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Psicanálise: Método Terapêutico e Estruturas

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA 
PSICANÁLISE
Rio de Janeiro
 2019
PSICANÁLISE 
Concebida pelo neurologista austríaco Sigmund Freud, a Psicanálise é um método terapêutico, tem por objeto de estudo o inconsciente e constitui-se sobretudo na interpretação, por um psicanalista, dos conteúdos inconscientes de palavras, ações e produções imaginárias de um sujeito, baseado nas associações livres e transferência sendo estas fundamentais para o processo psicanalítico.
INCONSCIENTE
Segundo Freud, o inconsciente seria como a caixa-preta do indivíduo. Ela não seria a parte mais profunda da consciência, nem a que possui menos lógica, mas uma outra estrutura que se distingue da consciência.
TRANSFERÊNCIA
A transferência é o deslocamento do sentido atribuído a pessoas do passado para pessoas do nosso presente. Esta transferência é executada pelo nosso inconsciente. Para a teoria freudiana, esse fenômeno é fundamental para o processo de cura.
MÉTODO TERAPÊUTICO POR ASSOCIAÇÃO LIVRE DE IDEIAS
 
 A associação livre foi o dispositivo descoberto por Freud que consiste no desenrolar das cadeias significantes do sujeito, sustentado pelo amor de saber dirigido ao analista: a transferência. Desenrolar este que permite esclarecer os possíveis motivos de recalque do sintoma, cabendo ao analista a direção da análise apontada para a construção da fantasia fundamental com propósito de fazer o sujeito superar, ir para além desta. Se a fantasia é uma resposta do sujeito ao enigma do sexo que representa o desejo do outro, atravessá-la é experimentar o estado de desolação absoluta ou de desamparo 
Na associação livre o paciente é orientado a dizer o que vier à cabeça, deixando de dar qualquer orientação consciente a seus pensamentos. É essencial que o paciente se obrigue a informar absolutamente tudo que ocorrer à sua autopercepção, não dando margem a objeções críticas que procurem pôr certas associações de lado, com base no fundamento de que sejam irrelevantes ou inteiramente destituídas de sentido.
Em seu Estudo Autobiográfico, Freud (1925) lembra-nos que devemos ter em mente que a associação livre não é realmente livre. O paciente permanece sob a influência da situação analítica, muito embora não esteja dirigindo suas atividades mentais para um assunto específico, nada lhe ocorrerá que não tenha alguma referência com essa situação. Sua resistência contra a reprodução do material reprimido será então expressa de duas maneiras.
Será revelada por objeções críticas. E foi para lidar com tais objeções que a regra fundamental da psicanálise foi criada. Se o paciente observar essa regra e assim superar suas reservas, a resistência encontrará outra forma de se expressar. A disponibilizará de tal forma que o material reprimido jamais ocorrerá ao paciente, somente algo que se aproxima dele de maneira alusiva. Quanto maior for a resistência, mais remota da ideia real, da qual o analista está a procura.
O analista pela sua experiência, possui uma ideia geral do que esperar e deve fazer uso do material trazido à luz pelo paciente de acordo com duas possibilidades. Se a resistência for leve, ele será capaz, pelas alusões do paciente, de inferir o próprio material inconsciente. Se a resistência for mais forte, ele será capaz de reconhecer seu caráter a partir das associações, quando surgirem tornar-se mais remotas do tópico em mão, e o explicará ao paciente. A descoberta da resistência, constitui o primeiro passo no sentido de superá-la.
A associação livre oferece inúmeras vantagens. Expõe o paciente à menor dose possível de compulsão, jamais permitindo que se perca contato com a situação corrente real. Garante em grande medida que nenhum fator da estrutura da neurose seja desprezado e que nada seja introduzido nela pelas expectativas do analista.
A associação livre como regra fundamental da psicanálise, constitui um convite a que o sujeito da experiência tome distância da coerência, como condição de poder bem dizer da verdade do sintoma que o invade. Assim a psicanálise valoriza mais o incoerente que o coerente do sintoma e o consultório do analista é o lugar de se desfazer desses laços da coerência do sintoma para na linha de um novo laço, transferencial, o sujeito, enlaçado não ao analista, mas a esse lugar do desenlaçamento, buscar dar conta de seu sintoma e solucionar.
ESTRUTURAS NEUROSE, PSICOSE E PERVERSÃO
O indivíduo se constitui quando nasce, com as experiências afetivas com os pais e entorno. Através dessa vivência o sujeito passa a ir de encontro a uma das seguintes possibilidades enquanto estrutura psíquica: neurose, psicose ou perversão. Para a psicanálise, o sujeito possui uma destas três formas de enlaçar se com o seu entorno afetivo constituindo sua forma relacionar- se com o mundo. Cada estrutura possui suas particularidades e é inviável que o sujeito altere sua estrutura de uma para outra ao longo da vida, ou seja, através do viés psicanalítico freudiano um ser de estrutura perversa jamais se tornará um sujeito de estrutura neurótica.
