Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
27/08/2015 1 Processos Extrativos Marcelo Ap. da Silva Célula Vegetal e Extração Definição de Extração “ O termo extração significa retirar, da forma mais seletiva possível, as substâncias ou fração ativa contida na droga vegetal, utilizando, para isso, um líquido ou mistura de líquidos tecnologicamente apropriados e toxicologicamente seguros.” Um líquido ou Mistura de líquidos Solução Extrativa Célula Vegetal e Extração Dissolução Preferencial Depende do solvente utilizado na extração Extração Sólido-Líquido Fatores que Interferem no Processo de Extração Características do material vegetal Tamanho de Partícula (Grau de Divisão) Temperatura Agitação e Tempo de Extração Polaridade do Solvente Usado Saturação do Líquido Extrator pH Teor de Umidade Porosidade do Leito (material de extração) Localização dos Constituintes O grau de divisão do material irá influenciar diretamente a eficiência da extração Fatores que Interferem no Processo de Extração Importante a padronização do tamanho de Partícula antes da Extração Uso de Tamises para padronização do tamanho de partícula Classificações das Extrações -) Operação de Extração Parcial (extração sem esgotamento total) Infusão, Digestão, Decocção, Maceração -) Operação de Extração Exaustiva (extração com esgotamento total) Percolação, Extração com Fluído Supercrítico 27/08/2015 2 Líquido Extrator Solvente Tipos de Substâncias preferencialmente extraídas Éter de petróleo, hexano - Lipídeos, ceras, pigmentos, furanocumarinas; Tolueno, diclorometano, clorofórmio - Bases livres de alcalóides, antraquinonas livres, óleos voláteis, glicosídeos cardiotônicos; Acetato de etila, n-butanol - Flavonóides, cumarinas simples; Etanol, metanol - Heterosídeos em geral; Misturas hidroalcoólicas, água - Saponinas, taninos; Água acidificada - Alcalóides; Água alcalinizada - Saponinas. Líquido Extrator A escolha do Solvente e Baseada -) Estabilidade -) Toxicidade -) Disponibilidade -) Viscosidade -) Reatividade -) Tensão Superficial -) Custo Líquido Extrator FDA Classifica três classes de solventes Classe 1: Solventes extremamente tóxicos, não aceito nos processos extrativos Benzeno CCl4 1,2-Dicloroetano 1,1-Dicloroetano 1,1,1-Tricloroetano Classe 2: Solventes de considerável tóxicos Acetonitrila CHCl3 Hexano MeOH Tolueno Etil metil cetona CH2Cl2 Líquido Extrator FDA Classificação Seu uso é permitido em casos e condições especificas (Limite de concentração variando de 50 a 3880 ppm, dependendo do solvente utilizado) Classe 3: Solventes aceitos Acetona Etanol Acetato de Etila 1-Propanol 2-Propanol Acetato propílico Líquido Extrator FDA Classificação Permitindo uma pequena porcentagem de resíduo do solvente no produto final Polaridade dos Líquidos Extratores 27/08/2015 3 Polaridade dos Líquidos Extratores Adequação Tecnológica do Líquido Extrator A principal característica desejada é a facilidade de sua eliminação da solução extrativa O Líquido extrator não pode apresentar toxicidade Processos Extrativos_Infusão Infusão é uma bebida feita pela imersão de uma droga vegetal em água fervente (100 °C) Técnica Permanência do material vegetal, durante certo tempo, em água fervente, em recipiente tampado Importante Padronizar todos os passos para a obtenção Vantagens facilidade baixo custo Desvantagens limitações pela alta temperatura Aplicável a partes vegetais de estrutura mole, as quais devem ser contundidas, cortadas ou pulverizadas grosseiramente Facilita a extração Extração a quente em sistemas aberto Processos Extrativos_Decocção Material vegetal em contato, durante um certo tempo, com um solvente (geralmente água) em ebulição Vantagens Simplicidade Desvantagens Algumas substâncias ativas são alteradas por aquecimento prolongado