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Vivianne Beatriz – Medicina ufal – P6 As vulvovaginites são uma das principais causas de consulta ginecológica, sendo comuns em cerca de 70-80% das mulheres. É importante fazer o diagnóstico diferencial de secreções fisiológicas e secreções patológicas. O médico deve estar atento para as alterações hormonais, comportamentais, psíquicas e orgânicas que influenciam na secreção vaginal. A secreção fisiológica tem como características: secreção sebácea, esfoliação vaginal e cervical, secreção das células de Bartholin e Skene. A flora normal é rica em lactobacilos, com algumas bactérias, predominando as bactérias aeróbicas. Alterações não necessariamente patológicas: mucorréia (aumento da secreção vaginal), vaginite atrófica (“atrofia”, ocorre na gestação, pós-parto e menopausa, pode ser tratada com reposição local de estriol – creme intravaginal 20 noites seguidas, depois 2x/semana), vaginite química (sabonetes, desodorantes), vaginite irritativa e alérgica. VAGINOSE BACTERIANA ETIOPATOGENIA: desequilíbrio da microbiota vaginal, com redução acentuada dos lactobacilos, e aumento de Gardnella vaginallis (principalmente); Peptostreptococcus, Prevotella sp., Bacterioides sp., Garnerella vaginallis, Mobiluncus sp. Não há inflamação! Não é IST!!! QUEIXA CLÍNICA: odor fétido com piora pós coito e pós menstruação, com corrimento discreto amarelado ou branco acinzentado; PH VAGINAL: > 4,5; ÉPOCA PREFERENCIAL DE APARECIMENTO: pós coito ou pós menstrual; CORRIMENTO: fluido branco acinzentado, quantidade discreta a moderada, sem sinais inflamatórios em paredes vaginais, odor de peixe podre. DIAGNÓSTICO: Exame a fresco do conteúdo vaginal pode mostrar as células guia (células da mucosa vaginal com bactérias no citoplasma), Teste das Aminas positivo (secreção vaginal + KOH = odor fétido de peixe podre por causa da putrescina e cadaverina); CRITÉRIOS DE AMSEL (pelo menos 3 dos 4 para fechar diagnóstico): Corrimento acinzentado, microbolhoso e fétido + pH > 4,5 + Teste das Aminas positivo (gota de KOH, liberação das aminas voláteis que tem odor fétido) + Presença de células guia (clue cells); TRATAMENTO o Tratar as sintomáticas! o Quando tratar assintomáticas? Gestantes, colocação de DIU e cirurgias ginecológicas; o Não trata parceiro! o Metronidazol 500mg VO ou 400mg 12/12h por 7 dias; o Metronidazol gel 0,75% por 7 noites; o Metronidazol é contraindicado no 1º trimestre de gestação: Clindamicina VO 300mg 12/12h por 7 dias OU Clindamicina creme 2% 5g por 7 dias; TRICOMONÍASE ETIOPATOGENIA: IST; AGENTE: Trichomonas vaginalis; QUEIXA CLÍNICA: Corrimento vaginal abundante, amarelo- esverdeado, fétido, com sintomas irritativos locais (prurido), eritema, com eventual disúria, polaciúria e dispareunia; PH VAGINAL: > 5 (tendendo ao básico); ÉPOCA PREFERENCIAL DE APARECIMENTO: Pós coito ou pós menstrual; CORRIMENTO: amarelo-esverdeado, abundante, fluido, bolhoso e fétido, acompanhado de sinais inflamatórios exuberantes (mucosa em framboesa); DIAGNÓSTICO: Exame a fresco do conteúdo vaginal, evidenciando meio rico em leucócitos, podendo visualizar protozoários com flagelos, cultura de secreção e PCR; TRATAMENTO o Metronidazol 2g VO dose única; o Metronidazol 500mg VO 12/12h por 7 dias; Vivianne Beatriz – Medicina ufal – P6 o Em casos com sintomatologia intensa: metronidazol via vaginal por 7 noites consecutivas; o Tratar parceiro SEMPRE. CANDIDÍASE VULVOVAGINAL AGENTE: