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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO – OESTE DEPARTAMENTO DE QUÍMICA ADRIELLE FERREIRA BUENO EMANUELE COSTA EXPERIMENTO 1 – CALORIMETRIA : ENTALPIA DE DISSOLUÇÃO Experimento realizado no dia 20/03 GUARAPUAVA 2019 1. INTRODUÇÃO O calorímetro é um instrumento utilizado dentro dos estudos termodinâmicos para analisar a quantidade de calor trocado entre dois corpos de temperaturas diferentes. Nesse experimento, foi utilizado um calorímetro caseiro, feito com uma garrafa térmica comum com um furo em sua extremidade superior, onde pôde ser inserido um termômetro. A garrafa térmica tenta fazer o papel de um sistema isolado, onde não há troca de calor ou matéria com a vizinhança, pois sua ampola interna com paredes duplas de vidro, contendo vácuo no centro, quase não irá acontecer passagem de calor, diminuindo que o sistema entre em equilíbrio mais rápido graças a condução, a parede interna espelhada e a tampa bem vedada impedem a troca de energia por radiação e convecção, respectivamente. No experimento, ele foi chave fundamental para analisar o quanto a temperatura variava de acordo com a substancia que era dissolvida, pois as ligações formadas ou construídas na formação de uma solução liberam ou absorvem energia. Para entender como substancias sólidas são dissolvidas em líquidos, é necessário saber sobre interações intermoleculares, que é o conceito inicial para o entendimento da formação de soluções. Existe uma questão de intensidade nas interações intermoleculares, a mais forte delas é a ligação de hidrogênio, seguida pelo dipolo permanente e a mais fraca é a dipolo induzido. A existência das interações intermoleculares permite a existência de muitas coisas, desde a liquefação de gases monoatômicos até então a dissolução de substancias. Quando o NaOH entra em contato com as moléculas de água, rapidamente ligações de hidrogênio são formadas entre eles, pois as moléculas polares de água hidratam os íons, envolvendo eles e formando uma camada estável, rompendo as ligações da molécula, retirando os íons do retículo cristalino. Mexer ou agitar a solução acelera o processo, pois coloca mais moléculas de água livres na superfície do sólido e retira os íons hidratados da proximidade do sólido. No instante que o soluto é dissolvido em solventes líquidos, as atrações soluto-soluto são substituídas por atrações soluto-solvente e pode-se esperar dissolução se as novas interações forem semelhantes às interações originais, ou seja, as ligações de hidrogênio existentes na água, voltam a se formar com a hidroxila dos compostos. 2. DESENVOLVIMENTO 2.1 OBJETIVOS Fazer a calibração correta do equipamento e analisar tipos de dissoluções em água com reações endotérmicas e exotérmicas. 2.2 MATERIAIS E MÉTODOS Calorimetro; Aquecedor; Balança e papel de pesagem; Termometro; Hidróxido de sódio em lentilhas; Nitrato de Amonio; Béquer de 500mL. Procedimento experimental: Primeiramente, precisou fazer a análise da capacidade térmica do equipamento. Para isso, foi medido 50mL de água em temperatura ambiente, anotando sua temperatura e foi posto dentro do calorímetro. Em seguida, aqueceu-se 100mL de água até que fosse atingido 50ºC e foi misturado às 50mL de água a temperatura ambiente colocados inicialmente dentro do calorímetro. Nessa etapa, mediu-se a temperatura a cada 30seg até que o equilíbrio térmico fosse atingido. Presumiu-se que o calorímetro era adiabático, e após fazer 3 vezes essa medição realizou-se os cálculos para ter a capacidade térmica do calorímetro. Para fazer a medição da entalpia de dissolução, foi medido 200mL de água e colocados ao calorímetro, fazendo a medição da temperatura. Na sequência, foi pesado 2g de hidróxido de sódio em lentilhas numa balança analítica com o auxilio de papel seda e colocado rapidamente dentro do calorímetro, pois o hidróxido de sódio é bastante hidrofílico. Realiza-se esse processo em triplicata. Depois, usando o mesmo procedimento, faz-se a dissolução de 2g de nitrato de amônio no lugar do hidróxido de sódio, com a mesma quantidade de água e realiza-se as medidas em triplicata. 