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1 UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL Francine da Silveira Dias Liciara Borges Tapia Maria Eduarda de Castro Schütz LESÕES FISICAS E QUIMICAS: NECROSE ANESTÉSICA, QUEIMADURAS ELÉTRICAS E TÉRMICAS, PIGMENTAÇÃO DA MUCOSA ORAL RELACIONADA A DROGAS E TRAUMA ORAL POR PRÁTICAS SEXUAIS. Cachoeira do Sul, RS. 2018 2 Francine da Silveira Dias Liciara Borges Tapia Maria Eduarda de Castro Schütz LESÕES FISICAS E QUIMICAS: NECROSE ANESTÉSICA, QUEIMADURAS ELÉTRICAS E TÉRMICAS, PIGMENTAÇÃO DA MUCOSA ORAL RELACIONADA A DROGAS E TRAUMA ORAL POR PRÁTICAS SEXUAIS. Trabalho de pesquisa, apresentado a Universidade Luterana do Brasil, na disciplina de Estomatologia Odontológica. Orientadora: Juliana Hintz Germanos Scheidt. Cachoeira do Sul, 01 de outubro de 2018. 3 RESUMO O presente trabalho irá apresentar as características clínicas, principais causas e tratamento das lesões físicas e químicas como queimaduras elétricas e térmicas, necrose anestésica, trauma oral por prática sexual e pigmentações da mucosa oral relacionada com drogas. As queimaduras elétricas da cavidade oral não são muito comuns, a maioria dos casos resulta da mastigação ou mordida de um fio elétrico exposto. Existem dois tipos de queimaduras elétricas, a de contato e arco e ocorrem em crianças com menos de 4 anos de idade. Os lábios são comumente afetados e a comissura costuma estar envolvida. As queimaduras térmicas da cavidade oral surgem da ingestão de alimentos ou bebidas quentes, em sua maioria, geralmente surgem no palato ou na mucosa jugal posterior. A administração de anestésicos locais podem causar lesões no tecido epitelial onde foi injetado, formando ulcerações e necrose, sem uma causa especifica. A prática do sexo oral é bastante comum na sociedade atual e o mesmo pode causar algumas lesões, tanto em homens quanto em mulheres. Nas pigmentações orais relacionadas a drogas, existem diversos medicamentos que são responsáveis pelo aparecimento das mesmas, na qual, irão estimular a produção de melanina pelos melanócitos. Porém em alguns casos, é a deposição de metabólitos das drogas a responsável pela mudança de cor. Essas alterações pigmentares associam-se ao uso de fenolftaleína, minociclina, tranquilizantes, drogas antimaláricas, estrogênio, agentes quimioterápicos e alguns medicamentos utilizados nos pacientes com AIDS. A pigmentação exibe três padrões distintos, dos quais dois são causados pela deposição de metabólitos da droga que sofre transformação com o ferro. E no terceiro, o medicamento ativa uma pigmentação cutânea difusa cinza ou marrom que resulta de um aumento na melanose da camada de células basais epiteliais e tecido conjuntivo superficial, este é acentuado nas áreas expostas ao sol. 4 Embora as pigmentações apresentem uma estética desagradável elas não causam problema ao longo prazo. Geralmente a interrupção do medicamento resulta no desaparecimento dessas áreas de hiperpigmentação. Palavras chave: Lesões, lesões físicas e químicas, trauma oral por práticas sexuais, necrose anestésica. 5 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO..................................................................................................6 1.1 Metodologia...................................................................................................7 1.2 Objetivo geral.................................................................................................8 1.3 Objetivo específico.........................................................................................9 2 DESENVOLVIMENTO....................................................................................10 4 CONCLUSÃO.................................................................................................15 5 BIBLIOGRAFIA..............................................................................................16 ANEXOS............................................................................................................17 6 1 INTRODUÇÃO É de ampla relevância que os profissionais da odontologia tenham conhecimento sobre as lesões físicas e químicas da cavidade oral, pois irá auxiliar no diagnóstico. Como exemplos dessas lesões químicas e físicas temos as queimaduras elétricas e térmicas, necrose anestésica, traumas orais por pratica sexual e pigmentações da mucosa relacionada a drogas. As queimaduras elétricas na cavidade bucal resultam da mastigação ou mordida de um fio elétrico exposto. As queimaduras térmicas decorrem da ingestão de alimentos ou bebidas quentes. A necrose anestésica é causada por técnica imperfeita ou administração de uma quantidade excessiva de anestésico. O trauma oral por práticas sexuais é ligado à prática do sexo orogenital, que apresenta hemorragia secundária a felação ou ulceras no freio lingual. As pigmentações da mucosa oral relacionada a drogas são decorrentes de medicamentos que estimulam a produção de melanina pelos melanócitos. 