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material didático - habeas corpus e mandado de segurança-1

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PROCESSO PENAL III
HABEAS CORPUS E MANDADO DE SEGURANÇA
MATERIAL DIDÁTICO 8º PERÍODO A e B
A) HABEAS CORPUS: 
1. INTRODUÇÃO: Habeas corpus é o remédio judicial que tem por finalidade evitar ou fazer cessar a violência ou coação à liberdade de locomoção, decorrente de ilegalidade ou abuso de poder. O intuito deste artigo é demonstrar as espécies, formas e natureza do habeas corpus, sua história e sua evolução constitucional e jurisprudencial. 
2. ORIGEM: O instituto do habeas corpus tem sua origem remota no Direito Romano, pelo qual todo cidadão podia reclamar a exibição do homem livre detido ilegalmente. 
A origem mais apontada por diversos autores é a Magna Carta, que por opressão dos barões, foi outorgada pelo Rei João Sem Terra em 19 de junho de 1215, nos campos de Runnymed, na Inglaterra. 
Como aponta Pinto Ferreira: 
“O habeas corpus nasceu historicamente como uma necessidade de contenção do poder e do arbítrio. Os países civilizados adotam-no como regra, pois a ordem do habeas corpus significa, em essência uma limitação às diversas formas de autoritarismo.” 
3. INTRODUÇÃO NO BRASIL: No Brasil, foi introduzido após a partida de D. João VI para Portugal, quando expedido o Decreto de 23 de maio de 1821, referendado pelo Conde dos Arcos. 
Estabelecia aquele Decreto que, a partir de então, nenhuma pessoa livre no Brasil poderia ser presa sem escrita do Juiz do território a não ser em caso de flagrante delito, quando qualquer do povo poderia prender o delinqüente; e que nenhum Juiz poderia expedir ordem de prisão sem que houvesse culpa formada, por inquirição de três testemunhas e sem que o fato fosse declarado em lei como delito. 
O decreto foi implícito na constituição de 1824, a qual proibia as prisões arbitrarias e mais tarde, foi regulamentado pelo Código de Processo Criminal de 24 de novembro de 1832, nos artigos 340 a 355 e estabelecia que qualquer Juiz poderia passar uma ordem de habeas corpus de ofício, sempre que no curso do processo chegasse ao seu conhecimento que alguém estivesse detido ou preso. 
Com o advento da Republica, o Decreto de 11 de outubro de 1890 determinava que todo cidadão nacional ou estrangeiro poderia solicitar ordem de habeas corpus, sempre que ocorresse ou estivesse em vias de se consumar um constrangimento ilegal. Era o aparecimento, entre nós, do habeas corpus preventivo. 
4. CONCEITO E FINALIDADE: A Constituição Federal de 1988 prevê em seu art. 5º, inciso LXVIII que conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. 
O sentido da palavra alguém no habeas corpus refere-se tão somente a pessoa física. Ressalte-se que a Constituição Federal, expressamente, prevê a liberdade de locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa nos termos da lei, nele entrar permanecer ou dele sair com seus bens (CF, art. 5º, XV). 
O habeas corpus não poderá ser utilizado para a correção inidônea que não implique coação a liberdade de ir, permanecer e vir.
Na defesa da liberdade de locomoção, cabe ao Poder Judiciário considerar ato de constrangimento que não tenha sido apontado em petição inicial [3]. Da mesma forma, pode atuar no tocante à extensão da ordem, deferindo-a aquém ou além do que pleiteado. 
5. NATUREZA JURÍDICA: O habeas corpus é uma ação constitucional de caráter penal e de procedimento especial, isenta de custas e que visa evitar ou cessar violência ou ameaça na liberdade de locomoção por ilegalidade ou abuso de poder. Não se trata, portanto de uma espécie de recurso, apesar de regulamentado no capítulo a eles destinado no Código de Processo Penal. 
