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Distúrbios de Linguagem

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Distúrbios de linguagem 
Distúrbios de linguagem são frequentemente não reconhecidos apropriadamente por estudantes. Até mesmo profissionais médicos ou não médicos experientes costumam exibir dificuldades para uma identificação correta desses sintomas. Muito provavelmente a principal razão para esse pouco interesse é a complexidade desencorajadora com que os livros especializados apresentam o tema. Um outro aspecto a considerar é a singularidade dessa condição que, impedindo uma comunicação adequada faz com que o paciente assuma ares de enfermo psiquiátrico. Como o ensino médico tradicional persiste sendo preconceituoso em relação aos doentes psíquicos nada mais natural que os afásicos sofram percalços durante seu atendimento e não tenham muitas vezes reconhecido prontamente o status de doente orgânico.
A propósito, alunos e profissionais da área da saúde jamais deveriam esquecer um preceito milenar...quanto mais dificuldade de expressão mais necessidade teremos de desenvolver nossa capacidade de ausculta, no caso do médico e de escuta, no caso do psicólogo.
O primeiro, e o mais fundamental deles: a função da linguagem está localizada no hemisfério cerebral dominante. Na imensa maioria dos indivíduos (mais de 90%), este é o hemisfério cerebral esquerdo. A elaboração da palavra falada tem sua origem na área do hemisfério dominante que se encontra no extremo posterior da circunvolução frontal inferior, também conhecida como área de Broca. Nesse mesmo hemisfério, mais precisamente no terço posterior da circunvolução temporal posterior encontra-se na área responsável pela compreensão e interpretação simbólica da linguagem, a área de Wernicke. Distúrbios da fala sempre se manifestarão quando alguma dessas áreas sofrerem lesões. Além disso, pequenos insultos que interfiram nas diversas comunicações existentes entre as mesmas, e entre elas e outros centros participativos da linguagem, poderão resultar igualmente em sérios transtornos da fala.
DEFINIÇÃO
Apesar do termo afasia significar estritamente uma completa ausência de linguagem, consagrou-se o seu uso no lugar da palavra mais correta, "disfasia", para se designar qualquer transtorno, incluindo os discretos, do uso simbólico das palavras.
 TIPOS
Transtornos da fala podem ser subdivididos em quatro grupos principais:
1. Afasia motora ou de expressão (afasia de Broca)
Esta variedade surge sempre em consequência de lesão nas proximidades da área de Broca. Na sua forma mais severa, o indivíduo perde totalmente a capacidade de falar; quando muito limita-se a dizer sim e não em resposta às indagações que lhe sejam dirigidas. Apesar disso ele demonstrará um perfeito entendimento da palavra e não hesitará em obedecer aos comandos que lhe sejam transmitidos.
A capacidade de escrever, uma outra forma de linguagem motora, costuma exibir alteração similar (agrafia ou disgrafia). Contudo é oportuno recordar que a área de Broca está muito próximo da córtex motora; assim, muitos pacientes terão hemiparesia associada com o déficit de linguagem. Logo, recomenda-se testar a capacidade de escrita usando-se a mão não afetada, que é geralmente a esquerda.
Por outro lado, o termo "palilalia" é reservado para designar um transtorno caracterizado pela repetição cada vez mais rápida de palavras ou frases estereotipadas, e muito provavelmente reflete um tipo de disfasia expressiva.
2. Afasia sensorial ou receptiva (Afasia de Wernicke)
Esta forma de disfasia é caracterizada fundamentalmente pela incapacidade para apreciar o significado simbólico das palavras, sejam elas faladas ou escritas. Esse transtorno possui valor localizatório, pois quase que invariavelmente é devido a uma lesão na área de Wernicke do hemisfério cerebral dominante. Pacientes gravemente afetados por esse tipo de disfasia demonstram total incapacidade para compreenderem o significado das palavras que ouvem ou veem. Muitas vezes perdem também a capacidade de apreciar sons musicais, configurando o que se define por amusia. Apesar disso, o doente dispõe de palavras; porém as utiliza de maneira desordenada e caótica. Geralmente costuma dispensar regras gramaticais elementares, falando em um jargão sui generis, desprovido de qualquer lógica racional (jargonofasia). Não raro, estes pacientes são pródigos criadores de neologismos, desprovidos entretanto de qualquer nexo.