C. albicans (90% dos casos) ou C. glabrata, C. tropicalis; ETIOPATOGENIA: Intensa proliferação do patógeno, levando a leucorreia característica; QUEIXA CLÍNICA: prurido ou ardor vaginal, associado a corrimento esbranquiçado, sem odor, em grumos, de discreto a moderado, com vermelhidão e aumento da temperatura local, com possível desconforto miccional e prurido; PH VAGINAL: 3,5 – 4,5 (ácido); ÉPOCA PREFERENCIAL DE APARECIMENTO: Pré menstrual (aumento de hormônios); FATORES DE RISCO: DM, uso de antibióticos, anticoncepcionais, atividade sexual e uso de contraceptivos como diafragma ou intrauterinos; CORRIMENTO: branco ou branco amarelado, grumoso, em placas aderentes, semelhante a “leite talhado”, com hiperemia, prurido e ardor importantes; CANDIDÍASE RECORRENTE: > 4 EVENTOS NO ANO; DIAGNÓSTICO: Exame a fresco, com visualização dos filamentos do fungo (adicionar 1 gota de soro fisiológico), bacterioscopia com coloração de gram, cultura. Em geral, o quadro clínico é bem específico, podendo dispensar exames adicionais; TRATAMENTO: o Mudanças de hábitos de higiene, evitar roupas íntimas de tecidos sintéticos, roupas muito justas ou úmidas, protetores diários e uso constante de sabonete íntimo; o Fluconazol 150mg VO em dose única; o Miconazol creme 2% de 7-14 noites; o CANDIDÍASE DE REPETIÇÃO: Investigar patologias imunossupressoras, uso de CTC, antibióticos, ACHO, IST e estilo de vida. TTO C. ALBICANS: supressão com Fluconazol 150mg VO nos dias 1, 4 e 7, manutenção com 1cp de 150mg 1x por semana durante 6 meses! TTO C. NÃO ALBICANS: ácido bórico cápsula de 600mg por 14 dias, intravaginal, com manutenção de fluconazol 150mg 1cp 1x por semana por 6 meses. VAGINITE ATRÓFICA CAUSAS: Hipoestrogenismo, principalmente pós menopausa e no pós parto; SINAIS E SINTOMAS: Dispareunia, secura, prurido/ardor vaginal, mucosa vaginal pálida, seca, delgada e com diminuição da rugosidade e elasticidade; CITOLOGIA: Células escamosas profundas + grande quantidade de leucócitos mal preservados e corpos azuis; TRATAMENTO: Estrogênio tópico e lubrificantes. Vivianne Beatriz – Medicina ufal – P6 Síndrome clínica 2ª à ascensão de microorganismos da vagina ou endocérvice ao trato genital feminino, acometendo útero, tubas uterinas, ovários, superfície peritoneal e/ou estruturas contíguas do trato genital superior. 10-40% das mulheres com infecções não tratadas por gonorreia e/ou clamídia desenvolvem DIPA. Mulheres que tiveram DIPA tem probabilidade de 6-10 vezes maior de desenvolvimento de gravidez ectópica. Há um risco aumentado de dor pélvica crônica e infertilidade tubária. 12% das mulheres são inférteis após um episódio de DIP, 25% após 2 episódios e 50% após 3 ou + episódios. Rara em mulheres que não menstruam, grávidas e pós menopáusicas. Agentes Etiológicos A DIPA geralmente inicia com infecção cervical por clamídia ou gonococo e ascende ao trato genital superior, levando à infecção polimicrobiana na maior parte dos casos. → Neisseria gonorrhoeae → Chlamydia trachomatis → Micoplasma hominis → Ureaplasma Urealyticum → Bactérias da microbiota endógena (E. coli, Gardnerela vaginalis) → Actinomices israeli (importante em mulheres que usam DIU) Patogênese A ascensão de microorganismos da endocérvice, infectando endométrio, trompas, ovários e peritônio pode vir acompanhada de envolvimento de órgãos vizinhos na pelve; Há uma destruição do endossalpinge, com produção de exsudato purulento, resultando em pelviperitonite; Para proteção