Convém lembrar que, não obstante o esforço teórico desprendido por esses autores e o fato de o habeas corpus servir às vezes, como sucedâneo de recurso, para atacar pronunciamento judicial, está hoje fora de qualquer dúvida a sua natureza jurídica de ação, ou seja, “atuação do interessado, ou alguém por ele, consistente no pedido de determinada providência, a órgão jurisdicional, contra ou em face de quem viola ou ameaça violar a sua liberdade de locomoção”.
6. HIPÓTESES E ESPÉCIES: 
6.1 Habeas corpus preventivo (salvo-conduto): Quando alguém se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção por ilegalidade ou abuso de poder. Assim, bastará, pois a ameaça de coação à liberdade de locomoção, para a obtenção de um salvo conduto ao paciente, concedendo-lhe livre trânsito, de forma a impedir sua prisão ou detenção pelo mesmo motivo que ensejou o habeas corpus. 
6.2. Habeas corpus liberatório ou repressivo: Quando alguém estiver sofrendo violência ou coação em sua liberdade de locomoção por ilegalidade ou abuso de poder. Pretende fazer cessar o desrespeito à liberdade de locomoção. 
6.3. Liminar em habeas corpus: Em ambas as espécies haverá possibilidade de concessão de medida de liminar, para se evitar possível constrangimento à liberdade de locomoção irreparável. 
Júlio Fabbrini Mirabete lembra que: 
“Embora desconhecida na legislação referente ao habeas corpus, foi introduzida nesse remédio jurídico, pela Jurisprudência, a figura da ‘liminar’, que visa atender casos em que a cassação da coação ilegal exige pronta intervenção do judiciário” 
Concluindo que: 
“Como medida cautelar excepcional, a liminar em habeas corpus, exige requisitos: o periculum in mora ou perigo na demora, quando há probabilidade de dano irreparável e o fumus boni iuris ou fumaça do bom direito, quando os elementos da impetração, indiquem a existência de ilegalidade”. 
7. CABIMENTO DE HABEAS CORPUS: Dado o intuito pragmático do presente artigo, serão elencadas as ocorrências que autorizam a concessão da ordem: 
Ameaça, sem justa causa, à liberdade de locomoção; 
Prisão por tempo superior estabelecido em lei ou sentença; 
Cárcere privado; 
Prisão em flagrante sem a apresentação da nota de culpa; 
Prisão sem ordem escrita de autoridade competente; 
Prisão preventiva sem suporte legal; 
Coação determinada por autoridade incompetente; 
Negativa de fiança em crime afiançável; 
Cessação do motivo determinante da coação; 
10. Nulidade absoluta do processo; 
11. Falta de comunicação da prisão em flagrante do Juiz competente para relaxá-la. 
8. PESSOAS DO PROCESSO: do processo de habeas corpus participam as seguintes pessoas: 
1 - O Impetrante – é aquele que requer ou impetra a ordem de habeas corpus a favor do paciente; 
2 - O Paciente – é o individuo que sofre a coação, a ameaça, ou a violência consumada; 
3 - O Coator – é quem pratica ou ordena a prática do ato coativo ou da violência; 
4 - O Detentor – é quem mantém o paciente sobre o seu poder, ou o aprisiona. 
8.1. Impetrante: primeiramente, é de se considerar a figura do impetrante, que é a pessoa legitimada a impetrar a ordem, uma vez que apropria natureza do habeas corpus indica que qualquer pessoa seja nacional ou estrangeiro, não importando sua profissão ou situação social, pode impetrá-lo a seu favor ou de outrem. 
8.2. Coator: o coator, como já foi dito, é a pessoa que de qualquer modo, causa ou ameaça causar ao paciente um constrangimento ilegal. 
Apesar de existir ainda certa divergência, é prevalente em doutrina e jurisprudência o entendimento de que a coação pode provir de ato de autoridade pública ou de particular. Normalmente é a autoridade, policial ou judiciária, a responsável pela coação, mas isto não exclui a possibilidade de o particular também exercê-la, cabendo habeas corpus para remediá-la.