3. Afasia de condução ou de sintaxe (afasia de Goldstein)
Lesões que causam interrupção na principal via de comunicação entre as áreas de Broca e Wernicke resultam nesta forma peculiar de disfasia. Pacientes costumam exibir uma fala fluente, porém repleta de parafasias (uso incorreto de palavras). Um jargão confuso, similar ao visto nos casos de afasia de Wernicke, é a regra. Na verdade, a única real distinção entre esta modalidade e a afasia de Wernicke é que a compreensão da linguagem falada neste tipo de disfasia costuma ser excelente.
4. Afasia global
Lesões extensas no hemisfério dominante que comprometam os lobos frontal e temporal frequentemente resultam em grave distúrbio de linguagem. Nesta situação, tanto a produção da fala quanto a compreensão das palavras escritas ou faladas encontram-se seriamente comprometidas. Pacientes com este tipo de disfasia são os únicos que poderiam ser definidos como realmente afásicos, pois sua linguagem, extremamente limitada, resume-se à emissão de grunhidos ininteligíveis.
Freud e sua concepção sobre as Afasias 
Freud também contribuiu para o debate sobre as afasias, em 1891 Freud publica Sobre a concepção das afasias: um estudo crítico, livro escrito antes da criação da psicanálise, mas que traz as raízes que se encontrarão mais tarde em alguns conceitos psicanalíticos. O ponto de partida para investigar as afasias será a psicopatologia e não a neurologia: Freud estabeleceu uma oposição à concepção meramente neurológica sobre a causa das afasias, ou seja, o ponto a ser questionado se localiza nas descrições dominantes das afasias de sua época, a teoria das localizações cerebrais.
“Freud reconhecia a existência e a importância de áreas específicas do cérebro necessárias para a atividade da fala, mas recusava a conclusão de elas seriam suficientes para explicar a fala e os distúrbios afásicos. Essa conclusão era em grande parte o resultado de inferência extraídas de exame post mortem do tecido lesionado afásico. Mas exames desse tipo só muito indiretamente podiam oferecer informações sobre o funcionamento dessas áreas. Afinal, o cérebro de um cadáver em nada se parece com o de um organismo vivo interagindo globalmente com outros em seu ambiente (Bezerra Junior, 2013, p. 100). 
“Freud observou que muitos sintomas da afasia pareciam ter associações de cunho mais psicológico do que fisiológico. Assim, erros verbais nas afasias podiam provir de associações verbais, tendendo as palavras de som ou sentido semelhantes a substituir a palavra correta. Às vezes, a substituição era de natureza mais complexa e não era compreensível como um homônimo ou um homófono, mas provinha de algum associação particular forjada no passado do indivíduo” (Sacks, 1998 [2000], p. 200-201). 
O principal argumento de Freud para se opor às teorias localizacionistas, encontra-se na maneira de entender os processos de representação e associação. Para Wernicke e Meynert a representação vem primeiro e em seguida a associação, enquanto para Freud representação e associação são simultâneos, assim Freud estabelece que toda afasia é o resultado de uma perturbação do fluxo associativo que dá sustentação à atividade da fala. 
Outro ponto relevante é a relação entre processos psicológicos e processos fisiológicos:
A fala é concebida como uma habilidade humana complexa cujo exercício resulta de processos associativos em vários níveis da atividade cerebral.
A fala não reproduz a atividade cerebral, ela expressa as associações entre processos fisiológicos disseminados por todo o órgão. Cada simples ato de fala implica a associação entre as várias funções de vários pontos da superfície cortical, é na perturbaçãodessa dinâmica que devemos situar as afasias.
As lesões em determinada área têm certamente um papel na precipitação da patologia, mas não de forma direta, mas sim porque sua presença limita ou altera o funcionamento da totalidade do sistema.
A concepção freudiana embora esteja ancorada no funcionamento neuronal, ela não é localizável em algum lugar físico do sistema nervoso.
“Rejeitamos, portanto, as hipóteses segundo as quais o aparelho de linguagem é constituído de centros distintos , separados por regiões corticais isentas de funções, e além disso as hipóteses segundo as quais as representações (imagens mnêmicas) que servem para a linguagem estejam acumuladas em determinadas áreas corticais denominadas centros, enquanto a associação dessas representações é assegurada exclusivamente pelos feixes de fibras brancas subcorticais. Só nos resta formular a concepção segundo a qual a região cortical da linguagem é uma área contínua do córtex, no interior da qual se efetuam, com uma complexidade que desafia a compreensão, as associações e as transferências sobre as quais repousam as funções da linguagem” (Freud, 1891 [2013], p. 99).
Disfasia: distúrbio da linguagem relacionado a alguma lesão cerebral e tem como principal característica a má coordenação das palavras.