Podemos pontuar sobre cada estrutura as seguintes características:
Neurose:Pessoas que possuem esta estrutura tendem a sintomas de angústia, criam rituais para se defender de algum medo ou proteção. Dentro das estruturas é a mais comum e saudável. Quando ocorre fatores que favorecem a manifestação de um transtorno mental, estes são mais facilmente contornados, no entanto, pode ser tão graves quanto a psicose, dependendo da gravidade dos sintomas.
Psicose: O indivíduo de estrutura psicótica, não possui a crítica sobre certo e errado possuindo uma maneira particular de relacionar se com o mundo.Costumeiramente quando associada a transtornos psíquicos mais graves e crônicos ouve vozes, tem alucinações, delírios graves.Não há distinção no relacionamento entre o eu e o outro no mundo. As vozes ouvidas são como comandos recebidos para executar ações que o indivíduo nem sabe porque fez. Alucina e delira sofrendo muito por isso.
Perversão:O indivíduo que possui esta estrutura , diferente do psicótico, reconhece as regras, porém pela busca de prazer constante é capaz de transgredi- las com total ausência de culpa. Causa mal aos outros e não manifesta remorso ou sofrimento pelo tal. Não se incomoda em fazer o outro sofrer.
IMPULSOS (DE VIDA E DE MORTE)
Instintos e pulsões são elementos fundamentais que compõem a personalidade sob o viés psicanalítico, atuam como força motivadora que contorna e direciona comportamentos o qual Freud denominou por “Trieb”,melhor traduzida por “impulso”.Os instintos são de origem fisiológica, em forma de energia transformada unem necessidades do corpo a desejos da mente. Freud classificou os instintos de duas classes: Instintos de Vida e Instintos de Morte.
Os instintos de vida são direcionados ao crescimento e desenvolvimento e tendo por objetivo a sobrevivência do ser e da espécie, buscando satisfazer necessidades como de comida,água e sexo por exemplo.Energia criada pelos instintos de vida é conhecida como libido,que não restringe se ao campo erótico mas de modo ampliado a maioria de pensamentos e comportamentos prazerosos.
Os instintos de morte são direcionados a destruição e a própria morte.Através da biologia é possível verificar que tudo que vive um se degenera e morre,diante deste fato Freud afirma que todas as pessoas possuem um desejo inconsciente de morrer composto pelo impulso agressivo que nos incita a destruir , subjugar e matar.Embora Instintos de Vida e Morte sejam antagônicos ambos atuam em parceria. 
MECANISMOS DE DEFESA
São táticas utilizadas pelo Ego a fim de defender se de conteúdos indesejáveis, protegendo, desta forma, o aparelho psíquico.Os mecanismos de defesa são universais, todos o utilizam em maior ou menor escala, no entanto, quando utilizados de forma intensificada tornam -se disfuncionais.
Os mais conhecidos mecanismos são: Repressão,Negação, Formação reativa, Projeção, Regressão, Racionalização,Deslocamento e Sublimação.
SONHOS, CHISTES, ATO FALHO E LAPSOS
Chistes: Trata-se de um dito espirituoso gerador de humor requintado, fino. Um gracejo adequado ao que se discursa ou dialoga no instante. A piada tendenciosa visa a satisfação dos desejos inconscientes, é criada com certa intenção que pode ser desprestigiar, agredir ou inferiorizar. Chistes são mecanismos de libertação, é a forma de nos livrarmos das inibições que nos assombram para expressar os instintos mais agressivos. Para Freud, o chiste é usado para expressar aquilo que não ganharia expressão no plano consciente.
Quanto mais velada for a expressão do conteúdo da piada, e melhor elaborada, mais a graça se estabelece e o riso surge desinibindo e libertando, porque após o riso tudo fica mais leve e fácil. 
Ato falho e lapsos: É um equívoco na fala, na memória, em uma atuação física, provocada hipoteticamente pelo inconsciente. Através do ato falho/lapso o desejo do inconsciente é realizado. Isto explicaria o fato de que nenhum gesto, pensamento ou palavra aconteceria de forma acidental.
Freud evidenciou que o ato falho/lapso era como sintoma, constituição de compromisso entre o intuito consciente da pessoa e o reprimido.
Ato falho/lapso abrange erros de leitura, audição, distração de palavras. São circunstâncias acidentais que não têm valor e não possuem consequência prática.
Sonhos: Trata-se da importância em destacar os sonhos na vida de qualquer indivíduo, assim como a influência que exerce sobre os mesmos. Sua análise em terapia e auxílio ao terapeuta durante o tratamento.
Possuem imensa importância nas terapias psicanalíticas por proporcionarem ao terapeuta um conhecimento mais profundo do que se passa no íntimo de seus pacientes. São carregados de informação sobre a vida destes e oferecem ao analisando um conhecimento maior de si mesmo.