do abdome superior, as fímbrias se fecham, formando a piossalpinge e, havendo envolvimento do ovário, forma-se o abscesso tubo-ovariano; Fatores que contribuem para a ascensão bacteriana: instrumentação uterina (DIU), alterações hormonais durante o ciclo menstrual alterando o muco cervical, gestação, menstruação retrógrada e virulência dos microorganismos. Fatores de Risco Múltiplos parceiros sexuais; Adolescência; 15-25 anos; Início precoce das relações sexuais; Parceiros sexuais mais velhos; Tentativa de suicídio anterior; Uso de álcool antes de relações sexuais; Baixo nível socioeconômico; Tabagismo; Uso de duchas vaginais; Histórico de infecções por gonorreia ou clamídia. Uso de métodos de barreira (preservativos, diafragma e espermicidas) são muito efetivos em diminuir o risco de DIPA; Anticoncepcionais orais alteram o muco cervical logo, dificultam a ascensão dos microorganismos; Ligadura tubária: não altera a ocorrência de DIPA. Quadro Clínico O diagnóstico da DIPA é difícil devido à diversidade do quadro clínico. Alguns pacientes apresentam sintomas vagos e com início insidioso, causando dificuldades para o diagnóstico e atrasando o tratamento. QUADRO CLÁSSICO Dor pélvica + dor anexial + dor à mobilização do colo uterino SINTOMAS ATÍPICOS Metrorragia e dispareunia Diagnóstico História clínica + exame físico Hemograma (leucocitose > 10000, com aumento de bastonados); EAS (excluir ITU); Cultura de material cervical + pesquisa de Gram; VDRL e imunofluorescencia indireta para clamídia; Anti-HIV; Teste para gravidez; Proteína c reativa aumentada; USG pélvico ou transvaginal; Punção de fundo de saco (culdocentese); Biópsia endometrial com evidencia de endometrite; Laparoscopia (indicada para pacientes com alta suspeita de outro abdome agudo). Diagnóstico Diferencial Outros abdomes agudos, dismenorreia, gravidez ectópica, abortamentos, cistos ovarianos, torções ovarianas, torção de miomas e complicações gestacionais. Tratamento Alguns casos podem exigir intervenção cirúrgica. Os parceiros devem ser tratados! Vivianne Beatriz – Medicina ufal – P6 Tratamento Ambulatorial Ceftriaxona 250mg IM, dose única + Doxiciclina 100mg VO 12/12h por 14 dias, podendo associar Metronidazol 500mg VO 12/12h por 14 dias (pacientes com abscesso pélvico comprovado, suspeita de infecção por T. vaginalis ou vaginose) Tratamento Hospitalar Clindamicina 600mg IV 8/8h + gentamicina IV 5mg/kg/dia máximo 280mg por 14 dias Indicações cirúrgicas: falta de resposta ao tratamento clínico, presença de massa pélvica persistente, piora clínica, suspeita de rotura do abscesso tubo-ovariano, sangramento intraperitoneal, abscesso de fundo de saco. Complicações Peri-hepatite Abscesso tudo-ovariano Morte Infertilidade Gestação ectópica Dor pélvica crônica DIPA recorrente ~ Vivianne Beatriz – Medicina ufal – P6 São síndromes clínicas, causadas por patógenos que podem ser adquiridos e transmitidos pela atividade sexual. A prevenção primária deve iniciar com mudança de atividades sexuais, e é papel dos profissionais de saúde educar e aconselhar os pacientes quanto às questões ligadas aos hábitos sexuais e as IST’s. Também denominada de LUES. É uma patologia infectocontagiosa específica do homem, que causa lesões cutaneomucosas polimorfas. AGENTE ETIOLÓGICO: Treponema pallidum TRANSMISSÃO: Na sífilis recente ocorre pelo contato, já na sífilis latente ocorre por meio de fluido corporal, principalmente sangue. PERÍODO DE INCUBAÇÃO: 10-90 