SINTOMAS QUE PODERÃO ESTAR ASSOCIADOS ÀS DISFASIAS
Agrafia - Incapacidade para escrever que, geralmente, como já citado, costuma ser parte integrante da afasia de Broca. No entanto, agrafia não raramente pode ser encontrada em indivíduos sem qualquer distúrbio de fala.
Acalculia – Incapacidade para realizar cálculos básicos pode ser encontrada como parte de uma síndrome de afasia receptica (Wernicke). Poderá, entretanto, ser expressão única de lesões focais ao nível das circunvoluções angular ou supramarginal do lobo parietal dominante.
Alexia – Impossibilidade de leitura; surge em condições semelhantes àquelas descritas para acalculia.
Desorientação direita-esquerda – Indivíduos afetados não conseguem mais discernir os lados do corpo. Surge em situações similares às descritas acima.
 DISTÚRBIOS DE LINGUAGEM NÃO DISFÁSICOS
Ecolalia – Repetição tal qual papagaio do que as pessoas dizem, com eliminação de qualquer evidência de entendimento do que foi mencionado e com perda da fala espontânea. Lesão situa-se no giro angular e córtex adjacente da fissura sylviana posterior do hemisfério dominante. Deve ser realçado que, para se manifestar, a área de Broca deverá estar intacta.
Dislalia – Distúrbio benigno da linguagem caracterizado por omissões ou substituições errôneas de consoantes. É a típica conversa do personagem Cebolinha. Bons resultados com fonoterapia.
Disartria – Articulação inapropriada das palavras. Vista em uma ampla variedade de condições neurológicas distintas. Doenças que afetam o cerebelo e parkinsonianos em fase mais avançada costumam exibir esse transtorno. Entretanto, para fins didáticos, o exemplo mais marcante, que deve-se ter em mente para uma pronta identificação desse distúrbio da fala, é o do "bebum em final de noitada". Aliás, intoxicação aguda pelo álcool é a causa mais frequente de disartria. Apesar disso, outras etiologias devem ser ponderadas, principalmente quando a história clínica (e o hálito!) negar esta possibilidade. Em nosso meio, pessoas com a "doença dos açorianos" (Doença de Machado-Joseph), que apresentam marcantes sintomas cerebelares, costumam ser chamados de bêbados até que o diagnóstico seja estabelecido. Pacientes com outras formas de heredo-ataxias não raramente sofrem os mesmos percalços sociais.
Afonia – Perda completa da voz, sem qualquer outro sintoma associado. Distúrbios nos órgãos responsáveis pela fonação devem ser pesquisados. Na falta de evidência sugestiva de organicidade, uma origem psicogênica deveria ser questionada.
Anartria – Total incapacidade para pronunciar as palavras devido a um defeito no comando nervoso da musculatura envolvida na fonação. Apesar de não emitir sons, demonstra Ter sob controle consciente todos os demais complexos componentes da linguagem. A síndrome do encarcerado em si próprio (the "locked-in syndrome"), em conseqüência de lesões na porção ventral da ponte, é a causa mais freqüente desta rara condição. Nela, os pacientes estão totalmente paralisados e os movimentos oculares são a única forma de expressar plena consciência dos fatos.
Mutismo acinético – Pacientes nesse estado encontram-se em completa irresponsividade, apesar de estar alertas. Nenhuma forma racional de comunicação é possível. Atividade mental consciente nunca é manifestada. A expressão leiga "morto-vivo" talvez seja a melhor forma de expressar essa condição. Lesões vasculares na parte superior do tronco cerebral ou diencéfalo, ou mais raramente hidrocefalia, são as causas.
DISTÚRBIOS QUE PODEM MIMETIZAR DISFASIAS
Autismo – Esta possibilidade deveria ser ponderada sempre em crianças que apresentem sérios problemas de comunicação oral, combinada com grande dificuldade de relacionamento social. Avaliações precipitadas desses pacientes poderão conduzir ao diagnóstico equivocado de disfasia. O contrário também é verdadeiro; isto é, crianças disfásicas sendo também rotuladas como autistas. Em tais situações, é imperativa a exclusão da possibilidade de surdez congênita ou adquirida.
Mutismo de natureza psicogênica – Ataques psicogênicos de mutismo são capazes de mimetizar verdadeiras síndromes disfásicas. Geralmente tais quadros fazem pensar que estamos frente a um paciente com genuína afasia de Broca. Insultos psicológicos prévios são a regra. Como são mais frequentes em mulheres jovens, a pesquisa de abuso sexual deveria ser empreendida. Emergências de hospitais não são locais apropriados para este tipo de questionamento. Aliás esta crucial informação para um correto diagnóstico geralmente é obtida por pessoal não médico. Quando houver indícios, auxílio da enfermegem ou da assistência social ou da psicologia deveriam ser solicitados.