7 1.1 METODOLOGIA Pesquisa no livro NEVILLE e em artigos. 8 1.2 OBJETIVO GERAL Apresentar as lesões físicas e químicas que manifestam-se na cavidade oral em pacientes que possuam hábitos que irão provocar alterações como, queimaduras elétricas, queimaduras térmicas, necrose anestésica, trauma oral por práticas sexuais e pigmentações da mucosa oral relacionada a drogas. 9 1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Explicar a causa das queimaduras elétricas, queimaduras térmicas, necrose anestésica, trauma oral por práticas sexuais e pigmentações da mucosa oral relacionada a drogas. Verificar as alterações da cavidade bucal nos indivíduos que possuem essas lesões. 10 2 DESENVOLVIMENTO As queimaduras elétricas da cavidade oral não são muito comuns. Existem dois tipos de queimaduras elétricas, a de contato e arco. As queimaduras de contato envolvem a corrente elétrica que pode causar parada cardiopulmonar e ser fatal. A maioria das queimaduras elétricas que afetam a cavidade oral é do tipo arco, ou seja, a saliva atua como um meio de condução, e um arco elétrico flui entre a fonte elétrica e a boca. A maioria dos casos resulta da mastigação ou mordida de um fio elétrico exposto. A maioria das queimaduras térmicas da cavidade oral surge da ingestão de alimentos ou bebidas quentes. O forno de micro-ondas tem sido associado ao aumento na frequência de queimaduras térmicas, pelo fato de produzir um alimento morno por fora, mas extremamente quente no seu interior. A maioria das queimaduras elétricas ocorre em crianças com menos de 4 anos de idade. Os lábios são comumente afetados e a comissura costuma estar envolvida. Inicialmente, a queimadura apresenta-se como uma área indolor, carbonizadae amarelada, que exibe pouco ou nenhum sangramento. Muitas vezes, um edema significante se desenvolve dentro de poucas horas, podendo persistir por mais de 12 dias. Por volta do quarto dia, a área afetada torna-se necrótica e membranas começam a se soltar. O sangramento pode ocorrer durante este período, pela exposição da vascularização vital subjacente, a presença de tal complicação deve ser monitorada rigorosamente. O fundo de vestíbulo adjacente, a língua, ou ambos, também podem estar envolvidos. Ocasionalmente, os dentes adjacentes podem se tornar não-vitais independentemente da necrose do osso alveolar circundante. A malformação de dentes em desenvolvimento também tem sido documentada. Nos pacientes que sofreram descarga elétrica de alta voltagem, a paralisia do nervo facial pode ser relatada, embora seja incomum, e tipicamente sofre resolução dentro de semanas a meses. Os danos térmicos relacionados aos alimentos quentes geralmente surgem no palato ou na mucosa jugal posterior. As lesões apresentam-se como áreas de eritema e ulceração que frequentemente exibem remanescentes necróticos do epitélio na periferia. Quando o paciente engole bebidas quentes, 11 pode ocorrer aumento de volume das vias aéreas superiores, levando a dispneia, a qual pode se desenvolver muitas horas depois. Para os pacientes com queimaduras elétricas da mucosa oral, a imunização contra o tétano, caso não esteja atualizada, é necessária. A maioria dos clínicos prescreve uma profilaxia antibiótica, geralmente penicilina, para prevenir infecção secundária nos casos graves. O principal problema das queimaduras orais é a contratura da abertura da boca durante a cicatrização. Sem intervenção, uma microstomia (boca com tamanho reduzido) significante pode se desenvolver, podendo restringir o acesso à boca, de forma que, nos casos graves, a higienização e alimentação tornem-se impossíveis. Cicatrizes extensas e desfiguração são comuns em pacientes não tratados. Para evitar a desfiguração, uma variedade de aparelhos intra-orais na prevenção da microstomia pode ser utilizada no intuito de eliminar ou reduzir a necessidade de reconstrução cirúrgica. Os aparelhos mucossuportados parecem ser mais indicados para bebês e crianças pequenas; já os pacientes mais velhos, mais cooperativos, usualmente são beneficiados por aparelhos dento suportados. Na maioria dos casos, a placa é