dias (em média 21 dias). CLASSIFICAÇÃO: QUADRO CLÍNICO: Sífilis primária Também chamada de cancro duro ou protossifiloma Surge de 1-3 semanas após contágio, geralmente pele lesada ou mucosa. Lesão: úlcera única, indolor, endurecida, circular, medindo de 1-2cm, com fundo liso e limpo, bordas infiltradas e de cor de carne. Geralmente é acompanhada de enfartamento ganglionar regional (bubão sifilítico), que é indolor, móvel, e aparecem 1-2 semanas após o cancro. Persistem por 6-7 semanas e desaparecem espontaneamente. Sífilis secundária Caracteriza-se por lesões polimorfas, como as roséolas (pápulas ou lesões planas, eritematosas, que acometem principalmente tronco) e as sifílides (lesões papuloerosivas, pustulosas e hipertróficas, que acometem cavidade oral, genital, palma das mãos e planta dos pés). Surgem de 6 semanas-6 meses após o contágio (4-8 semanas após o cancro) e duram de 3-12 semanas. A confluência das lesões forma placas secretantes, denominadas condiloma plano. Sífilis latente Não apresenta sinais e sintomas! O diagnóstico é feito pela sorologia positiva; Tem início quando desaparecem as lesões cutâneas da sífilis secundária e persiste até que surjam manifestações terciárias; Recente: < 1 ano Tardia: > 1 ano ou indeterminado. Sífilis terciária Apresenta manifestações tardias e raras; Pode manifestar-se como goma, sífilis cardiovascular e neurossífilis; A neurossífilis pode ocorrer em qualquer estágio da sífilis; Aparecem lesões gomosas em até 1 ano ou após intervalo longo de 10-30 anos; Lesões gomosas: pele, tecido celular subcutâneo ou osso; SNC: tabes dorsalis, mielite transversa e demência; DIAGNÓSTICO Identificação do antígeno pelo método de campo escuro: lesões sifilíticas em atividade (cancro duro, condiloma plano, sifílides e sífilis congênita precoce); Sorologia: não treponêmicos (VDRL) e treponêmicos (FTA- abs); O VDRL torna-se positivo 30-50 dias após a inoculação; Caso o VDRL quantitativo seja positivo, é necessária a confirmação com um teste treponêmico; O FTA-abs IgM pode fazer diagnóstico da sífilis primária incipiente, pois aparece precocemente com o cancro duro; TRATAMENTO Sífilis recente: Penicilina G benzatina 2.400.000U IM em dose única (1.200.000U em cada glúteo); Sífilis latente e tardia: Penicilina G benzatina 2.400.000U IM por semana, durante 3 semanas (1.200.000U em cada glúteo); Neurossífilis: Penicilina G cristalina 2-4 milhões de unidades IV 4/4h por 10-14 dias. Blenorragia, blenorreia ou gonorreia; AGENTE ETIOLÓGICO: Neisseria gonorrhoeae TRANSMISSÃO: pelo contato sexual, pelo canal do parto ou por fômites (objetos); Pode se propagar por via hematogênica; Período de incubação: 4-7 dias; Assintomática em 60-80% dos casos; Risco para a mulher em uma única exposição: 80%; Causa infecções não complicadas de mucosas, incluindo cérvice uterina, reto e garganta; Quando não tratada, pode causar DIPA, infertilidade de causa tubária, gestação ectópica e dor pélvica crônica; Vivianne Beatriz – Medicina ufal – P6 QUADRO CLÍNICO: secreção endocervical mucopurulenta, dor pélvica, dispareunia, sangramento, hiperemia vaginal, disúria e polaciúria; Podem haver sinais e sintomas de acordo com o tipo da infecção; Em gestantes pode causar Trabalho de Parto Pré Termo e Rotura Prematura de Membranas Ovulares; DIAGNÓSTICO: Cultura de secreção endocervical para N. gonorrhoeae; TRATAMENTO: ciprofloxacino 500mg VO; ceftriaxona 250mg IM dose única; azitromicina 1g dose única; doxiciclina 