Mutismo associado com a esquizofrênica – No contexto da síndrome esquizofrênica são frequentes os distúrbios de linguagem. Estes às vezes podem expressar-se como sintomas da condição ou do tratamento com drogas neurolépticas. Pacientes catatônicos podem permanecer emudecidos por tempo prolongado, sugerindo a possibilidade de afasia global e, muitas vezes, somente uma história clínica detalhada apontará em direção ao diagnóstico apropriado.
F80-F89 Transtornos do desenvolvimento psicológico
Os transtornos classificados em F80-F89 têm em comum: a) início situado obrigatoriamente na primeira ou segunda infância; b) comprometimento ou retardo do desenvolvimento de funções estreitamente ligadas à maturação biológica do sistema nervoso central; e c) evolução contínua sem remissões nem recaídas. Na maioria dos casos, as funções atingidas compreendem a linguagem, as habilidades espaço-visuais e a coordenação motora. Habitualmente o retardo ou a deficiência já estava presente mesmo antes de poder ser posta em evidência com certeza, diminuirá progressivamente com a idade; déficits mais leves podem, contudo, persistir na idade adulta.
F80 Transtornos específicos do desenvolvimento da fala e da linguagem
Transtornos nos quais as modalidades normais de aquisição da linguagem estão comprometidos desde os primeiros estádios do desenvolvimento. Não são diretamente atribuíveis a anomalias neurológicas, anomalias anatômicas do aparelho fonador, comprometimentos sensoriais, retardo mental ou a fatores ambientais. Os transtornos específicos do desenvolvimento da fala e da linguagem se acompanham com frequência de problemas associados, tais como dificuldades da leitura e da soletração, perturbação das relações interpessoais, transtornos emocionais e transtornos comportamentais.
F80.0 Transtorno específico da articulação da fala
Transtorno específico do desenvolvimento na qual a utilização dos fonemas pela criança é inferior ao nível correspondente à sua idade mental, mas no qual o nível de aptidão linguística é normal: dislalia, lalação.
F80.1Transtorno expressivo de linguagem
Transtorno específico do desenvolvimento no qual as capacidades da criança de utilizar a linguagem oral são nitidamente inferiores ao nível correspondente à sua idade mental, mas no qual a compreensão da linguagem se situa nos limites normais. O transtorno pode se acompanhar de uma perturbação da articulação.
Disfasia ou afasia de desenvolvimento do tipo expressivo
Exclui:
afasia adquirida com epilepsia [Landau-Kleffner] (F80.3)
disfasia ou afasia:
·SOE (Serviço de orientação educacional) (R47.0) 
F80.2 Transtorno receptivo da linguagem
Transtorno específico do desenvolvimento no qual a capacidade de compreensão da linguagem pela criança está abaixo do nível correspondente à sua idade mental. Em quase todos os casos, a linguagem expressiva estará também marcadamente prejudicada e são comuns anormalidades na articulação.
Agnosia auditiva congênita
Surdez verbal
Transtorno de desenvolvimento (do tipo):
Afasia de Wernicke
Afasia ou disfasia de compreensão (receptiva)
Exclui:
Afasia adquirida com epilepsia [Landau-Kleffner] (F80.3)
Autismo (F84.0-F84.1)
Disfasia e afasia:
SOE (R47.0)
Do desenvolvimento, tipo expressivo (F80.1)
Mutismo eletivo (F94.0)
Aquisição de linguagem devido à surdez (H90-H91)
Retardo Mental (F70-F79)
Transtorno global do desenvolvimento (F84.-)
F80.3 Afasia adquirida com epilepsia [síndrome de Landau-Kleffner]
Transtorno no qual a criança, tendo feito anteriormente progresso normal no desenvolvimento da linguagem, perde tanto a habilidade de linguagem receptiva quanto expressiva, mas mantém uma inteligência normal; a ocorrência do transtorno é acompanhada de anormalidades paroxísticas no EEG, e na maioria dos casos há também convulsões epilépticas. Usualmente o início se dá entre os três e os sete anos, sendo que as habilidades são perdidas no espaço de dias ou de semanas. A associação temporal entre o início das convulsões e a perda de linguagem é variável com uma precedendo a outra (ou inversamente) por alguns meses a dois anos. Tem sido sugerido como possível causa deste transtorno um processo inflamatório encefalítico. Cerca de dois terços dos pacientes permanecem com um déficit mais ou menos grave da linguagem receptiva.
