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Física II PROVANDO BERNOULLI 1 Sumário Introdução .................................................................................................................................... 2 Objetivos ....................................................................................................................................... 2 1. Equação de Bernoulli ............................................................................................................... 2 1.1. Dedução da Equação de Bernoulli ..................................................................................... 2 2. Da Equação de Bernoulli à Equação de Stevin ........................................................................ 5 Exercícios ...................................................................................................................................... 6 Gabarito ........................................................................................................................................ 7 Resumo ......................................................................................................................................... 9 2 Introdução A composição da Equação de Bernoulli deriva do princípio da conservação de energia, onde temos as variações de energia cinética e potencial de um fluido, pois este possui uma determinada velocidade e pode possuir variação de energia potencial de acordo com o local onde este irá escoar. Mas como podemos chegar até sua equação a partir disso? Nesta apostila iremos fazer um aprofundamento acerca de como Bernoulli deduziu sua equação, de maneira matemática, a partir da conservação de energia, e em seguida mostraremos como, através da Equação de Bernoulli, podemos chegar naturalmente ao teorema de Stevin. Objetivos • Deduzir a Equação de Bernoulli, através do teorema trabalho-energia. • Compreender como a Equação de Bernoulli deriva o teorema de Stevin. 1. Equação de Bernoulli Em hidrodinâmica um fluido irá possuir características distintas de um fluido na hidrostática. Como por exemplo, a variação de sua trajetória ao longo de um caminho poderá influenciar na velocidade do mesmo. Outra característica que se modifica em um fluido em movimento é a pressão. Também vimos que a Equação de Bernoulli relaciona a pressão, altura e velocidade de fluidos em movimento. Dada por 𝑝1 + ( 1 2 ) 𝜌𝑣12 + 𝜌𝑔𝑦1 = 𝑝2 + ( 1 2 ) 𝜌𝑣22 + 𝜌ℎ𝑦2 Mas de onde surgiu esta equação? O que Bernoulli levou em consideração ao deduzi-la? 1.1. Dedução da Equação de Bernoulli A partir da equação da continuidade, vimos que a velocidade de um fluido varia conforme ele escoa em uma determinada área. Portanto, se há variação da velocidade há uma aceleração do fluido. Essa aceleração é produzida do fluido na vizinhança, o que resulta em uma variação de pressão. A variação da pressão se dá pois, caso fosse a mesma, a força resultante no fluido seria igual a zero, o que não causaria modificação na sua velocidade. Quando 3 temos uma redução de área em um tubo, por exemplo, o fluido se acelera, deslocando-se para uma região de pressão menor. A equação de Bernoulli é deduzida a partir da aplicação do teorema do trabalho-energia. Para deduzirmos a equação e compreendermos melhor as grandezas envolvidas, vamos observar a figura seguinte. 