É possível trazer ao consciente os conteúdos inconscientes, na qual tal processo, o fenômeno sonhar, traz o inconsciente de uma forma tão reveladora e acessível para estudo.
Os sonhos funcionam como janelas do inconsciente onde podemos acessar de forma segura e espontânea o inconsciente do indivíduo.Os sonhos visto pela psicanálise são como uma válvula de escape para nossos desejos mais secretos, desejos vistos como proibidos por nós mesmos através do que a sociedade nos impõe, sublimados e manifestados nos sonhos.
1ª TÓPICA DE FREUD
Em sua primeira tópica, Freud divide o aparelho psíquico em três classes : o consciente, o pré consciente eo inconsciente.O consciente , segundo ele correspondia a todas sensações e experiências das quais estamos cientes.Ao consciente é atribuído tudo aquilo que está disponível imediatamente em nossa mente.No pré consciente, depositamos lembranças e percepções que embora não se tenha ciência no momento, podem elas serem facilmente evocadas ao consciente.Por fim, o inconsciente, instância psíquica que não possui uma lógica racional, regido pelas próprias leis, é onde localiza-se o conteúdo reprimido pela consciência e que a ela tornou-se inacessível.
2ª TÓPICA DE FREUD- ID EGO E SUPEREGO
ID: Energia psíquica em seu estado mais primitivo. Sem filtro ou regras. É formado por desejos e pulsões inconscientes. Geralmente sua interação com outras instâncias é conflituosa, pois o ego, sob os imperativos do superego e as exigências da realidade, deve avaliar e controlar os impulsos do id, permitindo, adiando ou inibindo totalmente sua satisfação. 
EGO: É a parte organizada do sistema psíquico que entra em contato direto com a realidade e tem a capacidade de atuar sobre ela numa tentativa de adaptação. O ego é mediador dos impulsos instintivos do id e das exigências do superego. 
SUPEREGO: Assume o papel de juiz e vigilante, como uma autoconsciência moral. É o controlador por excelência dos impulsos do id e age como colaborador nas funções do ego. Pode tornar-se extremamente severo, anulando as possibilidades de escolha do ego.
COMPLEXO DE ÉDIPO
Aproximadamente entre dois e cinco anos, se desenvolve na criança um intenso sentimento de amor pelo genitor (cuidador) do sexo oposto e grande hostilidade pelo genitor (cuidador) do mesmo sexo da criança. São sentimentos vividos geralmente com grande ambivalência.
Por volta dos cinco anos costuma haver um declínio nesse conflito, e uma boa estruturação da personalidade depende de sua resolução satisfatória.
ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO 
Freud atribui grande importância as experiências vivenciadas durante a infância, tanto que considerava que a personalidade de um adulto estaria definida aos cinco anos de idade.Em sua própria vivência concluiu que a neurose adulta foi formada nos primeiros anos de vida e observou que cada área do corpo obtinha maior destaque como núcleo de conflitos sexuais em idades diferentes.
A partir dessas observações, Freud desenvolveu a teoria dos estágios psicossexuais do desenvolvimento, cada um definido por uma específica zona erógena do corpo.Cada fase possui um conflito que necessita ser sanado a fim de que a criança possa avançar pra o próximo estágio.Os estágios são classificados em:
Oral (0 a 1 ano), A boca é a principal zona erógena,o prazer é obtido com a sucção e o id predomina;
Anal (1 à 3 anos), O ânus é a principal zona erógena.O treinamento dos hábitos de higiene (realidade externa) resulta da forma de gratificação recebida ao defecar.
Fálico (4 à 5 anos), A genitália é a principal zona erógena.Fantasias incestuosas: complexo de Édipo, ansiedade e o desenvolvimento do superego; 
Latência (5 à Puberdade), Período de sublimação do instinto sexual em atividades escolares, hobbies e esportes e no desenvolvimento de amizades com pessoas do mesmo sexo.
Genital (Adolescência à Idade adulta) Desenvolvimento da identidade do papel sexual e de relações sociais adultas.Há a retomada do instinto sexual.
BIBLIOGRAFIA:
DISITZER, Evelyn.Psicanálise: Neurose, Perversidade e Psicose com Evelyn Disitzer | Philos TV. 2016. (3m43s). Disponível em: <https://youtu.be/a5PL0O8ZmFQ/>. Acesso em: 29 de set. de 2019.
PSICOSE, Neurose e Perversão: Estruturas Psicanalíticas. Psicanálise Clínica, 2017. Disponível em:<https://www.psicanaliseclinica.com/psicose-neurose-e-perversao/>. Acesso em: 27 de set. de 2019. 
ROUDINESCO, Elisabeth; PLON, Michel. Dicionário de Psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar, 1998. 
SCHULTZ, Duane P. ; SCHULTZ, Sydney . Teorias da personalidade. 3 ed. São Paulo: Cengage Learning, 
TRANSFERÊNCIA. Wikipédia, 2019. Disponível em: <https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Transfer%C3%AAncia/>. Acesso em: 28 de set. de 2019.

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