8.3. Paciente: chama-se paciente a pessoa que está sofrendo a coação ilegal, ou está iminência de sofrê-la. Pode ela mesma impetrar a ordem, ou pode outra pessoa impetrá-la em seu favor. No primeiro caso o paciente e o impetrante se confundem na mesma pessoa. 
Para uma fácil compreensão, enumeramos algumas situações especiais, na qual se pode encontrar o paciente. 
8.3.1. Paciente incapaz: se o paciente for incapaz, ser-lhe-á nomeado curadorque poderá, ser inclusive, o próprio impetrante. 
8.3.2. Vários pacientes: se houver mais de um paciente, as condições para concessão da medida, deverão ser atendidas por todos, sendo que pode um paciente impetrar habeas corpus pelos demais. 
8.3.3. Paciente de nome desconhecido: mesmo que o nome do paciente seja desconhecido, no todo ou em parte, poderá o interessado impetrar o habeas corpus, indicando na petição, dados suficientes para individualizá-lo. 
8.3.4. Paciente em local desconhecido: não é necessário que se saiba onde se encontra o paciente que sofre o constrangimento ilegal, bastando que se indique qual é a autoridade coatora. 
8.3.5. Paciente foragido: a circunstância de se encontrar o paciente foragido, não impede o conhecimento e julgamento de habeas corpus. 
9. COMPETÊNCIA: em regra, competirá conhecer o pedido de habeas corpus a autoridade judiciária imediatamente superior à que pratica ou está em vias de praticar o ato ilegal. 
9.1. Juiz de Direito: compete aos Juizes de Direito estaduais sempre que a coação for exercida por particulares ou pelas autoridades policiais estaduais. 
9.2. Tribunais de Justiça ou de Alçada: já os Tribunais de Justiça ou de Alçada serão competentes originariamente, sempre que a autoridade coatora for Juiz de Direito estadual ou secretário de estado (Código de Porcesso penal, art. 650, II). 
9.3. Juiz Federal: compete ao Juiz Federal, quando o crime atribuído ao paciente tiver sido praticado pela Polícia Federal. Caso seja o próprio Juiz Federal a autoridade coatora, competirá ao Tribunal Regional Federal a que estiver ele subordinado. 
9.4. Superior Tribunal de Justiça: competirá ao Superior Tribunal de Justiça, quando o coator ou o paciente for Governador de estado ou do Distrito federal; órgão monocrático dos Tribunais Estaduais ou dos Tribunais Regionais Federais, membros dos Tribunais de Contas dos Estados ou do Distrito Federal; dos Tribunais Regionais Eleitorais, dos Tribunais Regionais dos Trabalho; dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e do Ministério Público da União que oficiem perante Tribunais ou quando o Coator for Ministro de Estado. 
9.5. Supremo Tribunal Federal: será competente se o paciente for o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, os seus próprios Ministros, o Procurador-Geral da República, os Ministros de Estado, os Membros dos Tribunais Superiores, os dos Tribunais de Contas da União e os Chefes de Missão Diplomáticas. 
10. CONCESSÃO DE OFÍCIO: segundo preceitua o artigo 654, parágrafo 2º do Código de Processo Penal, “os Juizes e os Tribunais tem competência para expedir de oficio ordem de habeas corpus, quando no curso do processo verificarem que alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação ilegal”. 
Na lição de Espínola Filho 
“Para a concessão da ordem, na hipótese, não há necessidade de processo especial, a autoridade judiciária serve-se dos próprios elementos do processo, que corre sob sua jurisdição, eis que a prova nele colhida, a convença da efetividade, ou da ameaça real e iminente, de constrangimento ilegal de que seja paciente, o réu, o ofendido, o querelante, testemunha, advogado”. 
11. EXECUÇÃO DA SENTENÇA: provada a ilegalidade do constrangimento e concedida a ordem de habeas corpus, expedir-se-á alvará de soltura, lavrado pelo escrivão da Vara e assinado pelo juiz, a fim de que o paciente seja posto em liberdade. 