01 Fluido passando por um tubo com áreas distintas e suas grandezas representadas. Considerando o fluido que se desloca no tubo acima podemos levar em consideração algumas propriedades de um fluido incompressível. Inicialmente, iremos considerar o comportamento de um fluido da seção reta 1 para 2. A velocidade do fluido nesta extremidade é de v1. Após um intervalo de tempo, dt, um pequeno volume de fluido se desloca de 1 para 2, percorrendo a distância 𝑑𝑠1 = 𝑣1𝑑𝑡 Neste mesmo intervalo de tempo, o fluido se deslocou de 3 para 4, percorrendo 𝑑𝑠2 = 𝑣2𝑑𝑡 As áreas são A1 e A2. Utilizando a equação da continuidade, temos que o volume de fluido deslocado, dV, deverá ser o mesmo. Portanto, 𝑑𝑉 = 𝐴1𝑑𝑠1 = 𝐴2𝑑𝑠2 Para calcular o trabalho realizado sobre esse fluido deslocado, temos de considerar que não há atrito interno, onde as únicas forças que realizam trabalho são as da pressão nesse fluido, P1 e P2. As forças em A1 e em A2, são dadas por 𝐹1 = 𝑃1𝐴1 4 𝐹2 = 𝑃2𝐴2 Portanto, o trabalho realizado será 𝑑𝑊 = 𝑃1𝐴1𝑑𝑠1 − 𝑃2𝐴2𝑑𝑠2 𝑑𝑊 = (𝑃1 − 𝑃2)𝑑𝑉 O trabalho em A2 é negativo, pois a força se opõe ao deslocamento do fluido. IMPORTANTE! O trabalho é igual à variação da energia mecânica do sistema, ou seja, energia cinética mais a energia potencial gravitacional. A energia mecânica do fluido entre as seções 2 e 3 não varia. Na seção 1 para 2, em dt, o fluido possui volume de A1s1, massa de ρA1ds1 e uma energia cinética de 𝐸𝑐1 = ( 1 2 ) 𝜌(𝐴1𝑑𝑠1)𝑣1² Nas seções 3 e 4, em dt, o fluido possui energia cinética de 𝐸𝑐2 = ( 1 2 ) 𝜌(𝐴2𝑑𝑠2)𝑣22 Portanto a variação da energia cinética em dt é igual a ∆𝐸𝑐 = ( 1 2 ) 𝜌𝑑𝑉(𝑣22 − 𝑣12) Vale lembrar a definição de trabalho: quando uma força é aplicada em um corpo e este se desloca, diz- se que a força realiza trabalho. É definido como: 𝜏 = 𝐹∆𝑆 A definição de Energia cinética é a transferência de energia que põe o corpo em movimento.Definida como: 𝐸𝑐 = 𝑚𝑣2 2 E a definição de energia potencial gravitacional é a energia correspondente ao trabalho que a força peso realiza sobre um corpo. Dada por: 𝐸𝑝 = 𝑚𝑔ℎ 5 Agora vamos analisar a variação de energia potencial do sistema. Na seção 1 para 2, em dt, a energia potencial será dada por 𝐸𝑝 = 𝑑𝑚𝑔𝑦1 𝐸𝑝 = 𝜌𝑑𝑉𝑔𝑦1 A energia potencial na seção 3 para 4, em dt, será de 𝐸𝑝 = 𝜌𝑑𝑉𝑔𝑦2 Portanto, a variação da energia potencial será de ∆𝐸𝑝 = 𝜌𝑑𝑉𝑔(𝑦2 − 𝑦1) Agora, lembremos do princípio da conversação da energia. Ele nos diz que a energia mecânica de um corpo é igual à soma das energias cinéticas e potenciais dele 𝑑𝑊 = ∆𝐸𝑐 + ∆𝐸𝑝 Assim, teremos que (𝑃1 − 𝑃2)𝑑𝑉 = ( 1 2 ) 𝜌𝑑𝑉(𝑣22 − 𝑣12) + 𝜌𝑑𝑉𝑔(𝑦2 − 𝑦1) 𝑃1 − 𝑃2 = ( 1 2 ) 𝜌(𝑣22 − 𝑣12) + 𝜌𝑔(𝑦2 − 𝑦1) Essa última equação é chamada de Equação de Bernoulli, que é obtida a partir do princípio de conservação do sistema do fluido em movimento. Podemos interpretar que o termo do lado esquerdo nos dá a variação de pressão relacionada às velocidades do fluido. O termo do lado direito nos dá a diferença de pressão que é adicionada associada ao peso, produzida pela diferença de altura entre ambas as áreas. Podemos reorganizar a equação para que do lado esquerdo fiquem somente os termos relacionados à parte 1 e do lado direito os termos da parte 2: 𝑃1 + 𝜌𝑔𝑦1 + ( 1 2 ) 𝜌𝑣12 = 𝑃2 + 𝜌𝑔𝑦2 + ( 1 2 ) 𝜌𝑣22 2. Da Equação de Bernoulli à Equação de Stevin O teorema de Stevin nos dá a relação entre pressões, em diferentes alturas, para um fluido estático. Ou seja, ∆𝑃 = 𝜌𝑔∆ℎ Ou podemos escrevê-la como 6 𝑃1 − 𝑃2 = 𝜌𝑔(𝑦1 − 𝑦2) Como no teorema de Stevin estudamos fluidos estáticos, assumimos que v1=v2=0, pois este não possui movimento. Sua variação de energia cinética é nula. Substituindo na equação de Bernoulli, teremos 𝑃1 + 𝜌𝑔𝑦1 + 0 = 𝑃2 + 𝜌𝑔𝑦2 + 0 𝑃1 − 𝑃2 = 𝜌𝑔(𝑦2 − 𝑦1) ∆𝑃 = 𝜌𝑔∆ℎ Exercícios 1. (YOUNG; FREEDMAN, 2008) A água entra em uma casaatravés de um tubo com diâmetro interno de 2,0 cm, com uma pressão absoluta igual a 4,0x105 Pa (cerca de 4 atm). Um tubo com diâmetro interno de 1,0 cm conduz ao banheiro do segundo andar a 5,0 m de altura. Sabendo que no tubo de entrada a velocidade é igual a 1,5 m/s, ache a velocidade do escoamento, a pressão e a vazão volumétrica no banheiro. 