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1 ASSOCIAÇÃO DE BOMBAS EM SÉRIE E PARALELO Lady Marluany Nunes da Cruz, Lavínia Mota Cristianismo Silva, Michelle Antunes de Alvarenga e Silva, Vítor Moura de Amorim RESUMO As bombas são consideradas como a forma mais antiga de transferência de energia para um fluido, podendo ser utilizadas em diversas aplicações. Para escolha da melhor bomba para determinada aplicação, deve-se levar em conta fatores como a altura manométrica, a vazão volumétrica, as propriedades do fluido e o sistema de operação. As bombas podem ser classificadas de acordo com a forma de fornecimento de energia para o fluido em bombas de deslocamento positivo e bombas dinâmicas, podem ainda ser encontradas em associação em série ou paralelo para aumentar sua eficiência. Desse modo, o presente experimento teve como objetivo determinar as curvas características de duas bombas (1 e 2), assim como avaliar os efeitos de sua associação em série e em paralelo. Palavras-chave: curva característica; sistema de operação; associação. 1. INTRODUÇÃO A bomba é considerada como a máquina mais antiga de transferência de energia para um fluido (WHITE, 2011). O transporte de fluidos é uma operação básica em muitas indústrias, e para que o fluido escoe se faz necessária a instalação de uma ou várias bombas para aumentar a energia mecânica do fluido. As bombas podem ser usadas em diversas aplicações, e para escolha da bomba destinada a cada aplicação alguns fatores como a pressão requerida (altura manométrica), vazão volumétrica, propriedades do fluido, temperatura do fluido e sistema de operação devem ser considerados (TADINI, 2015). Existem dois tipos básicos de bombas, classificadas de acordo com a forma que fornecem energia ao fluido em bombas de deslocamento positivo e bombas dinâmicas ou de variação de quantidade de movimento (WHITE, 2011). 1.1. Bombas de deslocamento positivo (BDP) As bombas de deslocamento positivo são aquelas que forçam o 2 movimento do fluido por meio de variações de volume, podendo ser divididas em duas categorias: bombas rotativas e bombas alternativas. As bombas rotativas dependem de um movimento de rotação, já o funcionamento das bombas alternativas envolve o movimento de vai e vem de um pistão cilíndrico (WHITE, 2011; FOUST et al., 2011). 1.2 Bombas dinâmicas As bombas dinâmicas acrescentam quantidade de movimento ao fluido por meio de pás ou aletas que se movem rapidamente. As bombas dinâmicas podem ser classificadas em rotativas ou bombas especiais (WHITE, 2011). 1.3 Bomba centrífuga A bomba centrífuga consiste em um rotor que gira dentro de uma carcaça, onde o fluido entra axialmente pela carcaça e é aspirado pelas pás do rotor girando tangencialmente e escoando radialmente para fora, o fluido ganha velocidade e pressão conforme passa pelo rotor. Esse tipo de bomba é construído em pequenas dimensões e possuem vazão variando de poucos galões/ minuto até milhares de galões/ minuto (WHITE, 2011; FOUST et al., 2011). 1.4 Curva característica da bomba A seleção de uma bomba centrífuga envolve a análise da curva característica da bomba, essa curva relaciona a vazão (Q) e a altura total do bombeamento (H). Para obtenção da curva característica da bomba são realizados ensaios laboratoriais normatizados, porém em algumas situações, a curva de uma bomba que opera separadamente pode não contemplar a faixa de vazão e a altura total de bombeamento que é exigido pelo sistema, nesses casos, uma opção seria a utilização de bombas associadas em série ou paralelo, visando alcançar um melhor desempenho operacional do sistema (PRADO; SILVA, 2013). 