Não poderá a autoridade coatora, deixar de acatar, imediatamente, a ordem concedida a não ser que a mesma emane de Juiz Incompetente para a sua concessão. O não cumprimento implica em desobediência, podendo o Juiz determinar a prisão do detentor, ou requisitar a força necessária para que a mesma seja cumprida. 
12. Recursos: da decisão que conceder  ou negar habeas corpus em 1ª instância, caberá Recurso em sentido estrito (o chamado recurso pro et contra). Se o juiz singular conceder habeas corpus, deverá obrigatoriamente “recorrer de ofício” ao tribunal para reexame, nos termos do artigo 574, I, CPP.
Se denegado em segunda instância, caberá Recurso ordinário constitucional para:
-        STF: Quando a decisão denegatória ou de não conhecimento é proferida, em única instância, pelo STJ, nos termos do art. 102, II, “a”, da CRFB.
-        STJ: Quando a decisão denegatória ou de não conhecimento do habeas corpus for proferida em única ou última instância, pelos tribunais de justiça ou tribunais regionais federais, conforme estabelece o art. 105, II, “a”, da CRFB.
Para esclarecer, o STF o recurso ordinário, quando o HC tiver sido negado em única instância pelo STJ. 
            Já o STJ julga o recurso ordinário quando o habeas corpus foi denegado pelo Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal em única (prerrogativa de função) ou última instância (logo, pode ser um HC contra ato coator de juiz, por exemplo). (LOPES JR. p. 3547, 2012)
O prazo para interposição do ROC é de 5 dias como preceitua a lei 8038/90 e pela súmula nº 319 do STF: “O prazo do recurso ordinário para o Supremo Tribunal Federal, em “habeas corpus” ou mandado de segurança, é de cinco dias.”
Ainda que o “writ” possa ser interposto por qualquer pessoa, o recurso ordinário deverá ser subscrito por advogado. Já foi decidido, contudo, pelo STF no HC 86.307-8, que não há necessidade de procuração, até porque o “writ” não a exige. (LOPES JR. p. 3549, 2012).
10. Efeitos da concessão do habeas corpus: a concessão do HC, não obstará o prosseguimento do processo penal, salvo hipótese de arquivamento do inquérito ou da extinção da ação penal.
Concedida a ordem, estando o paciente preso, será posto imediatamente em liberdade, salvo se por outro motivo dever permanecer recolhido (art. 660, § 1º). Concedida a ordem em habeas corpus preventivo, dar-se-á ao paciente salvo-conduto assinado pelo juiz (art. 660, § 4º). (BONFIM, p. 2029, 2012).
B) MANDADO DE SEGURANÇA
1. INTRODUÇÃO: busca a delimitação do tema do Mandado de Segurança com aplicação dentro da seara criminal. Primeiramente trata-se do tema no âmbito civil, haja vista que a regulamentação legal do tema se encontra em leis do referido ramo.
Com essa verificação, passa-se a analisar o MS dentro do processo penal, sendo conferido o prazo, a legitimidade para interposição e para figurar no polo passivo, quem é o juízo competente e algumas hipóteses de cabimento do MS.
2. CONCEITO DO MANDADO DE SEGURANÇA: o Mandado de Segurança, de uma ação civil, com teor impugnativo, de caráter garantista-constitucional, sendo utilizado para a proteção de um direito líquido e certo, diante de uma lesão ou ameaça proveniente de ato de autoridade pública ou pessoa jurídica investida no poder público.
Importante destacar o conceito de direito líquido e certo, sendo aquele que não demanda dilação probatória, sendo possível verifica-lo de plano, sem a existência de uma analise profunda.
Nas palavras do ilustre mestre Júlio Fabrini Mirabete: "direito que não desperta dúvidas, que está isento de obscuridade, que não precisa ser aclarado com o exame de provas em dilações, que é em si mesmo, concludente e inconcusso".