Tem emprego restrito, pois muitas substâncias ativas são alteradas por um aquecimento prolongado Mais usada com materiais vegetais duros e de natureza lenhosa Extração a quente em sistemas aberto Processos Extrativos_Digestão A digestão consiste em manter o material vegetal em contato, durante certo tempo, com um solvente (normalmente água) em uma temperatura branda ± 50 ºC ( 40ºC a 60 ºC ), não pode deixar o solvente entrar em ebulição Mais usada com materiais vegetais duros e de natureza lenhosa Extração a quente em sistemas aberto Vantagens Simplicidade Desvantagens Algumas substâncias ativas são alteradas por aquecimento prolongado Extração a quente em sistemas fechado Processos Extrativos_Sob Refluxo Consiste em submeter o material vegetal à extração com um solvente em ebulição, em um aparelho dotado de um recipiente acoplado a um condensador As mesmas precauções já mencionadas, com relação à termolabilidade de algumas substâncias, devem ser observadas 27/08/2015 4 Processos Extrativos_Soxhlet Extração a quente em sistemas fechado É utilizada, sobretudo, para extrair sólidos com solventes voláteis emprega o Aparelho de Soxhlet (inventado em 1879 por Franz Von Soxhlet) -) Em cada ciclo da operação, o material vegetal entra em contato com o solvente renovado possibilitando com isso, uma extração altamente eficiente Utiliza refluxo de solvente em um processo intermitente Vantagens: -) empregando uma quantidade reduzida de solvente Desvantagens: -) O líquido extrator fica em constante aquecimento Processos Extrativos_Soxhlet Extração a quente em sistemas fechado Processos Extrativos_Soxhlet Processos Extrativos_Maceração Designa a operação na qual a extração da matéria-prima vegetal é armazenada em recipiente fechado durante um período prolongado (horas ou dias), sob agitação ocasional e sem renovação do líquido extrator Padronizar a quantidade de Líquido extrator e de Material Vegetal Processos Extrativos_Maceração Pela sua natureza Não conduz ao esgotamento total das substâncias Saturação do Líquido Extrator Equilíbrio difusional estabelecido Renovação do Líquido Extrator Diversas variações conhecidas desta operação objetivam, essencialmente, o aumento da eficiência de extração Processos Extrativos_Maceração (Variações) Maceração com Aquecimento maceração realizada em sistema aquecido a 40 – 60 ºC (também pode ser chamada de Digestão) Maceração dinâmica maceração feita sob agitação mecânica constante Remaceração quando a operação é repetida utilizando o mesmo material vegetal, renovando-se apenas o líquido extrator Obs Água pura ou Misturas hidroalcóolicas com concentrações menores que 25 % são favoráveis a proliferação de Microorganismos 27/08/2015 5 Processos Extrativos_Maceração Fatores que influenciam a eficiência do processo Material vegetal Quantidade, natureza, teor de umidade, tamanho de partícula, capacidade de intumescimento Líquido extrator Seletividade e quantidade Sistema Proporção droga:líquido extrator, temperatura, agitação, pH, tempo de extração Processos Extrativos_Percolação Definição Extração exaustiva das substâncias ativas A droga vegetal moída é colocada em um recipiente cônico ou cilíndrico (percolador), de vidro ou de metal, através do qual é feito passar o líquido extrator (percolado) O procedimento usual de percolação, tal como descrito em diversas farmacopéias, caracteriza a percolação simples e a percolação fracionada Processos Extrativos_Percolação -) Percolação Simples (Procedimento de Preparo) 1) Intumescimento prévio da droga com o líquido extrator; 2) Empacotamento homogêneo do percolador (não compactar muito a droga vegetal); 3) Ajustar a velocidade de fluxo (lenta,moderada ou rápida) Segundo a Farmacopéia Lenta 0,5 a 1,0 mL/mim/Kg Moderada 1,0 a 2,0 