1.5 Associação de bombas A associação de bombas tem como objetivo aumentar a vazão e a capacidade do sistema, além disso, a associação de bombas envolve vantagens como redução de custos, nos casos em que duas bombas menores têm custo inferior ao de uma bomba grande, garante flexibilidade e segurança no processo, em casos em que se deseja aumentar a vazão, ou que ocorra falha em uma das bombas. A associação de bombas pode ser feita em série ou em paralelo. 3 1.6 Associação em série Para efetuar uma associação de bombas em série (Figura 1), é necessário que e conecte a tubulação de recalque da primeira bomba na sucção da segunda, assim, para cada vazão, a altura total (H) será a soma da altura de cada bomba operando separadamente. Esse tipo de associaçãoé utilizado quando se deseja que a curva característica seja inclinada, de modo que a vazão se mantenha praticamente constante ainda que ocorram mudanças bruscas de pressão (PRADO; SILVA, 2013). Figura 1: Associação de bombas em série Fonte: Revista Bombeiros, 2019. 1.7 Associação em paralelo Para efetuar uma associação de bombas em paralelo (Figura 2), devem- se ter duas ou mais bombas operando simultaneamente, promovendo o recalque do fluido para uma única tubulação. Esse tipo de associação é utilizado quando se necessita de uma curva característica plana, de forma que a pressão de bombeamento seja praticamente constante com a variação de vazão (PRADO; SILVA, 2013). Figura 2: Associação de bombas em paralelo Fonte: Revista Bombeiros, 2019. Para uma seleção e operação adequada dos sistemas de bombeamento, é essencial que se conheça as curvas características das bombas operando seja em associação em série ou paralela. Desse modo, o presente experimento teve como objetivo determinar as curvas características de duas bombas (1 e 2), assim comoavaliar os efeitos de sua associação em série e em paralelo. 2. MATERIAIS E MÉTODOS 2.1 Materiais • Barbante • Bombas; • Cotovelos, joelhos, T’s, tubos e válvulas; • Manômetro (medidor de pressão); • Régua de 50 cm; • Vacuômetro. 4 A Figura 3 mostra a associação de duas bombas ligadas por tubulações e colunas de fluido, compondo o equipamento do experimento. Figura 3: Equipamento didático para associações de bomba em série e em paralelo Fonte: Autores,2019. 2.2 Métodos Acionou-se o registro, controlou-se as válvulas e ligou-se a chave de partida da bomba 1. A abertura das válvulas azul e vermelha foi controlada para obter os valores de pressão na sucção e na descarga para a vazão de 2,0; 2,5; 3,0; 3,5; 4,0; 4,5; 5,0; 5,5; 6,0; 6,5; 7,0; 7,5 e 8,0 m3/h. Em cada uma dessas vazões mediu-se e anotou-se a altura manométrica. O mesmo foi feito para acionar a bomba 2 e medir os valores de pressão na sucção e na descarga com as vazões de 2,0 a 7,0 m3/h variando de 0,5 m3/h. As alturas manométricas também foram medidas e previamente anotadas. Para a associação das bombas 1 e 2 em série, acionou-se a chave de partida da bomba 1 e em seguida da bomba 2 após ajustar os registros e abrir as válvulas. Nesta etapa, mediu-se os valores para a vazão de 2,0 a 7,0 m3/h variando de 0,5 m3/h. Para a associação das bombas 1 e 2 em paralelo, afim de aumentar a vazão em relação a associação em série, os valores de pressão na sucção e na descarga foram medidos e anotados para a vazão de 2,0; 2,5; 3,0 e. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Seguindo o roteiro da prática disponibilizado, obteve-se os resultados da carga hidráulica para a bomba 01 , bomba 02, bomba 01 e 02 em série e bomba 01 e 02em paralelo. Para a bomba 01 funcionando separadamente os seguintes valores de pressão de sucção e descarga registrados nos manômetros foram descritos na tabela 1. Tabela 1: Dados experimentais da bomba 1 Vazão (m³/s) Pressão na sucção (kgf/m³) Pressão na descarga (kgf/m³) Z(m) 2 -815,6 14000 0,585 2,5 -951,6 13500 0,595 3 -1495,4 12500 0,604 3,5 -1631,3 11500 0,611 4 -2032,1 10500 0,619 4,5 -2582,9 10000 0,626 5 -2990,7 9000 0,632 5,5 -3262,6 8200 0,64 6 -3942,4 6700 