Segue-se que, para auferir a existência do direito violado, são necessárias tão somente as provas pré-constituídas que acompanham a petição inicial, sendo desnecessárias demais provas.
Veja-se também que, a impetração do Mandado de Segurança não poderá ser para questionar incidência direta sobre a liberdade do indivíduo, onde seria necessária a utilização do Habeas Corpus, da mesma forma, incabível para a obtenção e/ou retificação de informações, amparado pelo Habeas Data.
Para que se possa falar na utilização do mandamus, é necessário que haja um ato emanado de uma autoridade pública ou de um particular investido em poder público, sendo inadmissível a impetração ante um ato puramente de um particular.
Ainda, necessário se faz que o ato tenha se manifestado por meio de ilegalidade ou abuso de poder, pois pressupõe o legislador que apenas quando existente um excesso ou ilegalidade,o mesmo terá potencialidade lesiva, em clara homenagem à presunção de legitimidade dos atos emanados pela Administração Pública.
A Lei nº 12.016 de 7 de agosto de 2009, que regulamenta o Mandado de Segurança individual e coletivo, dita o rito da ação em tela, que caracteriza-se pelo caráter essencialmente sumária, ante a existência de clareza solar do direito lesionado.
Paulo Rangel, em sua obra, “Direito Processual Penal”, dita ainda que, a sumariedade do rito do Mandado de Segurança, se justifica tendo em vista que o fato apresentando pelo impetrante é tão claro e certo, que seria o único rito justo.
3. NATUREZA JURÍDICA E REGULAMENTAÇÃO: ainda que se trate de instituto primordialmente civil, tendo inclusive regulamentação nessa área, poderá ser utilizado em qualquer matéria do Direito, pois a lesão pode ocorrer em qualquer matéria.
Há a possibilidade que uma autoridade de competência criminal, como por exemplo a Autoridade Policial ou Judiciária, possa incorrer em lesão a direito líquido e certo, ensejando a utilização do MS.
Mirabete dita que, por ter fundamente constitucional, o mandado de segurança poderá se impetrado contra ato de autoridade criminal e civil, desde que viole direito líquido e certo.
Rangel, por sua vez, aduz que trata-se de um instituto regulamentado e disciplinado no âmbito civil, todavia, com possibilidade da aplicação na seara criminal.
Diante dos posicionamentos, verifica-se que, existindo a violação de direito líquido e certo, não importará o fato de ter origem e regulamentação civil, o mandado de segurança poderá ser impetrado, haja vista se tratar de writ constitucional, lembrando que as regras que concedem direitos são interpretadas extensivamente.
4. ESPÉCIES: poderá ser individual, quando o direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data for violado, ilegalmente ou com abuso de poder, por alguma autoridade que exerça qualquer tipo de função.
Quando for coletivo, o direito líquido e certo for contrariado por alguma autoridade ou alguma das pessoas indicadas no § 1º do art. 1º da nova lei de direitos líquidos e certos, da totalidade ou de parte dos membros ou dos associados, respectivamente, de um partido político com representação no congresso nacional ou de uma organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há, no mínimo, um ano (válido apenas para associações; sindicatos e entidades de classe não precisam).
5. PRAZO: para a impetração do mandado de segurança, necessário observar o prazo decadencial de 120 dias, da ação ou omissão, causadora do dano.
Veja-se que, a contagem iniciaria a partir da ciência do ato impugnado pelo interessado.
Quando se verificar que o prazo caducou, ou o direito não for líquido e certo, caberá a ação judicial ordinária.
Ainda, em caso de urgência, a petição inicial pode ser encaminhada por meio de telegrama, radiograma, faz, ou outro meio eletrônico de autenticidade comprovada.
6. LEGITIMIDADE ATIVA: de modo geral, tanto as pessoas físicas quando as jurídicas poderão se valer do mandado de segurança, assim como órgãos públicos.
