suas respostas com o grupo. Importante que o coordenador destaque as características do pensamento criativo trabalhados neste exercício: fluência, flexibilidade e originalidade. 2. Trabalhando conceitos (1 h) Para esta atividade, o coordenador deverá dividir os participantes em 4 subgrupos, distribuindo, a cada um, uma das temáticas abaixo: Grupo 1: Criatividade : sentido conceitual. Grupo 2: Criatividade como processo. Grupo 3: Identificação de tipos de pensamentos diferentes. Grupo 4: O pensar e se emocionar. Cada subgrupo deverá ler o texto que lhe coube, na distribuição, discutir os aspectos que entende relevantes, e formular uma rápida apresentação do tema para os outros colegas. Os grupos devem utilizar as estratégias que preferirem, para a apresentação do tema dos participantes. Seria conveniente que preparassem um texto, ou uma síntese dos pontos mais importantes, para distribuir aos colegas. CRIATIVIDADE E INTELIGÊNCIA Zenita Güenther Tradicionalmente, o conceito de criatividade é associado à área das artes e produção artística. Embora algumas vezes seja apontada a relação entre criatividade e produção científica, a Educação não tem conseguido 120 DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS COM ALTAS HABILIDADES / SUPERDOTAÇÃO operacionalizar essa idéia. É necessário rever essa posição, especificamente no trabalho com crianças bem dotadas. O aluno tem a oportunidade de lidar com dados científicos, trabalhar o conhecimento existente, reconfigurando-o e modificando-o, ou seja, tem a oportunidade de trabalhar criativamente dentro da área das ciências. O ATO DE CRIAR Criar, inventar, descobrir, é trabalho mental da mais alta qualidade. Vem a ser, em essência, enxergar nova configuração e nova forma, em uma situação onde outra forma já é conhecida. O incentivo à imaginação e pensamento criador está, não em buscar resposta, sejam elas convergentes ou divergentes, mas em originar perguntas, pois é a partir de uma pergunta estimulante e provocativa que a configuração conhecida pode ser trabalhada e reconfigurada. Realmente, as grandes descobertas e grandes invenções emergiram a partir de momentos em que houve uma sensação de perplexidade, de dúvida, levantando uma pergunta original. Alguns perguntam “Por quê?” e se põem a investigar para compreender os fenômeno existentes. Outros perguntam “Por que não?” e se põem a imaginar, divagar, sonhar com o que não existe. Apesar da ciência haver se ocupado mais em explorar questões do tipo ”por quê?”, a criatividade é melhor estimulada por perguntas “por que não?”. Perguntas “Por quê?” levam a grandes descobertas, e as perguntas “Por que não?” originam grandes invenções. A pergunta “por que a maçã cai?” levou à descoberta da força da gravidade, e ao perguntar “por que o homem não voa?” inventou- se o avião. O que caracteriza o pensamento criativo é a abertura de mente para pensar sem obedecer direcionamentos previamente estabelecidos. Sem dúvida, o exercício de levantar perguntas, visualizar questões, reconhecer situações de perplexidade é a alavanca mais potente para acionar o pensamento criador. PENSAMENTO INTUITIVO E PENSAMENTO ANALÍTICO Quando se coloca a criatividade sob esse ponto de vista, há que se considerar a questão do pensamento intuitivo versus pensamento analítico. A Ciência tem privilegiado o trabalho mental referenciado em princípios de pensamento analítico, enfatizando análise objetiva de dados, busca organizada de explicação para fatos registrados e controlados, método disciplinado conduzindo a organização e explicação para fatos registrados e controlados, método disciplinado conduzindo a respostas apropriadas, nas direções previamente hipotetizadas segundo o conhecimento existente. 121 DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS COM ALTAS HABILIDADES / SUPERDOTAÇÃO O pensamento intuitivo, por outro lado, trabalha a partir de uma postura subjetiva para captar o que está acontecendo. Por isso implica em pensar com dados, mas não necessariamente sobre eles, gerando configurações, idéias, conhecimentos e construções mentais novas, não derivados dos dados presentes, embora, em sentido amplo, tenham a ver com o assunto estudado. Jerome Bruner investigou a questão do pensamento intuitivo nas ciências matemáticas, mostrando a dificuldade de aceitação desse tipo de trabalho mental, embora ele seja marcante nas áreas mais férteis de pesquisa, precisamente nas ciências exatas. Somente para alguns cientistas, considerados autoridades na área, é que se permite exercitar a intuição e embrenhar por avenidas subjetivas de pesquisa. São também essas as pessoas que, de modo geral, fazem contribuições mais relevantes à Ciência. O que caracteriza o pensamento intuitivo é uma sensação íntima, subjetiva, de que se está compreendendo melhor a situação, a impressão de estar captando um tipo de saber que, embora relacionado aos dados disponíveis para estudo, parece alcançar além deles. No momento em que a pessoa é capaz de compreender e expressar de maneira lógica essa “sensação”, passa a analisá- la, e a partir daí, trabalha em termos de pensamento analítico. Mas é naquele momento de sensação e impressão interna, subjetiva, não descritível, que o ato de criar acontece. A intuição pode proceder, acontecer junto ou mesmo independente do conhecimento sobre o assunto. Pensar que o conhecimento tem que ser esgotado antes que a criatividade possa ser acionada, é uma atitude que pode inibir o pensamento criativo e transformar crianças e jovens bem dotados e curiosos, em “absorventes de conhecimento” ou analisadores de dados, incapazes de se permitirem pensar além deles, cheios de temor do novo, do medo de “não saber”, de “não acertar”, de se arriscar por caminhos mentais desconhecidos. Porém, pensar intuitivamente, processo mental que está à base da criatividade, inventividade e imaginação, é uma maneira tão profícua e legítima de lidar com as situações da vida e do mundo quanto pensar analítica e criticamente. Em algumas situações esse modo de pensar poderá ser mais apropriado e mais útil, levando a idéias novas e configurações inesperadas. É nesse aspecto que a educação para bem dotados encontra um lugar realmente especial. Por suas características, modo próprio de ser, responder e agir, o aluno bem dotado adquire a instrumentação mais rápida e prontamente que os outros, portanto sobra-lhe uma boa parcela do tempo escolar, e tende a simplificar a instrumentação, o que abre maior espaço de ação. 122 DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS COM ALTAS HABILIDADES / SUPERDOTAÇÃO Mas aí também está um grande desafio para os educadores: visualizar vias para estimular o pensamento, cultivar a intuição, libertar e exercitar a imaginação criadora, prover tempo, espaço e meios apropriados para que o aluno talentoso possa efetivamente pensar! Pensar nos seus próprios termos, da maneira mais produtiva e satisfatória para ele, sobre aspectos de seu mundo físico, psicológico e social que lhe captaram o interesse e estimularam a curiosidade. O pensar criativo envolve promover interação pessoal e profunda entre dados existentes