100mg 12/12h 7 dias. Também denominada de cancroide, úlcera de Ducreyi, cancro venéreo, úlcera mole e cancrela; AGENTE ETIOLÓGICO: Haemophilus ducreyi; TRANSMISSÃO: Unicamente sexual PERÍODO DE INCUBAÇÃO: 3-5 dias; A lesão inicia com pápula ou vesícula, e evolui para lesão ulcerada, dolosa, friável, múltipla, com base amolecida e bordas irregulares, com fundo purulento e fétido; Geralmente localizado na genitália externa (fúrcula) e face interna de pequenos e grandes lábios, associadas a adenopatia satélite unilateral (bubão cancroide), que aparece depoisde 7-14 dias ; DIAGNÓSTICO o Clínico: avaliação da lesão e da adenopatia inguinal; o Gram: presença de bacilos gram-negativos, distribuídos em paliçada ou cadeia simples, observados no pus (sensibilidade: 70%); o Cultura: difícil execução; o Biópsia: não recomendada; o PCR: não está disponível comercialmente; TRATAMENTO o Azitromicina 1g VO dose única; o Ciprofloxacino 500mg VO 12/12h por 3 dias; o Doxiciclina 100mg VO 12/12h durante 7 dias; o Aspiração do bubão com agulha grossa para alívio da dor; o SEMPRE TRATAR O PARCEIRO; o Suspeitar de sífilis; o Reexaminar a paciente 3-7 dias após o tratamento. Também chamada de granuloma inguinal, granuloma venéreo ou granuloma contagioso; Infecção genital, extragenital e sistêmica, de evolução crônica e progressiva; Pouco contagiosa; Mais frequente em negros; TRANSMISSÃO: Relação sexual AGENTE ETIOLÓGICO: Klebsiella granulomatis; PERIODO DE INCUBAÇÃO: 3-6 meses; LESÃO: ulcerosa, vermelho vivo, configuração em espelho, com bordas hipertróficas ou planas, vegetante, ulcerovegetante ou elefantiásica; QUADRO CLÍNICO o Lesão nodular, única ou múltipla, de localização subcutânea, que pode erosar, produzindo uma ulceração bem definida, de sangramento lento e sangrante; o Lesões viscerais podem se formar devido disseminação hematogênica; o As lesões são indolores, autoinoculáveis, raramente associadas a adenopatia satélite, que determinam fibrose e linfedema; o Na ausência de tratamento, a cura é incomum, evoluindo para extensa destruição tecidual com cicatrizes retráteis, deformantes e estase linfática. DIAGNÓSTICO: Suspeita clínica quando não há tratamento a doenças ulcerativas (sífilis e cancro mole); Citodiagnóstico para pesquisa de corpúsculos de Donovan (bactérias no interior de macrófagos); TRATAMENTO o Sulfametoxazol + trimetropim 160/800mg VO 12/12h por 21 dias ou até a remissão das lesões; o Doxiciclina 100mg VO 12/12h por 21 dias ou até a remissão das lesões; o Quando não houver melhora, associar um aminoglicosídeo: gentamicina 1mg/kg EV 8/8h; o GESTANTES: Eritromicina estearato 500mg VO 6/6h até cura clínica o Lesões genitais com mais de 30 dias de evolução: fazer histopatológico. Investigar o parceiro; Realizar tratamento cirúrgico para lesões extensas, cicatriciais e estenose. Vivianne Beatriz – Medicina ufal – P6 Mais prevalente entre jovens sexualmente ativos entre 15- 19 anos; Mais de 1/3 das pacientes pode desenvolver quadros de DIPA, um quinto pode se tornar infértil, e um décimo dessas pacientes pode ter quadros e gestações ectópicas; Infecções assintomáticas por clamídia são comumente encontradas em mulheres inférteis; AGENTE ETIOLÓGICO: Chlamydia tracomatis; Tropismo por células epiteliais colunares (conjuntiva, uretra, endocérvice, endométrio e tuba uterina); 17 sorotipos: URETRITES E CERVICITES – D, E, F, G, I, J e K; LINFOGRANULOMA VENÉREO – L1, L2, L3; 70% são assintomáticas; PERÍODO