Exclui:
afasia (devida a):
SOE (R47.0)
Autismo (F84.0-F84.1)
Transtornos desintegrativos da infância (F84.2-F84.3)
F80.8 Outros transtornos de desenvolvimento da fala ou da linguagem
Balbucio
F80.9 Transtorno não especificado do desenvolvimento da fala ou da linguagem
Transtorno de linguagem SOE
F81 Transtornos específicos do desenvolvimento das habilidades escolares
Transtornos nos quais as modalidades habituais de aprendizado estão alteradas desde as primeiras etapas do desenvolvimento. O comprometimento não é somente a consequência da falta de oportunidade de aprendizagem ou de um retardo mental, e ele não é devido a um traumatismo ou doença cerebrais.
F81.0 Transtorno específico de leitura
A característica essencial é um comprometimento específico e significativo do desenvolvimento das habilidades da leitura, não atribuível exclusivamente à idade mental, a transtornos de acuidade visual ou escolarização inadequada. A capacidade de compreensão da leitura, o reconhecimento das palavras, a leitura oral, e o desempenho de tarefas que necessitam da leitura podem estar todas comprometidas. O transtorno específico da leitura se acompanha frequentemente de dificuldades de soletração, persistindo comumente na adolescência, mesmo quando a criança haja feito alguns progressos na leitura. As crianças que apresentam um transtorno específico da leitura tem frequentemente antecedentes de transtornos da fala ou de linguagem. O transtorno se acompanha comumente de transtorno emocional e de transtorno do comportamento durante a escolarização.
Dislexia de desenvolvimento
Leitura especular
Retardo específico da leitura
Exclui:
alexia SOE (R48.0)
dificuldades de leitura secundárias a transtornos emocionais (F93.-)
dislexia SOE (R48.0)
F81.1 Transtorno específico da soletração
A característica essencial é uma alteração específica e significativa do desenvolvimento da habilidade para soletrar, na ausência de antecedentes de um transtorno específico de leitura, e não atribuível à baixa idade mental, transtornos de acuidade visual ou escolarização inadequada. A capacidade de soletrar oralmente e a capacidade de escrever corretamente as palavras estão ambas afetadas.
Retardo específico da soletração (sem transtorno da leitura)
Exclui:
agrafia SOE (R48.8)
dificuldades de soletração:
associadas a transtorno da leitura (F81.0)
devidas a ensino inadequado (Z55.8)
F81.2 Transtorno específico da habilidade em aritmética
Transtorno que implica uma alteração específica da habilidade em aritmética, não atribuível exclusivamente a um retardo mental global ou à escolarização inadequada. O déficit concerne ao domínio de habilidades computacionais básicas de adição, subtração, multiplicação e divisão mais do que as habilidades matemáticas abstratas envolvidas na álgebra, trigonometria, geometria ou cálculo.
Acalculia de desenvolvimento, Discalculia, Síndrome de Gerstmann de desenvolvimento, Transtorno de desenvolvimento do tipo acalculia.
F81.3 Transtorno misto de habilidades escolares
Categoria residual mal definida de transtornos nos quais existe tanto uma alteração significativa do cálculo quanto da leitura ou da ortografia, não atribuíveis exclusivamente a retardo mental global ou à escolarização inadequada. Deve ser utilizada para transtornos que satisfazem aos critérios tanto de F81.2 quanto aos de F81.0 ou F81.1.
Exclui:
Transtorno específico (de) (das):
Leitura (F81.0)
Habilidades aritméticas (F81.2)
Soletração (F81.1)
F81.8 Outros transtornos do desenvolvimento das habilidades escolares
Transtorno de desenvolvimento da expressão escrita
F81.9 Transtorno não especificado do desenvolvimento das habilidades escolares
Incapacidade (de):
Aprendizagem SOE
Aquisição de conhecimentos SOE
Transtorno de aprendizagem SOE
F94.0 Mutismo eletivo
Transtorno caracterizado por uma recusa, ligada a fatores emocionais, de falar em certas situações determinadas. A criança é capaz de falar em certas situações, mas recusa-se a falar em outras determinadas situações. O transtorno se acompanha habitualmente de uma acentuação nítida de certos traços de personalidade, como, por exemplo, ansiedade social, retraimento social, sensibilidade social ou oposição social.
Mutismo seletivo
Exclui:
Esquizofrenia (F20.-)
Mutismo transitório que acompanha uma angústia de separação em crianças pequenas (F93.0)
Transtornos:
Específicos do desenvolvimento da fala e da linguagem (F80.-)
Globais do desenvolvimento (F84.-)

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