0,649 5 6,5 -4214,2 6000 0,655 7 -4621,8 5000 0,661 7,5 -5165,8 4500 0,667 8 -5614,5 3500 0,674 Fonte: Autores, 2019. A partir dessas medições pode- se calcular a altura manométrica a partir da equação de Bernoulli. Essa equação relaciona a variação da pressão, da energia potencial e da energia cinética do líquido em uma linha de corrente com escoamento em regime estabelecido, conforme a equação de Bernoulli para manometria (Equação 1). ∆𝑃 𝜌𝑔 + ∆𝑣² 2𝑔 + ∆𝑍 = 𝐻 (Equação 1) Onde: 𝜌 = massa específica; ∆𝑣2 = variação de velocidade do fluido; g = gravidade; ∆𝑃 = variação de pressão; H= altura manométrica; ∆𝑍 = altura estática entre eixo rotacional da bomba e altura da vazão. Considerando a velocidade do fluido constante para fins de simplificação, temos que ∆𝑣2 = 0, resultando assim na Equação 2. ∆𝑃 𝜌𝑔 + ∆𝑍 = ∆𝐻 (Equação 2) Essa equação foi usada para calcular a altura manométrica da bomba 1 e os valores encontrados foram listados na tabela 2, logo abaixo: Tabela 2: Altura manométrica da bomba 1 Vazão(m³/s) H(m) 2 15,41 2,5 15,06 3 14,61 3,5 13,75 4 13,16 4,5 13,22 5 12,63 5,5 12,11 6 11,30 6,5 10,88 7 10,29 7,5 10,34 8 9,80 Fonte: Autores, 2019. O fabricante sugere a curva característica baseada nos pontos listados abaixo na tabela 3: Tabela 3: Valores de H (m) do fabricante para a bomba2 Vazão(m³/s) H(m) 2 4,4 2,5 5,6 3 6,8 3,5 8,21 4 9,3 4,5 10,9 5 12,5 5,5 13,75 6 15 6,5 17 7 19 7,5 21 8 23 Fonte: Autores, 2019. 6 E relacionando-os com os dados obtidos experimentalmente, obteve-se o ponto de operação da bomba na interseção das duas curvas, de acordo com a Figura 5. Figura 4: Gráfico da curva característica real da bomba 1 X curva característica dada pelo fabricante para a bomba 1 Fonte: Autores, 2019. A partir desse gráfico é possível inferir que o ponto de operação da bomba 1 está aproximadamente na altura manométrica de H = 12,5m e na vazão Q = 5m³/h. O mesmo procedimento foi feito para a segunda bomba e os dados experimentais, a altura manométrica e a curva de operação da bomba 2 são mostrados na sequência nas tabelas 4, 5 e na figura 6. Tabela 4: Dados experimentais da bomba 2 Vazão (m³/s) Pressão na sucção (kgf/m²) Pressão na descarga (kgf/m²) Z (m) 2 0 16000 0,585 2,5 -135,94 15500 0,595 3 -543,77 14500 0,604 3,5 -951,61 13500 0,611 4 -1495,38 12500 0,619 4,5 -1835,24 11500 0,626 5 -2446,98 10500 0,632 5,5 -2990,76 9500 0,64 6 -3943,4 7000 0,649 6,5 -4212,6 6000 0,655 7 -4893,97 1000 0,661 Fonte: Autores, 2019. Na tabela 5, são apresentados os valores de H (m) para a bomba 2. Tabela 5: Resultado da H (m) da bomba 2 Vazão (m³/s) H (m) 2 16,596 2,5 16,242 3 15,659 3,5 15,073 4 14,624 4,5 13,971 5 13,588 5,5 13,140 6 11,600 6,5 10,875 7 6,559 Fonte: Autores, 2019. Figura 5: Gráfico da curva característica real da bomba 2 X curva característica dada pelo fabricante para a bomba 2 Fonte: Autores, 2019. O ponto de operação da bomba 2 de acordo com o gráfico se dá na altura manométrica de H= 13m e vazão Q= 5,5 m3/h. 0 5 10 15 20 25 2 3.5 5 6.5 8 H (m ) Q(m³/h) Dados do experimen to Dados do fabricante 0 5 10 15 20 1 3 5 7 9 11 H (m ) Q(m³/h) Dados do fabricant e Dados do experime nto 7 Os valores obtidos de pressões, altura e vazão para bomba 1 e 2 em série, estão descritos na tabela 7. Tabela 6: Dados experimentais da configuração das bombas 1 e 2 em série. Vazão (m³/s) Pressão na sucção (kgf/m²) Pressão na descarga (kgf/m²) Z (m) 2 -1495,45 33500 0,585 2,5 -2175,22 31500 0,595 3 -2854,97 30000 0,604 3,5 -3534,73 28000 0,611 4 -4486,38 25500 0,619 4,5 -5302,09 23500 0,626 5 -6389,7 20000 0,632 Fonte: Autores, 2019. Na tabela 8, são apresentados os valores de H (m) para a as bombas associadas em série. Tabela 7: Resultados de H (m) para as bombas 1 e 2 em série. Vazão (m³/s) H (m) 2 35,605 2,5 34,294 3 33,482 3,5 32,168 4 30,627 4,5 29,449 5 27,041 