Reputa-se legítimo para impetração do MS em matéria criminal, a pessoa que tem direito líquido e certo violado pelo ato, podendo ser o Acusado, o Ofendido, o Ministério Público ou algum terceiro estranho à relação processual penal, desde que seja atingido de modo reflexo por um ato decisório nele proferido.
Ainda, é necessário que a parte tenha capacidade postulatória, necessitando, quando não se tratar de impetração pelo MP, que o mandado de segurança seja subscrito por Advogado devidamente constituído e inscrito perante a OAB.
7. LEGITIMIDADE PASSIVA: no que tange a legitimidade passiva, essa será a Autoridade Coatora, pessoa jurídica de direito público, ou particular investida no poder público, ante a vedação da impetração do MS contra ato de particular.
Veja-se que, por se tratar de persecução penal, há a exclusividade estatal, sendo comandada por uma autoridade pública em todas as fases do procedimento.
Ainda, quando existente, a parte com a qual o impetrante litiga no processo penal, deverá figurar como litisconsorte passivo, pois quando procedente os pedidos constantes do MS, a parte contrária poderá ter a sua situação agravada.
Há que se ressaltar ainda a súmula 701 do STF:
"No Mandado de Segurança impetrado pelo Ministério Público contra decisão proferida em sede de processo penal, é obrigatória a citação do réu como litisconsorte passivo"
O verbete em questão possui razão de existir ante a observação do princípio constitucional do contraditório, haja vista que na maior parte das vezes, quem mais se interessa pela improcedência do MS é a parte contrária do impetrante.
Exemplificando: MS impetrado pelo MP, objetivando a concessão do efeito suspensivo do recurso interposto ante decisão favorável ao Acusado, tal qual a liberdade provisória, ou livramento condicional. Quando julgando procedente o MS, sendo o acusado derrotado, tem-se como a lembrança da justiça, a possibilidade de contestar tal pretensão.
8. COMPETÊNCIA: Será definida pela categoria da autoridade coatora ou da sua sede funcional, não interessando a natureza do ato impugnado.
Quando de autoridades federais, o foro competente será da localidade onde estão sediadas, desde que haja Vara Federal. Em caso negativo, na capital do respectivo estado.
Quando de autoridades estaduais e municipais, o foro será sempre o da respectiva comarca.
Quando se tratar de autoridade administrativa, tal qual a autoridade policial, existem divergências, todavia, a majoritária entende que deverá a vara criminal apreciar a matéria, por ser dotada de uma magistrado de maior conhecimento na área, bem como por já caber ao juízo criminal, o exame da legalidade dos atos proferidos pelas Autoridades Policiais.
9. MANDADO DE SEGURANÇA ANTE DECISÃO JUDICIAL COM TRÂNSITO EM JULGADO: abre-se a discussão, colacionando a súmula 268 do STF, onde se tem que, "não cabe mandado de segurança contra decisão judicial com trânsito em julgado".
Verifica-se amplamente a utilização da referida súmula, nos tribunais superiores, tal como na decisão abaixo.
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO MANDADO DE SEGURANÇA. IMPETRAÇÃO CONTRA DECISÃO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO. NÃO CABIMENTO. SÚMULA 268/STF. 1. Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial transitada em julgado (art. 5º, inciso III, da Lei n. 12.016/2009), o que resultaria, no caso de cabimento, em desconstituição da autoridade da coisa julgada. Incidência da Súmula 268 do STF. 2. Precedentes: AgRg no MS 17.756/DF, Rel. Min. Felix Fischer, Corte Especial, DJe 7.12.2011. AgRg nos EDcl no MS 13623/PR, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, Corte Especial, DJe 15.6.2009; AgRg nos EDcl no MS 12650/DF, Rel. Min. Felix Fischer, Corte Especial, DJ 8.11.2007. 3. Demais disso, "O ato judicial foi praticado num procedimento sui generis, com origem na construção jurisprudencial e regrado por Resolução do STJ, segundo a qual a decisão do relator que indeferir o processamento de reclamação é irrecorrível." (AgRg no MS 18.665/MT, Corte Especial, Rel. Min. Castro Meira, DJe de 12/11/2012.). Não há, pois, demonstração de teratologia do ato impugnado. Agravo regimental improvido.