DE INCUBAÇÃO: 14-30 dias; QUADRO CLÍNICO: uretrite, cérvice com exsudato mucoide, eventualmente purulento, sangramento endocervical fácil, colo edemaciado e hiperemiado, mácula rubra (ectrópio); DIAGNÓSTICO: cultura de amostra endocervical (método em meio de McCoy), coloração de Papanicolau, imunofluorescência direta e indireta, PCR e captura híbrida; Síndrome de Retting e Nelson: persistência de corrimento de fluido seroso, disúria com ou sem infecção anal pela clamídia após o tratamento por gonococo; TRATAMENTO o Azitromicina 1g VO dose única; o Doxiciclina 100mg VO 12/12h por 7 dias. Todos os parceiros de casos comprovados ou altamente suspeitos devem ser tratados com dose única de Azitromicina 1g VO + ofloxacina 400mg VO; Recomenda-se testagem para HIV e Sífilis; Linfogranuloma inguinal ou Doença de Nicolas-Favre- Durand; Doença infecciosa sistêmica e crônica, que resulta em dano ao sistêmica linfático de drenagem da infecção; AGENTE ETIOLÓGICO: Chlamydia tracomatis; SOROTIPOS: L1, L2 e L3; PERÍODO DE INCUBAÇÃO: 4-30 dias; ESTÁGIOS o Primeira: ponto de inoculação, geralmente desaparecido e, quando identificado, aparece como pequena úlcera ou pápula indolor, precoce e fugaz; o Segunda: aparece em 4 dias, há invasão dos vasos linfáticos e comprometimento de linfonodos regionais, que em 2 semanas supuram, abscedam e podem fistulizar; Síndrome inguinal; o Terceira: processo supurativo linfonodal, associando áreas de fibrose cicatricial com focos de abscesso e fistulização, levando a elefantíase e à estenose; Síndrome anogenital; Os linfonodos perirretais são os mais acometidos: drenagem linfática da mucosa vaginal e cérvice; A lesão de inoculação é indolor, pode ser pápula, pústula, exuceração ou erosão; segue-se a disseminação linfática; Os linfonodos acometidos agrupam e aumentam de volume, formam fistulas que drenam secreção purulenta; Os gânglios no início são firmes, dolorosos e móveis, aderem a pele, formando o bubão; ocorre ruptura dos linfonodos por vários pontos de drenagem. Duas adenomalias separadas pelo ligamento de Poupart são características dessa doença. TRATAMENTO o Doxiciclina 100mg VO 12/12h por 21 dias. o Azitromicina 1g por semana durante 3 semanas; o Tetraciclina 500mg VO 6/6h por 21 dias. AGENTE ETIOLÓGICO: Mycoplasma homins e Ureaplasma urealyticum; 15-95% das mulheres sexualmente ativas podem ser portadoras de micoplasma; Causa de abortamento habitual e esterilidade por alterações nos espermatozoides; PERÍODO DE INCUBAÇÃO: 10-60 dias; QUADRO CLÍNICO: respiratório ou urogenital, com cervicite e uretrite; Os agentes etiológicos pertencem a flora normal do trato urogenital!!!! Associação com gardnerella nos processos de vaginose: 60%; DIAGNÓSTICO: o Cultura (diagnóstico definitivo) em meio líquido de Shepard; Título > 106 UCC/mL; o Teste de inibição metabólica; o Imunofluorescencia direta (experimento); TRATAMENTO o Doxiciclina 100mg VO 12/12h por 7 dias; o Azitromicina 1g VO dose única o Levofloxacino/Ciprofloxacino durante 7 dias; o Tetraciclina 500mg VO 6/6h por 7 dias. Vírus de DNA: herpes HSV-1 e HSV-2 (maioria dos casos); IST ulcerativa mais frequente; Doença recorrente e incurável; QUADRO CLÍNICO: Vivianne Beatriz – Medicina ufal – P6 o A primo-infecção tende a ser mais intensa, com lesões bilaterais e múltiplas, com dor local moderada- intensa, linfadenopatia inguinal dolorosa; o Evolução das lesões vesiculares à pústula, úlcera e crosta; o Disúria, parestesia