2.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 1. Quais as principais fontes de imprecisão neste experimento? O calorímetro usado, por ser caseiro, não isola totalmente o meio externo, havendo trocas de calor com a vizinhança. Reagentes vencidos também podem ser a causa da mudança da temperatura não ter sido significativa, pois como já ficaram muito tempo expostos ao ar livre, já absorveram grandes quantidades de água, que quando é feita a solução, não liberam ou absorvem muito calor. 2. Qual a melhor maneira de determinar a temperatura de equilíbrio? O mais ideal seria ter um calorímetro com termômetro acoplado, de modo que fosse possível analisar a temperatura sem precisar abrir o calorímetro, pois diminuiria as trocas de calor com o meio externo e teria uma medição mais exata. 3. Compare os valores obtidos com valores da literatura. Antes de proceder com as reações, o calorímetro foi calibrado. Este procedimento é necessário pois os componentes do calorímetro, como o termômetro, o frasco de vidro e plástico, estão a temperatura ambiente no início do experimento e, portanto, são capazes de absorver ou ceder calor em relação ao meio reacional. O procedimento de calibração do calorímetro construído foi realizado em triplicata e os resultados estão apresentados na Tabela 1. Tabela 1 - Dados experimentais obtidos para o cálculo do equivalente em água (calibração). Tf (ºC) Tq (ºC) Tequilíbrio (ºC) ΔTf (ºC) ΔTq (ºC) 23 50 40 17 -10 21 50 41 20 -9 22 50 43 21 -7 Média - - 19,33 -8,67 Precisa primeiramente calcular a massa de água para cada uma das temperaturas, Utilizando a expressão 𝑄 = 𝑚 𝑐 ∆𝑇 (1) obteve-se que: 𝑄𝑎𝑏𝑠𝑜𝑟𝑣𝑖𝑑𝑜 = 150𝑔 . 4,18 . 19,33 = 12120𝐽 𝑄𝑙𝑖𝑏𝑒𝑟𝑎𝑑𝑜 = 150𝑔. 4,18 . (−8,67) = −5436,1 𝐽 E a diferença entre os dois nos mostra o quanto de água que absorveu esse calor. 6683,9 = 𝑚. 4,18. 19,33 𝑚 = 82,7𝑔 Na tabela 2, estão expostos os dados experimentais obtidos para a dissolução dos sólidos em água. Tabela 2 - Resultados obtidos para a dissolução dos sólidos em 200 mL de água. Sólido m (g) Tinicial (ºC) Tfinal (ºC) ΔT (ºC) NaOH 2 21 25 4 2 23 26 3 2 23 25 2 NH4NO3 2 22 22 0 2 23 22 -1 2 23 22 -1 Para calcular os valores de entalpia de dissolução, usa-se a mesma equação (1), porém a massa é somada a massa de água que absorve calor juntamente com a da reação. Também deve-se considerar a densidade da água para a média das temperaturas. Logo, para o NaOH: 𝑄 = (200.0.997701 + 82,7).4,18𝑔. 3 𝑄 = 3539,3 𝐽 As outras duas temperaturas foram descartadas, pois como o calorímetro já estava quente depois da primeira reação, supomos que houve interferência na hora da medição, e a média de temperatura não seria tão exata. Para calcular o ΔHdiss é usada a seguinte equação: ∆𝐻𝑒𝑥𝑝𝑒𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎𝑙 = − 𝑄 𝑛 Onde n será 0,05mol. Temos um ΔHNaOH=-70,8KJ/mol Para o NH4NO3, é feito o mesmo cálculo: 𝑄 = (200.0.997538 + 82,7). 