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O papel do médico no CAPS no contexto da reforma psiquiátrica: desafios e avanços observados a partir da experiência no serviço Academus Revista Científica da Saúde, v. 2, n. 1, jan./abr. 2017. O papel do médico no CAPS no contexto da reforma psiquiátrica: desafios e avanços observados a partir da experiência no serviço The role of the physician in the CAPS in the context of the psychiatric reform: challenges and advances observed during my experience in the caps Ruan Jonathan de Melo Vilaça Dornelas Graduando. Medicina. UFF E-mail: ruanjd.med@gmail.com Daniel Lins de Almeida Médico Psiquiatra. CAPS III João Ferreira da Silva Junior E-mail: danielalmeida83@yahoo.com.br Resumo A reforma psiquiátrica é um movimento que vem com o objetivo de garantir ao portador de sofrimento psíquico sua cidadania, direitos, respeito e individualidade, e perpassa por profundas alterações na relação entre a sociedade de modo geral e, principalmente, os profissionais de saúde, com esses indivíduos. A partir disso, houve uma reestruturação da rede no sistema de atendimento e tratamento das doenças mentais, que culminou com o surgimento de novas unidades de atenção, como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Nessas unidades, o Projeto Terapêutico Singular dos pacientes é montado por uma equipe multidisciplinar, podendo conter diferentes atividades além do tratamento medicamentoso, como psicoterapia, musicoterapia, oficinas, dentre outros. O trabalho em questão se deu dentro de um CAPSIII, que trabalha com acolhimento noturno para pacientes em quadro agudo, de manutenção e com atendimento à crise, o que permite o acompanhamento da doença em vários estágios de sua evolução. Assim sendo, procurou-se apresentar e questionar, a parir da experiência vivenciada durante o estágio integrado em saúde mental, os avanços e desafios encontrados pelo médico ao atuar em um CAPS. A experiência permitiu observar que a despeito dos avanços já conquistados nas tentativas de desinstitucionalização, ainda há muito que ser melhorado e que, para isso, são necessárias mudanças que vão desde a maneira como os profissionais atuam e veem os CAPS, até o modo como se dá a articulação com a atenção básica, passando ainda pelo tempo de estadia dos usuários nesse serviço, além, é claro, da necessidade de maiores investimentos na instrumentalização e capacitação dos profissionais. Palavras chave Reforma psiquiátrica, saúde mental, equipe multiprofissional O papel do médico no CAPS no contexto da reforma psiquiátrica: desafios e avanços observados a partir da experiência no serviço Academus Revista Científica da Saúde, v. 2, n. 1, jan./abr. 2017. Abstract Psychiatric Reform is a campaing that comes with the goal to give to the person in mental suffering their citizenship rights, respect and individuality. It runs through profound changes in the relationship between society in general and especially health professionals, with these individuals. From that, there was a network of restructuring the system of care and treatment of mental illness, which led to the emergence of new units attention, such as the Centers for Psychosocial Care (CAPS), for example. In these units, the singular therapeutic projects of patients is created by a multidisciplinary team and may contain various activities besides drug treatment, such as psychotherapy, music therapy, workshops, etc. This study occurred within a CAPSIII, ie working with night shelter for patients in acute phase, maintenance and care to the crisis, which allows the monitoring of the disease in various stages of their evolution. Therefore, this study was designed to present and question the progress and challenges encountered by the physician to act in a CAPS in this context. This experience allowed us to observe that despite the advances already made in the deinstitutionalization experiments, there is still a lot to be improved and that, for this, several changes are necessary. For example, how professionals work and see the CAPS, how is articulation with basic care, the time of stay of users in this service, and the need for greater investments in the instrumentalization and training of professionals. Keywords Psychiatric reform, mental health, multidisciplinary team Introdução O presente