02 7 2. (HALLIDAY; RESKICK; WALKER, 2001) No velho oeste, um fora-da-lei dispara uma bala que entra em um tanque de água a céu aberto, criando um furo a uma distância h seguinte da superfície da água. Qual a velocidade da água que sai por esse furo? 3. (Autora, 2019) Observe a figura seguinte: 03 Temos um tanque de diâmetro 2 metros, cheio de água. Seguinte temos um furo, com 0,05 metros de diâmetro. Considerando que as pressões que atuam no tanque são a pressão atmosférica, calcule a velocidade com que a água sai pelo furo. E se o furo fosse tapado? Como seria a pressão no tanque no nível do furo? Gabarito 1. Podemos aplicar a equação de Bernoulli na solução do problema, considerando que o fluido é incompressível e não possui atrito. Temos a velocidade 1, a pressão 1 e os diâmetros do tubo nos pontos 1 e 2, onde poderemos calcular a área. Não temos a velocidade no ponto 2 nem a pressão. Para que possamos encontrar a pressão em 2, necessitamos de v2. Para isso vamos utilizar a equação da continuidade: 𝑣2 = 𝐴1 𝐴2 ∗ 𝑣1 = 𝜋(1,0𝑐𝑚)2 𝜋(0,50𝑐𝑚)2 ∗ ( 1,5𝑚 𝑠 ) = 6,0𝑚 𝑠 Agora sim podemos encontrar P2: 𝑃2 = 𝑃1 − ( 1 2 ) 𝜌(𝑣22 − 𝑣12) − 𝜌𝑔(𝑦2 − 𝑦1) = 4,0𝑥105𝑃𝑎 − ( 1 2 ) ( 1,0𝑥103𝑘𝑔 𝑚3 ) (36𝑚2𝑠2 − 2,25𝑚2𝑠2) − (1,0 ∗ 103𝑘𝑔 𝑚3 ) ( 9,8𝑚 𝑠2 ) (5,0𝑚) = 3,3𝑥105𝑃𝑎 8 A razão volumétrica é dada pela quantidade de volume que se desloca no tempo 𝑑𝑉 𝑑𝑡 = 𝐴2𝑣2 = 𝜋(0,5𝑥10−2𝑚) ( 6𝑚 𝑠 ) = 4,7𝑥10−4𝑚3 𝑠 = 0,47𝐿/𝑠 2. Observando que as pressões na superfície do tanque e no furo da bala, são ambas expostas à pressão atmosférica, teremos que y2 será o local onde está o furo, ou seja, a referência 0 na altura. 𝑝0 + 𝜌𝑔ℎ + ( 1 2 ) 𝜌𝑣0² = 𝑝0 + 𝜌𝑔(0) + ( 1 2 ) 𝜌𝑣² A vazão é dada pela velocidade do fluido em uma determinada área, então teremos que 𝑉 = 𝐴1𝑣 = 𝐴2𝑣0 𝑣0 = 𝐴2 𝐴1 ∗ 𝑣 Onde v0<<v, pois A2<<A1. Supondo isso, podemos usar a condição de que o termo ( 1 2 ) 𝜌𝑣02 é desprezível, rearranjando a equação da seguinte forma: 𝑝0 + 𝜌𝑔ℎ = 𝑝0 + ( 1 2 ) 𝜌𝑣2 𝜌𝑔ℎ = ( 1 2 )𝜌𝑣² 𝑣 = √2𝑔ℎ 3. Levando em consideração que o orifício do tanque é muito pequeno comparado com o tamanho do tanque, e que a pressão que atua é a atmosférica, podemos aplicar a equação deduzida no exercício anterior para calcular a velocidade: 𝑣 = √2(9,8)(0,5) = 3,13𝑚 𝑠 Agora, se o furo estivesse tapado, a pressão no nível do furo pode ser calculada a partir da equação de Stevin, que considera o fluido em repouso: 𝑃1 − 𝑃2 = 𝜌𝑔(𝑦1 − 𝑦2) 101325 𝑃𝑎 − 𝑃2 = 1000 ∗ 9,8(0,5 − 0) −𝑃2 = −101325 + 4900 𝑃2 = 96425 𝑃𝑎 9 Resumo Nessa apostila vimos a dedução da Equação de Bernoulli, levando em consideração o princípio de conservação de energia que nos diz que a energia mecânica de um corpo é igual à soma da variação das energias cinéticas e potenciais, dadas pela equação da variação do trabalho 𝑑𝑊 = ∆𝐸𝑐 + ∆𝐸𝑝 Onde dW é a variação do trabalho e ∆𝐸𝑐 + ∆𝐸𝑝 representa a soma das variações das energias cinéticas e potenciais. A partir do arranjo dessa equação, nós conseguimos encontrar a equação de Bernoulli, que nos dá a variação de pressão em um fluido que está em movimento, onde a subtração das pressões um e dois serão iguais à soma da energia cinética e da energia potencial do fluido 𝑃1 − 𝑃2 = ( 1 2 ) 𝜌(𝑣22 − 𝑣12) + 𝜌𝑔(𝑦2 − 𝑦1) Onde P1 e P2 são a variação da pressão, ( 1 2 ) 𝜌(𝑣22 − 𝑣12) é a parte correspondente à energia cinética e ρg(y2-y1) é a parte correspondente à energia potencial gravitacional do fluido. Também, ao aplicarmos as condições para um fluido em repouso, onde temos que as velocidades são nulas, chegamos ao teorema de Stevin a partir da Equação de Bernoulli: 𝑃1 − 𝑃2 = 𝜌𝑔(𝑦1 − 𝑦2) Podemos ver que nesta equação a parte da energia cinética, ( 1 2 ) 𝜌(𝑣22 − 𝑣12), some, pois o fluído está em repouso possuindo velocidade zero o que resulta na neutralidade desta parte na equação. 10 Referências bibliográficas YOUNG, H. D. Física II: Termodinâmica e Ondas/Youn e Freedman. 12 ed. São Paulo: Addison Wesley, 2008. HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de Física 2. 6 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2002. Referências imagéticas YOUNG, H. D. Física II: Termodinâmica e Ondas/Youn e Freedman. 12 ed. São Paulo: Addison Wesley, 2008.
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