mantida de 6 a 8 meses para garantir a manutenção apropriada da cicatrização. Após 1 ano de acompanhamento, realiza-se avaliação para a possível reconstrução cirúrgica. A maioria das queimaduras térmicas não traz grandes consequências e melhora sem a necessidade de tratamento. Quando as vias aéreas superiores estão envolvidas e associadas às dificuldades respiratórias, antibióticos e corticosteroides costumam ser administrados. A administração de um anestésico local pode causar ulcerações e necrose epitelial na região em que foi injetado, embora a causa seja desconhecida, sugere-se que seja resultado de uma isquemia localizada, a qual é gerada através de uma técnica imperfeita, administração excessiva do conteúdo nos tecidos firmemente aderido ao osso e também há uma teoria de que a adrenalina contida em vários tipos de anestésicos locais é uma possível causa da isquemia e necrose, pois ela é responsável pela vasoconstrição dos vasos que dificulta o suprimento sanguíneo dessas células. Geralmente a necrose anestésica se desenvolve dias após o procedimento, é mais comum no palato duro e se manifesta como uma área de 12 ulceração bem circunscrita, profunda e a cicatrização pode ser lenta, um achado raro registrado é o sequestro ósseo. Não é necessário fazer tratamento na necrose anestésica a não ser que a ulceração não cicatrize. Traumas pequenos causados pelo raspado citopatológico, por exemplo, tem apresentado melhora nos casos crônicos. A recidiva é rara, mas foi relatada e alguns casos o qual há associação com anestésicos contendo adrenalina, nesse caso sugere-se o uso de anestésicos locais sem adrenalina. As práticas sexuais orogenitais são bastante comuns apesar de ser um ato ilegal em diversos lugares, as lesões traumáticas orais são pouco comuns em relação a frequência das práticas sexuais, pois cerca de 90% dos casais com menos de 25 anos praticam o sexo oral. A lesão mais relatada relacionada a prática sexual orogenital é a hemorragia secundária à felação. Ela se caracteriza como petéquias, púrpuras ou equimoses no palato mole, geralmente são assintomáticas e regridem espontaneamente entre 7 e 10 dias. Pode ter recidivas caso se mantenha os eventos. Presume-se que o extravasamento de sangue seja consequência da elevação da musculatura do palato mole e tensão contra um meio de pressão negativo. Pressões vigoras contra o palato mole têm sido observada como outra possível causa. As lesões orais podem ocorrer pela prática da cunilingue, se caracterizam por ulcerações horizontais no freio lingual. Isso acontece porque a língua é empurrada para frente e o freio é friccionado nas bordas incisais dos incisivos inferiores, as lesões regridem de 7 a 10 dias. Podem recidivar caso a prática se repita. Foi observado uma hiperplasia fibrosa linear em indivíduos que praticam o ato repetidamente. Não é necessário fazer tratamento e o prognóstico é bom. As petéquias palatinas podem ser prevenidas diminuindo a pressão negativa e evitando a forte pressão durante o ato. E pode ser feito o polimento e alisamento dos incisivos inferiores para diminuir a chance de formar ulcerações no freio lingual. As pigmentações orais são causadas pelo uso de diversos medicamentos, na qual, estimulam a produção de melanina pelos melanócitos. Porém em alguns casos, é a deposição de metabólitos das drogas a responsável pela mudança de cor. A maioria dos agentes produz uma 13 melanose difusa da pele e das superfícies mucosas. As mulheres são mais sensíveis, pois existe uma interação com os hormônios sexuais. Essas alterações pigmentares associam-se ao uso de fenolftaleína, minociclina, tranquilizantes, drogas antimaláricas, estrogênio, agentes quimioterápicos e alguns medicamentos utilizados nos pacientes com AIDS. O uso de fenolftaleína como laxante tem sido associado a numerosas áreas, pequenas, bem-circunscritas, de hiperpigmentação da pele. O uso prolongado de minociclina, resulta na pigmentação do osso e dos dentes em desenvolvimento. O osso afetado é cor verde escuro, mas produz uma pigmentação azul-acinzentada observada através da mucosa oral translúcida. As manifestações mais comuns incluem uma banda linear acima da gengiva inserida vestibular, próxima à junção mucogengival e uma ampla área de pigmentação no palato duro. Também pode não haver pigmentação do osso subjacente. Algumas pigmentações dos tecidos moles dos lábios, língua, olhos e pele também podem estar associadas com a minociclina, porém são raras. Embora a pigmentação da mucosa oral e da pele desapareça após a interrupção do