trabalho trata de um relato de experiência que foi desenvolvido durante o estágio integrado em saúde mental em uma unidade de Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) no município do Rio de Janeiro no ano de 2016. Com base nos preceitos do movimento da reforma psiquiátrica e de desinstitucionalização, este serviço conta com uma equipe multiprofissional e interdisciplinar da qual o médico faz parte. Contudo, apesar de sua relevância, ainda é pequena a quantidade de trabalhos abordando especificamente como se dá o papel deste profissional neste tipo de serviço. Esta experiência permitiu observar que a despeito dos avanços já conquistados nas experiências de desinstitucionalização, ainda há muito que ser melhorado. Como avanços, destaca-se a efetivação de uma equipe multiprofissional trabalhando em conjunto, a realização de reuniões periódicas para discussão do projeto terapêutico dos usuários e o reconhecimento da importância de terapias alternativas à medicamentosa para se construir um projeto terapêutico mais adequado e completo. Como desafios, pode-se citar uma articulação, integração e capacitação por parte da equipe multiprofissional e interdisciplinar ainda ineficazes em algumas situações, falta de planejamento O papel do médico no CAPS no contexto da reforma psiquiátrica: desafios e avanços observados a partir da experiência no serviço Academus Revista Científica da Saúde, v. 2, n. 1, jan./abr. 2017. e infraestrutura, tarefismos, a imagem do médico com papel central no cuidado, entre outros. Para que se possa progredir ainda mais, são necessárias mudanças que vão desde a maneira como os profissionais atuam e veem os CAPS, até o modo como se dá a articulação com a atenção básica, passando ainda pelo tempo de estadia dos usuários nesse serviço, além, é claro, a necessidade de maiores investimentos na instrumentalização e capacitação dos profissionais. Contextualização Entende-se por reforma psiquiátrica o movimento que se iniciou no final do século XX e que propõe profundas mudanças na relação para com os portadores de sofrimento psíquico. Este movimento propõe um novo olhar sobre essas pessoas e posturas diferentes frente a elas, de modo a reintegrá-las à sociedade; Tendo como base a desinstitucionalização, acredita-se que a mudança deve ir além de deslocar o centro de atenção da instituição (hospitais psiquiátricos, manicômios) para o território, para a comunidade, distrito. É necessária uma mudança qualitativa na atenção à saúde mental, de modo que se consiga, entre outras coisas: Deslocar a ênfase da cura para a intervenção em saúde; Ruptura do paradigma clínico e reconstrução da ideia de novas possibilidades; Ênfase no sofrimento psíquico do paciente; Valorização da dimensão afetiva e da liberdade na relação terapêutica; Mudança da perspectiva de medicalização da loucura para um novo olhar sobre o que é saúde de modo integral, considerando a reabilitação e reinserção social e projetos de vida dessas pessoas.1,3 Dessa forma, em termos práticos e estruturais, o movimento da reforma psiquiátrica privilegia a criação de serviços substitutivos aos hospitais psiquiátricos, como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), leitos psiquiátricos em hospitais gerais, residências terapêuticas, centros deconvivência e cultura, entre outros, sempre de acordo com as especificidades e particularidades de cada território. Os CAPS, de acordo com o Ministério da Saúde1, devem oferecer atendimento a sua população de abrangência, realizar o acompanhamento O papel do médico no CAPS no contexto da reforma psiquiátrica: desafios e avanços observados a partir da experiência no serviço Academus Revista Científica da Saúde, v. 2, n. 1, jan./abr. 2017. clínico e promover a reinserção social através de atividades como oficinas terapêuticas, atendimento individual ou em grupo, tratamento medicamentoso, psicoterapia, visitas domiciliares. Nesses serviços, as estratégias de intervenção são planejadas conforme o Projeto Terapêutico Singular (PTS), que é montado e reavaliado periodicamente pela equipe multiprofissional e interdisciplinar. Esse projeto pode incluir desde a terapia medicamentosa, até musicoterapia, psicoterapia, oficinas, convivência. Visando oferecer aos usuários um atendimento integral, os CAPS contam ainda com o matriciamento ou