mL/mim/Kg Rápida 2,0 a 5,0 mL/mim/Kg -) Percolação Fracionada Separação das duas ou três primeiras frações do percolado e usar o resto para a alimentação dos outros percoladores Partícula muito pequena e Percolador muito compactado atrapalha o fluxo na percolação Processos Extrativos_Percolação Processos Extrativos_Percolação Retirada no processo de percolação fracionada Processos Extrativos_Percolação Carrossel 27/08/2015 6 Processos Extrativos_Percolação Vantagens Esgotamento da droga vegetal Desvantagens Alta quantidade de líquido extrator requerida para esgotar a droga vegetal Recupera o Solvente Processos Extrativos_Hidrodestilação É usado especialmente para a obtenção de óleos essenciais de órgão vegetais Os óleos voláteis são imiscíveis com a água formam duas fases separáveis Extração a quente em sistemas fechado Na Hidrodestilação a matéria prima é imersa na água que evapora juntamente com as substâncias voláteis Equipamento usado em extrações industriais Desvantagens Este processo pode levar à formação de artefatos em função da alta temperatura empregada Preferencialmente este método é usado para a extração de óleos de plantas frescas Extração a quente em sistemas fechado Processos Extrativos_Hidrodestilação Processos Extrativos_Arraste por Vapor d´água O vapor passa através da matriz e as substâncias voláteis se difundem através da corrente de vapor Processos Extrativos_Arraste por Vapor d´água Erva Baleeira (Cordia verbenacea) Processos Extrativos_Arraste por Vapor d´água 27/08/2015 7 Arraste por Vapor d´água X Hidrodestilação Hidrodestilação: Contato com a água quente por longos períodos provoca Degradação de substâncias termossensíveis e hidrolise parcial de algumas substâncias. Arraste por Vapor d´água: Permite destilar substâncias termicamente sensíveis, imiscíveis com a água, a temperatura reduzida. Processos Extrativos_Turbólise Extração a frio Turbolização a extração ocorre concomitantemente com a redução do tamanho de partícula resultado da aplicação de elevadas forças de cisalhamento Pulveriza as partes vegetais e removem os conteúdos celulares A redução drástica do tamanho de partícula e o conseqüente rompimento das células favorecem a rápida dissolução das substâncias, resultando em tempos de extração da ordem de minutos. Processos Extrativos_Turbólise Processos Extrativos_Turbólise Desvantagens -) Difícil separação da solução extrativa por filtração; -) Geração de calor durante o procedimento (que obriga a controlar a temperatura); -) Restringe o emprego de líquidos voláteis; -) Limitação técnica (quando se trata de caules, raízes ou materiais de elevada dureza) Extração Líquido-Líquido A extração líquido / líquido ocupa um lugar de destaque na prática farmacêutica e de modo especial na Farmacognosia O procedimento está fundamentado na Lei de distribuição de Nernst que diz ser constante a relação das concentrações de uma substância quando esta se distribui entre duas fases líquidas imiscíveis, estabelecido o estado de equilíbrio a uma dada temperatura Esta constante chama-se coeficiente de partição e é designado por K. Considerando o sistema abaixo, teremos: Ks Coeficiente de partição ou de distribuição [Sol. Org] Concentração do soluto na fase orgânica [Sol. Aqu] Concentração do soluto na fase aquosa Ks = [Sol. Org] / [Sol. Aqu] Extração Líquido-Líquido 27/08/2015 8 Extração por Fluido Supercrítico ESTADOS DA MATÉRIA SÓLIDO LÍQUIDO SUPERCRÍTICO GASOSO Extração por Fluido Supercrítico Fluidos supercríticos têm características de transferência de massa adequada (baixa viscosidade e alta velocidade de difusão comparadas com os líquidos) São gases à temperatura ambiente, relativamente inertes, não tóxicos e econômicos. As suas propriedades extrativas podem se modificar com a adição