4,18𝑔. −0,66 𝑄 = −779𝐽 Onde n será 0,025mol. Temos um ΔHNH4NO3 = 31,2 𝐾𝐽/𝑚𝑜𝑙 Na tabela 3, tem-se as relações dos calores de reação e os ΔH de dissolução para os sólidos. Tabela 3 – Relação de calores de dissolução e ΔHSólido Qreação (J) ΔH experimental (KJ/mol) ΔH tabelado (KJ/mol) NaOH 3539,3 -70,8 -88.4 NH4NO3 -779 31,2 25.4 O valor do ΔH de dissolução do Nitrato de Amônio deu bastante próximo do esperado, enquanto o do NaOH deu um pouco menor, que provavelmente se deva a qualidade do reagente utilizado. 4. Quais os fatores moleculares que determinam se a entalpia de dissolução é positiva ou negativa? Para romper o retículo cristalino, é necessário que as energias do solvente superem as energias do soluto, chamada de entalpia reticular. Nesse caso, a entalpia do sistema será sempre positiva e a temperatura do sistema irá diminuir. Entretanto, depois que as partículas do sólido são separadas, ocorre a sua interação com as moléculas do solvente a partir das interações intermoleculares. Para que essa interação ocorra é necessário liberar certa quantidade de energia, que é chamada de entalpia de hidratação. Visto que se perde calor, a temperatura do sistema aumenta e a entalpia é sempre negativa. O que vai determinar, então, se a temperatura do sistema irá diminuir ou aumentar será a somatória das entalpias reticular e de hidratação, que nos oferece a entalpia de dissolução. Portanto, temos uma dissolução endotérmica (com absorção de calor e com diminuição da temperatura) se a quantidade de energia absorvida (entalpia reticular) for maior que a energia liberada (entalpia de hidratação). No caso de ocorrer o contrário, a energia absorvida for menor que a energia liberada, teremos uma dissolução exotérmica, com o aumento da temperatura. As dissoluções endotérmicas precisam absorver mais energia, por isso, o aumento da temperatura facilita a dissolução do soluto. Já nas dissoluções exotérmicas, a diminuição da temperatura facilita a dissolução. 5. Explique por que os dois processos de dissolução que você estudou (endotérmico ou exotérmico) são espontâneos. A determinação da espontaneidade do sistema se dá por medidas diferentes da que é utilizada para ver se o processo é endotérmico ou exotérmico. A entropia é um parâmetro para ver a espontaneidade do processo e a energia livre de Gibbs é o que nos mostra se será espontâneo ou não. Quando o processo é endotérmico, a entalpia será positiva, então o produto da temperatura com a entropia precisa ser maior para que o resultado dê negativo, respectivamente, espontâneo. Já quando o processo é exotérmico, ele irá contecer espontaneamente desde que a entropia não seja negativa. 3. CONCLUSÃO Os resultados deram parecidos ao esperado, isso provavelmente se deva a qualidade dos reagentes utilizados, pois como ambos os sólidos eram muito antigos e eles são hidrofílicos, no momento da dissolução não liberaram a quantidade de calor esperada para a reação. O calorímetro caseiro também não isola totalmente o meio externo como é o desejado em procedimentos assim, então o experimento foi prejudicado por conta disso. O ideal seria ter reagentes novos e um calorímetro onde possa ser medido a temperatura sem a necessidade de abrir a tampa toda a vez. REFERÊNCIAS [1] ATKINS, P.W.; JONES, Loretta. Princípios de química: questionando a vida moderna e o meio ambiente. 3.ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. 965 p [2] MARTINS, Jéssica de Mello. Calorimetria: um experimento para a participação ativa do estudante na construção do seu conhecimento de termoquímica. Rio de Janeiro: ., 2016. [3] PHARMACY, Pulse. Heat of Solution. Disponível em: <http://pulse.pharmacy.arizona.edu/resources/heatofsolution.pdf>. Acesso em: 22 jun. 2019.
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