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FACULDADE UNIGRAN CAPITAL Ana Gabriela Souza Gouvea Camila Langer Marciano Murilo Andrade Nantes Thalia de Sousa da Silva Análise físico-química de fontes lipídicas Campo Grande 2017 1 INTRODUÇÃO Os lipídios ou gorduras são biomoléculas essenciais para o organismo humano, pois desempenha diversas funções como: reserva energética, apesar de ser uma fonte rica em calorias (ESCOTT-STUMP, 2011), não é o principal nutriente que o corpo usa para se obter energia; alimento energético, quando a principal fonte de energia, o carboidrato, está esgotando-se o organismo passa a oxidar a gordura armazenada no tecido adiposo para a obtenção de energia; componente estrutural, formando parte da membrana plasmática; proteção mecânica, que irá proteger a pele e órgãos internos de choques; originam moléculas mensageiras, tais como hormônios; além de ser um importante isolante térmico e elétrico (CORSINO, 2009). Diferentemente das outras biomoléculas, os lipídios não são polímeros, sendo constituído por subunidades de ácidos graxos mais glicerol. São insolúveis em água e solúveis em solventes não polares. Assim como os carboidratos, os lipídios são ricos em carbono, hidrogênio e oxigênio, sendo esse último em menor proporção (COSTANZO, 2011; PHILIPPI, 2014). Como principal tipo de lipídio pode-se destacar os ácidos graxos, que podem ser encontrados de forma livre ou como componente de lipídios complexos; os triglicerídeos, que armazenam lipídios no tecido adiposo; fosfolipídios, principal tipo de lipídio encontrado na membrana plasmática; ceras, que protegem as folhas, caules e frutos; e esteróis, integrantes fundamentais das membranas celulares tanto de animais como de vegetais (PHILIPPI, 2014). Devido à insolubilidade em água dessas biomoléculas, faz-se necessário um sistema transportador para que seja facilitado seu metabolismo, esse sistema transportador chama-se lipoproteínas, que se divide em: quilomícrons, proteínas de densidade muito baixa (VLDL), proteínas de densidade baixa (LDL) e proteínas de alta densidade (HDL). O fígado é o órgão que controla a síntese, degradação e armazenamento de lipídios e lipoproteínas (RIBEIRO & SHINTAKU, 2004). A digestão dos lipídios começa no estômago, porém as gorduras que são ingeridas pela dieta são somente emulsificadas pelos sais biliares no intestino delgado, formando micelas. Ainda no intestino delgado, a lipase pancreática cataboliza os triagliceróis, originando as subunidades de ácidos graxos e outros produtos que são absorvidos na mucosa intestinal. A absorção converte novamente esses produtos em triagliceróis, que são associados ao colesterol e apoliproteínas originando os quilomícrons. Esses se locomovem pelos vasos sanguíneos até os tecidos. No capilar a lipoproteína lipase é ativada para realizar a quebra desse quilomícron, que liberará ácidos graxos e glicerol, que entrarão na célula e serão oxidados transformando-se em energia ou serão armazenados no tecido adiposo (CHAMPE, 2006). Qualquer erro em um dos passos do metabolismo lipídico pode desencadear um acumulo de lipídios acarretando problemas como cardiopatias, tais como a aterosclerose. Essa doença vascular é considerada como o endurecimento das artérias, nas quais uma camada gordurosa vai aderindo-se a parede do vaso podendo, em casos mais graves, até entupir o vaso e levar a pessoa à morte (RIBEIRO & SHINTAKU, 2004). 2 OBJETIVO Analisar as propriedades físico-químicas dos lipídios. 