apoio matricial, que consiste na articulação com a rede de atenção básica através, principalmente, da Estratégia de Saúde da Família (ESF)2, que tem por objetivo co-responsabilizar as equipes e diversificar as ofertas terapêuticas através de um profissional de saúde mental que acompanhe a ESF e, portanto, conheça mais a fundo as demandas em saúde mental que chegam à atenção básica.4,5 Metodologia A experiência relatada se deu durante o estágio integrado em saúde mental realizado em um CAPS III no município do Rio de Janeiro, entre março e dezembro de 2016. As atividades do estágio consistiam no acompanhamento dos médicos e outros profissionais do serviço, participação das reuniões de equipe, realização de atendimentos individuais e em conjunto, participação das atividades terapêuticas como passeios, oficinas e grupos. Dessa forma, a experiência se refere ao acompanhamento da execução do projeto terapêutico singular (PTS) de uma usuária do serviço ao longo do estágio. Esse PTS incluiu a participação do espaço de convivência, atendimento multiprofissional, terapia medicamentosa, acompanhamento através do matriciamento e participação das oficinas. Apresentação do CAPS III O CAPS III, unidade no Complexo do Alemão no município do Rio de Janeiro tem atendimento ambulatorial 24 horas, incluindo fins de semana e feriados. É uma unidade com acolhimento noturno para pacientes em quadro agudo e atendimento de manutenção e à crise, o que permite o acompanhamento da doença em vários estágios de sua evolução. A unidade tem como atividades, oficinas de poesia, grupos de ouvidores de vozes, musicoterapia, passeios semanais à Vila Olímpica do Complexo do Alemão, tendo ainda espaço para convivência em ambiente coletivo, no qual os pacientes ficam livres para interagir entre si e com os membros da equipe. Relato da experiência O papel do médico no CAPS no contexto da reforma psiquiátrica: desafios e avanços observados a partir da experiência no serviço Academus Revista Científica da Saúde, v. 2, n. 1, jan./abr. 2017. A usuária cujo tratamento foi acompanhado é A.L.S. de 43 anos, diagnosticada com transtorno bipolar, fazendo acompanhamento no CAPS III desde 2011. Ela apresentava um forte vínculo com o serviço e com os profissionais, o que faz dela uma usuária muito presente, o que é fundamental para o seguimento e adesão ao tratamento. É importante ressaltar que grande parte do acompanhamento dessa usuária se deu no ambiente de convivência do CAPS. Aqui se insere a discussão das diferenças entre o trabalho no CAPS e o atendimento ambulatorial tradicional. Nesse contexto de reforma psiquiátrica, o trabalho do médico nesses dispositivos se dá de maneira diferenciada, de modo a atender, na medida do possível, a demanda e as necessidades específicas de cada indivíduo. Alguns deles pedem o atendimento tradicional, dentro do consultório (como é o caso da usuária A.L.S.), enquanto com outros isso é feito nos corredores do serviço, de maneira mais livre. Nesse contexto, um dos desafios encontrados aos avanços das experiências de desinstitucionalização e da reforma é a imagem centralizada do médico como detentor do conhecimento que se encontra solidificada no imaginário de alguns pacientes e seus familiares ou acompanhantes. No CAPS III a proposta é desconstruir esses pontos, através, por exemplo, do atendimento em conjunto com outros profissionais, privilegiando o trabalho interdisciplinar e multiprofissional. Durante a experiência, pôde-se perceber que a intervenção do médico psiquiatra pode e deve ir para além da prescrição de medicamentos. Também é função deste profissional ouvir, conversar e orientar os usuários do CAPS. Além disso, a maneira com a qual o profissional aborda e lida com os pacientes tem reflexo direto no tipo de relação e vínculo que são construídos. Acredita-se que essa postura é fundamental para auxiliar na desconstrução do papel centralizado do médico, abrindo margem para prática do trabalho multiprofissional e interdisciplinar, corroborando com as propostas da reforma. A ideia de que o usuário tem sobre o médico como centro do cuidado gera uma vasta gama de discussões e variam muito de acordo com cada um. De um lado, enquanto uns veem isso como ponto positivo, há uma facilitação no trabalho deste profissional já que aqueles indivíduos o enxergam como