de co-solventes como metanol, etanol, propanol e água. Extração por Fluido Supercrítico A passagem para o estado supercrítico pode ser visualizada quando, ao se aumentar a pressão e a temperatura do sistema, a interface que separa as fases desaparece. . Propriedade de alguns fluidos supercríticos. Fluido Temperatura Crítica, ºC Pressão Crítica, atm Densidade no Ponto Crítico, g/mL Densidade a 400 atm, g/mL CO2 N2O NH3 N-Butano 31.3 36.5 132.5 152.0 72.9 71.7 112.5 37.5 0.47 0.45 0.24 0.23 0.96 0.94 0.40 0.50 Fonte Skoog 1998. Extração por Fluido Supercrítico Extração por Fluido Supercrítico Comportamento Desejável do Fluído -) Altos valores de Densidade Atribuem ao solvente um elevado poder de solubilização -) Baixos valores de Viscosidade + Altos valores de Difusividade Promove Alto poder de Penetração no Material Extração por Fluido Supercrítico A grande vantagem dessa tecnologia, advém da facilidade em se alterar o Poder de Solvatação do solvente por mudanças na temperatura e pressão. -) Isso altera a capacidade de solubilização de substâncias -) Altera com isso, a seletividade Comportamento de um soluto em função da pressão e da temperatura (Brunner, 2005) 27/08/2015 9 Extração por Fluido Supercrítico Co-solvente ou Modificadores Para contornar o problema de polaridade do fluído supercrítico. Os modificadores alteram a polaridade do fluído. Exemplo de Modificadores: -) Etanol -) Metanol (substituído pelo etanol por causa do sua toxicidade) -) Isopropanol -) Água -) Mistura desses solventes Extração por Fluido Supercrítico Vantagens -) Extração rápida; -) A força de extração do fluido pode ser alterada por modificações na pressão do gás; -) Muitos fluidos supercríticos são gases na temperatura ambiente; -) São baratos, inertes e não tóxicos Extração por Fluido Supercrítico • Extração de alcalóides de produtos naturais: Cafeína- café, guaraná, chá mate Teofilina- chá mate Teobromina- amêndoas do cacau Pilocarpina- jaborandi • Extração de aromas e fragrâncias de flores, folhas e frutas • Extração de flavonóides de produtos naturais: Família Labiatae (Alecrim, sálvia, orégano, tomilho, manjericão, manjerona, menta.) Família Zingiberaceae- Gengibre Descafeinização de café e chá Extração de corantes e antioxidantes naturais (dendê e urucum) Extração de flavorizantes Extração de óleos de sementes vegetais e frutas oleaginosas Extração de triglicerídeos de óleo de fígado de peixe Refinamento de azeite de oliva Extração de ácidos graxos na manteiga Extração por Fluido Supercrítico De um modo geral: A solubilidade da substância diminui com o aumento do tamanho da massa molécular Muitas vezes em uma matriz vegetal existe mais de uma substância ou classe de substância de interesse Devido à facilidade em se alterar as condições operacionais, é possível ainda obter separadamente as diversas classes de substâncias em um mesmo processo com o fluído supercrítico. Extração por Fluido Supercrítico DI STASI, L.C. (organizador). Plantas Medicinais: Arte e Ciência. Um guia de estudos interdisciplinar. São Paulo, Editora UNESP, 1996. MATOS,F.JA .Introdução à fitoquímica experimental.2. ed. Fortaleza:EUFC,1997 ROBBERS, E. J.; SPEEDIE, K. M.; TYLER, E. V. Farmacognosia e farmacobiotecnologia. Colombia. Editora Premier, 1997. SIMÕES, C.M.O. et al. Farmacognosia, da planta ao medicamento. Rio Grande do Sul, Editora da Universidade/UFRGS, 5ª. ed., 2003. Referências Bibliográficas 27/08/2015 10 ARAÚJO, Júlio M. A. Química de alimentos: teoria e prática. 2.ed.Viçosa:UFV, 1999. p. 369-387.LANÇAS, Fernando M.. Extração com fluido supercrítico. Revista Analytica, São Paulo, v.2, Nov. 2002. Disponível em: http://www.revistaanalytica.com.br/ed_anteriores/02/Art%20Extracao%20Fluido .pdf. Acesso em 09 de abr. 2011.
Compartilhar