3 MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 Materiais: Aula I - 6 tubos de ensaio - 3 erlenmeyer 250ml - Proveta 100ml - Béquer 100ml - Pipeta 5ml - Pipetador semiautomático - Espátula dupla - Óleo de soja - Azeite de oliva - Fita para medir pH - Ácido acético - HCl - NaOH - Acetona - Balança de precisão - Papel toalha - Caneta para vidrarias Aula II - 6 tubos de ensaio - 2 erlenmeyer 250ml - Proveta 100ml - Béquer 100ml - Pipeta 5ml - Pipeta 10ml - Pipetador semiautomático - Espátula dupla - Margarina - Banha de porco - Fita para medir pH - HCl - NaOH - Acetona - Balança de precisão - Capela - Papel toalha - Capela de exaustão - Caneta para vidrarias 3.2 Métodos: Aula I Primeiramente, com o auxílio da pipeta foram acrescentados 2ml de óleo de soja e azeite de oliva em tubos de ensaio distintos, onde foi medido o pH de cada substância. Em seguida, em cada tudo foram adicionados com a pipeta 2ml de acetona e novamente o pH foi conferido com a ajuda da fita. Na sequência foram preparadas Três soluções, sendo duas ácidas: uma de HCl e outra de ácido acético e uma básica de NaOH. As soluções ácidas foram preparadas ambas na vidraria erlenmeyer, onde em um foram acrescentados 80ml de água medidos precisamente na proveta e em seguida adicionadas 8,5ml do ácido HCl e no outro 50ml de água e 6,7ml de ácido acético. Para o preparo da solução básica primeiramente foram pesados 6,25g de NaOH na balança de precisão com o apoio de um béquer para a tara e uma espátula dupla para o manuseio da base, após a pesagem o mesmo foi transferido para um erlenmeyer onde foi banhado com 70ml de água, também medidos na proveta. O óleo de cozinha foi pipetado em três tubos de ensaio, na quantidade de 5ml, onde em um tubo adicionou-se 5ml de solução ácida HCl, no outro 5ml de ácido acético e no tubo restante 5ml da solução básica, todos os tubos foram homogeneizados. O procedimento se repetiu com o azeite de oliva. Aula II Primeiramente, com o auxílio da pipeta foram acrescentados 2ml de margarina e banha em tubos de ensaio distintos, onde foi medido o pH de cada substância. Em seguida, em cada tudo foram adicionados com a pipeta 2ml de acetona e novamente o pH foi conferido com a ajuda da fita. Na sequência foram preparadas duas soluções, sendo uma ácida de HCl e uma básica de NaOH. A solução ácida foi preparada num erlenmeyer, onde foram acrescentados 50ml de água medidos precisamente na proveta e em seguida adicionadas 9ml do ácido HCl (o ácido foi pipetado dentro da capela, como recomenda os padrões de biossegurança). Para o preparo da solução básica primeiramente foram pesados 9g de NaOH na balança de precisão com o apoio de um béquer para a tara e uma espátula dupla para o manuseio da base, após a pesagem o mesmo foi transferido para um erlenmeyer onde foi banhado com 50ml de água, também medidos na proveta. A margarina foi pipetada em dois tubos de ensaio, na quantidade de 5.5ml, onde em um tubo adicionou-se 8,5ml de solução ácida e no outro 8,5ml de solução básica e ambos os tubos foram homogeneizados. O procedimento se repetiu com a banha de porco. Para a finalização das experiências práticas, adicionou-se 56ml de banha de porco em uma bureta e 58ml de margarina em outra, medindo o tempo de escoamento de ambas num béquer. 4 RESULTADOS Cálculo de pH: 1.1. Em 2 ml de soluto puro - Azeite: 7,5 (levemente básico) - Óleo (soja): 7,5 (levemente básico) - Margarina: 5.0 (ácido) - Banha: 6.0 (ácido) Fonte: NANTES, M. A., 2017. Fonte: NANTES, M. A., 2017. Fonte: NANTES, M. A., 2017. 1.2. Em uma solução com acetona (2 ml de soluto + 2 ml de solvente) - Azeite: 7,5 (levemente básico) - Óleo (soja): 7,5 (levemente básico) - Margarina: 0-3 (ácido) - Banha: 0-3 (ácido) Fonte: NANTES, M. A., 2017. Fonte: NANTES, M. A., 2017. Fonte: NANTES, M. A., 2017. 2. Preparo de soluções: 2.1 Ácido Clorídrico (HCl) a) 8,5 ml de HCl + 80 ml de água b) 9 ml de HCl + 50 ml de água 2.2 Hidróxido de sódio (NaOH) a) 6,25 g de NaOH + 70 ml de água b) 9,08 g de NaOH + 50ml de água 2.3 Ácido acético a) 6,7 ml de ácido acético + 50 ml de água Fonte: NANTES, M. A., 2017. Fonte: LANGER, C. M., 2017. 3. Digestibilidade: 3.1 Ácido Clorídrico (HCl) - Azeite: 8 ml de soluto + 5 ml de solvente - Óleo (soja): 10 ml de soluto + 5 ml de solvente - Margarina: 8,5 ml de solvente + 5,5 ml de soluto - Banha: 8,5ml de solvente + 5,5 ml de soluto Fonte: NANTES, M. A., 2017. Fonte: LANGER, C. M., 2017. 