5,5 25,250 6 22,900 6,5 21,760 7 16,850 Fonte: Autores, 2019. Já na figura 7, a curva característica encontrada experimentalmente é novamente cruzada com a curva sugerida pelo fabricante : Figura 7: Gráfico da curva característica real das bombas em série X curva característica dada pelo fabricante para as bombas em série Fonte: Autores, 2019. A análise dessa curva mostra o ponto de operação dessa montagem como H = 18m e Q = 6,8m³/h, aproximadamente. Os valores obtidos de pressões, altura e vazão e bomba 1 e 2 em paralelo estão descritos na tabela 10. Tabela 8: Dados experimentais da configuração em paralelo das bombas 1 e 2 Os dados experimentais totais da configuração das bombas 1 e 2 em paralelo se encontram na tabela 11. 0 10 20 30 40 2 3.5 5 6.5 H (m ) Q(m³/h) Dados do experimen to Dados do fabricante Z(m) Vazão(m³/s) Pressão na sucção(kgf/m²) Pressão na descarga(kgf/m²) Bomba 1 Bomba 2 Bomba 1 Bomba 2 Bomba 1 Bomba 2 1,238 2 2 -590 -460 0 0,15 1,298 3 3 -570 -455 0,1 0,6 1,348 4 4 -490 -390 0,5 0,45 8 Tabela 9: Dados experimentais totais da configuração das bombas 1 e 2 em paralelo Vazão total (m³/s) Pressão total na sucção (kgf/m²) Pressão total na descarga (kgf/m²) Z(m) 4 -14274,86 1500 1,238 6 -13934,98 7000 1,298 8 -12575,50 9500 1,348 Fonte: Autores, 2019. Os valores encontrados de H (m) para as bombas associadas em paralelo estão apresentados na tabela 12. Tabela 10: Resultados de H (m) para a bombas 1 e 2 em paralelo. Vazão(m³/s) H(m) 4 17,02413 6 22,24793 8 23,42663 Fonte: Autores, 2019 Na figura 8 está representada a curva característica do conjunto bomba 1 e 2 em paralelo: Figura 8: Gráfico da curva característica real das bombas em paralelo X curva característica dada pelo fabricante para as bombas em paralelo O ponto de operação das bombas associadas em paralelo é aproximadamente H= 8m e Q= 23 m3/h. As bombas 1 e 2 apresentaram valores de H(m) semelhantes. O que permite defini-las como bombas iguais. Quando operadas em série apresentaram valores de H(m) de aproximadamente o dobro dos obtidos quando operando individualmente, o que era esperado pois esse tipo de configuração tem o objetivo de aumentar a força total do sistema fazendo assim com que o fluido vença grandes alturas.No sistema em que as bombas operaram paralelamente, a altura atingida foi maior do que a altura registrada quando as bombas são operadas sozinhas e menores do que quando operadas em série. O esperado era que a altura manométrica não diferisse das registradas quando as bombas operaram individualmente. Esse tipo de associação é utilizado para processar grandes vazões de fluido, já que utilizando duas bombas a capacidade do sistema é dobrada. 4. CONCLUSÃO Foi possível concluir que as diferentes associações de bombas têm finalidades específicas. Se for necessário vencer grandes alturas manométricas o sistema em série é indicado. Se a necessidade for de processar grande s vazões o sistema em paralelo passa a ser o preferencial. 0 5 10 15 20 25 4 6 8 H (m ) Q(m³/h) Dados do experimen to Dados do fabricante 9 5. REFERÊNCIAS BRUNETTI, F. Mecânica dos fluidos. 2 ed.; ver São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. FOUST, A. S. et al. Princípios de OperaçõesUnitárias. Rio de janeiro: LTC, 2011. PRADO, G.; SILVA, T. B. Avaliação de duas bombas centrífugas associadas em série e paralelo. Irriga, Botucatu, v.18, n.1, p. 13-24, jan./mar. 2013. Revista dos bombeiros. Bombas hidráulicas de incêndio em série e em paralelo. Disponível em: <http://www.revistabombeiros.com.br/b ombas-hidraulicas-de-incendio-em- serie-e-em-paralelo/>. Acesso: 06 set. 2019. TADINI, C. C. Operações unitárias na indústria de alimentos. Rio de Janeiro: LTC, 2015. WHITE, F. M. Mecânica dos Fluidos. 6 ed. Porto Alegre: AMGH, 2011.
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