sacra, febre e mialgia; COMPLICAÇÕES: meningite asséptica, retenção urinária, disseminação cutânea e visceral (em imunocomprometidos); DIAGNÓSTICO: Clínico (maioria das vezes) colposcopia, citologia (presença de células multinucleares), sorologia, imunofluorescencia direta e cultura; TRATAMENTO o Aciclovir 400mg VO 3x/dia durante 7-10 dias OU 200mg VO 5x/dia por 7-10 dias; o Fanciclovir 250mg VO 8/8h 7-10 dias; o Valaciclovir 500-1000mg VO 12/12h 7-10 dias.; TRATAMENTO SUPRESSIVO: recidivas frequentes >6x/ano; o Aciclovir 200mg 4x/dia ou 400mg 2x/dia durante 6-12 dias; o Fanciclovir 250mg 2x/dia o Valaciclovir 500mg se <9 episódios/ano e 1g/dia se >9 episódios por ano; Rastrear outras IST (sífilis, cancromole, linfogranuloma e donovanose); Poxvirus MODO DE TRANSMISSÃO: Contato direto; Atinge principalmente crianças e portadores de algum tipo de imunossupressão (gestação, infecção pelo HIV); Áreas acometidas: períneo e raiz da coxa; face, tronco e superfícies expostas das extremidades; Quando transmitidosexualmente, as lesões são anogenitais; Pápulas de 3-6mm, semiesféricas, isoladas e bem delimitadas, geralmente agrupadas, apresentam coloração pérola, rósea ou igual a pele circundante, com centro umbilicado e base eritematosa; A lesão é facilmente removível, liberando um líquido esbranquiçado que contém as partículas virais; DIAGNÓSTICO: Clínico TRATAMENTO: Destruição das lesões por eletrocoagulação, crioterapia, curetagem, cauterização química ou expressão manual. Vivianne Beatriz – Medicina ufal – P6 Violência contra a mulher: todo ato baseado no gênero que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto na esfera pública quanto na privada; Agressão sexual: evento que ocorre sem o consentimento da vítima, que envolve o uso da força ou a sua ameaça, e em que há tentativa ou a efetiva penetração na vagina, boca ou reto da vítima; Estupro: constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar/permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso; Mais da metade dos estupros de mulheres ocorre antes dos 18 anos, e 22% antes dos 12 anos; CONSEQUENCIAS: gravidez indesejada, dor pélvica crônica, síndrome pré-menstrual, distúrbios gastrointestinais, complicações ginecológicas e gestacionais, enxaqueca, ISTs, danos psicológicos imediatos ou crônicos; Impacto social: deterioração do relacionamento com a família, amigos ou companheiro, menos contatos interpessoais e diminuição da probabilidade de casamento futuro; Adoção de condutas sexuais de alto risco em consequência do dano psicológico: sexo desprotegido, múltiplos parceiros, início sexual precoce, prostituição; Abuso de substancias, condutas alimentares problemáticas; TODO CASO DE VIOLENCIA CONTRA A MULHER É DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA! Crianças e adolescentes < 18 anos, a suspeita ou confirmação de abuso: COMUNICAR AO CONSELHO TUTELAR OU À VARA DA INFANCIA E DA JUVENTUDE; O boletim de ocorrência policial e o laudo do DML NÃO DEVEM SER EXIGIDOS PARA ATENDIMENTO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE; PRIMEIRO ATENDIMENTO: o Acolhimento; o Reconhecimento e tratamento das lesões; o Suporte psicológico; o Prevenção de gestação; o Avaliação, tratamento e prevenção de IST; o Encaminhamento para acompanhamento com ginecologista e psiquiatra. História da violência deve ser precisa e acurada, porém sem questionamentos desnecessários que aumentem o sofrimento psicológico da mulher; o História