo com os diagnósticos; 
emitir laudos, pareceres e atestados sobre assuntos de sua competência; executar as ações de 
assistência integral, aliando a atuação clínica à saúde coletiva, assistindo as famílias,indivíduos ou grupos específicos, de acordo com planejamento local; coordenar ações 
coletivas voltadas para promoção e prevenção em saúde bucal; programar e supervisionar o 
fornecimento de insumos para as ações coletivas; capacitar às equipes de saúde da família no 
que se refere às ações educativas e preventivas e, supervisionar o trabalho desenvolvido pelo 
técnico de higiene dental e pelo auxiliar de consultório27.
CONCLUSÃO
Apesar da Odontologia ser uma atividade antiga no Brasil, ela acabava sempre ficando 
em segundo plano, por ser de grande complexidade e alto custo. 
Como estratégia de consolidação do SUS, o PSF foi criado para dar uma nova lógica 
de atuação ao serviço público brasileiro, que causava o descontentamento da população, 
devido a sua prática excludente e hospitalocêntrica. Com essa implantação visava-se um 
aumento na acessibilidade das ações e serviços de saúde e que esses fossem realizados 
integralmente. 
Pela Odontologia não ter sido imediatamente incluída nesse programa, as ações e 
serviços odontológicos continuaram passando por problemas e o acesso da população a esses 
serviços continuou restrito. Com a inclusão da Odontologia no PSF, a atenção básica recebeu 
um importante complemento e a população ganhou uma nova proposta de prática 
odontológica que visa à promoção, a prevenção e a recuperação da saúde bucal de forma 
integral e o estreito relacionamento entre o profissional e a clientela.
10
ABSTRACT
The Brazilian health system has changed in the last decades. The major change was 
the creation of the Unique System of Health (SUS) in the 80´s decade, with the objective of 
correcting the health care model of the country, characterized by the "dependent-hospital" 
practice and only gone back to the cure of the diseases, generating the users' dissatisfaction. 
To restructure that system, which only worked theoretically, the “Family Health Program” 
was created in 1994, with the main objective of prioritize the promotion actions, protection 
and recovery of the health and to reach the integration and the universality of the attention. To 
reach this objective and improve the access for Brazilian population in buccal health, the 
Odontology was included in that program in 2000. As a result a new approach to solve the 
Brazilian buccal health problems is in progress due the open access, planning and feasibility 
of good quality odontology in SUS. Therefore a bibliography research was undertaken aiming 
relate the Brazilian buccal health history before and after SUS. The data collection have been 
based on text books, journal articles in several data bases of the last 14 years.
KEY WORDS
Family Health Program, Basic Attention, Antecedent Assistencial Models of SUS, Buccal 
Health and Dentistry. 
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