3.2 Hidróxido de sódio (NaOH): - Azeite: 8 ml de soluto + 5 ml de solvente - Óleo (soja): 10 ml de soluto + 5 ml de solvente - Margarina: 8,5 ml de solvente + 5,5 ml de soluto - Banha: 8,5 ml de solvente + 5,5 ml de soluto Fonte: LANGER, C. M., 2017. Fonte: LANGER, C. M., 2017. 3.3 Ácido acético: - Azeite: 8 ml de soluto + 5 ml de solvente - Óleo (soja): 10 ml de soluto + 5 ml de solvente Fonte: NANTES, M. A., 2017. 4. Viscosidade: 4.1 Banha Volume: 56 ml Tempo: 1’37” (60 + 37 = 97s) Viscosidade: 56/ 97 0,57 ISO 4.2 Margarina Volume: 58 ml Tempo: 2’ 10” ( 120 + 10 = 130s) Viscosidade: 58/ 130 0,44 ISO Logo, a banha é menos viscosa que a margarina. Fonte: NANTES, M. A., 2017. Fonte: NANTES, M. A., 2017. Fonte: NANTES, M. A., 2017. 5. Fisiologia aplicada: Uma vez preparada a solução soluto (óleo, azeite, banha e margarina) + solvente (HCl, ácido acético e NaOH), observou-se que os lipídios cristalizaram e formaram uma camada mais densa que a solução e sob certa pressão e em um determinado tempo possuem viscosidades diferentes. Essas demonstrações podem ser correlacionada a fisiologia humana, principalmente tratando-se de digestão de lipídios e doenças resultantes do acúmulo de moléculas adiposas nos órgãos, veias e artérias. Fonte: NANTES, M. A., 2017. Fonte: SILVA, T. S., 2017. 5 DISCUSSÃO Após a realização das experiências e a obtenção dos resultados do o óleo/azeite e margarina/banha, podemos observar as reações destes lipídios quando entram em contato com o corpo, e com a margarina e a banha fomos além e fizemos o teste de viscosidade. Segue a síntese de resultados. - Óleo e Azeite: A reação correlacionada com a fisiologia humana dos dois produtos foi praticamente a mesma, porém nota-se uma densidade maior no óleo, indicando um perigo maior para a saúde , uma vez que sua aderência nos vasos sanguíneos pode causar enormes problemas. Infelizmente não foi possível a realização com o teste de viscosidade com esses lipídios. - Margarina e Banha: O interessante nesses dois produtos foi a contradição encontrada, pois na reprodução fisiológica a margarina se tornou mais densa com a base, porém, no teste de viscosidade, a banha demorou um tempo maior para escoar (130 segundos) e a margarina escoou em 97 segundos, logo, menos viscosa. Ambas apresentaram uma densidade considerável após sua mistura com NaOH e HCl, também indicando um risco se houver uma ingestão não moderada desses produtos. 6 REFERÊNCIAS - BAYNES, J. W.; DOMINICZAK, M. H. Bioquímica médica. 4°ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. - CHAMPE, P. C. Bioquímica. 3° ed. Porto Alegre: Artmed, 2006. - CORSINO, J. Bioquímica. Campo Grande, MS: Ed. UFMS, 2009. - COSTANZO, L. S. Fisiologia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. - ESCOTT-STUMP, S. Nutrição relacionada ao diagnóstico e tratamento. 6° ed. Barueri, SP: Manole, 2011. - GORRIEB, M. G. V.; BONARDI, G.; MORIGUCHI, E. H. Fisiopatologia e aspectos inflamatórios da aterosclerose. Scientia Medica, v. 15, n. 3. Porto Alegre: PUCRS, jul./set. 2005. - NASCIUTTI, P. R.; COSTA, A. P. A.; SANTOS JÚNIOR, M. B.; MELO, N. G.; CARVALHO, R. O. A. Ácidos graxos e o sistema cardiovascular. Enciclopédia biosfera, Centro Científico Conhecer, v. 11, n. 22, p.11. Goiânia: 2015. - RIBEIRO, K. C.; SHINTAKU, R. C. O. A influência dos lipídios da dieta sobre aterosclerose. ConScientiae Saúde, v. 3, p. 73-83. São Paulo: UNINOVE, 2004. - PHILIPPI, S. T. Pirâmide dos alimentos: fundamentos básicos ds nutrição. 2°ed. rev. Barueri, SP: Manole, 2014. - SANTOS, R. D.; GAGLIARDI, A. C. M.; XAVIER, H. T.; MAGNONI, C. D.; CASSANI, R.; LOTTENBERG, A. M. Sociedade Brasileira de Cardiologia. I Diretriz sobre o consumo de Gorduras e Saúde Cardiovascular. Arq Bras Cardiol. 2013.
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