uma pessoa de confiança, com segurança. Em contrapartida, para outros usuários essa imagem do médico pode causar certa desconfiança, fazendo com que eles omitam fatos importantes por algum receio. A prática do atendimento em conjunto e a formação de vínculos entre os pacientes e diferentes profissionais do serviço são estratégias eficazes para contornar problemas como estes. Semanalmente de realiza reuniões de equipe nas quais os casos dos usuários eram discutidos pela equipe multiprofissional, apontando as dificuldades apresentadas e os avanços e melhorias conseguidas em cada caso. Trata-se de uma integração extremamente importante para o funcionamento do trabalho interdisciplinar e multiprofissional, uma vez que todos tinham liberdade para contribuir e participar ativamente. O papel do médico no CAPS no contexto da reforma psiquiátrica: desafios e avanços observados a partir da experiência no serviço Academus Revista Científica da Saúde, v. 2, n. 1, jan./abr. 2017. O projeto terapêutico singular (PTS) é montado em conjunto pelos profissionais de referência de cada usuário e tem por objetivo atender, dentro do possível, as demandas de cada um fazendo-se uso das terapêuticas que são julgadas mais eficazes para cada caso. A terapia medicamentosa faz parte do cotidiano do CAPS e é extremamente necessária, mas não para todos. No caso da A.L.R. esta se faz necessária de modo a contornar os sintomas apresentados pela usuária. O quadro maníaco, com discurso de autorreferência, a postura hipersexualizada e as atitudes invasiva e expansiva requerem a terapia medicamentosa. Destaca-se aqui a importância do espaço de convivência para auxiliar na formulação e alterações do PTS, de modo que a usuária pode ser avaliada não apenas de acordo com as coisas que ela fala durante os atendimentos, mas permite aos profissionais visualizar seu comportamento no ambiente coletivo e como ela se porta ao lidar com outras pessoas, sejam elas outros profissionais ou outros usuários. O PTS pode incluir, entre outras coisas, a psicoterapia, a participação em oficinas e grupos de ouvidores de vozes. No caso da A.L.S. a psicoterapia se mostrou extremamente importante uma vez que permite à usuária um espaço emque ela se sinta mais à vontade para conversar sobre as questões que a afligem, como a relação conflituosa com a mãe e sua maneira de lidar com os filhos, por exemplo. Além disso, a participação em oficinas permite, de acordo com as informações colhidas e observações feitas, que a usuária se sinta útil e produza algo, contribuindo para reduzir, o sentimento de inutilidade e o tempo ocioso. A eficácia dessas oficinas enquanto terapia e a maneira como elas são conduzidas nos CAPS de modo geral geram discussões extensas e discordância entre alguns autores. Entretanto, destaca-se como ponto crucial saber, para cada caso, qual a perspectiva e a maneira como cada indivíduo encara essas atividades, de modo a tornar o PTS o mais individualizado, adequado e eficaz possível. Além disso, a realização de algumas atividades como oficinas e passeios encontra-se impossibilitada pela falta de infraestrutura e planejamento em alguns casos. A implantação do PTS também encontra dificuldades em função dos “tarefismos” presentes em alguns profissionais. São exemplos disso a ideia de que o médico apenas prescreve os medicamentos, o farmacêutico separa e entrega os remédios e o técnico em enfermagem deve ser responsável pelo banho. Isso se torna um grande impasse na implementação do trabalho multiprofissional e interdisciplinar e requer, por parte dos profissionais, uma nova maneira de enxergar, uma nova perspectiva sobre o trabalho desenvolvido no serviço. Outro ponto importante que merece destaque é a atuação do médico no matriciamento, ou seja, na interface com a Estratégia de Saúde da Família (ESF). No caso da A.L.S. uma possibilidade de atuação seria, através da educação sexual e do planejamento familiar, uma vez que a usuária apresentava, com certa frequência, uma postura hipersexualizada. Temas O papel do médico no CAPS no contexto da reforma psiquiátrica: desafios e avanços observados a partir da experiência no serviço Academus Revista Científica da Saúde, v. 2, n. 1, jan./abr. 2017. como métodos contraceptivos, rastreamento e prevenção de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) poderiam