iates em algum oceano tropical, pensando no próximo estrondo lucrativo. E eu não apostaria contra eles. Felizmente, as recessões que se seguem às bolhas podem ser ótimos estímulos para transformações lean, pois a necessidade é a mãe da inovação. A Toyota apenas adotou completamente a filosofia lean depois que a ruptura da economia japonesa trouxe a empresa à beira da falência em 1950. E em 1990 e 1991, a Lantech (capítulo 6 do livro A Mentalidade Enxuta nas Empresas) e a Wiremold (capítulo 7) aderiram ao pensamento lean enquanto a economia se afundava. “Uma crise criativa” foi entregue aos gerentes prontos para agarrar a oportunidade e tirar o máximo de proveito dela. Assim, talvez algo de bom ocorra em consequência da recessão atual, conforme novas empresas lean vão surgindo. Entretanto, enquanto o movimento lean amadurece e mais empresas adotam o pensamento lean, um problema diferente se apresenta. Uma empresa lean, em sua essência, é um grupo de pessoas (incluindo clientes fluxo abaixo e fornecedores fluxo acima) que aprenderam juntos como tomar as iniciativas para remover (mini)muda, mura e muri ao resolverem problemas em comum, conforme eles surgem. É este conjunto de conhecimentos, mais do que as técnicas lean especificamente, que cria a eficácia notável nestas organizações. O problema com uma recessão é que ela desafia as empresas lean enquanto elas tentam proteger seus funcionários solucionadores de problemas. Desafia-as também enquanto tentam defender suas relações de solução de problemas, construídas ao longo do tempo com clientes fluxo abaixo e fornecedores fluxo acima. A tentação em toda a crise, naturalmente, é ir atrás da otimização pontual, na qual é cada pessoa e cada empresa por si. Assim, como uma empresa lean pensa em como protegerse e proteger seu pessoal do megamura que tende a sempre estar conosco? Aqui, temos uma pequena lista de ideias: • Repense as políticas do recrutamento para criar um estoque de temporários ingressantes, que podem ser um amortecedor nas crises mais severas (definidas como aquelas quando a sobrevivência da empresa exige dispensas). Converta gradualmente os temporários em colaboradores permanentes — que podem ser protegidos em praticamente todo tipo de crise concebível — conforme eles provam seu compromisso com os métodos de solução de problemas da organização e com a organização. A alternativa é demitir pessoas de alguma maneira aleatória, geralmente começando com os funcionários mais bem- pagos, com mais tempo de casa. Isso passa a mensagem de que a lealdade não conta e perde conhecimentos valiosos da equipe. • Crie bônus aplicável à empresa para todos os funcionários, baseado na lucratividade, para ajustar os salários durante os ciclos econômicos e para defender empregados essenciais das dispensas. A maioria das empresas ainda tem compensação do tipo tudo ou nada para todos, exceto para os executivos, em um plano de bônus. Isso não dá nenhuma flexibilidade nas crises, resultando em compensação constante para aqueles que permanecem e zero para aqueles que se vão. Com compensação variável é mais provável que todos possam permanecer. • Conforme a transformação lean prossegue, converta estoques físicos em caixa, mas mantenha um estoque de dinheiro para proteger a empresa durante a baixa do ciclo. Do ponto de vista do pensamento financeiro moderno, isso não parece ser adequado. Não deveria todo o dinheiro livre ser aplicado no mercado financeiro? Mas, na crise atual, as empresas estáveis com reservas de dinheiro podem manter os programas novos que foram previstos e se fortalecerão após a crise, enquanto os concorrentes que atrasaram ou cancelaram os projetos novos perdem o terreno. Percebo que esses passos funcionam melhor se tomados bem antes da bolha estourar. Assim, o que as empresas lean, que se transformaram recentemente, mas não realizaram esses passos, devem fazer para atravessar toda esta crise atual? • Peça de volta os serviços solicitados aos fornecedores que não fazem parte do grupo principal de fornecedores que seguirá em frente. Isso pode defender empregos na empresa e aumentar o nível de compreensão do que está acontecendo na base de suprimentos. E não é necessário romper relações com os fornecedores restantes, se estiver claro que a empresa trabalhará continuamente com uma base de poucos, mas talentosos, fornecedores no futuro. • Olhe para cada produto e pergunte como este pode ser oferecido de forma mais eficaz. Por exemplo, no LEI, estamos fazendo perguntas sobre o processo de aprendizagem online e outros métodos para realizar treinamentos mais eficientes em termos de custo. • Olhe para cada produto e seu fluxo de valor para enxergar como ele pode ser oferecido de forma mais eficiente, deixando de fora desperdícios e despesas desnecessárias. A esperança, naturalmente, é que a redução cuidadosa de desperdícios pode suportar reduções de preços aos clientes, o qual irá capturar vendas adicionais e, assim, não será necessário reduzir o número de funcionários. A última coisa a se considerar é algo que os gerentes parecem adotar mais prontamente: corte de custos. Isso significa eliminar etapas e atividades que realmente criam valor na perspectiva do cliente e remover colaboradores que são realmente necessários para realizar o trabalho corretamente, utilizando o processo atual. A esperança, geralmente equivocada, é que o cliente não perceberá. Este último recurso é o que eu mais temo, porque ele é muito provavelmente justificado em nome do “lean”. Cada recessão parece produzir uma grande campanha de corte de custos vendida por consultores tradicionais. Sua promessa principal é um rápido retorno financeiro, mesmo dentro de um trimestre, e a única maneira prática de se alcançar tal objetivo é por meio de dispensas. Espero, verdadeiramente, que esta não seja conhecida na história como a recessão do “lean”, e todos da Comunidade Lean deveriam jurar evitar o impulso do corte de custos em sua própria organização. Para evitar a necessidade do corte de custos, espero que cada empresa, que deveria ser lean, atribua a alguém a responsabilidade para desenvolver um “A3 da recessão”, que cuidadosamente irá avaliar o cenário e a situação. A etapa crítica no processo do A3 será desenvolver então um conjunto de contramedidas que podem proteger a organização e seus colaboradores durante a recessão atual, enquanto prepara o terreno para uma empresa lean sustentável no futuro. 13 de novembro de 2008 Talvez, a consequência mais chocante do tsunami financeiro foi que nenhuma empresa, não importa quão lean era, parecia ser imune. Entender este fato desagradável e o que ele significa é o tema do próximo artigo. Uma Onda tão Grande que Tomba Todos os Barcos Todos nós conhecemos a frase: “uma maré alta ergue todos os barcos”, e isso foi verdade durante a bolha econômica mundial dos últimos anos. Quase qualquer firma poderia sobreviver, mesmo com um desempenho medíocre e nenhuma melhoria. Infelizmente, existe uma consequência. Uma maré realmente alta — um tsunami financeiro — pode, mesmo que momentaneamente, tombar até o barco mais robusto. A dolorosa evidência para a Comunidade Lean é o recente anúncio de que a organização consistentemente bem-sucedida e financeiramente estável — a Toyota — está neste momento perdendo dinheiro pela primeira vez em 70 anos. Como isso pode acontecer? E qual o significado deste tsunami financeiro para o movimento lean? A causa raiz dos atuais problemas da Toyota é a decisão no fim dos anos 90 de acelerar o ritmo e ganhar a posição número um entre as montadoras automotivas do mundo. A Toyota adicionou grandes quantidades de capacidade ao redor do mundo e passou a GM como líder de vendas global. No entanto, fazendo o uso do seu caixa, ela requisitou empréstimos