medicamento, a pigmentação dentária permanece. A pigmentação exibe três padrões distintos, dos quais dois são causados pela deposição de metabólitos da droga que são quelados com o ferro. E no terceiro, o medicamento ativa uma pigmentação cutânea difusa cinza ou marrom que resulta de um aumento na melanose da camada de células basais epiteliais e tecido conjuntivo superficial, este é acentuado nas áreas expostas ao sol e o diagnóstico pode ser feito apenas quando existe uma associação direta entre o início e término da medicação com o aparecimento e desaparecimento das pigmentações. Os agentes antimaláricos envolvidos são, acloroquina, a hidrocloroquina, a quinidina, a quinacrina, e a clorpromazina que representa o tranquilizante implicado com mais frequência. Além de tratar a malária, alguns dos medicamentos são usados para outras doenças, incluindo o lúpus eritematoso e a artrite reumatóide. A manifestação dessa pigmentação intraoral, é negro-azulada limitada ao palato duro. A ingestão de medicamentos antimaláricos também pode levar a uma melanose marrom mais difusa da mucosa oral e da pele. 14 A pigmentação da mucosa oral relacionada aos medicamentos quimioterápicos, está associada ao uso de doxorrubicina, bussulfano, ciclofosfamida ou 5-fluorouracil. Os pacientes com AIDS que usam zidovudina, clofazimina ou cetoconazol demonstram aumento da pigmentação melânica. O estrogênio, os agentes quimioterápicos e os medicamentos utilizados no tratamento de pacientes com AIDS podem resultar em uma melanose marrom difusa da pele e das superfícies mucosas. A gengiva inserida e a mucosa jugal são os sítios mais afetados e a aparência do envolvimento da mucosa oral são parecidos com os observados na pigmentação racial. Embora as pigmentações apresentem uma estética desagradável elas não causam problema ao longo prazo. Geralmente a interrupção do medicamento resulta no desaparecimento dessas áreas de hiperpigmentação. 15 3 CONCLUSÃO Com esse trabalho foi possível observar que o cirurgião dentista exerce um papel importante no tratamento e reabilitação de pacientes com lesões físicas e químicas. Além disso, é essencial o conhecimento do profissional sobre quais alternativas são necessárias para melhorar a condições oral e sistêmica do paciente. 16 4 BIBLIOGRAFIA NEVILLE, B. et al. Patologia oral e maxilofacial. Tradução da 3. ed. Rio de Janeiro: editora Elsevier, 2009. Lesões avermelhadas. Disponível em: https://w2.fop.unicamp.br/ddo/patologia/downloads/db301_un2_LesVermel.pdf. Acesso em: 06 out. 2018. 17 ANEXOS 18 Fotografia: Necrose anestésica. Necrose Da mucosa do palato duro, secundária à injeção palatina utilizando-se anestésico local contendo adrenalina. Fonte: Neville (2009) Fotografia: Petéquias palatinas por felação. Hemorragia submucosa do palato mole devido à pressão negativa. Fonte: Neville (2009) 19 Fotografia: Hiperplasia fibrosa por cunilíngue repetida. Hiperplasia fibrosa linear do freio lingual causada pelo trauma repetido nos incisivos inferiores. Fonte: Neville (2009) Fotografia: Queimadura elétrica. Área amarelada carbonizada de necrose ao longo da comissura labial esquerda. Fonte: Neville (2009) 20 Fotografia: Queimadura térmica por alimento. Área de necrose epitelial amarelada no lado esquerdo da região posterior do palato duro. O dano ocorreu devido à ingestão intempestiva de um pedaço de pizza quente. Fonte: Neville (2009) Fotografia: Queimadura mucosa por tiras de clareamento dental. Zona demarcada pontiaguda de necrose epitelial na gengiva vestibular superior, desenvolvida a partir do uso de tiras de clareamento dental. Um envolvimento menos grave da gengiva inferior também está presente. Fonte: Neville (2009) 21 Fotografia: Pigmentação relacionada à minociclina. Pigmentação azul- acinzentada da superfície vestibular alveolar inferior anterior, porque o osso alveolar pigmentado é visível através da mucosa. Fonte: Neville (2009) Fotografia: Pigmentação relacionada à minociclina. Pigmentação marrom precisamente demarcada no vermelhão dos lábios, que surgiu em associação com o uso prolongado de minociclina e consequente aumento na deposição de melanina. Fonte: Neville (2009) 22 Fotografia: Pigmentação relacionada à minociclina. Áreas multifocais de pigmentação no palato secundária à deposição de metabólitos quelados com ferro, devido ao uso prolongado de minociclina. Fonte: Neville (2009) Fotografia: Pigmentação por clorpromazina. Pigmentação difusa e acinzentada do palato duro. Fonte: Neville (2009)
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