menstrual o Circunstancias da violência o Tipo de violência (com ou sem penetração, loca, ejaculação, número de agressores, uso de preservativo); o Existência de sangramento na vítima ou no agressor; o Atividade sexual consensual recente; o Identidade do agressor (familiar, desconhecido...) o Ocorrência de situações de violência anteriores; o Existência de rede de apoio social e familiar o Assegurar que a vítima seja protegida de uma nova agressão. Avaliação do estado emocional Evidencias de trauma: avaliar genitália externa, vagina, ânus e reto; Exames laboratoriais: teste de gestação, testes para as principais IST (VDRL, Anti-HIV e pesquisa de hepatite B e C); Se possível, colher material vaginal e anal para pesquisa de clamídia, ureaplasma, micoplasma e gonococo; Anticoncepção de emergência: deve ser fornecida independentemente do ciclo menstrual, o mais rápido possível, mesmo em local onde não será dada a continuidade ao tratamento; o Levonorgestrel 1,5mg VO em dose única até 72h do evento; Se houver falha na anticoncepção de emergência e a paciente engravidar, ela tem o direito ao abortamento legal, se for seu desejo; PROFILAXIA PARA IST: o SÍFILIS: penicilina G benzatina 2.400.000 IM em dose única; o GONORREIA: ciprofloxacino 500mg VO em dose única; o CLAMÍDIA E CANCRO MOLE: azitromicina 1g VO em dose única; o TRICOMONÍASE: metronidazol 2g VO em dose única; o HEPATITE B: Se já vacinada, não necessita de vacina nem de imunoglobulina. Se não, administrar 3 doses (1ª até 48h da violência, e as subsequentes em 30 e 180 dias) + dose única de imunoglobulina 0,06ml/kg IM até 14 dias após a violência; o Informar que não existe profilaxia para hepatite C; o GRAVIDEZ E LACTAÇÃO NÃO SÃO CONTRAINDICAÇÕES PARA AS PROFILAXIAS DE HEPATITE B o HIV (MS): zidovudina 300mg VO 12/12h + lamivudina 150mg VO 12/12h + nelfinavir 750mg VO 8/8h OU indinavir 800mg VO de 8/8; o HIV (HCPA): zidovudina 300mg VO 12/12h + lamivudina 150mg VO 12/12h + lopinavir 400mg VO 12/12h + ritonavir 100mg VO de 12/12h o Pacientes devem ser orientadas a abstinência sexual até o fim das profilaxias e uso de preservativo em todas as relações sexuais, por no mínimo 6 meses a partir da violência, até os resultados finais das sorologias; ABORTO o Autorização da grávida, ou de seu representante legal, para realização do abortamento; o Informação à mulher, ou ao seu representante legal, de que ela poderá ser indiciada criminalmente caso as declarações constantes no prontuário sejam falsas; o Registro em prontuário médico de todas as consultas da equipe multidisciplinar; o 1º trimestre: método de interrupção indicado é a aspiração manual intrauterina (AMIU), podendo usar misoprostol 200ug via vaginal 4-6h antes do procedimento para preparar o colo uterino; o 2º trimestre: abortamento farmacológico – misoprostol 400ug 4/4h via vaginal até a expulsão ovular, se necessário pode ser feito AMIU ou curetagem uterina; Vivianne Beatriz – Medicina ufal – P6 o 3º trimestre: não é recomendado interromper, mas sim orientar a paciente ao acompanhamento pré natal e auxílio na decisão de inserção da criança na família ou processos de doação; Acompanhamento: o 15 dias: transaminases e hemograma; o 45 dias: conteúdo vaginal, VDRL, anti-HIV o 3 meses: colposcopia, citopatológico de colo uterino, VDRL, anti-HIV, hepatite B e C o 6 meses: anti-HIV, exames para hepatite B e C Vivianne Beatriz – Medicina ufal – P6
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