(STJ - AgRg no MS: 19459 PE 2012/0247056-5, Relator: Ministro HUMBERTO MARTINS, Data de Julgamento: 15/05/2013, CE - CORTE ESPECIAL, Data de Publicação: DJe 29/05/2013)
Todavia, tal disposição teve questionamento ferrenho pela doutrina, nas Mesas de Processo Penal da USP, onde fora dito acerca da possibilidade de impetração do MS, contra decisão com trânsito em julgado, possuindo efeito rescisório.
10. ALGUMAS HIPÓTESES DE CABIMENTO DO MS: 
10.1. Quando na investigação preliminar, sendo apurado a procedência da notícia-crime, podemos visualizar a possibilidade de impetração do MS para garantir ao advogado do investigado o direito à acesso aos autos do Inquérito, considerado sigiloso. Da mesma forma vislumbra-se a possibilidade de o Ofendidoutilizar-se do MS, quanto a um indeferimento do pedido de instauração de Inquérito Policial em crime de ação penal de iniciativa privada.
10.2. Caberá MS, impetrado por terceiro de boa-fé, em caso de apreensão de bens que encontravam-se em sua posse, devendo o embargo aguardar o pronunciamento definitivo acerca do crime, conforme consta do art. 130 do CPP. Não é possível dar guarida a decisão de que um terceiro, aguarde por vários anos um pronunciamento definitivo acerca do delito, para ter de volta o bem injustamente apreendido.
10.3. Outra possibilidade é de utilização do MS para que o ofendido habilite assistente de acusação, haja vista a inexistência de um recurso específico para tal situação.
10.4. De outro lado, caberá a aplicação do MS, quando o civilmente identificado é obrigado a ser identificado criminalmente, buscando-se a sua impressão digital, bem como a fotografia, não se verificando nas hipóteses constantes da Lei nº 10.054/2000.
10.5. Quanto ao direito do acusado de não produzir prova contra si, embasado no Pacto de São José da Costa Rica, surge o questionamento, no qual, se existente uma decisão que viole tal direito, poderia caber o MS? Sendo que a resposta para tal pergunta é afirmativa, para o doutrinador Paulo Rangel, todavia, com entendimentos ao contrário, no sentido de que o melhor caminho seria a utilização do Habeas Corpus.
Veja-se que, a utilização do remédio, é possível até mesmo nos casos em que a ameaça à liberdade do individuo esteja distante, tendo em vista que o HC poderá trancar a ação penal e o inquérito policial.
Quando o acuso produz prova contra si, basicamente encontra-se assinando nota de culpa, fazendo até mesmo com que a persecução criminal seja mais fácil.
Insta focar ainda, conforme já dito anteriormente, o Mandado de Segurança requer maiores formalidades para sua utilização, enquanto que o HC é dotado de forma menos rigorosa, até mesmo pelos direitos que ele protege.
10.6. Quando já iniciada a execução penal, caberá o MS quanto a atos exarados pelo Diretor do Estabelecimento, que cerceiem de modo injustificado, um direito custodiado, não ligado à liberdade nem à informação, tal qual a denegação de assistência médica.
10.7. Ainda na seara da execução, o MS pode ser utilizado contra qualquer das decisões do Juiz, por inexistir efeito suspensivo por parte do Agravo em Execução.
10.8. Como já dito anteriormente, o MS pode ser utilizado contra decisão que já possua trânsito em julgado, funcionando como ação rescisória, desde que presentes os requisitos para tal.
Desta forma, a qualquer tempo poderá ser utilizado o Mandado de Segurança, pouco importante a fase em que a decisão foi proferida.

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