ser abordados tanto na consulta com a equipe de Saúde da Família quanto no CAPS, havendo sempre uma comunicação entre as duas de modo a fortalecer o trabalho em rede e interdisciplinar. Isso é fundamental também no acompanhamento de comorbidades crônicas (como diabetes e hipertensão arterial sistêmica) e para se ter informações acerca do contexto social e econômico no qual os usuários se inserem, a fim de se oferecer um tratamento e atenção de modo integral, sempre na lógica da clínica ampliada. Como desafio à implantação eficaz desse matriciamento pode-se citar a capacitação e colaboração por parte dos profissionais, tanto da ESF quanto do CAPS. Entretanto, não se pode deixar de destacar que essa prática já evoluiu muito, mas ainda requer alguns avanços. Considerações finais Pode-se concluir que a formação de vínculo entre os usuários e o CAPS e seus profissionais é muito importante para o sucesso do tratamento, desde a adesão até seu seguimento. Este vínculo é fundamental não apenas com o médico, com todos os profissionais do serviço. Entre os desafios encontrados, os avanços das experiências de desinstitucionalização e da reforma, pode-se citar a imagem do médico com papel central no cuidado que se encontra solidificada no imaginário de alguns pacientes e seus familiares ou acompanhantes. Para desconstrução dessa ideia, propõe-se uma mudança na postura do médico com os pacientes e com os demais profissionais do serviço, além de privilegiar os atendimentos em conjunto, fomentando o trabalho interdisciplinar e multiprofissional. Além disso, a atuação do médico para além da prescrição de medicamentos contribui tanto para essa desconstrução quanto para a adequação do tratamento à cada caso, de acordo com as demandas de cada usuário. A realização periódica de reuniões de equipe permitiu a efetivação do trabalho em equipe multiprofissional e interdisciplinar, corroborando com as propostas da reforma. Além disso, a construção de projetos terapêuticos por parte dessa equipe com uma grande variedade de terapias auxilia na implantação do tratamento integral na lógica da clínica ampliada. Destaca-se ainda que é crucial saber, para cada caso, qual a perspectiva e a maneira como cada indivíduo encara as atividades propostas no PTS, de modo a torná- lo o mais individualizado, adequado e eficaz possível. Como desafio a implantação do PTS tem-se, por exemplo, os “tarefismos” presentes em alguns profissionais, que gera um grande impasse na implementação do trabalho multiprofissional e interdisciplinar e requer, por parte desses profissionais, uma nova perspectiva sobre o trabalho desenvolvido no serviço. Além disso, o PTS também encontra dificuldade em O papel do médico no CAPS no contexto da reforma psiquiátrica: desafios e avanços observados a partir da experiência no serviço Academus Revista Científica da Saúde, v. 2, n. 1, jan./abr. 2017. alguns casos em função da falta de infraestrutura e planejamento para realização de algumas atividades, como oficinas e passeios. De modo geral, tanto a implementação do trabalho realmente multiprofissional e interdisciplinar quanto a realização de uma interlocução eficaz com a rede de atenção básica (através do matriciamento) encontram dificuldades pela falta de capacitação de alguns profissionais. Isso pode ser solucionado com investimentos em educação continuada e, mais que isso, uma mudança da visão dos profissionais sobre o serviço. Por fim, destaca-se que muitos avanços já foram conquistados e que as práticas conforme propostas pela reforma psiquiátrica têm se tornado cada vez mais naturais e frequentes na atenção ao portador de sofrimento psíquico. Contudo, vale notar que muitos desafios são ainda encontrados e requerem muitas alterações, desde estruturais até a qualificação dos profissionais que atuam nesses serviços. Além disso, o médico deve se inserir neste contexto de modo a incentivar e fortalecer as propostas da reforma. Referência bibliográfica 1. Hirdes A. A reforma psiquiátrica no Brasil: uma (re)visão. Ciênc Amp Saúde Coletiva. 2009 Feb;14(1):297–305. 2. Paranhos-Passos F, Aires S. Social rehabilitation of patients with psychological distress: the gaze of users of a Psychosocial Care Center. Physis Rev Saúde Coletiva. 2013;23(1):13–31. 3. 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